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AULA 2
A inspeção realizada pelo auxiliar da justiça, como o oficial, por exemplo, é meio
atípico. O que está previsto é a inspeção judicial, e não pelo auxiliar.
Prova de informações também é meio atípico de prova (não é prova documental, porque
a prova documental deve ser pré-constituída). Quando as informações são prestadas por
uma pessoa física, é prova testemunhal. Agora, se a informação estiver em dados de
pessoa jurídica, por exemplo, o juiz oficiará e a pessoa jurídica enviará a resposta. Essa
resposta não é prova documental, mas prova de informações. É uma prova casual
(criada para servir de prova no processo).
Gravação de conversa telefônica usada por um dos interlocutores: é lícita, desde que não
exista causa legal de sigilo ou reserva da conversação (por exemplo, consulta com
psicólogo, com advogado etc.).
Quando se alega direito estrangeiro, o juiz manda produzir a prova, porque ele não é
obrigado a conhecer o direito estrangeiro.
Escuta da criança em grau recursal com base na Convenção de Nova York dos interesses
da criança [e adolescentes] (art. 12) – Oitiva da criança pelo juiz é diferente do
depoimento especial/ escuta especializada, que é prova pericial.
O psicólogo pode se recusar a depor sobre o conteúdo das sessões com a criança, mas
não pode se recusar a falar sobre o progresso da criança. É um direito dos pais e decorre
do próprio poder familiar.
Atribuir a guarda unilateral não tem efeitos jurídicos práticos, porque não afeta o poder
familiar. É um fenômeno mais psicológico do que jurídico.
Ler o trabalho da Professora Elisa Cruz.
Acórdão Nancy Andrighi, Leading case do abandono afetivo: afeto não é obrigação,
mas cuidado, sim.
É fundamental porque ajuda a parte a decidir se ajuizará ou não a ação e mesmo para
instigar a autocomposição.
Provas em espécie: tem sido bastante usada a ata notarial nos conflitos de família. A
dificuldade é que nem sempre se consegue chamar o notário para registrar. O que se tem
usado nesses casos é o blockchain. Já tem empresa especializada em prestar serviço a
escritório de advocacia. Faz um vídeo, por exemplo, colhendo a prova e registra em
blockchain e garante a integridade do documento.
O exame de DNA não foi criado para investigação de paternidade ou para revelação de
material genético em investigações. Foi criado por cientistas ingleses, nos anos 50, para
averiguação de compatibilidade para evitar rejeição em transplante de órgãos.
São usadas as mesmas tabelas até hoje. Ainda assim, é um exame confiável, mesmo a
partir de probabilidade (é 99,9999999% de precisão), desde que o exame seja feito de
forma correta (há protocolo para isso). Com o resultado, alcança-se o que se chama de
“verdade científica”.
STF decidiu por 6 a 5 que não se pode forçar ninguém ao fornecimento de material
genético para o DNA.
Para o Câmara, o correto é se pensar como marco inicial o momento em que o direito de
herança do filho é violado. O termo inicial do prazo é o momento em que ocorre a
preclusão das últimas declarações. Até esse momento, o filho pode ser incluído. Depois,
não pode mais. Segue-se a mesma lógica da ação de sonegados.
A propriedade se transfere para o herdeiro no momento da abertura da sucessão.
Divórcio liminar: com base em quê? A tutela da evidência precisa ser lastreada em lei.
Cancelamento de averbação de divórcio é contra a lei.
O que pode ser incluído em um pacto pós-nupcial? Hoje há um pouco mais de liberdade
do que antigamente. Contudo, em tese, não tempos essa opção, apenas o pré-nupcial.
Contrato de cessão de direitos hereditários de bens imóveis tem que ser realizado por
escritura pública, que é a forma prescrita em lei, sob pena de nulidade.
O art. 170 do Código Civil permite a conversão do negócio jurídico nulo, se tiver os
requisitos de outro negócio, o sistema permitir e se depreender que as partes queiram
essa conversão.
Por exemplo: venda de imóvel por instrumento particular, sem escritura pública. O
contrato é nulo e não vale como escritura, mas é possível converter em promessa de
compra e venda. O negócio em si não produz efeitos, mas ele é convertido em outro que
produz.
Venda a non domino = ação declaratória de nulidade = quando o cônjuge vende a parte
do outro sem anuência.
