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Direito da Criança e
do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Direito Administrativo
Prof.ª Franciele L. Kühl
1.Direito Da Criança E
Do Adolescente ..................................................................................................... 4
1. História Do Direito Da Criança E Adolescente ................................................... 4
1.2. Inserção Constitucional................................................................................... 5
1.3. Direitos Fundamentais .................................................................................... 7
1.4. Direito À Convivência Familiar E Comunitária .............................................. 23
1.5. Prevenção..................................................................................................... 40
1.6. Medidas De Proteção ................................................................................... 49
1.7. Medidas Pertinentes Aos Pais Ou Responsáveis ......................................... 54
1.8. Ato Infracional ............................................................................................... 54
1.9. Direitos Individuais E Garantias Processuais ............................................... 56
1.10. Medidas Socioeducativas ........................................................................... 58
1.11. Apuração Do Ato Infracional ....................................................................... 60
1.11.1 Outras Observações Sobre Ato Infracional............................................... 64
1.12. Acesso À Justiça ........................................................................................ 66
1.13. Do Juiz, Ministério Público E Advogado ..................................................... 67
1.14. Competências ............................................................................................. 68
1.15. Proteção Dos Interesses Individuais, Difusos E Coletivos .......................... 70
1.16. Política De Atendimento ............................................................................. 72
1.16.1 Apuração De Irregularidade Em Entidade De Atendimento ...................... 74
1.17. Conselho Tutelar ........................................................................................ 75
1.18. Competências ............................................................................................. 77
1.19 Sistema Recursal......................................................................................... 78
1.20 Infiltração De Agentes Da Polícia ................................................................ 79
1.21.Dos Crimes Praticados Contra Crianças E
Adolescentes ....................................................................................................... 79
1.22. Disposições Transitórias ............................................................................. 84
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso extensivo para
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que as aulas sejam assistidas acompanhadas legislação pertinente.
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A linha do tempo completa pode ser encontrada no site da EBC (PEDROSA, 2015).
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A Constituição Federal de 1988 foi o marco interruptivo entre a teoria da Situação Irregular
– tratada pelo Código de Menores, de 1927 e adotado explicitamente no Código de 1979 – e a
teoria da Proteção Integral, que veio a ser posteriormente regulada pela Lei n. 8.069, de 13 de
Julho de 1990, denominado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A teoria da Proteção Integral encontra amparo jurídico na Constituição Federal, no
Estatuto da Criança e do Adolescente e nas Convenções Internacionais sobre os Direitos da
Criança e dos Direito Humanos. Assentando-se basicamente em três princípios pilares: o
princípio da prioridade absoluta, princípio do melhor interesse e princípio da proteção integral.
* Para todos verem: esquema demonstrando que os responsáveis pela
proteção integral são: estado, sociedade e família.
Responsáveis pela
proteção integral:
Constituição Federal
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
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Devido a sua localização, por estarem fora do rol de direitos individuais fundamentais
do Título II da Constituição Federal, há quem questionem se seriam eles abrangidos pelas
cláusulas pétreas, a resposta é SIM! A resposta justifica-se pela primazia dos Direitos
Humanos, pois não há limitação à previsão de outros direitos fundamentais de forma esparsa
no texto constitucional, assim, é possível aplicar o disposto no artigo 60, §4º, IV, da CF, que
veda a emenda constitucional tendente a ABOLIR direitos e garantias individuais. Garantia de
impossibilidade de retrocesso em matéria de direitos humanos também previstas no artigo 5º
do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (1966) e no artigo 5º, §2º, do Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), ambos ratificados pelo país (ZAPATER, 2017).
Nada impede alterações no texto ou a criação de leis que sejam para ampliar esses
direitos, como é o caso das recentes Leis:
a) Lei n. 13.715/2018: Dispõe sobre a racionalização de atos e procedimentos
administrativos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e institui o Selo de desburocratização e Simplificação, trazendo
importante alteração quanto as regras de viagem de crianças e adolescentes.
b) Lei n. 13.257/2016: Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância, que
dispõe sobre as políticas públicas para crianças até 6 anos de idade.
c) Lei n. 13.185/2015: Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática
(Bullying).
d) Lei n. 12.594/2012: Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a
adolescente que pratique ato infracional;
Outras legislações, não mencionadas acima, também foram importantes para a ampliação
do sistema de proteção de direito da criança e adolescente, mas na sua maioria são legislações
que alteraram diretamente o Estatuto da Criança e do Adolescente, foco principal do nosso
estudo.
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Art. 7º. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
dignas de existência.
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Constituição Federal
É elementar observar que o legislador preocupou-se com o direito desde a sua concepção,
assim, o estatuto estabelece condições de proteção para as gestantes, pensando no direito à
vida e à saúde da criança. O artigo 8º estabeleceu em 2016 que “é assegurado a todas as
mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de
Saúde”
Inclusive, a partir da lei da 1ª infância (Lei 13.257/2016), que alterou o estatuto, a gestante
passou a ter direito a garantida de sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher (art. 7,
§2º). Desde 2009, incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à
mãe (inclusive a em situação de privação de liberdade ou que manifestam interesse em entregar
seus filhos para adoção), tanto no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou
minorar as consequências do estado puerperal.
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ATENÇÃO!
Em que pese o Estatuto da Criança e do Adolescente trazer somente a partir de 2016 que
a gestante e a parturiente (art. 7º, §6º) tem direito a um acompanhante de sua preferência (não
precisa ser o pai da criança, poderá ser qualquer pessoa escolhida pela mulher), esse direito de
um acompanhante no parto existe desde 2005, com a Lei n. 11.108/2005. Ela tem direito a parto
natural cuidadoso, sendo a cesariana aplicada por motivos médicos (art. 8º, §8º).
ATENÇÃO!
Em relação às mulheres que desejam entregar seus filhos para adoção, estas serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude, de
acordo com o artigo 13, §1º, e art. 19-A do ECA. Incorre em sanção administrativa, o médico,
enfermeiro, dirigente de estabelecimento de saúde ou funcionário de programa oficial ou
comunitário, destinado à garantia do direito à convivência familiar, que deixar de encaminhar (art.
258-B, ECA).
O poder público, a partir da Lei n. 13.257/2016, deverá garantir à mulher com filho na
primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência
que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento
do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
integral da criança (Art. 8º, §10).
Quanto as garantias de aleitamento materno, o artigo 9º, do estatuto, traz que o poder
público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. Ainda, os
serviços e unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
unidade de coleta de leite humano (Art. 9º, §2º, ECA).
Neste ponto interessante destacar que adolescente gestante ou com o filho em
amamentação deve ter assegurada atenção integral à sua saúde, bem como condições
necessárias para que permaneça junto à criança durante o período de amamentação.
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•Sofrimento físico
Castigo Físico
•Lesão
•Humilhe
Tratamento cruel •Ameaçe
ou degradante •Ridicularize
ATENÇÃO!
Compete ao Conselho Tutelar a aplicação das sanções previstas acima (art. 18-B). Nos casos
que houver suspeita ou confirmação de castigo físico, tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos o Conselho Tutelar deve ser comunicado obrigatoriamente, sem prejuízo das outras
providências legais (art. 13).
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convivência familiar e comunitária, contudo trataremos desse assunto mais adiante, em razão
das complexidades.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame
ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
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Constituição Federal
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional
nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
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O artigo 53, do estatuto, assegura o direito à educação, embora toda o artigo seja
importante, destacamos aqui o inciso V, garante o acesso à escola pública e gratuita próxima de
sua residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a
mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica (segundo alteração advinda em junto de
2019), e o artigo 54, do ECA, elenca rol de deveres do Estado, dentre os quais:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes:
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação
dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
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I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
pela Lei nº 13.306, de 2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
O acesso gratuito ao ensino público é direito subjetivo, o não oferecimento pelo poder
público ou, ainda, o oferecimento irregular, importa da responsabilização da autoridade
competente (em que pese o art. 54, §2º, seja vago quanto ao tipo de responsabilização e quem
seria responsabilizado). No ensino fundamental o poder público possuí o dever de recensear os
educandos, significa listar, enumerá-los, fazer a chamada e zelar, junto com os pais ou
responsáveis, pela frequência deles (art. 54, §3º).
Os pais ou responsáveis são obrigados a matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino, não havendo autorização para o ensino regular em casa, por exemplo.
Homeschooling
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ATENÇÃO!
O artigo 60, do ECA possui uma redação INCOSTITUCIONAL, traz em sua redação que
“é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz”, essa redação nos faz pensar que é possível o trabalho antes dos quatorze anos, se
for na condição de aprendiz, mas esse NÃO é o entendimento correto! A partir da leitura dos
artigos 7º, inciso XXXIII e 227, §3º, inciso I, ambos da Constituição Federal, bem como do artigo
403, da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, podemos perceber que a idade mínima é de
16 anos, salvo trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade, sendo que
crianças e adolescentes até 14 anos incompletos NÃO PODEM TRABALHAR nem ter um
contrato de aprendizagem.
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CLT
Art. 428: Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por
prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor
de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e
diligência as tarefas necessárias a essa formação. (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)
§ 2º Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora. (Redação
dada pela Lei nº 13.420, de 2017)
§ 3º O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto
quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)
§ 5º A idade máxima prevista no caput deste artigo não se aplica a aprendizes portadores de
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.180, de 2005)
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CLT
a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings
e estabelecimentos análogos; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
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O trabalho que o adolescente for exercer nas ruas, praças e outros logradouros dependerá
de prévia autorização da Justiça da Infância e Juventude, que irá verificar se a ocupação é
indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação
não poderá afetar sua formação moral (art. 405, §2º, da CLT).
