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Aula 2 (04/03)2021

Ainda como conceitos indispensáveis temos de atender a 2 outros e são eles o herdeiro e o
legatário .

O herdeiro, é todo aquele q sucede na totalidade ou numa quota parte do património do


falecido 2030n2e3. Tanto encontramos a expressão herdeiro na sucessão legal como na
sucessão testamentaria . por outras palavras, qd alguém sucede em bens que não estão
previamente determinados por vontade do autor da sucessão abrangendo a totalidade do
património do falecido ou numa quota parte estamos perante 1 situaçao de herença e
consequentemente é qualificado o sujeito como herdeiro . (ex. no testamento não diz o bem
em particular , “ quero que seja herdeiro da minha quota parte)

Ao invés tem-se por legatário , aquele que é chamado a suceder em bens certos e
determinados . quase sem exceçao os legados são instituídos por vontade do decujos e so
residualmente pela lei , como é caso do direito que o cônjuge sobrevivo tem no uso dos
moveis da casa de morada de família . (so é aplicado na sucessão testamentária , ex.”quero
que seja herdeiro do meu carro)

Por vezes , surgem problemas na interpretação da vontade do testador pois podem existir
coisas que não estejam no testamento especificadas mas estão determinadas . por ex. no
testamento é dito que se deixa a Antonio 4 vacas do conjunto da manada de que dispõe .
como é bom dever , o legado esta determinado (4 vacas) mas não estão especificadas quais as
4. O critério para a qualificação como legado não é a especificação mas sim a determinação .

A DESIGNAÇAO SUCESSORIA

Consiste a designação sucessória na determinação antes da morte do autor da sucessão como


seu sucessível/sucessíveis de certa pessoa ou de certa categoria de pessoas por efeito da
aplicação das regras imperativas (sucessão legitimaria) / supletivas (sucessão supletiva) / ainda
por força da vontade do autor da sucessão corporizada em testamento ou excecionalmente
em doações mortis causa .

Para evitar eventuais lapsos de continuidade , isto é, querendo evitar-se que a herança
permaneça jacente isto é, que os direitos contidos na herança não tenham titular , a lei
designa antes da morte do autor da sucessão quais são os seus possíveis (presuntivos
herdeiros na linguagem da lei) sucessores e havendo vontade manifestada pelo autor da
sucessão define os parâmetros dentro dos quais ela se pode exercer.

HIERARQUIA

As designações sucessorias são múltiplas e como tal podem confrontar-se pelo que há a
necessidade de as hierarquizar anulando conflitos de interesse e tornando previsível e estável
a futura sucessão aos olhos dos interessados .

Antes da morte do autor da sucessão surgem-nos designadas por força da lei ou da vontade
deste certas pessoas como seus possíveis sucessores de modo a garantir que pela efetiva
morte as relações jurídicas do autor da sucessão tenham continuidade na alguma das pessoas
de entre as designadas legal/ voluntariamente .
Dir-se-ia que a morte pode surgir em qualquer momento interrompendo a titularidade das
relações jurídicas de 1 qualquer sujeito que em qualquer caso estará assegurada a previa
determinação de alguém como melhor posicionado para continuar as ditas relações jurídicas
do falecido.

Assim , hierarquicamente temos :

a) Os sucessíveis legitimários que são designados por normas de carater imperativo 2156
e ss. E estão no topo da hierarquia. A sucessão legitimaria é aquela que não pode ser
afastada pelo autor da sucessão . A sucessão legitimaria traduz a determinação antes
da morte do autor da sucessão como sendo sucessíveis dele certa /certas pessoas por
imposição da lei e como tal inderrogável por manifestação de vontade.

A estes sucessíveis legitimários é destinada a quota indisponível do autor da sucessão que


não pode ser ferida por 1 qualquer ato /negocio jurídico dispositivo e gratuito do autor da
sucessão . pode ate o de cuius mesmo sabendo que tem sucessíveis legitimários ter
disposto entre vivos / por morte da totalidade dos seus bens . Contudo se lhe
sobreviverem herdeiro/os legitimários e se estes o reivindicarem podem lançar mao dos
mecanismos de proteçao da legitima dos herdeiros legitimários. As liberalidades sejam elas
doações entre vivos , doações mortis causa / testamento são depois da morte do doador /
do testador suscetiveis de ser reduzidas na exata medida do que for necessário para que a
legitima seja acautelada . Este mecanismo da redução das liberalidades por inoficiosidade
2168 funciona quando se verifica a ofensa da quota indisponível / da legitima dos
herdeiros legitimários reduzindo -se em tanto quanto for necessário para que a legitima
seja assegurada. Esta redução abrange não so as liberalidades que produzem efeitos apos
a morte do autor da sucessão ( testamento e doação mortis causa) mas também as que
produzem efeitos em vida (doações entre vivos) .

b) Os sucessíveis contratuais ( donatários mortis causa).

Estes são admitidos a titulo excecional art.2026 , 2028 , 1700 ss. , 1755 ss. falamos pois do
contrato de doação acordado em convenções antenupciais pelas quais se dispõe por
morte de certos bens do património hereditário a favor de esposados (=noivos, qd casam
passam a ser cônjuges) / de terceiros . a sucessão contratual prevalece então sobre a
sucessão testamentaria revogando anteriores disposições em testamento . se 1
testamento pode ser revogado por 1 outro testamento posterior facilmente se
compreende que o possa ser por efeito da doação mortis causa .

c) Os sucessíveis testamentários

Estes resultam da expressa vontade do autor da sucessão embora essa vontade não possa
por em causa a aplicação das normas imperativas da sucessão legitimaria e das limitações
decorrentes de eventuais doações mortis causa a2026 ,2027 , 2131 e 2179.

Estes sucessíveis testamentários podem ser herdeiros ou legatários consoante sucedam na


totalidade ou quotas partes indefinidas do património ou em bens determinados
respetivamente .

Entre herdeiros testamentários e legatários tem prevalência estes últimos pelo facto de os
herdeiros testamentários serem responsáveis pelo cumprimento dos legados
a2068,2070 ,2265.
( a doação mortis causa tem 1 valor superior ao testamento , mesmo sendo este posterior
a doação , nos casos em que alguém faz 1 doaçao mortis causa de alguma coisa e doa a
mesma coisa no testamento )

d) Por fim , os sucessíveis legítimos (/ herdeiros legítimos , pois aqui so há herdeiros) que
apenas serão chamados se o falecido não tiver disposto valida e eficazmente de toda
a sua quota disponível correspondendo esta À totalidade / 1 parte da herança 2026 ,
2027 e 2131 .

A SUCESSAO LEGITIMARIA

A designação legitimaria é a determinação antes da morte do autor da sucessão de certas


pessoas como sucessíveis por força de normas imperativas e como tal insuscetíveis de
afastamento por vontade do autor da sucessão 2027. (= os herdeiros legitimários )

A designação sucessória inicia-se pela existência física do designado e do seu


enquadramento nas classes legitimarias previstas na lei tendo por base a expectativa
jurídica de vir a adquirir a sua respetiva quota parte .

O autor da sucessão não pode alterar o elenco dos herdeiros legitimários nem a ordem
pela qual são chamados . não pode também , modificar a porção da legitima pre fixada na
lei para os herdeiros legitimários nem pode unilateralmente definir a legitima subjetiva /
sujeita-la a encargos 2163.

O mecanismo da deserdação 2166 não traduz o principio de que o autor da sucessão pode
dispor a seu belo prazer do seu património . aquele mecanismo é antes 1 resultado da
incapacidade sucessória por parte do sucessível visado na deserdação . Contudo , entre o
momento inicial da designação sucessória legitimaria e o da abertura da sucessão podem
surgir em relação a cada 1 dos potenciais sucessíveis legitimários 1 conjunto de alterações
não emergentes da vontade do autor da sucessão mas que modificam a vocação
sucessória como são exemplos o nascimento / a morte de filhos do autor da sucessao .

( mesmo que os descendentes , ex.filhos tenham morrido , são na mesma chamados , já o


cônjuge os os ascendentes tem que estar vivos )

Aula 10/3/2021

(ainda dentro da sucessão legitimaria)

OS HERDEIROS LEGITIMARIOS

São herdeiros legitimários , o cônjuge , os descendentes e ascendentes pela ordem e segundo


as regras estabelecidas para a sucessão legitima 2157. A expressa remissão para o art2133 ,
leva-nos ao encontro de duas classes de sucessíveis legitimários (2133n1,al.A e B) a primeira
composta por cônjuge e descendentes e a segunda composta por cônjuge e ascendentes.
Entre estas 2 classes de sucessíveis legitimários prevalece a primeira por força do art2134.
Sendo assim , são apenas chamados os sucessíveis da segunda classe , se não houver
descendentes. Dentro de cada classe e nos termos do 2135 prevalece o parente de grau mais
próximo em detrimento dos de grau mais afastado pelo que , por ex: existindo 1 filho afasta-se
o chamamento do neto ou existindo 1 pai afasta-se o avo .

