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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem

Direito da Criança e do Adolescente

1ª FASE XXXV EXAME

Direito da Criança e
do Adolescente

Profª. Me. Franciele L. Kühl

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Olá, minhas estrelas!

Estudar para Exame de Ordem exige muita


preparação! Contudo, essa preparação precisa ser
adequada, isto é, bem orientada para que você tenha o
melhor aproveitamento possível de cada tempo dedicado
ao estudo. Você também precisa acreditar que é capaz.

Acredite na estrela que brilha dentro de você.

Quando falamos em prova da ordem, a primeira


coisa que o(a) candidato(a) precisa fazer é se programar,
a organização do espaço e tempo de estudo é
fundamental para que você tenha sucesso. Feito isso,
você deve conhecer a banca. Conhecer o inimigo é saber
quais armas ele utiliza e, assim, criar uma preparação
estratégica para dominá-lo! Por isso que estamos aqui,
para lhe auxiliar nessa preparação estratégica.
Comece lendo o edital, conhecer as regras do jogo
é fundamental! Então não deixe de fazer isso. Prepare-se
com um cronograma de estudos, separe o tempo que
você terá para dedicar-se a esse objetivo e deixe a gente
guiar você nessa jornada de estudo!

Franciele Kühl @prof.frankuhl

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1ª FASE OAB | XXXV EXAME

Direito Administrativo
Prof.ª Franciele L. Kühl

1.Direito Da Criança E
Do Adolescente ..................................................................................................... 4
1. História Do Direito Da Criança E Adolescente ................................................... 4
1.2. Inserção Constitucional................................................................................... 5
1.3. Direitos Fundamentais .................................................................................... 7
1.4. Direito À Convivência Familiar E Comunitária .............................................. 23
1.5. Prevenção..................................................................................................... 40
1.6. Medidas De Proteção ................................................................................... 49
1.7. Medidas Pertinentes Aos Pais Ou Responsáveis ......................................... 54
1.8. Ato Infracional ............................................................................................... 54
1.9. Direitos Individuais E Garantias Processuais ............................................... 56
1.10. Medidas Socioeducativas ........................................................................... 58
1.11. Apuração Do Ato Infracional ....................................................................... 60
1.11.1 Outras Observações Sobre Ato Infracional............................................... 64
1.12. Acesso À Justiça ........................................................................................ 66
1.13. Do Juiz, Ministério Público E Advogado ..................................................... 67
1.14. Competências ............................................................................................. 68
1.15. Proteção Dos Interesses Individuais, Difusos E Coletivos .......................... 70
1.16. Política De Atendimento ............................................................................. 72
1.16.1 Apuração De Irregularidade Em Entidade De Atendimento ...................... 74
1.17. Conselho Tutelar ........................................................................................ 75
1.18. Competências ............................................................................................. 77
1.19 Sistema Recursal......................................................................................... 78
1.20 Infiltração De Agentes Da Polícia ................................................................ 79
1.21.Dos Crimes Praticados Contra Crianças E
Adolescentes ....................................................................................................... 79
1.22. Disposições Transitórias ............................................................................. 84

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso extensivo para
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que as aulas sejam assistidas acompanhadas legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe CEISC.


Atualizado em fevereiro de 2022.
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Direito da Criança e do Adolescente

1. Direito Da Criança E Do Adolescente

Prof.ª Franciele L. Kühl


@prof.frankuhl

1. História Do Direito Da Criança E Adolescente

Juridicamente falando a história do direito da criança e adolescente é antiga, mas foi


apenas em 1988 que a criança e o adolescente foram reconhecidos como sujeitos de direito.
Vamos passar por uma linha do tempo, de forma bem breve e objetiva, contendo os principais
acontecimentos jurídicos 1:
• Inicia pela “Roda dos Rejeitados” ou “Roda dos Expostos”, em 1726, um
compartimento cilíndrico instalado na parede para que a criança abandonada fosse
colocada ali, preservando a identidade de quem abandonava. Essa prática era
regulamentada por lei e foi a principal forma de assistência infantil na época.
• Penalização de crianças e adolescente entre 9 e 14 anos: O Código Criminal da
República de 1890 considerava a teoria do discernimento, assim, crianças e
adolescentes entre 9 e 14 anos eram psicologicamente avaliadas e penalizadas de
acordo com o discernimento.
• Em 1921: a lei n. 4.242, tratou da assistência e proteção dos “menores
abandonados ou delinquentes”.
• Em 1927 o primeiro Código de Menores: extinguiu a roda dos expostos. Crianças
e adolescentes até 14 anos “delinquentes” eram encaminhados para a escola da
preservação (uma versão abrandada do reformatório), já os adolescentes entre 14
e 17 anos eram encaminhados ao reformatório.
• Reforma penal de 1932: A maioridade penal passa de 9 para 14 anos de idade no
Código Penal Brasileiro.
• Criação da FUNABEM e FEBEMS em 1964: após o golpe militar, o SAM foi extinto
e criado a Fundação Nacional do Bem-estar do Menor (FUNABEM) e a Política
Nacional do Bem-Estar do Menor (PNBEM), o que deu origem às FEBEMS em
nível estadual. A questão dos “menores” é tratada como questão de segurança
nacional.
• Em 1979 é criado o segundo Código de Menores: ele traz a doutrina da proteção
integral, porém baseia-se nas mesmas concepções da doutrina da situação
irregular.
• Em 1984 a maioridade no Código Penal passa a ser de 18 anos.
• Em 1988 a nova Constituição Federal: traz o mais importante artigo constitucional
sobre direitos da criança e do adolescente, o artigo 227, um avanço nos direitos e
na doutrina da proteção integral.

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A linha do tempo completa pode ser encontrada no site da EBC (PEDROSA, 2015).

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Direito da Criança e do Adolescente

• Em 13 de julho de 1990 nasce o Estatuto da Criança e do Adolescente: o marco


legal da proteção integral.
• Em 1990 o Brasil assina a Convenção Internacional sobre Direitos da Criança:
trata-se de um tratado aprovado pela ONU para assegurar os direitos da criança
mundialmente.

A Constituição Federal de 1988 foi o marco interruptivo entre a teoria da Situação Irregular
– tratada pelo Código de Menores, de 1927 e adotado explicitamente no Código de 1979 – e a
teoria da Proteção Integral, que veio a ser posteriormente regulada pela Lei n. 8.069, de 13 de
Julho de 1990, denominado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A teoria da Proteção Integral encontra amparo jurídico na Constituição Federal, no
Estatuto da Criança e do Adolescente e nas Convenções Internacionais sobre os Direitos da
Criança e dos Direito Humanos. Assentando-se basicamente em três princípios pilares: o
princípio da prioridade absoluta, princípio do melhor interesse e princípio da proteção integral.
* Para todos verem: esquema demonstrando que os responsáveis pela
proteção integral são: estado, sociedade e família.

Responsáveis pela
proteção integral:

Estado Sociedade Família

Desta forma, todos os atos relacionados ao atendimento das necessidades da criança e


do adolescente devem atender o seu melhor interesse e essa perspectiva deve ser seguida pelas
famílias, pela sociedade e pelo Estado, que nas suas decisões e nos seus procedimentos
cotidianos devem tomar uma série precauções e cuidados com a finalidade de proteger a criança
e ao adolescente, levando em conta, principalmente, a sua condição de pessoa em
desenvolvimento.

1.2. Inserção Constitucional


A Proteção Integral está amparada na Constituição Federal, o próprio artigo 227 assevera
que à toda criança e adolescente deve ser assegurado com absoluta prioridade

Constituição Federal

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

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Direito da Criança e do Adolescente

Esses direitos são trabalhados dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual


estabelece o sistema de garantia de direitos. Lembrando que todos os direitos de crianças e
adolescentes devem ser garantidos tanto para filhos havidos ou não da relação do casamento e
os adotados, todos os filhos possuem os mesmos direitos e qualificações, sendo proibida
designações discriminatórias relativas à filiação (art. 227, §6º, da CF).
Três artigos constitucionais são essenciais para o estudo do direito da criança e do
adolescente: art. 227, 228 e 229, da Constituição Federal. Estes são cláusulas pétreas?

Devido a sua localização, por estarem fora do rol de direitos individuais fundamentais
do Título II da Constituição Federal, há quem questionem se seriam eles abrangidos pelas
cláusulas pétreas, a resposta é SIM! A resposta justifica-se pela primazia dos Direitos
Humanos, pois não há limitação à previsão de outros direitos fundamentais de forma esparsa
no texto constitucional, assim, é possível aplicar o disposto no artigo 60, §4º, IV, da CF, que
veda a emenda constitucional tendente a ABOLIR direitos e garantias individuais. Garantia de
impossibilidade de retrocesso em matéria de direitos humanos também previstas no artigo 5º
do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (1966) e no artigo 5º, §2º, do Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), ambos ratificados pelo país (ZAPATER, 2017).

Nada impede alterações no texto ou a criação de leis que sejam para ampliar esses
direitos, como é o caso das recentes Leis:
a) Lei n. 13.715/2018: Dispõe sobre a racionalização de atos e procedimentos
administrativos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e institui o Selo de desburocratização e Simplificação, trazendo
importante alteração quanto as regras de viagem de crianças e adolescentes.
b) Lei n. 13.257/2016: Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância, que
dispõe sobre as políticas públicas para crianças até 6 anos de idade.
c) Lei n. 13.185/2015: Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática
(Bullying).
d) Lei n. 12.594/2012: Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a
adolescente que pratique ato infracional;
Outras legislações, não mencionadas acima, também foram importantes para a ampliação
do sistema de proteção de direito da criança e adolescente, mas na sua maioria são legislações
que alteraram diretamente o Estatuto da Criança e do Adolescente, foco principal do nosso
estudo.

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Direito da Criança e do Adolescente

1.3. Direitos Fundamentais

O princípio basilar do direito da criança e do adolescente e da teoria (ou doutrina) da


proteção integral: princípio da prioridade absoluta, está legalmente previsto no artigo 4º, do
estatuto, bem como, no artigo 227, da Constituição Federal. Crianças e adolescentes precisam
ser o foco principal, tanto do Poder Executivo, na destinação de verbas para amparo à família e
à criança ou adolescente em situação de risco, assim como, o Poder Legislativo precisa priorizar
a elaboração e votação de leis com prioridade total, e o Poder Judiciário deve garantir que os
processos que envolvem crianças e adolescentes sejam céleres e que tenham juízes
comprometidos (NUCCI, 2017, p.8).
De acordo com o parágrafo único, do artigo 4º, a garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.

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E, quando houver necessidade de interpretação da Lei, deverá ser levado em conta os


fins sociais que ela tem, a exigência do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos,
como a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, art. 6º, do ECA.
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais, segundo do artigo 5º.
Considerando a importância do respeito aos seus direitos fundamentais, passaremos ao
estudo dos principais pontos inerentes aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição
Federal e ampliados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

1.3.1 Direito À Vida E À Saúde


Em consonância com os princípios gerais de Direitos Humanos, adotados pelos pactos
internacionais, os direitos fundamentais à vida e à saúde, estão contemplados expressamente a
partir do artigo 7º:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 7º. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
dignas de existência.

Direito à vida é um direito fundamental previsto no artigo 5º da Constituição Federal, já o


direito à saúde trata-se de um direito social, segundo o artigo 6º, da Constituição Federal. A
saúde é direito de todos e dever do Estado, essa competência é solidária entre União, Estados,
Distrito Federal e Municípios (art. 196, CF). Também está previsto no artigo 227, caput, reforçado
o dever do Estado de assegurá-lo no §1º, do mesmo artigo:

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Direito da Criança e do Adolescente

Constituição Federal

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao


jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do


jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;

II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de


deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador
de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

É elementar observar que o legislador preocupou-se com o direito desde a sua concepção,
assim, o estatuto estabelece condições de proteção para as gestantes, pensando no direito à
vida e à saúde da criança. O artigo 8º estabeleceu em 2016 que “é assegurado a todas as
mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de
Saúde”
Inclusive, a partir da lei da 1ª infância (Lei 13.257/2016), que alterou o estatuto, a gestante
passou a ter direito a garantida de sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher (art. 7,
§2º). Desde 2009, incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à
mãe (inclusive a em situação de privação de liberdade ou que manifestam interesse em entregar
seus filhos para adoção), tanto no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou
minorar as consequências do estado puerperal.

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Direito da Criança e do Adolescente

ATENÇÃO!

Estado puerperal: Trata-se do conjunto de alterações físico-psíquicas da mulher parturiente.


[...] No momento do parto, há dores físicas penosas a enfrentar que, associadas ao abalo emocional
de estar sozinha, sem qualquer assistência, provoca uma nítida perturbação da saúde mental. É
justamente esse estado de desnorteamento que pode levá-la à prática do infanticídio (art. 123, CP),
matando o próprio filho, após o parto (NUCCI, 2020, p. 56).

Em que pese o Estatuto da Criança e do Adolescente trazer somente a partir de 2016 que
a gestante e a parturiente (art. 7º, §6º) tem direito a um acompanhante de sua preferência (não
precisa ser o pai da criança, poderá ser qualquer pessoa escolhida pela mulher), esse direito de
um acompanhante no parto existe desde 2005, com a Lei n. 11.108/2005. Ela tem direito a parto
natural cuidadoso, sendo a cesariana aplicada por motivos médicos (art. 8º, §8º).

ATENÇÃO!

Em relação às mulheres que desejam entregar seus filhos para adoção, estas serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude, de
acordo com o artigo 13, §1º, e art. 19-A do ECA. Incorre em sanção administrativa, o médico,
enfermeiro, dirigente de estabelecimento de saúde ou funcionário de programa oficial ou
comunitário, destinado à garantia do direito à convivência familiar, que deixar de encaminhar (art.
258-B, ECA).

O poder público, a partir da Lei n. 13.257/2016, deverá garantir à mulher com filho na
primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência
que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento
do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
integral da criança (Art. 8º, §10).
Quanto as garantias de aleitamento materno, o artigo 9º, do estatuto, traz que o poder
público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. Ainda, os
serviços e unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
unidade de coleta de leite humano (Art. 9º, §2º, ECA).
Neste ponto interessante destacar que adolescente gestante ou com o filho em
amamentação deve ter assegurada atenção integral à sua saúde, bem como condições
necessárias para que permaneça junto à criança durante o período de amamentação.

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Possibilidade de aplicação de internação à adolescente lactante ou gestante

Os hospitais e demais estabelecimentos de saúde de atenção às gestantes, tanto os


estabelecimentos públicos, quanto os particulares, segundo o artigo 10, são obrigados a:
• I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais,
pelo prazo de dezoito anos;
• II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital
e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
autoridade administrativa competente;
• III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
• IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
• V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à
mãe.
• VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações
quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar,
utilizando o corpo técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017)
Dentre outras ampliações às garantias de direitos fundamentais trazidas pela Lei da 1ª
Infância, cabe destacar os §§1º e 2º, do artigo 11, os quais reforçam a garantia de atendimento
sem discriminação ou segregação de crianças e adolescentes com deficiência e o dever de
oferecer gratuitamente: medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas
relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes.
A vacinação de crianças, nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias é
obrigatória (art. 14, §1º). Nesse sentido também, a obrigação de promover assistência médica,
odontológica e vacinação, de acordo com o artigo 14, §§2º e 3º, ECA.

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Direito da Criança e do Adolescente

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no
art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta
médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde


de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa

1.3.2 Direito à Liberdade, Ao Respeito E À Dignidade

O capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente traz em sua redação que as crianças


e os adolescentes têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição Federal e nas leis esparsas, assim como nos tratados internacionais.
O direito à liberdade consiste no direito da criança ou adolescente de: ir, vir, ter opinião
e expressão, crença e culto religioso, brincar, praticar esportes, divertir-se, participar da vida
familiar e comunitária sem discriminação, participar da vida política, buscar refúgio, auxílio e
orientação. Sendo dever de todos (não só da família), de zelar pela dignidade da criança ou do
adolescente, sem colocá-lo em situação de tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor (art. 18).

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Direito da Criança e do Adolescente

Já o direito ao respeito consiste, consoante artigo 17, “na inviolabilidade da integridade


física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.
De suma importância, os artigos 18-A e 18-B, do ECA, que foram introduzidos pela Lei n.
13.010/2014, inovação legislativa para estabelecer o direito da criança e do adolescente de
serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante.
* Para todos verem: esquema separando o conceito de castigo físico e
tratamento cruel ou degradante.

•Sofrimento físico
Castigo Físico
•Lesão

•Humilhe
Tratamento cruel •Ameaçe
ou degradante •Ridicularize

É dever dos pais, integrantes da família ampliada, responsáveis, agentes públicos ou


qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e adolescentes, de tratá-los, educá-los ou
protegê-los de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante, como forma de correção,
disciplina, estão sujeitos às seguintes medidas (art. 18-B):
a) encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família.
b) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico.
c) encaminhamento a cursos ou programas de orientação.
d) obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado.
e) advertência.

ATENÇÃO!

Compete ao Conselho Tutelar a aplicação das sanções previstas acima (art. 18-B). Nos casos
que houver suspeita ou confirmação de castigo físico, tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos o Conselho Tutelar deve ser comunicado obrigatoriamente, sem prejuízo das outras
providências legais (art. 13).

Se um médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de


ensino fundamental, pré-escola ou creche, deixar de comunicar à autoridade competente quando
tiver conhecimento ou suspeita de maus-tratos contra criança ou adolescente será
responsabilizado com multa (art. 245).
Agora vamos ao estudo do direito à educação, cultura, ao esporte e ao lazer. Na sequência
do Estatuto da Criança ao Adolescente temos o capítulo III, o qual vai tratar sobre o direito à

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

convivência familiar e comunitária, contudo trataremos desse assunto mais adiante, em razão
das complexidades.

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame
ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

1.3.3 Direito à Educação, Cultura, Ao Esporte E Ao Lazer

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de


sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Na Constituição
Federal o direito à educação está previsto no artigo 227, caput, no artigo 6º, como direito social,
e a partir do artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O
artigo 208, da Constituição Federal merece uma atenção especial, pois ele trata do dever
constitucional do Estado quanto à educação:

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Direito da Criança e do Adolescente

Constituição Federal

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional
nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

A educação não é competência exclusiva da iniciativa pública, pelo contrário, é livre o


ensino pela iniciativa privada, desde que atendidas as condições estabelecidas nas leis.
O artigo 211, da Constituição Federal traz as competências dos entes federativos,
conforme o nível de ensino:

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Direito da Criança e do Adolescente

* Para todos verem: esquema separando as competências da União, estados


e Distrito Federal e dos municípios.

Organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,


financiará as instituições de ensino públicas federais e
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e
União supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino
Competência

mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao


Distrito Federal e aos Municípios;

Estados e DF: Atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.

Atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na


Municípios:
educação infantil.