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Embora seja um direito fundamental e poderia ser trabalhado dentro do capítulo 3 deste
material, optou-se por separá-lo devido ao tamanho e aprofundamento necessário neste tema.
As concepções de convivência familiar e comunitária tiveram grandes mudanças a partir
de promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante a vigência da Constituição Federal
de 1967 a família era somente aquela constituída através do casamento, sendo ele indissolúvel.
O Código Civil de 1916, que vigorou até 2002, previa que era legítimo somente os filhos
concebidos no casamento, autorizado, porém, o reconhecimento voluntário, salvo se quanto a
filhos “adulterinos ou incestuosos”, cujo reconhecimento de filiação era vedado (o que,
posteriormente, foi revogado pela Lei de Investigação de Paternidade).
A Constituição Federal de 1988, confere maior ênfase aos laços de consanguinidade e
afetividade do que ao casamento, além disso, adota-se a isonomia entre filhos havidos na
constância do casamento e filhos havidos fora do casamento, sendo vedada qualquer
discriminação, segundo o artigo 227, §6º, da CF.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento
público, qualquer que seja a origem da filiação.
O atual entendimento é que a filiação passa a ser entendida como relação de parentesco
de 1º grau e não mais vinculado ao casamento, tanto de natureza consanguínea (geração
biológica), quanto a civil (por adoção), e seu reconhecimento passa a ser personalíssimo,
indisponível e imprescritível, que pode ser oposto contra pais e herdeiros, indiferente se
havidos fora ou dentro do casamento, possuindo os mesmos direitos, observado apenas o
segredo de Justiça, segundo os artigos 20, 26 e 27, do ECA.
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ATENÇÃO!
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a
perda ou a suspensão do poder poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou
o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.
Mas o que é o poder familiar? O poder familiar pode ser considerado como o
direito/função/dever dos pais ou responsáveis, em relação aos deveres pessoais e patrimoniais
com relação ao filho não emancipado, que deve ser exercido com observância do princípio do
melhor interesse deste (ZAPATER, 2017, p. 1004).
São deveres impostos ao poder familiar, tanto para família natural, família extensa ou
ampliada e a família substituta:
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Código Civil
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse
da prole, mediante prévia autorização do juiz.
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste artigo:
I - os filhos;
II - os herdeiros;
Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a
requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.
II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens
com tais recursos adquiridos;
III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos
pais;
IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão.
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Código Civil
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ATENÇÃO!
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Guarda
Família
Tutela
substituta
Nacional
Adoção
Internacional
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Busca da
Prazo de 90
família
dias
extensa
Em 15 dias,
contados do
Quem está término do
habilitado estágio de
para adotá- convivência,
Gestante la devem
que A criança é propor ação
manifesta colocada Ou de de adoção.
Ouvida pela
interesse sob guarda instituição
equipe do JIJ
em entregar provisória de
o filho para Não de: acolhimento
adoção havendo o
outro genitor Ou no
ou não Pai e mãe
acolhimento
tendo biológicos familiar
família devem
extensa confirmar Podem retratar-se em
apta para em audiência ou arrepender-se
receber a audiência o 10 dias após a prolação da
guarda: desejo de senteça.
entregar a
criança para
adoção
1.4.4 Da Guarda
Inicialmente cabe a nós lembrarmos que a guarda é um dos deveres inerentes do poder
familiar, assim, preferencialmente são os pais (da família de origem) que detêm a guarda.
A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou
adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Ela
destina-se a regularizar a posse da criança ou do adolescente, podendo ser concedida no final
de uma ação judicial, liminarmente ou incidentalmente, salvo nos casos de adoção estrangeira,
que não poderá ocorrer de forma liminar ou incidental, segundo o artigo 33, §1º, do ECA.
Em regra, a guarda será utilizada para casos de tutela e adoção, excepcionalmente para
atender situações peculiares ou para suprir a falta dos pais ou responsáveis, podendo o direito
de representação ser para apenas alguns atos determinados. Se a guarda estiver com a
instituição de acolhimento, o guardião, para efeitos da lei, será o dirigente da entidade (art. 92,
§1º).
Ela confere a criança ou ao adolescente a condição de dependente para qualquer fim,
inclusive para fins previdenciários. Ela não impede o direito de visitas dos pais, ou o dever deles
de prestar alimentos.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
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A guarda pode ser revogada a qualquer momento mediante ato judicial fundamentado,
ouvido o Ministério Público, segundo o artigo 35, do ECA.
1.4.5 Da Tutela
A tutela pode ser deferida a pessoa até 18 anos de idade, ela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica, necessariamente o dever de
guarda (Art. 36).
O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, tem o prazo de 30
dias após a abertura da sucessão, para ingressar com o pedido de tutela, sendo que nesse
pedido será avaliada a vontade do tutelando e se não existe outra pessoa em melhores
condições para assumir. A tutela está subordinada as regras do artigo 24, do ECA e dos artigos
1.728 a 1.734 do Código Civil.
É medida que visa suprir a ausência da representação legal dos pais, para cuidado da
criança ou adolescente e de seus patrimônios.
1.4.6. Da Adoção
A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando
esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa,
atribui a condição de filho ao adotado, análoga à do parentesco biológico, com os mesmos
direitos e deveres, inclusivo sucessórios, desligando o adotado de qualquer vínculo com pais e
parentes, segundo os artigos 39, §1º, e 40, do ECA.
É vedada a adoção por procuração, ela ocorre somente pela via judicial, sendo
observados os interesses do adotando. A criança ou adolescente deve contar com no máximo
18 anos de idade, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (Art. 40).
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Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando (Art. 42, §1º), o tutor ou
curador, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance (art. 44).
ATENÇÃO!
Responder conforme a lei ou decisões dos tribunais?! Tudo depende de como o enunciado for
apresentado, se a questão pede para você marcar conforme a lei, você traz a regra estabelecida
pelo legislador. Todavia, se o próprio enunciado da questão mencionar algo como, por exemplo,
“conforme entendimento do STJ/STF” (ou entendimento de tribunais superiores), bem, neste caso
a questão espera que você responda conforme esses entendimentos estudados, embora
casuísticos, aplicáveis em situações práticas.
O que precisa para adoção conjunta? Para adoção conjunta, é indispensável que os
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade
da família (Art. 42, §2º).
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• ATENÇÃO!
Família significa núcleo doméstico, pouco importa se é formada por pessoas heteroafetivas
ou homoafetivas. Ainda que não haja previsão expressa quanto a possibilidade de adoção por causa
homoafetivos, o STF decidiu pelo reconhecimento da União Estável homoafetiva (DPF 132), e a
jurisprudência admite a possibilidade de ação. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça também já
firmou entendimento de “É possível a inscrição de pessoa homoafetiva no registro de pessoas
interessadas na adoção (art. 50 do ECA), independentemente da idade da criança a ser adotada”
(REsp 1.540.814-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/8/2015, DJe 25/8/2015).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
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bem como de seus ascendentes. A nova inscrição cancelará o registro original do adotado. A
sentença conferirá ao adotado o nome do adotante, inclusive será possível, a pedido de qualquer
um deles, a modificação do prenome do adotado (art. 47). O prazo máximo para a conclusão do
processo de adoção é de 120 dias (art. 47, §10).
O adotado, após completar 18 anos de idade, tem direito de conhecer sua origem
biológica, bem como, ter acesso irrestrito ao processo de adoção, se tiver menos de 18 anos
também poderá ter acesso ao processo, neste caso deve ser assegurada orientação e
assistência jurídica e psicológica, conforme artigo 48 e parágrafo único, do ECA (art. 48).
ATENÇÃO!
A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais, segundo artigo 48
e parágrafo único, do ECA.
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Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia,
cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de
residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia,
deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia,
uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior
Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver
processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao
interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá
imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando
se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido
deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com
decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de
adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou
recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou
adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter
lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
receber a petição inicial, havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o
Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea,
mediante termo de responsabilidade (art. 157).
Ao receber a petição inicial, o juiz deve determinar a citação do requerido para apresentar
resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
testemunhas. O prazo para oferecimento da resposta escrita é de dez dias (art. 158). O requerido
deve constituir advogado, caso não possa fazer isso, poderá requerer em cartório a nomeação
de um advogado dativo (art. 159). Se o requerido estiver preso, na hora da citação o oficial deve
perguntar se deseja a nomeação de um defensor.
O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 dias (art. 163), e caberá ao
juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em família substituta. A sentença
que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
nascimento da criança ou do adolescente.
O procedimento tem prioridade na tramitação, o prazo é em contagem de dias corridos,
conforme estabelece o estatuto (não em dias úteis, conforme Código de Processo Civil). Todos
os procedimentos regulados pelo ECA possuem isenção de custas e emolumentos.
A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à
margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
O procedimento para colocação de criança ou adolescente em família substituta é
instaurado por petição inicial ajuizada por quem tiver interesse. A inicial poderá conter pedido de
guarda provisória e nos pedidos de adoção o requerimento para a determinação do estágio de
convivência (art. 167, do ECA).
No caso de pais vivos e conhecidos, deverão ser citados para apresentar resposta na
ação de destituição do poder familiar, sob pena de violação do princípio da ampla defesa e do
contraditório. Ademais, no caso de pedido de adoção, os pais deverão ser citados para que
confirmem o seu consentimento perante o juiz.
