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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA

DA CIDADE

Lei nº. 8.560/92

Art. 2º-A – Na ação de investigação de paternidade, todos os meios


legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar
a veracidade dos fatos.

Parágrafo único – A recusa do réu em se submeter ao exame de


código genético – DNA gerará a presunção da paternidade, a ser
apreciada em conjunto o contexto probatório.
probatório.

STJ – Súmula 301:


301: “Em
“Em ação de investigatória, a recusa do suposto
pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de
paternidade.
paternidade. “

RENATA DAS QUANTAS, menor impúbere, neste ato


representada (CPC, art. 71) por Paula das Quantas, solteira, bancária, residente e
domiciliada na Rua Y, nº. 0000, em Curitiba(PR) – CEP 11222-44, inscrita no CPF(MF)
sob o nº. 333.222.111-44, com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br, ora
intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento procuratório acostado –,
esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em
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obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para
as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de
Vossa Excelência, com suporte na Lei nº. 8.560/92, art. 1.616 do Código Civil c/c art. 27,
do ECA, ajuizar a presente

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE


CUMULADA COM PETIÇÃO DE HERANÇA

contra
na qualidade de litisconsortes passivos necessários (CPC, art. 114)

( 1 ) CAMILA DE TAL, viúva, aposentada, residente e domiciliada na Rua X, nº. 0000,


em Curitiba(PR) – CEP 11222-44, inscrita no CPF(MF) sob o nº. 222.333.444-550;

( 2 ) CLÁUDIO DE TAL JUNIOR, solteiro, comerciante, residente e domiciliado na Rua


M, nº. 0000, em Curitiba(PR) – CEP 11222-44, inscrito no CPF(MF) sob o nº.
333.444.555-66,

( 3 ) FELICIANA DE TAL, solteira, universitária, residente e domiciliado na Rua M, nº.


0000, em Curitiba(PR) – CEP 11222-44, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 333.444.555-66,
todos com endereços eletrônicos desconhecidos, o que faz em decorrência das razões
de fato e de direito a seguir.

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INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas


do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas
as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in
fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

Tendo em vista que a querela objetiva reconhecido de


paternidade de pessoa falecida, temos que esse fato, por si só, torna inviável qualquer
sorte de mediação ou conciliação.

1 – QUADRO FÁTICO

A mãe da Autora -- a qual será nominada de Paula nesta


peça processual --, trabalha no Banco Zeta S/A desde os idos de 00/11/2222. ( doc. 01)
Nessa instituição financeira exerce as funções de caixa.

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Ao longo do ano de 0000 o falecido senhor João de Tal
regularmente fazia os depósitos bancários pessoalmente na referida instituição
financeira. Esses valores proviam de sua empresa denominada Atacadão X Ltda.
Referida empresa localizava-se a um quarteirão do emprego de Paula.

Essa rotina contribuiu para o estreitamento de amizade entre


Paula com o de cujus.

Dessa amizade frutificou um relacionamento amoroso.


Relacionamento esse, registre-se, em que pese o senhor João de Tal ser casado
naquela ocasião. Naquele tempo, com a senhora Camila de Tal.

Esse relacionamento durou anos e, aos poucos, quase todos


no banco em que trabalha Paula tomou conhecimento desse romance. E isso tornou
ostensível porque o falecido, com frequência, presenteava-a com joias e perfumes de
grife.

Semanalmente o casal fazia passeios. Nessas


oportunidades o de cujus justificava a sua esposa que iria visitar a filial de sua empresa,
situada na cidade Delta.

Em inúmeras situações nas quais os mesmos se divertiram,


esses os registravam em fotos em que ambos aparecem juntos. ( docs. 02/19) Das fotos

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percebe-se o grau de afinidade amorosa entre ambos. Em muitas se veem os dois
abraçados e até beijando-se.

A mãe da Autora apenas matinha relações sexuais com o de


cujus, até por respeito ao mesmo. E foi nesse exato período que houvera a concepção
da Autora. Com isso, é manifesta e induvidosa a paternidade aqui debatida.

