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Direito

Civil

Cristiano Chaves
Sumário de
Aula
CURSO PRÁTICA EM DIREITO DE
FA M Í L I A :
- PA R E N T E S C O , F I L I A Ç Ã O E
RECONHECIMENTO DE FILHOS
1. A filiação como expressão da parentalidade: um histórico de
desigualdades

Napoleão Bonaparte: a sociedade não tem interesse em que os bastardos


sejam reconhecidos.
Filiação era vínculo entre uma pessoa e aquelas que lhe deram origem (visão
biológica).
Parentesco, filiação, casamento e Biologia.
2. Novas possibilidades de parentalidade: a monoparentalidade, a
biparentalidade (homoafetiva ou heteroativa) e a multiparentalidade.

Art. 1.593, CC: “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de


consanguinidade ou outra origem”.

Possibilidade de adoção ou de origem socioafetiva.


A possibilidade de diferentes origens.
A biparetalidade e a monoparentalidade (hetero ou homoafetivas).
Novas possibilidades decorrentes da Biotecnologia.
Possibilidade de adoção homoafetiva (STJ, REsp. 889.852/RS).
Filiação é o vínculo de parentesco no primeiro grau, na linha reta,
determinado pela paternidade e/ou maternidade (doutrina argentina –
ZANNONI). É vínculo entre uma pessoa e aqueles que o geraram ou que o
acolheram, com base no afeto e na solidariedade.
A coparentalidade.
2. O princípio constitucional da igualdade entre os filhos (CF 227 §6º).

Proibição de designação discriminatória entre os filhos (adulterino,


incestuoso, ilegítimo...) e proibição de tratamento discriminatório
(direito sucessório).
Ruptura da qualificação e da hierarquização dos filhos.
Desatrelamento entre filho e casamento (origem da relação entre os
pais).
Interpretação liberal e ampliativa – norma de inclusão (STJ,
REsp.7631/RJ).
3. Prova da maternidade.

A prova da maternidade: mater is semper certus. Maternidade é


presumida pela gestação (Enunciado 129, Jornada). Presunção relativa.
A questão da troca de bebês na maternidade (responsabilidade
civil do hospital).
A questão da “barriga de aluguel”/gestação por substituição
relativizando a presunção (Res. 2.168/17, CFM): i) pessoas capazes; ii)
gratuidade; iii) pessoas da mesma família (não sendo, autorização do
CRM correspondente – item VII.1); iv) finalidade médica-terapêutica.
Necessidade de termo de compromisso e a possibilidade
hipotética de conflito registral.
4. Critérios determinantes da paternidade (CC 1.593): presuntivo
(presunção pater is est); biológico (exame DNA); e socioafetivo
(convivência).

Inexistência de hierarquia entre os critérios. Estabelecimento concreto de


um critério (casuísmo)? Repercussão geral no STF, RE 898.060/SC, rel. Min. Luiz
Fux.
A teoria tridimensional do Direito de Família/pluripaternidade (BELMIRO
PEDRO WELTER / WALSY RODRIGUES JR.) e admissibilidade da
multiparentalidade.
4.1. Critério presuntivo (presunção pater is est quaem justae
nupcias demonstrant). CC 1.597.

Inaplicabilidade à união estável? (admitindo: STJ, REsp.23/PR e REsp.


1.194.059/SP).
Presunção decorrente de relações sexuais (fundamento biológico). Início 180
dias após o casamento e permanência até 300 dias depois da sua dissolução.
Presunção decorrente de fertilização medicamente assistida (fundamento
artificial). Extensão para alcançar a concepção artificial (Jornada 105 e 257: as
expressões concepção e inseminação artificial devem ser interpretadas como
técnicas de reprodução assistida, mas interpretadas restritivamente).
Inadmissibilidade de escolha de material genético (impossibilidade do super
homem genético).
Os embriões excedentários e o descarte no prazo de 3 anos (Lei n.11.105/05,
art. 5º, e STF, ADIn.3510/DF).
Caráter absoluto da presunção de paternidade decorrente de fertilização
heteróloga com autorização prévia do marido (Jornada 258).
Possibilidade de uso da fertilização heteróloga em casais homoafetivos? (Sim,
MARIA BEERENICE DIAS e Res. 2.168/17, CFM).
Art. 1.597, CC:

“Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I -


nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à
dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial,
nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação
artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a
qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por
inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização
do marido.”
Presunção na fertilização Início 180 dias depois da Presunção sempre relativa
sexual convivência conjugal;
término 300 dias depois da
dissolução do casamento
Presunção na fertilização Aplicação na fertilização Presunção, de regra, relativa,
assistida medicamente homóloga mesmo que exceto na fertilização
falecido o marido ou mesmo heteróloga (havendo prévia
que se trate de embrião autorização do marido)
excedentário e na
heteróloga, havendo prévia
anuência do esposo
4.2. Critério biológico (o DNA).

A recusa na realização do exame, a Súmula 301 e a presunção relativa legal (Lei


n.12.004/09).
Gratuidade na perícia (CPC 98-99).
Se o Estado não pagar a perícia, julga com base em prova testemunhal.
Relevância de todos os meios de prova. STJ admite que até mesmo “ficar”
pode ser prova (STJ, REsp 557.365 / RO): “Verificada a recusa, o
reconhecimento da paternidade decorrerá de outras provas, estas suficientes a
demonstrar ou a existência de relacionamento amoroso à época da concepção
ou, ao menos, a existência de relacionamento casual, hábito hodierno que parte
do simples 'ficar', relação fugaz, de apenas um encontro, mas que pode garantir
a concepção, dada a forte dissolução que opera entre o envolvimento amoroso e
o contato sexual”.
Determinação de sua realização ex officio.
Conversão do julgamento em diligência quando não foi realizado
anteriormente (STJ, REsp. 397.013/MG).
STJ 301:
“Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.”
4.3. Critério socioafetivo.

A posse do estado de filho (pai é quem cria). Quando as partes assumem,


na prática, o papel de pai e filho. Admissibilidade da posse do estado de filho
como concretização da filiação socioafetiva (STJ, REsp.709.608/MS).
Desvinculação dos conceitos de genitor e pai. Desbiologização da filiação.
Efeitos jurídicos familiares e sucessórios fixados automaticamente na
quando caracterizada a filiação socioafetiva. STJ, REsp. 878.941/DF. A
paternidade socioafetiva e os seus efeitos patrimoniais e pessoais.
A possibilidade de investigação de paternidade socioafetiva.
As ações filiatórias e as novas ações determinativas do estado biológico
(ação de investigação de paternidade versus ação de investigação de origem
genética). Admissibilidade pelo STJ (STJ, REsp.833.712/RS). ECA 48.
Ilegitimidade do Ministério Público e necessidade de plena capacidade.
Inexistência de efeitos jurídicos familiares e sucessórios. Relativização do direito
à origem genética em alguns casos.
Garantia do direito à investigação de origem ancentral no parto anônimo –
art. 19-A, ECA (Lei 13.509/17): “§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre
o nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei”.
Ação investigatória de paternidade Ação investigatória de origem genética (origem
ancestral)

Fundamento: Direito de Família Fundamento: Direito da Personalidade

Vara de Família, com legitimidade do MP, Vara de Família – ilegitimidade do MP, mesmo
quando se tratar de incapaz que se trate de incapaz

Imprescritível Imprescritível

Pretensão de alcançar o estabelecimento de Pretensão de obter a afirmação da origem


um vínculo paterno-filial, com todos os seus genética, sem qualquer efeito sucessório ou
efeitos familiar

A tese da paternidade alimentar e da paternidade sucessória, incidindo


excepcionalmente.
5. Reconhecimento voluntário de filhos.

