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Discentes: Eliel Nunes da Silva e Mª Flávia Cerqueira

Teoria Geral do Direito Civil I – Profa. A Dra. Roxana C. B. Borges

Direitos de personalidade em espécie

1 Pode o Judiciário autorizar a realização de exame de DNA a partir de amostra da


placenta de detenta, a fim de determinar a paternidade do recém-nascido, contra o
consentimento desta? Fundamente.
O caso que se adequa a tal questão, é o julgado em que o STF autorizou e determinou(21/2) ao
juízo federal a realização do exame de DNA na placenta da cantora mexicana Glória Trevi,
para que se descubra quem é o pai de seu filho, que nasceu no dia 18/02, e que seria fruto de
um estupro ocorrido nas dependências da Polícia Federal. Para o caso culminar em tal decisão
deve-se considerar que, Gloria Trevi não apresentou queixa-crime; recusou fazer o exame;
generalizou o ocorrido não individualizando quem seria o pai da criança, pondo a honra de
mais de 60 policiais em risco. Nesse sentido, os ministros entenderam que os interesses
pessoais dos policiais suspeitos do crime de estupro se sobrepõem ao de Glória Trevi. Isso
porque os policiais não se recusaram a fazer o exame sanguíneo para solucionar a dúvida sobre
a paternidade do bebê que ela carregava, atitude que não foi seguida por Glória Trevi que,
como destacou o ministro relator Néri da Silveira, “em nenhum momento contribuiu para a
elucidação dos fatos, nem livrou que as imagens dos policiais e da Polícia federal fossem
maculadas”.

2 Uma atriz, tendo atuado em matéria publicitária de remédio, reclama indenização


por danos morais e materiais pelo fato de o produto divulgado ter sido posto em
circulação com defeito, o que teria afetado sua imagem. Tem ela direito à indenização?

Um pedido de indenização como este, foi feito pela atriz Maitê Proença. A ministra que
pediu vista do processo, não concedeu o pedido. Baseada em três argumentos para
fundamentar seu voto. o primeiro diz que não cabia dano moral à pessoa Maitê Proença, mas
como dano à honra profissional. desse modo, "A campanha não apresentava a atriz como
especialista e sim como leiga. Portanto não vinculava sua profissão ao produto. Tampouco
ela estimulava o consumo do medicamento, apenas apresentava a nova embalagem do
produto", registrou a ministra. O segundo vem do fato de Maitê afirmar que houve prejuízos
em sua carreira, mas não foi apresentada nenhuma prova, o que não caracterizou o dano. Em
terceiro, "Isso ocorreu num lote apenas. Segundo a norma NBR 5426, de janeiro de 1985, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), há uma tolerância de 0,001% para
falhas na produção de remédios", concluiu a ministra.

3 O transexual que alterou o aspecto físico do seu sexo tem direito de alterar seu nome?
Se sim, a alteração deve ser pública? Deve haver ressalva sobre a operação?

No Brasil, até março de 2018, só conseguiam adequar seus nomes civis à sua expressão de
gênero após a cirurgia de transgenitalização e, ainda assim, por meio de uma decisão judicial.
No entanto, em 01 de março de 2018, em julgamento da ADI (Ação Direta de
Inconstitucionalidade) 4.275 e do RE (Recurso Extraordinário) 670.422 a questão foi
definida, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar a pessoa trans a
mudar de nome sem cirurgia ou decisão judicial. Embora o STF ainda não tenha feito a
modulação dos efeitos da decisão, não se sabendo ainda o início da aplicação da decisão nos
cartórios, com a referida, a pessoa trans poderá se dirigir diretamente a um cartório para
solicitar a mudança e não precisará comprovar sua identidade psicossocial, que deverá ser
atestada por autodeclaração.

4 Se um marido, suspeitando-se traído pela esposa, intercepta as ligações telefônicas


originadas ou recebidas através de linha telefônica de sua residência, podem as
informações assim obtidas ser utilizadas como prova? Fundamente.

Na CF do Brasil, em seu artigo 5º, inciso XII, “é inviolável o sigilo da correspondência e


das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal”. Embora, haja nas ligações indícios
que comprovem o fato, as interceptações não podem ser utilizadas como provas por se
tratarem de um ato ilegal, quando cometido sem mandado judicial.

