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2. Cada um dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro:
a) Verdadeiro art.1690º
b) Falso
*regra de pagamento de dívidas
8. A comunhão de leito, mesa e habitação fora do casamento não produz quaisquer efeitos
patrimoniais e pessoais.
a) Verdadeiro
b) Falso união de facto lei 7/2001
9. No âmbito do regime das responsabilidades parentais, a nossa lei civil cumpre o princípio
constitucional da não discriminação dos filhos nascidos fora do casamento.
a) Verdadeiro art.36º, nº4 e 13º CRP
b) Falso
10. Após o divórcio, o exercício das responsabilidades parentais fica a caber exclusivamente ao
progenitor que reside com a criança.
a) Verdadeiro
b) Falsa art.1906º (exercidas em comum)
a) Nulo
b) Ineficaz
c) Anulável
d) Nenhuma das opções anteriores está correta
Casos práticos
1.Nuno e Ana casaram civilmente em abril de 2017.No dia 05 de Novembro de 2018, Nuno foi
condenado a cumprir uma pena de 20 anos de prisão pela prática de um crime desonroso. Ana
foi visitá-lo à prisão, todos os fins-de-semana, durante os primeiros dois anos de prisão. Em
março de 2021, conheceu Frederico com quem vive em comunhão de leito, mesa e habitação,
desde essa data. Ana não quer reatar a vida em comum com Nuno e quer divorciar-se dele.
Poderá fazê-lo? Com que fundamento?
R: (Se pode ou não divorciar-se/ como/ tipo de divórcio/ com que fundamento Efeitos da união de facto)
Sim. Ana quer extinguir a relação matrimonial, divórcio sem consentimento de um dos cônjuges
art.1773º a 1779º. Fundamentos art.1781 a), remissão1782º essa comunhão de vida não exista à
1 ano.
Elemento objetivo-ausência de vida em comum dos cônjuges, verificamos a partir do momento
em que ela o deixou de visitar, final do ano 2020
Elemento subjetivo-não haja o propósito de restabelevcer a vida em comum, verificamos
quando ela deixou de o visitar na prisão e não tendo a intenção de o visitar
Requerimento é entregue exclusivamente no tribunal alegando a separação de facto por um ano
consecutivo, como causa do divórcio
Crime aqui não é fundamento, não houve rutura da vida comum (se ela alegasse estaria sobre o
abuso de direito-infidelidade)
2. Alice e Bruno casaram em fevereiro de 2009, e são pais de Carlos, de 6 anos, e de Daniela, de
4 anos. No passado mês de dezembro, Bruno deixou a casa de morada de família e foi viver
com Eduarda, com quem mantinha uma relação amorosa há algum tempo.
a) Bruno poderá pôr termo ao casamento? Por que via? Com que fundamento?
R: Pode, se não for com consentimento será sem consentimento.
Sem consentimento- tem de ter fundamento art.1781º alínea d), torna evidente a rutura efetiva
do casamento, qualquer facto acaba por mostrar que existe uma rutura definitiva do casamento e
1785º/1 onde diz que o divórcio pode ser requerido por qualquer dos cônjuges, justifica que ele
pode requerer o divórcio sem consentimento mesmo sem a outra parte concordar (legitimidade)
Prazo-não é necessário, pode ser alegado a rutura definitiva do casamento a qualquer altura
desde que as partes provem que não têm interesse em restabelecer a vida em comum.
b) Se Bruno, entretanto, falecer, Eduarda beneficia da proteção concedida pela Lei 7/2001, de
11 de maio, nomeadamente quanto à casa de morada de família?
R: entretanto -ainda não foi decretado o divórcio, porque os efeitos do divórcio só são
produzidos após a sentença e o registo da mesma, e como não está divorciado art.1789º nº1 e 3.
