Você está na página 1de 5

Eliana, 21 anos, é filha de Leonora, solteira, e foi criada apenas pela

mãe. Até 2018, a jovem não conhecia nenhuma informação sobre seu pai
biológico. Porém, em dezembro daquele ano, Leonora revelou à sua filha
que Jaime era seu pai. Diante desta situação, Eliana procurou Jaime a
fim de estabelecer um diálogo amigável, na esperança do
reconhecimento espontâneo de paternidade por ele. Porém, Jaime
alegou que Leonora havia se enganado na informação que transmitira à
filha e recusou-se não só a efetuar o reconhecimento, mas também
afirmou que se negaria a realizar exame de DNA em qualquer hipótese.
Após Jaime adotar essa postura, Leonora ajuizou uma Ação de
Investigação de Paternidade e Jaime foi citado, pessoalmente,
recebendo o mandado de citação sem cópia da petição inicial do
processo. Em contestação, alegou nulidade da citação pela ausência da
petição inicial e aduziu sua irretratável recusa na realização do exame de
DNA. Diante da situação apresentada, responda o item a seguir: Qual o
efeito da recusa para a realização do exame? Fundamente e Justifique
sua resposta. *

O que nota-se no relatado acima é que não haverá a nulidade alegada,


pois trata-se de ação de filiação, classificada como ação de família, na
forma do Art. 693 do CPC. Por tal razão, o mandado de citação deverá
estar desacompanhado de cópia da petição inicial, conforme o Art. 695
do CPC.

Assim o que podemos aferir é que o efeito será o de aplicação da


presunção relativa de paternidade (tento em vista a veemência com que
o suposto pai rechaça a idéia de se submete ao exame), apreciada com o
restante do conjunto probatório juntado a ação de investigação,
conforme resta disposto na Súmula 301 do STJ (“Em ação investigatória,
a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade”, o famoso “quem não deve não
teme”), no Art. 2-A, parágrafo único, da Lei nº 8.560/92 (A recusa do réu
em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção
da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto
probatório), ou no Art. 232 do CC.

Sofia era casada no regime da separação de bens com Ricardo há 30


anos, quando se divorciaram. Sofia era dona de casa e estava se
recuperando de uma doença grave quando do divórcio. Ricardo,
contudo, se negava a prover, consensualmente, alimentos a Sofia,
alegando que ela tem curso superior e pode trabalhar para se sustentar.
Sofia afirma que tem 55 anos, está doente e nunca exerceu a profissão,
pois Ricardo mantinha sua necessidade material. Diante desse quadro,
Sofia procura auxílio jurídico e seu advogado ajuíza ação de alimentos.
A este respeito, responda aos itens a seguir. A) Sofia faz jus a alimentos
a serem prestados por Ricardo? B) Negado o pedido de alimentos
provisórios, qual o recurso cabível? Fundamente e justifique sua
resposta.

A) Vendo a disposição do caso acima colocado, e segundo o Art. 1.694


do CC, os cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com sua
condição social, que é o acontece no caso acima narrado. Analisando
assim, levando em consideração a disposição de tal ato, cabe o pedido
de alimentos entre cônjuges, observado o binômio necessidade-
possibilidade, conforme o Art. 1.694, § 1º, do CC. No caso apresentado,
há necessidade, na medida em que Sofia não trabalha há 30 anos e
está doente, bem como há possibilidade, porque Ricardo era seu
provedor, de modo que está caracterizada a dependência econômica,
além do que ela levaria um tempo para poder se estabilizar.

B) No caso acima arrolado cabe o chamado recurso de Agravo de


Instrumento, por se tratar de decisão interlocutória, pois não põe fim à
fase cognitiva do processo ou extingue a execução, como define o Art.
203, § 2º, do CPC, que versa sobre tutela provisória, como prevê o Art.
1.015, inciso I, do CPC.
José e Maria casaram-se no regime da comunhão parcial de bens. Após
separação de fato há seis meses, Maria ingressa com ação de divórcio em
face de José. Na petição inicial, Maria afirma que os bens comuns já foram
partilhados e requer a decretação do divórcio e a homologação da partilha
realizada. José, por sua vez, alega que, durante o casamento, Maria ganhou
na loteria o valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), que não foram
partilhados. Considerando essas informações, responda aos itens a seguir. A)
O prêmio auferido em loteria oficial é bem comum? B) Poderia o julgador
dividir o mérito, decretar desde logo o divórcio e prosseguir com o processo
para julgamento da partilha? Fundamente e justifique sua resposta. *

A) O prêmio auferido em loteria oficial se qualifica como bem


adquirido por fato eventual, razão pela qual constitui bem comum, nos
termos do Art. 1.660, inciso II, do CC.