Não bastasse isso, a Autora, atualmente com a idade de


7(sete) anos, já traz consigo traços físicos indissociáveis às descrições do falecido pai. A
propósito, colacionamos algumas fotos em que o falecido aparece ao lado da infante
(docs. 20/31)

De outro compasso, desde o nascimento da menor até sua


morte, que ocorrera na data de 00/11/2222 ( doc. 32), o de cujus sempre custeou as
despesas para o sustento da Autora. É uma clara resignação da paternidade.

Diante da morte de João de Tal, fora aberto inventário


judicial, no qual figura como inventariante a viúva daquele, ora arrolada como
litisconsorte passiva.

Nesse quadrante, é imperiosa a obtenção de provimento


judicial de sorte a atestar-se a paternidade em vertente, paternidade essa, obviamente,
veementemente refutada pela família.

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2 – MÉRITO

(1)
PONDERAÇÕES ACERCA DA PRETENSÃO JUDICIAL SUB EXAMINE

Com respeito ao reconhecimento judicial e forçado da


filiação, estabelece a Legislação Substantiva Civil que:

CÓDIGO CIVIL
Art. 1.616 – A sentença que julgar procedente a ação de investigação
produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento;
reconhecimento; mas poderá ordenar que o
filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe
contestou essa qualidade.

De outro importe, no plano constitucional, temos que:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 227 – É dever ( ... )
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção terão
os mesmos direitos e qualificações,
qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

E, mais, tendo em vista que a pretensão judicial é formulada


por uma infante, é inarredável a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente::

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Art. 27 – O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, podendo ser exercido contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça.

Oportunas as lições de Cristiano Chaves de Farias e Nelson


Rosenvald, quando professam que:

“Não tendo sido obtido o reconhecimento espontâneo da parentalidade,


sequer por meio da averiguação oficiosa, os filhos – que não estão submetidos
à presunção pater is este -- deverão obter o reconhecimento de sua condição
forçadamente, através de ação investigatória, dirigida contra o suposto genitor
ou os seus herdeiros, com o propósito de obter a reguralização do status
familiae,
familiae, bem como os consectários lógicos da perfilhação, como alimentos,
nome, qualidade de herdeiro necessário etc.
O reconhecimento coativo do estado de filho, pois, decorre do
reconhecimento do vínculo parental pelo Estado-juiz, através de sentença.
Sem dúvida, a investigação de parentalidade se caracteriza como ação de
estado, relativa ao estado familiar, destinada a dirimir conflito de interesses
relativo ao estado de uma pessoa natural, envolvendo discussão acerca de
verdadeiro direito da personalidade. Como tal, trata-se de ação imprescritível,
irrenunciável e inalienável.” (In, Direito das Famílias.
Famílias. 2ª Ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010. Págs. 608-609)

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(2)
DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO – CPC, ART. 114

Em se tratando, na hipótese, de pretensão de


reconhecimento de paternidade de pessoa falecida, é de rigor integrar o polo passivo
todos os herdeiros do de cujus. (CPC, art. 114)

Descabida qualquer orientação processual no sentido do


espólio deva figurar no polo passivo desta querela.

É consabido que o espolio tem capacidade processual de


ser parte na lide, ativa ou passivamente. (CPC, art. 75, inc. VII) Nesse ínterim, aqui se
discute pretensão de reconhecimento de paternidade. Com isso, atingirá diretamente o
quinhão dos herdeiros.

Por esse norte, não há razão para o espólio figurar na lide,


pois aqueles é que são titulares dos direitos em litígio. O espólio, sim, teria capacidade
para, exemplificando, defender direitos e obrigações do falecido, com obrigações
patrimoniais do próprio acervo do espólio. Respeitante à herança ou ao direito de
herdar, entrementes, restringe-se aos interessados diretos, ou seja, os herdeiros e
pretendentes a herdeiros.

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No caso em liça, eventual decisão favorável à Autora irá
atingir necessariamente o quinhão hereditário dos herdeiros ora destacados. E isso
decorre da leitura do quanto previsto na Legislação Substantiva Civil (CC, art. 1.790).

