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TRABALHO DE

DIREITO CIVIL -
FAMÍLIA
Grupo: Izabela, Bruna, Daniel, Alex e Lara
Caso concreto
■ Luciano Ribas, um renomado empresário do ramo de bares e restaurantes do Rio de Janeiro
com 54 anos, casou-se com a chef de cozinha Marizete Riberio, de apenas 24 anos. O
casamento durou apenas 4 anos, terminando em dezembro de 2015, tendo ocorrido o divórcio
do casal. Ocorre que em dezembro de 2014, nasceu Beatrice, um linda menina de cabelos
encaracolados, que foi registrada como filha do casal. Passados dois anos Luciano Ribas
conheceu Manoelita e iniciaram uma união estável. O sonho de Manoelita era ser mãe e ante a
demora na concretização de tal sonho decidiram procurar um médico especialista e
descobriram que Luciano era portador de uma doença rara que o impedia de procriar. Diante da
dura revelação, Luciano concluiu que não era o pai de Beatrice e ante a decepção resolveu
buscar a justiça para questionar a paternidade da menina, contratando para tanto um conhecido
advogado do Rio de Janeiro-RJ. Ressalta-se que a guarda de Beatrice era de Marizete.
Considerando o caso em questão, na qualidade de advogado(a) de Luciano, responda
Ação negatória de Paternidade

■ Na ação negatória de paternidade o marido, suposto pai, é o único legitimado


para propor a ação, impugnando a paternidade do filho havido no casamento, conforme
disposto no artigo 1.601 do Código Civil Brasileiro.
■ Trata-se de um direito personalíssimo.
■ Trata-se, pois, de ação declaratória, cujo procedimento deve ser ordinário. A ação,
diante das fortes consequências que traz aos vínculos familiares, deve correr em segredo
de Justiça.
Negatória de Paternidade x Relação
Socioafetiva
■ Na sociedade atual a filiação não é mais erigida unicamente pelo casamento e vínculo
biológico. No caso específico da paternidade socioafetiva, Costa (2009, p.04) afirma
que é uma relação jurídica de afeto com o filho em casos que, inexistente vínculo
biológico, os pais criam uma criança por opção, dando-lhe amor, cuidado, e ternura.
■ Ou seja, restando comprovado a relação socioafetiva entre o suposto pai e a criança,
mesmo que não haja o vínculo biológico, o entendimento da Doutrina majoritária é
voltado ao entendimento de que não possui, o pai socioafetivo, uma das condições da
ação: o interesse de agir.
■ No Brasil, a legislação e a jurisprudência reconhecem e privilegiam o vínculo de
afinidade e afetividade presentes nas relações socioafetivas como parentesco.
Turma nega pedido de retificação de registro de
nascimento em ação negatória de paternidade
■ A 5ª Turma Cível do TJDFT, por unanimidade, manteve a sentença da 1ª Vara de Família e de
Órfãos e Sucessões de Planaltina que negou ao autor a retificação do registro de nascimento do
filho e a exoneração da prestação alimentar à criança.
■ O autor entrou com ação negatória de paternidade na qual requereu a retificação do registro de
nascimento do filho e a exoneração da prestação alimentar. Em virtude da improcedência dos
pedidos na 1ª Instância, o autor contestou a paternidade registral de filho tido fora do
casamento, fundamentado no vício de consentimento por ocasião do registro da criança e na
comprovação da paternidade biológica diversa por meio do exame de DNA.
■ Para o relator, não houve vício de consentimento, pois o próprio autor admitiu que teve dúvidas
com relação à paternidade da criança desde o início da gestação, mas que aceitou registrá-la,
para evitar maior exposição de sua família.
■ O magistrado ressaltou ainda que, após o nascimento da criança, mesmo não havendo
coabitação entre ela e o autor, estabeleceu-se uma relação de pai e filho, evidenciada pelo
auxílio material e pela efetiva convivência e ensinamento de valores e habilidades, o que
perdurou por mais de 13 anos, até a propositura da ação: "A despeito da comprovação por meio
de exame de DNA da inexistência de filiação biológica, a situação fática delineada nos autos
configura vínculo afetivo que se protela ao longo de mais de uma década, caracterizando
paternidade socioafetiva, uma vez que as partes se identificavam socialmente como pai e filho".
■ O julgador esclareceu que o ato de reconhecimento de um filho é irrevogável nos
termos do art. 1.610 do Código Civil, podendo ser excepcionado na hipótese de erro
com relação à identidade da pessoa (art. 139, II, CC). Todavia, verificou não ser esse o
caso tratado nos autos.
■ Assim, apesar de comprovada pela análise genética a inexistência da filiação biológica,
a Turma negou provimento ao apelo, por entender que o vínculo afetivo estabelecido
entre as partes por razoável período de tempo, sem existência de erro, não pode ser
simplesmente desconstituído, sobretudo pelo papel significativo exercido pelo autor na
construção da história e da identidade do réu.
■ Processo em segredo de justiça.