Em termos de divórcio ele ainda não estaria divorciado
Lei 7/2001-requisitos:união de facto
Só se contam os dois anos a partir do momento em que existe divórcio, caso haja uma relação
num casamento ainda não dissolvido esse casamento provoca um impedimento dirimente
absoluto, art.2º, nº1
Eduarda não poderia beneficiar de qualquer direito concebido pela lei 7/2001, porque na prática
não estariam em união de facto.
3. Ana e José são casados entre si desde agosto de 1992 e têm dois filhos menores em comum.
Uma vez que já não nutrem um pelo outro o amor que outrora os uniu, pretendem pôr termo ao
casamento por mútuo acordo.
Enquanto solicitador, esclareça-os sobre a possibilidade de intentar a respetiva ação na
Conservatória do Registo Civil e o que é necessário para esse efeito.
R: Divórcio por mútuo consentimento, art.1775º, pode ser requerido a todo o momento
É necessário o requerimento do divórcio na Conservatória, é preciso estar em acordo em relação
às responsabilidades parentais (podem ser requeridas no momento do divórcio ou podem já
existir as mesmas), sendo reguladas naquele momento vai ao Ministério Público, casa morada
de familia, animais de companhia, relação de bens, prestação de alimentos ou a renúncia.
Havendo convenção antenupcial é necessário juntar certidão.
Estando as partes de acordo em todas as matérias, o divórcio é decretado, não estando em
alguma das matérias, o processo de divórcio é remetido para tribunal e passamos a ter um
divórcio por mútuo consentimento a decorrer em Tribunal.
4. João e Maria casaram em 1990 e estão separados de facto desde 2015, altura em que João
saiu de casa.
Maria pretende divorciar-se, mas desconhece o atual paradeiro de João, bem como se o mesmo
está vivo ou morto.
Imagine que Maria o procura para saber se tem fundamentos para intentar a ação de divórcio.
R: Pode, sem consentimento. Falar da separação de facto e da ausência
Art.1781º, a) e c)
Importante:
Prazos da união de facto
Responsabilidades parentais em divórcio e casamento
Ilegitimidades!! Escolhas múltiplas
1.Ana e Bernardo casaram em 1988. Ana deixou de trabalhar assim que casaram e quando, no
passado mês de agosto, Bernardo abandonou a casa, Ana deparou-se com o facto de não ter
meios de subsistência próprios. No entanto, como continua casada com Bernardo, considera
que este tem o “dever de continuar a sustentar a casa”. Quid iuris?
R: Dever de assistência
2.No seu processo de divórcio, Joana deduz pedido de autorização judicial do uso dos
apelidos do seu marido, Pedro. Joana usa nome constituído pelos apelidos do marido,
“Plympton de Azevedo”. É conhecida social e profissionalmente por esse nome e alega que a
não manutenção destes apelidos implicará graves prejuízos a nível profissional, já que a
angariação de clientes na sua área se faz por indicação de clientes já conhecedores e o seu
nome figurou desta forma em vários artigos de revistas e jornais económicos que publicou ao
longo da sua carreira. Pedro invoca que apenas ele e outros cinco membros da sua família
usam o referido apelido, pelo que seria da maior importância que não fosse concedida tal
autorização. Quid iuris?
R: art. 1677º- B
1. João e Marta casaram entre si em Junho de 1970, sem convenção antenupcial. No corrente
ano, João praticou os seguintes atos sem o consentimento de Marta:
a) Vendeu o apartamento que tinha comprado com o dinheiro que trouxe para o casamento;
Art. 1724º-apartamento foi adquirido com o dinheiro que João tinha antes do casamento
(próprio) mas, art. 1723º c), isto quer dizer, que qualquer bem que seja comprado com bem
próprio, em principio será sempre comum, só não será caso ele tenham feito a menção no ato
da escritura, dizendo que o bem era dele.
Administração de bens
Catarina havia celebrado um contrato com uma empresa de exportação de fruta e devido ao
desleixo do Diogo, o cumprimento do contrato ficou em risco. Desta forma, Catarina pretende
responsabilizar Diogo pelos prejuízos que a sua administração causou. Pode fazê-lo?