Nesse diapasão, é altamente ilustrativo transcrever os


seguintes arestos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE


POST MORTEM. LEGITIMIDADE PASSIVA DOS HERDEIROS. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS.
A ação de reconhecimento de paternidade post mortem deve ser proposta
contra os herdeiros do falecido e não contra o espólio. Agravo de instrumento
parcialmente provido. (TJRS; AI 0036816-15.2016.8.21.7000; Candelária;
Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Jorge Luís Dall'Agnol; Julg. 16/03/2016; DJERS
31/03/2016)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA.


PROCESSUAL CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM.
LEGITIMIDADE PASSIVA. HERDEIROS DO DE CUJUS. AFIRMAÇÃO DA
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DOS ALUDIDOS IRMÃOS UNILATERAIS
DO NASCITURO.
1. Se o pedido de alimentos e de reconhecimento de paternidade post mortem
encontram-se cumulados, o exame das condições da ação é independente, o
que impele concluir que a definição em torno da ilegitimidade ad causam dos
irmãos unilaterais do nascituro quanto ao pedido de alimentos não vincula o
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pedido de reconhecimento de paternidade post mortem. 2. Em se tratando de
ação de investigação de paternidade post mortem, os herdeiros do de cujus
(suposto genitor) ostentam legitimidade para figurar no polo passivo da
demanda. Precedente deste TJDFT (Acórdão n. 155021, 4ª Turma Cível, DJU
12/06/2002) e do e STJ (RESP 331.842/AL, DJ 10/06/2002). 3. Agravo
regimental conhecido e não provido. (TJDF; Rec 2015.00.2.017525-7; Ac.
886.527; Primeira Turma Cível; Relª Desª Simone Lucindo; DJDFTE 18/08/2015;
Pág. 184)

3 – PEDIDOS E REQUERIMENTOS

POSTO ISTO,
como últimos requerimentos desta Ação de Investigação de Paternidade c/c Petição de
Herança(cumulação de ações), a Autora requer que Vossa Excelência se digne de
tomar as seguintes providências:

3.1. Requerimentos

a) A Autora não tem condições de arcar com as despesas processuais, motivo esse que
requer lhes sejam concedidos os benefícios da gratuidade da justiça.

3.2. Pedidos

( a ) Pede-se sejam julgados procedentes os pedidos formulados na presente


ação para:
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( i ) reconhecer a paternidade de João de Tal em relação a Renata das
Quantas, expedindo-se, para tanto, o competente mandado para averbar-se a
alteração no assento de nascimento da Autora junto ao Cartório Tal. Passará a
Promovente a assinar Renata das Quantas de Tal, devendo constar o nome do
pai(réu), bem como dos avós paternos;

( ii ) declarar o direito da Autora à herança deixada pelo de cujus, em


concorrência com os demais herdeiros, dentro do seu respectivo quinhão;

c) instar a manifestação do Ministério Público (CPC, art. 178, inc. II);

d) pede a condenação dos Réus no ônus de sucumbência, máxime honorários


advocatícios, esses arbitrados em observância aos proveitos obtidos pela Autora
(CPC, art. 85, § 2º
2º);

e) protesta comprovar os fatos alegados nesta inicial por todos os meios de


provas admissíveis em direito, nomeadamente pelo depoimento pessoal dos
Réus, exame de DNA, oitiva das testemunhas abaixo arroladas, tudo de logo
requerido.

Dá-se à causa o valor de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ), o qual


corresponde à parcela controversa do quinhão hereditário da Autora . (CPC, art. 292, inc.
II)

Respeitosamente, pede deferimento.

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Cidade, 00 de abril do ano de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB(CE) 112233

ROL DE TESTEMUNHAS

1) Fulano de tal, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua x, nº 000 –


Curitiba(PR);

2) Cicrano de tal, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua y, nº 000 –


Curitiba(PR);

3) João Fictício, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua z, nº 000 –


Critiba(PR);

Data Supra.

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