( quando for necessário a sucessão legitimaria , devemos recorrer as suas normas proprias e
ainda a regras da suss.legitima a2157 )

QUOTA INDISPONIVEL

No art.2156 , essa quota indisponível do autor da sucessão é designada por Legitima ( também
conhecida como legitima objetiva/legitima global) , vista aqui na perspetiva do herdeito
legitimário enquanto que a expressão “quota indisponível” é perspetivada na otica do autor da
sucessão . Uma e outra correspondem ao mesmo ,

A legitima é pois a porção de bens que o autor da sucessão não pode dispor livre e
gratuitamente por legalmente estar reservada aos herdeiros legitimários. Esta legitima
objetiva/global varia não apenas em função da classe do legitimário (por ex. Os descendentes
dao origem a 1 legitima objetiva maior do que a dos ascendentes) como também do tipo de
legitimário ( o cônjuge tem 1 posiçao privilegiada) e ainda varia em função do numero de
legitimários na medida em que nem sempre cada 1 deles tem direito À mesma quota parte .

A legitima objetiva é de dois terços da herança quando :

a) Em concurso estiverem o cônjuge e os filhos ou uma ou mais estirpes de descendentes


do autor da sucessão 2158,2160
b) Não havendo cônjuge que sobrevivam ao autor da sucessão dois ou mais filhos 2159
n2 ou 2 ou mais estirpes de descendentes 2160
c) Não havendo descendentes, concorram À sucessão o cônjuge com um ou mais
ascendentes qualquer que seja o grau de parentesco 2161

A legitima objetiva é de metade da herança quando :

a) O único herdeiro legitimário for o cônjuge sobrevivo 2158


b) Não havendo cônjuge sobrevivo , apenas for chamado um so filho 2159n2 ou 1 so
estirpe de descendentes
c) Não sobrevivendo cônjuge nem descendentes do autor da sucessao , a herança couber
a 1 ou a ambos os pais do autor da sucessão 2161n2 , 1parte

A legitima objetiva sera de 1 terço da herança quando:

a) Na falta de cônjuge , descendentes e pais do autor da sucessão , forem chamados 1 ou


vários dos seus ascendentes do segundo grau e seguintes 2161n2 , 2parte

A legitima objetiva/global reservada para o conjunto dos herdeiros legitimários fixa-se no


momento da abertura da sucessão contando-se para a determinação da parcela que a
constitui a totalidade dos hereiros legitimários independentemente de tais sucessíveis
poderem ou não aceitar a sucessão.

ESQUEMA FOTOO

(=Segundo regras das classes so vamos chamar em 1 o cônjuge e descendentes , porque os


ascendentes pertencem À 2 classe , so se chama dos ascendentes na ausência de
descendentes . ex: dentro dos descendentes tem que se atender a regra dos graus , F so
sera chamado se C tiver falecido ou afastado da herança)

A DEFESA DA LEGITIMA

O autor da sucessão pode fazer em vida o que quiser dos seus bens e ate nada deixar para
os seus potenciais herdeiros . é o caso por exemplo de ter alienado onerosamente todos
os seus bens e gastar o produto de toda essa alienação . pode faze-lo livremente sem ter
de atender a quaisquer expectativas sucessorias de potenciais herdeiros legitimários .
porém , quando o decujos faz doações em vida (negocio jurídico gratuito ) e
consequentemente liberalidade está com isso a afetar a legitima dos possíveis herdeiros
legitimários pois do ponto de vista da transmissibilidade gratuita são eles os escolhidos por
lei imperativa como beneficiários privilegiados .

Para alem das doações em vida também as deixas testamentarias inserem-se neste
capitulo da gratuitidade e liberalidade e por conseguinte , também as disposições
testamentarias podem afetar os possíveis herdeiros legitimários .

Quando assim ocorrer a lei protege aqueles herdeiros legitimários através dos chamados
mecanismos de proteçao da legitima , são eles:

a) A redução por inoficiosidade das liberalidades entre vivos ou por morte 2168 e
2169.
b) A proibição de por testamento impor encargos sobre alguma ou algumas das
legitimas ou impor que o preenchimento dessa legitima se tenha obrigatoriamente
de fazer com determinados bens contra a vontade do herdeiro legitimário.
c) O 2164 prevê o que é conhecido como cautela sociniana que significa que se o
testador deixar usufruto ou constituir pensão vitalícia que atinja ou ofensa a
legitima podem os herdeiros legitimários cumprir esse legado tao só o valor
enquadrável na quota disponível .

A LEGITIMA SUBJETIVA

A legitima subjetiva / individual é a porção de bens que cada um dos herdeiros legitimários
chamados À sucessão tem na legitima objetiva /global . a legitima subjetiva não é mais do que
a parcela de cada um dos legitimários.

ESQUEMA FOTO (aquele que comeca com A e B)

(=ex. dos 2 terços quanto tem cada 1 deles , se são 4 divide-se um quarto para cada 1 )

(Legitima obj=herança no seu todo e legitima subj.=herança de cada 1 deles)

Aula 11/03/2021

A DESIGNAÇAO CONTRATUAL

(pouco comum)
Como resulta de 1 contrato de doação mortis causa , estamos perante um acordo de vontades
contrarias entre si mas convergentes a um resultado por ambos pretendido . os efeitos da
doação mortis causa para alem do seu carater bilateral tem 1 eficacia reforçada por causa do
tratamento favorável tendente a fomentar ou a proteger o casamento de tal modo que a
doação mortis causa não ocorreria não fosse a existência do casamento. Por comparação ,
também ele o produtor de efeitos pos morte /mortis causa , o testamento é 1 negocio jurídico
unilateral e pelo testador livremente revogável . a regra portanto é a da irrevogabilidade da
doação mortis causa apos a aceitação 1701n1 ,1705n1 , embora residualmente possamos
encontrar algumas exceçoes 1705n2 e 975,a) .

As doações entre esposados distinguem-se pois nos períodos antes e depois do casamento ,
uma vez que antes do casamento são livremente revogáveis e modificáveis por ambos 1712 e
depois do casamento tal já não pode acontecer por causa do principio da imutabilidade das
convenções 1714.

A designação testamentaria
Como a própria expressão indica , estamos perante 1 negocio jurídico unilateral onde impera a
vontade única do autor da sucessão quer no ato dispositivo de parte dos seus bens ou ate de
todos os seus bens quer no ato revogatório de testamentos anteriores 2179,2311,2312.

Essa liberdade de revogação pode decorrer de declaração expressa ou tacita do testador .

Nem so de disposições de carater patrimonial pode um testamento tratar como são os casos
das disposições a favor da alma , da testamentaria , do destino final do seu cadáver , da
perfilhação , entre outros. São exemplos de disposições a favor da alma 2224 , a realização de
missas e a colocação de velas… A testamentaria 2320 envolve a nomeação de pessoa /as que
ficam encarregadas de zelar pelo cumprimento do testamento ou pela sua execução . O
art1853,b) refere-nos que a perfilhação (modo de estabelecimento da paternidade) pode ser
feita por testamento .

O testamento é como já dissemos , um negocio jurídico unilateral e mortis causa e enquanto


não falecer o testador é livremente revogável ( com exceçao da perfilhação) .

É ainda de salientar o carater pessoalíssimo do testamento pois nos termos do art2182 é o


testamento um ato pessoal , insuscetível de ser feito por meio de representante ou de ficar
dependente do arbítrio de outrem .

Diferente disto é o carater individual ou singular do testamento , pois o seu autor apenas pode
ser pessoa isolada e não duas ou mais 2181. Proíbem-se pois os testamentos de mao comum
ou coletivos que são nulos . todavia , tal proibição não prejudica que duas ou mais pessoas
façam testamentos recíprocos ou a favor do mesmo mas em distintos testamentos separados
pois ainda que sejam celebrados no mesmo dia e em ato continuo .

Há ainda que esclarecer que a unipessoalidade atras referida em nada fica perturbada pela
eventual autorização do cônjuge do testador prevista no art.1685n3 ,b) aquando da disposição
de bens comuns do casal . no entanto em causa so pode estar uma mera autorização .

No que respeita À forma , o testamento é marcadamente um negocio jurídico formal 2204 e


2210 e ss , já que a sua validade depende de 1 das formas previstas na lei . tal exigência formal
prende-se com a necessidade de proteger o testador de eventuais precipitações obrigando-o À
ponderação e a forma escrita é um modo de evitar a precipitação e de permitir a ponderação .
CAPACIDADE TESTAMENTARIA

Podem testar todos os indivíduos que a lei não declare incapazes de o fazer 2188 . nos termos
do 2189 diz-se que são incapazes de testar os menores não emancipados pelo casamento 2189
a) e os interditos por anomalia psíquica 2189 b) . a sanção prevista na lei para o testamento
feito por incapaz é a nulidade . A capacidade do testador é determinada na data do
testamento e não em qualquer outro momento 2191 . no caso do testamento publico , 2205 e
também no caso dos testamentos especiais 2210 e ss , a sua data é fácil de determinar, o
mesmo já não se passa com o testamento serrado(=fechado) que possui duas datas , a data em
que foi escrito pelo seu autor e a data da aprovação pelo notário 2207.

