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E - Medidas de coacção e de garantia patrimonial
69. Noção
Pela sua natureza, só excepcionalmente é que elas podem ser aplicadas para limitar
a liberdade das pessoas, estão sujeitas ao princípio da legalidade (arts. 27º CRP e
191º CPP).
De acordo com o crime, com a infracção cometida pelo arguido, assim o juiz irá
ponderar qual a medida de coacção a aplicar ao arguido, dentro daqueles que estão
previstas na lei; depois será também proporcional à gravidade do crime (art. 193º
CPP[32]).
70. Pressupostos
Há apenas uma, chamada termo de identidade e residência (art. 196º CPP), que pode
ser aplicada pelo Ministério Público. É a única medida de coacção que foge à regra
de aplicação por parte do juiz, pode ser aplicada pelo Ministério Público.
Por isso é que, sendo as medidas de coacção limitadoras da liberdade das pessoas,
apenas poderão ser aplicadas por despacho de juiz.
Se uma medida de coacção for aplicada (pelo juiz) durante o inquérito, faltando o
requerimento do Ministério Público, entende-se que se está perante uma nulidade
insanável, que poderá ser invocada a todo o tempo. Conduzirá portanto à anulação de
tudo quanto se processou a partir daquela data.
O juiz não está vinculado à medida de coacção solicitada pelo Ministério Público.
Isso iria limitar a actividade do juiz no processo; a actividade judicial como que
ficava subordinada a um órgão que não é judicial e que, além do mais, é
hierarquicamente dependente.
É uma medida obrigatória para todos os processos que devam continuar após o
interrogatório do arguido:
- É aplicável a todos aqueles que forem constituídos arguidos;
O arguido é obrigado a depositar uma determinada quantia que irá ser fixada pelo
juiz para que aguarde em liberdade os ulteriores termos do processo.
Tem como consequência que se o arguido deixar de cumprir as obrigações que lhe são
impostas perde esse dinheiro que depositou.
Pode ser cumulada com outra, com excepção da prisão preventiva, pressupostos:
- Deve atender-se:
* À gravidade do crime;
- Se o arguido não prestar a caução ou não proceder ao reforço pode ser decretado o
arresto preventivo (art. 206º/4 e 228º CPP);
Tem como sujeito passivo o arguido e tem como requisitos gerais para a sua
aplicação os previstos no art. 204º CPP.
São toda uma série de circunstâncias que se podem verificar independentemente umas
das outras, estes requisitos não são cumulativos: basta que se verifique um, ou que
haja a possibilidade de ser verificar um, para que as mediadas de coacção possam
ser aplicadas.
A prisão preventiva, para além dos requisitos gerais do art. 204º CPP, tem também
requisitos especiais previstos no art. 202º CPP.
Quanto à impugnação da prisão preventiva, vêm previstos nos art. 219º e 222º CPP.
Pode-se invocar o habeas corpus (art. 222º CPP), nas situações de prisão ilegal.
Verificada qualquer das situações referidas no art. 222º CPP, qualquer pessoas
poderá impugnar esta situação de prisão preventiva e fazer uma petição dirigida ao
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça em que dá conta da situação em que se
encontra e requerer que seja posto de imediato em liberdade (ex. art. 220º CPP,
ultrapassadas as 48 horas).
A prisão preventiva pode ser suspensa (art. 211º CPP). Mas a suspensão apenas se
verifica em situação de doença grave do arguido, ou tratando-se de arguida, numa
situação de gravidez ou de parto (puerpério).
A revogação vem prevista no art. 212º CPP. O juiz de três em três meses, ou a
solicitação do arguido, poderá revogar pura e simplesmente a prisão preventiva.
- Com o trânsito em julgado do despacho que rejeita a acusação, nos termos do art.
311º/2-a CPP;
- Com a sentença absolutória, mesmo que dela tenha sido interposto recurso; ou
Pode acontecer que no decurso do processo penal o arguido, receoso de vir a sofrer
uma condenação (de natureza penal), pense em salvaguardar o seu património.
Sempre que exista um receio fundado de que o arguido possa dissipar os seus bens e
depois não seja possível obter o pagamento da indemnização civil nem das custas do
processo pode o Tribunal oficiosamente ou a requerimento impor ao arguido a
prestação de uma caução económica (art. 227º/2 CPP).
- Ele é aplicado quando falta a caução económica, quando o arguido não cumpre a
caução económica.
- Poderá ser decretado mesmo contra comerciantes divergindo aqui do arresto cível;
- Poderá haver uma oposição a este arresto, deduzida ou pelo arguido ou pelo
detentor dos bens; só que esta oposição, se for feita através de recurso, este será
devolutivo, nunca suspensivo, o arresto manter-se-á sempre;
77. Detenção
Figura próxima das medidas de coacção, até porque também ela se vai prender com a
limitação, embora temporária da liberdade do arguido (arts. 254º segs. CPP).
O art. 255º/4 CPP, é reflexo do carácter particular do crime. Aqui não haverá, em
qualquer caso, lugar a detenção, mas apenas à identificação do infractor, sem
qualquer outro procedimento, pois haverá que aguardar uma eventual iniciativa do
titular do direito de acusação.
Não sendo em flagrante delito (art. 257º CPP), a detenção só pode ser efectuada por
mandado emanado do juiz ou também do Ministério Público, quando ao crime cometido
for admissível a sua aplicação de prisão preventiva.
Exige-se portanto que o crime tenha sido cometido com dolo e punível com uma pena
de prisão superior a três anos. Nesse caso pode também o Ministério Público emitir
um mandado de detenção.
A detenção, é uma medida de natureza cautelar, que não pressupõe tão pouco a
existência de um processo.
c) Quanto à duração
A prisão preventiva será sempre aplicada pelo Juiz de Instrução Criminal na fase do
inquérito ou da instrução, ou pelo juiz de julgamento em qualquer outra fase, mesmo
na fase de recurso.
e) Sujeitos passivos