O juiz requererá a realização de estudo social, ou perícia por equipe interprofissional, para
decidir sobre a concessão de guarda provisória, ou no caso de adoção, pelo estágio de
convivência. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em
programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
1.5. Prevenção
No título III do Estatuto da Criança e do Adolescente encontra-se o sistema de prevenção,
atribuindo individualmente, coletivamente e ao Estado, o dever de prevenir a ocorrência de
ameaça, riscos iminentes e futuros, de violação de direitos de crianças e adolescentes (art. 70,
do ECA).
O ECA estipula medidas preventivas relativas à informação, cultura, lazer, esportes,
diversões e espetáculos (art. 74 a 80), a produtos e serviços (art. 81 e 82) e a viagens de crianças
e adolescentes (art. 83 a 85).
É da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, o dever de agir de forma
articulada e com integração dos órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria
Pública, Conselho Tutelar, os Conselhos de Direitos da Criança e dos Adolescentes e entidades
não-governamentais, que atuam na proteção e defesa de direitos, o dever de articular políticas
públicas e executar ações destinada a promoção de campanhas educativas, formação e
capacitação de profissionais da saúde, educação e da assistência social.
Também promover pela articulação dos órgãos públicos com a sociedade, na elaboração
de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigos físicos ou de
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
ATENÇÃO!
Nos casos de revistas ou publicações com conteúdo impróprio ou inadequado, deverão ser
comercializadas em embalagens lacradas, com advertência de seu conteúdo, todavia, se o conteúdo
inadequado estiver na capa, a embalagem deverá ser opaca (art. 78).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Lei 12.921/2013
Art. 2º O descumprimento ao disposto nesta Lei, sujeita o infrator às seguintes penas, sem prejuízo
das demais cominações legais:
I - apreensão do produto;
II - multa de R$ 10,00 (dez reais) por embalagem apreendida, a ser corrigida anualmente de acordo
com a variação do índice de preços nacional utilizado para verificação do cumprimento das metas
inflacionárias.
Parágrafo único. A multa pecuniária prevista no inciso II do caput deste artigo será duplicada a cada
reincidência.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes
possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar
visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem
indicar os limites de idade a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência,
aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do
autorizado ou sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional pela ADI
2.404).
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois
dias.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão
competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá
determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em
desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade
judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para
fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa
autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do adolescente menor de
16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana; (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado:
(Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o
parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder
autorização válida por dois anos.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente
nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou
domiciliado no exterior.
Lei da desburocratização:
Art. 3º Na relação dos órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios com o cidadão, é dispensada a exigência de:
[...]
VI - Apresentação de autorização com firma reconhecida para viagem de menor se os pais
estiverem presentes no embarque.
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Direito da Criança e do Adolescente
ATENÇÃO!
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Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Programa
comunicar ao juiz.
Possibilidade de
reintegração
familiar:
5 dias para o juiz
decidir.
Institucional
ou familiar
Acolhimento
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor
da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
O §11, do artigo 101, determina que em cada comarca ou foro regional, a autoridade
judiciária deverá manter cadastro contendo informações atualizadas sobre crianças e
adolescentes que se encontram em situação de acolhimentos familiar ou institucional, bem como,
as providências tomadas para a reintegração familiar ou, então a colocação em família substituta
na forma do artigo 28: guarda, tutela ou adoção.
Cumpre ressaltar que o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da
Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da
Assistência Social terá acesso ao cadastro referido no parágrafo anterior, esses órgãos possuem
o dever de deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o tempo
e o número de crianças e adolescentes afastados do âmbito familiar.
As medidas de proteção serão regularizadas no registro civil e essa regularização é isenta
de multas, custas e emolumentos, ademais, possuem absoluta prioridade:
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização
do registro civil.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à
sua averiguação, conforme previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
Medidas de proteção, portanto, são atos praticados que visam a restituição de direitos ou
a preservação deles, podem ser aplicados em razão da conduta da sociedade, do Estado (aqui
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
leia-se qualquer ente ou órgão pertencente à Administração Pública), pela família ou em razão
da própria conduta da criança ou do adolescente, como no cometimento de ato infracional.
As medidas pertinentes aos pais ou responsável, estão previstas nos artigos 129 e 130,
do ECA, são medidas aplicadas a eles, quando não observam os direitos de crianças e
adolescentes e oferecem risco ou violam esses direitos. São medidas aplicadas aos pais ou
responsáveis: encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de matricular o
filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; obrigação de encaminhar
a criança ou adolescente a tratamento especializado; advertência; perda da guarda; destituição
da tutela; suspensão ou destituição do pátrio poder familiar.
ATENÇÃO!
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 2º do ECA: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
ATENÇÃO!
De acordo com o artigo 105, do Estatuto da Criança e do Adolescente, à criança que comete
ato infracional não podem ser aplicadas medidas socioeducativas, apenas medidas de proteção!
Somente aos adolescentes é possível aplicar medidas socioeducativas.
Ato infracional é, como já vimos, conduta descrita como crime ou contravenção penal,
aquele que tiver menos de 18 anos de idade é inimputável, um dos elementos da culpabilidade
fica prejudicado, por esta razão não responderá por crime.
Mesmo sendo inimputável é possível a aplicação de medidas de proteção e/ou medidas
socioeducativas em razão da conduta daquele que tiver menos de 18 anos de idade. Inclusive,
um adolescente pode ser privado de sua liberdade nas seguintes hipóteses (art. 106):
a) Flagrante de ato infracional;
b) Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
ATENÇÃO!
A aplicação de medida de internação provisória não pode ultrapassar o prazo de 45 dias (art.
108), nem pode ser prorrogado esse prazo, de acordo com o entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiça. A decisão que determinar a internação antes da sentença deverá ser fundada
em indícios suficientes de autoria e materialidade, além do mais, deve ser demonstrada necessidade
imperiosa da medida.
No caso de adolescente apreendido, sua apreensão e local onde se encontra deverão ser
imediatamente comunicados à autoridade judiciária e à família do adolescente ou, então, à
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
pessoa por ele indicada (art. 107 e 171). Sempre será examinada desde logo a possibilidade de
liberação imediata do adolescente.
O artigo 109, refere que “o adolescente civilmente identificado não será submetido a
identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada”, esse dispositivo veio com base na Constituição Federal,
observe o disposto no artigo 5º, inciso LVIII: “o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”, a Assembleia Nacional Constituinte
entendeu como ilegal submeter à identificação criminal ou infracional (colheita de foto, impressão
datiloscópica ou outros meios mais modernos como de DNA) daquele que já possui identificação
civil (RG), o estatuto visa impedir a identificação compulsória de adolescentes, contudo, trazendo
a ressalva que essa identificação poderá ocorrer no caso de confrontação, quando houver dúvida
fundada (NUCCI, 2017).
Segundo o artigo 110, nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido
processo legal, mas a autoridade ministerial ou judiciária pode aplicar medida socioeducativa em
meio aberto sem o devido processo legal. São os casos de aplicação da remissão condicionada
ao cumprimento de uma medida socioeducativa em meio aberto (advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviço à comunidade ou liberdade assistida). Ainda que não haja
processo legal, poderá o adolescente ser submetido ao cumprimento de uma dessas medidas,
de acordo com o artigo 126 e 127, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O pedido de remissão oferecido pelo Ministério Público passa para homologação da(o)
juíza(o) da infância e juventude, todavia se a autoridade judiciária não concordar com essa
cumulação, não poderá excluir a medida socioeducativa e homologar apenas a remissão, de
acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.392.888-MS, Rel. Min.
Rogerio Schietti, julgado em 30/6/2016, DJe 1º/8/2016 (Informativo n. 587).
ATENÇÃO!
O artigo 111 traz das garantias que devem ser asseguradas aos adolescentes quando
houver suspeita de seu envolvimento em cometimento de ato infracional:
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Verificada a prática do ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar alguma das
seguintes medidas (art. 112):
* Para todos verem: fluxograma demonstrando as medidas que podem ser
aplicadas para crianças e adolescentes que cometem ato infracional.
Advertência
Obrigação de
reparar o dano
Meio aberto
Prestaçaõ de
serviço à
comunidade
Socioeducativas Liberdade
assistida.
Semiliberdade
Medidas
Restritiva de
liberdade:
Internação
Art. 101, inciso I
Proteção
a VII, ECA.
Para a aplicação de medidas socioeducativas aos adolescentes deve ser levada em conta:
capacidade de cumprimento, circunstâncias do fato e gravidade da infração. Conforme o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível a incidência do princípio da
insignificância nos procedimentos que apuram a prática de ato infracional (Jurisprudência em
tese, edição n. 54).
O trabalho forçado não pode ser admitido e os adolescentes com doença ou deficiência
mental devem receber tratamento individual e especializado em local adequado às suas
condições e capacidades (art. 112, §3º).
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Direito da Criança e do Adolescente
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Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Em nenhum caso o adolescente ficará incomunicável, ele pode receber visitas, elas só
ficam suspensas no caso da autoridade judiciária determinar a suspensão temporária de visita,
inclusive de pais ou responsáveis, se existirem motivos sérios e fundados de que as visitas têm
prejudicado o interesse do adolescente.