Não se confunde a incapacidade para testar com alguns casos de indisponibilidade relativa em
virtude de se proibir que se façam testamentos tendo por beneficiárias algumas pessoas por
entre eles existirem laços especiais de relacionamento 2192 e ss. Assim , são nulas as
disposições testamentarias feitas por ex: a favor do medico ou enfermeiro ou do sacerdote
que lhe preste assistência espiritual desde que o testamento tenha sido feito durante a doença
e vindo a morrer dela . também é nula a disposição testamentaria feita a favor de pessoa com
quem o testador cometeu adultério , entre outras.

O OBJETO TESTAMENTARIO

É nulo o testamento assim como outros negócios jurídicos o são , se o objeto for física ou
legalmente impossível ,contrario À lei , indeterminável , contrario À ordem publica ou ofensivo
dos costumes (280). Tratando-se de norma prevista para a generalidade dos negócios jurídicos
(280) há que atender a algumas normas especiais no que aos testamentos diz respeito e que
constituem de algum modo ligeiros desvios a essa norma geral . Encontramos esses desvios
nas seguintes normas : 2230 , 2231,2232 ,2233 e 2245.

FORMA DO TESTAMENTO

Já se viu que o testamento é um negocio jurídico formal/ solene e nulo se a forma não for
obedecida como igualmente Resulta do art220 . as formas legais e na sua forma comum
admitidas no nosso ordenamento juridico são o testamento publico e o testamento serrado
2204.

O TESTAMENTO PUBLICO

Nos termos do art2205 , é publico o testamento escrito por notário no seu livro de notas . a
redaçao do testamento é confiada ao notário na presença de 2 testemunhas de modo a
garantir com segurança que se reproduz fielmente a vontade do testador livre de quaisquer
pressões ou intimidações .

Este testamento é publico pois é lavrado por entidade dotada de fe publica embora so se torne
publico apos a morte do testador . alias, a morte do testador é averbado no próprio
testamento e em vida dele so ele tem acesso ao testamento a não ser que constitua
procurador alguém a quem confira poderes especiais para o consultar .
O TESTAMENTO SERRADO

O testamento serrado é manuscrito e assinado pelo testador que o terá de apresentar ao


notário para obter aprovação . ate pode ser assinado por outra pessoa que não o testador mas
a pedido deste , caso não saiba escrever nem assinar , isto é , admite a lei que o testamento
serrado possa ser manuscrito e assinado por outrem desde que a pedido do testador e nos
casos em que não saiba escrever nem assinar . Não se exige que o testador saiba escrever mas
tem de saber ler pois terá ele próprio de ter capacidade de se inteirar do conteúdo do
testamento sem a ajuda de terceiros . ao contrario do que acontece com o testamento publico
, que tem de ser redigido em língua portuguesa , não se exige o mesmo no que toca ao
testamento serrado . são assim inábeis para testar desta forma os analfabetos , os cegos e as
pessoas que por doença não podem ler . A aprovação do testamento serrado funciona como
um meio de evitar que seja invalido por falta de forma assegurando-se que a ultima vontade
do testador fique expressa. Este testamento pode ficar ou não À guarda do notário , já que se
trata de um documento particular embora com um carater mais sigiloso de tal modo que o
testador pode pedir ao notário que o testamento e o instrumento de aprovação sejam cozidos
e selados a lacre . Apos a morte do testador , o testamento serrado tem necessariamente que
ser apresentado para abertura formal tornando-o assim do conhecimento publico .

FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO

Sinteticamente estas formas admitem-se em virtude das circunstancias anómalas que as


justificam e que impossibilitam o recurso Às formas comuns atras estudadas . temos assim o
testamento militar 2211, o testamento marítimo 2214 a 2218 , o testamento feito a bordo de
aeronave 2219 e o testamento feito em caso de calamidade publica 2220 .

Cada 1 destas formas apresenta pressupostos e formalidades próprias constantes daqueles


normativos .

INTERPRETAÇAO DO TESTAMENTO

O sentido e alcance de qualquer disposição testamentaria é tarefa que se deve procurar


determinar mas sempre de acordo com a vontade real do testador . deve procurar-se o
sentido mais ajustado À intenção do testador o que se justifica porque o testamento é um
negocio jurídico unilateral, gratuito e de ultima vontade . De acordo com o 2187 encontramos
nesta matéria um desvio À regra geral de interpretação dos negócios jurídicos 236n1
(objetivismo /teoria da impressão do declaratario) sobreposto neste caso pelo
subjetivismo .para 1 atenta busca da vontade psicológica do testador , o interprete não pode
ter apenas em conta o texto da disposição testamentaria mas sim a declaração testamentaria
como um todo , isto é , a letra , o espirito e o encadeamento do todo para assim melhor se
compreender a vontade real do testador . Contudo , esta visão subjetivista tem 1 limitaçao
prevista no n2 a2187 , na medida em que nos diz que não pode prevalecer a vontade do
testador que não tenha no contexto um mínimo de correspondência ainda que
imperfeitamente expressa .
Ao interpretar-se o testamento , pode acontecer encontrar mais do que um resultado . Entre 2
sentidos possíveis deve prevalecer aquele que for menos gravoso para o testador e que
simultaneamente torne exequível a disposição testamentaria .

CONTEUDO DO TESTAMENTO

Normalmente , o testamento é composto por disposições testamentarias com carater


patrimonial pois em regra também são suscetíveis de transmissão as relações jurídicas
patrimoniais do autor da sucessão . A lei contudo prevê diversas disposições testamentarias de
carater não patrimonial que podem constar de um testamento , admitindo ate que o
testamento apenas contenha disposições dessa natureza 2179n2. Podem constar do
testamento as disposições sobre a publicação ou não das suas cartas , memorias ou outros
escritos , a revelação de factos íntimos da sua vida privada e da sua identidade pessoal (como
é ex. a perfilhação) ….

A DISPOSIÇAO TESTAMENTARIA A TITULO DE HERANÇA (herdeiros testamentários)

As disposições testamentarias a titulo de herança podem abranger a totalidade dela ou apenas


numa sua quota parte .

A DISPOSIÇAO TESTAMENTARIA A TITULO DE LEGADO

São legados 2030n2 as deixas testamentarias que incidem sobre bens determinados embora
possam revestir diversas modalidades :

a) Legado de coisa determinada mas não especificada


b) Legado de usufruto
c) Legado por conta da legitima
d) Legado em substituição da legitima

OUTROS TIPOS DE LEGADOS

A) Legado de coisa onerada

A coisa legada onerada com alguma servidão ou outro encargo que lhe seja inerente passa
com o mesmo encargo ao legatário 2272 tanto no que diz respeito ao direito real de gozo
como por ex. 1 servidao como no direito real de garantia , ex.hipoteca

b) Legado de credito

Trata-se de 1 cessao mortis causa do credito a favor do legatário sem necessidade de


notificação ao devedor 2261n1 . tal legado so produz efeito em relação À parte do credito
que subsista no momento da morte do testador

c) Legado de prestação periódica

Em regra , tem por objeto dinheiro que devera ser pago ao legatário em determinados
períodos desde a morte do testador ate À morte do legatário ou ate determinado
momento fixado pelo testador . é relativamente vulgar o legado de alimentos cujo
quantitativo pode o testador deixar fixado no testamento ou para apreciação de terceiro.

d) Legado de usufruto

Este legado tanto pode incidir sobre a totalidade da herança , sobre uma quota parte dela
ou sobre uma ou varias coisas do património hereditário adquirindo assim um ou vários
herdeiros a raiz ou nua propriedade das coisas e um ou mais legatários o usufruto sobre
elas . quando o legatário for pessoa coletiva , o usufruto não é nunca vitalício pois apenas
e no máximo poderá durar 30 anos 2258.

e) Legados Pios

São legados pios 2280 , todas as deixas testamentarias destinadas a fins religiosos ou À
criação , manutenção ou desenvolvimento de obras de assistência , previdência e
educação ou a fins análogos , bem como os encargos de natureza idêntica instituídos em
qualquer instrumento publico .

CLAUSULAS ACESSORIAS TIPICAS NOS TESTAMENTOS

São de 2 tipos estas clausulas acessórias .

Serão qualificadas como Gerais : as que são comuns À generalidade dos negócios
jurídicos , como sejam, a condição , o termo , o encargo e a clausula penal .

A condição é suspensiva quando a disposição testamentaria (de herança / legado) tenha


produção dos seus efeitos subordinada a um acontecimento futuro e incerto , como é ex:
A instituí B sua herdeira, se ela vier a ter filhos. A condição é resolutiva quando a
herança/legado tem a resolução dos seus efeitos também ela subordinada a um
acontecimento futuro e incerto , como é ex: A institui B sua herdeira , mas deixara de o ser
se vier a ter filhos.

Existe termo , quando os efeitos de um determinado negocio jurídico se verificam a partir


de um momento futuro e certo , nos termos do 278 . O n2 do 2243 , não admite a
instituição de herdeiro a termo , porem o n1 do mesmo artigo já o admite quanto ao
legatário .

No que toca aos encargos, o testador pode impor aos herdeiros /aos legatários 2244 um
encargo positivo (fazer algo) ou um encargo negativo quando impõe uma omissão
comportamental .

