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DIREITO DAS SUCESÕES

Docente: Abel Chicunha

Luanda, 2023
FUNDAMENTO DA SUCESSÃO
1. Fundamento do fenómeno sucessório
1.1. Justificação jurídica da sucessão mortis
causa;

1.2. Fundamento último da sucessão


2. Fundamento do quadro familiar do fenómeno
sucessório.
1.1. Justificação Jurídica da Sucessão mortis Causa

Por morte do titular dos direitos e das obrigações, há a


necessidade socialmente sentida de que os direitos e as
obrigações adquiram um novo titular; caso contrário, as coisas,
sem proprietário, transformar-se-iam em “res nullius”, sujeitas à
apropriação do primeiro que as ocupasse; os créditos extinguir-
se-iam, bem como as obrigações.
Por outro lado, os agentes económicos, titulares de direito de
crédito e de direito real “ a prazo” desinteressar-se iam da sua
aquisição, conservação e administração, por se transformarem
em detentores precários.
Nota: A possibilidade de se transmitirem os bens por morte a
outros entes queridos, consolida o interesse do seu titular,
remetendo a propriedade “ vitalícia” para a eternidade.
1.2. FUNDAMENTO ÚLTIMO DA SUCESSÃO

Jusnaturalista
a) GROTIUS
Do Direito de propriedade resulta o direito de testar.
Grotius entendia que todas as coisas eram,
originariamente, comuns a todos os homens; depois,
através de uma convenção, constitui-se o direito de
propriedade. É do direito de propriedade que resulta
direito de testar; fundando-se a sucessão legítima na
vontade implícita do “ de cuius ”.
b) Puffendorf
O testamento produz efeitos para depois da morte.
O testamento não poderia resultar do direito de
propriedade, pois aquele produz efeitos para depois da
morte e propriedade se extingue com a morte.

CONTRATUALISTAS

a) Leibniz
Imortalidade da alma
Invocando a imortalidade da alma, defende que, depois da
morte persistiria a vontade do defunto que teria, no
herdeiro, um mandatário.
b) Rousseau
Os herdeiros teriam contribuído para a formação do
património.
Segundo Rousseau, para fundamentar a sucessão mortis
causa, defende que os herdeiros teriam contribuído para a
formação do património familiar e que seria necessário
evitar as desordens provocadas pelas mudanças contínuas
no esta e nas fortunas dos cidadãos.
2. Fundamento do quadro familiar do fenómeno sucessório.

A sucessão legal ( legítima ou legitimária) opera-se


nos quadros de família. Uma certa parte da
herança é devolvida necessariamente a familiares
mais próximos ( descendentes, ascendentes e
cônjuge sobrevivo ); outra parte é entregue aos
familiares mais próximo ( descendentes,
ascendentes, cônjuge sobrevivo, irmãos e sobrinhos )
na falta de disposição do “de cujus ”.
3. Conceito de Sucessão

Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais


pessoas à titularidade das relações jurídicas-
patrimoniais de uma pessoa falecida e a
consequente devolução dos bens que a esta
pertenciam ( Art. 2024º, do Cciv)..
Exemplo:

┼ ║Carla ( Esposa)
António ║Benjamim ( Filho)
Uma casa Micaela ( Filha).
100.000.000.00
2 carros.
4. Distinção entre Herdeiro e Legatário.

Diz-se herdeiro o que sucede na totalidade ou


numa quota do património do falecido e legatário
o que sucede em bens ou valores determinados.
O critério da distinção está na (in)determinação.
Os bens deixados ao legatário são determinados;
já os bens deixados ao herdeiro são
indeterminados ( Art. 2030º, do Cciv ).
Lição nº
Sumário: Espécies de sucessão por morte.

I. Sucessão Legal
1. Sucessão Legítima;
2. Sucessão Legitimária.

II. Sucessão Voluntária


3. Sucessão Testamentária;
4. Sucessão Contratual.
1. Sucessão Legal e Sucessão Contratual
A sucessão legal é a que decorre da lei; a
sucessão voluntária é que se baseia num negócio
jurídico ( art. 2027º Cciv).
I. Sucessão Legítimária e Legítima
A sucessão legitimária decorre da lei, determinando
esta a transmissão de uma quota da herança do “ de
cujus” para certos parentes próximos ( descendentes,
cônjuge e ascendentes ), quota de que o autor da sucesão
não pode dispor. Não havendo herdeiros legitimários
ou havendo-os, até ao limite da quota de que o autor da
sucessão podia dispor ( mas de que dispôs, ou dispôs
invalidamente), abre-se uma sucessão legítima ( nesta, os
bens são devolvidos a certos parentes, incluído os
herdeiros legitimários, mas que se estendem para além
destes).
NOTA: As sucessões legítimas,
legitimária e testamentária são as de
maior importância prática.
II. Sucessão Contratual.
Há sucessão contratual quando, por contrato,
alguém renuncia à sucessão de pessoa viva, ou
dispõe da sua própria sucessão ou da sucessão
de terceiro ainda não aberta ( Art. 2028, do Cciv).
Os contratos sucessórios só são os admitidos na
lei, sendo nulos os demais ( nº 2, do artigo
supra ).
A proibição dos pactos sucessórios visa evitar
que o “ de cujus” se prive da sua liberdade de
dispor dos bens até ao último momento da sua
vida.
Apesar de a lei proibir os pactos sucessórios, em
alguns casos admite. São, assim, os casos de
doação “ mortis causa” entre esposados e de
terceiros aos esposados, doação que pode ser
de bens certos e determinados ou de parte ou da
totalidade da herança. No primeiro caso trata-se
de instituição de lagatário; no segundo caso de
instituição de herdeiros.
LIÇAO
SUMARIO: A Morte como Pressuposto da Sucessão.