O artigo 53, do estatuto, assegura o direito à educação, embora toda o artigo seja
importante, destacamos aqui o inciso V, garante o acesso à escola pública e gratuita próxima de
sua residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a
mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica (segundo alteração advinda em junto de
2019), e o artigo 54, do ECA, elenca rol de deveres do Estado, dentre os quais:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação
dada pela Lei nº 13.845, de 2019)

16
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na


rede regular de ensino;

IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
pela Lei nº 13.306, de 2016)

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material


didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

O acesso gratuito ao ensino público é direito subjetivo, o não oferecimento pelo poder
público ou, ainda, o oferecimento irregular, importa da responsabilização da autoridade
competente (em que pese o art. 54, §2º, seja vago quanto ao tipo de responsabilização e quem
seria responsabilizado). No ensino fundamental o poder público possuí o dever de recensear os
educandos, significa listar, enumerá-los, fazer a chamada e zelar, junto com os pais ou
responsáveis, pela frequência deles (art. 54, §3º).
Os pais ou responsáveis são obrigados a matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino, não havendo autorização para o ensino regular em casa, por exemplo.

Homeschooling

17
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Os dirigentes de estabelecimento de ensino tem o dever de comunicar maus-tratos,


reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar, elevados níveis de repetência, segundo o
artigo 56, do ECA. Essa comunicação deve ocorrer ao Conselho Tutelar.
Além disso, conforme Art. 58, no processo educacional respeitar-se-ão os valores
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente,
garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. E os municípios,
com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude,
conforme artigo 59, do ECA.
Por fim, interessante mencionar que a lei 13.840/2019 acrescentou ao estatuto o artigo
53-A, o qual trata sobre o dever das instituições de ensino, clubes e agremiações recreativas e
de estabelecimentos congêneres assegurar medidas de conscientização, prevenção e
enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas, como medida de enfrentamento a um
problema de saúde pública.

1.3.4 Direito à Profissionalização E À Proteção Ao Trabalho

O direito à profissionalização e ao trabalho protegido estão assegurados somente para


os adolescentes. Isto porque, o trabalho infantil é proibido, mas o trabalho do adolescente é
permitido, desde que atenda alguns critérios, essa é a regra.

ATENÇÃO!

Diferença entre criança e adolescente:


Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

O artigo 60, do ECA possui uma redação INCOSTITUCIONAL, traz em sua redação que
“é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz”, essa redação nos faz pensar que é possível o trabalho antes dos quatorze anos, se
for na condição de aprendiz, mas esse NÃO é o entendimento correto! A partir da leitura dos
artigos 7º, inciso XXXIII e 227, §3º, inciso I, ambos da Constituição Federal, bem como do artigo
403, da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, podemos perceber que a idade mínima é de
16 anos, salvo trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade, sendo que
crianças e adolescentes até 14 anos incompletos NÃO PODEM TRABALHAR nem ter um
contrato de aprendizagem.

18
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Isso ocorre porque o legislador perdeu a oportunidade de atualizar a redação do artigo 60


quando alterou o artigo 7º, inciso XXXIII, com a Emenda Constitucional n. 20/1998.
O Estatuto da Criança e do Adolescente traz em seu artigo 62 que a aprendizagem é a
formação técnico-profissional do adolescente e segundo o artigo 428, da Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT), contrato de aprendizagem é:

CLT

Art. 428: Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por
prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor
de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e
diligência as tarefas necessárias a essa formação. (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)

§ 1º A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e


Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio,
e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em
formação técnico-profissional metódica. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)

§ 2º Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora. (Redação
dada pela Lei nº 13.420, de 2017)

§ 3º O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto
quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)

§ 4º A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo caracteriza-se por


atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva
desenvolvidas no ambiente de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 5º A idade máxima prevista no caput deste artigo não se aplica a aprendizes portadores de
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.180, de 2005)

§ 6ºPara os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz com


deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a
profissionalização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

19
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Essa formação técnico-profissional do adolescente deve seguir os seguintes princípios


(art. 63):
* Para todos verem: esquema tratando sobre os três princípios da
aprendizagem.
aprendizagem

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;


Princípios da

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

O artigo 64 assegura bolsa aprendizagem ao adolescente até quatorze anos de idade,


mas como é inconstitucional o trabalho antes dos 16 anos de idade, salvo na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos, a referida norma acaba perdendo aplicação prática. Já o artigo 65
tem aplicação, pois ele assegura direitos trabalhistas e previdenciários ao aprendiz.
Adolescente com deficiência tem assegurado o trabalho protegido (Art. 66), sendo que o
limite de idade para o contrato de aprendizagem não é aplicado para ele, isto é, se no artigo 428,
caput e §3º, da CLT, diz que o contrato de aprendizado não pode ser realizado por prazo superior
à 2 anos e a idade limite é de 24 anos, todavia esse prazo e essa idade não se aplicam ao
contrato de aprendizagem com a pessoa com deficiência.
A proteção ao trabalho está regulada em lei própria, não só no Estatuto da Criança e do
Adolescente. Atente-se ao fato de que ainda que seja inconstitucional o trabalho antes dos 16
anos de idade (salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos), não significa que uma criança
ou adolescente que foi submetido ao trabalho irregularmente e ilegalmente não tenha direitos
trabalhistas, a violação de um direito não impede acesso a outros direitos!

20
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

A partir do estudo da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e da


CLT, podemos concluir que:
* Para todos verem: esquema para separar as regras de trabalho segundo as
normas de cada idade.

Criança ou adolescente até 14 anos de idade


•Proíbida qualquer forma de trabalho ou contrato de aprendizagem.

Adolescente/jovem entre 14 até 24 anos de idade


•Permitida o contrato de aprendizagem
•No caso de pessoa com deficiência: não se aplica o limite de idade.

Adolescente entre 16 e 17 anos de idade


•Proibição do trabalho:
•Noturno (Entre 22h e 5h)
•Perigoso
•Insalubre
•Penoso
•Realizado em locais que não permitam a frequência escolar.
•Realizados em locais que prejudiquem o seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e
social.
•Essas regras de proibição também se aplicam aos contratos de aprendizagem para menores
de 18 anos de idade.

O conceito de trabalho que prejudica a moralidade do adolescente está na CLT, no artigo


405, §3º:

CLT

§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho: (Redação dada pelo Decreto-lei nº


229, de 28.2.1967)

a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings
e estabelecimentos análogos; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes;


(Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras,


pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente,
prejudicar sua formação moral; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Trabalho artísticos mirim

O trabalho que o adolescente for exercer nas ruas, praças e outros logradouros dependerá
de prévia autorização da Justiça da Infância e Juventude, que irá verificar se a ocupação é
indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação
não poderá afetar sua formação moral (art. 405, §2º, da CLT).

22
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.4. Direito À Convivência Familiar E Comunitária

Embora seja um direito fundamental e poderia ser trabalhado dentro do capítulo 3 deste
material, optou-se por separá-lo devido ao tamanho e aprofundamento necessário neste tema.
As concepções de convivência familiar e comunitária tiveram grandes mudanças a partir
de promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante a vigência da Constituição Federal
de 1967 a família era somente aquela constituída através do casamento, sendo ele indissolúvel.
O Código Civil de 1916, que vigorou até 2002, previa que era legítimo somente os filhos
concebidos no casamento, autorizado, porém, o reconhecimento voluntário, salvo se quanto a
filhos “adulterinos ou incestuosos”, cujo reconhecimento de filiação era vedado (o que,
posteriormente, foi revogado pela Lei de Investigação de Paternidade).
A Constituição Federal de 1988, confere maior ênfase aos laços de consanguinidade e
afetividade do que ao casamento, além disso, adota-se a isonomia entre filhos havidos na
constância do casamento e filhos havidos fora do casamento, sendo vedada qualquer
discriminação, segundo o artigo 227, §6º, da CF.

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento
público, qualquer que seja a origem da filiação.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao


falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e


imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
o segredo de Justiça.

O atual entendimento é que a filiação passa a ser entendida como relação de parentesco
de 1º grau e não mais vinculado ao casamento, tanto de natureza consanguínea (geração
biológica), quanto a civil (por adoção), e seu reconhecimento passa a ser personalíssimo,
indisponível e imprescritível, que pode ser oposto contra pais e herdeiros, indiferente se
havidos fora ou dentro do casamento, possuindo os mesmos direitos, observado apenas o
segredo de Justiça, segundo os artigos 20, 26 e 27, do ECA.

23
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.4.1 Poder Familiar E O Acolhimento De Crianças E Adolescentes

É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,


excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. Inclusive será garantida a convivência da
criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela
entidade responsável, independentemente de autorização judicial (art. 19, §4º).
Claro que, se o motivo que levou a privação de liberdade dos pais não se deu em razão
de violência praticada contra a criança, nessas situações poderá até haver a perda do poder
familiar, como veremos na sequência. Também será garantida a convivência integral familiar
com adolescente em acolhimento institucional (art. 19, §5º).
Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de
transmissão familiar de suas crenças e culturas (art. 22). O poder familiar é exercido em
condições de igualdade, ainda que os pais estejam separados e um dos genitores exercendo a
guarda (claro, ressalvadas situações de extinção do poder familiar).

ATENÇÃO!

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a
perda ou a suspensão do poder poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou
o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.

Mas o que é o poder familiar? O poder familiar pode ser considerado como o
direito/função/dever dos pais ou responsáveis, em relação aos deveres pessoais e patrimoniais
com relação ao filho não emancipado, que deve ser exercido com observância do princípio do
melhor interesse deste (ZAPATER, 2017, p. 1004).
São deveres impostos ao poder familiar, tanto para família natural, família extensa ou
ampliada e a família substituta:

24
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

a) Dever de sustento: provisão de subsistência material.


b) Dever de guarda: direito ao filho de conviver com os pais.
c) Dever de educação: abrange a educação formal, para instrução básica e a familiar
(de crenças e cultura).
Enquanto estiverem no exercício do poder familiar, os pais são usufruturários dos bens
dos filhos, ou seja, têm a administração dos bens enquanto menores de 18 anos de idade (art.
1.689, do CC). Como administradores dos bens dos filhos, devem praticar atos de conservação
e incremento deste patrimônio. Assim, é permitido celebrar contratos (como de locação, receber
aluguéis, cobrar juros, adquirir e alienar bens móveis). Alienações só serão autorizadas quando
necessárias:

Código Civil

Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse
da prole, mediante prévia autorização do juiz.

Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste artigo:

I - os filhos;

II - os herdeiros;

III - o representante legal.

Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a
requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.

Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:

I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento;

II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens
com tais recursos adquiridos;

III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos
pais;

IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão.

O poder familiar só é extinto ou suspenso por decisão judicial, em procedimento que se


garanta contraditório e dentro das possibilidades previstas na legislação civil, ou no
descumprimento dos deveres impostos pelo artigo 22. Assim, se extingue nas hipóteses
trabalhadas pelo Código Civil:

25
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Código Civil

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5 o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
2017)
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (Incluído pela Lei nº 13.715,
de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime
doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído
pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715,
de 2018)
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime
doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído
pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)

É direito da criança e do adolescente permanecer no seio familiar, excepcionalmente


ocorrerá a suspensão ou destituição do poder familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente
prevê o acolhimento institucional (que substituiu o termo “abrigamento”), de criança e
adolescentes que tiveram seus direitos violados e necessitam ser afastados temporariamente da
convivência familiar, mas cuidado:

26
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

ATENÇÃO!

O acolhimento familiar é medida excepcional, antes desta hipótese é necessário avaliar a


possibilidade de afastar o agressor do convívio familiar ou da colocação da criança ou adolescente
em família extensa, veja o artigo 130:
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
afastamento do agressor da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de
que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415,
de 2011).

O acolhimento institucional é medida excepcional e aplicada a partir de decisão judicial,


salvo em caráter de urgência, no caso de uma criança ou adolescente encontrado em situação
de violação de direitos e não houver outra medida cabível no momento senão o encaminhamento
à instituição de acolhimento, a criança ou adolescente poderá ser imediatamente acolhida
(mesmo sem a decisão do juiz), todavia o Juiz da Infância e Juventude deverá ser comunicado
pela entidade no prazo máximo de 24 horas sobre este acolhimento, sob pena de
responsabilidade (art. 93).
A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não
se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao
seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária, é o que trata o
artigo 19 e parágrafos, do ECA. Esse recolhimento passará por reavaliação no prazo de três
meses, sendo que a manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá
preferência em relação a qualquer outra providência.
A criança e adolescente em situação de acolhimento institucional tem direito às visitas, a
qual só será suspensa pela autoridade judiciária no caso de existirem motivos sérios e fundados
de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS PREVISTAS NO ECA:

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou


decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho
Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.4.2 Espécies de Família

* Para todos verem: esquema diferenciando as três espécies de família:


natural, ampliada e substituta.

Comunidade formada entre pais e seus


Família natural:
descendentes
Aquela que se estende apara além da unidade pais
Família e filhos ou da inidade do casal, formada por
ampliada ou parentes próximos com os quais a criança ou
Espécies de extensa adolescente convive e mantém vínculos de
família afinidade e afetividade.

Guarda

Família
Tutela
substituta
Nacional
Adoção
Internacional

As alterações advindas pelas Leis n. 13.257/2016 e n. 13.715/2018, que alteraram a


redação de alguns artigos do ECA, asseguraram que a carência de recursos materiais (art. 23),
ou a condenação criminal do pai ou da mãe, com cumprimento de pena privativa de liberdade,
por si só não são motivos para destituição do poder família, exceto se for crime doloso contra o
próprio filho(a), descendente ou contra outrem igualmente titular do poder familiar (art. 23, §2º).
Na situação de pais condenados a restrição de liberdade por sentença irrecorrevível, cuja pena
ultrapasse a dois anos de prisão, será suspenso o poder familiar (art. 1.637, parágrafo único, do
CC).
A perda ou suspensão do poder familiar só podem ser decretadas judicialmente,
respeitado o contraditório, nas hipóteses previstas no Código Civil e se forem injustificadamente
descumpridos os deveres de sustento, guarda e educação (art. 24, do ECA).

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.4.3 Família Substituta:

A colocação em família substituta ocorre em três modalidades: através da guarda, tutela


ou da adoção, todas elas estão condicionadas a decisão judicial, sendo, em todos os casos,
analisado se a família substituta possui compatibilidade com a natureza da medida e se oferece
ambiente familiar adequado, segundo os artigos 28 e 29, do ECA.
Considerando o profundo impacto que a colocação em família substituta causa, o Estatuto
determina que sempre que possível a criança será previamente ouvida por equipe
interprofissional, sendo que sua opinião será levada em consideração, já tratando-se de maior
de 12 anos de idade, portanto adolescente, será necessário o consentimento, colhido em
audiência, conforme artigo 28, §§1º e 2º, do ECA. Além disso, deve ser apreciado o parentesco
e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de preservar o melhor interesse. Os grupos de
irmãos não serão separados, é a regra, salvo situações excepcionais de solução diversa,
plenamente justificados, evitando o rompimento definitivo de qualquer modo.

29
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Adoção personalíssima, intrafamiliar.

O estatuto procura ainda considerar a diversidade cultural, em se tratando de criança ou


adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, respeitando a
identidade social e cultural, costumes e tradições, prevalecendo a colocação familiar
prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia. No caso de
crianças indígenas estas deverão ter a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de
antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso
(Art. 28, §6º)
A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente
admissível na modalidade de adoção, segundo o artigo 31, do ECA.
No caso da gestante que pretende entregar o filho à adoção, esta deverá ser encaminhada
à Justiça da Infância e Juventude, onde será ouvida por equipe interprofissional. O juiz buscará
primeiro pela família extensa (no prazo de 90 dias), após o nascimento a mãe e o genitor deverão
confirmar sua vontade em audiência, até a audiência a mãe poderá retratar-se, ou então
arrepender-se do seu consentimento até 10 dias contados da data de prolação da sentença de
extinção do poder familiar (art. 19-A e art. 166, §5º).
Nessa audiência que o juiz irá designar para os genitores manifestarem o desejo de
entrega da criança para a adoção, também será chamado representante da família extensa para
verificar a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda da criança, não havendo ou não
comparecendo o familiar, a criança será colocada em guarda provisória de quem esteja habilitado
para adotá-la (art. 19-A, §6º). Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 dias para propor
a adoção, contados do dia de término do estágio de convivência.
Se os pais desistem de colocar a criança para a adoção a família deve ser acompanhada
pelo prazo de 180 dia.
São cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas não procuradas por
suas famílias no prazo de 30, contado a partir do dia do acolhimento

30
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Resumindo o procedimento de colocação da criança para adoção:


* Para todos verem: esquema ilustrativo demonstrando as etapas do
procedimento aplicado quando a gestante deseja entregar o filho para a
adoção.

Busca da
Prazo de 90
família
dias
extensa
Em 15 dias,
contados do
Quem está término do
habilitado estágio de
para adotá- convivência,
Gestante la devem
que A criança é propor ação
manifesta colocada Ou de de adoção.
Ouvida pela
interesse sob guarda instituição
equipe do JIJ
em entregar provisória de
o filho para Não de: acolhimento
adoção havendo o
outro genitor Ou no
ou não Pai e mãe
acolhimento
tendo biológicos familiar
família devem
extensa confirmar Podem retratar-se em
apta para em audiência ou arrepender-se
receber a audiência o 10 dias após a prolação da
guarda: desejo de senteça.
entregar a
criança para
adoção

1.4.4 Da Guarda
Inicialmente cabe a nós lembrarmos que a guarda é um dos deveres inerentes do poder
familiar, assim, preferencialmente são os pais (da família de origem) que detêm a guarda.
A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou
adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Ela
destina-se a regularizar a posse da criança ou do adolescente, podendo ser concedida no final
de uma ação judicial, liminarmente ou incidentalmente, salvo nos casos de adoção estrangeira,
que não poderá ocorrer de forma liminar ou incidental, segundo o artigo 33, §1º, do ECA.
Em regra, a guarda será utilizada para casos de tutela e adoção, excepcionalmente para
atender situações peculiares ou para suprir a falta dos pais ou responsáveis, podendo o direito
de representação ser para apenas alguns atos determinados. Se a guarda estiver com a
instituição de acolhimento, o guardião, para efeitos da lei, será o dirigente da entidade (art. 92,
§1º).
Ela confere a criança ou ao adolescente a condição de dependente para qualquer fim,
inclusive para fins previdenciários. Ela não impede o direito de visitas dos pais, ou o dever deles
de prestar alimentos.

31
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

A guarda pode ser revogada a qualquer momento mediante ato judicial fundamentado,
ouvido o Ministério Público, segundo o artigo 35, do ECA.

