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RESUMO
INTRODUÇÃO
Como bem preleciona Simas Filho, o autor da ação – “o filho sem pai” –
busca o reconhecimento de seu STATUS FAMILIAE pelo Juiz, apresentando as
provas que dispõem, reivindicando a produção de outras, no curso do processo. A
sua presença no âmbito social tornou-se mais freqüente com o desenvolvimento
crescente das associações concubinárias. 2
1
MARQUES, Cláudia Lima, Visões sobre o teste de paternidade através do exame do DNA em
Direito Brasileiro – Direito Pós-Moderno à descoberta da origem?, In: Grandes Temas da
Atualidade DNA como meio de prova da filiação. Coord. LEITE, Eduardo de Oliveira. Rio de
Janeiro: Forense, 2002, p.31: “Trata-se de um direito humano de descobrir suas raízes, entender
seus traços (aptidões, doenças, raça, etnia) sócio-culturais, direito de vincular-se (mesmo que só
juridicamente) com alguém que lhe deu a bagagem genético-cultural básica. No Brasil, o direito de
estabelecer a filiação é visto ainda funcionalmente, como um direito objetivo ordinário de bem estar
econômico, é direito de alimentos (e só nesse sentido direito humano de sobrevivência)”.
2
SIMAS FILHO, Fernando. A prova na investigação de paternidade. 5ª ed. Curitiba: Juruá,
1996, p. 15.
Lembramos, então, que a referida simplicidade é na verdade meramente
aparente, pois, a investigação continua e será por um bom tempo no ordenamento
jurídico brasileiro um grande desafio social e científico.
1. PROVA DOCUMENTAL
3
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p. 16.
demonstração da verdade dos fatos relevantes, pertinentes e controvertidos, em
que se fundamenta a ação ou a resposta. Prova não é meio; é resultado".4
2. PROVA TESTEMUNHAL
6
MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. O documento eletrônico como meio de prova.
Disponível em: http://infojur.ccj.ufsc.br/iad/. Acesso em: 24.agosto.2006
7
Disponível em: http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp “Ementa: RECURSO
ESPECIAL. DIREITO DE FAMILIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE ACORDÃO DE
SEGUNDO GRAU QUE AFIRMA A PATERNIDADE EM FACE DE PROVA DOCUMENTAL,
PERICIAL (HLA) E TESTEMUNHAL. INCIDENCIA DO ENUNCIADO N. 7 DA SUMULA/STJ.
RECURSO DESACOLHIDO.
I - INDEMONSTRADOS OS PRESSUPOSTOS ESPECIFICOS DE ADMISSIBILIDADE DO
RECURSO ESPECIAL, NÃO RESTANDO EVIDENCIADAS QUER A AFRONTA A NORMA
FEDERAL INFRACONSTITUCIONAL, QUER A INVOCADA DIVERGENCIA JURISPRUDENCIAL,
NÃO SE CONHECE DO RECURSO.
II - A AFIRMAÇÃO DA PATERNIDADE FEITA PELO ACORDÃO REGIONAL COM BASE NA
ANALISE DO CONJUNTO FATICO DELINEADO PELAS PARTES, REPORTANDO-SE A
ROBUSTEZ DAS PROVAS DOCUMENTAL, PERICIAL E TESTEMUNHAL, NÃO PODE SER
DESCONSTITUIDO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL, MERCE DO VETO CONTIDO NO
ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ, POR DEMANDAR NECESSARIO REEXAME DE FATOS E
PROVAS.”(Resp. n. 90480, T4- Quarta Turma, Superior Tribunal de Justiça, Relator: Sálvio de
Figueiredo Teixeira, Julgado em 22.09.1997) Acesso em: 24.agosto.2006
A prova testemunhal é aquela obtida na produção ou formação do
depoimento colhido da testemunha inquirida. Esta é a pessoa conhecedora dos
fatos, indispensável para a solução de muitas lides. 8
8
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p. 62: “O valor do testemunho como elemento de certeza,
resulta de dois aspectos: o primeiro, a tendência que leva o homem a acreditar naturalmente
naquilo que dizem; e o segundo, a presunção de veracidade da palavra humana, que se embasa
no pressuposto filosófico de que o Homem tem natural tendência para dizer a verdade.”
Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul:
9
Disponível em: http://www.tj.rs.gov.br/site_php/jprud2/ementa.php. Acesso: 29.agosto.2006.
“O perito é qualquer pessoa que, possuindo qualidades
especiais, geralmente de natureza moral, técnica, cientifica ou
artística, supre as insuficiências do julgador, naquilo que se refere
à verificação e apreciação de fatos da causa, que para tanto exijam
tais conhecimentos. O perito auxilia o Juiz, levando-lhe conclusões
a respeito de fatos interessantes ao deslinde da demanda, que o
magistrado por si só, não teria condições de aferir. É um
10
especialista em determinado assunto...!”
10
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p. 65.
especialmente com a revolução causada pelo exame de DNA. Este é um exame
muito especializado, custoso e trabalhoso.