STJ = não é obrigatória a outorga uxória para união estável em relação a bens
particulares. Se for bem comum, a venda sem autorização é venda non domino.
STJ Súm. 332 = a fiança prestada sem anuência de um dos cônjuges acarreta a
ineficácia da garantia. Tem que ingressar com embargos de terceiro. Os tribunais estão
agora fazendo um temperamento da súmula, exigindo a boa-fé do fiador. A súmula só se
aplica para fiança e não para aval.
DIREITO SUCESSÓRIO
União estável é ato-fato (Paulo Neto Lobo e doutrina majoritária – eventual contrato é
só elemento contundente de prova. Tem que ter também todos os elementos essenciais)
ou é ato jurídico compósito (doutrina minoritária: se escreveu, firmou que tem união
estável)? Segundo doutrina majoritária, mesmo que haja contrato, é possível que ele seja
contestado em inventário e que a união estável seja afastada.
Quinhões diferentes para herdeiros vulneráveis/ direito de moradia no imóvel (algo que
se tem construído).
Abertura da sucessão:
Princípio da saisine.
A sucessão é aberta no exato instante do óbito, transmitindo-se a herança (e não apenas
o domínio e a posse, como dizia o código anterior).
Art. 1.784 – legitimação possessória para todos os herdeiros adotarem todas as medidas
para proteção do patrimônio – princípio da saisine: titular do domínio e da posse.
Sucessão aberta vai até a decisão da partilha e tem natureza jurídica de bem imóvel (art.
43, III, CC).
Não pode haver patrimônio de ninguém, porque viola a função social. O Direito criou
uma ficção jurídica, que é o princípio da saisine.
A lei vigente na abertura da sucessão é que disciplina as regras de (1) ordem de vocação
hereditária, (2) qualidade de herdeiro necessário e (3) base de cálculo fiscal.
O herdeiro recolhe sua a herança ainda que por um instante – princípio da coexistência.
Valor do lançamento fiscal do bem no ano do óbito, divide pelo fesp do ano do óbito e
multiplica pelo fesp atual, tendo o valor do bem atualizado (além das multas). Mas
assim é em SP. Precisa ver em cada estado federado.
Legitimação é aptidão específica para determinado ato em relação à posição que se está
naquele negócio jurídico.
Não se defere de imediato a posse do bem na pessoa do legatário. Ele precisa solicitar
ao juiz.
O legatário tem direito aos frutos e rendimentos dos bens que lhe foram deixados. O
inventariante deve depositar em uma conta à disposição do juiz.
Direito das Sucessões – Des. Neide Belamar.
Despesas do espólio devem ser pagos com recursos da herança. Cuidar porque os juízes
tendem a determinar que o inventariante adiante todas as despesas.
Ler Rodrigo Mazzei - Comentários ao CPC - decisão parcial de mérito em inventário
(aula 6).
Art. 647, par. Único.
Enunciados do FPPC dizem que a disposição também se aplica a legatário.
Antes do pagamento antecipado do legado, precisa averiguar a legítima e a existência de
dívidas.
É possível movimentar o inventário, conforme se trate de legado ou legítima, de modo a
extrair soluções mais efetivas, antecipando a parte do legado e retirando ele do
inventário.
Escrever artigo sobre isso.
Ver Câmara e Mazzei.
O problema é que, para averiguar legítima e fazer partilha específica, além da
organização inicial pelo juiz, tem que fazer avaliação do bem, com custas e imposto, e
isso vai na conta do réu, tendo que se advertir por escrito o cliente, mediante
documentação por ele assinada.
Herdeiro necessário é o que só será afastado com indignidade ou deserdação, mas não
significa que necessariamente irá receber, porque deve respeitar a ordem de vocação
hereditária.
Legítima é de 50% (os outros 50% é parte disponível).
Sobre a legítima não cabe ônus e restrições.
É possível dar 50% para um único herdeiro necessário e ele também concorrer com os
demais na legítima.
Nenhum instituto jurídico pode fraudar lei. Se através de doações sequenciadas, eu violo
a legítima, ofende-se a lei.
A doação inoficiosa serve para preservar a legítima. A colação serve para igualar a
legítima.
Terceiros não são obrigados a igualar nada (nem mesmo netos), apenas quem herda por
cadeira.
Na colação, o bem entra diretamente na parte indisponível (opinião do Prof. Marcelo,
não é pacífica – pesquisar STJ) – possível artigo.