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2017/agosto/turma-nega-pedido-de-
retificacao-de-registro-de-nascimento-em-acao-negatoria-de-paternidade
Possibilidades
■ No presente caso existem duas possibilidades, senão vejamos:
■ Realizado o exame de DNA e comprovado a não filiação de Beatrice em relação à
Luciano, será feito uma análise sobre a existência da filiação socio-afetiva.
■ Os Tribunais têm se posicionado no sentido de que falta legitimidade para o pai registral
requerer ação negatória de paternidade, uma vez que a relação socio-afetiva sobrepuja o
vínculo biológico.
■ Neste caso, uma vez demonstrada a relação socio-afetiva a filiação persistirá
independentemente do resultado do exame de DNA.
■ O conceito de paternidade socio-afetiva é denominado pela ligação existente entre o pai
registral e o filho de modo a uni-los, não pelo vínculo sanguíneo, mas por decorrência dos
sentimentos que um tem com o outro, formando, nessa relação, um forte vínculo social.
■ Por outro lado, a existência de um longo tempo de convivência socioafetiva no ambiente
familiar não impede que, após informações sobre indução em erro no registro dos filhos, o
suposto pai ajuize ação negatória de paternidade e, sendo confirmada a ausência de vínculo
biológico por exame de DNA, o juiz acolha o pedido de desconstituição da filiação.
Jurisprudências
■ AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE FILIAÇÃO LEGÍTIMA CUMULADA COM ANULAÇÃO DE REGISTRO
CIVIL. VÍCIO DE CONSENTIMENTO COMPROVADO. VÍNCULO AFETIVO INEXISTENTE.
ALTERAÇÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. SUSPENSÃO
DA EXIGIBILIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. (...)
■ "Embora, o ato de reconhecimento de filho seja irrevogável (art. 1.609 do CCB) é possível promover a
anulação do registro quando restar suficientemente demonstrado vício do ato jurídico, como no caso
em exame, onde o autor demonstrou que foi induzido em erro. Restou igualmente demonstrada a
absoluta ausência de liame socioafetivo entre as partes que pudesse manter íntegro o registro. Nesse
contexto, deve ser mantida a sentença que julgou procedente o pedido para excluir a paternidade
atribuída ao autor no registro de nascimento da requerida. Nesse contexto, reverter a conclusão do
Tribunal local, para acolher a pretensão recursal quanto à existência de vício de consentimento, ou não,
e de inexistência de vínculo afetivo, demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos,
o que se mostra impossível ante a natureza excepcional da via eleita, consoante enunciado da Súmula
n. 7 do Superior Tribunal de Justiça". (...) (AgInt no AREsp 1353620/MS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/03/2019, DJe 22/03/2019)
■ RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE
PATERNIDADE COMBINADA COM ANULATÓRIA DE REGISTRO DE NASCIMENTO.(...)
FILIAÇÃO. DIREITO PERSONALÍSSIMO. ART. 2º, §§ 4º E 6º, DA LEI Nº 8. (...) INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA. IMPRESCINDIBILIDADE. REGISTRO. RECONHECIMENTO ESPONTÂNEO.
ERRO OU FALSIDADE. SOCIOAFETIVIDADE. PRESENÇA. ÔNUS DO AUTOR. ART. 373, I,
CPC 2015. 1. (...)
■ 6. A averiguação da presença de socioafetividade entre as partes é imprescindível, pois o laudo de
exame genético não é apto, de forma isolada, a afastar a paternidade. 7. A anulação de registro
depende não apenas da ausência de vínculo biológico, mas também da ausência de vínculo familiar,
cuja análise resta pendente no caso concreto, sendo ônus do autor atestar a inexistência dos laços de
filiação ou eventual mácula no registro público. 8. Recurso especial provido. (REsp 1664554/SP,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/02/2019,
DJe 15/02/2019)

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