Responsabilidade pela fiscalização de cumprimento de medida socioeducativa: segundo
o artigo 36, do SINASE: “A competência para jurisdicionar a execução das medidas
socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente)”. De acordo com o artigo 146: “a autoridade a que se
refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma
da lei de organização judiciária local”.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Feito isso, o Ministério Público poderá tomar três decisões (art. 180, ECA):
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
O juiz também poderá conceder remissão, durante a ação socioeducativa, não ocorrendo,
o advogado ou defensor nomeado terá o prazo de 3 dias, para apresentar DEFESA PRÉVIA e
rol de testemunhas. Na audiência serão ouvidas as testemunhas, debates orais (Ministério
Público e defensor, cada um com o tempo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos), na
sequência a autoridade judiciária proferirá sentença (art. 186, do ECA). Se o adolescente,
devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva (art. 187, ECA).
2) Não aplicar nenhuma medida: o juiz poderá deixar de aplicar qualquer medida
quando estiver provada a inexistência do fato, se não houver provas do fato ou da
autoria/participação do adolescente, não constituir fato infracional (art. 189, ECA).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Apresentado o O adolescente
Ouvirá
adolescente ao
imediata e Se possível também
Ministério
informalmente ovirá os pais ou
Público:
responsáveis.
Arquivar os Juiz deverá
autos homologar
Apuração
de ato Conceder Juiz deverá
infracional remissão homologar
Sendo o fato
grave, passível de
aplicação de
medida de
Ministério Juiz designará
internação ou
Público audiência de
colocação em
poderá: apresentação
regime de
do adoelscente
semiliberdade,
designará, desde
logo, audiência em
Representar continuação,
à autoridade Se a
para autoridade
aplicação de judiciária Art. 188. A
medida entender remissão, como
socio- adequada a forma de extinção
educativa remissão, ou suspensão do
ouvirá o processo, poderá
representante ser aplicada em
do Ministério qualquer fase do
Público, procedimento,
proferindo antes da sentença
decisão.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Súmula 492, do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão
sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária
competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância
das formalidades legais.
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata
liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores
de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que
os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual.
Atenção, o artigo 142 foi regido conforme o Código Civil de 1916, por isso nele está
prevista a maioridade com 21 anos de idade, mas ela deve ser atualizada para o Código Civil,
portanto, a idade para maioridade é de 18 anos de idade.
Os atos judiciais, assim como os policiais e administrativos que envolvam criança e
adolescente quando relativos a ato infracional não podem ser divulgados, o artigo 143 veda
expressamente a divulgação, sendo que qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar
a criança ou adolescente, vedando-se o uso de fotografia, referência a nome, apelido, filiação,
parentesco, residência e inclusive meras iniciais do nome e sobrenome, absolutamente nada
pode ser divulgado (que possa levar o reconhecimento da criança ou adolescente) quando for
situação que envolva ato infracional.
As cópias ou certidões que envolvam informações relativas a crianças e adolescentes em
ato infracional só podem ser deferidas pela autoridade judiciária competente (Vara da Infância e
da Juventude), se for demostrado o interesse e justificativa da finalidade da cópia ou certidão,
de acordo com o artigo 144 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa preocupação do
estatuto em restringir o acesso de informações é razoável na medida que a preocupação do
Estatuto é o caráter pedagógico e de fortalecimento de vínculos e não de expor a criança ou
adolescente a constrangimentos que podemos afetar mais ainda a sua formação intelectual e
moral.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo
tempo, constituir outro de sua preferência.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido
constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.
1.14. Competências
Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância
e juventude (art. 145). A competência territorial da autoridade judicial, que é o juiz da infância e
juventude, será determinada:
1) Pelo domicílio dos pais ou responsável;
2) Pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou
responsável.
Mesma forma de competência é aplicada aos Conselhos Tutelares!
Algumas observações importantes a partir dos parágrafos do artigo 147:
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão,
observadas as regras de conexão, continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais
ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
ATENÇÃO!
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de
comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo
a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou
adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira
a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além
da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
periódico até por dois números. (Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Constituição Federal
I - do ensino obrigatório;
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação
dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
As ações envolvendo esta temática são propostas no local onde ocorreu ou deve ocorrer
a ação ou a omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores (art. 209).
São legitimados para essas demandas: o Ministério Público, a administração direta
(União, estados, DF, municípios e territórios), bem como as associações legalmente constituídas
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
há pelo menos um ano e que incluam entre suas finalidade a defesa dos interesses e direitos
protegidos pelo ECA.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os
elementos de convicção.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências
cabíveis.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes
as certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar,
de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de
se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Havendo motivo
grave é possível
1. Início: portaria (JIJ) ou
afastar o dirigente
representação (MP ou CT)
liminarmente em
caráter provisório.
É possível juntar
2. Defesa: resposta escrita em
documentos e
Entidade dez dias
indicar provas
governamental ou
não-
governamental 3. Instrução e julgamento:
Apuração de audiência designida pelo JIJ,
irregularidade mesmo sem a apresentação da
resposta escrita.
4. MP e as partes poderão
oferecer alegações finaisem
audiência ou em cinco dias
5. Satisfeitas as exigências de
Se não removidas:
remoção de irregularidade: o
aplicação de
processo será extindo sem
medidas.
julgamento de mérito.
O Conselho Tutelar (art. 131, ECA) é um órgão permanente e autônomo, o que significa
isso? Autônomo significa que ele não é subordinado a nenhum dos poderes (nem ao prefeito,
juiz ou Ministério Público), apesar de estar vinculado ao Poder Executivo, pois faz parte da
estrutura administrativa do município, mas este vinculo não significa hierarquização, além disso,
essa autonomia dá ao Conselho Tutelar soberania em seus atos, enquanto decisões
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
administrativas, elas não são controladas pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, exceto
pelo controle externo do Poder Judiciário (controle natural para qualquer ato administrativo que
viole a legalidade, abuso de poder, etc.). Quanto a sua característica de permanente, significa
dizer que ele só pode ser extinto mediante lei, isto é, sua existência é por prazo indeterminado.
Também é órgão não jurisdicional, pois seus atos são administrativos, além disso o
Conselho Tutelar não faz parte da estrutura do Poder Judiciário. Seu papel é de zelador da
proteção de crianças e adolescentes e ele faz isso através de atos administrativos.
É um órgão coletivo, onde seus membros, os conselheiros tutelares não atuam sozinhos,
mas sim em grupo, são escolhidos pela comunidade, através de eleições. Cada município e em
cada região administrativa do Distrito Federal (art. 132) haverá, no mínimo, um Conselho
Tutelar, composto por 5 membros, isto é, poderá haver mais de um Conselho Tutelar no
município, desde que cada Conselho tenha 5 membros! Eles são escolhidos pela popular local
para um mandato de 4 anos, com eleições que ocorrem no primeiro domingo do mês de outubro
do ano subsequente as eleições presidenciais, e, desde 2019, podem é permitida a recondução
por novos processos de escolha, ou seja, eles podem ser reeleitos de forma seguida, para novos
mandatos, sem um limite de reeleições. Antes de março de 2019 só poderiam ser reeleger uma
única vez. A posse dos eleitos ocorre no dia 10 de janeiro.
* Para todos verem: fluxograma representando as três características do
conselho tutelar: autônomo, permanente e não jurisdicional.
Autônomo
Características Permanente
Não
jurisdicional
Cabe a Lei municipal ou distrital definir local, dia, horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive sobre a remuneração. Os conselheiros devem ter reconhecida idoneidade
moral; idade superior a 21 anos e residir no município (art. 133). Apesar da lei municipal
determinar a maioria das regras referente ao mandato, o estatuto garante (art. 134):
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar
ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
1.18. Competências
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de
comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou
adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira
a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além
da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
periódico até por dois números. (Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de
sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer
modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste
artigo, ou ainda quem com esses contracena.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau,
ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Em Recurso Especial julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, este posicionou-se pela
tipificação da conduta ainda que a criança ou adolescente esteja coberto por peças de roupas,
se estiver em poses nitidamente sensuais, com enfoque em órgãos genitais, fica incontroversa
a finalidade sexual e libidinosa, configurando-se crime (REsp 1.543.267-SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015, DJe 16/2/2016).
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer
meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas
ou imagens de que trata o caput deste artigo.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma
de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material
a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às
autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-
C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades
institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço
prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita
à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
§ 3º As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito
referido.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou
pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se
exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à
prostituição ou à exploração sexual:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados
na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da
Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de
terceiro de boa-fé.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a
infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n o 8.072, de 25 de julho de
1990.
O crime de corrupção é crime formal, significa dizer que pouco importa se o adolescente
já havia praticado ato infracional anteriormente ou não, a Súmula 500 do Superior Tribunal de
Justiça trouxe o entendimento do tribunal que “A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
Além do mais, o Superior Tribunal de Justiça também já afirmou que a prática de crimes
em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção de
menores. Interessante né? Significa dizer que se o bem jurídico tutelado pelo crime de corrupção
de menores é a sua formação moral, caso duas crianças/adolescentes tiverem seu
amadurecimento moral violado, em razão de estímulos a praticar o crime ou a permanecer na
seara criminosa, dois foram os bens jurídicos violados (REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe 16/10/2017).
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e
do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo
essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas
com base no lucro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração
de Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 .
(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
§ 1º -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos
nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas
as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
Infância. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente
fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e
demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a
forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira
infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. (Redação
dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,
regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscalização da aplicação,
pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 5º Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a
dedução de que trata o inciso I do caput : (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite em conjunto com outras deduções
do imposto; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa operacional na apuração do lucro real. (Incluído
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil as doações recebidas mês a
mês, identificando os seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital
e municipais divulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos
para implementação das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com
cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência;
e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide))
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente, os registros,
inscrições e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos
municípios, os recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo
estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos
níveis.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
exercidas pela autoridade judiciária.