O valor de avaliação dos bens é para fins de inventário e pagamento de imposto. Acabou
o inventário, pode fazer nova avaliação para nova ação para fins de venda do bem e
extinção do condomínio.
Se eu quiser que a liberalidade feita saia da parte disponível (tanto na doação quanto no
testamento), preciso necessariamente escrever e, sendo uma liberalidade, que a pessoa
está dispensada da colação. Caso contrário, sendo doado de ascendente para
descendente ou de um cônjuge para outro, presume-se que é adiantamento de herança.
Partilha existencial = vinculação pessoal com os bens da herança e preferência (livro
Luiza Mayer Nevares, Função promocional do testamento) = critério qualitativo.
Sucessão anômala irregular: por força de lei, afasta-se a ordem de vocação hereditária.
Seguro de vida, previdência privada = vai para beneficiário. Se não tiver beneficiário
indicado, metade para cônjuge/companheiro e metade para os descendentes.
Doação para casal: se morre um, vai para o outro.
As dívidas vão até a força da herança, mas, uma vez aceita a herança, é irretratável. O
ônus da prova da extensão do patrimônio é do herdeiro, que deverá demonstrar sob o
risco de confusão patrimonial. Daí a importância de fazer inventário negativo.
Aceitação tácita: atos compatíveis com aceitação = contratar advogado, abrir inventário,
pagar imposto. Pagar o funeral é ato voluntário, não significa aceitação tácita e torna
quem pagou credor no inventário.
Aceitação presumida: o herdeiro não se manifesta, mas alguém tem interesse em saber
se o herdeiro vai ou não aceitar, notificando-o. Se ele nada disse, a lei presume a
aceitação.
Herdeiro que tem credores pode renunciar a herança, desde que tenha patrimônio para
saldar a dívida. Caso não tenha, a lei diz que o credor do herdeiro pode se habilitar no
inventário para receber seu crédito dentro do quinhão do herdeiro, retornando o
remanescente para ser dividido entre os demais. A renúncia permanece sendo válida e
irretratável.
O direito de habitação é um legado que decorre da lei e que não precisa de registro.
Via de regra, os direitos reais ficam registrados na matrícula do bem. Mas o direito de
habitação do cônjuge não precisa de registro. Se for comprar um imóvel vindo de
inventário, é importante verificar se lá não está residindo a viúva/viúvo meeira.
Não vale terceiro de boa-fé. A viúva tem que assinar renúncia ao direito de moradia ou
ingressar com anulação do negócio jurídico.
Também tem que cuidar com aquisição de imóvel quando tem união estável. É bom que
o vendedor declare que não vive em união estável.
Se a parte não ficar com o imóvel a que tenha direito de habitação, é fundamental que
renuncie o direito de habitação.
Não se paga custas e impostos sobre meação. Apenas sobre o que está sendo
inventariado.
Se houver justo fundamento, o juiz do inventário pode assinar a dispensa de cobrança de
multa e juros. Por exemplo, quando se estiver em discussão a existência ou não de união
estável e, portanto, de meação.
Não se pode renunciar a termo e a morte é um evento a termo. Portanto, ainda que não
haja pacta corvina na renúncia, é contra legem (art. 1.808, CC). Precisaria alterar a lei
(ler José Fernando Simão e João Aguirre [nem todo sonho chega à terra prometida]).
Não existe mais a renúncia translativa (em favor de alguém). Ela é sempre abdicativa. O
CC atual trouxe a cessão de direitos hereditários, extinguindo a renúncia translativa.
Dicas para cessão: colocar que, independentemente da extensão do patrimônio, o fulano
se dá por satisfeito recebendo tal bem.
Herança digital: o que iremos fazer com determinados bens que só existem no ambiente
virtual e que não têm conteúdo econômico. As criptomoedas, por exemplo, possuem um
conteúdo econômico e se transmitirão por força da sucessão. Mas outros ativos, como as
redes sociais, entram em discussão. A conta da rede social transmite aos sucessores
(sucessão testamentária x sucessão legítima). Mário Delgado entende que, em se
tratando de direito da personalidade e acesso de conteúdo da imagem e da voz, apenas
na sucessão testamentária pode transmitir, porque é um ato de disposição da vontade
(ler sobre o legado digital). Na legítima, não, pois não se sabe se é o ato da vontade.