No que toca À clausula penal , o testador pode determinar que as obrigações decorrentes
do testamento ou da aceitação de quotas hereditárias sejam garantidas através do
cumprimento de uma determinada prestação . Como o testador não pode impor encargos
sobre a legitima dos herdeiros legitimários 2163n1 tambem não pode impor clausulas
penais ao mesmos herdeiros , a não ser que se destinem a garantir o cumprimento dos
encargos gerais da herança 2068.

Para alem das clausulas gerais e comuns a quase todos os negócios jurídicos , a lei prevê 1
conjunto de clausulas acessórias especiais , isto é , privativas do testamento .sao elas:
a) Substituição direta /vulgar , nesta substituição o testador prevendo a hipótese de o
herdeiro testamentário ou legatário não poder ou não querer aceitar a herança ou o
legado , nomeia no testamento 1 substituto. Os substitutos sucedem nos direitos e nas
obrigações em que sucederiam os substituídos a não ser que o testador tenha dito o
contrario . A substituição direta / vulgar pode ser simples quando há 1 único instituído
e 1 único substituto 2281 , 2285n1 , plural quando há vários substitutos para 1 ou
vários instituídos 2282 ,2285n1 , podendo ainda ser reciproca se os co-herdeiros /co-
legatarios se substituírem entre si por determinação do testador 2283 e 2285.
(Ex: quero deixar herança para maria , mas se ela morrer ou não poder , deixo para a
ana)
b) A substituição fideicomissária / fideicomisso .

Nesta , o testador impõe ao herdeiro testamentário ou ao legatario (fiduciários) o encargo de


conservar a herança/o legado para que revertam por morte dos fiduciários a favor de outrem
(fideicomissário) e não para os herdeiros dos fiduciários 2286 a 2296.

As substituições fideicomissárias , embora possam ser simultaneamente plurais , admitindo-se


pois mais do que 1 fiduciário e /ou mais do que 1 fideicomissário , apenas podem conter 1 so
substituição sucessiva , ou seja , a do autor da sucessão para o fiduciário e outra deste ultimo
para o fideicomissário

(ex. o dono da quinta é avo e quer deixar a sua quinta ao neto mas acha que ele não é capz ,
então deixa para o tratador da quinta que sera o fiduciário mas quando este morrer , não pode
deixar para os seus herdeiros mas sim para o neto do dono da quinta )

c) Substituições pupilar e quase pupilar

Quanto À substituição pupilar , ela ocorre quando o progenitor se substitui aos filhos
menores na atribuição da herança destes 2297 . Não se trata de vocação anómala/ indireta
já que não é a sucessão do pai que esta em causa mas sim a do filho. (pai faz testamento
do menor , mas caso ele atinja a maioridade pode altera-lo)

Os sucessores que o pai nomeia substituindo-se ao filho são sucessores deste e é em


relação a este que se devem verificar os requisitos de que depende a atribuição da
herança.

No que diz respeito À substituição quase pupilar, esta difere do regime da pupilar na
medida em que o filho é substituído por outrem qualquer que seja a sua idade , desde que
interdito por anomalia psíquica . ( pai pode fazer testamento do filho maior interdito com
anomalia psíquica)

A REVOGAÇAO TESTAMENTARIA

O testamento é um negocio jurídico livre e absolutamente revogável , direito ao qual o


testador não pode renunciar . ate ao ultimo momento da sua vida pode revogar
total/parcialmente um ou vários dos seus testamentos anteriores ou apenas clausulas
neles incluídas .

A revogação testamentaria pode ser expressa , tacita / real .


É expressa , quando o testador declara noutro testamento que revoga no todo em parte o
testamento anterior 2312.

A revogação tacita consiste na existência de declarações testamentarias contidas em


testamento posterior que no todo ou em parte afastam outras anteriores por se
mostrarem incompatíveis entre si .

A revogação real de 1 testamento , tem lugar quando o testador posteriormente através


de ato material /jurídico revela um comportamento que leva a lei a presumir essa
revogação . São exemplos: a inutilização do testamento cerrado porque foi queimado ,
rasgado… como também é exemplo , a alienação do objeto previsto no próprio
testamento.

A DESIGNAÇAO LEGITIMA

Já se verificou que esta modalidade de sucessão esta condicionada pela sucessão


legitimaria e pela sucessão voluntaria que se impõem hierarquicamente. A designação
legitima surge no fim da lista de designações sucessórias por se entender que ela cumpre a
ideia de um sistema completo. O autor da sucessão na impossibilidade ou desinteresse em
manifestar a vontade sobre o destino a dar aos seus bens tem garantido pela lei
supletivamente esse destino. A lei escolhe os familiares que lhe são mais próximos 2133.
Por outro lado, a designação legitima assegura a transmissão dos bens evitando que estes
fiquem sem dono e é por isso que o Estado surge como último herdeiro legitimo e que não
pode repudiar a herança 2154.

Havendo sucessíveis legitimários, a sucessão legitima fica desde logo limitada à quota
disponível. Não os havendo, a designação legitima pode abranger toda a herança. Por
outro lado , se o autor da sucessão dispôs da referida quota disponível em vida ou mortis
causa prevalece a posição dos sucessíveis por ele designados em detrimento dos
sucessíveis legítimos . Em suma , a sucessão legitima abre-se quando não se verifiquem as
sucessões legitimaria e /ou voluntaria .

A ORDEM DA DESIGNAÇAO LEGITIMA 2133

A primeira classe de sucessíveis abrange o cônjuge e os descendentes .

A segunda ,o cônjuge e os ascendentes .

A terceira , os irmãos e os seus descendentes .

A quarta , os outros colaterais ate ao quarto grau .

A quinta , o Estado.

A sucessão legitima , estabelece 3 princípios gerais que a ordenam 2134,2135,2136 e que


também são aplicáveis À sucessão legitimaria nos termos do a2157. São eles:

1) Preferência de classes : diz-nos o art.2134 , que os herdeiros de cada 1 das classes de


sucessíveis preferem aos das classes imediatas e de acordo com a ordem estabelecida
pelo 2133. Assim , os ascendentes apenas são chamados na falta de descendentes. Os
irmaos e os sobrinhos apenas são chamados na falta de cônjuge , descendentes e
ascendentes…
A preferência faz-se com absoluta e total exclusão das classes seguintes . Deste modo ,
um neto do autor da sucessão (parente de 2 grau mas pertence À primeira classe de
sucessíveis) tem prioridade na designação legitima face ao pai do autor da sucessão
(parente em 1 grau mas pertencente À segunda classe).
2) Preferência de graus: De acordo com a2135 , dentro de cada classe preferem os
parentes de grau mais próximo aos de grau mais afastado . Assim, logo na primeira
classe e quanto aos descendentes do decujos , os filhos (parentes em 1 grau) afastam
os netos ( parentes em 2 grau) e estes afastam os bisnetos( parentes em 3 grau) .
3) Sucessão por cabeça: este principio previsto no a2136 , consagra a sucessão em partes
iguais entre parentes de cada classe e do mesmo grau sucessório . há contudo que ter
em conta as regras do direito de representação dos a2039 ss. que pode originar o
chamamento de estirpes e que afasta por isso esta divisão igualitária .

PRIMEIRA CLASSE DE SUCESSIVEIS ( CONJUGE E DESCENDENTES)

O cônjuge sobrevivo /=supérstite tanto na sucessão legitimaria como na sucessão legitima


integra a primeira classe de sucessíveis concorrendo com os descendentes
2139n1 ,2140.Porem , se o autor da sucessão não deixar cônjuge sobrevivo , serão
chamados os descendentes se os houver 2139n2,2140. Na falta de descendentes , o
cônjuge é designado herdeiro na totalidade da herança a não ser que haja ascendentes .
Se os houver, estaremos perante a segunda classe .

Para que o cônjuge seja chamado a suceder enquanto herdeiro legitimo ou legitimário , é
necessário que se verifiquem os pressupostos dos a2133n1 a,b) , n3 ,2157 . De acordo com
o n3 do 2133 , o cônjuge sobrevivo não é chamado se no momento da abertura da
sucessão se encontrar divorciado/ separado judicialmente de pessoas e bens por sentença
ou decisão que tenha transitado ,venha a transitar ou que ainda venha a ser proferida .

Quando o cônjuge concorre com descendentes, não pode deixar de receber quota parte
inferior a um quarto ( na sucessão legitima 2139n1 ) ou um quarto da legitima
objetiva/global (na sucessão legitimaria 2157 e 2139n1). Aquela quota mínima de um
quarto , so tem aplicação se a concurso estiverem 4/+ filhos ou estirpes de descendentes.

O cônjuge concorrerá com descendentes do segundo grau e seguintes , se os filhos não


puderem ou não quiserem aceitar a herança chamando-se aqueles por direito de
representação 2039,2042 .

O cônjuge sobrevivo goza ainda do direito de acrescer simultaneamente com


descendentes se algum ou alguns (mas nunca todos pois poder-se-ia ter de passar À
segunda classe) dos descendentes chamados não possam ou não queiram aceitar a
herança 2138 2039 2042.