R: Regime Supletivo- comunhão de adquiridos (art. 1717º) Art. 1722º- são considerados bens
próprios os cônjuges, os bens que cada um deles tiver ao mesmo tempo da celebração do
casamento.
Administração dos bens do casal- Regra (art.1678º, nº1) Cada um dos cônjuges tem a
administração dos seus bens próprios. Exceção art. 1678º, nº2 g)
O administrador responde pelos atos e pelas omissões nos termos em que um mandatário
responde - nos termos gerais do incumprimento das suas obrigações. No caso de se pedir
responsabilidades a um cônjuge administrador, vai ser necessário decidir se o crédito de
indemnização é próprio ou comum.
Se o dano indemnizado for um dano num bem próprio, o crédito será incomunicável por força
da lei (art. 1733º, nº1 d)).
1912º remete para o exercício no casamento, ou seja, comum acordo. Tem 3 anos e é
menor e como tal exercem os poderes na vez desta. Se ambos têm de intervir,
presume-se o comum acordo, exceto se existir uma exceção. No caso concreto, esta
presunção não é válido, ou seja, é necessário que ambos os pais se manifestem nesta
questão.
Terá de ser realizada os termos de paternidade de afonso, nos termos do art.1910º.
2. Em Junho de 2011, A foi à farmácia comprar medicamentos para a sua asma, e não
pagou. Será B também responsável por esta dívida?
O entendimento relativo às dívidas dos cônjuges é divergente na doutrina. Embora a
opinião do curso seja que se deve fazer uma aplicação analógica do art. 1691º (posição de
GUILHERME DE OLIVEIRA e de PEREIRA COELHO), esta não foi a orientação seguida na lei. O
legislador optou por não consagrar expressamente num artigo a aplicabilidade do art. 1691º à
união de facto. Contudo, esta continua a ser a posição do curso, integrando este caso na alínea
b) do art. 1691º/1, relativa às “dividas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes ou depois da
celebração do casamento, para ocorrer aos encargos da vida familiar”. B é também responsável
pela dívida.
3. Em 3/10/11 falece A, e D, sua mãe, pretende que B deixe a casa para que possa ir para lá
viver. Diz ainda a B que ela não tem qualquer direito, uma vez que nunca foi casada com
seu filho. Será verdade? Que direitos pode B fazer valer?
Esta questão remete-nos para a temática da extinção da união de facto, mais
precisamente, a dissolução por morte, prevista no art. 8º/1/a) da Lei 7/2001. Para produzir
efeitos relevantes, a dissolução desta relação tem que ser declarada judicialmente, através de
uma acção declarativa intentada no tribunal pelo membro da união de facto interessado, B (art.
8º/2 Lei 7/2001).
Quanto à casa de morada da família a lei, desde sempre, foi muito sensível à ideia de
protecção do união de facto sobrevivo, isto é, que poderá haver nestes casos interesses a tutelar,
nomeadamente o interesse da continuidade da habitação. Assim, o art. 5º dispõe que, no caso do
proprietário ser o falecido, o membro sobrevivo (que não é herdeiro) pode ficar na casa, pelo
menos por 5 anos, como titular de um direito real de habitação e direito de uso do recheio”.
Sendo assim, o membro sobrevivo não é herdeiro legal, mas tem um direito real de
habitação de permanecer na casa, neste caso por 7 anos, uma vez que a lei prevê para uniões de
facto superiores a 5 anos que este direito real se estenda por tempo igual ao da duração da união
(art. 5º/1/2). O tribunal, apesar de haver este limite, pode prolongar os
prazos, atendendo a razões de equidade (situação de extrema carência - art. 5º/4). Para além
disto, o membro sobrevivo da união de facto tem também o direito de permanecer no imóvel
na qualidade de arrendatário (art. 5º/7) e um direito de preferência na compra da casa (art.