1.4.5 Da Tutela
A tutela pode ser deferida a pessoa até 18 anos de idade, ela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica, necessariamente o dever de
guarda (Art. 36).
O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, tem o prazo de 30
dias após a abertura da sucessão, para ingressar com o pedido de tutela, sendo que nesse
pedido será avaliada a vontade do tutelando e se não existe outra pessoa em melhores
condições para assumir. A tutela está subordinada as regras do artigo 24, do ECA e dos artigos
1.728 a 1.734 do Código Civil.
É medida que visa suprir a ausência da representação legal dos pais, para cuidado da
criança ou adolescente e de seus patrimônios.

1.4.6. Da Adoção
A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando
esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa,
atribui a condição de filho ao adotado, análoga à do parentesco biológico, com os mesmos
direitos e deveres, inclusivo sucessórios, desligando o adotado de qualquer vínculo com pais e
parentes, segundo os artigos 39, §1º, e 40, do ECA.
É vedada a adoção por procuração, ela ocorre somente pela via judicial, sendo
observados os interesses do adotando. A criança ou adolescente deve contar com no máximo
18 anos de idade, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (Art. 40).

Requisitos para adotar:

•Maiores de 18 anos idade podem adotar;


•A criança ou adolescente deve contar com no máximo 18 anos, salvo se já estiver sob
guarda ou tutela do adotante;
•Diferença de 16 anos de idade entre adotante e adotado;
•Consentimento dos pais biológicos ou destituição do poder familiar;
•Somente por via judicial;
•Manifestação da criança (sempre que possível) e consentimento do adolescente maior
de 12 anos;
•Aprovação em estágio de convivência (para formação de vínculos):
•Adoção NACIONAL: prazo máximo de 90 dias, podendo ser prorrogador por igual
período (dispensado se houver vinculo, tutela ou guarda anterior, art. 46);
•Adoção INTERNACIONAL: prazo mínimo de 30 dias e máximo de 45 dias, podendo
ser prorrogado por igual período. Estágio de convivência internacional deve ser
cumprido em território nacional;
•Necessária prévia habilitação (é a regra, mas existem exceções);
•Idoneidade, motivos legítimos e desejo de filiação.

32
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Um dos requisitos para adotar é a diferença de idade existente entre o adotante e o


adotado, todavia, o Superior Tribunal de Justiça posicionou-se pela flexibilização desse requisito
à luz do princípio da socioafetividade, ou seja, essa diferença etária que serve para evitar
confusão de papéis ou imaturidade emocional, indispensável para criação de um ser humano,
poderá ser flexibilidade pela autoridade judiciária, se for verificado que no caso concreto há
possibilidade (REsp 1.785.754-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 08/10/2019, DJe 11/10/2019).
Segundo o artigo 41, §1º, do Eca, se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante
e os respectivos parentes.

Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando (Art. 42, §1º), o tutor ou
curador, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance (art. 44).

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça já admitiu, excepcionalmente, a adoção de neto


por avós, tendo em vista as seguintes particularidades do caso analisado: os avós haviam
adotado a mãe biológica de seu neto aos oito anos de idade, a qual já estava grávida do adotado
em razão de abuso sexual; os avós já exerciam, com exclusividade, as funções de pai e mãe do
neto desde o seu nascimento; havia filiação socioafetiva entre neto e avós; o adotado, mesmo
sabendo de sua origem biológica, reconhece os adotantes como pais e trata a sua mãe biológica
como irmã mais velha; tanto adotado quanto sua mãe biológica concordaram expressamente
com a adoção; não há perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; e não
havia predominância de interesse econômico na pretensão de adoção. (REsp 1.448.969-SC,
Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014).

ATENÇÃO!

Responder conforme a lei ou decisões dos tribunais?! Tudo depende de como o enunciado for
apresentado, se a questão pede para você marcar conforme a lei, você traz a regra estabelecida
pelo legislador. Todavia, se o próprio enunciado da questão mencionar algo como, por exemplo,
“conforme entendimento do STJ/STF” (ou entendimento de tribunais superiores), bem, neste caso
a questão espera que você responda conforme esses entendimentos estudados, embora
casuísticos, aplicáveis em situações práticas.

O que precisa para adoção conjunta? Para adoção conjunta, é indispensável que os
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade
da família (Art. 42, §2º).

33
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar


conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, desde que o estágio
de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja
comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão (Art. 42, §4º).

• E se o adotante falecer no curso do processo de adoção? A adoção poderá ser


deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença (Art. 42, §6º). É a chamada adoção
póstuma.

• ATENÇÃO!

Família significa núcleo doméstico, pouco importa se é formada por pessoas heteroafetivas
ou homoafetivas. Ainda que não haja previsão expressa quanto a possibilidade de adoção por causa
homoafetivos, o STF decidiu pelo reconhecimento da União Estável homoafetiva (DPF 132), e a
jurisprudência admite a possibilidade de ação. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça também já
firmou entendimento de “É possível a inscrição de pessoa homoafetiva no registro de pessoas
interessadas na adoção (art. 50 do ECA), independentemente da idade da criança a ser adotada”
(REsp 1.540.814-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/8/2015, DJe 25/8/2015).

A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (art.


45), isto é, ela não poderá ser forçada, esse consentimento só será dispensado se os pais forem
desconhecimento ou se ocorreu a destituição do poder familiar. Lembrando que o maior de 12
anos tem direito de consentir com a adoção.
Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o
estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciária
O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da
Justiça da Infância e da Juventude, será cumprido no território nacional, preferencialmente na
comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,
respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança.
Depois de trânsito em julgado da ação de adoção (nacional ou internacional) a decisão
será inscrita no registro civil mediante mandado, a inscrição constará o nome dos pais adotantes,

34
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

bem como de seus ascendentes. A nova inscrição cancelará o registro original do adotado. A
sentença conferirá ao adotado o nome do adotante, inclusive será possível, a pedido de qualquer
um deles, a modificação do prenome do adotado (art. 47). O prazo máximo para a conclusão do
processo de adoção é de 120 dias (art. 47, §10).
O adotado, após completar 18 anos de idade, tem direito de conhecer sua origem
biológica, bem como, ter acesso irrestrito ao processo de adoção, se tiver menos de 18 anos
também poderá ter acesso ao processo, neste caso deve ser assegurada orientação e
assistência jurídica e psicológica, conforme artigo 48 e parágrafo único, do ECA (art. 48).

ATENÇÃO!

A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais, segundo artigo 48
e parágrafo único, do ECA.

Cabe a autoridade judiciária manter na comarca ou foro regional, o registro de crianças e


adolescente e pessoas aptas para adotar e serem adotadas. A inscrição será orientada pela
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude (art. 50 e parágrafos, do ECA).
O Estatuto também prevê a criação e implementação de cadastros estaduais e a nível
nacional, de crianças e adolescentes e postulantes à adoção. Para casais estrangeiros, o
cadastro será distinto, e somente serão consultados na ausência de casais nacionais habilitados
(brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros).
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o
adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família
cadastrada em programa de acolhimento familiar (§11, art. 50, do ECA).
É possível pedido de adoção de quem não tenha prévio cadastro, desde que (art. 50, §13):

Adoção sem prévia habilitação:

Se tratar de pedido de adoção unilateral.


Se formulado por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade
e afetividade.
Oriundo de quem detém tutela ou guarda legal de criança maior de três anos ou adolescente,
desde que o lapso de tempo de convivência comprova fixação de laços de afinidade e
afetividade, e não seja verificada a ocorrência de má-fé ou qualquer situação prevista nos
artigos 237 ou 328 do ECA.

Obs.: A partir do artigo 197-A está disposto a forma de habilitação de pretendente à


adoção.
Crianças com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de saúde tem
prioridade no cadastro de adoção (art. 50, §15).
Consultados os cadastros nacionais e não encontrando pretendentes à adoção, a criança
ou adolescente será encaminhada à adoção internacional (art. 50, §10). É considerada adoção

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

internacional aquela em que os pretendentes possuem residência em país-parte da Convenção


de Haia. Adoção será sempre preferencialmente nacional, sendo que brasileiros residentes no
exterior possuem preferência aos estrangeiros, somente não havendo brasileiros aptos para
adotar a criança ou adolescente é que ela será colocada na adoção internacional.
A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei,
os países devem ser ratificantes da Convenção de Haia, com as seguintes adaptações: a
habilitação deve ocorrer Autoridade Central em matéria de adoção do país onde reside, a qual
deverá emitir relatório sobre aptidão e enviará para a Autoridade Centra Estadual, com cópia
para Autoridade Central Federal Brasileira, a Autoridade Centra Estadual poderá exigir
complementações, de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar
pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a
criança ou adolescente (art. 52). Todo esse processo poderá ser intermediado por organismos
credenciados, cadastrados pelo Departamento de Polícia Federal e aprovados pela Autoridade
Central Federal Brasileira, neste ponto recomenda-se a leitura dos §§3º ao 7º, do artigo 52, do
estatuto.
As autoridades do Brasil devem analisar o pedido e emitir, com validade de um ano, o
laudo de habilitação para adoção. Após o trânsito em julgado da decisão que concede a adoção
é expedido o alvará de autorização de viagem do adotando.
Outras disposições sobre a adoção:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia,
cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de
residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia,
deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia,
uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior
Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

36
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver
processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao
interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá
imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando
se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido
deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com
decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de
adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

DAS INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA:

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização


dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o
cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou
recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou
adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter
lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

1.4.7. A Perda E Suspensão Do Poder Familiar


Os procedimentos são regulados pelo Estatuto, apenas na falta de regulamentação
específica é que serão aplicados, de forma subsidiária, as normas gerais previstas na legislação
processual pertinente (art. 152, ECA). Procedimentos judiciais que envolvam criança e
adolescente possuem prioridade absoluta na tramitação, assim como atos e diligências.
Os prazos do Estatuto da Criança e do Adolescente são contados em dias corridos, ainda
que subsidiariamente aplique-se os prazos do Código de Processo Civil (que são contados em
dias úteis). O próprio Superior Tribunal de Justiça assim firmou entendimento no HC 475.610-
DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 26/03/2019, DJe
03/04/2019, referindo que “A previsão expressa no ECA da contagem dos prazos nos ritos nela
regulados em dias corridos impede a aplicação subsidiária do art. 219 do CPC/2015, que prevê
o cálculo em dias úteis”, prepondera, assim, a interpretação a partir de critérios hierárquico,
cronológico ou da especialidade.
Procedimento de perda ou suspenção do poder familiar pode ser iniciado pelo Ministério
Público ou qualquer pessoa que tenha interesse, como um membro da entidade familiar. Ao

38
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

receber a petição inicial, havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o
Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea,
mediante termo de responsabilidade (art. 157).
Ao receber a petição inicial, o juiz deve determinar a citação do requerido para apresentar
resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
testemunhas. O prazo para oferecimento da resposta escrita é de dez dias (art. 158). O requerido
deve constituir advogado, caso não possa fazer isso, poderá requerer em cartório a nomeação
de um advogado dativo (art. 159). Se o requerido estiver preso, na hora da citação o oficial deve
perguntar se deseja a nomeação de um defensor.
O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 dias (art. 163), e caberá ao
juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em família substituta. A sentença
que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
nascimento da criança ou do adolescente.
O procedimento tem prioridade na tramitação, o prazo é em contagem de dias corridos,
conforme estabelece o estatuto (não em dias úteis, conforme Código de Processo Civil). Todos
os procedimentos regulados pelo ECA possuem isenção de custas e emolumentos.
A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à
margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
O procedimento para colocação de criança ou adolescente em família substituta é
instaurado por petição inicial ajuizada por quem tiver interesse. A inicial poderá conter pedido de
guarda provisória e nos pedidos de adoção o requerimento para a determinação do estágio de
convivência (art. 167, do ECA).
No caso de pais vivos e conhecidos, deverão ser citados para apresentar resposta na
ação de destituição do poder familiar, sob pena de violação do princípio da ampla defesa e do
contraditório. Ademais, no caso de pedido de adoção, os pais deverão ser citados para que
confirmem o seu consentimento perante o juiz.
O juiz requererá a realização de estudo social, ou perícia por equipe interprofissional, para
decidir sobre a concessão de guarda provisória, ou no caso de adoção, pelo estágio de
convivência. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em
programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.

39
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.5. Prevenção
No título III do Estatuto da Criança e do Adolescente encontra-se o sistema de prevenção,
atribuindo individualmente, coletivamente e ao Estado, o dever de prevenir a ocorrência de
ameaça, riscos iminentes e futuros, de violação de direitos de crianças e adolescentes (art. 70,
do ECA).
O ECA estipula medidas preventivas relativas à informação, cultura, lazer, esportes,
diversões e espetáculos (art. 74 a 80), a produtos e serviços (art. 81 e 82) e a viagens de crianças
e adolescentes (art. 83 a 85).
É da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, o dever de agir de forma
articulada e com integração dos órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria
Pública, Conselho Tutelar, os Conselhos de Direitos da Criança e dos Adolescentes e entidades
não-governamentais, que atuam na proteção e defesa de direitos, o dever de articular políticas
públicas e executar ações destinada a promoção de campanhas educativas, formação e
capacitação de profissionais da saúde, educação e da assistência social.
Também promover pela articulação dos órgãos públicos com a sociedade, na elaboração
de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigos físicos ou de

40
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e


adolescentes (ZAPATER, 2017, p.1008), conforme o artigo 70-A e incisos, do ECA, incluído
através da Lei n. 13.010/2014.

1.5.1 Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversão E Espetáculos:


O poder público é responsável por regular as diversões e espetáculos públicos,
informando em lugar de visível e fácil acesso, a natureza, local, horário e a faixa etária que poderá
assistir ou participar (art. 74, do ECA). A regulamentação encontra-se em Portarias do Ministério
da Justiça. Sendo que, crianças menores de 10 anos deverão estar sempre acompanhadas dos
pais ou responsáveis nos locais de apresentação ou exibição (art. 75, parágrafo único).
As emissoras de rádio e televisão devem respeitar horários recomendados para público
infantil, sendo que nada poderá ser apresentado ou anunciado sem o aviso prévio da
classificação etária. Essa regra aplica-se aos proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas/revistas/CD’s/DVD’s/ ou qualquer tipo de
material, cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente.

ATENÇÃO!

Nos casos de revistas ou publicações com conteúdo impróprio ou inadequado, deverão ser
comercializadas em embalagens lacradas, com advertência de seu conteúdo, todavia, se o conteúdo
inadequado estiver na capa, a embalagem deverá ser opaca (art. 78).

Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, essa exigência de capa opaca,


lacrada e com advertência, não é uma regra que afeta somente os editores e comerciantes, mas
também todos os integrantes da cadeia de consumo, atingindo assim os transportadores e
distribuidores “REsp 1.584.134-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira. Turma, por
unanimidade, julgado em 20/02/2020, DJe 05/03/2020).
As revistas e outras publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter
ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e
munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família (art. 79).

41
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Os estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou similares e casas de


jogos, deverão cuidar para que não seja permitida a entrada de crianças e adolescentes, afixando
orientação na entrada do local.

Valores éticos e liberdade de expressão: Numa sociedade em constante mutação, não é


fácil estabelecer quais são estes “valores éticos e sociais da pessoa e da família”; não se vai
muito tempo, isso seria entre outras coisas não expor as crianças e adolescentes à pornografia,
à homossexualidade explícita (casais homossexuais se beijando, por exemplo), à violência
explícita de jogos e videogames; mas como sabemos isso tudo mudou (na verdade, continua
mudando). Além da dificuldade de se estabelecer quais são efetivamente os valores éticos desta
nova geração (sistema de valores), há ainda que se respeitar a liberdade de expressão (livre
criação artística e literária), afinal a norma expressa neste artigo não pode se tornar
simplesmente forma de censura. Penso que o intérprete deve, diante do caso concreto, socorrer-
se do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, buscando, segundo critérios
subjetivos próprios, aferir se a publicação e/ou videogame está ou não colocando em risco a
formação da criança e do adolescente (ARAÚJO JÚNIOR, 2019, p. 70).

Quando essas regras para preservação do desenvolvimento adequado de crianças e


adolescentes não são observadas sanções são aplicadas.

1.5.2 Produtos e Serviços


É proibida a venda às crianças e adolescentes, de armas, munições, explosivos, bebidas
alcoólicas, produtos que possam causar dependência física ou psíquica, fogos de estampido e
de artifício (exceto de reduzido potencial ofensivo), revistas e publicações inadequadas, bilhetes
lotéricos e equivalente, segundo o artigo 81, do ECA. Ao que tange a proibição de venda de
cigarros, veja o disposto na Lei 12.921/2013:

42
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Lei 12.921/2013

Art. 1º Fica proibida a fabricação, a importação, a comercialização, a distribuição e a propaganda,


em todo o território nacional, de produtos de qualquer natureza, bem como embalagens, destinados ao
público infanto-juvenil, reproduzindo a forma de cigarros ou similares.

Art. 2º O descumprimento ao disposto nesta Lei, sujeita o infrator às seguintes penas, sem prejuízo
das demais cominações legais:

I - apreensão do produto;

II - multa de R$ 10,00 (dez reais) por embalagem apreendida, a ser corrigida anualmente de acordo
com a variação do índice de preços nacional utilizado para verificação do cumprimento das metas
inflacionárias.

Parágrafo único. A multa pecuniária prevista no inciso II do caput deste artigo será duplicada a cada
reincidência.

Quanto a hospedagem de crianças e adolescentes em hotéis, motéis, pensões e


estabelecimentos congêneres para evitar problemas como a fuga de casa, sequestro, prática de
sexo não autorizado, encontros ocultos, para preservar a dignidade sexual de pessoas menores
de 18 anos, evitando, assim, o estupro de vulnerável ou a o comércio sexual de crianças e
adolescentes, entre outras violações de direito:
* Para todos verem: esquema sobre o artigo 82, do Estatuto da Criança e do
Adolescente tratando sobre a hospedagem de crianças e adolescentes.

O artigo 82, do ECA, traz que é PROIBIDA a hospedagem de criança e


adolescente em:

Hotel, motel, pensão ou estabelecimentos congêneres.

Salvo se AUTORIZADO ou ACOMPANHADO pelos pais ou responsáveis.

Portaria 177/11 – Ministério do Turismo:


Art. 3º A Ficha Nacional de Registro de Hóspedes – FNRH (Modelo,
Anexo I), com legendas em Português e Inglês, será exibida na tela em
ordem sequencial e conterá as seguintes informações:
§ 5º O menor desacompanhado de pais ou de responsável portará
autorização escrita destes autenticada em cartório, ou da autoridade
judiciária competente.

43
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

A infração a essa regra (de hospedagem) importa em sanção administrativa, conforme o


artigo 250, do ECA, com pena de multa, no caso de reincidência, além da multa o
estabelecimento poderá ser fechado até 15 dias, e se comprovada a reincidência em período
inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença
cassada. E descumprir a proibição estabelecida no inciso II (proibição de venda de bebidas
alcoólicas) incorre em infração administrativa, com pena de multa e interdição do
estabelecimento até o recolhimento da multa, segundo o artigo 258-C.

