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INTRODUÇÃO
Discutir o tema é buscar uma resposta que resolva o suposto conflito, amparando o
nascituro no seu desenvolvimento, mas também não permitindo que a genitora se valha do
aparato judiciário para o enriquecimento ilícito sem causa, sem embasamento legal nas normas
gerais de Direito Civil.
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CAPÍTULO I
DO NASCITURO
1.1 Conceito
A expressão nascituro vem do latim “nasciturus”, que se refere àquele que está para
nascer, ou seja, o ser que fora concebido, porém ainda não nascido. Portanto, “nascituro é o ser
humano que se desenvolve no ventre feminino. Sua existência, para os fins do direito civil, tem
início com a implantação uterina efetiva, por meios naturais ou artificiais, e se encerra quando
nasce com vida ou morto” (LÔBO, 2010, p. 110).
Deste modo, nascituro é o ser humano já concebido no útero, porém ainda não nascido.
É aquele fruto do sucesso da fecundação do óvulo pelo espermatozoide e que se desenvolve no
órgão reprodutor feminino durante os nove meses da gestação, findando esta condição quando
do nascimento, ainda que morto.
Destaque-se que, nesse contexto, não são abrangidos os óvulos fecundados in vitro, haja
vista não estarem implantados no útero, sendo este um requisito para a mudança de natureza,
de modo que não restam dúvidas que na legislação atual não são considerados como nascituro
e, portanto, não possuem os direitos a ele inerentes.
Desta maneira, nascituro é ser humano durante a fase gestacional, na qual tal ser está
em formação, de modo que a sua existência extrauterina é incerta. Assim, a condição de
nascituro compreende a adesão do óvulo fecundado pelo espermatozoide à parede uterina
(LÔBO, 2010).
Silmara Chinelato (2000 apud VENOSA, 2010), por sua vez, acredita que nascituro já
é pessoa e possui todos os direitos a ela inerentes, pois acredita que o fato de ele possuir direitos
reconhecidos o tornaria dotado de personalidade, já mostrando se filiar a posição minoritária de
que o nascituro possui personalidade a qual, ressalte-se, não nos filiamos. Acreditam os adeptos
desta teoria que nascituro já é pessoa desde a concepção, não importando o estágio da vida em
que se encontra, se intra ou extrauterina, bastando a fecundação para considerá-lo como tal.
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Maria Helena Diniz (2005, p. 378, apud TEIXEIRA JÚNIOR, Internet), no entanto, nos
ensina uma versão moderada da personalidade do ser em gestação, ressaltando que nascituro é
Aquele que há de nascer, cujos direitos a lei põe a salvo. Aquele que, estando
concebido, ainda não nasceu e que, na vida intra-uterina, tem personalidade
jurídica formal, no que atina aos direitos da personalidade, passando a ter
personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais e
pessoais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento
com vida.
No entanto, em que pese não considerarmos nascituro como pessoa, acreditamos que
seus direitos são concretos, não se limitando à mera expectativa de direito. Assim, preleciona
Sílvio de Salvo Venosa (2010, p. 137) que
Do ponto de vista legal, o Código Civil de 2002 em seu art. 2º dispõe: “a personalidade
se inicia com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do
nascituro”. Com tal afirmação, a legislação civilista acatou a falta de personalidade deste ser,
mas assegurou que mesmo não sendo pessoa, tem direitos a serem resguardados.
1.2 Da Personalidade
segunda civil, ou artificial, que era o status. Acerca do status, se mostrava como a capacidade
de adquirir direitos e obrigações, desde que possuísse liberdade, cidade e família (leia-se fosse
o chefe da família) (VENOSA, 2010).
Nesse contexto, o nascimento com vida não bastava, pois se exigia também o
implemento do status, característica exclusiva dos homens livres chefes de família. Apenas com
esses requisitos se possuía a personalidade. No entanto, o Direito Brasileiro mostrou certa
evolução quanto ao Direito Romano, pois exige apenas o nascimento com vida,
independentemente da perfeição do feto, deficiências ou mesmo sua classe social.
Deste modo, a pessoa física é o ser humano na plenitude de seus direitos, inteiramente
capaz de adquirir direitos e contrair obrigações. Exige-se, para tanto, o nascimento com vida,
excluído da personalidade o natimorto. Para Kant (apud LÔBO, 2010, p. 106), “pessoa é o ser
humano considerado como fim em si mesmo, e por essa razão apresentando um valor absoluto,
em oposição a coisas e objetos inanimados”.
Por esta conclusão, não se pode confundir personalidade, que é a aptidão genérica (cabe
a todos que nascem com vida), com capacidade, aptidão específica para o exercício dos direitos
e responsabilidade pelas obrigações, esta que diz respeito ao exercício, ao passo em que aquele
se refere à aquisição apenas.
pessoa dos concebidos e não nascidos, como os nascituros. É que esta condição impõe direitos
e deveres que os nascituros são incapazes de exercer ou suportar, além da eventualidade de seu
nascimento.
A lei assegurou que os direitos dele estariam resguardados, fazendo clara distinção entre
pessoa e sujeito de direito. Isso implica dizer que pessoas são sujeitos de direito por excelência,
mas estes, por sua vez, nem sempre são pessoas. Esta é a posição majoritária defendida pela lei,
por Paulo Lôbo (2010) e por nós. No entanto, autores como Silmara Chinelato e Maria Berenice
Dias defendem a personalidade do nascituro, até então considerada posição minoritária.
O conceito de pessoa física também foi elucidado na Declaração Universal dos Direitos
do Homem de 1948 (DUDH), em seu art. 1º: “Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros
com espírito de fraternidade” (LÔBO, 2010, p. 106).
Ao traçar este liame fundamental entre homem e dignidade, a DUDH destacou que os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos, logo, pessoa não é apenas aquela que
adquire direitos e contrai obrigações ao nascer, mas também deve possuir dignidade,
considerada como inerente ao ser humano e seu bem maior.
Assim, pessoa é sujeito de direito digno capaz de adquirir direitos e obrigações. Isso
implica dizer que pessoa tem que necessariamente ter dignidade, mas nem todo sujeito de
direito a terá, como por exemplo os embriões excedentários, ainda que os pesquisadores não
possam realizar todo tipo de intervenção, por questões morais e legais.
Por este raciocínio, podia-se concluir que todos os sujeitos de direito não teriam
dignidade. No entanto, no passado, apenas as pessoas podiam possuir característica, mas com
a crescente defesa da vida e do nascituro, intensificando-se no Brasil com a lei 11.804/2008,
cujo texto se encontra em anexo, começou a ser defendida hoje a tese de que nascituros também
a possuiriam.
É que a evolução do Direito foi tão rápida, a fim de acompanhar os anseios sociais, que
a legislação, doutrina e jurisprudência não mais admitem qualquer violação a dignidade do
nascituro, alçando-o a tamanha importância, de modo que a sua dignidade deve ser preservada.
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Ingo Sarlet (2007, Internet) defende a tese de que a “a dignidade é um valor espiritual e
moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e
responsável da própria vida e que leva consigo a pretensão ao respeito por parte dos demais”,
manifestação do Tribunal Constitucional da Espanha a qual o jurista se filia.
Barchifontaine (2004, p. 28-29) vai além, definindo que “a natureza biológica do corpo
humano não é mais do que o substrato ou mediação da pessoa, que está subjacente em toda a
reflexão sobre a dignidade humana”. Pelo exposto, conclui-se que a dignidade tem dois
principais aspectos: o ético, baseado no reconhecimento da comunidade da condição de ser
humano, e o biológico, pautado na natureza humana e o início da vida. Tanto o aspecto ético
quanto o biológico incidem na mesma problemática: quando começa a vida humana?
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Somos adeptos da teoria da nidação, ressaltando que vida humana é diferente de pessoa
humana, esta que surge apenas do nascimento com vida. Assim, a partir da vida humana, ou
seja, da concepção como ressalta o art. 2º do Código Civil, já surgem direitos e a própria
dignidade inerente a condição humana. Antes disso, a lei protege algumas situações por
questões morais e éticas, mas não por ser vida humana. É que é a partir da nidação que o ser
tem condições reais de se desenvolver, enquanto o embrião nunca se tornará um feto e
posteriormente um bebê se não passar por esse processo. Sua existência é inviável fora do útero
materno.
Nesta linha, seriam dignos não apenas os nascidos (pessoas), mas também os
concebidos, haja vista a proteção legal. Assim, não possuiriam dignidade os ainda não
concebidos, como a prole eventual, os embriões excedentários nos procedimentos de
fertilização in vitro, bem como as futuras gerações humanas no âmbito do Direito Ambiental,
por não serem considerados vida humana.