5º/9).
Outro efeito importante é a transmissão do direito ao arrendamento para habitação, por
morte da pessoa que viva com ele em união de facto (art. 1106º/1) - em caso de A ter a casa
arrendada.
- direitos previstos nas alíneas e, f, g, do artigo 3º LUF
- direito de exigir alimentos da herança: o membro da UF sobrevivo tem direito a exigir
alimentos da herança do
falecido (art. 2020º)
- indemnização por danos não patrimoniais: 496º/3.
Lançando mão destes argumentos, B recusar-se-á a cumprir a vontade de mãe de A (D).
CASO 7 - DIVÓRCIO SEM CONSENTIMENTO DE UM DOS CÔNJUGES
A e B casaram casados desde 2000 no regime de comunhão geral. Em 2012, A cometeu um
crime pelo qual foi julgado e condenado numa pena de prisão até 20 anos. B foi visitá-lo ao
estabelecimento prisional até Junho de 2014. Em Agosto do mesmo ano, B conhece C com
quem vive desde então.
Hoje não quer mais nada com o seu marido, deixando mesmo de o visitar desde Agosto
2014.
B quer divorciar-se e pergunta se tem fundamento, bem como se ainda o pode fazer.
Para averiguarmos se B pode pedir o divórcio, e partindo do princípio de que A não
daria o seu consentimento para o mesmo, temos de encaixar esta situação numa das alíneas do
art. 1781º, que prevê o divórcio sem consentimento de um dos cônjuges.
Esta modalidade foi introduzida na Lei n.º 61/2008 e corresponde ao anterior divórcio
litigioso. A designação escolhida denota precisamente o propósito da lei, a aspiração de um
processo que não agrave os conflitos e evite a devassa sobre os comportamentos conjugais. Ou
seja, em 2008, desapareceu o fundamento subjectivo da violação culposa dos deveres conjugais,
logo a culpa dos cônjuges foi eliminada, quer como causa do divórcio, quer como critério de
definição dos efeitos do divórcio.
Para que B possa pedir o divórcio tem que demonstrar a existência de uma situação de
ruptura definitiva do casamento. Neste caso, esta ruptura constitui uma verdadeira separação de
facto, de acordo com os arts. 1781º/a) e 1782º.
Nos termos deste último artigo, a separação de facto é constituída por 2 elementos:
B deixou de visitar A há 1 ano e 5 meses. Este facto revela indubitavelmente que não há
propósito de restabelecer a comunhão de vida. Cumpre-se também o período temporal exigido
na alínea a) do 1781º para que se possa considerar uma verdadeira separação de facto. De
acordo com o art. 1785º, B tem legitimidade para pedir divórcio, tal como A também teria se
assim quisesse, uma vez que se trata de um divórcio bilateral. Acrescente-se ainda que se tem
por inicio da separação de facto o momento em que B deixou de deslocar-se regularmente ao
estabelecimento prisional para visitar A.
Esta modalidade foi introduzida na Lei n.º 61/2008 e corresponde ao anterior divórcio
litigioso. A designação escolhida denota precisamente o propósito da lei, a aspiração de um
processo que não agrave os conflitos e evite a devassa sobre os comportamentos conjugais. Ou
seja, em 2008, desapareceu o fundamento subjectivo da violação culposa dos deveres conjugais,
logo a culpa dos cônjuges foi eliminada, quer como causa do divórcio, quer como critério de
definição dos efeitos do divórcio.
Há uma dúvida que se coloca: a realidade dos factos mostra que os cônjuges se vão
separando aos poucos, não há uma separação ex abrupto. Entende-se que para estes efeitos não
contam as “meias separações”, tem que haver uma separação completa e definitiva. Outra
dúvida que se coloca, e a que se coloca a este caso, é de saber o prazo de 1 ano tem de ser
contínuo ou podem somar as separações interruptas. Parece evidente, embora haja quem
entenda o contrário, que o tempo de reconciliação inutiliza completamente o período de
separação anterior - o que mostra a ruptura do casamento é o prazo de 1 ano ininterrupto,
consecutivo, ou seja, o prazo contínuo corresponde ao próprio fundamento da separação de
facto.
