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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO PARANÁ

XL CURSO DE PREPARAÇÃO À MAGISTRATURA


NÚCLEO LONDRINA

CASSIANA MACÁRIA ARAÚJO DE SIQUEIRA

PSICOLOGIA JURÍDICA
Depoimento sem dano

LONDRINA
2024
CASSIANA MACÁRIA ARAÚJO DE SIQUEIRA

PSICOLOGIA JURÍDICA
Depoimento sem dano

Monografia apresentada como requisito parcial


para conclusão do Curso de Preparação à
Magistratura em nível de Especialização. Escola da
Magistratura do Paraná.

Orientador: Prof. Luiz Eduardo Canto de Azevedo

LONDRINA
2024
TERMO DE APROVAÇÃO

CASSIANA MACÁRIA ARAÚJO DE SIQUEIRA

PSICOLOGIA JURÍDICA
Depoimento sem dano

Monografia aprovada como requisito parcial


para conclusão do Curso de Preparação à
Magistratura em nível de Especialização,
Escola da Magistratura do Paraná, Núcleo de
Londrina.

Londrina, 13 de janeiro de 2024.

Banca Examinadora

Orientador: Luiz Eduardo Canto de Azevedo

Avaliador: _____________________________________________
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 7

2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA PROTETIVO BRASILEIRO........................ 8

3 DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.......................... 9

3.1 Tratados internacionais......................................................................... 9

3.2 Declaração internacional dos direitos da criança.............................. 9

4 LEI 13.341/17........................................................................................... 13

4.1 Dinâmica do projeto............................................................................... 16

4.2 Resultados.............................................................................................. 18

5 CONCLUSÃO.......................................................................................... 19

REFERÊNCIAS....................................................................................... 21
RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma das espécies de fases
processuais existentes no ordenamento jurídico brasileiro, o Depoimento Sem Dano.
Nessa toada, apresentaremos estudos de especialistas e estudiosos, com elevado
nível de conhecimento, mencionando a importância desse instituto, enfatizando à
proteção dos direitos da criança e do adolescente, vítima ou testemunha dos mais
variados tipos de violências. Analisaremos, ainda, o surgimento, aspectos históricos e
conceitos legais e doutrinários do referido assunto, bem como sua eficácia e eficiência
na prática dos tribunais.

Palavras-chave: Proteção dos direitos; Vítima; Depoimento sem dano


ABSTRACT

The purpose of this work is to present one of the types of procedural phases existing
in the Brazilian legal system, the Deposition Without Damage. In this vein, we will
present studies by experts and scholars, with a high level of knowledge, mentioning
the importance of this institute, emphasizing the protection of the rights of children and
adolescents, victims or witnesses of the most varied types of violence. We will also
analyze the emergence, historical aspects and legal and doctrinal concepts of the
subject, as well os its effectiveness and efficiency in the practice of courts.

Keywords: Protection of rights; Victim; Testimony without damage


7

1. INTRODUÇÃO

Em se tratando da elaboração de um tratado de caráter mundial sobre os


direitos da criança, era já esperada uma arena de negociações bastante tensa e
conflituosa em decorrência dos embates políticos entre os Estados com diferentes
interesses, desigual acesso a recursos e poder e, em especial, ante a diversidade de
concepções de infância e de direitos da criança.
Além da multiplicidade de atores, da diversidade de suas agendas, da duração
dos trabalhos, o contexto da Guerra Fria ampliou a complexidade e duração das
negociações. Conforme Marília Sardenberg Zelner Gonçalves (1989), diplomata da
delegação do Brasil para os Direitos Humanos que participou dos trabalhos da
Convenção, tal complexidade explicaria a incorporação de dispositivos relativamente
fracos, em decorrência de tentativas de conciliação de posições "quase" divergentes.
A consolidação dos direitos relativos às crianças e aos adolescentes no Brasil
se deu com a institucionalização das garantias, tanto através da Constituição Federal
promulgada em 1988 quanto pela entrada em vigor do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Entretanto, não houve significativas alterações no âmbito processual,
permanecendo as pessoas em situação de desenvolvimento, no que diz respeito à
sua oitiva, recebendo idêntico tratamento nas ações em que são vítimas e/ou
testemunhas, como qualquer adulto envolvido.
No Brasil, o tema ganhou importância há pouco tempo, verificando-se o início da
transformação desse pensamento apenas no final do século XIX e início do século XX
com o surgimento de programas oficiais de assistência à criança e ao adolescente e
alteração da terminologia utilizada para se referir àqueles, diferenciando-se as
expressões “criança” e “menor.
O objetivo proposto para este estudo foi investigar na literatura acerca dos
benefícios do depoimento sem danos para a criança vítima de violência sexual
levando em consideração o princípio do Melhor Interesse e da dignidade da pessoa
humana.
A realização desta pesquisa contou com embasamento jurídico e doutrinário,
análise da legislação e estudos jurisprudenciais, dados e informações que visaram a
compreensão do que é o Depoimento Sem Dano e quais as implicações decorrentes
do seu uso.
7

