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AO DOUTO JUÍZO DA 1º VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE CAMPINAS/SP

JOÃ O CARLOS MENDES, brasileiro, solteiro, operador de produçã o, portador da


cedula de identidade nº XXX, inscrito no CPF sob nº XXX, residente e domiciliado a Rua 02,
nº 03, bairro Jardim das Acacias, na cidade de Campinas/SP, telefone XXX, e-mail XXX, neste
ato representado por seu advogado XXX, procuraçã o em anexo, com escritó rio a Rua XXX, nº
XXX, bairro XXX, cidade XXX, e-mail XXX, vem respeitosamente a vossa excelência ajuizar a
presente
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL E EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS
em face de KAIQUE BARBOZA, menor, pú bere, a contar com 6 anos, nascido em
21/01/2018, portador da cedula de identidade nº XXX, inscrito no CPF sob o nº XXX, neste
ato representado pela sua genitora MARIANA BARBOZA, brasileira, solteira, danã rina,
portadora da cedula de identidade nº XXX, inscrita no CPF sob o nº XXX, residente e
domiciliada à Rua 05, nº 70, bairro Jardim das Acá cias, cidade Campinas /SP, pelas razõ es
de fato e direito a seguir aduzidas

I- DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA


O Autor nã o tem condiçõ es financeiras para custearem as despesas processuais
e os honorá rios advocatícios.
Desta forma, valendo-se da Lei nº 1.060/50 e do artigo 105, do CPC, cabível os
auspícios da Justiça Gratuita, requer o patrono do Autor a concessã o de tal benesse.

II- DOS FATOS


Segundo fatos apurados JOÃ O CARLOS MENDES e MARIANA BARBOZA, genitora
do menor, tiveram alguns encontros amorosos.
Neste período MARIANA alegou estar gravida do autor, que baseado na
presunçã o paterna, na palavra da genitora registrou a menor no cartó rio de registro Civil de
Pessoas Naturais de Campinas/SP, conforme document anexo, as fls. XXX.
Apesar de sempre existir dú vidas o autor arcar com preaçõ es alimintícais
mensais conforme ordenado na Açã o de Alimentos nº XXX, que tramitou neste Juízo, em
15% do salá rio mínimo.
MARIANA nunca se esforçou para criar vínculo entre o atuor e o menor, e o
procurava somente quando havia interesse financeiro.
Assim JOÃ O resolveu custear um exame de DNA com KAÍQUE que como surpresa
para o autor resultou em negative, aneo as fls. XXX.
Dessa forma verificando a existência dos vícios vem requerer a anulaçã o do
registro de Nascimento e a exoneraçã o da pensã o alimentar.

III- DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DAS CÓPIAS


Declara o Patrono do Autor, para os devidos fins, em face do que determina a
nova redaçã o do art. 425 do CPC, que as có pias dos documentos que acompanham a
presente peça, conferem com os originais.

IV- DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO


Declara o autor da presente demanda, em cumprimento ao disposto no §5º, do
art. 334, da lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, que nã o possui interesse na
autocomposiçã o, requerendo, apó s manifestaçã o do réu, a nã o realizaçã o da audiência de
conciliaçã o ou de mediaçã o.