Questões
1 - (XVI Exame de Ordem) O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que pessoas com
até doze anos de idade incompletos são consideradas crianças e aquelas entre doze e dezoito
anos incompletos, adolescentes. Estabelece, ainda, o Art. 2º, parágrafo único, que “Nos casos
expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
um anos de idade”.
Partindo da análise do caráter etário descrito no enunciado, assinale a afirmativa correta.
a) O texto foi derrogado, não tendo qualquer aplicabilidade no aspecto penal, que considera
a maioridade penal aos dezoito anos, não podendo, portanto, ser aplicada qualquer
medida socioeducativa a pessoas entre dezoito e vinte e um anos incompletos, pois o
critério utilizado para a incidência é a idade na data do julgamento e não a idade na data
do fato.
b) A proteção integral às crianças e adolescentes, primado do ECA, estendeu a proteção da
norma especial aos que ainda não tenham completado a maioridade civil, nisso havendo
a proteção especialmente destinada aos menores de vinte e um anos, nos âmbitos do
Direito Civil e do Direito Penal.
c) O texto destacado no parágrafo único desarmoniza-se da regra do Código Civil de 2002
que estabelece que a maioridade civil dá-se aos dezoito anos; por esse motivo, a regra
indicada no enunciado não tem mais aplicabilidade no âmbito civil.
d) Ao menor emancipado não se aplicam os princípios e as normas previstas no ECA; por
isso, o estabelecido no texto transcrito, desde a entrada em vigor da norma especial em
1990, não era aplicada aos menores emancipados, exceto para fins de Direito Penal.
2 - (XXXI Exame de Ordem) Maria chega à maternidade já em trabalho de parto, sendo atendida
emergencialmente. Felizmente, o parto ocorre sem problemas e Maria dá à luz, Fernanda.
No mesmo dia do parto, a enfermeira Cláudia escuta a conversa entre Maria e uma amiga que a
visitava, na qual Maria oferecia Fernanda a essa amiga em adoção, por não se sentir preparada
para a maternidade.
Preocupada com a conversa, Cláudia a relata ao médico obstetra de plantão, Paulo, o qual, por
sua vez, noticia o ocorrido a Carlos, diretor-geral do hospital.
Naquela noite, já recuperada, Maria e a mesma amiga vão embora da maternidade, sem que
nada tenha ocorrido e nenhuma providência tenha sido tomada por qualquer dos personagens
envolvidos – Cláudia, Paulo ou Carlos.
Diante dos fatos acima, assinale a afirmativa correta.
a) Não foi cometida qualquer infração, porque a adoção irregular não se consumou no âmbito
da maternidade.
b) Carlos cometeu infração administrativa, consubstanciada no não encaminhamento do
caso à autoridade judiciária, porque somente o diretor do hospital pode fazê-lo.
c) Carlos e Paulo não cometeram infração administrativa ao não encaminharem o caso à
autoridade judiciária, porque não cabe ao corpo médico tal atribuição.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
d) Carlos, Paulo e Cláudia cometeram infração administrativa por não encaminharem o caso
de que tinham conhecimento para a autoridade judiciária.
3 - (XXIV Exame de Ordem) Maria, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola que
não adota a obrigatoriedade do uso de uniforme, frequenta regularmente culto religioso afro-
brasileiro com seus pais.
Após retornar das férias escolares, a aluna passou a ir às aulas com um lenço branco enrolado
na cabeça, afirmando que necessitava permanecer coberta por 30 dias. As alunas Fernanda e
Patrícia, incomodadas com a situação, procuraram a direção da escola para reclamar da
vestimenta da aluna. O diretor da escola entrou em contato com o advogado do estabelecimento
de ensino, a fim de obter subsídios para a sua decisão.
A partir do caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação que você, como advogado
da escola, daria ao diretor.
a) Proibir o acesso da aluna à escola.
b) Marcar uma reunião com os pais da aluna Maria, a fim de compeli-los a descobrir a cabeça
da filha.
c) Permitir o acesso regular da aluna.
d) Proibir o acesso das três alunas.
4 - (XXVII Exame de Ordem) Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos, chegam
do interior com os pais, em busca de melhores condições de vida para a família. Os três estão
matriculados regularmente em estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar para ajudar
na renda da casa.
Sobre as condições em que os três irmãos conseguirão trabalhar formalmente, considerando os
Direitos da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo
atividades noturnas, perigosas ou insalubres.
b) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades
noturnas, perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.
c) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas
ou insalubres
d) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de
aprendizagem.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
5 - (VII Exame de Ordem) Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de
1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes
direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o
acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e
realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da
Criança e do Adolescente, é correto afirmar que
a) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores,
mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos
pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC.
b) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório
e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino
médio.
c) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou
responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou
religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus filhos
ou pupilos.
d) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas
injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os
elevados níveis de repetência.
6 - (IV Exame de Ordem) Washington, adolescente com 14 (quatorze) anos, movido pelo desejo
de ajudar seus genitores no sustento do núcleo familiar pobre, pretende iniciar atividade
laborativa como ensacador de compras na pequena mercearia Tudo Tem, que funciona 24h,
localizada em sua comunidade. Recentemente, esta foi pacificada pelas Forças de Segurança
Nacional. Tendo como substrato a tutela do Estatuto da Criança e do Adolescente no tocante ao
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, assinale a alternativa correta.
a) Washington poderá ser contratado como ensacador de compras, mesmo não sendo tal
atividade de aprendizagem, pois, como já possui 14 (quatorze) anos, tem discernimento
suficiente para firmar o contrato de trabalho e, assim, prestar auxílio material aos seus
pais, adotando a louvável atitude de preferir o trabalho às ruas.
b) Como a comunidade onde reside Washington foi pacificada pelas forças de paz, não há
falar em local perigoso ou insalubre para o menor; assim, poderá o adolescente exercer a
carga horária laborativa no período das 22h às 24h, sem qualquer restrição legal, desde
que procure outra atividade laborativa que seja de formação técnico-profissional.
c) Washington não poderá trabalhar na mercearia como ensacador de compras, pois tal
atividade não é enquadrada como de formação técnico-profissional; portanto, não se pode
afirmar que o menor exercerá atividade laborativa na condição de aprendiz.
d) Na condição de aprendiz, não é necessário que o adolescente goze de horário especial
compatível com a garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular.
7- (XXVIII Exame de Ordem) Carla, de 11 anos de idade, com os pais destituídos do poder
familiar, cresce em entidade de acolhimento institucional faz dois anos, sem nenhum interessado
em sua adoção habilitado nos cadastros nacional ou internacional. Sensibilizado com a situação
da criança, um advogado, que já possui três filhos, sendo um adotado, deseja acompanhar o
desenvolvimento de Carla, auxiliando-a nos estudos e, a fim de criar vínculos com sua família,
levando-a para casa nos feriados e férias escolares.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
8 - (XXVII Exame de Ordem) Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos
de idade. Ante o falecimento precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua
representante legal.
De forma a prevenir o amparo de Davi em razão de seu eventual falecimento, Ana pretende que,
na sua ausência, seu irmão, João, seja o tutor da criança.
Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de
a) escritura pública de constituição de tutela.
b) testamento ou qualquer outro documento autêntico.
c) ajuizamento de ação de tutela.
d) diretiva antecipada de vontade.
9 - (XXIII Exame de Ordem) Os irmãos Fábio (11 anos) e João (9 anos) foram submetidos à
medida protetiva de acolhimento institucional pelo Juízo da Infância e da Juventude, pois
residiam com os pais em área de risco, que se recusavam a deixar o local, mesmo com a
interdição do imóvel pela Defesa Civil.
Passados uma semana do acolhimento institucional, os pais de Fábio e João vão até a instituição
para visitá-los, sendo impedidos de ter contato com os filhos pela diretora da entidade de
acolhimento institucional, ao argumento de que precisariam de autorização judicial para visitar
as crianças. Os pais dos irmãos decidem então procurar orientação jurídica de um advogado.
Considerando os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente, a direção da entidade de
acolhimento institucional agiu corretamente?
a) Sim, pois o diretor da entidade de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
podendo proibir a visitação dos pais.
b) Não, porque os pais não precisam de uma autorização judicial, mas apenas de um ofício
do Conselho Tutelar autorizando a visitação.
c) Sim, pois a medida protetiva de acolhimento institucional foi aplicada pelo Juiz da Infância,
assim somente ele poderá autorizar a visita dos pais.
d) Não, diante da ausência de vedação expressa da autoridade judiciária para a visitação,
ou decisão que os suspenda ou os destitua do exercício do poder familiar.
10 - (XX Exame de Ordem) Dona Maria cuida do neto Paulinho, desde o nascimento, em razão
do falecimento de sua filha, mãe do menino, logo após o parto. João, pai de Paulinho, apenas
registrou a criança e desapareceu, sem nunca prestar ao filho qualquer tipo de assistência.
Paulinho está tão adaptado ao convívio com a avó materna, que a chama de mãe.