Para tanto, foi utilizado o método de abordagem dedutivo e monográfico, visto


que se partiu da análise histórica da proteção da criança e do adolescente e o
implemento do sistema protetivo no ordenamento pátrio para, em um segundo
momento, abordar-se o contemporâneo sistema legal de inquirição das pessoas em
desenvolvimento, averiguando se o método atualmente previsto está garantindo
integral proteção aos seus direitos e aos fins que se propõem.

2. EVOLUÇÃO DO SISTEMA PROTETIVO BRASILEIRO

O projeto original da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança foi


formalmente apresentado no começo de 1978, pelo governo polonês, à Comissão de
Direitos Humanos da ONU, em homenagem a Janusz Korczak6(Cantwell, 1992). A
previsão era que a Convenção fosse aprovada ao final de 1979, como um marco do
Ano Internacional da Criança, que já havia mobilizado a sociedade internacional em
prol de uma agenda para a infância (MARIANO, 20107).
A Convenção de 1989, em relação às declarações internacionais anteriores,
inovou não só por sua extensão, mas porque reconhece à criança (até os 18 anos)
todos os direitos e todas as liberdades inscritas na Declaração dos Direitos Humanos.
Ou seja, pela primeira vez, outorgaram-se a crianças e adolescentes direitos de
liberdade, até então reservados aos adultos. Porém, a Convenção de 1989 reconhece,
também, a especificidade da criança, adotando concepção próxima à do preâmbulo
da Declaração dos Direitos da Criança de 1959: "a criança, em razão de sua falta de
maturidade física e intelectual, precisa de uma proteção especial e de cuidados
especiais, especialmente de proteção jurídica apropriada antes e depois do
nascimento".
Analistas da Convenção de 1989 discutem suas tensões intrínsecas,
especialmente sob duas perspectivas: sua pretensão universal, mas seu viés
ocidental captado pela ênfase aos direitos individuais (Boyden,1997); a promulgação

6
GOLDSZMIT, Henryk, pseudônimo Janusz Korczak, nascido em Varsóvia na Polonia, foi médico,
pediatra, pedagogista, ativista social, escritor
7 MARIANO, C. L. S. Direitos da criança e do adolescente: os marcos legais e a mídia. 2010. Tese em

elaboração (Doutorado em Psicologia Social) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo.
8

simultânea de direitos à proteção, à provisão e de direitos de liberdade, expressão e


participação (SOARES, 1997).
As crianças e os adolescentes possuem um histórico de desproteção jurídica
desde a antiguidade. Afirma-se isso com base no tratamento a eles dispensado nos
tempos mais remotos, como por exemplo, no Direito Romano e na Grécia Antiga, onde
eram considerados apenas objetos do Estado e o patriarca da família possuía direito
de vida e morte sobre os filhos nascidos de casamento legítimo, bem como o poder
de vendê-los.
Apenas no final do século XVIII começaram a surgir os primeiros sentimentos
pela infância na Europa, com as grandes Ordens Religiosas e a ênfase na educação,
alcançando-se, no século XIX a ideia de criança como indivíduo de investimento
afetivo, econômico, educativo e existencial, passando essa a ser centro dentro da
família.
No Brasil, não existem registros de políticas sociais até o final do Brasil-Colônia
e do Império e início da República (Século XX). Até o ano de 1900 a Igreja Católica
era quem, através de algumas instituições como as Santas Casas de Misericórdia,
cuidava das populações economicamente carentes e atuava no amparo aos doentes,
indígenas, órfãos e desprovido.
O Brasil ratificou a Convenção em 1990 e o governo brasileiro apresentou seu
primeiro relatório ao Comitê de Direitos da Criança da ONU em 2003, portanto, com
11 anos de atraso no cronograma de monitoramento da Convenção.
A Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do
Adolescente - Anced - e o Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
apresentaram, na ocasião, um Relatório Alternativo da sociedade civil sobre Direitos
da Criança no Brasil.
O Comitê de Direitos da Criança apresentou 76 recomendações, sendo uma
delas a de que o Brasil entregasse o próximo relatório até outubro de 2007. Não há
informações oficiais até o momento acerca da apresentação desse segundo relatório8.
Porém, a Anced elaborou, em março de 2009, em caráter preliminar, o 2º Relatório
Alternativo dos Direitos da Criança.