B) Por se tratar de pedido incontroverso, pode o magistrado julgar


antecipada e parcialmente o mérito, consoante prevê o Art. 356, inciso
I, do CPC c/c o Art. 1.581 do CC.

Tiago, servidor público federal, e Marcel, advogado, mantiveram convivência


pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituir família, durante
quinze anos. Em virtude do falecimento de Tiago decorrente de acidente de
trânsito, Marcel ajuizou ação em face da União, pleiteando a concessão de
pensão por morte, sob o fundamento da ocorrência de união estável com o
falecido. A juíza federal da 6ª Vara, por ter entendido configurada a relação
de companheirismo, julgou procedente o pedido, concedendo a pensão a
Marcel. Não foi interposta apelação, tampouco houve a incidência de reexame
necessário, pelo que ocorreu o trânsito em julgado da decisão concessiva da
pensão.Diante do acolhimento de sua pretensão no âmbito da Justiça
Federal, Marcel, a fim de resguardar seus direitos sucessórios, ajuizou,
perante a Justiça Estadual, ação declaratória de união estável, buscando o
reconhecimento da relação de companheirismo mantida com Tiago. O juiz de
direito da 3ª Vara de Família julgou improcedente o pedido, sob o fundamento
de que o requisito da coabitação para o reconhecimento de união estável não
se encontrava preenchido. Sobre tais fatos, responda aos itens a seguir. A) O
fundamento da decisão proferida pela Justiça Estadual está correto? Por quê?
Fundamente e justifique sua resposta. *

A) Não, pois o Art. 1.723 do Código Civil não prevê a


coabitação como requisito para a configuração da união
estável.
B) Não. O reconhecimento da união estável pela
Justiça Federal se deu incidentalmente como questão
prejudicial. Considerando que a Justiça Federal não é
competente para decidir como questão principal acerca
da ocorrência de união estável, sua apreciação não é
apta a fazer coisa julgada, nos termos do Art. 503, § 1º,
inciso III, do CPC/15. Em consequência, a Justiça
Estadual poderá decidir de maneira diversa a respeito da
configuração da relação de companheirismo.

Após o período de relacionamento amoroso de dois anos, Mário Alberto,


jovem com 17 anos de idade, e Cristina, com apenas 15 anos, decidem casar.
A mãe de Mário, que detém a sua guarda, autoriza o casamento, apesar da
discordância de seu pai. Já os pais de Cristina consentem com o
casamento.Com base na situação apresentada, responda aos itens a
seguir.A) É possível o casamento entre Mário Alberto e Cristina? B) Caso os
jovens se casem, quais os efeitos desse casamento? Há alguma providência
judicial ou extrajudicial a ser tomada pelos jovens? Fundamente e justifique
sua resposta. *
A) No primeiro tópico, o examinado deve esclarecer que não é possível o casamento,
uma vez que não obstante Cristina ter o consentimento de ambos os pais, ela não
possui idade núbil (capacidade matrimonial). Importante ainda o examinado observar
que Mário Alberto necessita do consentimento de ambos os pais, uma vez que o
consentimento para o casamento é atributo do poder familiar inerente a ambos, em
igualdade de condições, e o fato de Mário estar sob a guarda da mãe não retira de seu
pai sua autoridade parental, não prevalecendo, portanto, a vontade materna,
necessitando do suprimento judicial, em caso de negativa injustificada de um dos
genitores.
B) No segundo tópico, o examinado deve responder que o casamento é anulável, pois além de
Cristina não ter atingido a idade núbil, Mário Alberto necessita do consentimento de ambos os
pais, uma vez que o consentimento para o casamento é atributo do poder familiar inerente a
ambos, em igualdade de condições; o fato de Mário estar sob a guarda da mãe não retira de
seu pai sua autoridade parental, não prevalecendo, portanto, a vontade materna. As
providências a serem tomadas seriam: a) ação anulatória do casamento, pela via judicial, com
fundamento no Art. 1.555 do CC; b) confirmação do casamento, com base no Art. 1.533 do CC.

Você também pode gostar