Passados dez anos, João faz contato com Maria e diz que gostaria de levar o filho para morar
com ele. Maria, desesperada, procura um advogado para obter orientações sobre o que fazer, já
que João é foragido da Justiça, com condenação por crime de estupro de vulnerável, além de
nunca ter procurado o filho Paulinho, que não o reconhece como pai.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a ação mais
indicada para regularizar de forma definitiva o direito à convivência familiar da avó com o neto.
a) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Adoção.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
11 - (XX Exame de Ordem) Vanessa e Vitor vivem com o filho Marcelo, criança com 06 anos de
idade, na casa dos avós paternos. Em um trágico acidente, Vitor veio a falecer. A viúva, logo
após o óbito, decide morar na casa de seus pais com o filho. Após 10 dias, já residindo com os
pais, Vanessa, em depressão e fazendo uso de entorpecentes, deixa o filho aos cuidados dos
avós maternos, e se submete a tratamento de internação em clínica de reabilitação. Decorridos
20 dias e com alta médica, Vanessa mantém acompanhamento ambulatorial e aluga
apartamento para morar sozinha com o filho.
Os avós paternos inconformados ingressaram com Ação de Guarda de Marcelo. Afirmaram que
sempre prestaram assistência material ao neto, que com eles residia desde o nascimento até o
falecimento de Vitor. Citada, Vanessa contestou o pedido, alegando estar recuperada de sua
depressão e da dependência química. Ainda, demonstrou possuir atividade laborativa, e que
obteve vaga para o filho em escola. Os avós maternos, por sua vez, ingressam com oposição.
Aduziram que Marcelo ficou muito bem aos seus cuidados e que possuem excelente plano de
saúde, que possibilitará a inclusão do neto como dependente.
Sobre a guarda de Marcelo, à luz da Proteção Integral da Criança e do Adolescente, assinale a
afirmativa correta.
a) Marcelo deve ficar com os avós maternos, com quem por último residiu, em razão dos
benefícios da inclusão da criança como dependente do plano de saúde.
b) Marcelo deve ficar na companhia dos avós paternos, pois sempre prestaram assistência
material à criança, que com eles residia antes do falecimento de Vitor.
c) Marcelo deve ficar sob a guarda da mãe, já que ela nunca abandonou o filho e sempre
cumpriu com os deveres inerentes ao exercício do poder familiar, ainda que com o auxílio
dos avós.
d) Em programa de acolhimento familiar, até que esteja cabalmente demonstrado que a
genitora não faz mais uso de substâncias entorpecentes.
12 - (XXVI Exame de Ordem) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o
desejo de entregar Juliana, sua filha recém-nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada
para a Vara da Infância e da Juventude, após ser atendida por uma assistente social e por uma
psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do defensor público e na presença do
Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter contato com sua família,
que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o desejo formal de
entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a extinção do poder familiar, determinando que
Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada para adoção no cadastro nacional.
Passados oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida, afirmando que gostaria de
criar a filha.
De acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
a) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de
adoção.
b) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de
extinção do poder familiar.
c) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
d) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou
com a adoção.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
13 - (XXIX Exame de Ordem) Júlio, após completar 17 anos de idade, deseja, contrariando seus
pais adotivos, buscar informações sobre a sua origem biológica junto à Vara da Infância e da
Juventude de seu domicílio. Lá chegando, a ele é informado que não poderia ter acesso ao seu
processo, pois a adoção é irrevogável. Inconformado, Júlio procura um amigo, advogado, a fim
de fazer uma consulta sobre seus direitos.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que apresenta a
orientação jurídica correta para Júlio.
a) Ele poderá ter acesso ao processo, desde que receba orientação e assistência jurídica e
psicológica.
b) Ele não poderá ter acesso ao processo até adquirir a maioridade.
c) Ele poderá ter acesso ao processo apenas se assistido por seus pais adotivos.
d) Ele não poderá ter acesso ao processo, pois a adoção é irrevogável.
14 - (XXV Exame de Ordem) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos
da adoção, Beatriz começou a viver em união estável com Leandro. Em razão das constantes
viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era quem diariamente cuidava de Théo, participando de
todas as atividades escolares. Théo reconheceu Leandro como pai.
Quando Beatriz e Leandro terminaram o relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade.
Leandro, atendendo a um pedido do adolescente, decide ingressar com ação de adoção
unilateral do infante. Beatriz discorda do pedido, sob o argumento de que a união estável está
extinta e que não mantém um bom relacionamento com Leandro.
Considerando o Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente e a Prioridade
Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser adotado por Leandro?
a) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
b) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a
convivência familiar de Théo.
c) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem
ingressar com ação de adoção unilateral.
d) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de
Théo com os pais.
15 - (XXIV Exame de Ordem) Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos
de idade, crescem juntos em entidade de acolhimento institucional, aguardando colocação em
família substituta. Não existem pretendentes domiciliados no Brasil interessados na adoção dos
irmãos de forma conjunta, apenas separados. Existem famílias estrangeiras com interesse na
adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família de brasileiros domiciliados na Itália,
sendo esta a última inscrita no cadastro.
Considerando o direito à convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo
adolescente, assinale a opção que apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos.
a) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
b) Adoção internacional pela família estrangeira.
c) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
d) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália
16 - (XXIV Exame de Ordem) Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda
judicial de Ana, que tem agora três anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante,
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
irmã de Maria, é usuária de crack e soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais.
Passados dois anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia e a criança fica residindo com Maria.
Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em conjunto, ainda que divorciados,
assinale a afirmativa correta.
a) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
b) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou
compartilhada) e à visitação de Ana.
c) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
d) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.
17 - (XX Exame de Ordem) Casal de brasileiros, domiciliado na Itália, passa regularmente férias
duas vezes por ano no Brasil. Nas férias de dezembro, o casal visitou uma entidade de
acolhimento institucional na cidade do Rio de Janeiro, encantando-se com Ana, criança de oito
anos de idade, já disponível nos cadastros de habilitação para adoção nacional e internacional.
Almejando adotar Ana, consultam advogado especialista em infância e juventude.
Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta pertinente ao caso.
a) Ingressar com pedido de habilitação para adoção junto à Autoridade Central Estadual,
pois são brasileiros e permanecem, duas vezes por ano, em território nacional.
b) Ingressar com pedido de habilitação para adoção no Juízo da Infância e da Juventude e,
após a habilitação, ajuizar ação de adoção.
c) Ajuizar ação de adoção requerendo, liminarmente, a guarda provisória da criança.
d) Ingressar com pedido de habilitação junto à Autoridade Central do país de acolhida, para
que esta, após a habilitação do casal, envie um relatório para a Autoridade Central
Estadual e para a Autoridade Central Federal Brasileira, a fim de que obtenham o laudo
de habilitação à adoção internacional.
18 - (XV Exame de Ordem) José, tutor da criança Z, soube que Juarez vem oferecendo
recompensa àqueles que lhe entregam crianças ou adolescentes em caráter definitivo.
Entusiasmado com a quantia oferecida, José promete entregar a criança exatamente dez dias
após o início da negociação. José contou aos seus vizinhos que não queria mais “ter trabalho
com o menino”. Indignada, Marieta, vizinha de José, comunicou imediatamente o fato à
autoridade policial, que conseguiu impedir a entrega da criança Z a Juarez.
Nesse caso, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta
a) A promessa de entrega de Z, por si só, já configura infração penal, do mesmo modo que
o seria em caso de efetiva entrega da criança.
b) Somente a efetiva entrega da criança mediante paga ou recompensa configuraria a prática
de infração penal tanto para quem entrega quanto para quem oferece o valor pecuniário.
c) Tratar-se-ia de infração penal somente se a criança Z fosse filho de José, sendo a figura
do tutor atípica para esse tipo de infração penal, não se podendo aplicar analogia para a
configuração de crime
d) Somente incorre na pena pela prática de infração penal o sujeito que oferece a paga ou
recompensa, sendo atípica para o responsável legal a mera promessa de entrega da
criança.
19 - (XXVIII Exame de Ordem) Bruno, com quase doze anos de idade, morador de Niterói, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi aprovado em um processo de seleção de jogadores
de futebol, para a categoria de base de um grande clube, sediado no Rio de Janeiro, capital –
cidade contígua à de sua residência.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
20 - (XXI Exame de Ordem) Maria, mãe de João, criança com nove anos de idade, que está na
guarda de fato da avó paterna Luisa, almeja viajar com o filho, que já possui passaporte válido,
para os Estados Unidos. Para tanto, indagou ao pai e à avó se eles concordariam com a viagem
do infante, tendo o primeiro anuído e a segunda não, pelo fato de o neto não estar com boas
notas na escola. Preocupada, Maria procura orientação jurídica de como proceder.
À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a medida que deverá
ser adotada pelo(a) advogado(a) de Maria.
a) Ingressar com ação de suprimento do consentimento do pai e da avó paterna, para fins
de obter a autorização judicial de viagem ao exterior.
b) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem acompanhada de cópias dos
documentos dele, pois a criança já possui passaporte válido.
c) Ingressar com ação de guarda de João, requerendo sua guarda provisória, para que possa
viajar ao exterior independente da anuência do pai e da avó paterna.
d) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem com firma reconhecida, pois a criança
já possui passaporte válido.
21 - (XIII Exame de Ordem) João e Joana são pais de Mila, 9 anos, e de Letícia, 8 anos. João
mudou-se para Maringá depois do divórcio, e levou sua filha mais nova para morar com ele. Nas
férias escolares, Letícia quer ir ao Rio de Janeiro visitar sua mãe, enquanto Mila deseja passar
seus dias livres com seu pai em Maringá.
