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Texto

moacyr scliar
Ilustrações
ROGÉRIO BORGES

as pernas curtas
da mentira
Série Está na Minha Mão!
Viver Valores

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

ElaboraçÃO:
maria lúcia de arruda aranha


Caro Professor

Na apresentação de cada livro da série Está na Minha Mão!


Viver Valores, expusemos alguns dos motivos que levaram a Editora
Moderna a assumir a delicada tarefa de oferecer boa literatura aliada
a material didático destinado à formação ética dos educandos. Neste
encarte, damos alguns subsídios para melhor aproveitamento do livro
em sala de aula, atuando em dois momentos:

I — Compreensão e interpretação de texto

II — Abordagem dos aspectos de convívio social e ética, explo-


rados pela obra

Cabe ao professor avaliar qual o tipo de trabalho a ser desen-


volvido satisfatoriamente com seus alunos. Dependendo do tempo
disponível e da maturidade dos alunos, o professor pode priorizar a
compreensão e a interpretação do texto ou discutir questões mais
complexas.
O propósito desse aprofundamento é atender aos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que sugerem a discussão de temas sobre
convívio social e ética. Os temas transversais propostos pelo MEC
visam a incentivar a interdisciplinaridade — o que a série Está na
Minha Mão! Viver Valores concretiza plenamente, ao permitir que
áreas como História, Educação Religiosa, Filosofia, Geografia e outras
aliem-se ao trabalho do professor de Língua Portuguesa.

I – COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

1 Explique por que o personagem Paulo era conhecido como Paulo


Pinóquio. E por que ainda assim Mário tinha simpatia por ele.
Paulo era conhecido como Pinóquio porque costumava mentir muito. Mesmo
assim, Mário o achava simpático, admirava sua inteligência e sua capacidade
de inventar coisas.

2 Que história Paulo contou a Mário para torná-lo seu cúmplice, a fim
de que seu pai não descobrisse que ele fora expulso da escola?
Paulo contou chorando que seu pai estava sofrendo do coração e não poderia
ter contrariedades.

3 Ao falsificar os boletins para manter a mentira armada, Paulo entrou
numa enrascada. Qual foi?
O Tatu, funcionário da gráfica que concordara em falsificar o boletim, passou a
fazer chantagem, pedindo mil dólares para ficar calado.

4 Tentanto ajudar o amigo, Mário conseguiu livrá-lo da chantagem por


acaso. O que aconteceu?
Mário encontrou por acaso o pai de Paulo fazendo exercícios físicos no parque
e ficou sabendo que o estado de saúde dele não era grave e que além disso ele
sabia das mentiras do filho. Ao tomar conhecimento da enrascada de Paulo, seu
Bruno resolveu dar o dinheiro para a família de Tatu e uma lição no filho, que
precisou admitir as mentiras e mudar de vida.

5 Proposta de redação. Comente com os colegas a primeira frase


do livro As pernas curtas da mentira: “A mentira não é uma coisa
totalmente estranha para quem escreve com base na imaginação”.
Depois, redija um texto sobre esse tema.
Rever no guia a explicação sobre a imaginação, que pode ser usada tanto para
enfrentar os problemas do mundo, propondo soluções hipotéticas, como para
enganar os outros.

6 Proposta de atividade: debate


Reúnam-se em grupos para discutir um outro final para a história de
As pernas curtas da mentira: Mário não encontra o pai de Paulo no
parque, e portanto não fica sabendo que ele não está gravemente
doente. Como seria o desfecho? Em seguida, cada grupo expõe o
seu trabalho e um deles é escolhido para ser encenado.

II — CONVÍVIO SOCIAL E ÉTICA

As questões apresentadas a seguir visam a estimular as dis-


cussões a respeito de temas sobre convívio social e ética. O objetivo
principal é que o aluno desenvolva a capacidade de reflexão e discus-
são a partir de relatos de situações concretas. Esperamos que nesse
processo ele aprenda a identificar valores, a argumentar para defender
uma ou outra decisão e a avaliar causas e conseqüências das ações.
Em outras palavras, nossa intenção é dar oportunidade para que ele
próprio aperfeiçoe seus critérios de julgamento moral.