A questão é saber o que é direitos da personalidade e o que é direito sucessório, de
modo a se saber o que pode ou não ser transmitido aos sucessores.
Quem não tem legitimidade ou não tem capacidade, não pode herdar. A capacidade
pressupõe a legitimidade.
Legitimidade. Art. 1.798, CC (pessoas já nascidas ou já concebidas na data da
sucessão).
Capacidade: A pessoa vai ter capacidade se tiver o título sucessório (está na ordem
hereditária da sucessão legítima ou está no testamento [sucessão testamentária]).
Há, além disso, requisitos legais para que a pessoa possa herdar.
E quem não tem capacidade para receber a herança é quem foi excluído por indignidade
ou deserção (tem legitimidade, mas não tem capacidade).
Legitimidade ativa:
Pode ser autor da sucessão/testador somente as pessoas naturais.
Legitimidade passiva:
Legitimidade para ser herdeiro. Tanto na legítima quanto na testamentária, aplica-se o
princípio da coexistência.
Na legítima, o herdeiro precisa, em regra, existir na data da abertura da sucessão.
Pessoas naturais e vivas, ainda que não tenha ainda nascido (já concebidas).
Na sucessão testamentária, além das pessoas naturais e vivas, também podem herdar as
pessoas jurídicas (fundações, associações, p. ex.) e as pessoas futuras (concepturo –
prole eventual). Os animais, portanto, não podem receber herança ou legado. O que se
costuma fazer é atribuir o patrimônio a uma pessoa natural/jurídica, com encargo de
cuidar do animal.
Pessoa futura: é o concepturo, não o nascituro. O embrião congelado é ou não
nascituro?
Diferenças entre embrião formado e apenas material genético, sem inseminação. Há
distinção em termos de legitimidade se a inseminação acontecer após a abertura da
sucessão?
Para indicar a pessoa futura como herdeiro ou legatário, é preciso indicar quem são os
pais, que deverão estar vivos na abertura da sucessão. Mas esta regra convive com
outra. O art. 1.800, § 4.º, diz que a criança tem que ser concebida até 2 anos após a
abertura da sucessão, o que faz com que, a depender do caso, isso não seja possível.
O juiz nomeia um curador especial que administra o patrimônio até a concepção e
nascimento do futuro herdeiro, que normalmente é o próprio pai ou mãe da criança que
será concebida. No planejamento sucessório, é possível “escapar” desse prazo. A
alternativa é o fideicomisso ou a substituição fideicomissária. Coloca-se que o fiduciário
receberá o patrimônio, para que depois de determinado período ou verificada
determinada condição, ele transmita ao beneficiário final, que é o fideicomissário. Só é
possível se estabelecer a substituição fideicomissária em favor da pessoa futura. Não se
aplica o prazo, porque o patrimônio não fica sem dono. O fiduciário recebe a posse e a
propriedade do bem, mas é uma propriedade resolúvel.
Há uma discussão sobre até quando ele deve aguardar. Entende-se, de modo geral, que,
se o fideicomissário não for concebido, a propriedade se consolida na pessoa do
fiduciário.
O fiduciário pode ser uma pessoa jurídica. O autor da herança pode, inclusive, colocar
como condição que o filho só receba as cotas da empresa depois de determinada idade e
com determinada formação e experiência para administrar a empresa. Mas isso apenas
em relação à disponível. Em relação à legítima, a saída são as disposições de Direito
Societário.
O testamento pode abranger 100% do patrimônio. O que não se pode é atribuir mais de
50% para quem não é herdeiro necessário. Porém, se no testamento, estiver
contemplando o herdeiro necessário dentro daquilo que inclui a legítima, não há
problema. Chama-se preenchimento da legítima (art. 2.014). A clausulação da legítima
também é possível em testamento.
O filho genético tem direito de saber sua origem, inclusive para fins de impedimentos
(p. ex., casamento entre consanguíneos). Mas não haverá direitos sucessórios.
A lei não disciplina a forma de autorização. Mas pode assumir formas infinitas, como
escritura pública, contrato com a clínica prevendo o destino dos embriões etc. (há
decisão contrária do STJ, proibindo a implantação sem escritura pública).
Situações em que o herdeiro tem legitimidade, mas perde a capacidade: excluído por
indignidade e deserdação. Ambos constituem a sanção pela prática de atos que são
repudiados pelo ordenamento jurídico. A vítima pode ser tanto o autor da herança
quanto outros parentes.