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes
possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

DAS INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA:

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar
visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem
indicar os limites de idade a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência,
aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do
autorizado ou sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional pela ADI
2.404).
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois
dias.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão
competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá
determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em
desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade
judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

45
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

DAS INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA:

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:


Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de
reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que


dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade
judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

1.5.3 Autorização Para Viajar:


A regra geral de viagem é que nenhuma criança ou adolescente até 16 anos de idade
pode viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou responsáveis sem
expressa autorização judicial. Segundo as regras estabelecidos no Estatuto da Criança e do
Adolescente (artigo 83 a 85) e pela Lei 13.726/2018 temos as seguintes regras para viagem de
crianças e adolescentes:

46
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para
fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa
autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do adolescente menor de
16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana; (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado:
(Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o
parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder
autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança


ou adolescente:
I - Estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - Viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de
documento com firma
reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente
nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou
domiciliado no exterior.

Lei da desburocratização:

Art. 3º Na relação dos órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios com o cidadão, é dispensada a exigência de:
[...]
VI - Apresentação de autorização com firma reconhecida para viagem de menor se os pais
estiverem presentes no embarque.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

É dispensável autorização judicial para crianças e adolescentes brasileiros que residem


no exterior, quando estão voltando para seu país de domicílio, desde que estejam na companhia
de pais (ainda que um dos genitores, sem precisar de autorização escrita do outro), se estiverem
desacompanhados ou acompanhados de terceiros maiores deverão ter a autorização escrita
com firma reconhecida. Deve-se comprovar a residência da criança ou adolescente no exterior,
através de Atestado de Residência, emitido por repartição consular brasileira a menos de dois
anos.
Nenhuma criança ou adolescente brasileira poderá sair do Brasil, acompanhada de
estrangeiro residente no exterior, sem prévia autorização judicial, salvo se o estrangeiro é seu
genitor ou se a criança ou adolescente não tiver nacionalidade brasileira.

ATENÇÃO!

Não é necessária a autorização de genitores suspensos ou destituídos do poder familiar,


devendo o interessado comprovar a circunstância por meio de certidão de nascimento devidamente
averbada.

Quando solicitado, a autoridade judiciária poderá conceder autorização validade de dois


anos para viagem, como, por exemplo, nos casos de conflito de interesse dos pais, pai ou mãe
desconhecido ou sem contato.
Nestes casos, dos artigos 83, 84 e 85, se uma empresa de ônibus ou avião, por exemplo,
transportar uma criança acompanhada de ascendente, mas sem a documentação que comprova
o parentesco, incorrerá em ilícito administrativo previsto no artigo 251, do ECA, aplicando-se
multa.
A partir do que foi estudado sobre as regras de viagem podemos concluir da seguinte
forma as regras vigentes:
* Para todos verem: esquema sobre as regras de viagem.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Viagem de criança e adolescente dentro da Comarca, se na


mesma unidade de Federação ou mesma região metropolitana:

• Pode viajar sozinho, sem autorização.

Viagem de adolescente de 16 e 17 anos em território nacional:

• Pode viajar sozinho, sem autorização.

Criança e adolescente até 16 anos de idade no âmbito nacional que sai


da comarca, da unidade de Federação ou mesma região metropolina:

• Pode viajar sozinho desacompanhado com autorização judicial;


• Acompanhado dos pais ou responsáveis;
• Acompanhado de ascendente ou colateral maior, até terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
• De pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável;
• Sozinho, expressamente autorizado por qualquer dos genitores ou responsáveis legal, por
meio de escritura pública ou de documento particular com firma reconhecida (incluindo o
passaporte) (Resolução n. 295/2019 do CNJ).

Viagem de criança ou adolescente para o exterior:

• Acompanhado de ambos os pais ou responsáveis;


• Se na companhia de um dos pais, o outro deve autorizar expressamente em documento com
firma reconhecida;
• Se na companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior, com autorização judicial.
• Se desacompanhada ou em companhia de terceiro maiores e capaz, desde que com
autorizaçaõ dos pais, documento com firma reconhecida (Resolução 131/20111 do CNJ).
• A autorização com firma reconhecida é dispensada se os pais estiverem juntos no momento do
embarque (Art. 2º, da Lei 13.726/2018).

1.6. Medidas De Proteção


O que são medidas de proteção? São medidas aplicadas às crianças e aos
adolescentes sempre que seus direitos reconhecidos forem ameaçados ou violados (art. 98,
ECA):

• I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;


• II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
• III - em razão de sua conduta.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

O rol de medidas de proteção está previsto no artigo 101, do Estatuto da Criança e do


Adolescente, elas são aplicáveis isoladas ou cumulativamente, assim como as medidas
socioeducativas, e podem ser substituídas a qualquer tempo pela autoridade competente
(Conselho Tutelar ou Poder Judiciário). Na aplicação da medida deve ser considerado o seu
caráter pedagógico, como, também, a observância do fortalecimento dos vínculos familiares
e comunitárias. Outros princípios que regem a aplicação de medidas de proteção estão nos
incisos do parágrafo único do artigo 100, do Estatuto da Criança e do Adolescente, é importante
fazer a leitura dos princípios pois eles são aplicados tanto às medidas protetivas, quanto às
medidas socioeducativas:

• I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e


adolescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem
como na Constituição Federal;
• II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer
norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos
direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
• III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos
direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo
da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas
por entidades não governamentais;
• IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender
prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo
da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
• V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente
deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua
vida privada;
• VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser
efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida;
• VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas
autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos
direitos e à proteção da criança e do adolescente;
• VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e
adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram
no momento em que a decisão é tomada;
• IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os
pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente;
• X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do
adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou
reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que
promovam a sua integração em família adotiva;

50
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

• XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu


estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou
responsável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que
determinaram a intervenção e da forma como esta se processa;
• XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou
na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como
os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na
definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o
disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei.

Medidas de proteção que podem ser aplicadas às crianças ou aos adolescentes:


I. Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade:
sempre que a criança ou adolescente for encontrado longe destes. Veja que o
acolhimento institucional é medida excepcional.
II. Orientação, apoio e acompanhamento temporários:
III. Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimentos oficiais de ensino
fundamental: neste ponto o papel importantíssimo da escola no acompanhamento de
faltas e evasão escolar e, também, do Conselho Tutelar para verificação dos motivos
que levam às faltas.
IV. Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família, da criança e do adolescente.
V. Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial.
VI. Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento
a alcoólatras e toxicômanos.
VII. Acolhimento institucional:
VIII. Inclusão em programa de acolhimento familiar: tanto o acolhimento institucional,
quanto o familiar, são medidas excepcionais e provisórias até a reintegração à família
ou colocação em família substituta e não implicam em privação de liberdade. Em
qualquer uma dessas modalidades de acolhimento ocorrerá no local mais próximo a
residência dos pais ou responsável. As crianças e adolescentes só podem ser
encaminhadas para às instituições por meio de guia de acolhimento, a qual é expedida
pela autoridade judiciária, o art. 101, §3º, define o que deve conter na guia. Feito o

51
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

acolhimento institucional ou familiar, será elaborado um plano individual de


atendimento, que fica sob responsabilidade da equipe técnica do programa de
atendimento, o artigo 101, §6º traz o que deve constar no plano individual.
IX. Colocação em família substituta: afastamento do convívio familiar é competência
do Poder Judiciário exclusivamente, se dá por provocação do MP ou de qualquer
pessoa que tenha interesse.
* Para todos verem: fluxograma tratando sobre as etapas do procedimento
até o acolhimento de criança ou adolescente.

Programa
comunicar ao juiz.
Possibilidade de
reintegração
familiar:
5 dias para o juiz
decidir.
Institucional
ou familiar
Acolhimento

Primeiro deve ser Encaminha- MP: tem 15


encaminhada a mento de dias para
progamas oficiais relatório ao ingressar
ou comunitários Ministério com a ação
Impossibilidade
de orientação, Público para ou pedir
de reintegração
apoio e promoção destituição do estudos
familiar:
social, mesmo poder complemen-
assim sem familiar, de tares ou
impossibilitada a tutela ou tomar outras
reintegração: guarda. providên-cias.

Os prazos processuais no Estatuto da Criança e do Adolescente são contados em dias


corridos e não se aplica prazo em dobro para o Ministério Público ou Fazenda Pública!
Ademais, alguns destaques no artigo 101 são necessários, o §2º, traz a competência
exclusiva da autoridade judiciária para afastar a criança ou adolescente do convívio familiar, sem
que essa competência impeça medidas emergenciais de afastamento do agressor da residência,
de acordo com o artigo 130 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor
da moradia comum.

Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)

52
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

O §11, do artigo 101, determina que em cada comarca ou foro regional, a autoridade
judiciária deverá manter cadastro contendo informações atualizadas sobre crianças e
adolescentes que se encontram em situação de acolhimentos familiar ou institucional, bem como,
as providências tomadas para a reintegração familiar ou, então a colocação em família substituta
na forma do artigo 28: guarda, tutela ou adoção.
Cumpre ressaltar que o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da
Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da
Assistência Social terá acesso ao cadastro referido no parágrafo anterior, esses órgãos possuem
o dever de deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o tempo
e o número de crianças e adolescentes afastados do âmbito familiar.
As medidas de proteção serão regularizadas no registro civil e essa regularização é isenta
de multas, custas e emolumentos, ademais, possuem absoluta prioridade:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização
do registro civil.

§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou


adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à
sua averiguação, conforme previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992.

§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de


investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto
pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção.

§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento


de nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no


assento de nascimento e a certidão correspondente.

Medidas de proteção, portanto, são atos praticados que visam a restituição de direitos ou
a preservação deles, podem ser aplicados em razão da conduta da sociedade, do Estado (aqui

53
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

leia-se qualquer ente ou órgão pertencente à Administração Pública), pela família ou em razão
da própria conduta da criança ou do adolescente, como no cometimento de ato infracional.

1.7. Medidas Pertinentes Aos Pais Ou Responsáveis

As medidas pertinentes aos pais ou responsável, estão previstas nos artigos 129 e 130,
do ECA, são medidas aplicadas a eles, quando não observam os direitos de crianças e
adolescentes e oferecem risco ou violam esses direitos. São medidas aplicadas aos pais ou
responsáveis: encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de matricular o
filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; obrigação de encaminhar
a criança ou adolescente a tratamento especializado; advertência; perda da guarda; destituição
da tutela; suspensão ou destituição do pátrio poder familiar.

ATENÇÃO!

Competência para aplicar medidas: Importante observar que as medidas de perda da


guarda; destituição de tutela, de poder familiar; suspensão de poder familiar; colocação em família
substituta; colocação de criança e adolescente em acolhimento familiar ou institucional; são
medidas que necessitam de decisão judicial, ou seja, somente por decisão judicial é possível aplicar
alguma dessas medidas citadas. As demais medidas de proteção e medidas pertinentes aos pais
podem ser aplicadas diretamente pelo Conselho Tutelar, sem intervenção judicial.

1.8. ATO INFRACIONAL

Quando uma criança ou adolescente comete um ato análogo a crime ou contravenção


penal (art. 103, ECA), ela não será responsabilizada conforme o Código Penal ou a Lei de
contravenções penais, isto porque crianças e adolescentes são inimputáveis de acordo com o
artigo 228, da Constituição Federal, artigo 104, do Estatuto da Criança e do Adolescente e artigo
22 do Código Penal.

Estatuto da Criança e do Adolescente

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Art. 2º do ECA: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Observe que para efeitos da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao que


tange atos infracionais, deve ser observado a idade do adolescente à data do fato, é a chamada
teoria da atividade ou do fato (art. 4º, do CP), isto é, a imputabilidade do agente deve ser
averiguada na data em que praticou o fato, pouco importa quando foi o resultado ou a descoberta
da sua autoria (art. 104, parágrafo único, ECA).

ATENÇÃO!

De acordo com o artigo 105, do Estatuto da Criança e do Adolescente, à criança que comete
ato infracional não podem ser aplicadas medidas socioeducativas, apenas medidas de proteção!
Somente aos adolescentes é possível aplicar medidas socioeducativas.

Ato infracional é, como já vimos, conduta descrita como crime ou contravenção penal,
aquele que tiver menos de 18 anos de idade é inimputável, um dos elementos da culpabilidade
fica prejudicado, por esta razão não responderá por crime.
Mesmo sendo inimputável é possível a aplicação de medidas de proteção e/ou medidas
socioeducativas em razão da conduta daquele que tiver menos de 18 anos de idade. Inclusive,
um adolescente pode ser privado de sua liberdade nas seguintes hipóteses (art. 106):
a) Flagrante de ato infracional;
b) Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

ATENÇÃO!

A aplicação de medida de internação provisória não pode ultrapassar o prazo de 45 dias (art.
108), nem pode ser prorrogado esse prazo, de acordo com o entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiça. A decisão que determinar a internação antes da sentença deverá ser fundada
em indícios suficientes de autoria e materialidade, além do mais, deve ser demonstrada necessidade
imperiosa da medida.

No caso de adolescente apreendido, sua apreensão e local onde se encontra deverão ser
imediatamente comunicados à autoridade judiciária e à família do adolescente ou, então, à

55
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

pessoa por ele indicada (art. 107 e 171). Sempre será examinada desde logo a possibilidade de
liberação imediata do adolescente.
O artigo 109, refere que “o adolescente civilmente identificado não será submetido a
identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada”, esse dispositivo veio com base na Constituição Federal,
observe o disposto no artigo 5º, inciso LVIII: “o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”, a Assembleia Nacional Constituinte
entendeu como ilegal submeter à identificação criminal ou infracional (colheita de foto, impressão
datiloscópica ou outros meios mais modernos como de DNA) daquele que já possui identificação
civil (RG), o estatuto visa impedir a identificação compulsória de adolescentes, contudo, trazendo
a ressalva que essa identificação poderá ocorrer no caso de confrontação, quando houver dúvida
fundada (NUCCI, 2017).
Segundo o artigo 110, nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido
processo legal, mas a autoridade ministerial ou judiciária pode aplicar medida socioeducativa em
meio aberto sem o devido processo legal. São os casos de aplicação da remissão condicionada
ao cumprimento de uma medida socioeducativa em meio aberto (advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviço à comunidade ou liberdade assistida). Ainda que não haja
processo legal, poderá o adolescente ser submetido ao cumprimento de uma dessas medidas,
de acordo com o artigo 126 e 127, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O pedido de remissão oferecido pelo Ministério Público passa para homologação da(o)
juíza(o) da infância e juventude, todavia se a autoridade judiciária não concordar com essa
cumulação, não poderá excluir a medida socioeducativa e homologar apenas a remissão, de
acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.392.888-MS, Rel. Min.
Rogerio Schietti, julgado em 30/6/2016, DJe 1º/8/2016 (Informativo n. 587).

ATENÇÃO!

De acordo com o artigo 127, a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou


comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime
de semiliberdade e a internação.

1.9. Direitos Individuais E Garantias Processuais

O artigo 111 traz das garantias que devem ser asseguradas aos adolescentes quando
houver suspeita de seu envolvimento em cometimento de ato infracional:

56
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

• I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação


ou meio equivalente;
• II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
• III - defesa técnica por advogado;
• IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
• V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
• VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase
do procedimento.

Verificada a prática do ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar alguma das
seguintes medidas (art. 112):
* Para todos verem: fluxograma demonstrando as medidas que podem ser
aplicadas para crianças e adolescentes que cometem ato infracional.

Advertência

Obrigação de
reparar o dano
Meio aberto
Prestaçaõ de
serviço à
comunidade

Socioeducativas Liberdade
assistida.

Semiliberdade
Medidas
Restritiva de
liberdade:
Internação
Art. 101, inciso I
Proteção
a VII, ECA.

Para a aplicação de medidas socioeducativas aos adolescentes deve ser levada em conta:
capacidade de cumprimento, circunstâncias do fato e gravidade da infração. Conforme o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível a incidência do princípio da
insignificância nos procedimentos que apuram a prática de ato infracional (Jurisprudência em
tese, edição n. 54).
O trabalho forçado não pode ser admitido e os adolescentes com doença ou deficiência
mental devem receber tratamento individual e especializado em local adequado às suas
condições e capacidades (art. 112, §3º).

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Veja que o Estatuto da Criança e do Adolescente não traz vinculação de conduta e a


medida que deve ser aplicada, isso porque a autoridade competente que deverá avaliar em cada
caso qual a melhor medida que deve ser aplicada, sendo que é possível cumular medidas de
proteção e medidas socioeducativas.

1.10. Medidas Socioeducativas

Medida socioeducativas em espécie:


1) Advertência: consiste na admoestação verbal, a qual deve ser reduzida a termo.
Admoestação significa conselho, reprimenda, repreensão (art. 115).
2) Obrigação de reparar o dano: se o ato infracional possui reflexos patrimoniais, a
autoridade pode determinar que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
ou compense o prejuízo causado à vítima (Art. 116). É claro que, se o adolescente não
tem condições de arcar com o prejuízo a medida deve ser substituída por outra que ele
consiga cumprir.
3) Prestação de serviço à comunidade: consiste na prestação de serviço comunitário,
através da realização de tarefas gratuitas de interesse geral, essas tarefas não pode
ultrapassar seis meses e deve ser realizada junto a entidade assistenciais, hospitais,
escolas e outros estabelecimentos congêneres (similares), bem como, em programas
comunitários ou governamentais. As tarefas atribuídas ao adolescente devem estar de
acordo com a sua capacidade de exercê-las, devem ser cumpridas em jornada máxima
de 8 horas semanais, podendo ser em sábados, domingo e feriados, ou em dias úteis
mesmo, sem que prejudiquem a frequência escolar à escola ou a jornada de trabalho,
caso esteja trabalhando também (art. 117).
4) Liberdade assistida: nessa medida socioeducativa a autoridade competente designará
uma pessoa capacitada para acompanhar o caso, pessoa que poderá ser recomendada
por entidade ou programa de atendimento às crianças e adolescentes, seu dever é de
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. Ela é fixada por um prazo mínimo de 6
meses, podendo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida a qualquer
tempo, mas antes deve ser ouvido o orientador, o Ministério Público e o Defensor (Art.
118). Cabe ao orientador (Art. 119):

• I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação


e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e
assistência social;
• II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
• III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção
no mercado de trabalho;
• IV - apresentar relatório do caso.