Partimos do pressuposto de que a aprendizagem moral se faz
por estágios. Assim, na segunda infância (de 7 a 14 anos) ainda
predomina a aceitação das normas externas, dadas pela sociedade
(heteronomia). Mas a criança já começa a elaborar argumentos que,
na adolescência, lhe possibilitarão estabelecer suas próprias regras,
de maneira livre e consciente (autonomia).
Autonomia é importante, mas não pode ser confundida com
individualismo. Por isso o desenvolvimento moral não se faz apenas
pela inteligência, mas também pela afetividade, quando a criança se
relaciona com os outros.
Aos poucos ela deixa de estar centrada em si mesma (ego­cen­
trismo infantil) e, com a formação de grupos, passa a se socializar,
desenvolvendo comportamentos de cooperação e solidariedade.
Cabe ao professor a delicada tarefa de oferecer oportunidade
para o diálogo entre seus alunos, criando um ambiente favorável
ao debate, em que todos possam expor suas posições sem medo.
Lembramos que o professor não é um “guia”, nem deve ter “a última
palavra”; portanto, suas convicções não podem prevalecer sobre as
dos demais, sob pena de o espaço democrático de discussão tornar-
se instrumento de doutrinação. Por isso mesmo, as “respostas” às
questões deste encarte não devem igualmente ser tomadas como
“certas”, mas apenas como “pistas” que poderão ser aproveitadas
ou criticadas.
É importante ressaltar que a função do educador é a de facilitar o
processo em que o aluno é o sujeito de sua aprendizagem. E, no caso
específico deste projeto de educar para os valores, apenas estamos
oferecendo elementos e ocasião ao aluno para que ele desenvolva a
valoração pessoal.

PROPOSTAS PARA DISCUSSÃO

1. Este é um livro sobre mentiras. Reúna-se com um grupo de


colegas para fazer uma lista de diversos tipos de mentira. Em
seguida, coloque em ordem das menos graves para as mais
graves. No final, cada grupo expõe sua lista para a classe, e
trocam-se idéias a respeito.
O propósito da questão é “aquecer” a discussão a respeito da mentira. Se
perceber alguma dificuldade, o professor poderá lembrar as mentiras que
não aparecem com esse nome, como a calúnia, a traição, a lorota, o primeiro
de abril, a falsificação, o conto do vigário, a demagogia, a meia-verdade,

exagerar os fatos, jurar em falso, não cumprir promessa, mentira social
(mandar dizer que não está, elogiar o que não gosta etc.).

2. Você já foi vítima da mentira de alguém? Conte como foi e como


você se sentiu.
Resposta pessoal. A intenção da pergunta é sensibilizar para as
conseqüências da mentira.

3. Nesta história, Paulo e Mário envolvem-se em inúmeras


mentiras. Explique como os motivos de um e de outro são
diferentes e discuta com seu colega qual é o pior mentiroso.
Paulo é mentiroso contumaz. Mente porque se diverte com isso, e também
para evitar enfrentar problemas. Mário não gosta de mentir, mas o faz porque
acredita na doença do pai de Paulo e não quer que ele sofra mal algum. É
interessante que sejam discutidas as intenções de cada um dos rapazes.

4. Para convencer Mário a ajudá-lo, Paulo diz que “amigo é alguém


com quem se pode contar a qualquer momento e para qualquer
coisa”. Reúna-se com mais três colegas para discutir se
concordam ou não com ele. Em seguida, a discussão é aberta
para a classe.
Lembramos a importância da formação de grupos na segunda infância,
importante para o desenvolvimento da solidariedade e cooperação. E como
a amizade supõe a segurança de poder contar com o outro. Discutir as
diferenças entre o “pertencimento” ao grupo e a “participação” dele. Os riscos
no primeiro caso é de, em nome da amizade, fazer o que achamos errado.

5. Em um certo momento, Mário se assusta com o desenrolar dos


acontecimentos porque “uma coisa é mentir para os pais, outra
é falsificar documentos”. Você concorda com ele? Explique por
quê.
Discutir os diversos tipos de mentira, desde as mais simples, até aquelas que
são criminosas, como a falsificação. No debate, lembrar como uma mentira
leva a outra, o que torna difícil o controle da situação.

6. Tatu falsificou o boletim a pedido de Paulo e em seguida fez


chantagem com ele, a fim de conseguir dinheiro para pagar
o aluguel atrasado. O fato de Tatu ser pobre e passar por
dificuldades diminui a sua culpa?

Discutir que, junto com Paulo, Tatu transgrediu a ordem da escola, da
tipografia, que tinha um compromisso com a escola, além de enganar
os pais de Paulo. Embora sua situação de pobreza não justificasse a
mentira e o crime da falsificação, convém discutir a nossa sociedade
injusta que coloca as pessoas em situação de extrema desigualdade
de oportunidades. Foi o que fez Tônia chorar no final, quando recebeu
por caridade a oferta do dinheiro do pai de Paulo, embora preferisse ter
condições de levar uma vida digna.

7. Por que é importante que as pessoas não mintam?


Resposta pessoal. Suponhamos que as principais respostas sejam as
seguintes: a) porque, dependendo do caso, podemos ser punidos pelos pais
e professores ou pela justiça; b) porque, se descobertos mentindo, perdemos
o respeito dos outros e ninguém mais acreditará em nós; c) porque em um
mundo em que todo mundo pudesse mentir, toda relação humana seria
impossível. A alternativa a) é resposta típica daqueles que ainda estão na
fase da heteronomia e agem de acordo com a autoridade externa; na b) já
ocorre a descoberta da importância do respeito mútuo e do reconhecimento
do outro; a c) supõe um nível mais alto de moralidade, baseado no princípio
de que a mentira não pode se tornar uma lei de conduta universal, sob pena
de tornar inviável as relações humanas.