Desta forma, a pessoa é o sujeito de direito com capacidade plena para aquisição de
direitos e obrigações, ao passo em que os entes não personificados possuem capacidade
limitada. Esses sujeitos de direito podem ser classificados em nascidos com vida (pessoas),
concebidos, e não concebidos, cada um com consequências jurídicas específicas (LÔBO, 2010).
terceiro, ou seja, que não precisam de anuência e, portanto, bem limitados. Por fim, as futuras
gerações humanas, não nascidos, são titulares do direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, previsto na CF/88 e na comunidade internacional. São os únicos sujeitos de direito
coletivos não nascidos (LÔBO, 2010).
Desta forma, dentre os não nascidos, apenas o nascituro possui um direito, ainda que
eventual, pois ele já se concretizou quando da sua concepção e adesão à parede uterina,
aguardando apenas a implementação da condição necessária para sua concessão, que é o
nascimento. Os demais possuem mera expectativa de direito, pois a não concepção ou a não
adesão do óvulo fecundado na parede uterina impede que o direito se constitua, voltando ao
status quo ante.
A Teoria Natalista, defendida por Pontes de Miranda, Caio Mário da Silva Pereira,
Sílvio de Salvo Venosa [...] entre outros, reflete a interpretação extraída da exegese do art. 2º
do Código Civil. É aquela que defende a aquisição da personalidade pelo ser humano após o
nascimento com vida (FREITAS, 2011).
Para os adeptos desta teoria, a personalidade só tem início com o nascimento com vida.
Assim, o nascituro não seria considerado pessoa e, portanto, não incidiriam sobre ele todos os
efeitos da personalidade, como por exemplo a capacidade de ser parte, ainda que alguns direitos
sejam resguardados.
De acordo com Douglas Philips Freitas (2011), essa teoria, que é a adotada no Brasil,
restringe a personalidade ao nascimento com vida. No entanto, a proteção que lhe é dada não
confere à mãe do nascituro o direito de requerer judicialmente a concessão dos direitos
patrimoniais, mas apenas resguardá-los. Permite-se, porém que requeira em seu nome direitos
próprios que venham a refletir na garantia dos direitos personalíssimos do nascituro, como os
alimentos gravídicos.
Sílvio de Salvo Venosa (2010, p. 138), defensor desta teoria, destaca claramente a
situação do nascituro, pois para o autor
Os críticos, como Ferreira e Simões (2013), defendem que esses argumentos não
merecem prosperar, pois ao ser estabelecido no próprio Código Civil que o nascituro possui
direitos, já estaria assumindo a personalidade, como se um fator estivesse intrinsecamente
ligado ao outro. Alegam que pessoas tem capacidade de direito, assim como os nascituros, logo
nascituros são pessoas.
Ainda que o bebê necessite de cuidados, sua vida não depende exclusivamente da vida
de sua mãe, e esta condição de completude permite que ele possua a aptidão genérica para
adquirir direitos e contrair obrigações. O nascituro é um ser em formação, totalmente inapto à
vida fora do corpo da mãe e, portanto, não se pode considerar uma pessoa um ser que não
atingiu o estágio de maturidade suficiente para expulsão que a própria natureza impõe.
Com tais palavras, não se tem como finalidade afirmar que crianças com má formação
não seriam pessoas. Na verdade, a intenção é mostrar que estágio gravídico é uma situação
própria de formação daquele ser, dependente da vida de outrem. Quando a própria natureza
desliga o feto do corpo da genitora, fazendo-o nascer, se está demonstrando que aquele feto
agora está pronto para não mais se formar, mas se desenvolver, independentemente de
apresentar deficiências ou não. É essa independência que marca a personalidade.
No entanto, não merece prosperar o entendimento crescente na doutrina, haja vista que
não é a aquisição dos direitos que impõe a personalidade, mas o seu reverso, de modo que
consideramos que a motivação do reconhecimento de tais direitos se dá pela proteção da vida
humana e não por se tratar de pessoa, em respeito à sua dignidade como ser humano.
Ressalte-se que esta teoria, a nosso ver, é ainda mais incoerente que a concepcionista,
pois pior que atribuir personalidade a um ser em formação é atribuí-la em parte, como se a
condição de pessoa pudesse ser diferida, postergada. Ou se é pessoa ou não é. Não há
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possibilidade de ser pessoa em parte, e tendo sido pessoa, no caso do natimorto, apagar essa
personalidade, aniquilando também seus efeitos, configurando um contrassenso.
Quanto aos direitos, concordamos em parte com a teoria de Maria Helena Diniz (2010),
no aspecto em que ela define que os direitos personalíssimos já são de fato direitos adquiridos
pelo nascituro, ao passo em que os direitos patrimoniais necessitam do nascimento com vida
para sua aquisição. Discordamos, porém, que isso imponha a personalidade a eles, pois esta
condição se refere à eficácia dos direitos em si e não da aquisição da personalidade.
Para Dirley da Cunha Jr. (2011, p. 676), “envolve o direito à preservação dos atributos
físico-psíquicos [...] e espirituais-morais [...] da pessoa humana, sendo, por isso mesmo, o mais
fundamental de todos os direitos, condição sine qua non para o exercício dos demais”.
Nesse ínterim, percebe-se que na fase gestacional o direito à vida encontra sua expressão
mais forte, uma vez ser uma etapa extremamente frágil e que necessita de cuidados especiais à
sua manutenção. Os alimentos gravídicos, deste modo, representam a forma de proteger
juridicamente e faticamente o direito essencial à condição de nascituro, posto que servem para
resguardar que o feto se desenvolva dignamente.
A vida é o bem mais precioso de um ser humano. Apenas com ela que se pode
desenvolver todas as suas potencialidades. No tocante ao nascituro, sua condição especial de
ser em desenvolvimento, dependente do corpo da genitora, impõe proteção ainda maior, pois a
fragilidade de sua vida requer cuidados especiais. Por esta conclusão, o direito à vida
compreende o direito de viver, o direito à dignidade, aos alimentos, à saúde e à integridade.
O direito à vida do nascituro necessariamente gera reflexos no seu direito de nascer, que
é primordial. A vida intrauterina tem suas limitações, e a extrauterina permite o
desenvolvimento do corpo, da mente, da intelectualidade, da espiritualidade, da sociabilidade
em um nível que não se permite ao feto. Impedi-lo de vir ao mundo é, portanto, frustrar uma
gama de potencialidades do ser humano, é ferir sua dignidade de toda as formas possíveis.
De acordo com Ives Gandra da Silva Martins (2010, p. 285, apud FERREIRA;
SIMÕES, 2013, p. 183),
O art. 9º, §7º, da Lei 9.434/97 elucida que “§7ºÉ vedado à gestante dispor de tecidos,
órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser
utilizado em transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à sua saúde ou ao feto”.
Com tal previsão, a lei imprimiu o direito do nascituro à integridade física, impedindo que seu
corpo seja violado, lhe causando riscos à vida.
O Código Penal, por sua vez, proíbe veementemente a prática de abortamento, em seus
arts. 124 a 127. Como o Direito Penal é a ultima ratio, punindo apenas as situações mais graves
para a sociedade, verifica-se que com a tipificação do abortamento quis proteger a vida,
considerando como o valor maior do ser humano, coadunando-se com o ordenamento jurídico.
O crime de abortamento, portanto, também viola o direito à integridade física, pois lhe causa
lesões físicas, culminando na morte.
Nos termos do art. 1779 do Código Civil, verifica-se o direito do nascituro à curatela,
senão vejamos: “Art. 1779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a
mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador
será o do nascituro”.
Resta patente que a curatela se impõe, haja vista que a proteção do concepto ocorre em
casos em que ainda há o poder familiar, então não haveria justificativa em não protegê-lo
quando seus pais lhe faltam. É bem verdade que situações como essas são bem extremas, mas
toda essa cautela se faz necessária quando se trata de um feto.
O curador tem a obrigação de zelar pelos interesses do nascituro, na exata medida dos
direitos que aquele ser possui, bem como tem o dever de prestar contas quando do nascimento.
Notadamente neste caso, os direitos mais comuns a serem protegidos são os de herança e
doação, contudo, nada impede que a administração dos alimentos avoengos também seja de sua
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incumbência. Após o nascimento com vida, se encerra a curatela, passando a ter um tutor, caso
a mãe não possua o poder familiar (MIRANDA; SILVA, 2011, Internet).
A figura do curador, portanto, é de extrema relevância ao nascituro, haja vista que esse
tem função de administrar seus bens e preservar seus direitos, nos casos em que o poder familiar
foi extinto, o que já denota por si a vulnerabilidade do nascituro.
Em que pese não possuir a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações,
quis o legislador civilista conceder ao nascituro não apenas alguns direitos personalíssimos,
mas também dois principais direitos patrimoniais: a doação e a herança. No entanto, ao
contrário dos direitos da personalidade, estes apenas produzirão efeitos quando do nascimento
com vida, estando sujeitos a condição suspensiva.