No caso de o autor da sucessão não deixar cônjuge sobrevivo a herança divide-se pelos
filhos em partes iguais 2139n2 . Existe aqui direito de representação destes para os seus
descendentes , caso não possam ou não queiram aceitar a herança 2039 2042 .

Ao invés, não tendo o autor da sucessao descendentes sera o cônjuge sobrevivo chamado
À totalidade da herança a não ser que haja ascendentes, caso em que estaremos perante a
2 classe de sucessíveis.

SEGUNDA CLASSE DE SUCESSIVEIS( CONJUGE E ASCENDENTES)


Na sucessão de ascendentes , concorram ou não com o cônjuge , vigoram os principios da
preferência de grau 2135 e da sucessão por cabeça 2136 , não existindo porem direito de
representação que é exclusivo dos descendentes 2039 2042.

O cônjuge sobrevivo , nesta classe concorre com os ascendentes em qualquer grau da linha
reta preferindo no entanto os de grau mais próximo 2135 . Assim, o cônjuge sobrevivo terá
sempre 2 terços da herança ou da legitima objetiva consoante se trate da sucessão
legitima 2142 ou da legitimaria 2157 2142 , enquanto que o conjunto dos ascendentes tem
direito apenas a 1 terço .

Faltando o cônjuge , concorrem entre si os ascendentes do mesmo grau À totalidade da


herança em partes iguais . também aqui , vigora o direito de acrescer se estiverem no
mesmo grau de parentesco .

Por fim , quanto a esta classe se não houver ascendentes ,o cônjuge do autor da sucessão
é chamado À totalidade da herança ou da legitima objetiva 2144 2157 .

ESQUEMAA

A faleceu em 2020

Aplicação principios:

1 principio=1 classe : cônjuge e descendentes , logo ascendentes estão afastados da


sucessão pq se preencheu a 1 classe

2 principio= 1 grau(C-G filhos) , 2 grau(H-m netos) 3 grau(N-P BISNETOS) – tem preferência


o 1 grau

3 princip.= como há + 4 filhos , cônjuge tem que receber 1 quarto e os 3 quartos divide-se
por cabeça pelos filhos.

ULTIMA FOTO ESQUEMA ONDE C TB MORREU

Quem e prioritariamente chamado e pq

Quem é que chamamos não priopritariamente mas por di representação e pq

Como é que se divide 70 mil visto que A não deixou testamento nem doações

Fazer contas

TERCEIRA CLASSE (IRMAOS E SEUS DESCENDENTES)

Não havendo sucessíveis das 2 classes anteriores .ou seja não existindo cônjuge
descendentes nem ascendentes são chamados À sucessão os irmãos e os seus
descendentes 2145 . ora, os irmaos do autor da sucessão podem ser germanos (filhos do
mesmo pai e da mesma mae ) consanguíneos se filhos do mesmo pai e uterinos se filhos
da mesma mae 2146 . Se o forem apenas de 1 tipo ou de outro são designados
sucessoriamente em partes iguais e por cabeça.

De forma diferente sera se a concurso sucessório vierem irmaos germanos , consanguíneos


e /ou uterinos. Nesse caso cada 1 dos irmaos germanos terao direito a 1 quinhao
hereditário igual ao dobro do quinhão de qualquer 1 daqueles irmaos unilaterais
(consanguíneos ou uterinos) . por exemplo: A deixa como sucessores B e C seus irmaos
germanos e W seu irmão uterino . a herança tem o valor de 30mil€ B eC porque irmaos
bilaterais ou germanos sucedem cada 1 em 12mil€ enquanto que a W sera entregue a
quantia de 6mil €por ser irmão uterino do autor da sucessão

QUARTA CLASSE (OUTROS COLATERAIS ATE AO QUARTO GRAU)

Na falta de herdeiros das 3 classes anteriores são chamados À sucessão os restantes


parentes na linha colateral ate ao quarto grau preferindo sempre os mais próximos o que
permite concluir pela inexistência do direito de representação nesta classe 2147 , dispõe o
2148 que a partilha é feita por cabeça e portanto em partes iguais .

QUINTA CLASSE (O ESTADO)

Não existindo nenhum herdeiro das 4 classes anteriores o estado surge como o ultimo dos
sucessíveis 2152 . em abstrato evita-se que os bens sucessórios possam ficar abandonados
podendo inclusivamente usar esses bens para a realização das suas funções sociais .

De todos os sucessíveis o Estado é o único que não necessita de fazer a aceitação da


herança pois é adquirida por mero efeito do direito ipso iure não podendo sequer repudia-
la. Apesar das pequenas diferenças de regime e comparativamente com os outros
sucessíveis o estado surge como se sujeito privado se tratasse isto é sem o característico e
ius imperium que lhe é próprio.

ABERTURA DA SUCESSAO

Podemos dizer que a abertura da sucessão é iniciada com a morte do sujeito . A sua morte
faz nascer o fenómeno sucessório .

A abertura da sucessão é o inicio do processo complexo tendente À devolução sucessória


das relações jurídicas transmissíveis do autor da sucessão e tem como causa determinante
a morte do seu autor . A abertura da sucessão caracteriza-se pelo despreendimento das
relações jurídicas da esfera do seu titular ficando predisposta À aquisição sucessória .

De acordo com o a2031 a abertura da sucessão ocorre no momento da morte do seu autor
e o lugar dessa abertura é o do ultimo domicilio .

VOCAÇAO SUCESSORIA

A vocação sucessória constitui o chamamento dos herdeiros ou dos legatários À


titularidade das relações jurídicas transmissíveis do autor da sucessão . Aberta a sucessão
com o falecimento do sujeito serão chamados à titularidade das relações jurídicas
transmissíveis do autor da sucessão aqueles que gozam de prioridade na hierarquia dos
sucessíveis desde que tenham a necessária capacidade ( são exemplos de incapacidade a
indignidade sucessória 2034 e a deserdação 2166). A capacidade/incapacidade sucessórias
para serem eficazes tem de existir num momento da abertura da sucessão e basta que
vigorem nesse momento para que o sucessível seja ou não chamado ( ver a exceçao do
2034,d) )

MODOS DE VOCAÇAO SUCESSORIA

Acabamos de ver que a vocação sucessória não é mais do que o chamamento de alguém a
titulo de herdeiro /legatário À titularidade das relações jurídicas transmissíveis do autor da
sucessão . Importa no nosso estudo que conheçamos a vocação direta e a vocação
indireta/anómala . A mais usual é a vocação direta e é aquela que traduz a designação de 1
sucessivel prioritário ou pelo menos esse / esses sucessíveis surgem na hierarquia em
primeiro lugar .

Ao invés na vocação indireta/anómala , 1 sucessivel é chamado não apenas em atenção à


relação existente entre ele e o autor da sucessão mas também em função da sua posição
perante 1 terceiro que não entra na sucessão ´mas serve de ponto de referencia para o
chamamento . dito de outro modo o chamamento na vocação indireta funciona a favor de
outrem subsequente ou substitutivamente invés do primitivo sucessível designado por
este não ter podido ou não ter querido aceitar a sucessão .

A vocação indireta/anómala comporta 3 situaçoes: São elas :

1-O direito de representação

2-a substituição direta

3-O direito de acrescer

O DIREITO DE REPRESENTAÇAO

De acordo com o a2039 existe representação sucessória quando a lei chama os


descendentes de 1 herdeiro ou legatário a ocupar a posição daquele que não pode ou não
quis aceitar a herança ou o legado. Neste caso a representação sucessória ocorre por força
da lei e não por vontade do autor da sucessão sendo imperativa na sucessão legitimaria e
supletiva na legitima .

Para haver lugar ao direito de representação em qualquer espécie de sucessão importa


que se verifique uma impossibilidade de aceitação ou repudio da herança/legado por parte
de sucessível com designação prioritária e que este no momento da abertura da sucessão
tenha descendentes que o possam representar . Ao contrario do que acontece na
representação voluntaria negocial 258ss , o representante sucessório não exerce 1 direito
em nome do representado . sucede numa posição que se torna sua e que passa a exercer
em nome próprio . consequentemente os efeitos jurídicos da representação sucessória
vao produzir-se na esfera jurídica do representante e não na do representado .

Ex. ESQUEMA: A viúvo falece em 2008 tendo deixado 1 filho sobrevivo C casado comD. 1
ano antes havia falecido o seu outro filho B pai dos netos F e G . por força do
di.representaçao F e G sucedem a A (vocação anómala ou indireta) em quota igual a C
ocupando a posição jurídica de B que não pode aceitar ou repudiar por ser pre falecido .

Usando na mesma o esquema DI. DE TRANSMISSAO

Embora em nada se cobfunda com o di.representaçao uma vez que este ocorre nos casos
de pre falecimento, repudio / indignidade sucessória , o di.transmissao existe tao so para
resolver o problema resultante do seguinte: supondo que C sem descendentes morre
depois de A mas sem ter tido a oportunidade de aceitar ou repudiar expressamente/ sem
que do seu comportamento se possa concluir pela aceitação tacita da herança/legado esse
direito de aceitar ou repudiar a herança para que C fora chamado por óbito de A é
transmitido para os seus herdeiros (no nosso caso , D).
Não se trata de nenhuma outra modalidade de vocaçao indireta /anómala .Pretende-se
apenas resolver o vazio resultante do facto de o sucessível chamado ter falecido depois
mas sem ter aceite ou repudiado a herança para que fora chamado .