Sendo assim, o mesmo só poderia ser contado a partir de Março 2011. Seria portanto
aconselhável que B esperasse até Março de 2012 para pedir o divórcio sem o consentimento de
um dos cônjuges com base neste fundamento.
No enunciado ainda se faz menção indirecta ao dever de respeito, sendo um dos
deveres pessoais dos cônjuges. Em termos práticos, a imposição destes deveres tinha bastante
importância prática antes da reforma do divórcio de 2008, pois um dos fundamentos (senão o
principal) do divórcio litigioso era a violação culposa dos deveres conjugais, quando a sua
gravidade pusesse em causa a subsistência do casamento. Depois de 2008, desapareceu esse
fundamento, tendo sido substituído por um diferente: qualquer facto que, independentemente da
culpa dos cônjuges, mostra a ruptura definitiva do casamento. Já não se fala em deveres
conjugais, nem sequer em culpa, mas em factos objectivos não culposos, pelo que parece que
estes deveres conjugais perderam muito o seu valor como deveres.
No máximo, podemos dizer que, não sendo cumprido um destes deveres de forma
reiterada e grave, haverá uma ruptura definitiva do casamento, que será fundamento de divórcio.
Mas a violação dos deveres não vale por si mesma como fundamento do divórcio, mas por
originar a ruptura do casamento. Daí termos de concluir que os deveres perderam grande parte
da sua importância prática: os deveres traduzem antes a ideia de que a lei espera que os
cônjuges adoptem certos comportamentos, deixando de os adoptar, haverá uma ruptura.
Posto isto, B não podia pedir o divórcio com base na violação de deveres conjugais
(dever de respeito na sua vertente negativa - contra a integridade física e moral).
Porém, é de denotar que temos como efeito do divórcio, consagrado no art. 1792º/2, a
obrigação de indemnização: o cônjuge deve indemnizar o outro pelos danos não patrimoniais
do divórcio, mas apenas este seja intentado com fundamento em alteração das faculdades
mentais (não o nosso caso). Antes da Reforma de 2008, também o cônjuge declarado único ou
principal culpado tinha esta obrigação de indemnizar, para além do cônjuge que intentou o
divórcio com fundamento em alteração das faculdades mentais.
Além disto, o n.º1 diz-nos que, em geral, o cônjuge lesado tem direito a pedir a
reparação dos danos não patrimoniais causados pelo outro cônjuge. Embora isto seja discutido,
deve entender-se que estes danos indemnizáveis são apenas os danos resultantes da violação de
direitos que os cônjuges já tinham independentemente de serem casados - não está
em causa a violação de deveres especificamente conjugais, como o dever de infidelidade ou
coabitação, mesmo que este traga danos. Há alguns autores que entendem que também os danos
resultantes da violação de deveres conjugais devem ser indemnizáveis, sendo que os tribunais
oscilam num sentido ou no outro. PEREIRA COELHO entende que não faz muito sentido haver
um dever de indemnização no caso de violação de deveres conjugais.
1. Suponha que foi instaurado em Janeiro 2011 o pedido de divórcio. Onde foi instaurado?
Quais os efeitos?
Estamos perante um caso de divórcio sem consentimento de um dos cônjuges. B
parece querer basear este seu pedido na ruptura definitiva, nos termos do art. 1781º, mais
precisamente da alínea d). A legitimidade de B para fazer este pedido está expressamente
prevista no art. 1785º.
