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DIREITO DAS SUCESSÕES

CAPACIDADE SUCESSÓRIA
Lição nº
Sumário: Capacidade Sucessória.
1. Noção
2. Referência da Capacidade Sucessória
3. Incapacidade Sucessória
Noção
Para ser chamado à sucessão, o titular da
designação sucessória prevalecente tem de ser
capaz perante o “ de cujus”.
Assim, a capacidade sucessória é a aptidão para se
ser chamado a suceder em relação a uma certa
pessoa, como herdeiro ou legatário.
Ora, a exemplo que acontece com a capacidade
negocial, a capacidade sucessória é regra, e a
incapacidade sucessória a excepção.
São capazes de suceder todas as pessoas singulares
ou coletivas que a lei não declare incapazes ( art.
A incapadidade sucessória nunca é geral, antes
relativa. Note que, os menores, os dementes e, de
uma forma geral, os incapazes para praticar
negócios jurídicos, têm capacidade sucessória.
Referência da Capacidade Sucessória
1. Regra Geral
A capacidade sucessória se refere e afere no
momento da morte do “de cujus”. Assim, a
capacidade sucessória deve existir neste momento, e
só neste momento, não sendo necessário que se
prolongue ( art. 2033º e 2035º do Cciv).
2. Excepções
2.1. Limitações
A. Concepturos
Os concepturos ou nascituros ainda não
concebidos, têm a sua capacidade sucessória
limitada à sucessão testamentária ou contratual (
art. 2033º, nº 2, al. a, do Cciv ), desde que sejam
filhos de pessoas determinadas ao tempo da
abertura da sucessão.
B. Incapacidade sucessória que se verificam depois da
abertura da sucessão ( ex: o chamado era capaz no
momento da abertura da sucessão, veio tornar-se incapaz
por atentar contra o testamentos).
2.2. Entendimento
No caso de concepturos, como estes não existem no
momento da abertura da sucessão, terão só que ter
capacidade sucessória no momento da vocação que
é o momento da sua concepção. Ou seja, a sua
vocação está condicionada ao seu nascimento.
No caso da instituição de herdeiro ou legatário estar
sujeita a condição suspensiva, a capacidade
sucessória deverá existir em dois momentos: a) no
momento da morte do “de cujus” e; b) No momento
da verificação da condição ( é o que resulta do artigo 2035º,
nº 2, do Código Civil-Princípio Geral ).
Este regime geral justificar-se-á pelo facto de no
momento da morte já haver uma vocação, embora
condicional, do sucessor; e essa vocação só se
consolida, produzindo verdadeiramente os efeitos a
que se destina ( a aquisição dos bens) no momento
da verificação da condição. Contudo a existência de uma
vocação ( condicional ) assenta no facto de a designação produzir
alguns efeitos desde o momento da morte do “ de cujus ”.
3. INCAPACIDADE SUCESSÓRIA
As incapacidades sucessórias estão regulados nos termos
dos artigos 2034º ss do Cciv. Porém, existe uma disciplina
geral para a sucessão legitimária ( art. 2166º e 2167º ss, do
Cciv).
As incapacidade para adquirir por sucessão, não se fundam
em falta de qualidade física, moral ou intelectual do
sucessível, que o torne incapaz, em geral, de suceder. Trata-
se de incapacidades relativas, que funcionam só em relação
ao autor da sucessão, e que se fundam numa ideia de
indignidade do sucessível, em virtude da prática de actos
deste, directa ou indirectamente, contra o autor da sucessão.
O comportamento indigno do sucessível, tipificado nos
termos do artigo 2034º, do Cciv, releva identicamente para
efeitos de sucessão legítima e testamentária.
Assim, segundo os disposto nos termos do artigo supra, são
exemplo de comportamento indigno:
a) O condenado como autor ou cúmplice de homicídio doloso,
ainda que não consumado, contra o autor da sucessão ou
contra o seu cônjuge, descendente, ascendente, adoptante
e adoptado;
b) O condenado por calúnia ou falso testemunho contra as
mesmas pessoas, relativamente relativamente a crime que
corresponda pena de prisão superior a dois anos, qualquer
que seja a sua natureza.
Em Dezembro de 2022, aproveitando-se do
espírito eufórico natalício, António matou
barbaramente seu pai, Beto. A data da sua Morte
Beto deixou bens avaliados em 100.000.000.00
AO.
Logo que consumara o crime, António foi detido e
presente ao Ministério Público, este ex-officio,
aplicou a medida de coação “ Prisão Preventiva”.
Para além de António sobrevieram a Beto, Carlos e
Maria que, em Abril de 2023 partilharam a
Herança.
PARTILHA DA HERANÇA
Lição nº
Sumário: Partilha da Herança.
1. Encargos da Herança
2. Partilha
2.1. Direito à Partilha
2.2.A colação
a) O cônjuge sobrevivo e a Colação
b) A Igualação
1. ENCARGOS DA HERANÇA
No que diz respeito aos encargos da
herança e a sua liquidação há que ter
enconta os seguintes pressupostos:
a) A herança não tem encargos e existe
apenas um Herdeiro.
Nestes casos tudo começa e termina
com a aceitação da herança pelo
herdeiro.
Ex: António falecera em 2021 deixando
a data da sua morte bens ( móveis e
imóveis) avaliados no valor de
500.000.000.00 AO.
À sua morte sobriveio-lhe apenas
Carlos, seu filho.
b) A herança tem encargos e existe só
um herdeiro.
Nestes casos, há que primeiramente
começar-se por se proceder a
liquidação dos encargos da herança (
infra).
Os encargos da herança compreendem não
só as dívidas do falecido, assumidas
enquanto este era vivo, como também as
despesas que vão ser assumidas pela
herança enquanto património autónomo.
Ficam aqui compreendidas as despesas
com o funeral e sufrágios do “ de cujus”, os
encargos com a testamentária,
administração e liquidação do património
hereditário e os legados, nos termos do
artigo 2068º do Cciv.
ARTIGO 2068º
( Responsabilidade da Herança )
A herança responde pelas despesas com o funeral e
sufrágios do seu autor, pelos encargos com
atestamentaria, administração e liquidação do
património hereditário, pelo pagamento das dívidas
do falecido e pelo cumprimento dos legados.
Segundo o disposto nos termos do artigo 2070º do Cciv, os
encargos da herança são liquidados pela ordem prevista
nos termos do artigo 2068º do Cciv:
a)Despesas com o funeral e sufrágios;
b) Encargos com a testamentaria;
c) Administração e liquidação do património
hereditário;
d) Pagamento das dívidas do falecido;
e) Cumprimento dos legados;
Assim, no caso que vimos o de cujus
deixara 500.000.000.00 AO. Ora,
teremos de fazer a seguinte operação:
500.000.000.00 AO.
-50.000.000. 00 ( Despesas com o funeral e sufrágios);
- 100.000.000. 00 ( Encargos com a testamentaria);
- 10.000.000.00 ( Administração e liquidação do património hereditário);
- 100.000.000.00 ( Pagamento das dívidas do falecido);
- 100.000.000.00 ( Cumprimento dos legados);