Ato unilateral (ato jurídico em sentido estrito: irrevogável e


irretratável, porém anulável).
Natureza: confissão.
O relativamente incapaz pode, independente de assistência. O
absolutamente incapaz depende de ato judicial, ouvido o MP
(BERENICE).
Múltiplas formas (CC 1.609) e a questão do reconhecimento na ata
do casamento (Lei n.8.560/92: revogação?).
Reconhecimento do nascituro e do filho morto (reconhecimento
póstumo).
Exigência de consentimento do filho-reconhecido e o prazo do CC
1.614 (4 anos). A ação de impugnação de reconhecimento de filho.
Art. 1.614, CC:
“O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o
menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se
seguirem à maioridade, ou à emancipação.”
Ação negatória de Ação de impugnação de reconhecimento de
paternidade/maternidade (ECA 27) filho (CC 1.614)

Exige indicação do motivo Dispensa a indicação do motivo (não


anuência ao reconhecimento espontâneo)

Vara de Família, com legitimidade do MP, Vara de Família – ilegitimidade do MP,


quando se tratar de incapaz mesmo que se trate de incapaz

Imprescritível Prazo decadencial de 4 anos, contados da


aquisição da plena capacidade

Pretensão de atacar a relação paterno-filial Pretensão de atacar o registro de


nascimento
6. Reconhecimento judicial de filhos (a ação de investigação de parentalidade).

Procedimento especial no novo CPC para a ação de investigação de


parentalidade (paternidade)
Petição inicial (legitimidade do MP; do filho morto – investigação post mortem; o filho
registrado em nome de outra pessoa, avoenga; etc)

Cumulabilidade com outros pedidos (petição de herança, indenização por danos morais,
alimentos...)
Competência (STJ 1) – a questão da cumulabilidade implícita – Lei n.8.560/92, art. 7º

Medição obrigatória – CPC 694 a 696, em seguida ordinarização

Resposta do réu e Revelia e não produção de efeitos, como regra

Produção de prova (importância do exame DNA)


Sentença e recurso (os seus diferentes efeitos)
Coisa julgada e relativização
A ação de investigação de parentalidade e o procedimento
cabível (procedimento comum ordinário) e a sua natureza jurídica
(declaratória ou constitutiva). Possibilidade de uso das ações filiatórias
pelos filhos e pelos pais. A investigação de fraternidade, de
maternidade, de paternidade, a investigação avoenga...

A investigação avoenga. Admissibilidade jurisprudencial (STJ, REsp


807.849 / RJ). Discussão sobre a possibilidade de ajuizamento
enquanto vivo o pai (entendimento do STJ de ilegitimidade ativa do
neto, enquanto vivo o pai – STJ, REsp. REsp 876.434/RS, DJe 1.2.12).

A possibilidade de ação negatória (contestação de


paternidade/maternidade – CC 1.601) pelo pai ou mãe. A possibilidade
de ação de impugnação de paternidade (pelo terceiro, pelo filho...).
Impossibilidade de limitação de causa de pedir.

Cumulabilidade. Ações cumuláveis: petição de herança e indenização


por dano moral.
A desnecessidade de cumulação da anulação de registro público (STJ,
REsp.693.230/MG, rel. Min. Nancy Andrighi).

Imprescritibilidade (Súmula 149, STF e ECA 27). A prescrição da ação


de petição de herança quando cumulada com investigação de
paternidade post mortem (STJ, REsp. 1.475.759/DF).

STF 149:
“É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a
de petição de herança.”
Competência (Súmula 1, STJ). Posição crítica de NELSON NERY Jr.

Art. 7º, Lei n.8.560/92: “Sempre que na sentença de primeiro grau se


reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos provisionais ou
definitivos do reconhecido que deles necessite.”

STJ 1: “O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o


competente para a ação de investigação de paternidade, quando
cumulada com a de alimentos.”

STJ 277:
“Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação”.
O recurso e os seus efeitos.

Coisa julgada na ação filiatória e sua flexibilização pelo STJ e pelo


STF (STJ, Ac.4ªT., REsp.226.436/PR; STF, RE 363.889/DF).
Bons Estudos!

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