8
No Brasil, a elaboração do Relatório ao Comitê dos Direitos da Criança está a cargo da Subsecretaria
de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente - SPDCA -, órgão que substituiu o
Departamento da Criança e do Adolescente - DCA.
9

3. DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES

3.1 Tratados internacionais

Na busca de garantir direitos à crianças e adolescentes, com grande


preocupação de assegurá-los para todos não apenas às crianças que apresentavam
situações vulneráveis e, por diversas vezes utilizavam embasando as legislações em
uma doutrina de situação irregular, tratados internacionais foram criados e debatidos,
dentre os quais destacam-se: A Declaração de Genebra, à Convenção da ONU sobre
os direitos das crianças, a Declaração dos Direitos das Crianças e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
A Declaração de Genebra foi o primeiro documento que assegurou os direitos
da criança. Este composto por cinco artigos pode ser considerado como marco inicial
quando se refere ao direito das crianças no âmbito internacional.

3.2 Declaração internacional dos direitos da criança

Outro ponto importante quando se remete as legislações que visam garantir o


cumprimento dos direitos das crianças e adolescentes foi a Assembleia Geral das
Nações Unidas, que resultou na criação da Declaração Internacional dos Direitos da
Criança, no ano de 1989, Declaração em que realmente a criança é vista como sujeito
detentor de direitos, nesta percebe-se que toda e qualquer criança tem o direito a:
Igualdade, a um nome e a nacionalidade, à alimentação, moradia e assistência
médica adequadas para a criança e a mãe, ao amor e a compreensão por parte dos
pais e da sociedade, à educação gratuita e ao lazer, a ser socorrido em primeiro lugar,
a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho e a crescer dentro de
um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. (ONU.
1959, s.p).
Portanto busca-se assegurar às crianças o respeito a seus direitos, dentre os
quais: o direito à liberdade, o direito ao convívio social, o direito à escolarização e o
direito ao brincar. A Declaração dos Direitos da Criança é composta de dez princípios,
os quais são:
Princípio I - À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade. A
criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos
10

deverão ser respeitados sem qualquer tipo de ou discriminação por motivos de raça,
cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou
origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à
própria criança ou à sua família (ONU, 1959, s.p).
O princípio I deixa claro que a criança não deve sofrer discriminação a respeito
de sua raça, religião ou nacionalidade, ou seja, as diferenças não devem servir para
que seja excluída uma vez que todos necessitam serem aceitos. A nacionalidade, a
condição econômica não pode ser utilizada como forma discriminatória (ONU, 1959).
O princípio II refere-se ao “Direito a especial proteção para o seu
desenvolvimento físico, mental e social”. O que enfatiza a necessidade da criança
viver em um ambiente que a possibilite o pleno desenvolvimento, uma vez que tem
pouca idade e precisa desenvolver-se de maneira saudável e moral, para isso, seus
interesses devem ser 15 respeitados e haja então um pleno desenvolvimento sendo
observadas e atendidas suas condições de liberdade e dignidade (ONU, 1959).
Quando se refere ao princípio III este explicita que toda a criança deve ter
“Direito a um nome e a uma nacionalidade” Este reforça o direito da cidadania para
que assim possa ser vista como sujeito de direito, sendo assim, também
responsabilidade do Estado (ONU, 1959).
O princípio IV refere-se à direitos fundamentais “Direito à alimentação, moradia
e assistência médica adequada para a criança e a mãe”, se a todos o direito à moradia
é garantido, à criança não deve ser diferente, sendo que esta precisa crescer e se
desenvolver de forma saudável. Os cuidados voltados a alimentação e aos serviços
médicos possibilitam que esta melhor se desenvolva, tendo crescimento adequado a
idade, e, com isso, desfrute dos direitos ligados a moradia, alimentação, lazer e saúde
(ONU, 1959).
O princípio V versa sobre o “Direito à educação e a cuidados especiais para a
criança física ou mentalmente deficiente”. A educação é direito da criança, mesmo
esta tendo deficiências, pois é por meio da educação que se investirá em sua
formação cidadã e esta não pode ser impedida a receber uma educação de qualidade
que contribua para sua emancipação social.
Há também no princípio VI o “Direito ao amor e à compreensão por parte dos
pais e da sociedade”. Para que o indivíduo tenha vida saudável e equilibrada é preciso
que receba amor e seja compreendido em suas necessidades, tenha amparo por parte
de seus pais, este sendo tanto moral quanto material. A criança precisa ser educada
11