O laudo deverá vir aos autos processuais assinado por dois peritos, para
confirmar o resultado, e se houver divergência entre eles e os assistentes técnicos
cada um deverá apresentar seu laudo. O laudo englobará todos os elementos e
fases da perícia de maneira objetiva, aclarando a questão posta em exame.
11
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p. 78.
Já o exame comparativo das pupilas digitais pretende comparar as
impressões digitais do investigado e investigante, e busca firmar similitudes,
conforme o Sistema de Vucetich. Tais impressões digitais aparecem no sexto mês
de vida intra-uterina, e permanecem imutáveis por toda a vida e persistem após a
morte até a putrefação.
12
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p .83.
13
Ibidem, p. 84.
genética localiza os tipos, sub-tipos, fatores e grupos, nos cromossomos
humanos. Além do soro sangüíneo, os glóbulos vermelhos e brancos possuem na
sua constituição substâncias transmissíveis hereditariamente.
14
ALMEIDA, Maria Christina de. Investigação de Paternidade e DNA: aspectos polêmicos.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 59.
15
SIMAS FILHO Fernando. Op.cit., p. 88: “No Brasil, o sistema ABO, como prova em investigação
de paternidade, foi introduzido pela primeira vez, em 1927, em São Paulo.”
utilização desses sistemas conjuntamente presta-se para apontar a exclusão da
paternidade, mas não para estabelecer a sua correta probabilidade. 16
16
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 60.
17
Ibidem, p. 61.
Uma das descobertas cientificas mais excitantes e revolucionárias ocorreu
com a tipagem do DNA, (DNA fingerprinting ou impressões digitais do DNA),
acarretando em uma evolução incontestável na descoberta do pai biológico. A
utilização deste exame determina a fórmula biológica do indivíduo que é única,
excetuando-se o caso dos gêmeos univitelinos.
Releva notar que o exame do DNA não é realizado mediante uma única
técnica, posto que existem ao menos cinco modalidades. A primeira é a
determinação do DNA por meio de “mini-satélites”, proporções encontradas nos
cromossomos. A confiabilidade desta técnica seja na exclusão ou inclusão da
paternidade é superior a 99,999999999%.18
18
SIMAS FILHO, Fernando.Op.cit., p. 121.
A segunda modalidade é a chamada determinação do DNA através da
PCR, (Polymerase Chain Reaction), reação da cadeia da polimerase. A vantagem
dessa modalidade é a multiplicação em milhões de vezes do material a ser
analisado, por outro lado sua maior desvantagem é a grande possibilidade de
contaminação do DNA.
19
Ibidem, p. 122.
Maria Christina de Almeida, ensina que: “A investigação laboratorial do
teste em DNA para fins da descoberta da paternidade biológica deve conter em si
uma série de medidas para garantir a confiabilidade do exame”.20
20
ALMEIDA, Maria Christina de. Op. cit., p. 65.
21
WELTER, Belmiro, Pedro. Investigação de Paternidade. Porto Alegre: Síntese, 1999, t. I.
p. 245.
Quanto ao tipo de material coletado para o exame os mais usuais são:
sangue; raiz de cabelo; mucosas; saliva; ossos, sêmen; músculos e urina. O
sangue é preferido pela maioria dos laboratórios em função do pequeno grau de
dificuldade da coleta, já os ossos são importantíssimos no que pertine a análise de
cadáveres.
22
WELTER, Belmiro, Pedro. Op.cit., p. 67.
23
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 75.
24
WELTER, Belmiro, Pedro.Op.cit., p. 248: “De nossa parte, concordamos com o último
entendimento, pois não se pode aplicar às demandas que envolvam direitos indisponíveis as
mesmas regras processuais destinadas às demandas que discutem direitos meramente
patrimoniais, devendo-se determinar, de ofício, a produção de todas as provas, documental,
testemunhal, depoimento pessoal e pericial, especialmente o exame genético DNA, em qualquer
momento processual, notadamente em grau recursal”.
4. PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE E CONFLITO COM O PRINCÍPIO DO
CONTRADITÓRIO
25
SILVA, Reinaldo Pereira. O exame de DNA e a sua influência na investigação de paternidade
biológica. Revista dos Tribunais. Rio de Janeiro, n° 90, p.75, jan. 2001.
“Não se pode deixar de canonizar o exame genético em DNA pela
simples possibilidade de ocorrência de eventual vício em sua
realização. É de se indagar: qual prova pode ser contraposta ao
DNA, qual indica a certeza cientifica da paternidade e da
maternidade em 99,9999997%? Respondo nenhuma prova
material (infalibilidade do exame), salvo questão de ordem
processual, como a troca de sangue, a corrupção do médico, a
adoção de método menos eficaz. Mas, aí, estar-se-á adentrando
no terreno movediço do ônus da prova, já que o prejudicado
deverá comprovar a suspeita de vício jurídico na perícia, o que
significa reconhecer que o resultado do exame genético em DNA é
infalível, embora falível possa ser o procedimento de realização
26
dessa prova”. (grifo nosso)
26
WELTER, Belmiro Pedro. Relativização do princípio da dignidade da pessoa humana na
condução coercitiva do investigado na produção do exame genético em DNA. Revista Brasileira de
Direito de Família. Porto Alegre, n°12, p.10, jan-mar, 2002.