INTRODUÇAO
A morte constitui o pressuposto da sucessão, como facto jurídico que,
estando no inicio do processo sucessório, ainda lhe é anterior. Pois, o
primeiro momento do processo sucessório é a abertura da sucessão
subsequente a morte ( Mas, que se refere ao momento da morte que nesta
medida e atraída para o fenómeno sucessório ).
A sucessão mortis causa e determinada pela morte d titular das relações
jurídicas a serem transmitidas. A morte e, assim, a causa do fenómeno
sucessório.
1. Noção de Morte
1.1. Morte como Facto Natural
A morte como facto natural é a morte Biológica.

1.2. Morte como Facto Jurídico


A morte, como fenómeno jurídico determinante do
fenómeno sucessório, é um facto jurídico involuntário,
constitutivo, modificativo ou extintivo.
1.2. Morte como Facto Jurídico

a. Facto Involuntário
A morte e facto involuntário, por vontade humana, mesmo que tenha
intervindo, ser irrelevante para a morte como o facto jurídico
determinante do fenómeno sucessório ( embora a circunstancia de a
morte do autor da sucessão ter sido causada por vontade ou facto de
terceiro poder influir em alguns aspectos do fenómeno sucessório:
incapacidade sucessória do autor do acto perante o de cujus., ordem
especial de sucessíveis para a indemnização do dano da morte, etc. ).

b. Facto Constitutivo
A morte e facto constitutivo, por MORTE poder constituir relações
jurídicas novas: Indemnização pelo dano da morte.
c. Facto Modificativo

A morte é facto modificativo, por modificar


subjectivamente as relações jurídicas do falecido
susceptíveis de transmitirem por morte, fazendo com que
outrem assuma a sua titularidade.

d. Facto Extintivo

A morte é facto extintivo, por ela extinguir, para a generalidade


dos efeitos, a personalidade jurídica do finado, bem como, as
relações jurídicas que não devam sobreviver a pessoa do
falecido ( ex: poder paternal, direito de usufruto ).
3. Devolução Sucessório

Na devolução sucessória vão ser entregues aos sucessores


certos direitos do de cuius. Em principio, so os direitos de
caracter patrimonial que não devam extinguir-se por
morte do seu titular.

4. Herança Jacente

Diz-se herança jacente a herança aberta, mas não aceite


ou declarada vaga para o Estado. Herança que é preciso
administrar na falta de um titular que o faça.
A herança é, seguidamente, aceite ou repudiada pelo chamado.
Aceitação expressa ou tacita, pura e simples ou em beneficio de
inventario. Se há so um herdeiro, e a herança não tem encargos
que a onerem, o processo sucessorio completa-se com a aceitaçao.
Se há encargos, estes tem que ser liquidados ( dividas do de cujus,
despesas com funeral e sufrágios, encargos com a administração e
liquidação do património ).

5. Partilha da Herança
Se há mais do que um herdeiro, procede-se á da herança. Em
matéria de Partilha, assume particular relevo o instituto da colação.
Lição
Sumario: Abertura da Sucessão, Designação Sucessória e
Vocação Sucessória.

ABERTURA DA SUCESSÃO

Abertura da sucessão é o facto imediatamente seguinte à sua


causa, ou seja, à morte.

1. Conceito de Abertura da Sucessão


O primeiro momento do processo sucessório é a abertura da
sucessão ( art. 2031º, do Cciv).As posições jurídicas de que o “ de
cujus” era titular ( Direitos e Obrigações) vêem-se sem sujeito,
dada a extinção da personalidade jurídica do seu titular ( art. 68º
do Cciv ).
Alnguns direitos e obrigações da titularidade do
de cujus extinguem-se com a morte do seu
titular. As outras, as que são transmissíveis por
morte, dispõem-se a ser adquiridas por outrem.
Este outrem era um dos designados
sucessórios, que vai, agora, ser chamado a
suceder.
O primeiro momento do processo sucessório é a abertura da
sucessão ( art. 2031º, do Cciv).As posições jurídicas de que o “ de
cujus” era titular ( Direitos e Obrigações) vêem-se sem sujeito, dada
a extinção da personalidade jurídica do seu titular ( art. 68º do
Cciv ).
2. Momento e lugar da Abertura da Sucessão
2.1. Momento da Abertura da Sucessão
Nos termos do artigo 2031º, do Cciv “ a sucessão abre-se no
momento da morte do seu autor, isto é, no primeiro momento de
ausência de vida ”.
O Direito acentua esta rápida transação, fazendo retroagir os
diversos momentos do processo sucessório à abertura da sucessão.
Assim, tudo se passa como se no momento da abertura da sucessão,
que é o primeiro momento em que os direitos ficam sujeito,
aparecesse logo o novo titular desse direito; como o sucessor, nesse
momento, tivesse sido chamado e tivesse aceitado simultaneamente.
É no momento da abertura da sucessão que a designação
sucessória se fixa na vocação: o Chamado a suceder é o
titular da designação suce´ssória prevalecente no momento
da abertura da sucessão.

2.2. Lugar da Abertura da Sucessão


Nos termos do artigo 2031º “ a sucessão se abra no lugar
do último domicílio do seu autor”. Remissão art. 82º, do
Cciv.
2.2. Lugar da Abertura da Sucessão
Bibliografia

Capelo de Sousa, Lições de Direito das Sucessões.

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