V-DO DIREITO
Embasa-se a presente Demanda em erro substancial, elencado no art. 139 do
Có digo Civil, posto que, notá vel se faz a ideia de que o Autor somente registrou o menor
devido a sua aparente paternidade, guiado pelo sentimento de boa fé, moral e bons
costumes.
“Art. 139 - O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negó cio, ao objeto principal da declaraçã o, ou a alguma das
qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaraçã o
de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e nã o implicando recusa à aplicaçã o da lei, for o motivo ú nico ou
principal do negó cio jurídico.”
Por conseguinte, cita-se também o art. 138 da Lei em pauta, em virtude de que, o
Autor apenas procedeu com o registro do menor pú bere em decorrência de sua aparente
paternidade, posto que, caso soubesse da realidade acerca da questã o, o pró prio nã o
procederia da mesma maneira.
“Art. 138 - Sã o anulá veis os negó cios jurídicos, quando as declaraçõ es de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâ ncias do negó cio.”
Dessa forma, sendo o reconhecimento do filho um ato jurídico stricto sensu, e
tendo ele sido praticado em funçã o de erro substancial, está sujeito à desconstituiçã o
por vício de consentimento.
A açã o negató ria de paternidade enquadra-se na definiçã o de açã o
desconstitutiva negativa, ou seja, visa extinguir a relaçã o jurídica de filiaçã o estabelecida
entre o suposto pai e o adolescente.
Assim, nã o obstante conste no registro de nascimento o nome do Autor como
pai, tem este a oportunidade de questionar a paternidade assumida por meio da açã o, visto
que, no tocante ao direito de família é necessá rio levar em consideraçã o a verdade material
em detrimento da verdade formal, embasada nos artigos, 1.601 e 1.604 da Lei Adjetiva Civil,
descritos abaixo:
“Art. 1.601 - Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua
mulher sendo tal açã o imprescritível.”
“Art. 1.604 - Ninguém pode vindicar estado contrá rio ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.”
No mesmo sentido decidiu o STJ:
“RECURSO ESPECIAL. AÇÃ O NEGATÓ RIA DE PATERNIDADE. EXAME DE DNA. Tem-se como
perfeitamente demonstrado o vício de consentimento a que foi levado a incorrer o suposto
pai, quando induzido a erro ao proceder ao registro da criança, acreditando se tratar de filho
bioló gico. A realizaçã o do exame pelo método DNA a comprovar cientificamente a
inexistência do vínculo genético, confere ao marido a possibilidade de obter, por meio de
açã o negató ria de paternidade, a anulaçã o do registro ocorrido com vício de consentimento.
Nã o pode prevalecer a verdade fictícia quando maculada pela verdade real e incontestá vel,
calcada em prova de robusta certeza, como o é o exame genético pelo método DNA. E mesmo
considerando a prevalência dos interesses da criança que deve nortear a conduçã o do
processo em que se discute de um lado o direito do pai de negar a paternidade em razã o do
estabelecimento da verdade bioló gica e, de outro, o direito da criança de ter preservado seu
estado de filiaçã o, verifica-se que nã o há prejuízo para esta, porquanto à menor socorre o
direito de perseguir a verdade real em açã o investigató ria de paternidade, para valer-se, aí
sim, do direito indisponível de reconhecimento do estado de filiaçã o e das consequências,
inclusive materiais, daí advindas. Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 878954 / RS
RECURSO ESPECIAL 2006/0182349-0, Terceira Turma, RELATORA Ministra NANCY
ANDRIGHI.)”
Importante salientar que, o exame de DNA será a prova material que dará ensejo
à exclusã o da paternidade do Requerente sobre o Requerido.
Desse modo, ao Autor seria ensejada a liberaçã o de todas as obrigaçõ es que lhe
sã o inerentes da paternidade para com o menor Requerido caso seja comprovado, de forma
inquestioná vel, nã o ser o menor seu descendente, haja vista que nã o existia nenhum vínculo
que justificasse a manutençã o de obrigaçõ es decorrentes da paternidade inexistente.
Neste sentido, temos o seguinte julgado da colenda 3ª Câ mara Cível Isolada, do
egrégio TJPA, in verbis:
“3ª CÂ MARA CÍVEL ISOLADA. APELAÇÃ O Nº 2014.3.031224-3 ORIGEM: 5ª VARA CÍVEL DE
BELÉ M APELANTE: B.S.M. APELADO: A.R.P. RELATORA: DESª. MARIA FILOMENA DE
ALMEIDA BUARQUE EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O DE INVESTIGAÇÃ O DE
PATERNIDADE COM PEDIDO ALIMENTOS. AÇÃ O PROPOSTA POR FILHO JÁ REGISTRADO EM
NOME DE OUTREM CONTRA SUPOSTO PAI BIOLÓ GICO. PROCESSO EXTINTO SEM
RESOLUÇÃ O DE MÉ RITO. SENTENÇA CASSADA. RECURSO PROVIDO.’
(...)
VI, alegando que já existe paternidade declarada no assento registral do menor, padecendo o
processo de condiçã o da açã o. Entendo que a sentença nã o merece subsistir, pois em que
pese a certidã o de nascimento de fls. 07, onde consta que o menor já possui registro paterno,
tal fato por si só nã o é suficiente para extinguir o feito por ausência de condiçã o da açã o.
Verifico que o juízo a quo nã o levoua em consideraçã o os direitos do menor, de ver
preservado o seu estado de filiaçã o, pois em se tratando de açã o investigató ria de
paternidade, onde nã o exista vínculo afetivo entre as partes, deve prevalecer o sentido da
busca da verdade real, utilizando-se o teste de DNA para dirimir qualquer dú vida, o que
suplanta a alegaçã o de já existir assento registral em nome de outro pai. Com efeito, é cediço
que embora irrevogá vel e irretratá vel, o assento de nascimento é passível de anulaçã o, por
meio de provimento judicial, a requerimento do pai ou do filho, quando nã o espelhar a
realidade bioló gica, uma vez que a paternidade é um direito natural e constitucional.
Ademais, verifico pelo documento de fls. 11 que o Sr. Paulo Roberto Bentes Martins, declara
para todos os fins nã o ser o genitor/pai bioló gico do menor. Ressalto, que este documento
nã o possui valor jurídico apto a desconstituir um documento pú blico que é a certidã o de
nascimento, mas indica que inexiste qualquer tipo de relaçã o socioafetiva entre ambos. Digo
mais, a exordial esclarece que, diante da negativa do suposto pai em reconhecer o filho, a
genitora do menor registrou-o em nome do seu padrasto, o Sr. Paulo Roberto Bentes Martins,
para que nã o ficasse em branco o lugar que deveria constar o nome do verdadeiro pai. Assim,
deve prevalecer a busca pela verdade real, propiciando ao menor o direito de conhecer sua
verdadeira origem, pois o menor tem todo o interesse de saber exatamente quem é seu
verdadeiro pai, dissipando qualquer dú vida acerca de sua filiaçã o. A busca da verdade real, in
casu, é a ú nica forma de privilegiar o conhecimento da filiaçã o e, por conseguinte, efetivar o
princípio da dignidade da pessoa humana. Confira-se as seguintes decisõ es do Colendo
Superior Tribunal de Justiça: ¿AÇÃ O NEGATÓ RIA DE PATERNIDADE. INDEFERIMENTO DA
INICIAL. 1. A constituiçã o de 1988 insere em seus princípios fundamentais o da dignidade da
pessoa humana, do qual decorre a possibilidade de a pessoa saber quem sã o seus pais e
quais sã o seus filhos, o que, com o atual avanço científico, que possibilita a realizaçã o de
exame de paternidade com certeza quase absoluta, pode ser feito a qualquer tempo, sem
limitaçã o temporal. 2. Segue-se daí que a açã o negató ria de paternidade, a exemplo da de
investigaçã o, atende nã o apenas ao interesse do pai, mas também dos filhos, interessados
que sã o na verdadeira paternidade, fato que os irá marcar para o resto da vida, com reflexos,
inclusive, na personalidade. 3. É açã o que, em ú ltima aná lise, preserva a dignidade humana,
reflete na personalidade, afasta incertezas, fortalece laços afetivos ou os torna tênues ou até
lhes pode colocar fim. 4- Apelaçã o provida. (APC 2001.05.1.004460-5, 4ª Turma Cível, Rel.
Des. JAIR SOARES, DJ 12/06/2002, pg. 198). FAMÍLIA. FILIAÇÃ O. CIVIL E PROCESSO CIVIL.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃ O DE INVESTIGAÇÃ O DE PATERNIDADE. VÍNCULO BIOLÓ GICO.
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. IDENTIDADE GENÉ TICA. ANCESTRALIDADE. ARTIGOS
ANALISADOS: ARTS. 326 DO CPC E ART. 1.593 DO CÓ DIGO CIVIL. 1. Açã o de investigaçã o de
paternidade ajuizada em 25.04.2002. Recurso especial concluso ao Gabinete em
16/03/2012. 2. Discussã o relativa à possibilidade do vínculo socioafetivo com o pai