em um lar harmonioso devendo conviver com sua mãe, exceto em condições remotas.
A este respeito, o princípio VI explicita que “A sociedade e as autoridades públicas
terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que
careçam de meios adequados de subsistência”. Há responsabilidade pública no cuidar
de crianças abandonadas ou em condições de maus tratos, oferecendo amparo físico,
social, psíquico e moral se assim houver a necessidade (ONU, 1959).
O princípio VII “Direito à educação gratuita e ao lazer infantil”. Este princípio
esclarece a responsabilidade da família, como primeira educadora e do Estado em
oferecer educação gratuita e igualdade de condições à todos que esta seja de
qualidade e promova o desenvolvimento pleno do sujeito para que consiga viver e
desenvolver-se no seio social (ONU, 1959).
O direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes, aparece no
princípio VIII, o qual revela a prioridade máxima que é preciso ter com a criança na
busca de lhe proteger, auxiliar e cuidar. Neste mesmo viés, o princípio IX aparece
como “Direito 16 a ser protegido contra o abandono e a exploração”. Tal princípio
remete-se a segurança que a criança deve ter, não permitindo a ela nenhum abuso,
situação preconceituosa ou que lhe coloque em perigo. Novamente então, sendo
reforçado o direito a ter uma família que a possibilite viver com segurança (ONU,
1959).
Por último, o princípio X o que ressalta o “Direito a crescer dentro de um espírito
de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos”. Enfatiza-se então
a cultura da paz, da tolerância não havendo fomento a discriminação de qualquer
natureza. A criança precisa ser preocupação constante dos povos, pois ela é
responsável pela sociedade vindoura, por isso, sua educação, acolhimento, proteção,
compreensão e cuidado são indispensáveis (ONU, 1959).
Com o advento dos Direitos da Criança é possível destacar um olhar
diferenciado a esta a qual também deve ser considerada como sujeito de direitos. Na
busca de garantir que tais princípios sejam realmente respeitados a UNICEF como
órgão unicelular da ONU é que deve fiscalizar, visto que, toda a sociedade é
responsável por garantir às crianças uma vida digna e o respeito aos direitos para que
estes possam se desenvolver de forma integral.
Fato a destacar é que os direitos das crianças a partir da Conferência da
Organização da Nações Unidas é algo que deve ser levado a sério em âmbito mundial.
Tal conferência atentou-se ao amparo à maternidade com a criação do direito a licença
12

maternidade, licença pré-natal e pausa na jornada de trabalho da mãe para períodos


de amamentação, além do direito à assistência médica (ONU 1959).
Os tratados internacionais foram criados com o objetivo de salvaguardar
direitos das crianças e adolescentes, garantindo medidas de proteção para que haja
o desenvolvimento destes sujeitos em ambientes saudáveis, que lhe oferecem
conforto, as garantias mínimas de vida digna e desenvolvimento saudável, mantendo-
os livre de discriminação e preconceito, reconhecendo estes como sujeitos de direito.
A maior particularidade da Convenção reside em que, ao lado dos direitos de
liberdade, reconhece os direitos de proteção, ou denominados passivos, ou ainda,
"direitos-créditos", conforme Renaut (2002). Se os direitos de liberdade e participação
são reconhecidos à criança devido à sua identidade com o "homem", os direitos de
proteção são devidos em razão da especificidade de ser criança. Assim, para vários
analistas, aqui estaria posta uma de suas incongruências internas: a coexistência
entre os direitos de proteção e os de liberdade.
A tensão intrínseca ao texto da Convenção tem sua complexidade ampliada
perante o caráter de força de lei que passa a ter no país que opta por ratificá-la, o que
pode explicar o grande número de discussões que suscitou em alguns países ao ser
adotada, bem como as dificuldades em sua implementação. Na França, cultivou-se
uma viva e durável polêmica sobre alguns dos equívocos que poderia acarretar essa
representação contemporânea da criança como sujeito de direitos, caso não seja
submetida a uma análise crítica sobre as condições para sua efetivação (Renaut,
2002).
A socióloga Irène Théry (1996, p.343) compartilhava da visão de Renault, e
critica o texto da Convenção: contesta, especificamente, os direitos à liberdade de
opinião (art. 12), à liberdade de expressão (art. 13), à liberdade de pensamento, de
consciência e de religião (art. 14), à liberdade de associação (art. 15), pois "são
direitos que implicam a capacidade jurídica, ou seja, a responsabilidade". Para Théry,
a concepção de proteção especial adotada pela Convenção remanesce da tradição
da Filosofia que prevaleceu nas Declarações de 1924 e 1959. Essa tradição é
elucidada pela autora da seguinte forma:

Na tradição de proteção, a filosofia adverte que os direitos do


homem – em particular em Kant e Condorcet -, a ideia
fundamental é a da educação, da instituição. Se o homem é
por essência um ser livre, ele somente assim se torna
realmente realizando o processo educacional que o faz
13

alcançar a autonomia e a responsabilidade [...]. Neste sentido,


os direitos da criança são aqueles de seres humanos
particularmente vulneráveis, porque ainda não são autônomos.
A incapacidade legal nada mais é que o direito a uma certa
irresponsabilidade, quer dizer, a não ser submetido ao dever
que implica a capacidade (Théry, 1996, p. 341-342).

4. LEI 13.341/17

Com o intuito de dar maior proteção às crianças e adolescentes vítimas de


violência a Lei 13.431/17 foi criada.
A nova legislação surgiu como uma busca técnica e humanizada de garantir os
direitos da criança e do adolescente que são vítimas ou testemunhas de violência,
criando desta forma, mecanismos de prevenção e coibição para que esta violência
não continue.
Salienta-se que o uso dessa técnica divide opiniões. Alexandre Morais da Rosa
sugere que o Depoimento Especial se preocupa com exclusividade a uma questão:
aprimorar a qualidade da prova para a condenação do agressor, dissimulando respeito
ao menor. Azambuja (2017) afirma que existem técnicas qualificadas para que provas
sejam obtidas, tais como: quesitos, perícias, dentre outras, que são capazes de,
concomitantemente, sirvam como fonte de prova e assegure a dignidade dessas
vítimas.
Juristas discutem também sobre a violação de garantias processuais na defesa
dos acusados de violência contra o menor. A crítica se dá pelo fato de que o direito
da criança em ser escutada é corrompido e se transforma em simples meio de prova
contra o agressor, visando à verdade real que é inatingível e não devendo, por isso,
haver a flexibilização de direitos ou abrir espaço para falsas recordações em um
depoimento.
Noutra vertente, em relação ao sistema de proteção integral da vítima, a lei
estabelece a articulação de diferentes áreas, tais como: saúde, assistência social,
segurança pública e sistema de justiça, para implementação de políticas públicas
direcionadas integralmente ao tratamento multiprofissional de menores vitimados de
forma direta ou indireta pela violência. Salientando que devido à proteção à intimidade
e privacidade da vítima, o Depoimento Especial tramita em segredo de justiça, visando
impedir a exposição desnecessária da vítima, protegendo seus direitos individuais.
14

Em relação ao benefício processual no tocante à qualidade da prova para o


processo tem-se que o conforto, e a segurança promovidos pela sala especial de oitiva
faz com que o menor fique mais aberto para falar acerca das circunstâncias e dos
fatos envoltos ao crime que sofreu. Já que a oitiva é realizada por um único
profissional, devidamente especializado, faz com que a criança maior confiança,
diferente do que ocorria quando a oitiva era realizada em sala de audiências com
muitos indivíduos estranhos, microfones, câmeras, etc. (MARCHALESKI, 2021).
Entra em tela a grande importância das políticas de prevenção a tais situações,
visto que, a violência não deixa marcas apenas nas vítimas, mas na sociedade como
um todo. Afetando aspectos emocionais e comportamentais fazendo com que a vítima
altere sua maneira de se ver, de conviver em sociedade, além de levar consigo marcas
que poderão ser notadas na sua fase adulta.
É de suma importância que sejam revistas estratégias para minimizar as
situações de violência na busca de defender o direito constitucional de crianças e
adolescentes. Sendo que tal problema conforme estudos de Potter (2016) cresce de
uma forma alarmante na sociedade e diversos são os casos que chegam aos tribunais
para serem julgados, fatos que por vezes poderiam ser evitados se houvesse uma
maior conscientização e estratégias mais eficazes para evitar episódios de violência
contra crianças e adolescentes. É urgente que haja um maior cuidado, pois tais
sujeitos devem ter seus direitos não somente assegurados em legislações, mas acima
de tudo merecem ter seus direitos respeitados por todos.
No inciso I do Art. 4º da Lei n° 13.341/17, fala-se sobre a violência física a qual
atinge a integridade ou a saúde do corpo, causando dor ou ofensa. O qual a maioria
dos pais justificam como uma forma de educar e em muitas famílias este tipo de
violência ocorre desde os primeiros meses de vida da criança.