O Código Civil prevê em seu art. 542 que “a doação feita ao nascituro valerá, sendo
aceita pelo seu representante legal”. A doação é um ato bilateral, exigindo portanto a aceitação
do donatário. Neste caso, é o representante legal do nascituro que o fará em seu nome e em seu
benefício.
Nos termos do art. 541 do Código Civil, a doação de bem imóvel deverá ser feita
mediante escritura pública ou instrumento particular. Do mesmo modo, também é devida ao
nascituro a doação de bem móvel, mas a coisa só se adquire com a tradição. Assim, os pais do
nascituro se farão presente na tradição em seu nome.
Assim, não se pode registrar o imóvel em nome do nascituro, pois para que haja a
transferência de um bem se exige a personalidade, aguardando o nascimento para que o negócio
se concretize. Desta forma, ressaltam Miranda e Silva (Internet):
segundos, ainda que faleça logo após, adquire a propriedade e transfere para seus herdeiros, no
caso seus pais.
O direito à herança também é patente na legislação civilista. Dispõe o art. 1798 que
“legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da
sucessão”. Assim, o direito sucessório abrange o nascituro, seja por sucessão legítima ou
testamentária.
Do mesmo modo que na doação, a herança exige aceitação, na medida em que o silêncio
implica em concordância. Os representantes do nascituro, portanto, poderão aceitar em seu
nome, mas antes do nascimento não poderão administrar os bens, posto que ainda não se
consumou a condição suspensiva do negócio, de modo que não podem administrar algo que
ainda não pertence ao nascituro.
Para garantia do resguardo desses direitos pela genitora, surge a figura da posse em
nome do nascituro, nos termos dos arts. 877 e 878 do Código de Processo Civil, conforme se
verifica abaixo:
Art. 877. A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser
provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do
Ministério Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação. §
1o O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem
o nascituro é sucessor. § 2o Será dispensado o exame se os herdeiros do
falecido aceitarem a declaração da requerente. § 3 o Em caso algum a falta do
exame prejudicará os direitos do nascituro.
Art. 878. Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença,
declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao
nascituro. Parágrafo único. Se à requerente não couber o exercício do pátrio
poder, o juiz nomeará curador ao nascituro.
Assim, com o objetivo de melhor resguardar os interesses do nascituro, o Código de
Processo Civil previu a posse em nome do nascituro, na qual a genitora provará judicialmente
a gravidez com o fito de resguardar o direito patrimonial do filho. Ressalte-se que estando a
requerente destituída do poder familiar, o juiz nomeará curador.
Assim, verifica-se que esse direito, em que pese ser indireto ao concebido, quando
constatado concede outros direitos inerentes ao estado de filho, como os alimentos e a herança.
Desta forma, é de tal importância ao feto que é irrevogável, conforme se extrai da leitura do art.
1610 do Código Civil.
O Projeto de Lei 478 de 2007, conhecido como Estatuto do Nascituro, de autoria dos
deputados federais Luiz Bassuma (PT/BA) e Miguel Martini (PHS/MG), é a compilação dos
direitos do nascituro já consagrados em leis esparsas juntamente com novos direitos que o
projeto destaca. Tramita na Câmara dos Deputados, atualmente na Comissão de Constituição e
Justiça e Cidadania (BRASIL, Projeto de Lei 478/2007, Internet).
deste. O referido projeto altera o Código Penal e a Lei dos Crimes Hediondos, definindo o
aborto como crime hediondo.
Ademais, define nos seus 32 (trinta e dois) artigos o que é nascituro, sua natureza
jurídica, seus direitos fundamentais, o dever da família, da sociedade e do Estado de protegê-lo
solidariamente, e os crimes cometidos contra eles. É inovador e ousado, em alguns aspectos
bastante positivo, mas também apresenta muitas falhas (BRASIL, Projeto de Lei 478/2007,
Internet).
O Estatuto dispõe sobre a proteção integral do nascituro, sendo este considerado como
o ser humano concebido e não nascido. Esta é a primeira definição legal sobre o nascituro, já
que todas as definições que tivemos até então foram doutrinárias e, portanto nesse aspecto é um
marco para a legislação brasileira.
Propõe o art. 2º que “Nascituro é o ser humano concebido, mas ainda não nascido.
Parágrafo único. O conceito de nascituro inclui os seres humanos concebidos ‘in vitro’, os
produzidos através de clonagem ou por outro meio científica e eticamente aceito”. Com isso,
justificam os autores, tenta se evitar a banalização da utilização dos embriões em pesquisas
científicas, o comércio, o descarte e o congelamento (BRASIL, Projeto de Lei 478/2007,
Internet).
Ocorre que, ao definir embrião como vida humana, passível de proteção quase que
incondicional, como é o caso do nascituro (ressalvados os casos de estupro e risco de vida da
gestante), estão impedindo qualquer forma de intervenção humana que, aliás, tem um cunho
muito positivo no tocante às doenças crônicas.
autores, o que nos leva a uma série de problemas, dentre eles a obrigatoriedade da implantação
uterina.
Em que pese ter o Estatuto definido o início da vida humana a partir da fecundação,
manteve o entendimento do Código Civil no tocante ao início da personalidade. Neste aspecto,
a única falha se deu ao determinar que o nascituro goza de expectativa de direito, quando já é
patente na doutrina que é titular de direitos. Assim dispõe:
O ponto realmente falho é no tocante à pensão alimentícia, posto que esta ficou restrita
a um salário mínimo, se contrapondo aos alimentos previsto no Direito de Família, que
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Em seus artigos finais, o Projeto de Lei define os crimes dos quais o nascituro será
vítima, ressaltando que todos serão de Ação Pública Incondicionada. Os principais são: o
abortamento culposo, utilização do nascituro para pesquisa científica, apologia ao abortamento,
discriminação e prática injuriosas (BRASIL, Projeto de Lei 478/2007, Internet).
Deste modo, restou patente que o projeto, em que pese iniciativa salutar e pontos
realmente positivos, deixa muito a desejar e cria sérios problemas jurídicos, devendo ser
revisados em prol do nascituro e de sua genitora, uma vez que o objetivo maior é protegê-los.
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CAPÍTULO II
2.1 Conceito
O jurista Paulo Nader amplia esse conceito, incluindo dentre as causas não apenas o
vínculo parental, mas também a declaração de vontade e o ato ilícito. Assim dispõe: “consistem
numa prestação periódica, decorrente de vínculo familiar, declaração de vontade ou ato ilícito,
devida pelo alimentante, que dispõe de recursos, que deles carece para prover as necessidades
vitais próprias” (NADER, 2008, p. 425).
O nobre jurista vai além ao destacar que a acepção do vocábulo alimentos é mais amplo
do que na linguagem comum, pois compreende tudo que é necessário à uma vida digna,
podendo significar uma quantia certa em dinheiro, uma pensão alimentícia ou dar hospedagem
e sustento, bem como a educação (NADER, 2008). Com tal afirmativa, o autor demonstra a
possibilidade dos alimentos in natura, que consistem em prestações não pecuniárias para
manutenção do alimentando (escola, vestuário, medicamentos, lazer, etc). No mesmo
raciocínio, preleciona Sílvio de Salvo Venosa (2010, p. 356) que,
Carlos Roberto Gonçalves alerta para ampla abrangência que o termo “alimentos”
possui no contexto jurídico. Explica o autor que não significam apenas o indispensável ao
sustento, mas também à manutenção da condição social e moral do alimentando.
(GONÇALVES, 2010).
Os arts. 1694 e 1920 do Código Civil ressaltam bem a amplitude do termo, bem como
nos mostram o conteúdo dos alimentos, alcançando até a educação, se menor de 18 anos.
No Direito Romano clássico, a acepção de alimentos não era conhecida, pois a estrutura
familiar romana, sob a direção do pater famílias, não permitia o reconhecimento dessa
obrigação, já que era o senhor da casa que comandava tudo e a todos (VENOSA, 2010).
Afirma o autor que não existe precisão histórica para a noção de alimentos, mas que na
época de Justiniano, já era conhecida uma obrigação recíproca entre ascendentes e descendentes
em linha reta que pode ser vista como ponto de partida. Foi com o Direito Canônico que a
obrigação alimentar foi alargada (VENOSA, 2010).
Verifica-se, desse modo, que como a gestão familiar do pater não se extinguia, já que
não havia divórcio, todos permaneciam sob seus comandos e não havia a previsão de alimentos,
ante a obrigação já existente e a subordinação de todos da casa em relação a ele. No entanto,
com o Direito Canônico isso evoluiu em razão de sua visão humanitária e social.
Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 532), por sua vez, expõe que
No Direito Brasileiro, inicialmente o poder familiar (conhecido como pátrio poder), era
exercido pelo homem, que era o cabeça do casal e chefe daquela sociedade conjugal. Assim,
era dele a obrigação alimentar quando do fim do relacionamento. O Código Civil de 1916,
refletindo as concepções morais de uma época, não permitia o reconhecimento de filhos havidos
fora do casamento, considerados como ilegítimos (DIAS, 2009).
