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DIREITO CIVIL -
FAMÍLIA
Grupo: Izabela, Bruna, Daniel, Alex e Lara
Caso concreto
■ Luciano Ribas, um renomado empresário do ramo de bares e restaurantes do Rio de Janeiro
com 54 anos, casou-se com a chef de cozinha Marizete Riberio, de apenas 24 anos. O
casamento durou apenas 4 anos, terminando em dezembro de 2015, tendo ocorrido o divórcio
do casal. Ocorre que em dezembro de 2014, nasceu Beatrice, um linda menina de cabelos
encaracolados, que foi registrada como filha do casal. Passados dois anos Luciano Ribas
conheceu Manoelita e iniciaram uma união estável. O sonho de Manoelita era ser mãe e ante a
demora na concretização de tal sonho decidiram procurar um médico especialista e
descobriram que Luciano era portador de uma doença rara que o impedia de procriar. Diante da
dura revelação, Luciano concluiu que não era o pai de Beatrice e ante a decepção resolveu
buscar a justiça para questionar a paternidade da menina, contratando para tanto um conhecido
advogado do Rio de Janeiro-RJ. Ressalta-se que a guarda de Beatrice era de Marizete.
Considerando o caso em questão, na qualidade de advogado(a) de Luciano, responda
Ação negatória de Paternidade
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2017/agosto/turma-nega-pedido-de-
retificacao-de-registro-de-nascimento-em-acao-negatoria-de-paternidade
Possibilidades
■ No presente caso existem duas possibilidades, senão vejamos:
■ Realizado o exame de DNA e comprovado a não filiação de Beatrice em relação à
Luciano, será feito uma análise sobre a existência da filiação socio-afetiva.
■ Os Tribunais têm se posicionado no sentido de que falta legitimidade para o pai registral
requerer ação negatória de paternidade, uma vez que a relação socio-afetiva sobrepuja o
vínculo biológico.
■ Neste caso, uma vez demonstrada a relação socio-afetiva a filiação persistirá
independentemente do resultado do exame de DNA.
■ O conceito de paternidade socio-afetiva é denominado pela ligação existente entre o pai
registral e o filho de modo a uni-los, não pelo vínculo sanguíneo, mas por decorrência dos
sentimentos que um tem com o outro, formando, nessa relação, um forte vínculo social.
■ Por outro lado, a existência de um longo tempo de convivência socioafetiva no ambiente
familiar não impede que, após informações sobre indução em erro no registro dos filhos, o
suposto pai ajuize ação negatória de paternidade e, sendo confirmada a ausência de vínculo
biológico por exame de DNA, o juiz acolha o pedido de desconstituição da filiação.
Jurisprudências
■ AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE FILIAÇÃO LEGÍTIMA CUMULADA COM ANULAÇÃO DE REGISTRO
CIVIL. VÍCIO DE CONSENTIMENTO COMPROVADO. VÍNCULO AFETIVO INEXISTENTE.
ALTERAÇÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. SUSPENSÃO
DA EXIGIBILIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. (...)
■ "Embora, o ato de reconhecimento de filho seja irrevogável (art. 1.609 do CCB) é possível promover a
anulação do registro quando restar suficientemente demonstrado vício do ato jurídico, como no caso
em exame, onde o autor demonstrou que foi induzido em erro. Restou igualmente demonstrada a
absoluta ausência de liame socioafetivo entre as partes que pudesse manter íntegro o registro. Nesse
contexto, deve ser mantida a sentença que julgou procedente o pedido para excluir a paternidade
atribuída ao autor no registro de nascimento da requerida. Nesse contexto, reverter a conclusão do
Tribunal local, para acolher a pretensão recursal quanto à existência de vício de consentimento, ou não,
e de inexistência de vínculo afetivo, demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos,
o que se mostra impossível ante a natureza excepcional da via eleita, consoante enunciado da Súmula
n. 7 do Superior Tribunal de Justiça". (...) (AgInt no AREsp 1353620/MS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/03/2019, DJe 22/03/2019)
■ RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE
PATERNIDADE COMBINADA COM ANULATÓRIA DE REGISTRO DE NASCIMENTO.(...)
FILIAÇÃO. DIREITO PERSONALÍSSIMO. ART. 2º, §§ 4º E 6º, DA LEI Nº 8. (...) INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA. IMPRESCINDIBILIDADE. REGISTRO. RECONHECIMENTO ESPONTÂNEO.
ERRO OU FALSIDADE. SOCIOAFETIVIDADE. PRESENÇA. ÔNUS DO AUTOR. ART. 373, I,
CPC 2015. 1. (...)
■ 6. A averiguação da presença de socioafetividade entre as partes é imprescindível, pois o laudo de
exame genético não é apto, de forma isolada, a afastar a paternidade. 7. A anulação de registro
depende não apenas da ausência de vínculo biológico, mas também da ausência de vínculo familiar,
cuja análise resta pendente no caso concreto, sendo ônus do autor atestar a inexistência dos laços de
filiação ou eventual mácula no registro público. 8. Recurso especial provido. (REsp 1664554/SP,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/02/2019,
DJe 15/02/2019)