58
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

5) Regime de semiliberdade: essa medida socioeducativa pode ser determinada desde


logo, ou então como forma de transição do adolescente para a medida em meio aberto,
ela possibilita a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial. São obrigatórias algumas atividades: escolarização e profissionalização. Ela não
possui prazo determinado, mas no que couber, serão aplicados os prazos relativos à
medida de internação (Ar. 120).
6) Internação: esta medida socioeducativa corresponde a medida mais grave e está sujeita
aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento. Ela restringe a liberdade do adolescente, contudo é
possível que a equipe técnica da entidade onde esteja cumprindo tal medida, permita
atividades externas, salvo se expressa determinação do juiz que não permita o
adolescente sair da entidade. Essa medida não comporta prazo determinado, mas sua
aplicação deve ser reavaliada a cada seis meses, sendo em que nenhuma hipótese
poderá ultrapassar prazo máximo de três anos. Se atingir o prazo máximo, o adolescente
deve ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou em liberdade assistida (art.
121, §4º), ressalva as hipóteses de medida aplica por ato infracional praticado durante a
execução da medida (Art. 45, §1º, da Lei 12.594/12). A desinternação ocorre após
autorização judicial, ouvido o Ministério Público (art. 121, §6º).

A medida de internação só pode ser aplicada nas seguintes hipóteses:


a) Ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência.
b) Reiteração no cometimento de outras infrações graves.
c) Descumprimento reiterados e injustificável da medida anteriormente imposta: por
exemplo, João, em razão de determinada conduta, recebe a medida de
semiliberdade, contudo, de forma injustificada está descumprindo a medida, nesse
caso, ele poderá receber de sanção por descumprimento da outra medida a
aplicação da medida de internação, caso em que essa sanção não poderá
ultrapassar três meses, devendo ser decretada judicialmente após devido processo
legal (art. 112, §1º).n

Local de cumprimento de medida de internação: deve ser cumprida em entidade


exclusiva para adolescentes, local distinto do acolhimento institucional e obedecida, de forma
rigorosa, a separação dos adolescentes por critérios de idade, compleição física e gravidade da
infração.
Direitos dos adolescentes privados se sua liberdade (art. 124):
• I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
• II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
• III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
• IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
• V - ser tratado com respeito e dignidade;

59
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

• VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao


domicílio de seus pais ou responsável;
• VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
• VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
• IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
• X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
• XI - receber escolarização e profissionalização;
• XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
• XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
• XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o
deseje;
• XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-
los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da
entidade;
• XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis à vida em sociedade.

Em nenhum caso o adolescente ficará incomunicável, ele pode receber visitas, elas só
ficam suspensas no caso da autoridade judiciária determinar a suspensão temporária de visita,
inclusive de pais ou responsáveis, se existirem motivos sérios e fundados de que as visitas têm
prejudicado o interesse do adolescente.
Responsabilidade pela fiscalização de cumprimento de medida socioeducativa: segundo
o artigo 36, do SINASE: “A competência para jurisdicionar a execução das medidas
socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente)”. De acordo com o artigo 146: “a autoridade a que se
refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma
da lei de organização judiciária local”.

1.11. Apuração Do Ato Infracional


O adolescente poderá ter ingresso no sistema de justiça, a partir do ato infracional, de três
maneiras:

1) Flagrante: o adolescente é apreendido enquanto praticava o ato infracional, ou logo


após ter praticado (art. 106 e 172 ECA), caso em que deve ser encaminhado, desde
logo, à autoridade policial competente (art. 172).

2) Por ordem judicial: a autoridade judiciária competente determina a apreensão do


adolescente (art. 106, do ECA), caso em que deve ser encaminhado, desde logo,
à autoridade judicial (art. 171).

60
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

3) Indícios de participação em crime envolvendo adultos: se identificado que


adolescente tem coautoria com maior, é realizado remessa do relatório das
investigações e documentos juntados ao Ministério Públicos (art. 173).

Quando ocorre a apreensão de um adolescente por ato infracional, imediatamente a


autoridade judiciária competente e a família do apreendido precisam ser comunicadas, a
autoridade policial deverá, ainda, lavrar o auto de apreensão, ouvir testemunhas e o adolescente,
apreender o produto ou instrumento da infração, requisitar exames ou perícias, se não foi o caso
de flagrante, a autoridade policial substituirá o auto de apreensão pelo boletim de ocorrência (art.
173, ECA).
Sempre que possível, se comparecer qualquer dos pais ou responsável, o adolescente
será liberado sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao
representante do Ministério Público no mesmo dia ou até o primeiro dia útil subsequente (art.
174, ECA). Em caso de gravidade do ato e sua repercussão social, o adolescente permanecer
apreendido, a autoridade policial deverá apresentá-lo ao MP ou a uma unidade de atendimento
em até 24hs (art. 175, ECA). Em caso de não comparecimento, o MP poderá requisitar concurso
das polícias civil e militar (art. 179, parágrafo único, ECA).
O artigo 178, traz que ao adolescente “a quem se atribua autoria de ato infracional não
poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em
condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
mental, sob pena de responsabilidade”, isso significa o quê? Que um adolescente que for
transportado da delegacia para o Ministério Público, até a unidade de internação, ao fórum ou
outro local deve ser feito em veículo apropriado, não em veículo usado para transportar adultos
presos, como o famoso “camburão”. O correto é levar o adolescente sentado no banco de trás,
ainda que da viatura e ainda que algemado, se houver necessidade (NUCCI, 2019, p. 673):

Feito isso, o Ministério Público poderá tomar três decisões (art. 180, ECA):

Súmula Vinculante 11 do STF: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.

1) Promover o arquivamento dos autos: quando o promotor de justiça não identificar


a existência do fato, ou se o fato não constituir ato infracional, ou se não estiver

61
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

comprovado a autoria ou participação do adolescente na prática do fato, o parquet


promoverá pelo arquivamento, cabendo ao juiz homologar ou não. Se o juiz
discordar do pedido do promotor de justiça, deverá remeter os autos ao Procurador-
Geral de Justiça, para que ofereça representação, designe outro membro do MP
para apresentar ou ratifique o pedido de arquivamento, estando, então, a
autoridade obrigada a homologar (art. 181, §2º, do ECA).

2) Conceder a remissão: a remissão é uma causa de exclusão do processo, ou seja,


é um perdão judicial embasado na Lei, para atos infracionais mais brandos, e volta-
se para adolescentes primários (sem antecedentes). A Remissão extrajudicial, na
fase do procedimento, é apenas do MP (NUCCI, 2017, p. 640). Não implica
necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de
semiliberdade e a internação (art. 126 a 128, ECA).

3) Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa:


diferente do processo penal, no Estatuto da Criança e do Adolescente não existe a
denúncia, mas sim a representação, essa é a peça judicial que dá início à ação
socioeducativa. Ela conterá o resumo dos fatos, a classificação do ato infracional,
rol de testemunhas, não sendo necessária prova pré-constituída da autoria e
materialidade (art. 182, ECA).

O juiz também poderá conceder remissão, durante a ação socioeducativa, não ocorrendo,
o advogado ou defensor nomeado terá o prazo de 3 dias, para apresentar DEFESA PRÉVIA e
rol de testemunhas. Na audiência serão ouvidas as testemunhas, debates orais (Ministério
Público e defensor, cada um com o tempo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos), na
sequência a autoridade judiciária proferirá sentença (art. 186, do ECA). Se o adolescente,
devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva (art. 187, ECA).

Na sentença, o juiz poderá decidir de 3 formas:


1) Aplicar remissão: A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo,
poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença (art.
188, ECA).

2) Não aplicar nenhuma medida: o juiz poderá deixar de aplicar qualquer medida
quando estiver provada a inexistência do fato, se não houver provas do fato ou da
autoria/participação do adolescente, não constituir fato infracional (art. 189, ECA).

62
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

3) Aplicar medida socioeducativa: Verificada a prática de ato infracional, a autoridade


competente poderá aplicar ao adolescente as medidas socioeducativas, que serão
estudadas no próximo capítulo (art. 112, ECA).

* Para todos verem: fluxograma sobre a apuração de ato infracional praticado


por adolescentes.

Apresentado o O adolescente
Ouvirá
adolescente ao
imediata e Se possível também
Ministério
informalmente ovirá os pais ou
Público:
responsáveis.
Arquivar os Juiz deverá
autos homologar
Apuração
de ato Conceder Juiz deverá
infracional remissão homologar

Sendo o fato
grave, passível de
aplicação de
medida de
Ministério Juiz designará
internação ou
Público audiência de
colocação em
poderá: apresentação
regime de
do adoelscente
semiliberdade,
designará, desde
logo, audiência em
Representar continuação,
à autoridade Se a
para autoridade
aplicação de judiciária Art. 188. A
medida entender remissão, como
socio- adequada a forma de extinção
educativa remissão, ou suspensão do
ouvirá o processo, poderá
representante ser aplicada em
do Ministério qualquer fase do
Público, procedimento,
proferindo antes da sentença
decisão.

Se durante o procedimento de verificação de ato infracional o adolescente tiver que ser


mantido em internação provisória, mas não houver local adequado no município, deverá ser
transferido para localidade mais próxima. Sendo impossível a transferência, o adolescente “o
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos
adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
sob pena de responsabilidade” (art. 185, §2º).

63
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.11.1 Outras Observações Sobre Ato Infracional


Se criança e adolescente são inimputáveis, assim, excluindo um dos elementos da
culpabilidade, ato infracional não gera condenação criminal, portanto não gera reincidência,
embora seja possível verificar os antecedentes do adolescente.
Algumas súmulas importantes:

Súmula 338, do STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.

Súmula 265, do STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a


regressão da medida socioeducativa.

Súmula 342, do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula


a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.

Súmula 492, do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.

Súmula 605, do STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração


de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na

Vale lembrar que a Lei n. 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de Atendimento


Socioeducativo (SINASE), a qual regulamenta a execução das medidas socioeducativas
aplicadas aos adolescentes infratores e, também, estabelece princípios orientadores da
execução de medidas, bem como, direitos individuais. O juízo da infância e da juventude é
competente para executar medidas socioeducativas, a execução dessas medidas é realizada a
partir de um plano individual de atendimento (PIA).

64
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão
sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária
competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância
das formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou


adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata
liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de


adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

65
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.12. Acesso À Justiça


Toda criança e adolescente tem garantido o acesso à justiça, mas não só ao Poder
Judiciário, como também à Defensoria Pública e ao Ministério Público (veja sobre suas
competências no artigo 201). Esse acesso à justiça será gratuito e essa gratuidade se dá por
duas formas (Art. 141):
1) Sempre que a criança ou adolescente necessitar: poderá ser através do defensor
público ou por um advogado nomeado.
2) As ações judiciais de competência da Justiça da Infância e Juventude são isentas
de custas e emolumentos, independente da criança ou adolescente necessitar,
salvo hipótese de litigância de má-fé.

As crianças e adolescentes em razão da idade não podem buscar pessoalmente seus


direitos, segundo o Código Civil (CC), são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente
os atos da vida civil aqueles que possuem menos de 16 anos de idade (Art. 3º, do CC), sendo
que, os maiores de 16 anos de idade são considerados relativamente incapazes. O que isso
significa?

66
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Crianças e adolescentes até 16 anos de idade serão representadas judicialmente (pelos


seus pais ou responsáveis: tutor, curador ou guardião), já os adolescentes de 16 e 17 anos serão
assistidos (pelos seus pais ou responsáveis), sendo que a capacidade civil é atingida aos 18
anos de idade, momento em que a pessoa fica habilitada para a prática de todos os atos da vida
civil (art. 5º, do CC), diferente do que trata o artigo 142, do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores
de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que
os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual.

Atenção, o artigo 142 foi regido conforme o Código Civil de 1916, por isso nele está
prevista a maioridade com 21 anos de idade, mas ela deve ser atualizada para o Código Civil,
portanto, a idade para maioridade é de 18 anos de idade.
Os atos judiciais, assim como os policiais e administrativos que envolvam criança e
adolescente quando relativos a ato infracional não podem ser divulgados, o artigo 143 veda
expressamente a divulgação, sendo que qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar
a criança ou adolescente, vedando-se o uso de fotografia, referência a nome, apelido, filiação,
parentesco, residência e inclusive meras iniciais do nome e sobrenome, absolutamente nada
pode ser divulgado (que possa levar o reconhecimento da criança ou adolescente) quando for
situação que envolva ato infracional.
As cópias ou certidões que envolvam informações relativas a crianças e adolescentes em
ato infracional só podem ser deferidas pela autoridade judiciária competente (Vara da Infância e
da Juventude), se for demostrado o interesse e justificativa da finalidade da cópia ou certidão,
de acordo com o artigo 144 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa preocupação do
estatuto em restringir o acesso de informações é razoável na medida que a preocupação do
Estatuto é o caráter pedagógico e de fortalecimento de vínculos e não de expor a criança ou
adolescente a constrangimentos que podemos afetar mais ainda a sua formação intelectual e
moral.

1.13. Do Juiz, Ministério Público E Advogado


O juiz é autoridade que se refere a todo momento o Estatuto da Criança e do Adolescente,
juiz ou juíza da Justiça da Infância e Juventude (JIJ), ou o juiz que exerce essa função, caso não
haja vara especializada na Comarca. Os artigos 148 e 149 estabelecem as competências

67
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

referente a atribuições, da autoridade judiciária da infância e juventude. É importante realizar a


leitura!
O Ministério Público tem suas competências estipuladas no artigo 201, sua intimação
deve ocorrer pessoalmente e, muito importante, a falta de intervenção do Ministério Público nas
demandas que envolverem criança e adolescente gera nulidade do feito, a qual deve ser
declarada de ofício pelo juiz ou requerida por qualquer interessado (art. 204).
Os advogados nas ações envolvendo criança e adolescente serão intimados
pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça (art. 206). Aqueles que
necessitarem terão acesso a gratuidade da justiça: “Será prestada assistência judiciária integral
e gratuita àqueles que dela necessitarem” (art. 206, parágrafo único). Nenhum adolescente a
quem se atribua ato infracional será processado sem defensor, ainda que o adolescente esteja
foragido.
Por fim, importante destacar os parágrafos do artigo 207:

Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo
tempo, constituir outro de sua preferência.

§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o


juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.

§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido
constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

1.14. Competências
Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância
e juventude (art. 145). A competência territorial da autoridade judicial, que é o juiz da infância e
juventude, será determinada:
1) Pelo domicílio dos pais ou responsável;
2) Pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou
responsável.
Mesma forma de competência é aplicada aos Conselhos Tutelares!
Algumas observações importantes a partir dos parágrafos do artigo 147:

68
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão,
observadas as regras de conexão, continência e prevenção.

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais
ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.

§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que


atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local
da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
retransmissoras do respectivo estado.

ATENÇÃO!

Qualquer processo/procedimento que envolver criança ou adolescente deverá ocorrer com


intervenção do Ministério Público, sob penal de nulidade do feito, a qual deverá ser declarada de
ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado (art. 204).

DAS INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA:

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de
comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo
a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou
adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira
a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além
da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
periódico até por dois números. (Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).

69
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.15. Proteção Dos Interesses Individuais, Difusos E Coletivos

As ações de responsabilidade por ofensa de direitos de crianças e adolescentes regem-


se pela lei do Estatuto da Criança e do Adolescente (sem excluir a aplicação da Constituição
Federal e outras legislações), ações referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de (Art.
208):

Constituição Federal

I - do ensino obrigatório;

II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;

III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação
dada pela Lei nº 13.306, de 2016)

IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à


saúde do educando do ensino fundamental;

VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à


adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;

VII - de acesso às ações e serviços de saúde;

VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade.

IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados


ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência

X - de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de


medidas de proteção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

XI - de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao adolescente vítima ou


testemunha de violência. (Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)

As ações envolvendo esta temática são propostas no local onde ocorreu ou deve ocorrer
a ação ou a omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores (art. 209).
São legitimados para essas demandas: o Ministério Público, a administração direta
(União, estados, DF, municípios e territórios), bem como as associações legalmente constituídas

70
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

há pelo menos um ano e que incluam entre suas finalidade a defesa dos interesses e direitos
protegidos pelo ECA.

• § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e


dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
• § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
Os órgãos legitimados podem tomar compromisso de ajustamento de sua conduta (Termo
de ajustamento de conduta) às exigências legais, esse termo terá eficácia de título executivo
extrajudicial (Art. 211, do ECA). São admissíveis todas as espécies de ações.
Na ação que buscar o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer poderá ser imposta
multa diária ao réu, independente do pedido do autor, fixando prazo razoável para cumprimento.
Essa multa só será exigível após o trânsito em julgado da sentença favorável, mas é devida
desde o momento que houver configurado o descumprimento da determinação judicial (Art. 213).
A multa que trata o artigo 213 será revertida ao FIA – Fundo da Infância e Juventude, que
é gerido pelo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município. A multa
deve ser recolhida até 30 dias após o trânsito em julgado, através de execução promovida pelo
Ministério Pública (facultada a iniciativa para os demais legitimados).
Se a ação é ajuizada pela associação e esta não promover a execução em 60 dias, deve
ser feita pelo Ministério Público, facultada iniciativa aos demais legitimados (Art. 217).
Outros dispositivos importantes:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os
elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências
cabíveis.

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes
as certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.

71
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar,
de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência


de fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou
das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de
se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em sessão do Conselho


Superior do Ministério público, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do


Ministério Público, conforme dispuser o seu regimento.

§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde


logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

1.16. Política De Atendimento


As políticas de atendimento são um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais que tem como linha de ação desde as políticas básicas até os serviços especiais
de prevenção, identificação e proteção dos direitos de crianças e adolescentes (art. 86, do ECA).
Os atendimentos ocorrem de forma municipalizada. A linha de ação da política de atendimento
está no artigo 87, já as diretrizes estão localizadas no artigo 88, ambos do Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Nos municípios são criados os conselhos municipais, mas eles também são instituídos no
âmbito estadual e nacional, trata-se de órgão deliberativo e controlador das políticas públicas em
todos os níveis, que visa assegurar a participação popular, a função do membro (conselheiro) do
conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais não é remunerada, pois considera-se
como de interesse público relevante.
O Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente é responsável por manter
os registros das inscrições das entidades de atendimento, assim como, por reavaliar, a cada dois

72
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

anos, os programas em execução, constituindo critérios para renovação da autorização de


funcionamento.
Essas entidades são fiscalizadas pelo judiciário, Ministério Público e pelos Conselhos
Tutelares (art. 96). Cada entidade é responsável pela manutenção da sua unidade, assim como
pelo planejamento e execução de programas de proteção e socioeducativos destinados às
crianças e adolescente, em regime de (art. 90):

Estatuto da Criança e do Adolescente

I - orientação e apoio sócio-familiar;

II - apoio sócio-educativo em meio aberto;

III - colocação familiar;

IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

A eficiência das entidades de atendimento é atestada por estes órgãos mencionados e


pela Justiça da Infância e da Juventude. Sendo que, somente poderão funcionar as entidades
não-governamentais depois de registradas no Conselho Municipal de Direitos da Criança e do
Adolescente. Será negada inscrição e entidade que (art. 91, do ECA):

a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade,


higiene, salubridade e segurança;

b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;

c) esteja irregularmente constituída;

d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à


modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da
Criança e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Os princípios que devem ser seguidos pelas entidades de atendimento que desenvolvam
programa de acolhimento familiar ou institucional estão elencados no artigo 92, já as obrigações
das entidades que desenvolvem programa de internação estão dispostas no artigo 94,
recomenda-se a leitura destes dois artigos.
Em caso de descumprimentos das obrigações, as entidades governamentais podem
sofrer advertências, afastamento provisório ou definitivo de seus dirigentes, fechamento da
unidade ou interdição do programa. Se for entidade não-governamental, poderá haver, além da
advertência, a suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas, interdição ou suspensão
do programa e cassação do registro, segundos os artigos 96 e 97, do ECA.