O di.representaçao na sucessão legal (sucessão legitimaria e sucessão legitima) ocorre


chamando os descendentes do filho ou do irmão do autor da sucessão que não tenha
podido ou querido aceitar 2039 e 2042. Também aqui se tem de aplicar a regra da
preferência de graus prevista no 2135 .

No entanto , e embora o 2039 contenha regra comum a qualquer direito de representação


na sucessão testamentaria este modo de vocação indireta ou anómala funciona de modo
diferente do que ocorre na sucessão legal . na sucessão testamentaria da-se direito de
representação chamando os descendentes do herdeiro testamentário ou do legatário que
não quis ou que não pode aceitar a herança ou o legado 2041. Na sucessão testamentaria
é imprescindível que o sucessível designado no testamento não possa ou não queria
aceitar a herança/legado 2039 e 2041 . quer isto dizer que em causa apenas pode estar a
pre morte ou repudio não se verificando direito de representação na sucessão
testamentaria relativamente as outras causas de não aceitação mas tao so a aplicação dos
eventuais comandos testamentários substitutivos ou do regime supletivo da sucessão
legitima . exige-se de igual modo que o sucessível testamentário tenha descendentes
qualquer que seja o grau de parentesco mas preferindo-se o mais próximo .

Por fim e de acordo com a parte final do 2041 n1 para que se verifique o direito de
representação na sucessão testamentaria é necessário que não haja outra causa de
caducidade da vocação sucessória (2317) e ainda se :

a) o testador tiver designado substituto do herdeiro/legatário 2041n2,a)


b) em relação ao fideicomissário nos termos do n2do a2293, isto é que não seja um
caso em que o fideicomissário não possa ou não queira aceitar a herança
c) seja um legado de usufruto ou de outro direito pessoal

no caso da alínea B) , não existe direito de representação para os descendentes do


fideicomissário pois se este não pode ou não quis aceitar a herança ou o legado fica a
substituição fideicomissária sem efeito tornando-se o fiduciário titular dos mesmo direitos
daquele desde a morte do testador 2293n2 ,2296 e 2041 n2 ,b) .

se o testador tiver indicado 1 substituto respeita-se a vontade do testador sendo beneficiário o


substituto que o testador indicou e não os descendentes daquele que não quis /não
pode .Tambem não há direito de representação se o testador referir no testamento que não
quer que haja direito de representação mesmo sem indicar substituto .

no caso de legado de usufruto ou outro direito pessoal (uso e habitação ou qualquer legado
feito em função da pessoa do legatário ) se o legatário não quiser ou não poder aceitar o
legado não são chamados os descendentes destes , ficando antes sem efeito o legado que se
reintegra na herança do falecido . A razão de ser da inexistência aqui do direito de
representação tem a ver com a natureza pessoal do legado .

o direito de representação não sucessão testamentaria , tem lugar ainda que todos os
membros das varias estirpes estejam relativamente ao autor da sucessão no mesmo grau de
parentesco ou exista uma so estirpe . tem-se por estirpe , o grupo familiar composto por 1
progenitor (filho ou irmão do autor da sucessão ) e pela respetiva descendência . Porque esta
descendência pode abranger vários graus é possível acontecer que num desses graus haja
descendentes que sejam tronco de subestirpes . Nos termos do n2 do a 2044 , também aos
representantes numa subestirpe cabe aquilo a que sucederia o ascendente tronco da
subestirpe .

EX.ESQUEMA 2 :

O sujeito A viúvo e sem testamento faleceu em 2008 com1 herança no valor de 80mil€
deixando sobrevivos o seu filho B , o seu neto D filho do seu pre-falecido filho C e 2 bisnetos
filhos do seu pre-falecido neto E filho de C. Não se cumpre aqui a regra da sucessão por cabeça
entre os herdeiros B , D ,FeG , uma vez que se verifica direito de representação em qualquer
das subestirpes de C e de E . deste modo B recebera 40mil€ e a outra metade cabe À estirpe do
falecido C . A D , por direito de representação recebera 20 mil€ e pelo mesmo raciocínio 10 mil
para cada um dos F e G .

DIREITO DE ACRESCER

Podemos definir o direito de acrescer como o direito de certo/os sucessíveis chamados


simultaneamente com outros de adquirir o quinhão hereditário / o objeto sucessório que
outro/os não quiseram ou não poderam aceitar ,mas desde que se verifique um conjunto de
pressupostos negativos e positivos . Do ponto de vista do que não se pode verificar:

a) substituição direta
b) vontade do autor da sucessão contraria ao direito de acrescer
c) direito de representação
d) transmissão do direito de aceitar/repudiar a herança
e) pessoalidade do legado

quanto Às al.A e B) deve dizer-se que não são possíveis na sucessão legitimaria e portanto não
pode ser afastada pelo autor da sucessão . Porem se em causa estiver a sucessão legitima /a
testamentaria pode já o autor da sucessão determinar em testamento que a não aceitação
implica a substituição por outrem por ele indicado.

Também não há direito de acrescer se no caso houver lugar a direito de representação caso
em que serão chamados os descendentes daquele que não pode ou não quis aceitar a
sucessão e não os co-sucessiveis .

Também não há direito de acrescer enquanto os herdeiros do sucessível chamado mas que
faleceu sem ter aceite ou repudiado a sucessão não exercerem aquele direito e ao exerce-lo
aceitarem a sucessão .

Por ultimo , se na sucessão testamentaria o legado tiver natureza puramente pessoal , isto, é a
liberalidade foi pensada e concretizada tendo em consideração as características do
beneficiário não há direito de acrescer extinguindo-se o legado tudo se passando como se ele
nunca tivesse existido .
Do lado positivo, para que ocorra direito de acrescer , tem de haver uma quota vaga por falta
ou repudio dos sucessíveis e a existência de pluralidade de co-herdeiros ou de co-legatarios a
favor de quem acrescerá 2137n2 ,2157 ,2301 ,2302 .

A SUBSTITUIÇAO DIRETA

Desde que em causa não esteja a sucessão legitimaria porque intocável para o autor da
sucessão , pode este em todas as outras vocações determinar o destino dos seus bens . É o que
acontece com esta modalidade de vocação indireta ou anómala e que prevalece sobre as
outras 2 especies de vocação indireta/anómala .

A substituição direta 2281 a 2285 , traduz-se na nomeação por parte do testador de 1


substituto para o herdeiro/legatário instituídos para o caso de não poderem /nao quererem
aceitar a herança ou o legado.

A substituição direta pode valer apenas para o caso de os sucessíveis substituídos não
poderem aceitar a sucessão ou apenas para o caso de a repudiarem , desde que o testador
declare expressa/tacitamente que pretende essa exclusividade .

A substituição direta pode ser simples- quando haja 1 único instituído e 1 único substituto ;

Plural-quando haja vários substitutos para 1 instituído ou vários instituídos com 1 so


substituto;

Reciproca- se os co-herdeiros por 1 lado /os co-legatarios por outro se substituírem entre si
por determinação do testador .

art.2281 ,2282 ,2283

A HERANÇA

Casos práticos :

1-

António faleceu em 1985 no estado civil de casado com Berta . daquele casamento nasceram 5
filhos Pedro casado com paula , Paulino casado com teresa , dionisio e eduardo ambos
solteiros e Carlos divorciado antes da morte do pai . Paulino morreu antes de antonio e deixou
como herdeiros para alem do seu cônjuge , 2 filhos Jorge e Gabriel ambos solteiros .

Antonio fez testamento deixando ficar 1 terço da quota disponível a Pedro

Antonio deixou bens no valor de 65mil€ e dividas no valor de 12 300€

2-

Anibal faleceu em 2000 , do seu casamento com joana nasceram 2 filhos Pedro e Vera , ambos
casados . Pedro incompatibilizado com o pai repudiou a herança . Pedro não deixou
descendentes mas deixou cônjuge sobrevivo Violeta .
Vera tinha falecido 2 anos antes do seu pai deixando viúvo Paulo e sem descendentes .

Joana viúva de anibal , foi entretanto condenada pelo crime de homicídio doloso do seu
marido

Anibal fez testamento no qual disse “ instituo como único herdeiro o meu medico Joao que me
tem auxiliado na minha doença prolongada .” disse ainda “que caso o meu medico não queira
ou não possa, deixo todos os meus bens À santa casa da misericórdia do porto .