Por muito tempo no Brasil, foi exercido o pátrio poder, que não findava com o fim do
relacionamento em relação ao chefe da família e a figura dos alimentos se inseria nesse
contexto, de responsabilidade do cônjuge varão. Cabia ao homem prover o sustento da família
durante ou após a ruptura da união.
Por fim, a Constituição de 1988 expôs que “Art. 229. Os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade”. Assim, eliminou quaisquer dúvidas sobre a obrigação
alimentar decorrente do parentesco e evidenciou a solidariedade familiar entre ascendentes e
descendentes.
Dispõe o referido artigo: “Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos
descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos
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como unilaterais”. De tal modo, não resta dúvidas que a obrigação alimentar decorrente de
parentesco se estende aos colaterais, restringindo ao segundo grau, ou seja, aos irmãos,
independente se o vínculo decorre de ambos os pais ou de apenas um deles. Desta forma, não
havendo outros parentes próximos, a genitora poderá pleitear os alimentos gravídicos em face
dos irmãos do nascituro.
No entanto, o art. 3º, I, da Carta Magna prevê o objetivo fundamental de construir uma
sociedade livre, justa e solidária. “Nestes termos, a sorte das pessoas não está entregue apenas
à solidariedade familiar, mas ainda à das instituições públicas” (NADER, 2008, p. 428). Desta
maneira, a solidariedade é um princípio que atinge a todos, não apenas aqueles no âmbito
familiar, pois decorre da noção do dever mútuo de assistência daqueles que vivem em
sociedade.
Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 532) defende que “trata-se a obrigação alimentar
como naturalmente nascente da solidariedade social que, no primeiro plano, grava as pessoas
vinculadas pelas relações de família, sancionando a sua falta com aplicação de medidas
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coercitivas”. Para Rodrigo da Cunha Pereira (2007, p. 02), “a fonte da obrigação alimentar são
os laços de parentalidade que ligam as pessoas que constituem uma família, independentemente
de seu tipo, ou seja, casamento, união estável, famílias monoparentais, [...] entre outras”.
Por este viés, é importante ressaltar que, em que pese a solidariedade não se restringir
ao seio familiar, encontra nele seu maior fundamento, visto que é na família que se percebe
com mais ênfase o dever de assistência, já que ela é permeada não apenas por vínculos
sanguíneos, mas principalmente pela afetividade. Arnaldo Rizzardo (apud GONÇALVES,
2010, p. 482), elucida claramente a noção de solidariedade familiar, quando alude que
Essa é a regra que é adotada pela doutrina e pela jurisprudência, e isso não
poderia ser diferente, eis que a verba alimentar se funda na sobrevivência
digna da pessoa humana e na solidariedade familiar, cujas expressões
representam a colaboração mútua entre os parentes quando há necessidade de
algum deles para garantir vida digna, e assim nesses exatos fundamentos, seria
insensato exigir de volta os alimentos que foram entregues, pois o quantum
alimentar foi imprescindível à sobrevivência com seu consumo imediato. É
38
Para Rolf Madaleno (apud DIAS, 2009), seria claramente injusta a vedação da repetição
dos alimentos quando indevidamente pagos, em razão do princípio da vedação ao
enriquecimento sem causa e da boa-fé. Rodrigo da Cunha Pereira (2007), por sua vez, destaca
a irrepetibilidade alimentar como ultrapassada, pois para ele a repetibilidade seria uma arma
contra a morosidade da Justiça, tendo em vista que o devedor teria em seu favor a garantia de
que não haveria locupletamento indevidos dos valores por ele pagos.
Não restam dúvidas que a utilização dos alimentos ilicitamente é situação que deve ser
repudiada pelo Direito, pois dá azo a justificação do cometimento de atos ilícitos e da má-fé em
prol do nascituro. É óbvio que a sua proteção se impõe, mas deve ser feita por outros meios que
não firam a lei e não ponham em risco a segurança jurídica.
Enfatiza-se que a maior preocupação nos processos que envolvem nascituros é com seu
bem-estar, com a concretude de seus direitos, posto que são seres mais frágeis e tendem a sofrer
mais impactos com as brigas judiciais. No caso dos alimentos, esse princípio se impõe de forma
gritante, pois influenciam diretamente no seu bom e regular desenvolvimento, devendo ser
fornecidas todas as condições necessárias para esse fim, sempre pautados no seu melhor
interesse.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do estado: [...]
§7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse
direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou
privadas (grifos nossos).
No entendimento de Oliveira e Pereira (2011, p. 86), a paternidade responsável é “o
princípio que fundamenta, ao lado da dignidade da pessoa humana, o direito ao planejamento
familiar, [...] e que constitui um dos valores jurídicos que legitima o estabelecimento de direitos
e deveres inerentes às relações existenciais, em especial as de natureza familiar”. Isso implica
dizer que ao poder familiar corresponde o dever de dedicação, cuidado, enfim responder por
aquele menor, protegê-lo, garantir a realização de seus direitos fundamentais. Desde a
concepção, os genitores assumem o compromisso de cuidar e prover aquele menor, protegendo-
o de quaisquer mazelas e infortúnios.
Por isso, é perceptível que a paternidade responsável não se restringe ao cuidado e dever
de assistência, mas ao próprio reconhecimento do filho, uma vez que a omissão do genitor,
sabendo da filiação, impõe ao filho as restrições materiais que já comentamos, como os
alimentos, e morais, que podem vir a apresentar problemas psicológicos no futuro.
2.4.1 Pressupostos
Para Silvio Rodrigues (2004, p. 384), a questão fundamental está na prova dos
rendimentos do alimentante, pois assevera que
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Assevera ainda o autor que a lei estabeleceu uma ordem preferencial na cobrança dos
alimentos: “a) pais e filhos, reciprocamente; b) na falta destes, os ascendentes, na ordem de sua
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Desta forma, a lei quis garantir que os parentes considerados com laços de afetividade
maior obtenham maior compromisso em detrimento dos mais afastados, da mesma forma como
ocorre na sucessão, pois seria ilógico impor que parentes mais remotos fossem compelidos a
pagar pensão, enquanto os mais próximos se eximissem de uma obrigação que tem como
fundamento a solidariedade e a proximidade.
Com relação à responsabilidade dos avós, também conhecida como avoenga, expõe
Gonçalves (2010, p. 526, grifos nossos)
De acordo com o art. 265 do Código Civil, a solidariedade não se presume. Assim,
doutrina e jurisprudência pacificaram o entendimento de que a obrigação alimentar não era
solidária, mas subsidiária e complementar (DIAS, 2009). Portanto, o entendimento
predominante, ao qual nos filiamos, é que a obrigação alimentar é subsidiária, de acordo com
uma ordem preferencial prevista na lei, devendo a gestante pleitear primeiro em face do genitor,
posteriormente, na falta daquele, requerer dos avós e por fim, dos irmãos do nascituro.
Sua natureza divisível sempre serviu de justificativa para reconhecer que não
se trata de obrigação solidária. Assim, no caso de existir mais de um obrigado,
cada um responde pelo encargo que lhe foi imposto, não havendo
responsabilidade em relação à totalidade da dívida alimentar (DIAS, 2009, p.
461).
Ressalte-se que o Estatuto do Idoso definiu como solidária a obrigação alimentar,
podendo o idoso escolher entre os prestadores. Com isso, em razão do princípio da isonomia,
defende-se que menores de dezoito anos também possuiriam o mesmo benefício, tornando a
obrigação alimentar solidária (DIAS, 2009). Destaque-se que esse posicionamento de Maria
Berenice Dias não é comum na doutrina que, em grande parte, como ela mesma comenta, a
considera como subsidiária e complementar.
De acordo com Maria Berenice Dias (2009, p. 461), “o direito a alimentos não pode ser
transferido a outrem, na medida em que visa preservar a vida e assegurar a existência do
indivíduo que necessita de auxílio para sobreviver”.
Assim, resta claro que o fundamento dos alimentos como direito personalíssimo está na
preservação da vida do necessitado, de modo que a sua proteção não pode ser transferida a
terceiro, este que deverá pleitear seu próprio direito. No âmbito do nascituro, não existem
dúvidas de que este atributo também se aplica, haja vista ser inaceitável que a genitora se valha
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da titularidade da ação para transferir o direito do nascituro a terceiros, pois como bem ressalta
a doutrina, ele diz respeito à proteção da própria vida.
2.4.3.2 Irrenunciabilidade
Nos termos do art. 1707 do Código Civil, “pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão,
compensação ou penhora”. O direito a alimentos, considerado como uma das maiores
expressões do direito à vida, não pode ser renunciado, haja vista estar permeado por normas de
ordem pública.