registrá rio impedir o reconhecimento da paternidade bioló gica. 3. Inexiste ofensa ao art. 535
do CPC, quando o tribunal de origem pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questã o
posta nos autos. 4. A maternidade/paternidade socioafetiva tem seu reconhecimento jurídico
decorrente da relaçã o jurídica de afeto, marcadamente nos casos em que, sem nenhum
vínculo bioló gico, os pais criam uma criança por escolha pró pria, destinando-lhe todo o
amor, ternura e cuidados inerentes à relaçã o pai-filho. 5. A prevalência da
paternidade/maternidade socioafetiva frente à bioló gica tem como principal fundamento o
interesse do pró prio menor, ou seja, visa garantir direitos aos filhos face à s pretensõ es
negató rias dea5 paternidade, quando é inequívoco (i) o conhecimento da verdade bioló gica
pelos pais que assim o declararam no registro de nascimento e (ii) a existência de uma
relaçã o de afeto, cuidado, assistência moral, patrimonial e respeito, construída ao longo dos
anos. 6. Se é o pró prio filho quem busca o reconhecimento do vínculo bioló gico com outrem,
porque durante toda a sua vida foi induzido a acreditar em uma verdade que lhe foi imposta
por aqueles que o registraram, nã o é razoá vel que se lhe imponha a prevalência da
paternidade socioafetiva, a fim de impedir sua pretensã o. 7. O reconhecimento do estado de
filiaçã o constitui direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, que pode ser
exercitado, portanto, sem qualquer restriçã o, em face dos pais ou seus herdeiros. 8. Ainda
que haja a consequência patrimonial advinda do reconhecimento do vínculo jurídico de
parentesco, ela nã o pode ser invocada como argumento para negar o direito do recorrido à
sua ancestralidade. Afinal, todo o embasamento relativo à possibilidade de investigaçã o da
paternidade, na hipó tese, está no valor supremo da dignidade da pessoa humana e no direito
do recorrido à sua identidade genética. 9. Recurso especial desprovido. (STJ , Relator:
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 08/10/2013, T3 - TERCEIRA TURMA).
Portanto, nã o agiu com acerto oa6 magistrado a quo ao extinguir o feito sem resoluçã o de
mérito, pois deixou de observar direito indisponível do menor. Assim, verificada a inaptidã o
do feito para julgamento meritó rio nesta sede, conforme faculta o disposto no § 3º do art.
515 do Có digo de Processo Civil, uma vez que sequer houve citaçã o do requerido, devem ser
os autos remetidos à instâ ncia a quo para regular prosseguimento do feito, oportunizando,
inclusive a parte autora a emendar a inicial para que conste o pedido de anulaçã o de registro
civil, já que a certidã o do menor já consta registro filial paterno, e no caso de procedência da
açã o será necessá ria a realizaçã o das devidas alteraçõ es. Ante o exposto, dou provimento ao
recurso para cassar a sentença e determinar o retorno dos autos ao Juízo de 1º grau para
prosseguimento do feito. PRI. À Secretaria para as providências. Belém, 13 de agosto de
2015. MARIA FILOMENA DE ALMEIDA BUARQUE Desembargadora Relatora.” (TJ-PA - APL:
00335685620078140301 BELÉ M, Relator: MARIA FILOMENA DE ALMEIDA BUARQUE, Data
de Julgamento: 20/08/2015, 3ª CÂ MARA CÍVEL ISOLADA, Data de Publicaçã o: 20/08/2015).
Nesta mesma corrente, entendeu a Décima Terceira Câ mara Cível, do TJRJ, in
verbis:
“PROCESSUAL CIVIL. AÇÃ O NEGATÓ RIA DE PATERNIDADE CUMULADA COM PEDIDO DE
ANULAÇÃ O DO REGISTRO DE NASCIMENTO. INTERPRETAÇÃ O DO ARTIGO 1.604 DO
CÓ DIGO CIVIL NO SENTIDO DE QUE O RECONHECIMENTO VOLUNTÁ RIO NÃ O IMPEDE A
SUA ANULAÇÃ O POR MEIO DE DECISÃ O JUDICIAL. A INSEGURANÇA PARA AS RELAÇÕ ES DE
PARENTESCO DEVE CEDER DIANTE DO DANO QUE DECORRE DA PERMANÊ NCIA DE
REGISTRO MERAMENTE FORMAL. PROVIMENTO DO RECURSO PARA O PROSSEGUIMENTO
COM O EXAME DE DNA. I- O reconhecimento voluntá rio nã o impede o exercício da açã o
anulató ria, quer por defeito do ato jurídico, quer por nã o espelhar a verdade. Essa
irrevogabilidade, que impede a retrataçã o pura e simples do ato, nã o impede a sua anulaçã o
por meio de decisã o judicial, sendo de interesse dos pró prios filhos o esclarecimento sobre a