140.000.000.00 AO
ARTIGO 2070º
( Preferências )
1.Os credores da herança e os legatários gozam de preferência
sobre os credores pessoais doherdeiro, e os primeiros sobre os
segundos.
2.(...);
3.(...);
2. PARTILHA

2.1. DIREITO À PARTILHA


Qualquer dos co-herdeiros ou cônjuge meeiro tem o Direito de
exigir a partilha ( art. 2101º do CCiv). Trata-se de um Direito
irrenunciável, embora como infra veremos poder ser a partilha
arbitrada para um outro momento.
ARTIGO 2101º
( Direito de exigir partilha )

1. Qualquer co-herdeiro ou o cônjuge meeiro tem o direito


de exigir partilha quando lhe aprouver.

2. Não pode renunciar-se ao direito de partilhar, mas pode


convencionar-se que o património se conserve indiviso por certo
prazo, que não exceda cinco anos; é lícito renovar este prazo,
uma ou mais vezes, por nova convenção.
2.2. A COLAÇÃO COMO OPERAÇÃO DE PARTILHA.
O art. 2104º do Cciv descreve a colação como a
restituição que, para igualação da partilha, os
descendentes que queiram entrar na sucessão do
ascendente, devem trazer à massa da herança, os
bens ou valores que lhes forma doados por este.
A obrigação de conferir impende sobre os
descendentes presuntivos herdeiros legitimários do
doador que pretendam entrar na sucessão deste e
não tenham sido dispensados de conferir os bens
doados.
Todavia, a colação pode ser dispensada pelo doador no
próprio acto da doação, ou posteriormente ( art. 2113º, nº
1, do CCiv). A doação será imptada na quota hereditária do
donatário ( art. 2108º, nº 1, do Cciv). Se não houver na
herança bens suficiente para igualar todos os herdeiros, a
doação terá de ser conferida, a partir do limite dessa
impossibilidade, embora sem prejuízo de uma eventual
redução por inoficiosidade.
Se a doação foi feita por conta da legítima, o donatário é
obrigado a conferir todos os bens doados, para igualação
da partilha para com os co-herdeiros.
Se a doação tiver sido feita com dispensa da colação,
é imputada na quota disponível e não tem de ser
conferida. Se exceder essa quota, o excesso deverá
ser imputado na legítima do donatário.

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