Nesse ínterim, conclui-se que não pode a genitora, valendo-se de sua autoridade
maternal, renunciar ao direito dos alimentos gravídicos, pois se não pode renunciar de seu
direito, muito menos o do nascituro. Ressalte-se que a irrenunciabilidade se refere ao direito e
não ao exercício dele, que pode nunca ser efetivado (FERREIRA; SIMÕES, 2013). Assim, a
gestante pode se abster de postular em juízo, visto que isso é interpretado como falta de
exercício, não como renúncia. No entanto, jamais poderá expressamente renegar esse direito,
posto que os alimentos são um direito inerente à nossa condição humana.
2.4.3.3 Inalienabilidade
O direito alimentar não pode sofrer alienação, pois pode acabar prejudicando a
subsistência do alimentando. Apenas os alimentos pretéritos são objeto de transação desde que
homologados judicialmente e, no caso de incapazes, como do nascituro, chancelados pelo
Ministério Público (DIAS, 2009). Ademais, nesse aspecto se compreende a incessibilidade, a
impenhorabilidade e a incompensabilidade, nos termos do art. 1707, in fine. Destaca Maria
Helena Diniz (2010) que o crédito é incessível, impenhorável e incompensável pelas mesmas
razões: prejuízo à manutenção do alimentando.
Por esta linha de pensamento, vislumbra-se que o instituto perderia seu sentido e objeto
se permitisse a alienação desse direito, visto que imporia ao necessitado que se quer proteger
as mazelas do infortúnio, sem proventos suficientes para sua subsistência. Não haveria razão
em garantir o direito à vida do nascituro e posteriormente tolhê-lo através da sua alienação.
2.4.3.4 Transmissibilidade
De acordo com o art. 1700 do Código Civil, “a obrigação de prestar alimentos transmite-
se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”. Em que pese a lei falar em herdeiros,
Maria Berenice Dias (2009, p. 466) indica que “a obrigação ocorre relativamente ao espólio. O
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herdeiro que não está na posse do acervo hereditário pode promover ação de alimentos, no foro
do seu domicílio, e não no juízo do inventário”. Diante disso, a gestante poderá pleitear os
alimentos pretéritos não pagos em face do acervo patrimonial deixado pelo alimentante.
Por fim, destaque-se a redação do art. 1792 do Código Civil: “Art. 1.792. O herdeiro
não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do
excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados”.
Assim, feita a partilha ou não havendo bens suficientes, não poderão os herdeiros serem
responsabilizados pessoalmente pelo encargo alimentar gravídico, sendo extinto qualquer
vínculo obrigacional do de cujus.
2.4.3.5 Irrepetibilidade
Alerta Maria Berenice Dias (2009) para o fato de que a irrepetibilidade alimentar
protege a manutenção de uma verba destinada a garantir a vida, a própria sobrevivência.
Ressalta que, por ser tão óbvia a impossibilidade de restituição, haja vista que serviu para a
aquisição imediata de bens de consumo necessários à subsistência, o legislador não o inseriu na
lei, mas mesmo assim é aceito com unanimidade na seara jurídica.
Porém, a própria autora ressalta que existe uma exceção: os alimentos poderão ser
devolvidos quando pagos a quem não tinha o direito a eles, destacando que é a chamada
relatividade da não restituição. Nesse caso, é crescente na doutrina o posicionamento em favor
da vedação ao enriquecimento sem causa, rechaçando a má-fé da genitora, o que a nosso
entendimento, alcança também os alimentos gravídicos.
2.4.3.6 Alternatividade
De acordo com o art. 1701 do Código Civil, “a pessoa obrigada a suprir alimentos
poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de
prestar o necessário à sua educação, quando menor. Parágrafo único. Compete ao juiz, se as
circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação”. Assim, de acordo com
a lei, o devedor pode fornecer os alimentos in natura, quais sejam as prestações não pecuniárias
satisfativas dos alimentos, ou pagamento em dinheiro para a conversão nessas utilidades.
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Desta forma, a obrigação alimentar é alternativa, pois nas palavras de Paulo Nader
(2008, p. 439), poderá ser satisfeita “mediante fornecimento dos meios que suprirão diretamente
as necessidades (habitação, roupas, medicamentos, alimentos, etc.) ou com o pagamento do
numerário, que permitirá a aquisição das utilidades”. Na compreensão dos alimentos
gravídicos, estes poderão ser prestados não apenas em pecúnia, mas também através das
consultas médicas necessárias, pré-natal, despesas com o parto, estadia, enfim, poderá variar,
desde que conforme as necessidades do bebê e sua genitora.
2.4.3.7 Periodicidade
A prestação alimentar deve ser periódica, pois atende necessidades imediatas que estão
intimamente ligadas com a vida e a dignidade do alimentando. Geralmente, o pagamento é feito
mensalmente, mas nada impede que seja realizado em outros períodos. No entanto, faz-se
ressalva quanto a períodos longos, anuais e semestrais, pois isso não se coaduna com a
obrigação, que exige imediatidade (VENOSA, 2010).
Maria Berenice Dias (2009), por sua vez, discorda deste pensamento, alegando que,
apesar de normalmente ser fixado o pagamento de forma mensal, nada impede seja feito
quinzenalmente, semanalmente e até semestralmente, contradizendo o disposto por Sílvio de
Salvo Venosa no tocante à semestralidade, este que a nosso ver, tem entendimento mais
acertado.
2.4.3.8 Atualidade
Nos moldes do artigo 1710 do Código Civil, “as prestações alimentícias, de qualquer
natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido”. Isso implica
dizer que os alimentos devem sempre ser atualizados, sob pena de sofrerem defasagem e
prejudicar o credor, considerando que podiam afrontar o princípio da proporcionalidade (DIAS,
2009).
A Constituição Federal, em seu art. 7º, IV, veda a vinculação ao salário mínimo. No
entanto, conforme alerta Maria Berenice Dias (2009), doutrina e jurisprudência tem utilizado o
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salário mínimo como indexador dos alimentos, haja vista ser o mais eficaz na proteção do
alimentando. Deste modo, durante o curso da gravidez, os alimentos gravídicos também sofrem
a incidência desses índices, a fim de coibir a defasagem desses alimentos que, obviamente é
bastante prejudicial ao ser em formação.
No âmbito dos alimentos gravídicos, apenas a morte de credor e devedor pode ensejar o
fim da obrigação, além do nascimento com vida, uma vez que alimentos gravídicos mudam de
natureza, e cujos aspectos abordaremos no capítulo próprio. Neste caso específico, vamos
abordar a morte do alimentando e alimentante.
De acordo com Paulo Lôbo (2012), tanto a morte do alimentando como do alimentante
possuem o condão de extinguir a obrigação, no entanto, a obrigação do devedor alimentar se
transmite aos herdeiros, com relação às parcelas vencidas, enquanto o direito a alimentos não é
transferido aos herdeiros, posto ser direito personalíssimo. A morte do beneficiário cessa
automaticamente a obrigação, por ser direito personalíssimo.
Neste sentido, dispõe Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 563), que
desde que comprovado periculum in mora e o fumus boni iuris, até mesmo
por quem não fez prova constituída de sua condição de credor.
Assim, verifica-se que os alimentos provisionais são aqueles pleiteados em ação
ordinária, cujo objetivo é provar o vínculo obrigacional e pleitear os alimentos definitivos em
virtude disso. Nesses casos, não há ainda prova do parentesco ou de outro vínculo que gere a
obrigação, e são previstos no Código Civil. Eles são vislumbrados na Ação de Alimentos
Gravídicos, visto que a exigência para sua concessão são apenas indícios de paternidade, não
havendo prova concreta da filiação.
Os alimentos podem ser revisados a qualquer tempo, pois conforme o art. 1699 do
Código Civil, “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”.
Por este motivo, “se diz que a sentença proferida em ação de alimentos não faz coisa
julgada material, mas apenas formal, no sentido de que se sujeita a reexame ou revisão
independentemente do esgotamento de todos os recursos” (GONÇALVES, 2010, p. 539). Nesse
contexto, principalmente os alimentos prestados ao nascituro podem sofrer revisão, pois na fase
gravídica muitas são as consultas médicas e as necessidades aumentam conforme a gravidez
avança.
No tocante aos meios de cobrança, destaca Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 563)
que
Prevê a Constituição Federal de 1988, no art. 5º, LXVII, que “não haverá prisão civil
por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel”. Com isso, deixa claro que a prisão só ocorrerá quando o
devedor não cumprir sua obrigação voluntariamente, incabível, portanto, quando
impossibilitado de fazê-lo.
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CAPÍTULO III
De acordo com Douglas Philips Freitas (2011, p. 90), “a Ação de Alimentos Gravídicos
é um procedimento especial que adota o rito das cautelares sem ser uma delas, pois, além de
satisfativa, não é instrumental, já que não depende de qualquer ação posterior à concessão da
tutela antecipada”.