paternidade, porquanto a insegurança para as relaçõ es de parentesco deve ceder diante do
dano que decorre da permanência de registro meramente formal, atestando uma verdade
que sabidamente nã o corresponde ao mundo dos fatos. Precedentes do Egrégio Superior
Tribunal de Justiça; II- Provimento do recurso.”
(TJ-RJ - APL: 00031471520048190026 RIO DE JANEIRO ITAPERUNA VARA FAM INF JUV
IDO, Relator: ADEMIR PAULO PIMENTEL, Data de Julgamento: 24/10/2005, DÉ CIMA
TERCEIRA CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o: 11/11/2005).
Desta feita, entende-se pela necessidade da realizaçã o de um exame de
paternidade, para que seja constatada, por meio de DNA, a verdade real, dirimindo qualquer
dú vida acerca da paternidade do Requerido.
Sendo assim, caso seja constatado que o Requerente nã o é o genitor do
Requerido, nã o haverá nenhum vínculo que justifique a manutençã o de obrigaçõ es
decorrentes da paternidade.
Veja-se que, a jurisprudência tem seguido pelo caminho da negató ria de
paternidade, vejamos:
“APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O NEGATÓ RIA DE PATERNIDADE. EXAME DE DNA. AUSÊ NCIA DE
AFETIVIDADE ENTRE PAI REGISTRAL E FILHO. ANULAÇÃ O DE REGISTRO DE NASCIMENTO.
POSSIBILIDADE, NA HIPÓ TESE. No caso, nã o há razã o para se prestigiar uma paternidade
registrada em estado de erro, principalmente quando inexistente paternidade socioafetiva e
ausente a paternidade bioló gica, confirmada por exame de DNA. Recurso desprovido.”
(Apelaçã o Cível Nº 70026016311, Sétima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS.)
“AÇÃ O NEGATORIA DE PATERNIDADE. ANULACAO DE REGISTRO DE NASCIMENTO.
PRESUNCAO PATER EST. PRINCIPIO DA VERDADE REAL. PREVALENCIA DA PATERNIDADE
BIOLOGICA. Apelaçã o Cível. Direito de Família. Açã o negató ria de paternidade c/c anulaçã o
de registro de nascimento. Dois exames de DNA que afastam, em definitivo, a paternidade.
Autor que registrou a menor em seu nome, sob o manto da presunçã o "pater est". Inexiste
qualquer benefício para a criança a manutençã o de uma paternidade exclusivamente
jurídica, permeada por sentimentos de rejeiçã o, traiçã o e má goa. O autor, embora tenha
criado a menor como se fosse sua filha, desde que descobriu a traiçã o, a vê como a
materializaçã o do adultério, com todos os sentimentos negativos que a situaçã o envolve.
Direito da criança de perseguir a verdade real acerca de sua filiaçã o, através de açã o
investigató ria de paternidade. Prevalência da paternidade bioló gica sobre a afetiva. Sentença
que se mantém, desprovendo-se o recurso.” (TJRJ. APELAÇÃ O CÍVEL - 2007.001.15172.
JULGADO EM 21/08/2007. DECIMA SEGUNDA CÂ MARA CIVEL - Unanime. RELATORA:
DESEMBARGADORA DENISE LEVY TREDLER).
“APELAÇÃ O CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃ O NEGATORIA DE PATRNIDADE C/C
RETIFICAÇÃ O DE REGISTRO CIVIL. ESTADO DE FILIAÇÃ O RECONHECIDO
VOLUNTARIAMENTE. EXAME DE DNA QUE EXCLUI A PATENIDADE BIOLÓ GICA DO
APELANTE. POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃ O DO REGISTRO CIVIL, ANTE A
COMPROVAÇÃ O DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. INTELIGÊ NCIA DO ART. 138 E 1604, DO
CÓ DIGO CIVIL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO." [...] Comprovada a
inexistência de paternidade bioló gica e socioafetiva entre o suposto pai registral e o menor
que pretende o registro, acolhe-se a negató ria de paternidade, com a retificaçã o do registro
civil.” (Apelaçã o Cível n. 2011.062125-5, de Sã o Bento do Sul, rel. Des. Monteiro Rocha, dj
21.6.2012).
Neste sentido, se justifica a desconstituiçã o do Registro civil Pú blico, frente à
necessidade de que os registros pú blicos reflitam a verdade real, como é a do presente caso.
De todo o exposto, requer-se que, apó s as diligências e provas, se proceda à
retificaçã o do Registro Pú blico para que este seja compatível com a realidade atual, com a
declaraçã o de nulidade do assento de nascimento do Requerido, bem como a exclusã o do
nome do Requerente e dos avó s paternos e a imediata cessaçã o dos descontos nos
provimentos mensais do Requerente relativos aos alimentos em favor do Requerido.