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos


direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.

1.16.1 Apuração De Irregularidade Em Entidade De Atendimento:

A apuração de irregularidades ocorre mediante portaria da autoridade judiciária, ou,


então, por representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar. Deve constar na portaria
ou na representação o resumo dos fatos. Se houver motivo grava poderá ser decretado
liminarmente pela autoridade judiciária (após ouvido o Ministério Público) o afastamento
provisório do dirigente da entidade (Art. 191). O dirigente é citado para oferecer resposta escrita
no prazo de dez dias, podendo juntar documentos e indicar provas (art. 192). Ainda que não
apresente resposta, a autoridade judiciária deve designar audiência de instrução e julgamento
intimando as partes (art. 193). Segundo as disposições dos artigos 191 ao 193, o procedimento
ficaria da seguinte forma:
* Para todos verem: fluxograma representando o procedimento de apuração
de irregularidades cometidas por entidades de atendimento governamentais
ou não-governamentais.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Havendo motivo
grave é possível
1. Início: portaria (JIJ) ou
afastar o dirigente
representação (MP ou CT)
liminarmente em
caráter provisório.

É possível juntar
2. Defesa: resposta escrita em
documentos e
Entidade dez dias
indicar provas
governamental ou
não-
governamental 3. Instrução e julgamento:
Apuração de audiência designida pelo JIJ,
irregularidade mesmo sem a apresentação da
resposta escrita.

4. MP e as partes poderão
oferecer alegações finaisem
audiência ou em cinco dias

5. Satisfeitas as exigências de
Se não removidas:
remoção de irregularidade: o
aplicação de
processo será extindo sem
medidas.
julgamento de mérito.

1.17. Conselho Tutelar

Para entendermos, o Sistema de Garantia de Crianças e Adolescentes funciona da


seguinte forma:
1) Política de atendimento: órgãos de atendimento da saúde, educação, assistência
social, segurança, esporte etc., sejam governamentais ou não-governamentais,
mas que de alguma forma prestam serviços para crianças e adolescentes em
qualquer dos entes federativos.
2) Política de proteção: esse segundo nível de proteção tem sua atuação sempre que
houver violação ou risco de violação de direitos de crianças e adolescentes, cuja
situação não se consiga sanar diretamente na política de atendimento, assim,
órgãos como o Conselho Tutelar e o Ministério Público irão atuar na busca da
restauração ou manutenção de direitos.
3) Política de justiça: na última instância, quando há violação de direitos que não se
possam restituir pela via administrativa, a política de justiça vem para aplicar
medidas necessárias para restauração de direitos de crianças e adolescentes.

O Conselho Tutelar (art. 131, ECA) é um órgão permanente e autônomo, o que significa
isso? Autônomo significa que ele não é subordinado a nenhum dos poderes (nem ao prefeito,
juiz ou Ministério Público), apesar de estar vinculado ao Poder Executivo, pois faz parte da
estrutura administrativa do município, mas este vinculo não significa hierarquização, além disso,
essa autonomia dá ao Conselho Tutelar soberania em seus atos, enquanto decisões

75
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

administrativas, elas não são controladas pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, exceto
pelo controle externo do Poder Judiciário (controle natural para qualquer ato administrativo que
viole a legalidade, abuso de poder, etc.). Quanto a sua característica de permanente, significa
dizer que ele só pode ser extinto mediante lei, isto é, sua existência é por prazo indeterminado.
Também é órgão não jurisdicional, pois seus atos são administrativos, além disso o
Conselho Tutelar não faz parte da estrutura do Poder Judiciário. Seu papel é de zelador da
proteção de crianças e adolescentes e ele faz isso através de atos administrativos.
É um órgão coletivo, onde seus membros, os conselheiros tutelares não atuam sozinhos,
mas sim em grupo, são escolhidos pela comunidade, através de eleições. Cada município e em
cada região administrativa do Distrito Federal (art. 132) haverá, no mínimo, um Conselho
Tutelar, composto por 5 membros, isto é, poderá haver mais de um Conselho Tutelar no
município, desde que cada Conselho tenha 5 membros! Eles são escolhidos pela popular local
para um mandato de 4 anos, com eleições que ocorrem no primeiro domingo do mês de outubro
do ano subsequente as eleições presidenciais, e, desde 2019, podem é permitida a recondução
por novos processos de escolha, ou seja, eles podem ser reeleitos de forma seguida, para novos
mandatos, sem um limite de reeleições. Antes de março de 2019 só poderiam ser reeleger uma
única vez. A posse dos eleitos ocorre no dia 10 de janeiro.
* Para todos verem: fluxograma representando as três características do
conselho tutelar: autônomo, permanente e não jurisdicional.

Autônomo

Características Permanente

Não
jurisdicional
Cabe a Lei municipal ou distrital definir local, dia, horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive sobre a remuneração. Os conselheiros devem ter reconhecida idoneidade
moral; idade superior a 21 anos e residir no município (art. 133). Apesar da lei municipal
determinar a maioria das regras referente ao mandato, o estatuto garante (art. 134):

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)


II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da
remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão
dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação
continuada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012).

As principais atribuições do conselheiro são: atender crianças e adolescentes, bem como,


seus pais ou responsável, aconselhar, requisitar serviços públicos na área da saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança, encaminhar ao Ministério Público notícia de
violação de direitos, expedir notificações, assessorar o Poder Executivo local na elaboração de
proposta orçamentária para planos e programas de atendimento, representar ao Ministério
Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar.
São impedidos de servir no mesmo Conselho (lembrando que mesmo município poderá
haver mais de um Conselho Tutelar) marido e mulher, ascendente e descendente, sogro e genro
ou nora, irmãos, cunhados, durante cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteada.
O impedimento também se aplica para autoridade judiciária e ao representante do Ministério
Público com atuação na Justiça da Infância e Juventude, em exercício na comarcar, foro regional
ou distrital (art. 140).

DOS CRIMES PREVISTOS NO ECA:

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar
ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

1.18. Competências

A competência do conselho tutelar é a mesma competência judiciária, que será


determinada:

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

a) Pelo domicílio dos pais ou responsável;


b) Pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.

DAS INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA:

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de
comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou
adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira
a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além
da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
periódico até por dois números. (Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).

1.19 Sistema Recursal


Em regra os procedimentos que acontecem na Justiça da Infância e Juventude são os
que versem sobre: ato infracional; pedido de adoção; interesses individuais, difusos ou coletivos;
decorrentes de irregularidades de entidades de atendimento às crianças e adolescentes; nos
casos de penalidades administrativas; casos encaminhas ao Conselho Tutelar; ou qualquer caso
que poderia ser da Vara de Família ou Vara Cível, mas como possuí uma situação de risco junto
são atraídos para a Vara da Infância e Juventude.
O artigo 198, do ECA determina que nas ações relativas a Justiça da Infância e da
Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o
sistema recursal do Código de Processo Civil com as seguintes adaptações:
• Não haverá necessidade de preparo para interposição de recursos;
• Prazos recursais são de 10 dias, salvo embargos de declaração que são 5 dias;
• Terão preferência no julgamento;
• Dispensam revisor;

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

• Da sentença de adoção, de destituição de poder familiar ou ato infracional, só cabe


efeito devolutivo, exceto:
o a) adoção internacional;
o b) Perigo de dano irreparável ou de difícil reparação; ocasião que será
possível efeito suspensivo do processo.
Ainda, caberá apelação das decisões proferidas com base no artigo 149 (que trata da
competência da autoridade judiciária para disciplinar, autorizar mediante alvará a entrada e
permanência de criança ou adolescente desacompanhados dos pais ou responsável em estádio,
boates, bailes etc.).

1.20 Infiltração De Agentes Da Polícia


Algumas observações importantes trazidas pela Lei. 13.441/2017, quanto a infiltração de
agentes de polícia na internet para investigação de crimes contra a dignidade sexual de criança
e adolescentes (art. 190-A e seguintes):
• Deverá ocorrer através de requerimento do Ministério Público ou representação do
Delegado de Polícia, através de requerimento discriminando as atividades que
serão realizadas.
• Se o pedido partir da autoridade policial, o Ministério Público deverá ser ouvido
previamente.
• Depende de autorização judicial.
• O prazo é de 90 dias, podendo ser renovado no prazo máximo de 720 dias.
• Durante a infiltração deverão ser apresentados relatórios parciais a requerimento
do Ministério Público ou do Juiz.
• Será admitido somente em caráter subsidiário, quando não puder se fazer provas
por outros meios.
• Tramitará em sigilo.

1. 21. Dos Crimes Praticados Contra Crianças E Adolescentes


Os crimes contra crianças e adolescentes estão previstos nos artigos 228 a 244 do ECA,
sem prejuízo do Código Penal. Todos os crimes praticados contra crianças e adolescentes são
de ação pública incondicionada (isto é, não há necessidade de representação pela vítima), tanto
os crimes por ação, quanto por omissão. Aplica-se aos crimes definidos pela ECA as normas da
Parte Geral do Código Penal, quanto ao processo, as normas do Código de Processo Penal.
Alguns crimes já estudamos no decorrer do material, agora veremos alguns outros,
também estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente:

 Dos crimes previstos em relação a violência sexual:

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de
sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer
modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste
artigo, ou ainda quem com esses contracena.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau,
ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.

Em Recurso Especial julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, este posicionou-se pela
tipificação da conduta ainda que a criança ou adolescente esteja coberto por peças de roupas,
se estiver em poses nitidamente sensuais, com enfoque em órgãos genitais, fica incontroversa
a finalidade sexual e libidinosa, configurando-se crime (REsp 1.543.267-SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015, DJe 16/2/2016).

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer
meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas
ou imagens de que trata o caput deste artigo.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são puníveis quando o


responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o
acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma
de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material
a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às
autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-
C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades
institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço
prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita
à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

§ 3º As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito
referido.

De acordo com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.579.578-PR,


Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em 04/02/2020, DJe
17/02/2020), Caracteriza o crime do art. 241-A do ECA oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática
ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente (pena de 3 a 6 de reclusão e multa). Já o art.
241-B do mesmo estatuto estabelece que "adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente" atrai a sanção de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Via de
regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de
material pornográfico infanto-juvenil. Deveras, o cometimento de um dos crimes não perpassa,
necessariamente, pela prática do outro, mas é possível a absorção, a depender das
peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas guardem, entre si, uma relação de meio
e fim estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre
a sucessão de fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é
absolutamente autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder
por ambos, em concurso material.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou


pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
outra forma de representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza,
distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido
na forma do caput deste artigo.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou
pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se
exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à
prostituição ou à exploração sexual:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados
na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da
Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de
terceiro de boa-fé.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento.

 Do crime previsto em relação a corrupção de adolescente:

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a
infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n o 8.072, de 25 de julho de
1990.

O crime de corrupção é crime formal, significa dizer que pouco importa se o adolescente
já havia praticado ato infracional anteriormente ou não, a Súmula 500 do Superior Tribunal de
Justiça trouxe o entendimento do tribunal que “A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
Além do mais, o Superior Tribunal de Justiça também já afirmou que a prática de crimes
em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção de
menores. Interessante né? Significa dizer que se o bem jurídico tutelado pelo crime de corrupção
de menores é a sua formação moral, caso duas crianças/adolescentes tiverem seu
amadurecimento moral violado, em razão de estímulos a praticar o crime ou a permanecer na
seara criminosa, dois foram os bens jurídicos violados (REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe 16/10/2017).

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1.22. Disposições Transitórias


Nas disposições finais e transitórias do Estatuto vamos ver os principais artigos:

Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e
do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo
essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas
com base no lucro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração
de Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 .
(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
§ 1º -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos
nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas
as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
Infância. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente
fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e
demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a
forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira
infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. (Redação
dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,
regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscalização da aplicação,
pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 5º Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a
dedução de que trata o inciso I do caput : (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite em conjunto com outras deduções
do imposto; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa operacional na apuração do lucro real. (Incluído
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil as doações recebidas mês a
mês, identificando os seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)

Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital
e municipais divulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos
para implementação das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com
cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência;
e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide))

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente, os registros,
inscrições e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos
municípios, os recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo
estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos
níveis.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
exercidas pela autoridade judiciária.

Questões

1 - (XVI Exame de Ordem) O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que pessoas com
até doze anos de idade incompletos são consideradas crianças e aquelas entre doze e dezoito
anos incompletos, adolescentes. Estabelece, ainda, o Art. 2º, parágrafo único, que “Nos casos
expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
um anos de idade”.
Partindo da análise do caráter etário descrito no enunciado, assinale a afirmativa correta.
a) O texto foi derrogado, não tendo qualquer aplicabilidade no aspecto penal, que considera
a maioridade penal aos dezoito anos, não podendo, portanto, ser aplicada qualquer
medida socioeducativa a pessoas entre dezoito e vinte e um anos incompletos, pois o
critério utilizado para a incidência é a idade na data do julgamento e não a idade na data
do fato.
b) A proteção integral às crianças e adolescentes, primado do ECA, estendeu a proteção da
norma especial aos que ainda não tenham completado a maioridade civil, nisso havendo
a proteção especialmente destinada aos menores de vinte e um anos, nos âmbitos do
Direito Civil e do Direito Penal.
c) O texto destacado no parágrafo único desarmoniza-se da regra do Código Civil de 2002
que estabelece que a maioridade civil dá-se aos dezoito anos; por esse motivo, a regra
indicada no enunciado não tem mais aplicabilidade no âmbito civil.
d) Ao menor emancipado não se aplicam os princípios e as normas previstas no ECA; por
isso, o estabelecido no texto transcrito, desde a entrada em vigor da norma especial em
1990, não era aplicada aos menores emancipados, exceto para fins de Direito Penal.

2 - (XXXI Exame de Ordem) Maria chega à maternidade já em trabalho de parto, sendo atendida
emergencialmente. Felizmente, o parto ocorre sem problemas e Maria dá à luz, Fernanda.
No mesmo dia do parto, a enfermeira Cláudia escuta a conversa entre Maria e uma amiga que a
visitava, na qual Maria oferecia Fernanda a essa amiga em adoção, por não se sentir preparada
para a maternidade.
Preocupada com a conversa, Cláudia a relata ao médico obstetra de plantão, Paulo, o qual, por
sua vez, noticia o ocorrido a Carlos, diretor-geral do hospital.
Naquela noite, já recuperada, Maria e a mesma amiga vão embora da maternidade, sem que
nada tenha ocorrido e nenhuma providência tenha sido tomada por qualquer dos personagens
envolvidos – Cláudia, Paulo ou Carlos.
Diante dos fatos acima, assinale a afirmativa correta.
a) Não foi cometida qualquer infração, porque a adoção irregular não se consumou no âmbito
da maternidade.
b) Carlos cometeu infração administrativa, consubstanciada no não encaminhamento do
caso à autoridade judiciária, porque somente o diretor do hospital pode fazê-lo.
c) Carlos e Paulo não cometeram infração administrativa ao não encaminharem o caso à
autoridade judiciária, porque não cabe ao corpo médico tal atribuição.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

d) Carlos, Paulo e Cláudia cometeram infração administrativa por não encaminharem o caso
de que tinham conhecimento para a autoridade judiciária.

3 - (XXIV Exame de Ordem) Maria, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola que
não adota a obrigatoriedade do uso de uniforme, frequenta regularmente culto religioso afro-
brasileiro com seus pais.
Após retornar das férias escolares, a aluna passou a ir às aulas com um lenço branco enrolado
na cabeça, afirmando que necessitava permanecer coberta por 30 dias. As alunas Fernanda e
Patrícia, incomodadas com a situação, procuraram a direção da escola para reclamar da
vestimenta da aluna. O diretor da escola entrou em contato com o advogado do estabelecimento
de ensino, a fim de obter subsídios para a sua decisão.
A partir do caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação que você, como advogado
da escola, daria ao diretor.
a) Proibir o acesso da aluna à escola.
b) Marcar uma reunião com os pais da aluna Maria, a fim de compeli-los a descobrir a cabeça
da filha.
c) Permitir o acesso regular da aluna.
d) Proibir o acesso das três alunas.

4 - (XXVII Exame de Ordem) Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos, chegam
do interior com os pais, em busca de melhores condições de vida para a família. Os três estão
matriculados regularmente em estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar para ajudar
na renda da casa.
Sobre as condições em que os três irmãos conseguirão trabalhar formalmente, considerando os
Direitos da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo
atividades noturnas, perigosas ou insalubres.
b) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades
noturnas, perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.
c) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas
ou insalubres
d) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de
aprendizagem.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

5 - (VII Exame de Ordem) Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de
1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes
direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o
acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e
realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da
Criança e do Adolescente, é correto afirmar que
a) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores,
mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos
pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC.
b) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório
e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino
médio.
c) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou
responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou
religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus filhos
ou pupilos.
d) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas
injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os
elevados níveis de repetência.

6 - (IV Exame de Ordem) Washington, adolescente com 14 (quatorze) anos, movido pelo desejo
de ajudar seus genitores no sustento do núcleo familiar pobre, pretende iniciar atividade
laborativa como ensacador de compras na pequena mercearia Tudo Tem, que funciona 24h,
localizada em sua comunidade. Recentemente, esta foi pacificada pelas Forças de Segurança
Nacional. Tendo como substrato a tutela do Estatuto da Criança e do Adolescente no tocante ao
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, assinale a alternativa correta.
a) Washington poderá ser contratado como ensacador de compras, mesmo não sendo tal
atividade de aprendizagem, pois, como já possui 14 (quatorze) anos, tem discernimento
suficiente para firmar o contrato de trabalho e, assim, prestar auxílio material aos seus
pais, adotando a louvável atitude de preferir o trabalho às ruas.
b) Como a comunidade onde reside Washington foi pacificada pelas forças de paz, não há
falar em local perigoso ou insalubre para o menor; assim, poderá o adolescente exercer a
carga horária laborativa no período das 22h às 24h, sem qualquer restrição legal, desde
que procure outra atividade laborativa que seja de formação técnico-profissional.
c) Washington não poderá trabalhar na mercearia como ensacador de compras, pois tal
atividade não é enquadrada como de formação técnico-profissional; portanto, não se pode
afirmar que o menor exercerá atividade laborativa na condição de aprendiz.
d) Na condição de aprendiz, não é necessário que o adolescente goze de horário especial
compatível com a garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular.