Avalie as situações apresentadas a seguir e, de acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) Letícia poderá viajar sem autorização judicial se a sua prima, Olívia, que tem 19 anos,
aceitar acompanhá-la. Mila poderá viajar sem autorização, se a sua avó, Filomena, a
acompanhar.
b) Se houver prévia e expressa autorização dos pais ou responsáveis, Letícia e Mila ficam
dispensadas da autorização judicial e poderão viajar desacompanhadas dentro do
território nacional.
c) Letícia poderá viajar desacompanhada dos pais por todo território nacional se houver
autorização judicial, que poderá ser concedida pelo prazo de dois anos. Mila não precisará
de autorização judicial para ir a Maringá se seu tio José aceitar acompanhá-la.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
d) Mila poderia aproveitar a ida de sua vizinha Maria, de 23 anos, para acompanhá-la, desde
que devidamente autorizada por seus pais, enquanto Letícia não precisaria de autorização
judicial se seu padrinho, Ricardo, primo do seu pai, a acompanhasse.
22 - (XXIX Exame de Ordem) Gabriel, adolescente com 17 anos de idade, entrou armado em
uma loja de conveniência na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, exigindo que o operador
de caixa entregasse todo o dinheiro que ali existisse. Um dos clientes da loja, policial civil em
folga, reagiu ao assalto, atirando em Gabriel, mas não acertando.
Assustado, Gabriel empreendeu fuga, correndo em direção a Betim, comarca limítrofe a Belo
Horizonte e onde residem seus pais, lá sendo capturado por policiais que se encontravam em
uma viatura.
Sobre o caso, assinale a opção que indica quem será competente para as medidas judiciais
necessárias, inclusive a eventual estipulação de medida socioeducativa, desconsiderando
qualquer fator de conexão, continência ou prevenção.
a) O Juiz da Infância e da Juventude da comarca de Belo Horizonte, ou o juiz que exerce
essa função, por ser a capital do estado.
b) O Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, da comarca de Belo
Horizonte, por ser o foro onde ocorreu o ato infracional cometido por Gabriel.
c) O Juiz Criminal da comarca de Betim, por ser onde residem os pais do adolescente.
d) O Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, da comarca de Betim,
por ser onde residem os pais do adolescente.
23 - (XXII Exame de Ordem) João, criança de 07 anos de idade, perambulava pela rua sozinho,
sujo e com fome, quando, por volta das 23 horas, foi encontrado por um guarda municipal, que
resolve encaminhá-lo diretamente para uma entidade de acolhimento institucional, que fica a 100
metros do local onde ele foi achado. João é imediatamente acolhido pela entidade em questão.
Sobre o procedimento adotado pela entidade de acolhimento institucional, de acordo com o que
dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) A entidade pode regularmente acolher crianças e adolescentes, independentemente de
determinação da autoridade competente e da expedição de guia de acolhimento.
b) A entidade somente pode acolher crianças e adolescentes encaminhados pela autoridade
competente por meio de guia de acolhimento.
c) A entidade pode acolher regularmente crianças e adolescentes sem a expedição da guia
de acolhimento apenas quando o encaminhamento for feito pelo Conselho Tutelar.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
24 - (XV Exame de Ordem) O Ministério Público moveu ação civil pública em face do estado A1
e do município A2, e em favor dos interesses da criança B, que precisava realizar um
procedimento cirúrgico indispensável à manutenção de sua saúde, ao custo de R$ 8.000,00 (oito
mil reais), o qual a família não tinha como custear. Os réus aduziram em contestação que os
recursos públicos não poderiam ser destinados individualmente, mas sim, em caráter igualitário
e geral a todos os que deles necessitassem.
Considere a narrativa e assinale a única opção correta a seguir.
a) Não tem cabimento a medida intentada pelo Ministério Público, uma vez que a ação civil
pública destina-se a interesse difusos ou coletivos, não sendo ferramenta jurídica hábil a
tutelar os interesses individuais indisponíveis, como os descritos no enunciado, devendo
o processo ser extinto sem resolução do mérito.
b) A causa terá seguimento, visto que cabível ação civil pública na hipótese, mas, no mérito,
os argumentos dos réus merecem acolhimento, já que conferir tratamento desigual à
criança B implica violação ao princípio da isonomia, o que não encontra amparo na norma
especial do ECA.
c) A ação civil pública é perfeitamente cabível no caso e, no mérito, a prioridade legal assiste
a criança B no atendimento a necessidades como vida e saúde, nisso justificando-se a
absoluta prioridade na efetivação dos seus direitos, conferindo-lhe primazia de receber
socorro e proteção, e a precedência no atendimento em serviço público.
d) Não é cabível ação civil pública na hipótese, por se tratar de direito meramente individual,
embora indisponível, e, como no mérito assiste razão aos interesses da criança B, a ação
deverá ser extinta sem resolução do mérito, a fim de que outra ação judicial, intentada
com o uso da ferramenta jurídica adequada, possa ser processada sem incorrer em
litispendência.
25 - (XXVII Exame de Ordem) Joaquim, adolescente com 15 anos de idade, sofre repetidas
agressões verbais por parte de seu pai, José, pessoa rude que nunca se conformou com o fato
de Joaquim não se identificar com seu sexo biológico. Os atentados verbais chegaram ao ponto
de lançar Joaquim em estado de depressão profunda, inclusive sendo essa clinicamente
diagnosticada.
Constatada a realidade dos fatos acima narrados, assinale a afirmativa correta.
a) Os fatos descritos revelam circunstância de mero desajuste de convívio familiar, não
despertando relevância criminal ou de tutela de direitos individuais do adolescente,
refugindo do alcance da Lei nº 8.069/90 (ECA).
b) O juízo competente poderá determinar o afastamento de José da residência em que vive
com Joaquim, como medida cautelar para evitar o agravamento do dano psicológico do
adolescente, podendo, inclusive, fixar pensão alimentícia provisória para o suporte de
Joaquim.
c) O juiz poderá afastar cautelarmente José da moradia comum com Joaquim, sem que isso
implique juízo definitivo de valor sobre os fatos – razão pela qual não é viável a estipulação
de alimentos ao adolescente, eis que irreversíveis.
d) A situação descrita não revela motivação legalmente reconhecida como suficiente a
determinar o afastamento de José da moradia comum, recomendando somente o
aconselhamento educacional do pai.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
26 - (XXV Exame de Ordem) Angélica, criança com 5 anos de idade, reside com a mãe Teresa,
o padrasto Antônio e a tia materna Joana. A tia suspeita de que sua sobrinha seja vítima de
abuso sexual praticado pelo padrasto. Isso porque, certa vez, ao tomar banho com Angélica,
esta reclamou de dores na vagina e no ânus, que aparentavam estar bem vermelhos. Na ocasião,
a sobrinha disse que “o papito coloca o dedo no meu bumbum e na minha perereca, e dói”. Joana
narrou o caso para a irmã Teresa, que disse não acreditar no relato da filha, pois ela gostava de
inventar histórias, e que, ainda que fosse verdade, não poderia fazer nada, pois depende
financeiramente de Antônio. Joana, então, após registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia,
que apenas instaurou o inquérito policial e encaminhou a criança para exame de corpo de delito,
busca orientação jurídica sobre o que fazer para colocá-la em segurança imediatamente.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de resguardar a integridade de
Angélica até que os fatos sejam devidamente apurados pelo Juízo Criminal competente, assinale
a opção que indica a medida que poderá ser postulada por um advogado junto ao Juízo da
Infância e da Juventude.
a) A aplicação da medida protetiva de acolhimento institucional de Angélica.
b) Solicitar a suspensão do poder familiar de Antônio.
c) Solicitar o afastamento de Antônio da moradia comum.
d) Solicitar a destituição do poder familiar da mãe Teresa.
28 - (XXX Exame de Ordem) Pedro, 16 anos, foi apreendido em flagrante quando subtraía um
aparelho de som de uma loja. Questionado sobre sua família, disse não ter absolutamente
nenhum familiar conhecido. Encaminhado à autoridade competente, foi-lhe designado defensor
dativo, diante da completa carência de pessoas que por ele pudessem responder.
Após a prática dos atos iniciais, Pedro requereu ao juiz a substituição do seu defensor por um
advogado conhecido, por não ter se sentido bem assistido tecnicamente, não confiando no
representante originariamente designado.
Com base nessa narrativa, assinale a afirmativa correta.
a) É direito do adolescente ter seu defensor substituído por outro de sua preferência, uma
vez que não deposita confiança no que lhe foi designado.
b) A defesa técnica deve permanecer incumbida ao defensor atualmente designado, pois
não é facultado ao adolescente optar por sua substituição.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
c) O processo deve ser suspenso, adiando-se os atos até que seja solucionada a questão
da representação do adolescente.
d) A substituição somente deverá ser realizada se evidenciada imperícia técnica, não
podendo a mera preferência do adolescente ser motivo para a substituição.
29 - (XVIII Exame de Ordem)J., com 11 anos, L., com 12 anos, e M., com 13 anos de idade, são
alunos do 8º ano do ensino fundamental de uma conceituada escola particular. Os três, desde
que foram estudar na mesma turma, passaram a causar diversos problemas para o transcurso
normal das aulas, tais como: escutar música; conversar; dormir; colocar os pés nas mesas e não
desligar o aparelho celular.
O professor de matemática, inconformado com a conduta desrespeitosa dos alunos, repreende-
os, avisando que os encaminhará para a direção da escola. Ato contínuo, os alunos reagem da
seguinte forma: J. chama o professor de “velho idiota”; L. levanta e sai da sala no meio da aula;
e M. ameaça matá-lo.