Termo da comunhão e partilha (art. 1790º): com o divórcio, cessam todas as relações
patrimoniais e pessoais entre os cônjuges, art. 1688º. O divórcio implica assim a cessação das
relações patrimoniais entre os cônjuges, concretamente a liquidação do regime de bens que, no
caso de ter sido um regime de comunhão, dá lugar à partilha dos bens comuns.
A irrelevância do ilícito culposo conjugal no contexto do divórcio foi acompanhada da
eliminação da exigência da declaração do cônjuge culpado ou principal culpado, que influía na
determinação de alguns efeitos patrimoniais - nomeadamente, estabelecia-se que o anterior
cônjuge culpado não podia na partilha receber mis do que receberia se o casamento tivesse
sido celebrado segundo o regime de bens adquiridos.
Hoje, a lei deu um passo em frente - para qualquer dos cônjuges, vale a regra de que,
na partilha, nenhum dos cônjuges casados com comunhão geral pode ficar com mais do que
ficaria se se tivessem casado com comunhão de bens adquiridos, art. 1790º. Já que eles se
divorciaram, não faz sentido manter a comunhão geral, que pressupunha a subsistência do
casamento, daí esta mutação do regime de bens; sendo que a lei quer evitar igualmente que o
divórcio se torne num negócio, num meio legítimo de ganho. Esta solução é criticada por R ITA
LOBO XAVIER.
Dito isto, A não terá direito nem à casa doada a B por ocasião do casamento (art.
1722º/1/b)), nem à fábrica, também doada a B pelos seus pais.
A que terá então A direito? A terá direito a alimentos, de acordo com o art. 2016º, que
consagra o princípio de que cada cônjuge, depois do divórcio, deve prover à sua subsistência -
sendo estes alimentos limitados ao essencial para a alimentação, vestuário e saúde. Esta ideia
está implícita no n.3º do art. 2016º-A. Enquanto razoavelmente o cônjuge não conseguir obter
fonte de rendimento terá direitos a alimentos, mas esta será uma situação transitória.
Sabemos que foi eliminado o critério da culpa - o cônjuge culpado estava obrigado a dar
alimentos ao outro. Assim, o n.º2 vem dizer que qualquer dos cônjuges tem direito a alimentos.
Se A quiser obter uma indemnização, nomeadamente pela violação dos deveres de fidelidade e
cooperação, deverá fazê-lo através de acção autónoma, nos termos do art. 1792º. - isto seria
correcto caso ocorre antes da Reforma de 2008. O art. 1792º/2 diz-nos que o cônjuge deve
indemnizar o outro pelos danos não patrimoniais resultantes do divórcio, mas apenas quando
este seja intentado com fundamento em alteração das faculdades mentais. Antes da
Reforma de 2008, também o cônjuge declarado único ou principal culpado tinha esta obrigação
de indemnizar, para além do cônjuge que intentou o divórcio com fundamento em alteração das
faculdades mentais.
Além disto, o n.º1 diz-nos que, em geral, o cônjuge lesado tem direito a pedir reparação
dos danos não patrimoniais causados pelo outro cônjuge. Embora isto seja discutido, deve
entender-se que estes danos indemnizáveis são apenas os danos resultantes da violação de
direitos que os cônjuges já tinham independentemente de serem casados
- não está em causa a violação de deveres conjugais (dever de infidelidade ou coabitação),
mesmo que traga danos. Há alguns autores que entendem que também os danos resultantes da
violação de deveres conjugais deve ser indemnizáveis, sendo que os tribunais oscilam num
sentido ou no outro. PEREIRA COELHO entende que não faz muito sentido.
Mas o facto de A não ter direito nem à casa, nem à fabrica, não significa que não lhe
possam assistir outros. A terá direito, se quiser, ao arrendamento da casa de morada da
família, conforme o disposto no art. 1793º. Há sempre a possibilidade de chegarem a acordo
sobre o destino (quer no divórcio por mútuo consentimento, quer no sem consentimento). Não
havendo acordo, pode o tribunal dar de arrendamento a qualquer dos cônjuges da casa, a seu
pedido, tendo em conta as necessidades do cônjuge e dos filhos. É o tribunal que constitui este
contrato de arrendamento, ou seja, o contrato não resulta de um acordo entre as partes mas de
uma decisão judicial.