7- (XXVIII Exame de Ordem) Carla, de 11 anos de idade, com os pais destituídos do poder
familiar, cresce em entidade de acolhimento institucional faz dois anos, sem nenhum interessado
em sua adoção habilitado nos cadastros nacional ou internacional. Sensibilizado com a situação
da criança, um advogado, que já possui três filhos, sendo um adotado, deseja acompanhar o
desenvolvimento de Carla, auxiliando-a nos estudos e, a fim de criar vínculos com sua família,
levando-a para casa nos feriados e férias escolares.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de que forma o advogado conseguirá


obter a convivência temporária externa de Carla com sua família?
a) Acolhimento familiar.
b) Guarda estatutária.
c) Tutela.
d) Apadrinhamento.

8 - (XXVII Exame de Ordem) Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos
de idade. Ante o falecimento precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua
representante legal.
De forma a prevenir o amparo de Davi em razão de seu eventual falecimento, Ana pretende que,
na sua ausência, seu irmão, João, seja o tutor da criança.
Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de
a) escritura pública de constituição de tutela.
b) testamento ou qualquer outro documento autêntico.
c) ajuizamento de ação de tutela.
d) diretiva antecipada de vontade.

9 - (XXIII Exame de Ordem) Os irmãos Fábio (11 anos) e João (9 anos) foram submetidos à
medida protetiva de acolhimento institucional pelo Juízo da Infância e da Juventude, pois
residiam com os pais em área de risco, que se recusavam a deixar o local, mesmo com a
interdição do imóvel pela Defesa Civil.
Passados uma semana do acolhimento institucional, os pais de Fábio e João vão até a instituição
para visitá-los, sendo impedidos de ter contato com os filhos pela diretora da entidade de
acolhimento institucional, ao argumento de que precisariam de autorização judicial para visitar
as crianças. Os pais dos irmãos decidem então procurar orientação jurídica de um advogado.
Considerando os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente, a direção da entidade de
acolhimento institucional agiu corretamente?
a) Sim, pois o diretor da entidade de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
podendo proibir a visitação dos pais.
b) Não, porque os pais não precisam de uma autorização judicial, mas apenas de um ofício
do Conselho Tutelar autorizando a visitação.
c) Sim, pois a medida protetiva de acolhimento institucional foi aplicada pelo Juiz da Infância,
assim somente ele poderá autorizar a visita dos pais.
d) Não, diante da ausência de vedação expressa da autoridade judiciária para a visitação,
ou decisão que os suspenda ou os destitua do exercício do poder familiar.

10 - (XX Exame de Ordem) Dona Maria cuida do neto Paulinho, desde o nascimento, em razão
do falecimento de sua filha, mãe do menino, logo após o parto. João, pai de Paulinho, apenas
registrou a criança e desapareceu, sem nunca prestar ao filho qualquer tipo de assistência.
Paulinho está tão adaptado ao convívio com a avó materna, que a chama de mãe.
Passados dez anos, João faz contato com Maria e diz que gostaria de levar o filho para morar
com ele. Maria, desesperada, procura um advogado para obter orientações sobre o que fazer, já
que João é foragido da Justiça, com condenação por crime de estupro de vulnerável, além de
nunca ter procurado o filho Paulinho, que não o reconhece como pai.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a ação mais
indicada para regularizar de forma definitiva o direito à convivência familiar da avó com o neto.
a) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Adoção.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

b) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Tutela.


c) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Guarda.
d) Ação de Suspensão do Poder Familiar cumulada com Guarda.

11 - (XX Exame de Ordem) Vanessa e Vitor vivem com o filho Marcelo, criança com 06 anos de
idade, na casa dos avós paternos. Em um trágico acidente, Vitor veio a falecer. A viúva, logo
após o óbito, decide morar na casa de seus pais com o filho. Após 10 dias, já residindo com os
pais, Vanessa, em depressão e fazendo uso de entorpecentes, deixa o filho aos cuidados dos
avós maternos, e se submete a tratamento de internação em clínica de reabilitação. Decorridos
20 dias e com alta médica, Vanessa mantém acompanhamento ambulatorial e aluga
apartamento para morar sozinha com o filho.
Os avós paternos inconformados ingressaram com Ação de Guarda de Marcelo. Afirmaram que
sempre prestaram assistência material ao neto, que com eles residia desde o nascimento até o
falecimento de Vitor. Citada, Vanessa contestou o pedido, alegando estar recuperada de sua
depressão e da dependência química. Ainda, demonstrou possuir atividade laborativa, e que
obteve vaga para o filho em escola. Os avós maternos, por sua vez, ingressam com oposição.
Aduziram que Marcelo ficou muito bem aos seus cuidados e que possuem excelente plano de
saúde, que possibilitará a inclusão do neto como dependente.
Sobre a guarda de Marcelo, à luz da Proteção Integral da Criança e do Adolescente, assinale a
afirmativa correta.
a) Marcelo deve ficar com os avós maternos, com quem por último residiu, em razão dos
benefícios da inclusão da criança como dependente do plano de saúde.
b) Marcelo deve ficar na companhia dos avós paternos, pois sempre prestaram assistência
material à criança, que com eles residia antes do falecimento de Vitor.
c) Marcelo deve ficar sob a guarda da mãe, já que ela nunca abandonou o filho e sempre
cumpriu com os deveres inerentes ao exercício do poder familiar, ainda que com o auxílio
dos avós.
d) Em programa de acolhimento familiar, até que esteja cabalmente demonstrado que a
genitora não faz mais uso de substâncias entorpecentes.

12 - (XXVI Exame de Ordem) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o
desejo de entregar Juliana, sua filha recém-nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada
para a Vara da Infância e da Juventude, após ser atendida por uma assistente social e por uma
psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do defensor público e na presença do
Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter contato com sua família,
que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o desejo formal de
entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a extinção do poder familiar, determinando que
Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada para adoção no cadastro nacional.
Passados oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida, afirmando que gostaria de
criar a filha.
De acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
a) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de
adoção.
b) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de
extinção do poder familiar.
c) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
d) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou
com a adoção.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

13 - (XXIX Exame de Ordem) Júlio, após completar 17 anos de idade, deseja, contrariando seus
pais adotivos, buscar informações sobre a sua origem biológica junto à Vara da Infância e da
Juventude de seu domicílio. Lá chegando, a ele é informado que não poderia ter acesso ao seu
processo, pois a adoção é irrevogável. Inconformado, Júlio procura um amigo, advogado, a fim
de fazer uma consulta sobre seus direitos.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que apresenta a
orientação jurídica correta para Júlio.
a) Ele poderá ter acesso ao processo, desde que receba orientação e assistência jurídica e
psicológica.
b) Ele não poderá ter acesso ao processo até adquirir a maioridade.
c) Ele poderá ter acesso ao processo apenas se assistido por seus pais adotivos.
d) Ele não poderá ter acesso ao processo, pois a adoção é irrevogável.

14 - (XXV Exame de Ordem) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos
da adoção, Beatriz começou a viver em união estável com Leandro. Em razão das constantes
viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era quem diariamente cuidava de Théo, participando de
todas as atividades escolares. Théo reconheceu Leandro como pai.
Quando Beatriz e Leandro terminaram o relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade.
Leandro, atendendo a um pedido do adolescente, decide ingressar com ação de adoção
unilateral do infante. Beatriz discorda do pedido, sob o argumento de que a união estável está
extinta e que não mantém um bom relacionamento com Leandro.
Considerando o Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente e a Prioridade
Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser adotado por Leandro?
a) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
b) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a
convivência familiar de Théo.
c) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem
ingressar com ação de adoção unilateral.
d) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de
Théo com os pais.

15 - (XXIV Exame de Ordem) Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos
de idade, crescem juntos em entidade de acolhimento institucional, aguardando colocação em
família substituta. Não existem pretendentes domiciliados no Brasil interessados na adoção dos
irmãos de forma conjunta, apenas separados. Existem famílias estrangeiras com interesse na
adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família de brasileiros domiciliados na Itália,
sendo esta a última inscrita no cadastro.
Considerando o direito à convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo
adolescente, assinale a opção que apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos.
a) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
b) Adoção internacional pela família estrangeira.
c) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
d) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália

16 - (XXIV Exame de Ordem) Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda
judicial de Ana, que tem agora três anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante,

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

irmã de Maria, é usuária de crack e soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais.
Passados dois anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia e a criança fica residindo com Maria.
Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em conjunto, ainda que divorciados,
assinale a afirmativa correta.
a) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
b) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou
compartilhada) e à visitação de Ana.
c) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
d) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.

17 - (XX Exame de Ordem) Casal de brasileiros, domiciliado na Itália, passa regularmente férias
duas vezes por ano no Brasil. Nas férias de dezembro, o casal visitou uma entidade de
acolhimento institucional na cidade do Rio de Janeiro, encantando-se com Ana, criança de oito
anos de idade, já disponível nos cadastros de habilitação para adoção nacional e internacional.
Almejando adotar Ana, consultam advogado especialista em infância e juventude.
Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta pertinente ao caso.
a) Ingressar com pedido de habilitação para adoção junto à Autoridade Central Estadual,
pois são brasileiros e permanecem, duas vezes por ano, em território nacional.
b) Ingressar com pedido de habilitação para adoção no Juízo da Infância e da Juventude e,
após a habilitação, ajuizar ação de adoção.
c) Ajuizar ação de adoção requerendo, liminarmente, a guarda provisória da criança.
d) Ingressar com pedido de habilitação junto à Autoridade Central do país de acolhida, para
que esta, após a habilitação do casal, envie um relatório para a Autoridade Central
Estadual e para a Autoridade Central Federal Brasileira, a fim de que obtenham o laudo
de habilitação à adoção internacional.

18 - (XV Exame de Ordem) José, tutor da criança Z, soube que Juarez vem oferecendo
recompensa àqueles que lhe entregam crianças ou adolescentes em caráter definitivo.
Entusiasmado com a quantia oferecida, José promete entregar a criança exatamente dez dias
após o início da negociação. José contou aos seus vizinhos que não queria mais “ter trabalho
com o menino”. Indignada, Marieta, vizinha de José, comunicou imediatamente o fato à
autoridade policial, que conseguiu impedir a entrega da criança Z a Juarez.
Nesse caso, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta
a) A promessa de entrega de Z, por si só, já configura infração penal, do mesmo modo que
o seria em caso de efetiva entrega da criança.
b) Somente a efetiva entrega da criança mediante paga ou recompensa configuraria a prática
de infração penal tanto para quem entrega quanto para quem oferece o valor pecuniário.
c) Tratar-se-ia de infração penal somente se a criança Z fosse filho de José, sendo a figura
do tutor atípica para esse tipo de infração penal, não se podendo aplicar analogia para a
configuração de crime
d) Somente incorre na pena pela prática de infração penal o sujeito que oferece a paga ou
recompensa, sendo atípica para o responsável legal a mera promessa de entrega da
criança.

19 - (XXVIII Exame de Ordem) Bruno, com quase doze anos de idade, morador de Niterói, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi aprovado em um processo de seleção de jogadores
de futebol, para a categoria de base de um grande clube, sediado no Rio de Janeiro, capital –
cidade contígua à de sua residência.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Os treinamentos na nova equipe implicam deslocamento de Niterói ao Rio de Janeiro todos os


dias, ida e volta. Ocorre que os pais de Bruno trabalham em horário integral, e não poderão
acompanhá-lo.
Os pais, buscando orientação, consultam você, como advogado(a), sobre qual seria a solução
jurídica para que Bruno frequentasse os treinos, desacompanhado.
Assinale a opção que apresenta sua orientação.
a) Bruno precisará de um alvará judicial, que pode ter validade de até dois anos, para poder
se deslocar sozinho entre as comarcas.
b) Bruno pode, simplesmente, ir aos treinos sozinho, não sendo necessária qualquer
autorização judicial para tanto.
c) Não é possível a frequência aos treinos desacompanhado, pois o adolescente não poderá
se deslocar entre comarcas sem a companhia de, ao menos, um dos pais ou do
responsável legal.
d) Bruno poderá ir aos treinos desacompanhado dos pais, mas será necessário obter
autorização judicial ou a designação de um tutor, que poderá ser um representante do
clube.

20 - (XXI Exame de Ordem) Maria, mãe de João, criança com nove anos de idade, que está na
guarda de fato da avó paterna Luisa, almeja viajar com o filho, que já possui passaporte válido,
para os Estados Unidos. Para tanto, indagou ao pai e à avó se eles concordariam com a viagem
do infante, tendo o primeiro anuído e a segunda não, pelo fato de o neto não estar com boas
notas na escola. Preocupada, Maria procura orientação jurídica de como proceder.
À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a medida que deverá
ser adotada pelo(a) advogado(a) de Maria.
a) Ingressar com ação de suprimento do consentimento do pai e da avó paterna, para fins
de obter a autorização judicial de viagem ao exterior.
b) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem acompanhada de cópias dos
documentos dele, pois a criança já possui passaporte válido.
c) Ingressar com ação de guarda de João, requerendo sua guarda provisória, para que possa
viajar ao exterior independente da anuência do pai e da avó paterna.
d) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem com firma reconhecida, pois a criança
já possui passaporte válido.

21 - (XIII Exame de Ordem) João e Joana são pais de Mila, 9 anos, e de Letícia, 8 anos. João
mudou-se para Maringá depois do divórcio, e levou sua filha mais nova para morar com ele. Nas
férias escolares, Letícia quer ir ao Rio de Janeiro visitar sua mãe, enquanto Mila deseja passar
seus dias livres com seu pai em Maringá.
Avalie as situações apresentadas a seguir e, de acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) Letícia poderá viajar sem autorização judicial se a sua prima, Olívia, que tem 19 anos,
aceitar acompanhá-la. Mila poderá viajar sem autorização, se a sua avó, Filomena, a
acompanhar.
b) Se houver prévia e expressa autorização dos pais ou responsáveis, Letícia e Mila ficam
dispensadas da autorização judicial e poderão viajar desacompanhadas dentro do
território nacional.
c) Letícia poderá viajar desacompanhada dos pais por todo território nacional se houver
autorização judicial, que poderá ser concedida pelo prazo de dois anos. Mila não precisará
de autorização judicial para ir a Maringá se seu tio José aceitar acompanhá-la.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

d) Mila poderia aproveitar a ida de sua vizinha Maria, de 23 anos, para acompanhá-la, desde
que devidamente autorizada por seus pais, enquanto Letícia não precisaria de autorização
judicial se seu padrinho, Ricardo, primo do seu pai, a acompanhasse.

22 - (XXIX Exame de Ordem) Gabriel, adolescente com 17 anos de idade, entrou armado em
uma loja de conveniência na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, exigindo que o operador
de caixa entregasse todo o dinheiro que ali existisse. Um dos clientes da loja, policial civil em
folga, reagiu ao assalto, atirando em Gabriel, mas não acertando.
Assustado, Gabriel empreendeu fuga, correndo em direção a Betim, comarca limítrofe a Belo
Horizonte e onde residem seus pais, lá sendo capturado por policiais que se encontravam em
uma viatura.
Sobre o caso, assinale a opção que indica quem será competente para as medidas judiciais
necessárias, inclusive a eventual estipulação de medida socioeducativa, desconsiderando
qualquer fator de conexão, continência ou prevenção.
a) O Juiz da Infância e da Juventude da comarca de Belo Horizonte, ou o juiz que exerce
essa função, por ser a capital do estado.
b) O Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, da comarca de Belo
Horizonte, por ser o foro onde ocorreu o ato infracional cometido por Gabriel.
c) O Juiz Criminal da comarca de Betim, por ser onde residem os pais do adolescente.
d) O Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, da comarca de Betim,
por ser onde residem os pais do adolescente.

23 - (XXII Exame de Ordem) João, criança de 07 anos de idade, perambulava pela rua sozinho,
sujo e com fome, quando, por volta das 23 horas, foi encontrado por um guarda municipal, que
resolve encaminhá-lo diretamente para uma entidade de acolhimento institucional, que fica a 100
metros do local onde ele foi achado. João é imediatamente acolhido pela entidade em questão.
Sobre o procedimento adotado pela entidade de acolhimento institucional, de acordo com o que
dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) A entidade pode regularmente acolher crianças e adolescentes, independentemente de
determinação da autoridade competente e da expedição de guia de acolhimento.
b) A entidade somente pode acolher crianças e adolescentes encaminhados pela autoridade
competente por meio de guia de acolhimento.
c) A entidade pode acolher regularmente crianças e adolescentes sem a expedição da guia
de acolhimento apenas quando o encaminhamento for feito pelo Conselho Tutelar.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

d) A entidade pode, em caráter excepcional e de urgência, acolher uma criança sem


determinação da autoridade competente e guia de acolhimento, desde que faça a
comunicação do fato à autoridade judicial em até 24 horas.

24 - (XV Exame de Ordem) O Ministério Público moveu ação civil pública em face do estado A1
e do município A2, e em favor dos interesses da criança B, que precisava realizar um
procedimento cirúrgico indispensável à manutenção de sua saúde, ao custo de R$ 8.000,00 (oito
mil reais), o qual a família não tinha como custear. Os réus aduziram em contestação que os
recursos públicos não poderiam ser destinados individualmente, mas sim, em caráter igualitário
e geral a todos os que deles necessitassem.
Considere a narrativa e assinale a única opção correta a seguir.
a) Não tem cabimento a medida intentada pelo Ministério Público, uma vez que a ação civil
pública destina-se a interesse difusos ou coletivos, não sendo ferramenta jurídica hábil a
tutelar os interesses individuais indisponíveis, como os descritos no enunciado, devendo
o processo ser extinto sem resolução do mérito.
b) A causa terá seguimento, visto que cabível ação civil pública na hipótese, mas, no mérito,
os argumentos dos réus merecem acolhimento, já que conferir tratamento desigual à
criança B implica violação ao princípio da isonomia, o que não encontra amparo na norma
especial do ECA.
c) A ação civil pública é perfeitamente cabível no caso e, no mérito, a prioridade legal assiste
a criança B no atendimento a necessidades como vida e saúde, nisso justificando-se a
absoluta prioridade na efetivação dos seus direitos, conferindo-lhe primazia de receber
socorro e proteção, e a precedência no atendimento em serviço público.
d) Não é cabível ação civil pública na hipótese, por se tratar de direito meramente individual,
embora indisponível, e, como no mérito assiste razão aos interesses da criança B, a ação
deverá ser extinta sem resolução do mérito, a fim de que outra ação judicial, intentada
com o uso da ferramenta jurídica adequada, possa ser processada sem incorrer em
litispendência.