[...] como a cultura brasileira é permeada pelo abuso da


autoridade e castigos, são relativamente comuns como forma
de educação, ou ação disciplinadora, muitos casos de
vitimização de crianças e adolescentes passam
despercebidos. Essa violência que os pais e educadores
exercem contra as crianças assumem formas como a coerção
física, mediante maus tratos corpóreos, ameaças, humilhações
e privação emocional, muitas vezes como uma demonstração
de poder. Assim, os pais maltratam seus filhos por hábito
culturalmente aceito há séculos (ABRAMOVICH; WAKSMAN;
HIRSCHHEIMER, 2007, p. 225)
15

O castigo físico pode trazer consequências que vai além da dor física, pois
causa humilhação, gera sentimentos adversos e prejudica a formação do sujeito, uma
vez que a criança que é submetida a violência física é ensinada que por este meio
pode resolver seus conflitos
Toda a violência que é sofrida pela criança causa sérias consequências e deixa
sequelas que vão desde problemas de saúde até fatores que interferem no
desenvolvimento cognitivo e social. Isto permite dizer que a violência contra crianças
e adolescentes pode gerar danos imediatos ou posteriores os quais podem se
prolongar por toda sua vida adulta.

No art. 4° temos as modalidades de violência:

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas
criminosas, são formas de violência:

I - Violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que


ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;

II - Violência psicológica:

a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à


criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença,
exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu
desenvolvimento psíquico ou emocional;

b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculo com este;

c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente,


a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio,
independentemente do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a
torna testemunha;

III - Violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso,
inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que
compreenda:

a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do


adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado
de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de
terceiros;
16

b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente


em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de
compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de
terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico;

c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o


alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território
nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça,
uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade,
aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de
pagamento, entre os casos previstos na legislação;

IV - Violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou


conveniada, inclusive quando gerar revitimização.

V - Violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,


subtração, destruição parcial ou total de seus documentos pessoais, bens, valores e
direitos ou recursos econômicos, incluídos os destinados a satisfazer suas
necessidades, desde que a medida não se enquadre como educacional. (Incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

§ 1º Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a


situação de violência por meio de escuta especializada e depoimento especial.

§ 2º Os órgãos de saúde, assistência social, educação, segurança pública e justiça


adotarão os procedimentos necessários por ocasião da revelação espontânea da
violência.

§ 3º Na hipótese de revelação espontânea da violência, a criança e o adolescente


serão chamados a confirmar os fatos na forma especificada no § 1º deste artigo, salvo
em caso de intervenções de saúde.

§ 4º O não cumprimento do disposto nesta Lei implicará a aplicação das sanções


previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente) .

4.1 Dinâmica do projeto

O Depoimento Sem Dano, legalmente previsto a partir de 2017, vem sendo


largamente utilizado em processos judiciais em que crianças e adolescentes são
vítimas ou testemunhas. Trata-se de uma prática através da qual o infante envolvido
tem tomado o seu depoimento em sala especialmente projetada para tal fim, por
intermédio de um profissional capacitado designado pela autoridade judiciária –
comumente psicólogo ou Assistente Social – e registrado por meio audiovisual.
17