Por outro lado, A terá também eventualmente direito a uma compensação pela violação
do dever de contribuir para os encargos da vida familiar, nos termos do art. 1676º.
O n.º2 e ss introduzem aqui uma regra que foi alterada na reforma do divórcio de 2008,
regra do crédito compensatório. Com a reforma de 2008, é reconhecido um direito a uma
compensação, quando a contribuição de um dos cônjuges tenha atingido um grau
consideravelmente superior à que era devida, por ter renunciado de forma excessiva à
satisfação dos seus interesses em favor da vida comum, com prejuízos patrimoniais
importantes. Este direito visa evitar o aproveitamento injustificado dos benefícios resultantes do
trabalho não remunerado de um dos cônjuges e o seu empobrecimento injustificado, logo o
principal elemento de ponderação será a existência de prejuízos patrimoniais importantes,
nomeadamente se existir um grave desequilíbrio económico entre os cônjuges após o divórcio.
Acrescente-se, por fim, que A se veria ainda obrigada a restituir as jóias que recebeu em
virtude do casamento.
a) São duas as modalidades do divórcio: por mútuo consentimento, que pode ser
administrativo ou judicial; e sem consentimento de um dos cônjuges (até 2008, este era o
divórcio litigioso) - arts. 1773º, 1775º e ss e 1779º e ss.
Tendo em consideração que “nenhum deles pode apontar ao outro uma violação de um
qualquer dever conjugal” e afirmam “estar cansados de viver juntos”, será de prever que a
modalidade que vão optar é o divórcio por mútuo consentimento (1775º), sendo um acordo
mútuo entre os cônjuges. Antes de 2008, este era um divórcio com causa. Hoje, a distinção
perdeu interesse.
Deverão dirigir-se à Conservatória do Registo Civil e, juntamente com o requerimento
do divórcio assinado por ambos, apresentar os 3 acordos complementares previstos no art. 1775º
(acordo sobre o destino da casa de morada de família, acordo sobre a prestação de alimentos ao
cônjuge que deles careca e acordo sobre a regulação do exercício
das responsabilidades parentais), bem como uma relação especificada dos bens comuns e uma
certidão da convenção antenupcial se a tiverem celebrado.
A Reforma de 2008 trouxe grandes alterações relativamente à matéria das decisões quanto à
vida do filho:
1. Em relação às questões de particular importância, as responsabilidades parentais são
exercidas em comum por ambos os progenitores - art. 1906º/1. Esta é a regra, em princípio com
carácter imperativo, embora possa ser afastada em certas situações excepcionais: situações de
urgência, ou situações em que o exercício em comum das responsabilidades possa afectar o
interesse do filho (por ex., os pais não se falam). Aqui, o tribunal pode, através de decisão
fundamentada, determinar que as responsabilidades serão exercidas por um dos progenitores,
mesmo em relação às questões de particular importância - 1906º/2.
2. Além destas questões, há outras - o código diz, no 1906º/3, que o exercício das
responsabilidades parentais em relação às questões de vida corrente são decididas pelo
progenitor com quem o filho está naquele casamento.
3. Simplesmente, a lei diz ainda no n.º3 que o progenitor com direito de visita tem de respeitar
as orientações educativas decididas pelo progenitor. Assim, a lei atribui a competência
unilateralmente ao progenitor residente de definir as orientações educativas fundamentais do
filho.
O acordo relativamente às responsabilidades parentais é feita, não pelo conservador, mas pelo
MP (art. 1776º-A/1/2/3)
Outro ponto que pode ser referido: a eventual invocação da causa indeterminada da alínea d) do
art. 1781º.