Anibal veio a falecer num acidente de viação e o medico repudiou (não aceitou )a herança e
não tem descendentes

07/04/2021

A herança

Em sentido amplo , a herança comporta a totalidade da massa hereditária ou seja , o conjunto


das relações jurídicas geralmente patrimoniais de que uma pessoa singular é titular À data da
sua morte aptas a serem transmitidas aos sucessores . A herança é 1 universalidade de direito
que abrange a herança em sentido restrito assim como os legados . Diz-se Jacente , a herança
que ainda não foi aceite, repudiada ou declarada vaga para o estado 2046, ou seja , ela nasce
no momento da abertura da sucessão 2031 e finda a herança jacente no momento em que é
aceite ou no limite quando for declarada vaga para o estado . A situação de herança jacente é
em si um momento transitório no qual a herança não tem ainda titular pelo que não tem quem
zele pelo património e de modo a assegurar os interesses dos sucessíveis e dos credores da
herança , a lei assegura a tomada de medidas necessárias À conservação dos referidos bens.
Assim , o sucessível/os sucessíveis chamados À herança mas sem terem ainda exercido o
direito de a aceitar ou de a repudiar podem providenciar pela pratica de atos urgentes de
administração 2047n2 e 2079ss. , ou seja , atos que se mostrem necessários e adequados À
preservação e À conservação dos bens da herança .

Diferente da herança jacente é a herança indivisa , que existe sempre que dois/mais herdeiros
chamados a suceder aceitaram sê-lo mas ainda não a partilharam . Esses herdeiros e enquanto
não houver partilha , não detêm direitos próprios sobre cada um dos bens hereditários e nem
sequer são comproprietários desses bens. Existe apenas uma comunhão sem determinação de
parte/direito .

Se houver um so herdeiro , o problema da indivisibilidade não se coloca .

Diz-se que a herança está partilhada quando se define por acordo ou sem ele quais são em
concreto os bens que vao preencher a quota parte de cada 1 . Dessa partilha, pode resultar
que 1/+ bens sejam adjudicados a 2 ou+ herdeiros . Quando assim for , estabelece-se o regime
da compropriedade em resultado da partilha

EX. A faleceu deixando como bens 3mil€ e uma casa de 300mil . Deixou 3 herdeiros .antes da
partilha esses 3 herdeiros são titulares em comum e sem determinação de parte/direito
daqueles 2 bens . imagine-se que na partilha a casa é adjudicada na proporção de 1 terço para
cada um .

A ACEITAÇAO E O REPUDIO DA HERANÇA


O nosso ordenamento jurídico não prevê que a aquisição sucessória se processe de modo
automático querendo isto dizer , que ninguém é herdeiro ou legatário se o não quiser .
havendo vocação sucessória direta/indireta , é necessário que se manifeste a vontade de
aceitar ou repudiar a herança .

A aceitação , pode ser expressa ou tacita 2056.

Expressa- quando o sucessível chamado À herança declara aceita-la ou assume o titulo de


herdeiro com intenção de a adquirir .

Tacita- quando se deduz de factos que a revelam com toda a probabilidade a217.

A aceitação da herança pode ser pura e simples / a beneficio de inventario .

Esta ultima consiste, numa declaração de aceitação através da qual o herdeiro se reserva o
direito de receber o saldo liquido da herança depois de pagos os encargos desta . dito de outro
modo , esta modalidade de aceitação , permite que o herdeiro aceite a herança mas so depois
de estar determinado o que da herança faz parte . A aceitação a beneficio de inventario , faz-
se através de inventario judicial ou em cartório notarial

Na aceitação pura e simples , o herdeiro aceita sem mais a herança consciente do conteúdo
dela . Contudo, se houver encargos terá de os provar e também terá de demonstrar que na
herança não existem valores suficientes para o seu cumprimento embora nesse caso a
responsabilidade do herdeiro se esgote com os bens da própria herança.

Nos termos do a2050n1 , a aceitação é o ato jurídico que tem como efeito a aquisição do
domínio e posse dos bens da herança embora isso não signifique a apreensão material dos
bens . Para evitar a existência de vazios na titularidade das relações jurídicas objeto da
sucessão os efeitos atras indicados retroagem ao momento da abertura da sucessão 2050n2 .

O repudio , tem regime jurídico particular nomeadamente quanto À forma .

O repudio da herança ou do legado tem de ser feito por escritura publica ou por documento
particular autenticado se o objeto da herança for coisa imóvel .

Não existindo bens imoveis , o repudio pode ser feito por documento particular.

Em termos de efeitos jurídicos , o repudio quer do herdeiro quer do legatário torna-os “não
chamados” exceto para efeitos de representação 2062 , sendo por isso chamados os
sucessíveis subsequentes 2032 .

VALOR DA HERANÇA

Saber qual o valor da herança é tarefa primordial para que se proceda À sua partilha . para tal ,
vários são os aspetos a que temos de atender para o calculo dos valores quer do ativo quer do
passivo. Desde logo e a titulo de exemplo , pode ser importante saber se o autor da sucessão
era ou não casado , se sim , qual o regime de bens e até se existiam ou não convenções
antenupciais . em função de todos estes aspetos , apurar-se-á para efeitos hereditários uma
massa ativa que abrange os bens próprios do autor da sucessão e a meação nos bens comuns
do casal e uma massa passiva pelas dividas próprias do autor da sucessão e pela metade das
dividas comuns do casal .
Dispõe o a2162 , que havendo sucessão legitimaria é necessário promover o calculo da
legitima atendendo-se ao seguinte :

a) aos bens existentes no momento do falecimento ( bens próprios e metade dos


comuns)- Relictum (=bens deixados)
b) ao valor dos bens doados(todas as doações – as mortis causa)- Donatum
c) Às dividas da herança-passivo

Formula:H=r+d-p

Quanto as doações , À que esclarecer que compreendem todas as que foram feitas em
vida do autor da sucessão independentemente de os donatários serem ou não sucessíveis
e estando ou não sujeitas À colação .

Deste modo , o calculo a que se refere o art2162 é feito somando o relictum ao donatum
subtraindo-se o passivo .

COLAÇAO

De acordo com os a2104a2118 consegue apurar-se que a colação é privativa da sucessão


dos descendentes . a colação tem por propósito igualar a partilha entre os descendentes
consistindo na restituição À herança dos bens que foram doados em vida ao descendente .

Parece resultar de presunção legal de que as doações feitas pelo autor da sucessão a
descendentes que ao tempo da doação eram presuntivos herdeiros legitimários 2105 ,
2105 envolveria apenas uma antecipação do preenchimento do respetivo quinhão
hereditário 2108n1 na pressuposição de que a intenção do autor da sucessão e da doação
não terá sido a de beneficiar aquele descendente face aos demais nem querer preencher
antecipadamente a legitima subjetiva que há de ter direito . Alias , do instituto da colação
resulta a presunção de que o autor da sucessão com as doações a ela sujeitas pretendeu
apenas antecipar o gozo dos bens doados e não beneficia-lo em relação aos outros
descendentes ou preencher antecipadamente a futura legitima subjetiva do descendente .

SUCESSAO EXCLUSIVA DOS DESCENDENTES

Para que haja colação é necessário cumulativamente que :

a) Haja doações feitas pelo autor da sucessão a favor de descendentes que na data da
doação fossem presuntivos herdeiros legitimários
b) Tais liberalidades não estejam dispensadas da colação pelo autor da sucessão ou por
força da lei
c) Se tenha aberto uma sucessão hereditária À qual concorram efetivamente vários
descendentes entre os quais o /os beneficiados com aquelas liberalidades ou os seus
representantes.

Em primeiro lugar , para haver colação é necessário que o autor da sucessão tenha
doado em vida coisas , direitos ou outros bens jurídicos ou efetuado em vida despesas
gratuitas 2104n2 ,2110 a favor de descendentes que À data da doação/da despesa
fossem presuntivos legitimários do doador . Porem , não basta que faça parte da classe
dos descendentes . É necessário que se no momento da doação se abrisse a sucessão o
donatário descendente seria chamado prioritariamente .
Em segundo lugar , é necessário que o autor da sucessão não tenha dispensado a
colação 2113 , dispensa esta que traduz a intenção de favorecimento do destinatário
da doação . A lei funciona aqui supletivamente já que a intenção de igualar a partilha
entre os descendentes está subordinada ao poder de disposição patrimonial do
decujus . essa dispensa pode ocorrer no próprio ato da doação ou posteriormente .
Em terceiro lugar, é necessário também que se tenha aberto 1 sucessao hereditaria À
qual concorram diversos descendentes entre os quais o /os afetados pela colação e
que demonstrem aceitar a herança . a obrigação de devolver recai sobre o donatário ,
agora herdeiro descendente , mas se este não sobreviver recai sobre os seus
descendentes representantes ainda que estes não tenham beneficiado com a
liberalidade. Dito pela negativa , a colação não tem lugar se os descendentes
donatários e os seus representantes ( se os houver e não aceitarem) não puderem ou
não quiserem aceitar a herança .

QUEM PODE EXIGIR A COLAÇAO


É doutrinariamente aceite que so podem reclamar a colação quem igualmente a ela
estaria sujeito . a colação é uma operação que visa a igualação entre descendentes
aceitantes da herança e a eles se devera circunscrever .