5 Se o marido traído descobre, pela interceptação, que a esposa sedava os filhos do casal
para ficar com o amante, estas informações assim obtidas podem ser utilizadas como
prova?

Caso não tenha autorização judicial para interceptar, a prova é anulável.

6 Pode o empregador fiscalizar o empregado através de câmaras de filmagem ocultas?


A intimidade e a privacidade são direitos garantidos na constituição federal(art. 5º, X, CF) ,
mesmo assim muitos empresários preferem desafiar este princípio constitucional “alegando
segurança da empre”. A doutrina e a Jurisprudência pátrias admitem o monitoramento dos
empregados pelo empregador, desde que não seja em ambientes nos quais ficariam manifestas
a violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem dos trabalhadores, a exemplo
de monitoramento de refeitórios, cantinas, salas de café e banheiros.
O empregador pode utilizar sistemas de monitoramento para vigiar os locais de trabalho, com
exceção de banheiros e refeitórios, desde que o trabalhador esteja consciente da medida.

7 Se uma pessoa, por ocasião de seu nascimento, for registrada como Sandra, mas for
criada e reconhecida como Fátima, pode haver alteração do prenome?

Sim, o artigo 58º do código civil permite a substituição de apelidos notórios ao nome, como
exemplo de pessoa que fez a inclusão, a atriz e apresentadora Xuxa.

8 A veiculação de imagem de modelo, após a vigência do contrato, gera dano moral ou


material ou ambos?

Desde que sem ser feita de forma vexatória, ridícula ou ofensiva a honra da pessoa,
configura-se como apenas dano material.,

9 A veiculação de imagem de modelo, após a vigência do contrato, sem que tenha havido
constrangimento ou vexame, gera dano moral?

O uso de imagem para fins publicitários, sem autorização, pode caracterizar dano moral se a
exposição é feita de forma vexatória, ridícula ou ofensiva ao decoro da pessoa retratada. A
publicação das fotografias depois do prazo contratado e a vinculação em encartes publicitários
e em revistas estrangeiras sem autorização não enseja danos morais, mas apenas danos
materiais.

10 Pode haver presunção de dano moral? Admite prova em contrário?


Diz a doutrina e confirma a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que a
responsabilização civil exige a existência do dano. Doutrinadores têm defendido que o
prejuízo moral que alguém diz ter sofrido é provado in re ipsa (pela força dos próprios fatos).
O próprio fato já configura o dano.STJ define em quais situações o dano moral pode ser
presumido.
Uma das hipóteses é o dano provocado pela inserção de nome de forma indevida em cadastro
de inadimplentes.No STJ, é consolidado o entendimento de que a própria inclusão ou
manutenção equivocada configura o dano moral in re ipsa , ou seja, dano vinculado à própria
existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos (Ag 1.379.761).
Outro tipo de dano moral presumido é aquele que decorre de atrasos de voos, o chamado
overbooking . A responsabilidade é do causador, pelo desconforto, aflição e transtornos
causados ao passageiro que arcou com o pagamentos daquele serviço, prestado de forma
defeituosa.
Alunos que concluíram o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de
Pelotas, e não puderam exercer a profissão por falta de diploma reconhecido pelo Ministério
da Educação, tiveram o dano moral presumido reconhecido pelo STJ (REsp 631.204).
Dano moral objetivo ou presumido (in re ipsa) é aquele em que não há necessidade de provas.

11 Em que consiste o interesse público que permite o balanceamento de direitos de


personalidade quando em colisão com outros interesses?

Existem diversas situações onde somos colocados a decidir o que é mais importante o direito
de determinada pessoa ou o direito de outra, na ciência jurídica as lides envolvendo essas
circunstâncias é sua própria essência. Comuns também são as situações onde se precisa decidir
entre a prevalência de determinado direito fundamental sobre o outro, tendo em vista a
diversidade de direitos fundamentais protegidos pela nossa Constituição.
Objetivando resolver as colisões entre princípios, utiliza-se o método de ponderação entre
princípios constitucionais. Após concluir pela necessidade da ponderação, deve-se buscar no
caso concreto, os limites imanentes dos princípios envolvidos para se ter certeza da existência
real do conflito entre eles. Passada essa etapa realiza-se o sopesamento entre os valores em
questão, solucionando-se o conflito, isso ocorre através da Argumentação Jurídica