Indignidade:
Próprio para a sucessão legítima, muito embora ele possa vir a receber algum legado na
sucessão testamentário.
Deserdação:
Instituto exclusivo da sucessão testamentária.
Ainda que o ato tenha sido praticado muito tempo antes, o pedido de exclusão por
indignidade apenas pode ser formulado após a abertura da sucessão - riscos da não
formalização do perdão, que precisa ser expresso nos casos de indignidade.
Outro requisito é a sentença transitada em julgado proferida numa ação de indignidade,
salvo na hipótese em que já houver sentença criminal condenatória transitada em
julgado (nesse caso, não precisa de ação própria, pois a exclusão é automática).
É preciso que a parte pratique um dos atos elencados no art. 1.814 do Código Civil (rol
taxativo ou meramente explicativo?). O rol é taxativo. Contudo, é preciso fazer o
enquadramento dos fatos nessas hipóteses do rol taxativo = questão da tipicidade (quais
condutas estão efetivamente abarcadas nesse rol?) – Ver julgamento do STJ. 1943848 –
rol taxativo, mas tipicidade aberta, o que não significa a ampliação do rol.
Atos de indignidade:
Não se exige prévia condenação criminal. Mas a sentença absolutória criminal obsta a
ação cível (enquanto a condenatória dispensa a propositura). A ação cível pode ser
proposta mesmo que o crime já tenha sido prescrito.
Discussão sobre se a eutanásia poderia ser excluída desse elenco ou não (Mario Delgado
entende que, aplicando-se a intepretação teleológico finalística da lei [quebra do afeto],
essa hipótese não está inserida no elenco).
Havendo dúvida quanto à autoria, é recomendado que se aguarde a apuração na esfera
criminal, para evitar decisões conflitantes.
Pode se excluir a meação em casos de indignidade? A exclusão da sucessão diz respeito
à herança, não da meação. Dependendo do regime de bens, haverá meação, mesmo em
casos de feminicídio.
Se a parte fizer um B.O., já é suficiente? Além disso, precisa ser em ação penal ou pode
ser no juízo cível (p. ex., alienação parental)?
3) Impedir, por violência ou fraude, de que o autor não disponha livremente em sua
herança.
A hipótese de fraude mais comum diz respeito a um testamento já feito (p. ex., a
violação do lacre do testamento cerrado).
Há ações de nulidade testamento público em que se contesta a higidez da assinatura ou
mesmo a sanidade mental do testador no momento da elaboração do ato.
Outros atos de planejamento sucessório (p. ex., doação, holding etc.) estariam incluídas
nessa disposição legal? Refletir sobre.
Exige-se que o ato seja doloso. O objetivo é proteger a liberdade testamentária, que é o
principal eixo da sucessão testamentária.
São legitimados para a ação ordinária de exclusão por indignidade (salvo no caso de
sentença penal condenatória transitada em julgado, essa ação é imprescindível): os
demais co-herdeiros, o Ministério Público (na hipótese dos crimes dolosos contra a
vida, não nos crimes contra a honra).
Sendo o autor do ato de indignidade o único herdeiro, o Município que será beneficiário
da herança vacante, pode propor a ação de exclusão por indignidade? A princípio, ele
não estará legitimado, pois o Poder Público não é herdeiro. Só são herdeiros os que
estão elencados no rol da ordem de vocação hereditária. O Poder Público é um sucessor
anômalo. Teria que provocar o MP.
Caso de ação de exclusão por indignidade proposta por filhos contra o pai, em relação à
pensão da falecida esposa, em caso de feminicídio: o tribunal entendeu que a ação de
indignidade versa somente sobre herança e não pensão. E somente o herdeiro pode
figurar no polo passivo da ação.
Se o filho indigno for filho único e sem descendentes, segue-se a ordem de vocação
hereditária.
Efeitos da exclusão:
Efeitos pessoais – os herdeiros do excluído herdam por representação, não podendo o
excluído exercer o usufruto e administração dos bens dos filhos menores. Se o
cônjuge/par parental não puder exercer, nomeia-se um curador especial.
O indigno pode ser perdoado. Mas, para isso, é preciso um ato expresso e formal (por
escritura pública ou testamento) do autor da herança. Não cabe o perdão pelos demais
herdeiros. Não adianta o perdão tácito.