Diante dos atos de indisciplina dos três alunos, a direção da escola entra em contato com o seu
departamento jurídico para, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, receber a
orientação de como proceder.
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a orientação recebida pela
direção escolar.
a) Os atos de indisciplina praticados por J., L. e M. deverão ser coibidos pela própria direção
escolar.
b) J. e M. praticaram atos infracionais. J. deverá ser encaminhado ao Conselho Tutelar e M.
para a autoridade policial. A indisciplina de L. deverá ser coibida pela própria direção
escolar.
c) J., L. e M. praticaram atos infracionais e deverão ser encaminhados para a autoridade
policial.
d) J. e M. praticaram atos infracionais. Ambos deverão ser encaminhados para a autoridade
policial. A indisciplina de L. deverá ser coibida pela própria direção escolar.
30 - (XVII Exame de Ordem) O adolescente N. ficou conhecido no bairro onde mora por praticar
roubos e furtos e ter a suposta habilidade de nunca ter sido apreendido. Certa noite, N. saiu com
o propósito de praticar novos atos de subtração de coisa alheia. Diante da reação de uma vítima
a quem ameaçava, N. disparou sua arma de fogo, levando a vítima a óbito. N. não conseguiu
fugir, sendo apreendido por policiais que passavam pelo local, no momento em que praticava o
ato infracional.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
31 - (III Exame de Ordem) Considerando a prática de ato infracional por criança ou adolescente,
é correto afirmar que
a) a prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de
interesse geral, por período não excedente a 1 (um) ano, em entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.
b) em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
c) a internação, por constituir medida privativa de liberdade do menor, não poderá exceder
o período de 5 (cinco) anos.
d) entre as garantias processuais garantidas ao adolescente encontra-se o direito de solicitar
a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. Contudo, não
poderá o menor ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente, devendo em todo
o caso ser assistido pelos genitores.
32 - (XXXI Exame de Ordem) O adolescente João, com 16 anos completos, foi apreendido em
flagrante quando praticava ato infracional análogo ao crime de furto. Devidamente conduzido o
processo, de forma hígida, ele foi sentenciado ao cumprimento de medida socioeducativa de 1
ano, em regime de semiliberdade.
Sobre as medidas socioeducativas aplicadas a João, assinale a afirmativa correta.
a) A medida de liberdade assistida será fixada pelo prazo máximo de 6 meses, sendo que,
ao final de tal período, caso João não se revele suficientemente ressocializado, a medida
será convolada em internação.
b) A medida aplicada foi equivocada, pois deveria ter sido, necessariamente, determinada a
internação de João.
c) No regime de semiliberdade, João poderia sair da instituição para ocupações rotineiras
de trabalho e estudo, sem necessidade de autorização judicial.
d) A medida aplicada foi equivocada, pois não poderia, pelo fato análogo ao furto, ter a si
aplicada medida diversa da liberdade assistida.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
35 - (VII Exame de Ordem) Com Joana tem 16 anos e está internada no Educandário Celeste,
na cidade de Pitió, por ato infracional equiparado ao crime de tráfico de entorpecentes. O Estatuto
da Criança e do Adolescente regula situações dessa natureza, consignando direitos do
adolescente privado de liberdade. Diante das diposições aplicáveis ao caso de Joana, é correto
afirmar que
a) Joana tem direito à visitação, que deve ser respeitado na frequência mínima semanal, e
não poderá ser suspenso sob pena de violação das garantias fundamentais do
adolescente internado.
b) é expressamente garantido o direito de Joana se corresponder com seus familiares e
amigos, mas é vedada a possibilidade de avistar-se reservadamente com seu defensor.
c) a autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, exceto de pais e
responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
interesses do adolescente.
d) as visitas dos pais de Joana poderão ser suspensas temporariamente, mas em tal
situação permanece o seu direito de continuar internada na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
b) a obrigação de reparar o dano causado pelo ato infracional não é considerada medida
socioeducativa, tendo em vista que o adolescente não pode ser responsabilizado
civilmente.
c) o acolhimento institucional e a colocação em família substituta podem ser aplicados como
medidas protetivas ou socioeducativas, a depender das características dos atos
infracionais praticados.
d) a internação, como uma das medidas socioeducativas previstas pelo ECA, não poderá
exceder o período máximo de três anos, e a liberação será compulsória aos 21 anos de
idade.
37 - (XXII Exame de Ordem) João, maior, e sua namorada Lara, com 14 anos de idade, são
capturados pela polícia logo após praticarem crime de roubo, majorado pelo emprego de arma
de fogo. O Juízo da Infância e da Juventude aplicou a medida socioeducativa de internação para
Lara, ressaltando que a adolescente já sofrera a medida de semiliberdade pela prática de ato
infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. O Juízo Criminal condenou João pelo crime de
roubo em concurso com corrupção de menores. João apela da condenação pelo crime de
corrupção de menores, sob o argumento de Lara não ser mais uma criança, bem como alegando
que ela já está corrompida. Com base no caso apresentado, assiste razão à defesa de João?
a) Não, pois é irrelevante o fato de Lara já ter sofrido medida socioeducativa.
b) Não, pois Lara ainda é uma criança.
c) Sim, já que o crime de corrupção de menores exige que o menor não esteja corrompido.
d) Sim, visto que no crime de corrupção de menores, a vítima tem que ser uma criança.
38 - (XXX Exame de Ordem) Roberta produziu, em seu computador, vídeo de animação em que
se percebe a simulação de atos pornográficos entre crianças. O vídeo não mostra nenhuma
imagem reconhecível, nenhuma pessoa identificável, mas apresenta, inequivocamente, figuras
de crianças, e bem jovens.
Sobre o fato apresentado, sob a perspectiva do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale
a afirmativa correta.
a) Não é ilícito penal: o crime ocorre quando se simula a atividade pornográfica com imagens
reais de crianças.
b) É crime, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a conduta típica de simular a
participação de criança ou adolescente em cena pornográfica por meio de qualquer forma
de representação visual.
c) É crime se houver a divulgação pública do filme, pois a mera produção de filme
envolvendo simulacro de imagem de criança ou adolescente em situação pornográfica
não é reprovada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) Não é ilícito penal, pois a animação somente se afigura como simulação suficientemente
apta a despertar a reprovabilidade criminal se reproduzir a imagem real de alguma criança
diretamente identificável.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
40 - (XXII Exame de Ordem) Mariano, 59 anos de idade, possuía em sua residência 302 vídeos
e fotografias com cenas de sexo explícito envolvendo adolescentes. Descobertos os fatos, foi
denunciado pela prática de 302 crimes do Art. 241-B da Lei nº 8.069/90 (“Adquirir, possuir ou
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”), em concurso material,
sendo descrito que possuía o material proibido. Os adolescentes das imagens não foram
localizados. Encerrada a instrução e confirmados os fatos, o Ministério Público pugnou pela
condenação nos termos da denúncia. Em sede de alegações finais, diante da confissão do
acusado e sendo a prova inquestionável, sob o ponto de vista técnico, o advogado de Mariano
deverá pleitear
a) a absolvição de Mariano, tendo em vista que ele não participava de nenhuma das cenas
de sexo explícito envolvendo adolescente.
b) o reconhecimento de crime único do Art. 241-B da Lei nº 8.069/90.
c) o reconhecimento do concurso formal de crimes entre os 302 delitos praticados.
d) a extinção da punibilidade do acusado, em razão do desinteresse dos adolescentes em
ver Mariano processado.
41 - (XIX Exame de Ordem) O adolescente F, 16 anos, filho de Pedro, foi surpreendido por seu
pai enquanto falava pela internet com Fábio, 30 anos, que o induzia à prática de ato tipificado
como infração penal. Pedro informou imediatamente o ocorrido à autoridade policial, que
instaurou a persecução penal cabível.
No caso narrado, ao induzir o adolescente F à prática de ato tipificado como infração penal, a
conduta de Fábio
a) configura crime nos termos do ECA, ainda que realizada por meio eletrônico e que não
venha a ser provada a corrupção do adolescente, por se tratar de delito formal.
b) não configura crime nos termos do ECA, pois a mera indução sem a prática do ato pelo
adolescente configura infração administrativa, já que se trata de delito material.
c) configura infração penal, tipificada na Lei de Contravenções Penais, mas a materialidade
do crime com a prova da corrupção do adolescente é imprescindível à condenação do réu
em observância ao princípio do favor rei.
d) não configura crime nos termos estabelecidos pelo ECA, posto que inexiste tipificação se
o ato for praticado por meio eletrônico, não havendo de se aplicar analogia em malam
partem.
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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente
Gabarito:
1) C 32) C
2) D 33) C
3) C 34) C
4) A 35) D
5) D 36) D
6) C 37) A
7) D 38) B
8) B 39) D
9) D 40) B
10) B 41) A
11) C
12) B
13) A
14) D
15) D
16) B
17) D
18) A
19) B
20) D
21) C
22) B
23) D
24) C
25) B
26) C
27) C
28) A
29) B
30) C
31) B
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Direito da Criança e do Adolescente
REFERÊNCIAS
ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Prática no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2019.
PEDROSA, Leyberson. ECA completa 25 anos: mas ações de proteção a crianças começaram
na época colonial. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/cidadania/2015/07/eca-25-anos-
direitos-criancas-e-adolescentes
ZAPATER, Maíra. Estatuto da Criança e do Adolescente. In: LENZA, Pedro. OAB Primeira Fase:
volume único. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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