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Universidade Estadual da Paraíba

Centro de Ciências Jurídicas


Componente Curricular: Direito de Família
Professor: Glauber Leite
Aluno: Victor de Oliveira Souza
Matrícula: 161220320

Avaliação – I Unidade

1. João é casado com Maria desde 2000, no regime da comunhão parcial de bens.
Em 2005, Maria recebeu um apartamento como herança do seu pai. Maria alugou
o imóvel e decidiu, com os aluguéis recebidos, comprar um automóvel. Pergunta-
se: o automóvel em questão pertence exclusivamente a Maria ou entrará na
comunhão dos bens do casal? Explique.

Nesse caso em particular, o automóvel entrará, sim, na comunhão de bens do


casal. Ainda que o apartamento tenha sido percebido por herança, o art. 1.660 do CC,
que versa sobre os bens que entram na comunhão do regime adotado, no seu inciso V
dispõe que os frutos dos bens comuns ou particulares de cada cônjuge (no caso em tela,
o valor dos aluguéis, vertidos na compra do automóvel), percebidos na constância do
casamento, entram na comunhão dos consortes.

2. Augusto é divorciado e ainda não realizou a partilha de bens com a ex-esposa.


Mesmo assim, há alguns dias ele veio a contrair novo casamento, com Marcela.
Nessa hipótese, o novo casamento de Augusto é válido, nulo ou anulável? Explique.

O Código Civil permite aos consortes a homologação do divórcio, sem que seja
celebrada a partilha de bens. Porém, como consta no rol de causas suspensivas do
casamento civil, o divorciado não deve casar enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha de bens referente ao seu antigo matrimônio (art. 1.523, III, CC).
Admitido o dispositivo, o casamento de Augusto e Marcela não deveria ter
acontecido, sem que antes a pendência referente ao casamento anterior houvesse sido
solvida. Mas, prosseguida a celebração, há que se aplicar ao novo matrimônio o
disposto no art. 1.641, I, do Código Civil, que obriga ao regime da separação de bens o
casamento dos consortes que contraíram casamento sem observar, devidamente, as
causas suspensivas da celebração.
Respondendo à pergunta do enunciado, o novo casamento de augusto é, sim,
válido, mas com a limitação da liberdade de escolher o regime, ficando ele obrigado ao
regime de separação de bens.
3. Paulo foi casado com Maria por 5 anos. Ocorre, todavia, que ambos se
divorciaram há alguns meses. Maria é mãe de Antonia, que tem 16 anos e é filha de
uma relação anterior ao seu casamento com Paulo. Há algumas semanas Paulo e
Antonia começaram a namorar e estão fazendo planos de, no futuro, contrair
casamento. Neste caso, analise se a realização desse casamento é juridicamente
possível.

Esse casamento não pode ser celebrado, pois há parentesco por afinidade, já que
Antonia é filha (parente em linha reta) de Maria (ex-mulher de Paulo), e como versa o
art. 1.595, §2º do CC, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da
união estável, na linha reta.
Admitido o parentesco por afinidade, aplica-se então o disposto no art. 1.521, II,
do mesmo código, que proíbe expressamente a celebração de casamentos com os “afins
em linha reta”.
Logo, a realização desse casamento NÃO é juridicamente possível.

4. Maria e João contraíram casamento em 2015 e viviam felizes até o ano passado,
quando descobriram um fato inusitado: são irmãos. Eles desconheciam esse fato,
vez que foram criados por famílias diferentes e essa informação não figurava no
assento de nascimento dos dois. Em face do enunciado, responda:
a) Configura a hipótese de casamento putativo? Explique.

O casamento entre Maria e João foi contraído de boa-fé por ambos os cônjuges,
já que só tomaram conhecimento da existência de parentalidade após vários anos de
convívio.
Nesses termos, configura-se sim a hipótese de casamento putativo, e os efeitos
desse casamento são normalmente produzidos, em relação a estes como aos filhos, até o
dia da sentença anulatória, como prevê o caput do art. 1.561 do CC.

5. Beatriz é casada com Paulo no regime da separação total de bens, fruto da


escolha do casal, em pacto antenupcial. Ocorre que, passados dez anos da
celebração do matrimônio, foi interposta ação judicial com pedido de modificação
do regime para comunhão parcial de bens. Neste caso, se o pedido for deferido, a
sentença retroagirá à data da celebração do matrimônio, para que seja aplicado o
regime de comunhão parcial em relação a todo o patrimônio ou, ao contrário,
apenas produzirá efeitos do trânsito em julgado para frente? Explique.

Nos casos de mudança de regime, entende-se que, quando a mudança é para um


regime onde a comunhão de bens é maior, ou seja, adota-se um modelo menos restritivo
de comunhão, a sentença retroage, e alcança o início da união, contanto que haja o
pedido expresso pelos contraentes na peça vestibular, para que isso ocorra.
Nesse caso então, o casal deve decidir, e fazer constar na inicial, se deseja ou
não que a sentença retroaja e alcance a celebração. Não havendo manifestação nesse
sentido, o regime só será aplicado aos bens contraídos a partir do trânsito em julgado.

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