8. Vi o João colar na prova (o que significa que ele estava


enganando o professor); desconfiado, o professor me perguntou
se vi o João colar: se digo que não vi, minto para o professor; se
digo que vi, traio meu amigo. O que devo fazer?
Lembramos que Piaget destaca a importância do fortalecimento dos laços
de solidariedade no grupo, na segunda infância, por isso os adultos não
devem criar situações de conflito como a instigação à delação dos amigos.
Nesse caso, os alunos que prontamente se colocam fiéis ao professor ainda
dependem heteronomicamente da autoridade adulta, enquanto os que
preferem defender o amigo se encaminham para a autonomia moral. No
entanto, para evitar o confronto entre mentir para um e trair o outro, seria
o caso de devolver ao professor a incumbência de saber por si mesmo se
houve ou não a cola.

9. Ainda sobre a cola, responda o que você acha destas


afirmações:
a) A cola é uma forma de mentira e, como tal, deve ser evitada.
b) Quem não cola não sai da escola.

Essa discussão é complexa, se considerarmos as escolas que privilegiam o
trabalho individual, em detrimento da colaboração em grupos. Ou que fazem
exigências descabidas que os alunos não conseguem atender. Por outro
lado, diante de uma proposta pedagógica séria, em que os alunos tenham
conhecimento dos propósitos da avaliação, deveriam ser evitadas as diversas
formas de fraude, sob pena de invalidar as relações entre professor e aluno.

10. Várias famílias de baixa renda conseguiram com muito esforço


comprar lotes de um terreno e aí construíram suas casas.
Depois de algum tempo, descobriram que foram vítimas de
“grileiros”, pessoas que têm falsos títulos de propriedade e
vendem terras que não são suas. O verdadeiro dono conseguiu
na justiça a autorização de despejo dos novos ocupantes e a
polícia chegou ao local para executar a sentença judicial.
Quatro alunos, no centro de um círculo, simulam a discussão
possível dos interessados, defendendo seus pontos de vista:
a) o líder dos moradores que vão ser despejados;
b) o policial encarregado do despejo;
c) o representante da prefeitura;
d) o advogado do verdadeiro proprietário.
Lembrar que a discussão gira em torno da primeira mentira, a dos grileiros
que vendem o que não lhes pertence. No exemplo, as conseqüências da
mentira não atingem apenas uma pessoa, mas provocam problemas sociais.
Nesse caso, entra a responsabilidade anterior da prefeitura no sentido de
evitar a ação dos grileiros. Seria possível imaginar uma solução conciliatória
para o problema?

11. O demagogo é o político que engana o povo, ou porque promete


o que sabe não poder cumprir, ou porque diz que trabalha para o
bem coletivo, mas está apenas visando os interesses pessoais.
Discuta com seus colegas quais seriam os prejuízos para o povo
quando um demagogo se elege.
O demagogo mente para ser eleito e esconde suas verdadeiras intenções,
que é se enriquecer com o dinheiro público. Essa forma de mentira é
perniciosa porque não atinge apenas uma pessoa, mas a sociedade como
um todo, que perde os benefícios de uma boa administração, como melhoria
na educação, saúde, moradia, lazer. E se a descoberta da mentira faz perder
a credibilidade de quem mente, os políticos corruptos também prejudicam a
imagem do político bem-intencionado.


12. Um médico descobre que seu paciente sofre de mal incurável
e que sua morte está próxima. A pedido da família, esconde
do doente a gravidade do seu caso, a fim de que ele não sofra
demais nos últimos dias de sua vida. Você acha que essa
mentira é desculpável? O que você faria em uma situação
semelhante? E se o doente fosse você, preferiria ignorar ou
conhecer a verdade?
Resposta pessoal. Trata-se da chamada mentira “humanitária”, caridosa,
que às vezes é usada para poupar pessoas queridas do sofrimento. Discutir
a importância de se conhecer bem a pessoa em questão, para saber se ela
suportaria ou não a verdade. Por outro lado, é bom lembrar que na nossa
sociedade não costumamos pensar nem falar sobre o morrer, o que dificulta o
enfrentamento dessas situações que, afinal, fazem parte da vida.

Professor:
Solicite à Editora Moderna o Guia Prático da série
Está na Minha Mão! Viver Valores, que o auxiliará em
seu trabalho na discussão, em sala de aula, de Ética e
Cidadania.

É muito fácil: basta ligar para (011) 0800-17-2002.


Na Internet: www.moderna.com.br/livrodoprofessor/estana-
minhamao

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