VI- DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer:
1. Que seja deferido os auspícios da Justiça Gratuita nos termos do art. 14, § 1º,
da Lei 5.584/1970, por nã o ter o Autor condiçõ es de arcar com o pagamento de custas e
demais despesas processuais, bem como:
a- Seja declarada a nulidade do assento de nascimento do Requerido, bem como seja
excluído o nome do Requerente e dos avó s paternos do referido documento;
b- Seja deferida a exoneraçã o de alimentos prestados em favor do Requerido, no
equivalente a 15% (quinze por cento) do salario mínimo do Requerente, caso seja
verificada a inexistência de parentesco entre ambos;
c- A condenaçã o da Requerida, na pessoa de sua representante legal, no pagamento dos
honorá rios advocatícios arbitrados em 20% do valor da condenaçã o.
Por fim, protesta e requer provar o alegado por todos os meios de prova
admitidos em direito, notadamente, depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, juntada
ulterior de documentos, bem como, quaisquer outras providências que Vossa Excelência
julgue necessá ria à perfeita resoluçã o do feito, ficando tudo de logo requerido.
Dá -se a causa, o valor de R$ 2.541,60 para efeitos meramente fiscais.

Campinas, XX de XXX de XXX.


Termos em que,
Pede deferimento.

ADVOGADO
OAB

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