27
SILVA, Reinaldo Pereira. Op.cit., p. 73 :”Um dos mais problemáticos aspectos do cálculo
estatístico que envolve o exame de DNA diz respeito ao fato de que a probabilidade de
correspondência entre os três fragmentos genéticos analisados (do filho, da mãe e do suposto pai)
depende da “população referência”. Isso cria dificuldades de vários pontos de vista: 1°) a falta de
dados sobre a “população referência”; 2°) a impossibilidade de estabelecer qual a “população
referência”, especialmente em sociedades multiétinicas.
magistrado imediatamente após o recebimento da peça exordial, como se
inexistissem outros meios probantes.28
28
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 94.
dignidade da pessoa humana, da intimidade e da intangibilidade do corpo
humano. Por conseguinte, instalou-se um conflito entre os Tribunais Superiores.
Dito isso, argüi-se que compete ao operador jurídico optar por um dos
princípios, baseado em critérios hermenêuticos de ponderação e razoabilidade.
Assim, se o investigado confisca a dignidade do investigante, ante sua recusa na
produção do exame genético, ele está diretamente dando causa à denegação da
dignidade de outrem e por isso, a sua dignidade compete ser relativizada em prol
daquela que pretendeu restringir.29
29
WELTER, Belmiro Pedro. Relativização do princípio da dignidade da pessoa humana na
condução coercitiva do investigado na produção do exame genético em DNA. Revista Brasileira de
Direito de Família. Porto Alegre, n°12, p.15-23, jan-mar, 2002.
30
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 131-40.
Sob está ótica, entende-se que a recusa ao exame pode levar a
presunção da paternidade que deverá ser cotejada com as demais provas dos
autos, a fim de conduzir o magistrado à decisão justa. Por fim, salienta-se que
este estudo defende o devido equilíbrio entre a produção, necessidade e
valoração das provas em sede de investigação de paternidade.
31
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 85.
32
SIMAS FILHO, Fernando. Op.cit., p. 131.
Quanto à prova testemunhal, como já descrito no terceiro capítulo deste
trabalho, os depoimentos constituem a descrição viva dos fatos. De suas
declarações emanam importantíssimos elementos de convicção, diretamente
proporcionais à qualidade dos depoentes.33
33
Disponível em: http://www.tj.rs.gov.br/site_php/jprud2/ementa.php. “EMENTA: INVESTIGAÇÃO
DE PATERNIDADE. INVESTIGADO FALECIDO. PROVA PERICIAL E TESTEMUNHAL. EXAME
DE DNA. PROCEDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Considerando que a prova pericial
acusa expressiva probabilidade positiva, não se podendo exigir índice maior porque o teste
genético não contemplou diretamente o investigado, já falecido, e sim seu filho, o que obviamente
reduz o percentual de probabilidade possível, e somada esta ainda à prova testemunhal, que
agasalha razoavelmente os fatos narrados na exordial, mostra-se imperiosa a procedência da
ação. 2. Tratando-se de ação de investigação de paternidade, a verba de honorários deve
remunerar condignamente o labor profissional, atentando-se para o tempo de tramitação do
processo, para o zelo e para a dedicação do advogado. Inteligência do art. 20, §3º, do CPC.
Recurso da autora provido e desprovido o dos réus. (Apelação Cível nº 70015030174, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves,
Julgado em 12/07/2006)” Acesso em 06 de setembro. 2006.
34
SIMAS FILHO, Fernando.Op.cit., p. 132.
35
Ibidem, p. 132.
Maria Christina de Almeida faz inquietante colocação:
Não resta dúvida acerca da precisão dos exames no DNA, contudo não se
pode fechar os olhos a realidade brasileira que em função da morosidade
legislativa no que pertine ao regramento dos exames, acaba arranhando a
confiabilidade nos mesmos e afastando da apreciação responsável das provas o
absolutismo da prova pericial.
41
Disponível em: http://www.stj.gov.br/SCON/infojur/doc.jsp?livre=@cod=0275. Acesso em: 07.
setembro. 2006.
convencimento viabilizador da tarefa de dizer o direito. A missão do julgador
consiste em achar a verdade e para tal depende das provas constantes dos autos.
42
CARNELUTTI, Francesco. Apud ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 86.
43
ALMEIDA, Maria Christina de. Op.cit., p. 89.
Logo, essa observação não se presta a uma crítica ao trabalho dos
magistrados na ponderação das provas que compõe o livre convencimento, ao
contrário pretende-se fazer um alerta acerca da grande responsabilidade da
magistratura. Entende-se que a total neutralidade é inexistente, contudo os
elementos motivadores do convencimento do julgador devem ser ao máximo
possível explanados com lógica, emergindo das provas do processo.
CONCLUSÃO
BRASIL. Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos
do Brasil.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol.6, 27ª ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2002.