Destaca o renomado jurista que um dos sinais da adoção do procedimento das cautelares
é o prazo de cinco dias para resposta previsto no art. 7º, se coadunando com o art. 802 do CPC,
que trata do prazo pra resposta nas cautelares. Outro aspecto importante era o rito sumário
previsto no art. 5º, que foi vetado por incluir como obrigatória a audiência de justificação, o que
tornava moroso o procedimento, podendo, inclusive, prejudicar o nascituro (FREITAS, 2011).
No tocante à finalidade, importa destacar o art. 2º da lei 11.804/2008, que dispõe sobre
a abrangência dos alimentos gravídicos, destacando que eles compreendem “as despesas
adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,
inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos [...]”, além das que o magistrado considere
pertinentes.
Deste modo, ao contrário da pensão alimentícia, restrita aos alimentos vitais que
abordaremos adiante, que se limita ao binômio necessidade x possibilidade, os alimentos
gravídicos indenizatórios previstos no art. 2º incluem as despesas adicionais, de caráter
indenizatório, possuindo amplitude maior do julgador na fixação destes alimentos. Assim, em
relação à finalidade, a natureza jurídica é sui generis, abrangendo não apenas a pensão
alimentícia como também a responsabilidade civil (FREITAS, 2011).
3.3 Modalidades
Os alimentos gravídicos podem ser divididos em: vitais e indenizatórios. Os vitais são
aqueles necessários a subsistência da gestante e do bebê, podendo ser fixados a título de
pensionamento com desconto no salário do alimentante, posto se darem em razão das despesas
comuns da gravidez, portanto, já previstas. Por se tratar de pensão alimentícia, o
inadimplemento pode gerar prisão civil, cuja execução se dará pelo art. 733 do Código de
Processo Civil (FREITAS, 2011).
Os alimentos indenizatórios, por sua vez, são voltados a indenizar a gestante pelas
despesas adicionais com a gravidez, da concepção ao parto, podendo ser pago integralmente ou
parcelado, não possuindo caráter de pensão. Seu inadimplemento não gera prisão, pois possui
caráter indenizatório e não alimentar propriamente dito, sendo executado pelo rito do art. 732
do Código de Processo Civil (FREITAS, 2011).
indenizatórios e terá de utilizar de sua cautela para delinear a forma de pagamento de ambos
sem prejudicar sua finalidade.
Portanto, entende-se que a referida lei foi inovadora ao trazer a legitimidade da mãe,
ainda que sem vínculo e apenas com indícios de paternidade, conforme art. 6º da lei, uma vez
se mostrarem requisitos frágeis à concessão do pleito. Por este entendimento, destacam
Monteiro e Silva (2010, p. 529)
Deste modo, entende-se que a nova lei corrigiu o problema quanto à permissão jurídica
de pleito de alimentos para os que ainda estão em fase de formação/gestação, que perdurou por
décadas no Judiciário ante as demandas sociais, em virtude da ausência da personalidade,
requisito necessário à capacidade de ser parte. Findou inúmeros debates jurídicos sobre os
direitos do nascituro, ao trazer expressamente em seu texto a proteção da vida intrauterina
através dos alimentos gravídicos.
55
[...] A Constituição garante o direito à vida (CF 5º). Também impõe à família,
com absoluta prioridade, o dever de assegurar aos filhos o direito à vida, à
saúde, à alimentação (CF 227), encargos a serem exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher (CF 226 §5º). [...] Ainda assim a tendência sempre foi
reconhecer a obrigação paterna exclusivamente depois do nascimento do filho
e a partir do momento em que ele vem a juízo pleitear alimentos [...] (DIAS,
2009, p. 481).
A nova lei resulta das necessidades sociais, das novas relações familiares, da evolução
que o Direito de Família sofreu ante o avanço social quanto a liberdade sexual para ambos os
sexos assegurados no art. 5º da Carta Magna, a independência dos cônjuges para o divórcio,
com a supressão do lapso temporal.
Comenta Caio Mário da Silva Pereira (2010, p. 558) sobre as incongruências do projeto
que originou a Lei 11.804/2008, porém foram vetadas pelo Presidente da República por estes
mesmos fundamentos, elucidando que a lei,
Ressalte-se que a lei 11.804/08 é mais frouxa quanto aos requisitos da ação, pois
“bastam indícios da paternidade para a concessão dos alimentos, os quais irão perdurar mesmo
após o nascimento, oportunidade em que a verba fixada se transforma em favor do filho”
(DIAS, 2009, p. 481). Dispõe o Art. 6o da referida lei
A Lei 11.804/08 trata do direito a alimentos Gravídicos, mas também propõe a forma
do exercício desse direito, às vezes tomando como base os alimentos em geral, e em outras
dispondo independentemente, com o fito de atender a necessidade peculiar do nascituro. Os
aspectos processuais hoje, inclusive a partir da interpretação dos vetos presidenciais,
demonstram a preocupação com a celeridade em prol deste ser em formação, que é latente com
a não exigência de provas, mas apenas indícios daquela suposta paternidade.
3.5.1 Propositura
necessidade dos alimentos, teria de se submeter aos encargos de uma ação judicial fora do seu
domicílio, por isso foi vetado (FREITAS, 2011).
Quanto ao tempo da ação, deverá esta ser proposta a partir da concepção até antes do
parto, pois esse é o período considerado gravídico e, deste modo, abrangido pela lei especial.
Assim, “a ação de alimentos gravídicos deve ser proposta entre o período da concepção e do
parto, haja vista que a finalidade dos alimentos gravídicos é a de que a gestante tenha uma
gravidez saudável, bem como de que o feto nasça com saúde (TEDESKI, 2011, Internet).
Com isso, se permite que a genitora nos próprios autos dos alimentos gravídicos pleiteie
indenização das despesas já gastas na gravidez, ao passo em que se peticionados os alimentos
após o período gravídico, deverá a genitora entrar com ação indenizatória para reaver esses
valores, passando a titularidade de pleitear os alimentos ao filho menor, representado por ela.
De acordo com Douglas Philips Freitas (2011), em sede de execução de alimentos, duas
observações se fazem necessárias: a execução dos créditos dos alimentos gravídicos e a dos
créditos da pensão alimentícia pós nascimento. No caso dos alimentos gravídicos, há
legitimidade da genitora para executar o suposto pai, considerando se tratar de direitos dela.
Quanto à pensão alimentícia convertida após o nascimento, a legitimidade de execução passa
para a criança, que agora como pessoa, goza da capacidade de ser parte, devendo ser
representada por sua genitora, nos moldes da legislação processual civil.
De acordo com Douglas Philips Freitas (2011, p. 76) “o polo passivo da Ação de
Alimentos Gravídicos é o suposto pai, aquele que na referida ação fora indicado como sendo o
possível pai por conta dos indícios de paternidade ou pela paternidade presumida, à luz do art.
1.597 do Código Civil”.
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Ressalta o autor que existem três situações que ensejam o preenchimento do polo
passivo: indícios de paternidade, paternidade presumida e responsabilidade avoenga. Os
indícios de paternidade são os requisitos essenciais da lei 11.804/2008, já que normalmente há
impossibilidade de exame de DNA naquela vida intrauterina sem comprometê-la, portanto,
devendo ser de baixa cognição a referida ação a fim de proteger o nascituro (FREITAS, 2011).
Na presunção de paternidade, o próprio Código Civil, em seu art. 1597, prevê as suas
hipóteses, conforme dispomos abaixo.
A responsabilidade avoenga também está assegurada ao nascituro, haja vista que é regra
supletiva do Código Civil aos Alimentos Gravídicos. Normalmente, é utilizada nas situações
de dificuldade da constituição do crédito frente ao suposto genitor, seja pela ausência ou
insuficiência de recursos (FREITAS, 2011).
No mais, prevê o art. 1698 o chamado chamamento à lide, que vem sendo admitido nos
tribunais e não se confunde com chamamento ao processo, pois este exige solidariedade, ao
passo em que a responsabilidade alimentar é subsidiária (FREITAS, 2011). Assim dispõe o
referido artigo:
A Lei nº 11.804/2008 previa o termo inicial dos alimentos Gravídicos à data da citação
do suposto pai, porém, tal decisão seria prejudicial ao nascituro e a gestante, por isso o art. 9º
foi vetado pelo Presidente da República. Assim, “resta concluir que os alimentos gravídicos
serão devidos desde a concepção do nascituro como forma de prevenir e garantir a sua formação
ainda no claustro materno” (ORO, Internet). Salutar o veto da Presidência da República, pois
mostrou-se preocupado em resguardar o direito do nascituro, que pela situação de urgência que
lhe é característico, não pode esperar todo o lapso de tempo até a citação.
Douglas Philips Freitas (2011), por sua vez, nos traz outra visão do tema. Para o autor,
a pensão de alimentos, compreendida nos alimentos vitais, é devida desde a citação, conforme
regra geral da Lei de Alimentos. No entanto, as despesas adicionais da gravidez, de caráter
indenizatório, previstas no art. 2º da lei, são devidas da concepção ao parto. Em que pese ser
entendimento plausível, ousamos discordar do autor, pois no caso em epígrafe os alimentos
vitais se impõem urgentemente já da concepção e essa espera poderia fazer com que réus maus
intencionados usassem artimanhas para evitar a citação e não pagar os alimentos.