12 A pessoa jurídica é titular de direitos de personalidade? Se sim, de quais? Qual é o


fundamento dos direitos de personalidade?
Direitos da personalidade aplicáveis às pessoas jurídicas são: honra, reputação, nome,
marca e símbolos (direito à identidade da pessoa jurídica), propriedade intelectual, ao
segredo e ao sigilo, privacidade, e assim todos que, com o avanço do direito, fizerem-se
necessários à proteção dos desdobramentos e desenvolvimento da "vida" das pessoas
jurídicas.
A pessoa jurídica, em razão de ser detentora de direitos da personalidade é titular do
direito da imagem-atributo, todavia, não da imagem-retrato, uma vez que este se relaciona
com a figura humana.
13 Cabe indenização por dano moral se houver interrupção de serviços telefônicos de
uma empresa?
À luz da jurisprudência dos tribunais de justiça e da legislação a respeito, fica claro que a
indenização por dano moral se houver interrupção de serviços telefônicos é cabível mesmo se
o sujeito tenha agido não culposamente, baseando-se na ideia que o serviço prestado pela
empresa foi defeituoso.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. CABIMENTO.


INTERRUPÇÃO INDEVIDA DOS SERVIÇOS DE TELEFONIA. QUANTUM
ARBITRADO. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE NÃO OBSERVADAS.
MAJORAÇÃO CABÍVEL. É cabível a compensação por danos morais quando ocorrer
interrupção indevida dos serviços de telefonia. Na fixação do valor da compensação,
imprescindível sejam levadas em consideração a proporcionalidade e razoabilidade, devendo
ser majorado o importe da condenação, se fixado valor de pequena monta. Recurso provido.

(TJ-MG - AC: 10011140018059001 MG, Relator: Veiga de Oliveira, Data de Julgamento:


14/03/2016, Data de Publicação: 13/05/2016)

14 Cabe indenização por dano moral se houver publicação errônea de número


de telefone de empresa na lista telefônica?

A perda de possíveis clientes ou negócios, em razão de uma informação errada na publicação


de anúncio na lista telefônica, seria moralmente indenizável se tais erros dissessem respeito à
conduta e imagem do lesado. A confusão quanto ao endereço, telefone, ou qualquer outro dado
que dificulte o acesso do cliente à empresa, deve tão-somente ser discutida em sua abrangência
patrimonial. O adimplemento defeituoso de obrigação assumida em contrato de figuração em
lista telefônica, conhecida como páginas amarelas, consistente na veiculação de telefone
incorreto, gera o dever de indenizar pelos danos patrimoniais ocorridos, todavia, deve a
fixação do valor indenizatório obedecer ao princípio da justa indenização. Havendo vencido e
vencedor em igual proporcionalidade

15 Qual é a abrangência da quebra de sigilo bancário/fiscal?


O Direito de inviolabilidade da intimidade é uma garantia individual fundamental estabelecida
no art. 5º, X, da Constituição Federal de 1988, a saber: “Art. 5º. X – são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Entre as manifestações do direito à
intimidade mencionadas pela professora Ada Pellegrini Grinover, incontestavelmente, está o
sigilo fiscal. O sigilo fiscal pode ser definido como o dever de sigilo do agente público relativo
às informações obtidas no exercício de suas funções de fiscalização.

16 É possível haver afastamento do sigilo fiscal/bancário para fins que não sejam de
investigação criminal ou instrução processual criminal?

O direito ao sigilo fiscal não é absoluto, uma vez que deve ser conciliado com as atribuições
resultantes do dever de fiscalização do Estado, e tão pouco as referidas atribuições do Estado
são absolutas, visto que não podem suprimir o direito ao sigilo. No entanto, “a regra é o
respeito ao sigilo, sendo exceção a sua quebra, em face de circunstâncias que justifiquem a
atribuição de maior peso aos princípios que justificam a fiscalização que aos que protegem a
intimidade do fiscalizado”, segundo Brito Machado. Essa tese, encontra fundamento na
jurisprudência que passou a admitir a quebra do sigilo fiscal em situações excepcionais,
porém, sempre antecedida de autorização por ordem judicial, visto que esta quebra afronta
uma garantia individual fundamental constitucionalmente estabelecida

17 Há distinção entre a) uma pessoa gravar conversa telefônica de que é parte sem o
consentimento da outra e b) um terceiro gravar conversa telefônica de que não faz parte,
sem o consentimento dos demais? Fundamente.
O caso “a” pode ser utilizado como prova, por se tratar de apenas gravação, sendo parte de tal.
No caso “b”, em tese, seja pessoa jurídica ou pessoa física, não possui o direito de gravar,
nesse caso se configura interceptação, conversa de terceiros, salvo com autorização judicial
para interceptar. sem autorização judicial, qualquer crime descoberto não será utilizada como
prova a gravação, com a autorização, haverá validade nas provas.

18 Se a interceptação telefônica tiver sido autorizada para certo fim, pode-se levar em
consideração notícia sobre fato diverso?
No artigo intitulado Natureza jurídica da serendipidade nas interceptações telefônicas, o
professor Luiz Flávio Gomes explica que a Lei 9.296/96 determina que a autorização judicial
de escuta deve trazer a descrição clara da situação objeto da investigação e a indicação e
qualificação dos investigados.
Ocorre que, no curso de alguma interceptação ou no cumprimento de um mandado de busca e
apreensão, podem surgir informações sobre outros fatos penalmente relevantes, nem sempre
relacionados com a situação que estava sendo investigada, e que, como consequência,
envolvem outras pessoas.
De início, tanto o STJ quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceram a orientação
de que, se o fato objeto do encontro fortuito tem conexão com o fato investigado, é válida a
interceptação telefônica como meio de prova.

19 Se uma empresa jornalística tiver acesso a conteúdo de conversa telefônica que


revela importantes informações sobre personalidade política (uma das partes na
conversa), interceptada por terceiro, em época de campanha eleitoral, pode publicá-la?

É uma violação do direito autoral da imagem retratada. O direito de imagem é assegurado


pela Constituição Federal que prevê sua inviolabilidade e o direito a indenização por
qualquer dano gerado, material ou moral. É este direito que garante que ninguém possa usar
sua imagem sem a sua autorização.

20 Há fundamento para a distinção de tratamento entre interceptação telefônica e


gravação ambiental?

Interceptação, escuta e gravação ambiental têm praticamente os mesmos conceitos já expostos,


com a peculiaridade de se referirem a conversa não telefônica (conversa pessoal). Desse modo,
interceptação ambiental é a realizada por terceiro, sem o conhecimento dos comunicadores;
escuta ambiental realiza-se quando a captação da conversa não telefônica é feita por terceiro,
com o conhecimento de um dos comunicadores e, por último, a gravação ambiental ocorre
quando a captação da conversa telefônica é efetuada por um dos comunicadores (SANTOS,
2007).

21 Há privacidade em espaço público?


Privacidade e intimidade são pressupostos para o exercício de direitos de personalidade, como
a imagem e honra. Nos dias de hoje, o estudo do direito à privacidade não pode ignorar todas
tecnologias, segundo o jornal Correios, Marcos Vinicius de Jesus Neri, 19 anos, foi preso em
2019, depois de ser identificado em uma das câmeras de reconhecimento facial da Secretaria
da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Embora o reconhecimento facial possa ser utilizado
como um aliado para a segurança pública, proteção de dispositivos privados ou mesmo
praticidade nas interações cotidianas, a banalização de sua utilização pode representar grande
risco à privacidade do titular de dados.
O uso de tecnologias de captação da presença pessoal em espaços diversos, nos espaços
públicos, de tradicional exposição e visibilidade pessoal, existe proteção à privacidade ao
indivíduo, de não ter sua presença captada, registrada e reproduzida. Em outras palavras, o
indivíduo tem direito à “invisibilidade” nos espaços públicos, para pô-lo a salvo de toda e
qualquer intromissão alheia.

22 Pessoas famosas têm direito à privacidade?


O direito à informação está diretamente ligado ao conceito de cidadania. Toda pessoa
tem direito à informação, conforme o conceito de liberdade plena afirmado pela
Constituição Federal de 1988, assegurando-se aos cidadãos o conhecimento de atos, de
acontecimentos, de situações de interesse geral e particular.
A vida das pessoas compreende dois aspectos: um voltado para o exterior e outro para o
interior. A vida exterior envolve a pessoa nas relações sociais e nas atividades públicas,
podendo ser objeto de pesquisas e divulgações de terceiros, vez que é pública. A vida
interior, que se debruça sobre a mesma pessoa, sobre os membros de sua família, sobre
seus amigos, é a que integra o conceito de vida privada, inviolável nos termos da
Constituição.
Qualquer pessoa famosa tem o direito à privacidade, de forma que sua intimidade e vida
privada não possam ser devassadas pelos órgãos da imprensa. Por exemplo, mesmo para
um notório político, sua família, sua vida familiar, seus hábitos íntimos, seu cotidiano
dentro de casa, não podem ser divulgados. O que pode ser divulgado é a parte de sua
vida de domínio público, como as atividades políticas, mas não a parte privada,
desconhecida do grande público.

23 Os herdeiros têm legitimidade para pleitear indenização por danos morais sofridos
por pessoa que, no ajuizamento da ação, já é morta?

O dever de indenizar vai além, ele busca a dor experimentada dos familiares, busca o nível
destrutivo que a ofensa causa na honra ou imagem da vítima de modo que excepcionalmente o
dano moral é presumido, ou seja, independe da comprovação do grande abalo psicológico
sofrido pela vítima.Portanto, cabível a indenização por danos morais, e nessa diapasão, a
indenização por dano moral deve representar para a vítima, na representação dos seus
herdeiros, uma satisfação capaz de atender de algum modo o abalo emocional sofrido e de
infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica
evidenciado completo descaso aos transtornos causados.

24 A pretensão de indenização por dano moral tem natureza patrimonial


ou extrapatrimonial?

O dano moral é aquele que não pode ser economicamente medido, já que provoca lesão aos
direitos personalíssimos, que são imateriais. Significa dizer que os danos morais não podem
ser mensuráveis cientificamente e dependem exclusivamente do arbitramento do juiz,
quando da liquidação.“Parece mais razoável caracterizar o dano moral pelos seus próprios
elementos; portanto, como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor
precípuo na vida do ser humano e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade
individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados
afetos; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral
(honra, reputação etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza,
saudade etc.); dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz
deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”. (CAHALI, 2005, p. 22).

25 Os herdeiros têm legitimidade para pleitear indenização por danos morais e


materiais contra a imagem, honra, privacidade ou nome de pessoa que, no momento do
uso indevido (violação), já é morta?

Ainda que o direito moral seja personalíssimo e por isso intransmissível , o direito de ação
para buscar a indenização pela violação moral transmite-se com o falecimento do titular do
direito. Portanto os seus herdeiros têm legitimidade ativa para buscar a reparação.

26 A imagem de uma pessoa morta pode ser utilizada para fins comerciais? É necessária
a autorização dos herdeiros? Se sim, até quando a imagem de uma pessoa morta não
pode ser utilizada para fins comerciais sem autorização dos sucessores? A foto cai em
domínio público? A imagem cai em domínio público?

No artigo 12, parágrafo único do Código Civil, o morto poderá sofrer violação aos direitos
inerentes à sua personalidade - direito à honra, à privacidade, à imagem. Nesse sentido, a lei
civil também afirma no art. 20. “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.”

Para os ministros do colegiado, em se tratando de pessoa morta, os herdeiros indicados e o


cônjuge sobrevivente são legitimados para buscar o ressarcimento decorrente de lesão. “Desta
forma, inexistindo autorização dos familiares para a publicação de imagem-retrato de parente
falecido, certa é a violação ao direito de personalidade do morto, gerando reparação civil”,
decidiram. A obra de autores e músicos caem em domínio público após 70 anos depois que
morre a pessoa. Nesse caso, foto e imagem não tem previsão legal para cair em domínio
público, pois é apenas para obras.

27 Se uma empresa, atualmente, utilizar uma foto de Lampião e Maria Bonita


numa campanha publicitária, pode sua herdeira pleitear indenização?
Fundamente.

Com base no Capítulo II do Código Civil, em seu artigo 20, Parágrafo único. Em se
tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Portanto, cabível a indenização por danos morais, e nessa diapasão, a indenização por
dano moral deve representar para a vítima, na representação dos seus herdeiros, uma
satisfação capaz de atender de algum modo o abalo emocional sofrido e de infligir ao
causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado
completo descaso aos transtornos causados.

28 O empregador pode utilizar foto de empregado para fins comerciais sem


consentimento deste?

É um dos direitos da personalidade dos quais todos os seres humanos gozam facultando-lhes
o controle do uso de sua imagem, seja a representação fiel de seus aspectos físicos (fotografia,
retratos, pinturas, gravuras etc.), como o usufruto representação de sua aparência individual e
distinguível, concreta ou abstrata.
O direito de imagem é o direito assegurado a toda pessoa de ter sua imagem resguardada para
que se preserve a respeitabilidade e boa-fama, atrelando-se a questões como a honra do sujeito.
Assim, para a utilização de fotos ou imagens do empregado, o empregador deve, previamente,
obter autorização expressa daquele, sob pena dessa indesejável exposição pública violar seu
direito de imagem, sua honra, sua privacidade e intimidade, assegurados no artigo 5º, V e X,
da Constituição Federal de 1988.
Além da violação de cunho moral, a exposição indevida do funcionário poderá violar conteúdo
patrimonial. Seja porque houve enriquecimento ilícito por parte da empresa que, sozinha,
aproveitou-se economicamente das imagens divulgadas, seja porque, quando submetido à
divulgação publicitária, o trabalhador exerce função diversa daquela para a qual foi contratado.

29 Se um fotógrafo quiser exibir um retrato feito por si sobre a imagem de outra pessoa
e esta pessoa retratada não autorizar a exibição da imagem, o que deve prevalecer?

A disciplina de direitos morais do autor ou titular do direito encontra-se situada nos


denominados direitos de personalidade.
Sobre o direito de imagem, a Constituição prevê que é crime e o código civil afirma que cabe
indenização a exposição indevida, ou seja, sem autorização da pessoa. Para isto não necessita
a imagem violar a intimidade ou honra da pessoa, bastando que seja publicada sem
autorização.
Na jurisprudência, o que é avaliado para fins indenizatórios é a intenção do violador no
momento do ato: 1) explorar economicamente a vítima, titular do direito de imagem, e/ou; 2)
denegrir sua imagem.
Esses, são os requisitos que devem ser perseguidos pelo julgador no momento da análise de
casos envolvendo imagens de indivíduos divulgadas sem autorização.
Todavia, há precedente protegendo a divulgação da fotografia, quando feita sem fins
lucrativos, mesmo sem a devida autorização do autor.
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA DE
DIREITOS AUTORAIS. ESCRITÓRIO CENTRAL DE ARRECADAÇÃO E
DISTRIBUIÇÃO- ECAD. EXECUÇÕES MUSICAIS E SONORIZAÇÕES AMBIENTAIS.
EVENTO REALIZADO EM ESCOLA, SEM FINS LUCRATIVOS, COM ENTRADA
GRATUITA. FESTA TÍPICA POPULAR DE NATUREZA PEDAGÓGICA. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O Tribunal de origem, com base nos elementos fático-
probatórios dos autos, concluiu pelo não cabimento da cobrança de direitos autorais, por parte
da ora recorrida, que promoveu em seu estabelecimento escolar festa junina, com divulgação
da cultura popular brasileira, destinada a confraternização da Instituição, sendo parte do
projeto pedagógico, sem intuito lucrativo. 2. Agravo regimental não provido.

(STJ - AgRg no AREsp: 725233 SP 2015/0136036-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, Data de Julgamento: 25/08/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 02/09/2015)”

Conclui-se, portanto, que não havendo fins lucrativos, a divulgação do retrato não irá ferir os
direitos morais do autor da obra, visto que, não há intenção de denegrir sua imagem ou a
exploração economicamente de seu retrato.

30 É possível registrar pessoa com nome estrangeiro?


Segundo o Parágrafo único do art. 55 da lei de registros públicos “Os oficiais do registro civil
não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais
não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente
da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz competente.”
Aos pais que escolherem dar ao seu filho um nome estrangeiro que ainda não seja comum no
Brasil, recomenda-se que levem provas da existência do nome, como enciclopédias, livros ou
outra fonte disponível. É uma forma de tentar evitar que um ato simples acabe se prolongando
e necessitando de parecer judicial.
Contudo, se ainda assim o nome for constrangedor para o indivíduo, este poderá alterar seu
nome durante o prazo de um ano após ter atingido a maioridade civil. Depois desse prazo
poderá fazê-lo apenas após audiência do Ministério Público, necessitando de parecer judicial
para que a modificação no registro possa ser efetivada.

31 É lícita a exclusão de concurso público de candidato tatuado?


Conforme o entendimento do Recurso Extraordinário (RE) 898450, em 17 de agosto de 2016,,
em que um candidato a soldado da Polícia Militar de São Paulo foi eliminado por ter tatuagem
na perna, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional a proibição de
tatuagens a candidatos a cargo público estabelecida em leis e editais de concurso público.
O relator do RE, ministro Luiz Fux, observou que a criação de barreiras arbitrárias para
impedir o acesso de candidatos a cargos públicos fere os princípios constitucionais da
isonomia e da razoabilidade. Em seu entendimento, qualquer obstáculo ao acesso a cargo
público deve estar relacionado unicamente ao exercício das funções como, por exemplo, idade
ou altura que impossibilitem o exercício de funções específicas. Salientou que a jurisprudência
do STF prevê que o limite de idade previsto em lei é constitucional, desde que justificável em
relação à natureza das atribuições do cargo a ser exercido. À vista disso, é notório perceber que
a exclusão de concurso público de candidato tatuado é ilícita dado que a tatuagem representa
uma forma de manifestação do indivíduo e seus direitos de personalidade, desde que a
tatuagem não represente ofensa direta a grupos ou princípios e valores éticos.

32 Se, numa separação litigiosa ou num divórcio, a mulher for considerada culpada e
quiser continuar a usar o sobrenome do marido, tem direito?
O nome é um dos principais identificadores do sujeito e constitui, por isso mesmo, um dos
direitos essenciais da personalidade. A adoção do sobrenome do marido pela mulher
sempre foi uma tradição entre nós.Com a dissolução do casamento ou da união estável,
tem-se, como um dos primeiros efeitos pessoais do divórcio ou do fim da convivência, a
possibilidade de os ex-cônjuges ou ex-companheiros retomarem o uso dos nomes que
usavam antes da relação conjugal ou convivencial.Na separação judicial, a manutenção ou
perda do nome estava relacionada à discussão da culpa, e a perda do nome somente teria
lugar se vencida a mulher naquela ação.Com o código de 2002, a regra foi invertida. O
parágrafo 2º do artigo 1.571 permitiu, expressamente, a manutenção do nome de casado,
pelo cônjuge divorciado, em tutela do seu direito ao nome (direito da personalidade), seja
pelo divórcio direto, seja pelo divórcio-conversão, em inexistindo renúncia a esse direito,
salvo no caso da perda determinada por sentença judicial em face dessa última espécie de
divórcio, regulada na forma do artigo 1.578.
Esse dispositivo estabeleceu a perda condicionada do direito de uso do sobrenome pelo
cônjuge declarado culpado mediante critérios objetivamente considerados a contrario
sensu, a partir do elemento volitivo do cônjuge inocente que haveria de, expressamente,
requerer a não conservação, pelo ex-consorte, daquele direito.
A mudança de nome deve ser feita nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei de Registros
Públicos.
Portanto, adquirido o sobrenome pelo casamento e incorporado este aos caracteres
identificadores do cônjuge na sociedade, somente a renúncia pelo que agregou o
sobrenome possibilitará a alteração do registro civil e o retorno ao nome de solteiro.
Irrelevante a perquirição de culpa.

33 Há relação entre direito à imagem e direito de arena?


O direito de imagem e o direito de arena dizem respeito ao mesmo bem jurídico – a imagem. O
direito de imagem, é um direito de todo cidadão, a imagem de uma pessoa não pode ser
divulgada sem sua autorização expressa. O direito de arena por sua vez, se refere à transmissão
da imagem de quem participa de um espetáculo.
A principal diferença diz respeito à sua titularidade: enquanto o direito de imagem é
personalíssimo e negociado por um atleta, o direito de arena pertence ao clube que negocia
livremente a transmissão do espetáculo.
Após 2011, com as alterações introduzidas na Lei Pelé (Lei 9615/1998), os dois direitos
passaram a ter natureza jurídica civil. Até então, entendia-se que o direito de arena tinha
natureza trabalhista e integravam a remuneração ou o salário do jogador.
Quando se trata de comerciais, a regra é clara: se o comercial envolver a camisa da
agremiação, vale o que foi acertado entre atleta e agremiação. Se ele estiver apenas
emprestando sua imagem, não é obrigado a dar nenhuma participação ao clube.

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