DESERDAÇÃO – a única forma do autor da herança, por ato de vontade, excluir da sua
sucessão um herdeiro necessário. É exclusivo da sucessão testamentária.
Priva apenas da legítima, porque a deserdação só faz sentido para privar da legítima.
As causas de indignidade podem ser anteriores ou posteriores à abertura da sucessão. Já
a deserdação apenas pode se fundar em causas anteriores à abertura da sucessão.
Somente o autor da herança tem legitimidade para deserdar.
Hipóteses de deserdação:
Quanto aos descendentes, é mais complicado, porque se teme que haja, na prática,
ofensa ao princípio da igualdade.
Substituição pupilar e quase pupilar – instituição contida nas Ordenações Filipinas, que
não foram adotadas pelo Código Civil – os pais/curadores podem fazer o testamento
pelos filhos menores de 16 anos ou os incapazes. A Comissão pensa em propor a
introdução dessa possibilidade na reforma.
Um testamento somente pode ser revogado por outro testamento. Se o testador, após a
elaboração do testamento, tornar-se incapaz (alienação mental), não poderá alterar ou
revogar o testamento. É a única hipótese de irrevogabilidade/inalterabilidade do
testamento.
Somente com expressa declaração da causa é que a deserdação pode ser efetivada em
testamento.
A ação de deserdação é a ação para a prova da justa causa: de que o fato efetivamente
ocorreu e de seu enquadramento nas hipóteses de deserdação autorizada em lei.
Somente algum dos co-herdeiros, depois da abertura da sucessão, dentro do prazo
decadencial de 4 anos, pode ajuizar a ação de deserdação. Sem ela, a deserdação não se
concretiza, ainda que registrada no testamento.
PROF. FABIANA
Sucessão por cabeça: entre os descendentes, os de grau mais próximo excluem os mais
remotos, ressalvado o direito de representação.
Se todos os herdeiros forem do mesmo grau, elimina-se uma linha e todos sucedem por
cabeça. Não tem direito de representação e se torna direito próprio.
A partilha é por cabeça quando todos recebem partes iguais.
Na adoção plena, o filho adotado tem os mesmos direitos que o filho consanguíneo. Na
adoção simples, o filho adotado não tem os mesmos direitos sucessórios. Essa
modalidade de adoção, antigamente, era obrigatória essa modalidade de adoção quando
houvesse filhos consanguíneos. Segundo os valores da época, “não se podia prejudicar
os filhos de verdade”.
Nos anos 70-80, fazia-se o testamento cerrado para contemplar filhos adotivos ou filhos
fora do testamento, que não eram contemplados na época. Nesse tempo, o quinhão do
filho “ilegítimo” era metade do quinhão dos filhos “legítimos”.
José Maria Leone sobre a incorreção da aplicação, pelo STF, acerca da aplicação e
manutenção da norma que autoriza o tratamento diferenciado entre filhos. A tese ao
contrário, fundamenta-se na regra da época, mas que, contudo, não foi recepcionada na
CF/88, porque ofende a isonomia/igualdade.
Ler acórdão STF sobre duas uniões estáveis (uma hetero e outra homoafetiva) e a
divisão de pensão.
O Código Civil admite os efeitos do casamento, havendo boa-fé (p. ex., em caso de
bigamia, quando a segunda esposa estiver de boa-fé). Divergências entre os Ministros
do STF sobre a possibilidade de extensão a união estável em relacionamento
homoafetivo, a respeito do direito à divisão de pensão.
Art. 10 LINDB.
MODOS DE SUCEDER:
Princípio tempus regis actum: o tempo rege o ato.
Mas o lugar também produz impactos: a sucessão tem que ser aberta no lugar do último
domicílio, obedecendo a lei do país.
Se a pessoa tiver domicílio fora do país, mas possuir bens no Brasil, apenas os bens aqui
situados serão inventariados sob a nossa jurisdição.
Aplicação da lei mais benéfica ao herdeiro brasileiro.
Até 1990, eram os estados da federação que ficavam com a herança vacante. Após 1990,
passou a ficar com os municípios.
Ler Leone.
Movimento legislativo dos anos 80 para dignificar o cônjuge, que ficava marginalizado.
Comunhão universal: não há herança, mas meação de tudo (bens particulares e bens
comuns).