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Para Juliane Tedeski (2011, Internet), “deve a gestante juntar à exordial o exame que
comprove seu estado gestacional e indicar o suposto pai, bem como anexar provas que
comprovem o relacionamento que teve com o mesmo”. Resta claro que o exame de gravidez é
uma das exigências obrigatórias da Ação de Alimentos, a indicação do suposto genitor,
acompanhada de provas suficientes para comprovar o relacionamento e, consequentemente, os
indícios de paternidade.
Dispõe o Art. 7º: “O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias”. Nesse
prazo, o réu deverá alegar tudo que for necessário para ilidir as alegações da genitora, se
contrapondo aos tais indícios de paternidade. Deverá apresentar provas, por exemplo, da sua
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esterilidade, do relacionamento da gestante com outros homens, além dos casos de presunção
de paternidade, como o fato da ré ser casada, etc. (FREITAS, 2011).
Poderá discutir os valores requeridos pela autora, demonstrando planilhas de gastos com
roupas, alimentos, enfim, tudo com o fito de reduzir a indenização com as despesas adicionais,
bem como na pensão alimentícia. Além disso, poderá solicitar o pagamento parcelado ou em
parcela única da indenização, assim como poderá oferecer o valor da pensão alimentícia após
o nascimento, comprovando a sua renda (FREITAS, 2011).
No caso da posse em nome do nascituro, a lei dispõe claramente, no art. 877 do Código
de Processo Civil, a necessidade de intervenção do Parquet no resguardo dos direitos do
concebido. Para Freitas (2011), como haverá futuramente a conversão em alimentos, em favor
da prole, se faz necessária essa intervenção, pois claramente trata de interesse de incapazes.
Conforme expõe Caio Mário da Silva Pereira (2010), a previsão expressa já advinha do
Decreto-Lei 6026 de 1943, mas limitando-se a possibilidade de propositura de ação de
alimentos em favor de menores abandonados, muitas vezes inútil já que os responsáveis
estavam desaparecidos.
Assim, o Ministério Público não está mais adstrito ao abandono, pois a lei lhe confere
caráter de substituto processual. É crucial a participação do Parquet, pois como fiscal da lei e
interventor em ações de incapazes, seu papel será zelar pelo nascituro, seja para avaliar o valor
da pensão de acordo com a necessidade do feto e a possibilidade do réu, seja para protegê-lo
até mesmo de atos ilegais cometidos por sua genitora.
62
3.5.9 Execução
Com relação aos alimentos vitais, estes devem ser executados pela genitora pelo rito do
art. 733, que permite a prisão, posto se trataram de verba alimentar, mais especificamente
pensão alimentícia. No tocante aos indenizatórios, pagos para ressarcir a gestante com as
despesas adicionais da gravidez, seguem o rito do art, 732 (expropriação patrimonial), sendo
incabível a prisão (FREITAS, 2011).
No caso do menor, as parcelas de alimentos civis serão executadas por ele, representado
pela genitora, pelo rito do art. 733, posto que ao nascer adquire titularidade para pleitear os
alimentos, assim como para executá-los (FREITAS, 2011). Nesta situação, há evidente
distinção no rito da execução a depender dos alimentos executados, que exige maior cautela do
magistrado, pois os indenizatórios dizem respeito à genitora, correspondendo aos gastos que
ela teve com a gravidez, devendo ser executados por ela e não caberá prisão, pois não são
alimentos propriamente ditos. No tocante aos vitais, durante a gravidez serão executados pela
genitora e após o parto pelo menor, representado por ela, estando sujeito o devedor à prisão
civil.
Nos termos do art. 1699 do Código Civil, “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança
na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar
ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”. É que a
lei 11.804/2008 foi omissa quanto à revisão durante o período da gravidez, apenas prevendo
em seu art. 6º a revisão após o nascimento, o que já seria convertido em pensão alimentícia.
Quanto à extinção da ação dos alimentos gravídicos, ressalta Marinete Oro (Internet):
A Lei dos Alimentos Gravídicos não apenas despertou o interesse na figura do nascituro
e nos seus direitos, mas também alertou para situações perfeitamente possíveis de se
concretizar, como o litisconsórcio passivo, o cadastro de inadimplentes e a responsabilidade da
genitora em caso de má-fé. No entanto, infelizmente o legislador não atentou para tais fatos ao
tempo de sua elaboração, de modo que o entendimento nestes casos é doutrinário e
jurisprudencial.
Em sua defesa, é comum que o réu alegue o relacionamento sexual da gestante com
vários parceiros. É a chamada exceptio plurium concubentium, na qual se argumenta que a
autora não se relacionava sexualmente apenas com o réu (FERREIRA; SIMÕES, 2013). É uma
tese que tem sido aceita a fim de evitar comportamentos levianos que venham a compelir o
falso pai a prestação alimentícia. Com base nisso, tem sido rechaçado o litisconsórcio passivo
dos supostos genitores do nascituro.
Deste modo, o que se visa proteger é o nascituro sem, contudo, inserir vários réus
inocentes, prejudicando terceiro pela incerteza da genitora. Concordamos com os autores, pois
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A prisão civil do devedor de alimentos nem sempre tem sido eficaz, pois com a
responsabilidade avoenga, alguns tem se utilizado desse instrumento para afastar sua própria
responsabilidade, além do que, em muitas situações, mesmo com a prisão, o devedor continua
inadimplente. Assim, “cogita-se da possibilidade de inclusão do nome do devedor de alimentos,
em especial o de gravídicos, nos serviços de proteção ao crédito, como forma de efetivar a
proteção da referida verba ou como alternativa à prisão civil” (FERREIRA; SIMÕES, 2013, p.
232).
É um avanço enorme na doutrina no instituto dos alimentos, visto que a prisão civil tem
se mostrado pouco eficiente em diversos casos, já que o réu preso não possui condições de
trabalho e de arcar com as despesas alimentares, ou mesmo se furta do pagamento por não haver
renda comprovada, sendo o cadastro de inadimplentes outro meio eficaz em compelir o
pagamento da pensão ao réu, em razão das constrições que ele causa.
Nesse contexto, o projeto de lei 7.862/2010 tem a finalidade de alterar o art. 733 do
Código de Processo Civil, incluindo o devedor de alimentos no rol dos maus pagadores, com
as consequências pertinentes, como a impossibilidade de empréstimos em instituições
financeiras, desde que devidamente autorizada a inclusão do devedor pelo magistrado, criando,
portanto, nova forma de compelir o pagamento pelo executado de forma patrimonial e não
pessoal (FERREIRA; SIMÕES, 2013).
Pertinente o comentário dos autores, pois mostram-se atentos aos conflitos familiares
recorrentes nas Varas de Famílias, cujos sentimentos mais fanáticos das partes afloram e
acabam por prejudicar quem está à sua volta, abandonando justamente o sentimento de
solidariedade familiar que se quer proteger, como as crianças em casos de alienação parental e
nas ações de guarda, bem como os próprios pais, quando do pleito de alimentos pelo filho maior
que não mais necessita.
De acordo com Ferreira e Simões (2013), o problema se agrava ainda mais pelo fato de
que o exame de DNA, que nesse caso seria fundamental a evitar atuação maliciosa da gestante,
não pode ser feito seguramente sem prejudicar o bebê, pois há riscos de violar sua integridade
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física. Outro aspecto importante é o do verdadeiro genitor que sabendo da paternidade se omite,
a fim de que a gestante ingresse com ação contra terceiro que, apesar de não ser o genitor, possui
contra si indícios suficientes capazes de compeli-lo ao suprimento alimentar da requerente e de
seu feto.
Por esta razão, e pelo Princípio que veda o enriquecimento ilícito, a doutrina
vem repensando esta característica, pois o credor dela se vale para protelar
cada vez mais o processo judicial e, por conseguinte, prolongar o tempo em
que o alimentando faz jus às prestações alimentícias, postergando uma
sentença de mérito.
No entanto, a lei especial é omissa quanto à forma de aplicabilidade, no tocante à sua
relativização em razão da comprovação posterior da ilegitimidade passiva por negativa da
paternidade. O art. 10 da Lei 11.804/08 previa a responsabilidade objetiva da genitora pelo
pagamento indevido dos alimentos, determinando que “em caso de resultado negativo do exame
pericial de paternidade, o autor responderá, objetivamente, pelos danos materiais e morais
causados ao réu” (grifos nossos).