A COLAÇAO NA SUCESSAO CONJUNTA DO CONJUGE E DOS DESCENDENTES

Recuando no tempo , o decreto-lei 496/77 introduziu inúmeras alterações ao direito


sucessório particularmente a de pela primeira vez prever que o cônjuge sobrevivo figurasse na
primeira e na segunda classe sucessíveis e fosse herdeiro legitimário . para alem disso , outro
beneficio do cônjuge introduzido por aquele diploma foi o de não poder receber menos que
uma quarta parte. A questão coloca-se pelo facto de a redaçao do 2104 é a que entrou em
vigor em 1966 e portanto desde essa altura a colação estava pensava só para os descendentes
numa altura em que o cônjuge dificilmente seria herdeiro . a questão que se coloca é a de
saber se em 1977 o legislador intencionalmente não quis que o cônjuge agora herdeiro
privilegiado não estivesse sujeito À colação . A questão não é pacifica mas não parece haver
justificação solida para que estejam sujeitos À colação apenas os descendentes e não o
cônjuge . A não ser assim , parece ser pouco razoável que o cônjuge sobrevivo chamado À
herança em conjunto com os descendentes pudesse beneficiar de doações não tendo que as
repor ao contrario do que acontece com os descendentes . Aparentemente , estaremos
perante uma injustificada situação de desigualdade entre o cônjuge e os descendentes por
apenas estes últimos estarem sujeitos À colação . não falta porem doutrina e jurisprudência
que defenda exatamente a não sujeição do cônjuge À colação .

(ler doutrina net colação)

QUOTAS LEGITIMARIAS

Caso prático:
Ricardo faleceu em 2007 sobreviveram-lhe o seu cônjuge sobrevivo emilia e os 3 filhos do
casal , Teodora , Inácio e pedro . em 2006 ricardo doou a pedro 1 automóvel no valor de
10 000€. 1 ano antes tinha doado por conta da quota disponível a Inácio 1 joia no valor de
7000€.

Ricardo deixou bens no valor de 15000€ e dividas no valor de 3000€

Aula 14/04/2021

Caso pratico 4:

1- Calcular a herança
2- Calcular legitima objetiva ou global
3- Calcular legitima subjetiva – so calcular o ¼ do cônjuge quando concorrer com 4 ou+
descendentes

4-ver que precisamos de 19300 mas so há 12000, logo autor dispôs a mais por isso temos
que ir ver as inoficiosidades dos bens doados por ele em vida

4- Ver se há colação nos bens que doou em vida aos 2 filhos – há 1 , a de pedro pois
integra os requisitos cumulativos
5- Juntar a doação que o autor deu a pedro À herança , logo fica com 22000€ , ficando
assim com a legitima objetiva dos herdeiros legitimários garantida e ainda sobra
2667€ que vai ser dividido em 4 partes iguais para o cônjuge e descendentes

Quotas legitimarias

Para sabermos quais as frações da herança pertencentes a cada herdeiro temos de


averiguar quais os títulos de vocação sucessória 2226-2228. Quanto À matéria em causa
assume particular importancia saber se no caso há/não herdeiros legitimários
efetivamente chamados e aceitantes . no caso de os haver , há que calcular a legitima
objetiva ou global (que há de ser 2/3, metade /1/3 )e posteriormente apurar a legitima
subjetiva de cada um . ao ser calculada a legitima objetiva , automaticamente nos é dada a
correspondente quota disponível (1/3 , metade /2/)

Não havendo herdeiros legitimários , o autor da sucessão poderia livremente dispor de


parte ou de toda a sua herança . caso não o tenha feito , aplicar-se-ao as regras supletivas
da sucessão legitima .

Existindo os referidos herdeiros legitimários , os poderes de disposição do autor da


sucessão estão limitados 2178 ss. À quota disponível uma vez que a lei reserva
imperativamente para os herdeiros legitimários a quota indisponível .

Assim , a legitima objetiva/global é de 2/3 :

a) Se houver chamamento do cônjuge sobrevivo e de 1/+ filhos ( ou 1/+ estirpes de


descendentes do autor da sucessão) 2158n1 , 2160
b) Não havendo cônjuge sobrevivam ao autor da sucessão 2/+ filhos ou 2/+ estirpes de
descendentes 2160
c) Não havendo descendentes , concorram À herança o cônjuge sobrevivo com 1 ou +
descendentes qualquer que seja o grau de parentesco 2161n1

Sera de metade da herança:

Aula 15/04/2021

A redução das liberalidades por inoficiosidade

Sabemos que está vedado a quem tenha herdeiros legitimários exceder-se no animus
donandi (espirito de liberalidade) alienando gratuitamente bens que venham a ofender a
legitima daquelas herdeiros legitimários . Não se pode entender porém que À data da
realização da por ex, doação , possa existir uma ilicitude por quanto no momento em que a
liberalidade ocorre o património do alienante pode ser um e À data do seu falecimento
será com certeza outro . Na realidade , o alienante pode ter a expectativa de aumentar o
seu património ao ponto das liberalidades que fez ou quer fazer não afetem as referidas
legitimas . é necessário que seja assegurado aos sucessores legitimários um meio de contra
elas reagir protegendo a legitima . esse meio é a redução das liberalidades por
inoficiosidade 2168 que nos diz serem inoficiosas as liberalidades entre vivos ou mortis
causa que ofendam a legitima dos herdeiros legitimários .

Deste modo, o autor da sucessão verá a sua vontade preterida ou pelo menos não
cumprida integralmente sendo reduzido o negocio a requerimento dos herdeiros
legitimários ou dos seus sucessores em tanto quanto for necessário para que a legitima
seja preenchida(=/protegida) 2169.

A ordem da redução mostra-se prevista nos art2171 a 2173 e faz-se por categorias de
liberalidades so se reduzindo as liberalidades das categorias seguintes após serem
esgotadas as liberalidades enquadradas nas categorias antecedentes . assim, começa-se a
redução pelas disposições testamentarias a titulo de herança , isto é , aquelas que
instituem herdeiros testamentários . Mostrando-se insuficientes , prossegue-se a redução
com os legados e se ainda assim a legitima não ficar protegida reduzem-se as liberalidades
feitas em vida quer se trate de doações entre vivos ou de despesas gratuitas quer de
doações mortis causa .

É de realçar no entanto que a redução das deixas testamentarias tanto a titulo de herança
como de legados dentro de cada uma dessas espécies é em principio feita
proporcionalmente aos valores relativos de cada deixa mesmo que constem de
testamentos com datas diferentes . ex: imagine-se que o autor da sucessão so podia dispor
de 50mil€ mas fez um legado a W de 60mil e outro a Y de 20 mil. Há que reduzir 30mil por
inoficiosidade . No caso , reduz-se 22500 a W e 7500 a Y

Ao contrario do que acontece com as deixas testamentarias , se houver necessidade de


reduzir as liberalidades feitas em vida segue-se o critério da antiguidade e não o da
proporcionalidade começando-se a reduzir a mais próxima da abertura da sucessão e daí
para antecedente etc…

Casos práticos:

João é casado com Luísa desde 1945. Tiveram seis filhos: Pedro, casado com Paula; Inácio,
casado com Ana; Tiago, viúvo desde 1985; Teresa, solteira, maior; Dália, casada com Luís e
Iolanda, casada com Joaquim.
João faleceu em 2005, no estado civil de casado com Luísa.
Pedro repudiou a herança de seu pai, tendo dois filhos e um neto, a saber, Orlando, Alexandra
e José, filho desta última.
Tiago, três dias após o falecimento de seu pai, morreu num acidente de viação, deixando como
herdeiro o filho Ricardo, solteiro, menor.
João doou a Dália um prédio urbano destinado a habitação, no valor de 150000€, tendo doado
ao seu amigo Julião um outro prédio urbano, no valor de 98500€.
João fez testamento cerrado no qual dispôs: Deixo ficar ¼ da minha quota disponível ao meu
cônjuge sobrevivo. Deixo ainda ficar ao meu bisneto José a arma de caça e a colecção de selos.

A arma está avaliada em 200€ e a colecção de selos em 15000€

Os bens comuns do casal estão avaliados em 190000€ e deixou dividas no valor de 23000€.

Faça a partilha

Tiago, faleceu em 1979 no estado de casado com Ana e no regime da comunhão de


adquiridos. Deixou, para além do seu cônjuge sobrevivo, três filhos e três netos. As filhas
Clara e Clementina repudiaram a herança, sendo que Clara é casada com Jorge e têm um
filho João. Clementina é solteira e não tem descendentes.
O outro filho Gualter é casado com Susana e têm dois filhos, Ricardo e Luís, ambos
solteiros, menores.
Tiago deixou testamento onde dispôs: Quero que o meu automóvel de colecção de marca
Mercedes fique para o meu neto Luís. Caso ele não aceite, então desejo que o carro fique
para o automóvel clube de Portugal.
Dispôs ainda que a totalidade da sua quota disponível ficasse para o seu cônjuge
sobrevivo, desde que me mande rezar 30 missas por minha alma, sendo que desejo que o
meu filho Gualter seja testamenteiro.

Luís repudiou a deixa testamentária e Gualter o cargo de testamenteiro.

Tiago tinha doado a Gualter um prédio urbano n valor de 4500€

Tiago deixou bens no valor de 95000€ e dividas no valor de dividas no valor de 6500€

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