P. ex.: patrimônio de 20 milhões = 10 milhões são da sobrevivente. Os outros 10 serão
divididos entre os demais herdeiros, excluindo a cônjuge sobrevivente.
Exceção: cláusula de inalienabilidade (Súmula 49 STF – a cláusula de inalienabilidade
produz incomunicabilidade) – propriedade exclusiva. Neste caso, a cônjuge
sobrevivente não terá direito à meação, concorrendo com os descendentes na partilha
apenas deste imóvel (Luiz Paulo e julgado do STJ).
Art. 544 – doação para cônjuge também é adiantamento de herança.
Não é possível fazer doação entre cônjuges em relação aos bens comuns – art. 499, CC.
É possível compra e venda entre condôminos, mas a meação não é condomínio, pois
ambos têm 100% de propriedade.
Se cônjuge recebe em doação bem particular, precisa colacionar no inventário.
Na doação inoficiosa, o contrato não é nulo. O que é nulo é o excesso. No inventário, o
donatário deve repor o excesso.
Como é nulo, não convalesce com o tempo. Não é decreto de nulidade, é declaração de
nulidade.
Simulação é negócio jurídico nulo.
A concorrência fica restrita aos bens particulares, não atingindo os bens comuns.
Não existe ultratividade do regime de bens. É um efeito do casamento. Com o seu fim,
não há mais efeitos. Não se aplica a norma de regime de bens após a morte.
Separação obrigatória – Não tem herança e, portanto, não tem concorrência com
herdeiros. Mas é possível haver a meação dos bens conjuntos adquiridos no curso do
casamento. Súmula 377 STF, Súmula 655 STJ. Informativo 192 do STJ.
Tem que estar no nome dos dois ou haver prova de colaboração conjunta. Presunção
relativa de incomunicabilidade na separação legal. Apenas na separação convencional é
que a presunção é absoluta.
Doação remuneratória não é contrato gratuito, é contrato oneroso e não é considerado
liberalidade, logo não cai na colação.
Cônjuge sucede por concorrência: ou seja, não partilha nem por cabeça, nem por
representação. Partilha por quota hereditária. E não é da herança toda, mas apenas dos
bens particulares.
Cônjuge não se iguala a quinhão de descendente que participa por estirpe, mas apenas
do quinhão do descendente que partilhar por cabeça, em relação aos bens particulares.
A quota do cônjuge não pode ser inferior a ¼ (25%) dos bens particulares, quando for
ascendente de todos os co-herdeiros.
Filiação híbrida não garante esse direito.
HERANÇA ASCENDENTES
Se houve pai, mãe e cônjuge, cada um recebe 1/3. Se só houver um ascendente vivo e
cônjuge, cada um recebe ½. Se não houver ascendente de primeiro grau, o cônjuge
recebe metade, independentemente de quantos avós/bisavós vivos.
Nosso Código Civil é binário, cistêmico e heteronormativo. Mas a vida é maior do que a
ordem jurídica (Cristiano Chaves).
Enunciado 676 da IX Jornada de Direito Civil - a herança por linha não deve ser
compreendida necessariamente como linha paterna e materna, mas como linhas
ascendentes. Evita-se, com isso, situações como 50% da herança ser direcionada aos
pais homoafetivos e os outros 50% ser direcionada para o Município.
Novas famílias. Enunciado 642 das Jornadas: havendo 2 pais e 1 mãe, por exemplo,
divide-se por igual em quantos preencherem a linha ascendente.
Nesse caso, não dá para aplicar a divisão dos bens, o bem tem que ir ao leilão. Se
houver direito real de habitação, a solução é a extinção de condomínio.
Súmula 377.
Composse: enquanto o novo marido estiver casado com a viúva, ele exerce a composse.
O direito real de habitação não é sucessível, transferível nem alienável, terminando com
o falecimento. Mesmo que haja filhos com o novo marido, com o falecimento da viúva,
os filhos do primeiro marido podem pedir o despejo de ambos, porque a propriedade se
consolida plena.
O Código Civil de 2002 não reproduziu a norma do código anterior que extinguia o
direito real de habitação com novo matrimônio.
Qualquer que seja o regime de bens, há o direito real de habitação.
Sucessões abertas antes do CC/02, não aplica o direito real de habitação, mas o usufruto
vidual – ficar atenta para a data de abertura da sucessão e a legislação aplicável.
Se o imóvel não estiver sendo bem conservado, é possível empregar a norma que
extingue o usufruto por esse fundamento ao direito real de habitação.
Outro ponto importante: o direito real de habitação não atinge, em tese, os bens móveis.
Logo, os bens que guarnecem a residência poderiam, num primeiro momento, serem
retirados pelos herdeiros. Contudo, segundo Leone, não basta a lei não impedir. Aplica-
se a regra da impenhorabilidade do bem de família, relativos à vida digna.
SUCESSÃO DO CÔNJUGE
Separação de fato: o art. 1.830 exige separação de fato de dois anos para extinção do
direito sucessório.
Atenção: há possibilidade de afastar isso quando se demonstrar que a mulher não deu
causa ao rompimento (p. ex. casos de violência doméstica).
Enunciado 525 das Jornadas - Concorrência de herança entre cônjuge separado de fato
que não teve responsabilidade no rompimento e companheiro sobrevivente.
Até o início da união estável, os bens adquiridos onerosamente, vão para a cônjuge.
Direito hereditário da companheira, apenas em relação aos bens onerosamente
adquiridos no curso da união estável.
Os bens adquiridos gratuitamente durante a união estável, vão para a cônjuge. E os bens
adquiridos onerosamente durante a constância da união, serão divididos entre a cônjuge
e a companheira.
Supremacia do casamento em relação à união estável. Esse entendimento foi superado
pelo julgamento do STF e pelo Informativo 622 do STJ.
Atribuir a herança para as duas não é tratar a companheira com dignidade. Julgamento
pelo STF, em 2020.
SUCESSÃO COLATERAL
Não havendo parentes colaterais até o quarto grau, vai para vacância.
Não tem inventário e não tem herdeiro.
Nomeia-se curador. Quando for ultimada a arrecadação, o curador continua
administrando o bem.
Após isso, passa-se à segunda fase do processo, que é a publicação de editais para
convocação de interessados (p. ex., credores para que se habilitem, herdeiros, meeiros).
São publicados no sitio eletrônico do tribunal onde estiver tramitando e no site do CNJ.
Esse edital permanece publicado por 1 mês, com intervalo de 3 meses entre um e outro,
até fechar o período de um ano.
Feito isso, o juiz profere uma sentença de vacância.
Não pode se prolatada essa sentença enquanto houver dúvida (jacência). Se for
prolatada a sentença, sem o respeito ao prazo ou com habilitação pendente, ela será nula
por error in procedendo.
Se o juiz deferir o pedido de habilitação, ocorre a conversão do procedimento de
jurisdição voluntária em jurisdição contenciosa.
Se a sentença transitar em julgado, não tem mais o que fazer. Eventual pedido de
meação, deverá ser feito em reivindicatória (art. 746, § 2.º, CPC). Se for credor, deve
formular pedido junto à Fazenda Pública. Sendo herdeiro, terá que formular petição de
herança, que prescreve, neste caso específico, em cinco anos (art. 1.822, CC),
diferentemente das outras hipóteses, que prescrevem em 10 anos.
Isso acontece porque o réu é a Fazenda Pública.
O prazo para a petição de herança começa a correr da data da abertura da sucessão (art.
1.822).
Ente público não é herdeiro legítimo e não pode ser herdeiro por testamento. É herdeiro
lato sensu, de modo que a propriedade dele só vem com a herança de vacância.
Não pode haver sucessão por representação em sucessão testamentária. Tem que haver a
previsão de substituição vulgar.
PROFESSOR RODRIGO DA CUNHA E PROFESSORA MARIA BERENICE DIAS –
RELAÇÕES AFETIVAS, LIBERDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIZAÇÃO
O Direito de Família está cada vez mais contratualizado. Insere-se na liberdade das
pessoas de contratar em suas relações privadas. Valorização da autonomia privada.
Sujeito de direito enquanto sujeito de “desejo”.
Comunhão plena de vida é uma falácia. Não existe isso, na prática. Apenas ocorre no
útero materno.
O Estado não tem que regular certas coisas em matéria de casamento, como, por
exemplo, a fidelidade. A justificativa é a presunção de paternidade.
Prof. Rodrigo entende que não, que companheiro não deve ser herdeiro necessário,
porque deve haver alguma diferença entre casamento e união estável. Porque, caso
contrário, tudo vira casamento.