O Presidente da República, porém, vetou tal dispositivo legal, alegando que limitaria o
exercício do direito de ação, face a possibilidade do autor ser compelido a indenizar o réu por
motivo de um engano na inclusão no polo passivo, posto ser a dúvida da paternidade algo mais
frequente atualmente, consequência de relacionamentos instáveis e passageiros. Assim, apesar
de ter expressamente determinado os direitos alimentícios do nascituro, a Lei 11.804/08
silenciou quanto ao direito de indenização e o reflexo da irrepetibilidade alimentar. Abaixo, o
veto presidencial:
gestacional, ainda que indevidos, não poderiam ser restituídos, já que o réu, ao manter
relacionamento com a genitora do feto, correu o risco da paternidade. Além disso, alegam que
violaria a dignidade humana do nascituro, que ficaria desamparado nesta fase peculiar da vida
(DUTRA, Internet).
Por esta corrente, há autores que defendem a possibilidade de indenização a ser prestada
pela genitora, quando comprovada sua má-fé. Outros autores discordam deste pensamento,
quanto à responsabilidade da gestante, alegando a possibilidade de cobrança do réu ao
verdadeiro genitor do nascituro, corrente minoritária, no entanto (DUTRA, Internet).
Simões (2013) a possibilidade dele ser compelido a pagar indenização para o réu, haja vista ter
se omitido com o fito de prejudicar terceiro.
A Responsabilidade Civil está prevista nos art. 186, 187 e 927 do Código Civil
Brasileiro, determinando o seguinte:
Para Carlos Roberto Gonçalves (2010), a consideração de qualquer grau de culpa, seja
leve, levíssima ou grave, poderia desencorajar a gestante a pleitear os alimentos, propondo o
autor que deva ser considerada apenas a culpa grave e o dolo, pois esta demonstraria a total
ausência de cautelas mínimas que se exige do homem médio.
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Louvável o entendimento do nobre jurista, pois impede que a restituição dos alimentos
venha, ao revés, prejudicar o nascituro, levando em consideração o fato de que a dúvida da
paternidade por vezes é comum em nossa sociedade, haja vista os vários relacionamentos que
uma mesma pessoa pode manter. Assim, não se pode permitir que a genitora, cuja liberdade
sexual é garantida pelo ordenamento jurídico, seja compelida a devolver os alimentos, mesmo
tendo acreditado que o réu era o genitor. Diferente é a culpa grave, cujo descuido é flagrante.
No entanto, o abuso de direito, nos moldes do art. 187 do Código Civil, encontra seu
fundamento na vedação ao enriquecimento sem causa, previsto nos art. 885 e 886 do mesmo
diploma legal, que dispõem:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais
subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que
justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Para Rodrigo da Cunha Pereira (2007, p. 13), “o enriquecimento ilícito gera a obrigação
de restituir o acréscimo patrimonial indevido no acervo de alguém à custa do sacrifício de
outrem. Decorre o dever de restituir àquele que recebeu o que não lhe era devido [...]”. Além
do mais, o princípio da boa-fé deve ser resguardado, conforme expõe Humberto Theodoro Jr,
citado por Madaleno (Internet):
Para isso, obviamente, como bem leciona Cavalieri Filho (2014, p. 111), “só deve ser
reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à
normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe
aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar”.
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A obrigação alimentar gravídica, em que pese ser baseada apenas em indícios, assim o
faz somente para proteger a vida do nascituro, posto que não pode a lei ultrapassar a
Constituição e o Código Civil, e criar a obrigação de que todos os parceiros que mantiveram
relacionamento com a genitora devam ressarci-la por terem mantido relações sexuais, sem
qualquer vínculo com a criança, como se fosse um risco que assumissem. Decorre do
parentesco, do ato ilícito e da disposição de vontade, e o homem que teve relacionamento com
a gestante sem engravidá-la não se enquadra em nenhum desses aspectos. No mais, a teoria do
risco impõe que o risco seja do cometimento de ato ilícito, o que não é o caso.
Com a frouxidão da lei e o silêncio sobre a indenização por danos morais e materiais,
ensejaria possibilidade de inúmeras ações com o intuito de enriquecimento sem causa, às custas
de alguém que não possui obrigação alguma. Desta forma, continuam os autores comentando
que o entendimento correto é o da aplicação da responsabilidade subjetiva (art. 186 do Código
Civil), quando há má-fé da gestante (MONTEIRO; SILVA, 2010).
Note-se que a segurança da Ação de Alimentos Gravídicos para o réu é mínima, pois
apesar de a intenção ser digna de aplausos, os meios de assegurar esse fim que é a vida não
podem estar em discordância com o nosso ordenamento. Ao invés de colocar a vida acima de
tudo e compelir o réu a responder por obrigação que não é sua de forma alguma, deve-se buscar
soluções que protejam a vida sem, contudo, lesar terceiro inocente.
Assim, não ficará sem amparo o nascituro cuja mãe teve de ressarcir o réu por sua atitude
maliciosa, podendo esta pleitear em face do verdadeiro pai, dos avós paternos de forma
complementar e subsidiária em prol do nascituro, dos avós maternos (leia-se seus pais) de forma
direta em prol dela e do nascituro, haja vista se tratar de obrigados preferenciais na ordem da
responsabilização, do Estado em casos de extrema necessidade quando a família lhe falta,
pautada no seu dever assistencial. Não é dever de uma pessoa ou outra, mas de toda a sociedade
ampará-la, sendo incabível portanto o enquadramento do réu como sendo a sociedade neste
caso.
No mais, a execução dessa dívida contra a genitora se daria nos mesmos moldes de uma
execução comum, assegurando que a execução seja realizada de forma menos gravosa à
executada, além de garantir a impenhorabilidade do bem de família. Por estas razões, não será
a genitora levada à miséria ao ressarcir o falso genitor, mas seria assegurado ao lesado um título
de crédito para que quando a genitora tivesse condições de ressarci-lo, nos moldes da legislação
processualista, que assim o fizesse.
Por fim, em caso de inércia da genitora, seria legitimado o Ministério Público, a pedido
de familiares, por exemplo, a ingressar com ação contra o verdadeiro genitor, a fim de
resguardar o nascituro, desde que com elementos suficientes da paternidade, conforme
esposado no capítulo 3, item 3.5.8.
CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como escopo discorrer sobre a Lei de Alimentos Gravídicos e
a aplicação, neste âmbito, da irrepetibilidade alimentar, levando em consideração os requisitos
subjetivos e frouxos para sua concessão, além da análise da possibilidade, à luz da legislação
civilista brasileira, da responsabilidade civil da genitora em caso de má-fé.
É que hoje, em que pese não ser reconhecida a personalidade do nascituro, entende-se
que ele é sujeito de direitos, assim como prevê nossa legislação civilista, de modo que a própria
lei determina os casos em que há proteção expressa de seus direitos, como a curatela, a posse
de estado de filho, direito à sucessão e à herança, dentre outros. Nesse ínterim, o nascituro é
verdadeiro titular de direitos, ainda que eventuais, aguardando o implemento de uma condição,
no caso dos patrimoniais.
Dentre esses direitos, a vida é o seu bem mais precioso. É através de sua proteção de
todas as formas de tolhimento que permitimos que ele se desenvolva de forma saudável e possa
vir ao mundo, crescer e viver dignamente. Uma gestação mal desenvolvida pode causar traumas
pelo resto da vida da criança, como é comum em casos de tentativas de aborto que geram
sequelas ao infante ou mesmo a desnutrição.
Assim, houve evolução na doutrina e jurisprudência brasileiras, tendo em vista que por
muito tempo não se considerava nem mesmo a possibilidade de pleitear alimentos dos filhos
havidos fora do casamento. Essa nova construção decorre da evolução que, ante as novas formas
de relacionamento, teve de se adequar aos anseios sociais. Não mais podia se conviver com essa
situação de desamparo, fazendo com que apenas a genitora arcasse com os diversos gastos na
gravidez, já que o feto é de responsabilidade de ambos.
saudável no útero para que ele possa nascer de forma digna, o que demonstra a preocupação
atual do legislador em preservar a dignidade do nascituro, que hoje é patente.
É que ao determinar apenas indícios de paternidade como requisito, a nova lei abre um
leque de possibilidades quanto ao polo passivo, haja vista a instabilidade e celeridade dos
relacionamentos atuais, podendo ensejar inclusão errônea do réu sem vínculo com a genitora e
o bebê, ante a frieza e distância das realidades dos documentos processuais, a imposição de
liminar e o amplo arbítrio do julgador neste aspecto subjetivo, ainda que motivado. Ante o
exposto, considerando o perigo de numerosas injustiças que se apresenta com a nova lei, é
necessária exaustiva cautela do magistrado na análise dos pressupostos da obrigação.
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NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito de Família. Rio de Janeiro; Forense, 2008. 5
v.
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ANEXO
LEI 11.804/08
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será
exercido.
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir
as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que
deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada
pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Art. 3º (VETADO)
Art. 4º (VETADO)
Art. 5º (VETADO)
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos
em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Art. 8º (VETADO)
80
Art. 9º (VETADO)
Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições
das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil.