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09/04/2015

Unidade: 02 - Unidade: Filiação/ Poder Familiar / Guarda /


Visitas (Direito Material): Direito de Filiação. Presunções.
Titular do poder familiar; Natureza jurídica; limites; conteúdo; o
poder familiar quanto à pessoa dos filhos; o poder familiar
quanto aos bens dos filhos; suspensão e destituição do poder
familiar; extinção do poder familiar. Lei da Palmada. Novo
regime de Guarda (Lei 13.058/14); visitas: direito ou dever.
Aspectos da Lei nº 12.962/14. Síndrome de Alienação Parental.
Abandono afetivo.

Direito de Filiação

 Segundo o saudoso Prof. Silvio Rodrigues:

“Filiação é a relação de parentesco consangüíneo,


em primeiro grau e em linha reta, que liga uma
pessoa aquela que a geraram, ou a receberam
como se as tivessem gerado.”
Na atual legislação além de não haver mais diferenças entre os
filhos fora acrescentado as hipóteses oriundas de TRA.
Falta ainda acrescer a parentalidade socioafetiva

 Art. 1.597 CC. Presumem-se concebidos na constância do


casamento os filhos:
 I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de  Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de
estabelecida a convivência conjugal;
 II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da decorrido o prazo previsto no inciso II do art.
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer
anulação do casamento;
 III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que algum filho, este se presume do primeiro marido,
falecido o marido;
 IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões se nascido dentro dos trezentos dias a contar da
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; data do falecimento deste e, do segundo, se o
 V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha
prévia autorização do marido. nascimento ocorrer após esse período e já
decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art.
Obs.: Presunção é JURIS TANTUM (admite prova em contrário) 1597.

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 Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a


 Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da paternidade.
concepção, ilide a presunção da paternidade.  Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de
nascimento registrada no Registro Civil.
 Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que
 Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado,
resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro
para ilidir a presunção legal da paternidade. ou falsidade do registro.
 Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,
 Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível
filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. em direito:
 Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante  I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente
têm direito de prosseguir na ação. dos pais, conjunta ou separadamente;
 II - quando existirem veementes presunções resultantes de
fatos já certos.

Hoje, com a possibilidade científica de


 Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao
cessão de útero, criopreservação, implante
filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele
e doação de gametas, e, despontando o
morrer menor ou incapaz.
domínio da técnica de clonagem humana, o
princípio mater semper certa est encontra-
 Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os se fortemente abalado, isto porque, nem
herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado mesmo a mãe é mais sempre certa.
extinto o processo.

 POSSE DE ESTADO DE FILHO

José Bernardo Ramos Boeira (1999; p.54):  POSSE DE ESTADO DE FILHO


(...) “A posse do estado de filho revela a constância social da relação entre pais
e filhos, caracterizando uma paternidade que existe, não pelo simples fato
biológico ou por força de presunção legal, mas em decorrência de elementos Dignidade da Pessoa Humana +
que somente estão presentes, frutos de uma convivência afetiva”. Prevalência dos Interesses do Menor
===============================
Zeno Veloso (1997; p.28), questiona: PARENTALIDADE SOCIOAFETIVA
Se o genitor, além de um comportamento notório e contínuo, confessa,
reiteradamente, que é o pai daquela criança, propaga este fato no meio em que
vive, qual a razão moral e jurídica para impedir que esse filho, não tendo sido
registrado como tal, reivindique, judicialmente, a determinação de seu estado?

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 Parentalidade Sócioafetiva
III Jornada do Conselho da Justiça Federal
Profa. Maria Berenice Dias (2001, p. 50) Enunciado nº 256 – Art. 1.593:
 "A nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto
pode deixar de conferir o status de família, merecedora da A posse do estado de filho (parentalidade
proteção do Estado, pois a Constituição Federal, no inciso socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil.
III do art. 1º, consagra, em norma pétrea, o respeito à
dignidade da pessoa humana".

Existem decisões em nossos Tribunais que revelam um novo tratamento para a


filiação, valorizando a verdade sócio-afetiva até mais do que a verdade biológica,
Com a presunção pater is est quem justae nuptiae como na Apelação Cível n° 70002016038, da 8ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça
demonstrant trazida pelo Código Civil de 1916, a do Rio Grande do Sul, que teve como Relator o Desembargador Rui Portanova.
Julgado em 08/03/2001:
jurisprudência não permitia que o filho adulterino
Ação para Anular Registro de Nascimento. Legitimidade ativa. Verdade formal,
ou um terceiro ajuizassem ação de investigação de verdade material e verdade sócio-Afetiva. Gratuidade judiciária e execução da
paternidade, que era feita com base no liame sucumbência. O filho do de cujus tem legitimidade para anular registro de
nascimento feito por seu pai, o qual entende falso. O de cujus teve muito tempo para
jurídico, contudo hoje se firmou o entendimento de renegar a sua paternidade. Tinha muitos meios de prova que não era pai. Contudo,
que a filiação sócio-afetiva prevalece sobre a preferiu viver como verdadeiro pai. Assumiu e se responsabilizou, sem ligar para o
que a ciência genética poderia dizer. Um registro de nascimento deve atentar mais
inexistência de vínculo biológico. para a verdade sócio-afetiva do que para a verdade biológica. A execução da
sucumbência, havendo o benefício da gratuidade judiciária, deve ficar suspensa.
Rejeitadas as preliminares, deram provimento ao apelo [07]. (grifo nosso).

NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. ANULAÇÃO DE REGISTRO.


IMPOSSIBILIDADE. CARCTERIZAÇÃO DA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA.
Se comprovada a filiação socioafetiva, a despeito da inexistência do
vínculo biológico, PREVALECE A PRIMEIRA EM RELAÇÃO À
SEGUNDA. O ato de reconhecimento de filho é irrevogável, e a anulação
do registro depende da plena demonstração de algum vício do ato
jurídico, inexistente no caso concreto. REJEITADA A PRELIMINAR, E
NEGADO PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. Apelação Cível Nº
70014859938, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Vide
Maria Berenice Dias, Julgado em 13/09/2006 CC: arts. 1607 a 1617;
Lei nº 8560/92 e Lei nº 12.004/09

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Regula a investigação de paternidade dos


filhos havidos fora do casamento e dá
outras providências.
Art. 1° O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será Art. 2o A Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992,
feito:
I - no registro de nascimento; passa a vigorar acrescida do seguinte art. 2o-A:
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
“Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade,
IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento todos os meios legais, bem como os moralmente
não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Vide também CC: legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e
será feito:
fatos.
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento
não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. exame de código genético - DNA gerará a presunção
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser
posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito contexto probatório.”
em testamento.

Art. 4° O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu


consentimento.
(Art. 1.614 CC: O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor
pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação.)

Art. 6° Das certidões de nascimento não constarão indícios


de a concepção haver sido decorrente de relação
extraconjugal.

Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se


reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles
necessite.

 Evolução do Instituto “São direitos do pai sobre a pessoa do filho-famílias:


1º, dirigir a sua educação; 2º, tê-lo em sua companhia, e
guarda; 3º, conceder ou negar consentimento para o seu
“na versão originária do CC 16 cabia ao marido, consórcio, direito este que é compartilhado pela mãe
como chefe da sociedade conjugal, exercer o ainda durante a constância do casamento; 4º, nomear-
pátrio poder sobre os filhos menores, e somente lhe tutor em testamento ou documento autêntico,
quando não lhe sobreviver o outro cônjuge; 5º,
na sua falta ou impedimento tal incumbência representá-lo nos atos da vida civil e nas queixas contra
passava a ser atribuída a mulher, nos casos em que crimes que sobre ele recaiam; 6º, reclamá-lo de quem
ela exercia a chefia da sociedade conjugal” injustamente o detenha; 7º, exigir que lhe preste
Arnold Wald obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição.”

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Art. 32. Suspende-se o pátrio poder ao pai ou à mãe:


I – Condenado por sentença irrecorrível ou crime cuja pena
exceda de dois anos de prisão, salvo o disposto em seguida
quanto à perda desse poder.
Art. 392. Termina o pátrio poder: II – Que deixar o filho em estado habitual de vadiagem,
mendicidade, libertinagem, criminalidade; ou tiver excitado,
 I - Pela morte do pai e da mãe; favorecido, produzido o estado em que se achar o filho ou, de
 II - Quando o marido se acha em lugar remoto, ou não sabido, qualquer modo, tiver concorrido para a perversão deste, ou para
tornar alcoólico.
e quando sofre interdição, a mulher assume a direção do lar e IV – Que o empregar em ocupações proibidas, ou
da família manifestadamente contrarias à moral e aos bons costumes, ou
que lhe ponha em risco a saúde, a vida, à moralidade.
V – Que por abuso de autoridade, negligência, incapacidade,
impossibilidade de exercer o seu poder, faltar, habitualmente, ao
cumprimento os deveres paternos.

 Lei nº. 4121 de 27/08/62 (Estatuto da Mulher


casada) emancipou a mulher alterando o vestuto
artigo 380 reconhecendo, pois a igualdade entre “Parágrafo único. Divergindo os progenitores
os cônjuges. quanto ao exercício do pátrio poder, prevalecerá a
decisão do pai, ressalvado à mãe o direito de
 Nova redação do artigo 380 cc16: recorrer ao juiz para solução da divergência.”

“durante o casamento, compete o pátrio poder aos  Pela atual constituição não existe mais distinção de
pais, exercendo-o o marido com colaboração da tratamento entre os cônjuges cabendo aos dois
mulher. Na falta ou impedimento de um dos igualitariamente exercer o poder familiar, cabendo
progenitores passará o outro a exercê-lo com a cada qual guarida junto ao poder judiciário em
exclusividade” caso de divergência.

Estatuto da Criança e do Adolescente

 Art. 21. O poder familiar* será


exercido, em igualdade de condições,
pelo pai e pela mãe, na forma do que
dispuser a legislação civil, assegurado a
qualquer deles o direito de em caso de
discordância, recorrer à autoridade
judiciária competente para a solução da
divergência

 *nova redação dada pela Lei nº. 12.010 de 03/08/09

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 Natureza Jurídica: PROTETIVA!


 Poder Familiar é o conjunto de direitos e
obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor  Conferir maior proteção a criança e ao adolescente,
não emancipado, exercido em igualdade de a ser desempenhada pelos pais, em conjunto, em
condições, por ambos os pais, para que possam virtude da necessidade natural do ser humano, que
desempenhar os encargos que a norma jurídica os até atingir a maioridade não possui condições de
impõe, tendo em vista o interesse e a proteção cuidar de seus interesses, pessoais ou
do filho” patrimoniais.

Art. 19 ECA. Toda criança ou adolescente


tem direito a ser criado e educado no seio É pressuposto exclusivo dos pais
da sua família e, excepcionalmente, em biológicos ou adotivos.
família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas Ou seja, Tutor, Padrasto, Madrasta não
dependentes de substâncias possuem Poder Familiar.
entorpecentes.

Múnus público
 Hipóteses de exercício simultâneo:

Irrenunciável
- Filhos menores (art. 1630 cc)
- Pais vivos e capazes e unidos por vínculo
Inalienável matrimonial/ UE (art. 1631 cc) ou
separados/divorciados (1632 cc);
Imprescritível - Reconhecimento da filiação ou adoção por ambos

Incompatível com tutela Discordância: Submissão ao Poder Judiciário

Vínculo de autoridade

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 Hipóteses de exercício EXCLUSIVO:

- Filho não reconhecido (1.633 CC)


- Adoção por apenas um dos cônjuges;

- Hipótese de suspensão, perda ou destituição do p.


familiar;
- Falecimento;

- Impossibilidade de manifestação de vontade por


um dos pais;
- Interdição, etc

Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua


situação conjugal, o pleno exercício do poder
familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

I - dirigir-lhes a criação e educação;


II - - exercer a guarda unilateral ou compartilhada
nos termos do art. 1.584;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento
para casarem;

IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao


exterior;
- Administração dos bens dos filhos menores não emancipados
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua
residência permanente para outro Município; (art. 1689, II cc);
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se - Disposição de bens imóveis, somente autorizado pelo juiz (art.
o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder 1691 cc);
exercer o poder familiar; - não tem direito a remuneração;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 - submissão a nulidade dos atos negociais violadores
(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa
idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o eventualmente praticados (art. 1691 cc) ;
consentimento; - usufruto dos bens dos filhos (art. 1689, I cc);
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; - conflitos: nomeação de curador especial - art. 1692 cc;
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços
próprios de sua idade e condição.”

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-art. 5º, incs. III e VIII da Lei Complementar n.º


988/06 que Organiza a Defensoria Pública do
Estado de São Paulo preconiza que são
atribuições Institucionais da Defensoria Pública,
representar em juízo os necessitados, na tutela
Suspensão
Extinção
de seus interesses individuais ou coletivos, no
âmbito civil ou criminal, perante os órgãos
jurisdicionais do Estado e em todas as instâncias,
inclusive os Tribunais Superiores, bem como, Destituição
atuar como curador especial nos casos da lei.

 Privação, via de regra, DEFINITIVA dos poderes e


 Privação temporária de um (ou de alguns) dos relativo a alguns dos filhos.
poderes e relativo a um ou (ou a alguns) dos filhos.  Hipóteses:
 Hipóteses:  - morte dos pais ou do filho;
- Abuso de autoridade;  - emancipação, nos termos do art. 5o, § único;
- Descumprimento dos deveres paternos/ maternos  - maioridade;
- Ruína de bens dos filhos;  - adoção;
- Condenação por sentença irrecorrível, crime 2 anos  - decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
 Legitimados:  Legitimados:
- Progenitor - Progenitor
- Parente - Parente
- Ministério Público - Ministério Público

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar


o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho; (vide CPC, art.
888, V)
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons
costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no
artigo antecedente.

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 Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais


não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.

 Parágrafo único. Não existindo outro motivo que


por si só autorize a decretação da medida, a
criança ou o adolescente será mantido em sua
família de origem, a qual deverá obrigatoriamente
ser incluída em programas oficiais de auxílio.

Avaliamos o todo ou apenas uma parte dela?

NÓS REAGIMOS ÀQUILO QUE


PERCEBEMOS E...

... NOSSAS PERCEPÇÕES NEM


SEMPRE REFLETEM A
REALIDADE OBJETIVA.

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O inteiro é diferente ... ... da soma das partes

O inteiro é diferente da soma das partes

Cena da novela “mulheres apaixonadas” da Rede Globo

Revista Veja, ed 1810 de


09Jul03

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 Art. 4º o direito à vida,


 n. 1. Toda pessoa tem o direito de que se
respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei, em geral, desde o momento
da concepção. Ninguém pode ser privado da
vida arbitrariamente.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de


qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
 É dever da família, da sociedade e do violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
Estado assegurar à criança, ao adolescente qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
e ao jovem, com absoluta prioridade, o fundamentais.
Art.18 É dever de todos velar pela dignidade da criança e
direito à vida, à saúde, à alimentação, à
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
educação, ao lazer, à profissionalização, à desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
cultura, à dignidade, ao respeito, à constrangedor.
Art. 70 É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
liberdade e à convivência familiar e
ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
comunitária, além de colocá-los a salvo de Art. 232 Submeter criança ou adolescente sob sua
toda forma de negligência, discriminação, autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
exploração, violência, crueldade e opressão. constrangimento: Pena-detenção de 6 meses a 2 anos.

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Art. 1º Constitui crime de tortura: ... Nossa legislação, portanto, proíbe e


 II. submeter alguém, sob sua guarda poder ou autoridade, com reprime o castigo físico desde 1988!
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo. Pena- reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
 § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de 1
(um) a 4 (quatro) anos. ...
 § 4º Aumenta-se a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um terço): I- se o
crime é cometido por agente público; II- se o crime é cometido contra
criança, gestante, deficiente e adolescente.

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1 2 Figura 1: Criança colocada em bacia com água fervendo, propositadamente, pela


família como castigo.
Figura 1: Recém nascido esfaqueado pelo pai e abandonado em estação de metrô.
Figura 2: Boca queimada por descarga de fio elétrico pelo próprio pai.
Figura 2: Queimadura por imersão da mão em água fervendo, praticada pela mãe. Fonte: brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2007/09/03/
Fonte: brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2007/09/03/

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1 2 Figura 1: Síndrome da1criança sacudida (Shaken Baby Syndrome), 2 com possibilidades


Figura 1: Queimadura por ferro elétrico causada pelo pai. de hemorragias intra-cranianas.
Figura 2: Puxão dos cabelos, com possibilidade de trauma no couro cabeludo. Figura 2: As queimaduras por utensílios domésticos aquecidos como garfos, facas,
Fonte: brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2007/09/03/ e “Child abuse and exploitation. Investigative Technics”, do U. S. colheres são freqüentes. Na ilustração, queimadura típica por ferro elétrico.
Departament of Justice. Fonte: brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2007/09/03/ e “Child abuse and exploitation. Investigative Technics”, do U. S. Departament of
Justice.

Dados de atendimentos do SUS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação –


SINAN - do Ministério da Saúde

http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/MapaViolencia2012_Criancas_e_Adolescentes.pdf

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Art. 1o A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), passa a vigorar


acrescida dos seguintes arts. 18-A, 18-B e 70-A:
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
da Criança e do Adolescente), para estabelecer o qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
direito da criança e do adolescente de serem educados medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte
em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.”

“Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma
articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso
de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de
educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações:
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e
do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos;
pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel com as entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos
ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer da criança e do adolescente;
outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência
social e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do do adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência
caso: contra a criança e o adolescente;
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência
contra a criança e o adolescente;
família; V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; adolescente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o
objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de
planos de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de
V - advertência. profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de
Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.” atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.”

Art. 2º Os arts. 13 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Art. 3o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
passa a vigorar acrescido do seguinte § 9o:
“Art. 26. .......................................................................................
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o
adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo,
tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a
produção e distribuição de material didático adequado.” (NR)

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Art. 24 ECA. A perda e a suspensão do


poder familiar serão decretadas Art. 22 ECA. Aos pais incumbe o dever de
judicialmente, em procedimento sustento, guarda e educação dos filhos
contraditório, nos casos previstos na menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
legislação civil, bem como na hipótese de destes, a obrigação de cumprir e fazer
descumprimento injustificado dos deveres e cumprir as determinações judiciais.
obrigações a que alude o art. 22.

e a propagação de exageros pelos


inconformados!

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Objetivo: atender criança/adolescente após


separação ou divórcio dos pais; vítima de abandono
ou tenha sofrido abuso dos pais, não importando
prévia suspensão ou destituição do poder familiar

ECA: ECA:
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á  Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
mediante guarda, tutela ou adoção, material, moral e educacional à criança ou
independentemente da situação jurídica da criança adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
ou adolescente, nos termos desta Lei. opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
(Vide Lei nº 12.010, de 2009)

§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente


deverá ser previamente ouvido e a sua opinião  § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de
devidamente considerada. fato, podendo ser deferida, liminar ou
§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o incidentalmente, nos procedimentos de tutela e
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
afetividade, a fim de evitar ou minorar as
conseqüências decorrentes da medida.

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Art. 33 ECA:
 § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora
dos casos de tutela e adoção, para atender a
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos
pais ou responsável, podendo ser deferido o
direito de representação para a prática de atos
determinados.
 § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a
condição de dependente, para todos os fins e
efeitos de direito, inclusive previdenciários.

 Lei nº 11.698/08
 Lei 13.058/14

 Lei nº 13.058/14
Radical: a regra para todos é a compartilhada!
(STJ reconheceu em 2011 que em estado de beligerância pode aplicar
a guarda compartilhada – Resp 1.251.000/MG – 3ª Tu – Min. Nancy A.)
- Guarda Unilateral somente na hipótese de um genitor
renunciar ao seu direito;
- Divisão de tempo igual;
- Regulação de tempo de “convivência”;
- Omissa quanto a multiparentalidade;
- Omissa quanto a pais que residem em domicílios
distintos;
- multa a estabelecimentos que omitirem informações
sobre os filhos
- Alimentos: criou a prestação de contas

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 Art. 1.583 CC. A guarda será UNILATERAL ou  § 2o Na guarda compartilhada, o tempo de


COMPARTILHADA . (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
convívio com os filhos deve ser dividido de forma
 § 1o Compreende-se por guarda unilateral a equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo
atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o em vista as condições fáticas e os interesses dos
substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
compartilhada a responsabilização conjunta e o  § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que base de moradia dos filhos será aquela que melhor
não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de
poder familiar dos filhos comuns. 2014)

Enunciado 102 – Conselho da Justiça Federal


(Obs.: perdeu sua função uma vez que a Lei 13.058/14 revogou o
dispositivo de lei que ele tratava)

Art. 1.584: a expressão “melhores


condições” no exercício da guarda, na
hipótese do art. 1584, significa atender ao
melhor interesse da criança

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:


Art. 1584, § 2o Quando não houver
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer
deles, em ação autônoma, de separação, de divórcio, de acordo entre a mãe e o pai quanto à
dissolução de união estável ou em medida cautelar;
guarda do filho, encontrando-se ambos
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas os genitores aptos a exercer o poder
do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao
convívio deste com o pai e com a mãe. familiar, será aplicada a guarda
§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe compartilhada, salvo se um dos
o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a genitores declarar ao magistrado que
similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as
sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. não deseja a guarda do menor. (Redação
dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

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§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os § 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a
períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele
ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com afetividade.
a mãe.
§ 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a
prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$
de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da
a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. solicitação.” (NR)

POLÊMICA !!!

 Art.1.589 CC. O pai ou a mãe, em cuja guarda


Art. 33 ECA – trata de guarda:
não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los
 § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação
em sua companhia, segundo o que acordar em contrário, da autoridade judiciária competente,
com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, ou quando a medida for aplicada em preparação
bem como fiscalizar sua manutenção e para adoção, o deferimento da guarda de criança
educação. ou adolescente a terceiros não impede o exercício
do direito de visitas pelos pais, assim como o
 Parágrafo único. O direito de visita estende-se
dever de prestar alimentos, que serão objeto de
a qualquer dos avós, a critério do juiz, regulamentação específica, a pedido do
observados os interesses da criança ou do interessado ou do Ministério Público.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 2011).

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Lei nº 12.962/2014 S. A. P.

Acrescenta § 4º no Art. 19 do ECA:

§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente


com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial.”

É termo proposto por Richard


Maria Berenice Dias em sua obra
Gardner, em 1985, para a situação
em que a mãe ou o pai de uma acerca do assunto nos relata um caso
criança a treina para romper os em que a criança sofria de “falsas
laços afetivos com o outro cônjuge, memórias” de agressão que nunca
criando fortes sentimentos de sequer sofrera.
ansiedade e temor em relação ao
outro genitor.

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A prática usual e reiterada desse


subterfúgio para manipular a
criança/adolescente ensejou a
recente promulgação da Lei n.
12.318 de agosto de 2.010.

Art. 2º. da Lei nº. 12.318 de agosto de 2010 Art. 2º. da Lei nº. 12.318 de agosto de 2010
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais
parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou
constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive
de terceiros: escolares, médicas e alterações de endereço;
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra
no exercício da paternidade ou maternidade; familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a
II - dificultar o exercício da autoridade parental; convivência deles com a criança ou adolescente;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; VII - mudar o domicílio para local distante, sem
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de justificativa, visando a dificultar a convivência da criança
convivência familiar; ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste
ou com avós.

Lei nº. 12.318 de agosto de 2010


Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a
interferência na formação psicológica da criança
ou do adolescente promovida ou induzida por
um dos genitores, pelos avós ou pelos que
tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.

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Lei nº. 12.318 de agosto de 2010


Lei nº. 12.318 de agosto de 2010
Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a
Art. 3o A prática de ato de alienação requerimento ou de ofício, em qualquer momento
parental fere direito fundamental da processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o
criança ou do adolescente de convivência processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará,
familiar saudável, prejudica a realização com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas
de afeto nas relações com genitor e com o provisórias necessárias para preservação da integridade
grupo familiar, constitui abuso moral psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para
contra a criança ou o adolescente e assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a
descumprimento dos deveres inerentes à efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso.
autoridade parental ou decorrentes de
tutela ou guarda.

Art. 4º. da Lei nº. 12.318/10 Lei nº. 12.318 de agosto de 2010
Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se
necessário, determinará perícia psicológica ou
adolescente e ao genitor garantia mínima de biopsicossocial.
visitação assistida, ressalvados os casos em que § 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação
há iminente risco de prejuízo à integridade física psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso,
compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes,
ou psicológica da criança ou do adolescente,
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento
atestado por profissional eventualmente do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da
designado pelo juiz para acompanhamento das personalidade dos envolvidos e exame da forma como a
visitas. criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual
acusação contra genitor.

Art. 5º. da Lei nº. 12.318/10 Lei nº. 12.318 de agosto de 2010

§ 2o A perícia será realizada por profissional ou Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação
equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em
qualquer caso, aptidão comprovada por
parental ou qualquer conduta que dificulte a
histórico profissional ou acadêmico para convivência de criança ou adolescente com
diagnosticar atos de alienação parental. genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz
§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo
designada para verificar a ocorrência de
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) da decorrente responsabilidade civil ou criminal
dias para apresentação do laudo, prorrogável e da ampla utilização de instrumentos
exclusivamente por autorização judicial baseada processuais aptos a inibir ou atenuar seus
em justificativa circunstanciada.
efeitos, segundo a gravidade do caso:

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Rol do art. 6º. da Lei 12.318 /10


Art. 6º. da Lei 12.318 /10
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o
alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor
alienado; Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço,
III - estipular multa ao alienador; inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou
biopsicossocial; adolescente da residência do genitor, por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar.
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada
ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou
adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.

Lei nº. 12.318 de agosto de 2010


Lei nº. 12.318 de agosto de 2010

Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda Art. 8o A alteração de domicílio da criança ou


dar-se-á por preferência ao genitor que adolescente é irrelevante para a determinação da
viabiliza a efetiva convivência da criança ou competência relacionada às ações fundadas em
adolescente com o outro genitor nas hipóteses direito de convivência familiar, salvo se decorrente
em que seja inviável a guarda compartilhada. de consenso entre os genitores ou de decisão
judicial.

TJRS TJRS
Nº 70017390972 Nº 70015224140
2006/CÍVEL 2006/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. MÃE FALECIDA. GUARDA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. ABUSO


DISPUTADA PELO PAI E AVÓS MATERNOS.SÍNDROME DE SEXUAL. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL.
ALIENAÇÃO PARENTAL DESENCADEADA PELOS AVÓS. Estando as visitas do genitor à filha sendo realizadas junto a
DEFERIMENTO DA GUARDA AO PAI. serviço especializado, não há justificativa para que se proceda a
1. Não merece reparos a sentença que, após o falecimento da mãe, destituição do poder familiar.
deferiu a guarda da criança ao pai, que demonstra reunir todas as A denúncia de abuso sexual levada a efeito pela genitora, não
condições necessárias para proporcionar a filha um ambiente familiar
está evidenciada, havendo a possibilidade de se estar frente à
com amor e limites, necessários ao seu saudável crescimento.
hipótese da chamada síndrome da alienação parental. Negado
2. A tentativa de invalidar a figura paterna, geradora da síndorme de
provimento.
alienação parental, só milita em desfavor da criança e pode ensejar,
caso persista, suspensão das visitas ao avós, a ser postulada em
processo próprio. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.

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A vocação a paternidade/maternidade enseja um


olhar voltado aos valores essenciais dos filhos

A primeira vez em que o STJ deliberou sobre o tema foi no julgamento do REsp
757.411/MG, relatado pelo ministro Fernando Gonçalves. O caso foi julgado pela 4ª
Turma, no dia 29 de novembro de 2005, tendo aquele Colegiado, por maioria de
votos, sufragado a tese de ser incabível a indenização por abandono afetivo.

O voto condutor apoiou-se em dois fundamentos:

a) a consequência jurídica do abandono e do descumprimento dos deveres de


sustento, guarda e educação é a destituição do poder familiar (artigo 24 do Estatuto
da Criança e Adolescente e artigo 1.638, inciso II, do Código Civil), não havendo
“Amar é faculdade... Cuidado é dever!” espaço para a compensação pecuniária pela desafeição;

b) a condenação ao pagamento de indenização, na contramão dos mais nobres


propósitos imagináveis, consubstanciaria exatamente o sepultamento da mínima
chance de aproximação entre pai e filho, seja no presente ou futuro.

Essa tese foi reafirmada por ocasião do julgamento do REsp 514.350/SP, relatado
pelo ministro Aldir Passarinho Junior, na 4ª Turma, em 28 de abril de 2009.

(argumento pelo não cabimento passa também pela intervenção mínima do Estado
nas questões de Família)

RECURSO ESPECIAL Nº 1.159.242 - SP (2009⁄0193701-9) – Ministra Rel Nancy Andrighi


Porém, no primeiro semestre de 2012, a 3ª Turma abraçou CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO
entendimento contrário, tendo sido acolhida a possibilidade de POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. FILHA HAVIDA DE RELAÇÃO AMOROSA ANTERIOR. ABANDONO
indenização do abandono afetivo (REsp 1.159.242/SP, relatado MORAL E MATERIAL. PATERNIDADE RECONHECIDA JUDICIALMENTE.
pela Ministra Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 24 de PAGAMENTO DA PENSÃO ARBITRADA EM DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS ATÉ A
MAIORIDADE. ALIMENTANTE ABASTADO E PRÓSPERO. IMPROCEDÊNCIA.
abril de 2012). A ilustrada relatora, no que foi acompanhada APELAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
pela maioria dos demais integrantes do colegiado, consignou [...] Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é
que o chamado abandono afetivo constitui descumprimento do dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem ou adotarem filhos.
dever legal de cuidado, criação, educação e companhia, O amor diz respeito à motivação, questão que refoge os lindes legais, situando-se, pela sua
presente, implicitamente, no artigo 227 da Constituição subjetividade e impossibilidade de precisa materialização, no universo meta-jurídico da filosofia,
da psicologia ou da religião.
Federal, omissão que caracteriza ato ilícito passível de
compensação pecuniária. Utilizando-se de fundamentos O cuidado, distintamente, é tisnado por elementos objetivos, distinguindo-se do amar pela
possibilidade de verificação e comprovação de seu cumprimento, que exsurge da avaliação de
psicanalíticos, a eminente relatora afirmou a tese de que tal ações concretas: presença; contatos, mesmo que não presenciais; ações voluntárias em favor da
sofrimento imposto a prole deve ser compensado prole; comparações entre o tratamento dado aos demais filhos – quando existirem –, entre outras
fórmulas possíveis que serão trazidas à apreciação do julgador, pelas partes.
financeiramente.
Em suma, amar é faculdade, cuidar é dever [...].

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Ministro Luis Felipe Salomão no CONJUR:


http://www.conjur.com.br/2014-abr-08/luis-felipe-salomaostj-uniformizar-entendimento-abandono-efetivo

STJ – 3ª Tu - Caso de Sorocaba, julgamento em 2014


Diante do dissídio jurisprudencial entre as 3ª e 4ª Turma do
Baixou a condenação de R$ 415.000,00 para R$ 200.000,00
mesmo Tribunal, a Segunda Seção do STJ apreciará os
"não se trata de compensar danos extrapatrimoniais diante de fatos corriqueiros ou embargos de divergência (EREsp 1.159.242/SP).
falta de amor".

"Amor não pode ser cobrado, mas afeto compreende também os deveres dos pais
com os filhos. [...] A proteção integral à criança exige afeto, mesmo que pragmático,
e impõe dever de cuidar.“ O julgamento é importante e realça o papel do Tribunal da
Não se trata de uma impossível obrigação de amar, mas de um dever impostergável
Cidadania, no sentido de uniformizar a jurisprudência
de cuidar" nacional como último intérprete da lei federal. Certamente,
ambas as posições têm seus pontos virtuosos e merecem
detida reflexão.

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