25 - (XXVII Exame de Ordem) Joaquim, adolescente com 15 anos de idade, sofre repetidas
agressões verbais por parte de seu pai, José, pessoa rude que nunca se conformou com o fato
de Joaquim não se identificar com seu sexo biológico. Os atentados verbais chegaram ao ponto
de lançar Joaquim em estado de depressão profunda, inclusive sendo essa clinicamente
diagnosticada.
Constatada a realidade dos fatos acima narrados, assinale a afirmativa correta.
a) Os fatos descritos revelam circunstância de mero desajuste de convívio familiar, não
despertando relevância criminal ou de tutela de direitos individuais do adolescente,
refugindo do alcance da Lei nº 8.069/90 (ECA).
b) O juízo competente poderá determinar o afastamento de José da residência em que vive
com Joaquim, como medida cautelar para evitar o agravamento do dano psicológico do
adolescente, podendo, inclusive, fixar pensão alimentícia provisória para o suporte de
Joaquim.
c) O juiz poderá afastar cautelarmente José da moradia comum com Joaquim, sem que isso
implique juízo definitivo de valor sobre os fatos – razão pela qual não é viável a estipulação
de alimentos ao adolescente, eis que irreversíveis.
d) A situação descrita não revela motivação legalmente reconhecida como suficiente a
determinar o afastamento de José da moradia comum, recomendando somente o
aconselhamento educacional do pai.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

26 - (XXV Exame de Ordem) Angélica, criança com 5 anos de idade, reside com a mãe Teresa,
o padrasto Antônio e a tia materna Joana. A tia suspeita de que sua sobrinha seja vítima de
abuso sexual praticado pelo padrasto. Isso porque, certa vez, ao tomar banho com Angélica,
esta reclamou de dores na vagina e no ânus, que aparentavam estar bem vermelhos. Na ocasião,
a sobrinha disse que “o papito coloca o dedo no meu bumbum e na minha perereca, e dói”. Joana
narrou o caso para a irmã Teresa, que disse não acreditar no relato da filha, pois ela gostava de
inventar histórias, e que, ainda que fosse verdade, não poderia fazer nada, pois depende
financeiramente de Antônio. Joana, então, após registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia,
que apenas instaurou o inquérito policial e encaminhou a criança para exame de corpo de delito,
busca orientação jurídica sobre o que fazer para colocá-la em segurança imediatamente.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de resguardar a integridade de
Angélica até que os fatos sejam devidamente apurados pelo Juízo Criminal competente, assinale
a opção que indica a medida que poderá ser postulada por um advogado junto ao Juízo da
Infância e da Juventude.
a) A aplicação da medida protetiva de acolhimento institucional de Angélica.
b) Solicitar a suspensão do poder familiar de Antônio.
c) Solicitar o afastamento de Antônio da moradia comum.
d) Solicitar a destituição do poder familiar da mãe Teresa.

27 - (XII Exame de Ordem) O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece os princípios que


devem ser adotados por entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou
institucional. Segundo esses princípios, assinale a afirmativa correta.
a) As entidades devem buscar constantemente a transferência para outras entidades de
crianças e adolescentes abrigados, a fim de promover e aprofundar a integração entre
eles e os diferentes contextos sociais.
b) Por força de disposição expressa de lei, o dirigente das entidades com o objetivo de
acolhimento institucional ou familiar é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de
direito.
c) Mesmo inserida em programa de acolhimento institucional ou familiar, a criança ou o
adolescente deve ser estimulado a manter contato com seus pais ou responsável.
d) É vedado o acolhimento de crianças e adolescentes em entidades que mantenham
programa de acolhimento institucional sem prévia determinação da autoridade
competente.

28 - (XXX Exame de Ordem) Pedro, 16 anos, foi apreendido em flagrante quando subtraía um
aparelho de som de uma loja. Questionado sobre sua família, disse não ter absolutamente
nenhum familiar conhecido. Encaminhado à autoridade competente, foi-lhe designado defensor
dativo, diante da completa carência de pessoas que por ele pudessem responder.
Após a prática dos atos iniciais, Pedro requereu ao juiz a substituição do seu defensor por um
advogado conhecido, por não ter se sentido bem assistido tecnicamente, não confiando no
representante originariamente designado.
Com base nessa narrativa, assinale a afirmativa correta.
a) É direito do adolescente ter seu defensor substituído por outro de sua preferência, uma
vez que não deposita confiança no que lhe foi designado.
b) A defesa técnica deve permanecer incumbida ao defensor atualmente designado, pois
não é facultado ao adolescente optar por sua substituição.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

c) O processo deve ser suspenso, adiando-se os atos até que seja solucionada a questão
da representação do adolescente.
d) A substituição somente deverá ser realizada se evidenciada imperícia técnica, não
podendo a mera preferência do adolescente ser motivo para a substituição.

29 - (XVIII Exame de Ordem)J., com 11 anos, L., com 12 anos, e M., com 13 anos de idade, são
alunos do 8º ano do ensino fundamental de uma conceituada escola particular. Os três, desde
que foram estudar na mesma turma, passaram a causar diversos problemas para o transcurso
normal das aulas, tais como: escutar música; conversar; dormir; colocar os pés nas mesas e não
desligar o aparelho celular.
O professor de matemática, inconformado com a conduta desrespeitosa dos alunos, repreende-
os, avisando que os encaminhará para a direção da escola. Ato contínuo, os alunos reagem da
seguinte forma: J. chama o professor de “velho idiota”; L. levanta e sai da sala no meio da aula;
e M. ameaça matá-lo.
Diante dos atos de indisciplina dos três alunos, a direção da escola entra em contato com o seu
departamento jurídico para, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, receber a
orientação de como proceder.
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a orientação recebida pela
direção escolar.
a) Os atos de indisciplina praticados por J., L. e M. deverão ser coibidos pela própria direção
escolar.
b) J. e M. praticaram atos infracionais. J. deverá ser encaminhado ao Conselho Tutelar e M.
para a autoridade policial. A indisciplina de L. deverá ser coibida pela própria direção
escolar.
c) J., L. e M. praticaram atos infracionais e deverão ser encaminhados para a autoridade
policial.
d) J. e M. praticaram atos infracionais. Ambos deverão ser encaminhados para a autoridade
policial. A indisciplina de L. deverá ser coibida pela própria direção escolar.

30 - (XVII Exame de Ordem) O adolescente N. ficou conhecido no bairro onde mora por praticar
roubos e furtos e ter a suposta habilidade de nunca ter sido apreendido. Certa noite, N. saiu com
o propósito de praticar novos atos de subtração de coisa alheia. Diante da reação de uma vítima
a quem ameaçava, N. disparou sua arma de fogo, levando a vítima a óbito. N. não conseguiu
fugir, sendo apreendido por policiais que passavam pelo local, no momento em que praticava o
ato infracional.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Sobre o caso narrado, assinale a opção correta.


a) A medida de internação não terá cabimento contra N., uma vez que somente poderá ser
aplicada em caso de reincidência no cometimento de infrações graves.
b) Mesmo estando privado de liberdade, N. poderá entrevistar-se pessoalmente com o
representante do Ministério Público, mas não terá direito a peticionar diretamente a este
ou a qualquer autoridade que seja.
c) A medida de internação de N. é cabível por se tratar de ato infracional praticado com
ameaça e violência contra pessoa, mesmo que não seja caso de reincidência.
d) Caso N. seja condenado por sentença ao cumprimento de medida de internação, e
somente nesse caso, tornam-se obrigatórias as intimações do seu defensor e dos pais ou
responsáveis, mesmo que o adolescente tenha sido intimado pessoalmente.

31 - (III Exame de Ordem) Considerando a prática de ato infracional por criança ou adolescente,
é correto afirmar que
a) a prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de
interesse geral, por período não excedente a 1 (um) ano, em entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.
b) em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
c) a internação, por constituir medida privativa de liberdade do menor, não poderá exceder
o período de 5 (cinco) anos.
d) entre as garantias processuais garantidas ao adolescente encontra-se o direito de solicitar
a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. Contudo, não
poderá o menor ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente, devendo em todo
o caso ser assistido pelos genitores.

32 - (XXXI Exame de Ordem) O adolescente João, com 16 anos completos, foi apreendido em
flagrante quando praticava ato infracional análogo ao crime de furto. Devidamente conduzido o
processo, de forma hígida, ele foi sentenciado ao cumprimento de medida socioeducativa de 1
ano, em regime de semiliberdade.
Sobre as medidas socioeducativas aplicadas a João, assinale a afirmativa correta.
a) A medida de liberdade assistida será fixada pelo prazo máximo de 6 meses, sendo que,
ao final de tal período, caso João não se revele suficientemente ressocializado, a medida
será convolada em internação.
b) A medida aplicada foi equivocada, pois deveria ter sido, necessariamente, determinada a
internação de João.
c) No regime de semiliberdade, João poderia sair da instituição para ocupações rotineiras
de trabalho e estudo, sem necessidade de autorização judicial.
d) A medida aplicada foi equivocada, pois não poderia, pelo fato análogo ao furto, ter a si
aplicada medida diversa da liberdade assistida.

33 - (XX Exame de Ordem) O adolescente X cometeu ato infracional equiparado a crime de


roubo, mediante grave ameaça à pessoa. Apreendido com a observância dos estreitos e
regulares critérios normativos estabelecidos pelo sistema jurídico, apurou-se que o jovem havia
cometido um ato infracional anterior equiparável ao crime de apropriação indébita.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

a) É incabível a aplicação de medida de internação, o que é autorizado apenas em caso de


reiteração no cometimento de outras faltas anteriores ou simultâneas, igualmente graves.
b) É aplicável apenas a medida de regime de semiliberdade em razão da prática de ato
infracional mediante grave ameaça à pessoa.
c) É aplicável a medida de internação em razão da prática de ato infracional mediante grave
ameaça à pessoa, mesmo não sendo hipótese de reiteração da conduta idêntica por parte
do adolescente.
d) É incabível a aplicação de medida de internação, haja vista que essa somente poderia se
dar em caso de descumprimento reiterado de injustificável medida imposta em momento
anterior ao adolescente.

34 - (X Exame de Ordem) Com relação à internação, observado o que prevê o Estatuto da


Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) Deve obedecer ao período determinado de um ano e meio, prorrogável por igual período,
para atos infracionais praticados com emprego de violência.
b) Deve obedecer ao período determinado de um ano, prorrogável por igual período, para
atos infracionais praticados sem emprego de violência.
c) Não comporta período determinado e não pode ultrapassar o máximo de três anos,
independente do emprego ou não de violência no ato infracional praticado.
d) Não pode ultrapassar o período máximo de três anos, quando o adolescente deverá ser
colocado em liberdade com o dever de reparar o dano no caso de ato infracional com
reflexos patrimoniais.

35 - (VII Exame de Ordem) Com Joana tem 16 anos e está internada no Educandário Celeste,
na cidade de Pitió, por ato infracional equiparado ao crime de tráfico de entorpecentes. O Estatuto
da Criança e do Adolescente regula situações dessa natureza, consignando direitos do
adolescente privado de liberdade. Diante das diposições aplicáveis ao caso de Joana, é correto
afirmar que
a) Joana tem direito à visitação, que deve ser respeitado na frequência mínima semanal, e
não poderá ser suspenso sob pena de violação das garantias fundamentais do
adolescente internado.
b) é expressamente garantido o direito de Joana se corresponder com seus familiares e
amigos, mas é vedada a possibilidade de avistar-se reservadamente com seu defensor.
c) a autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, exceto de pais e
responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
interesses do adolescente.
d) as visitas dos pais de Joana poderão ser suspensas temporariamente, mas em tal
situação permanece o seu direito de continuar internada na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais.

36 - (VI Exame de Ordem) Considerando os princípios norteadores do Estatuto da Criança e do


Adolescente, a prática de atos infracionais fica sujeita a medidas que têm objetivos
socioeducativos. Nesse sentido, é correto afirmar que
a) se Aroldo, que tem 11 anos, subtrair para si coisa alheia pertencente a uma creche, deverá
cumprir medida socioeducativa de prestação de serviços comunitários, por período não
superior a um ano.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

b) a obrigação de reparar o dano causado pelo ato infracional não é considerada medida
socioeducativa, tendo em vista que o adolescente não pode ser responsabilizado
civilmente.
c) o acolhimento institucional e a colocação em família substituta podem ser aplicados como
medidas protetivas ou socioeducativas, a depender das características dos atos
infracionais praticados.
d) a internação, como uma das medidas socioeducativas previstas pelo ECA, não poderá
exceder o período máximo de três anos, e a liberação será compulsória aos 21 anos de
idade.

37 - (XXII Exame de Ordem) João, maior, e sua namorada Lara, com 14 anos de idade, são
capturados pela polícia logo após praticarem crime de roubo, majorado pelo emprego de arma
de fogo. O Juízo da Infância e da Juventude aplicou a medida socioeducativa de internação para
Lara, ressaltando que a adolescente já sofrera a medida de semiliberdade pela prática de ato
infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. O Juízo Criminal condenou João pelo crime de
roubo em concurso com corrupção de menores. João apela da condenação pelo crime de
corrupção de menores, sob o argumento de Lara não ser mais uma criança, bem como alegando
que ela já está corrompida. Com base no caso apresentado, assiste razão à defesa de João?
a) Não, pois é irrelevante o fato de Lara já ter sofrido medida socioeducativa.
b) Não, pois Lara ainda é uma criança.
c) Sim, já que o crime de corrupção de menores exige que o menor não esteja corrompido.
d) Sim, visto que no crime de corrupção de menores, a vítima tem que ser uma criança.

38 - (XXX Exame de Ordem) Roberta produziu, em seu computador, vídeo de animação em que
se percebe a simulação de atos pornográficos entre crianças. O vídeo não mostra nenhuma
imagem reconhecível, nenhuma pessoa identificável, mas apresenta, inequivocamente, figuras
de crianças, e bem jovens.
Sobre o fato apresentado, sob a perspectiva do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale
a afirmativa correta.
a) Não é ilícito penal: o crime ocorre quando se simula a atividade pornográfica com imagens
reais de crianças.
b) É crime, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a conduta típica de simular a
participação de criança ou adolescente em cena pornográfica por meio de qualquer forma
de representação visual.
c) É crime se houver a divulgação pública do filme, pois a mera produção de filme
envolvendo simulacro de imagem de criança ou adolescente em situação pornográfica
não é reprovada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) Não é ilícito penal, pois a animação somente se afigura como simulação suficientemente
apta a despertar a reprovabilidade criminal se reproduzir a imagem real de alguma criança
diretamente identificável.

39 - (XVI Exame de Ordem) Em cumprimento de mandado de busca e apreensão do Juízo


Criminal, policiais encontraram fotografias de adolescentes vestidas, em posições sexuais, com
foco nos órgãos genitais, armazenadas no computador de um artista inglês. O advogado do
artista, em sua defesa, alega a ausência de cena pornográfica, uma vez que as adolescentes
não estavam nuas, e que a finalidade do armazenamento seria para comunicar às autoridades
competentes.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Considerando o crime de posse de material pornográfico, previsto no Art. 241-B do ECA,


merecem prosperar os argumentos da defesa?
a) Sim, pois, para caracterização da pornografia, as adolescentes teriam que estar nuas.
b) Não, uma vez que bastava afirmar que as fotos são de adolescentes, e não de crianças.
c) Sim, uma vez que a finalidade do artista era apenas a de comunicar o fato às autoridades
competentes.
d) Não, pois a finalidade pornográfica restou demonstrada, e o artista não faz jus a
excludente de tipicidade.

40 - (XXII Exame de Ordem) Mariano, 59 anos de idade, possuía em sua residência 302 vídeos
e fotografias com cenas de sexo explícito envolvendo adolescentes. Descobertos os fatos, foi
denunciado pela prática de 302 crimes do Art. 241-B da Lei nº 8.069/90 (“Adquirir, possuir ou
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”), em concurso material,
sendo descrito que possuía o material proibido. Os adolescentes das imagens não foram
localizados. Encerrada a instrução e confirmados os fatos, o Ministério Público pugnou pela
condenação nos termos da denúncia. Em sede de alegações finais, diante da confissão do
acusado e sendo a prova inquestionável, sob o ponto de vista técnico, o advogado de Mariano
deverá pleitear
a) a absolvição de Mariano, tendo em vista que ele não participava de nenhuma das cenas
de sexo explícito envolvendo adolescente.
b) o reconhecimento de crime único do Art. 241-B da Lei nº 8.069/90.
c) o reconhecimento do concurso formal de crimes entre os 302 delitos praticados.
d) a extinção da punibilidade do acusado, em razão do desinteresse dos adolescentes em
ver Mariano processado.

41 - (XIX Exame de Ordem) O adolescente F, 16 anos, filho de Pedro, foi surpreendido por seu
pai enquanto falava pela internet com Fábio, 30 anos, que o induzia à prática de ato tipificado
como infração penal. Pedro informou imediatamente o ocorrido à autoridade policial, que
instaurou a persecução penal cabível.
No caso narrado, ao induzir o adolescente F à prática de ato tipificado como infração penal, a
conduta de Fábio
a) configura crime nos termos do ECA, ainda que realizada por meio eletrônico e que não
venha a ser provada a corrupção do adolescente, por se tratar de delito formal.
b) não configura crime nos termos do ECA, pois a mera indução sem a prática do ato pelo
adolescente configura infração administrativa, já que se trata de delito material.
c) configura infração penal, tipificada na Lei de Contravenções Penais, mas a materialidade
do crime com a prova da corrupção do adolescente é imprescindível à condenação do réu
em observância ao princípio do favor rei.
d) não configura crime nos termos estabelecidos pelo ECA, posto que inexiste tipificação se
o ato for praticado por meio eletrônico, não havendo de se aplicar analogia em malam
partem.

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

Gabarito:
1) C 32) C
2) D 33) C
3) C 34) C
4) A 35) D
5) D 36) D
6) C 37) A
7) D 38) B
8) B 39) D
9) D 40) B
10) B 41) A
11) C
12) B
13) A
14) D
15) D
16) B
17) D
18) A
19) B
20) D
21) C
22) B
23) D
24) C
25) B
26) C
27) C
28) A
29) B
30) C
31) B

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Direito da Criança e do Adolescente

REFERÊNCIAS

ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Prática no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2019.

NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da


Constituição Federal das Crianças e Adolescentes. 4.ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2019.

NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da


Constituição Federal das Crianças e Adolescentes. 5.ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2020.

PEDROSA, Leyberson. ECA completa 25 anos: mas ações de proteção a crianças começaram
na época colonial. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/cidadania/2015/07/eca-25-anos-
direitos-criancas-e-adolescentes

ZAPATER, Maíra. Estatuto da Criança e do Adolescente. In: LENZA, Pedro. OAB Primeira Fase:
volume único. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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