Apesar de serem os casos de violência sexual aqueles que mais se utilizam do


novo método, visto que em média 80% das violências no âmbito doméstico são casos
de abusos sexuais, diversas são as espécies de demandas em que o depoimento é
empregado. Pode-se citar, exemplificativamente: violência/maus-tratos domésticos,
negligência, pedofilia, pornografia infantil, ações de guarda, regulamentação de
visitas, suspensão e destituição do poder familiar, alienação parental, entre outras .
As políticas implementadas nos sistemas de justiça, segurança pública,
assistência social, educação e saúde devem articular-se na tomada de ações, visando
a efetividade, voltadas ao acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de
violência.
Os profissionais das diversas áreas (jurídicas, sociais, da saúde) devem agir
conjuntamente, devendo avaliar pormenorizadamente as necessidades da vítima
ocasionadas pelas ofensas sofridas.
Os atendimentos devem ser céleres, priorizando o atendimento em razão da
idade ou da gravidade do evento e seus prejuízos ao desenvolvimento psicossocial,
objetivando reduzir ao máximo as consequências nocivas às vítimas e seus familiares.
O poder público vem criando e ampliando sua rede de atendimento, bem como
a qualidade e especialização de seus profissionais. Embora os esforços dessa
implementação, a precariedade, tanto na infraestrutura quanto na qualidade e no
comportamento dos profissionais, cause impactos negativos no sistema judiciário.
Quando falasse de infraestrutura o problema é sanável com certa facilidade,
afinal a lei estabelece que os tribunais tenham salas apartadas, com equipamentos
eletrônicos que possibilitem a gravação audiovisual e meios das partes (advogados,
assistentes de acusação e defesa) e juiz se comuniquem com o entrevistador.
Tais ambientes devem ser acolhedores, mas que não possuam elementos que
possam distrair o entrevistado. Também é fundamental que as vítimas não tenham
nenhum contato com o (a) agressor (a) antes ou após deu depoimento. O contato
entre ambos pode prejudicar a produção de provas já que a vítima pode se sentir
intimidada, acuada ou pressionada.
Os responsáveis pelas vítimas também não podem estar na mesma sala que
ela durante a oitiva. Essa medida é tomada para que o entrevistado se sinta livre, mais
à vontade para expressar-se sem qualquer coação que possa vir da própria família ou
da presença do corpo judiciário, dentre outros profissionais, ferindo sua dignidade e
intimidade, e consequentemente uma revitimização.
18

Não foge a realidade casos em que autoridades jurídicas, assistentes sociais,


profissionais de saúde, descartam as imposições da Lei, frustrando e arruinando tanto
o processo quanto a parte que este prioriza proteger.
Tão preocupante quanto a menção a cima é que os abusos contra crianças e
adolescentes costumam acontecer dentro do ambiente familiar, muitas vezes não
chegando ao conhecimento das autoridades. Tal situação, denominada “síndrome do
silêncio”, por Balbinotti, submete a vítima ao status de responsável pela dissolução
familiar, pela prisão do familiar abusador, ou até pelas punições que esta venha a
sofrer.
Tamanha pressão sentida por uma pessoa ainda imatura e tristemente violada
ocasiona sérios riscos a produção de provas, sem mencionar nos danos irreparáveis,
tanto física quanto psicologicamente nas vítimas.
A lei 13.341/17 foi pensada para evitar a revitimização, ou seja, danos
posteriores causados nas inquirições para averiguação de crimes.

4.2 Resultados

Dentre os fatores que possibilitam a construção do conjunto probatório do crime


de abuso sexual contra a criança, o depoimento da vítima é apontado como o mais
eficaz para o esclarecimento dos fatos ocorridos e o que requer mais delicadeza na
sua produção.
Essa escuta constitui-se, na maioria das vezes, no único elemento que lastreia
a denúncia contra o suposto agressor, já que os crimes são cometidos sem a presença
de testemunhas, razão pela qual necessita de uma condução especial, sob pena de
comprometer, de forma irreversível, a compreensão do que houve realmente e de se
desperdiçar uma das mais valiosas provas do delito.
A análise realizada a partir dos resultados obtidos com a revisão de literatura,
com a revisão legislativa e dos casos práticos estudados assegura a proteção integral
e o interesse superior da criança –máximas a serem mantidas no cerne das
discussões que envolvam crianças e adolescência.
A articulação do saber jurídico com as demais ciências sociais e humanas, por
meio da aplicação do Depoimento sem Dano, mostra-se um importante instrumento
para a efetivação da redução de danos às vítimas infantes de abuso sexual perpetrado
por seus familiares ou por desconhecidos.
19

Adaptar as técnicas jurídicas consolidadas às necessidades apresentadas pela


sociedade configura-se como obrigação tanto dos operadores do Direito como das
demais áreas que atuam em prol da infância e adolescência.
Para tanto, é relevante perceber que o conhecimento é uma riqueza ramificada
na ciência, que atravessa diversos entendimentos e visões, de modo a se completar
e a se efetivar.
Experiências no direito comparado servem de exemplo para o Brasil, sendo
observado em países como França, Argentina e África sucesso na implantação de
depoimentos especiais em ações envolvendo a população infanto-juvenil. Os países
citados possuem modelos há mais tempo, inclusive já possuindo legislação a respeito.
Destaca-se:

Através da Lei registrada sob o n° 25.852, promulgada pelo


Congresso Nacional da Argentina em 04 de dezembro de
2003, e sancionada em 06 de janeiro de 2004, diferentemente
do modelo francês, que torna preferencial, mas não obrigatória,
a inquirição através de profissionais capacitados e com
gravação de vídeo e som, o modelo argentino inclui em sua
ordenação processual penal a obrigatoriedade de tal prática
quando a vítima ainda tenha completado dezesseis anos de
idade. O Código Processual Penal Argentino, que pela citada
lei teve em si incorporado o artigo 250 bis, proíbe
expressamente, qualquer que seja a hipótese, que vítimas de
abuso sexual até os dezesseis anos incompletos sejam
interrogadas de forma direta pelo tribunal ou pelas partes,
devendo também, obrigatoriamente, ser a facilitação do
depoimento realizada por psicólogo especializado em crianças
e adolescentes (HEITOR, S.; ANTÔNIO, C.; FEDERICO, S.;
HERMES, Z, J., p. 246, 2019).

5. CONCLUSÃO

Os processos de violência contra crianças e adolescentes, nas suas mais


diversas formas, podem ser entendidos por vitimização primária, pois violam os
direitos fundamentais desses e deixam marcas físicas e psicológicas.
Impende ressaltar que, após este percurso, a conclusão a que se chega é que
o método se mostra adequado à redução de danos e tutela às vítimas, pois seu próprio
formato protege e resguarda a vítima do embate jurídico processual, assim como por
esse distingue-se a vítima/testemunha como pessoa em fase de desenvolvimento
biopsicossocial.
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Percebeu-se a grande inovação na busca de proteger sujeitos tão vulneráveis


como são as crianças e os adolescentes, preocupando-se também em oferecer a
estas melhores condições para seu convívio social, na busca de superar traumas.
A prática de violência contra crianças e adolescentes, por vezes, deixam
marcas indeléveis, e ao tratar de tal assunto é preciso que os profissionais sejam
capacitados para que a vítima não reviva todo o transtorno do passado. Para isto a
Lei traz a escuta especializada e o depoimento especial como principais mecanismos
de observância e auxílio jurídico para que as vítimas sejam respeitadas e atendidas
de forma integral.
A ideia principal é a de melhorar o atendimento oferecido a tais sujeitos,
buscando o minimizar o sofrimento que já foi sofrido, a oitiva busca elucidação de
fatos, mas também deve revelar o cuidado com o sujeito, priorizando sua integridade
psicológica.
As questões que envolvem crianças e adolescentes evoluem lentamente,
porém a Lei 13.431/17 leva a um repensar e uma mudança no agir, mostrando que as
crianças e adolescentes necessitam olhar diferenciado. Isto exige que os profissionais
responsáveis pelo trato com estes sujeitos tenham formação adequada, a fim de não
reforçar a violência, mas sim, auxiliar a vítima e a justiça, para que ambos cresçam e
resolvam tais problemas que assolam a sociedade.
É certo que o depoimento de crianças ou adolescentes, por suas
peculiaridades, desafia a dogmática processual penal e inquieta a prática forense.
Outrossim, é certo que a condição de ser humano em desenvolvimento deve
motivar tutela jurídica específica. No entanto, é desde logo questionável que o
processo penal, só concebível como atividade do Estado democrático de direito
enquanto instrumento de contenção do poder punitivo, sirva como foro para essa
discussão, assim como é absolutamente improvável que se consiga fazer do processo
penal um mecanismo de decisão dos conflitos interpessoais sem danos, todavia cabe
a todos o máximo empenho para que esse dano seja reduzido ao invés de
potencializado.
Tornemo-nos mais humanos frente a nossos iguais, não sejamos indiferentes
as mazelas sociais como se imunes fossemos.
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REFERÊNCIAS
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Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, 2019

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violência letal e o programa de proteção a crianças e adolescentes ameaçados de
morte no estado de Alagoas, 2014

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histórica, políticas sociais, práticas e proteção social. Rio de Janeiro, 2005. 248f. Tese
(Doutorado em Psicologia), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Apud:
JUNIOR, João Paulo Robert; Evolução Jurídica do Direito da Criança e do
Adolescente no Brasil. Revista da Unicef

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Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

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adolescente vítima ou testemunha de violência e altera Lei nº 8069 de 13 de julho de
1990.Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Lei/L13431.htm .

CAVALCANTE, I. M. de R. Séculos de infância: a história dos direitos das crianças


no contexto dos direitos humanos. 2022.

CEZAR, J. A. D. Depoimento sem danos: uma alternativa para inquirir crianças e


adolescentes nos processos judiciais. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora,
2007.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Culturas e Práticas não Revitimizantes:


Cartografia Nacional das Experiências Alternativas de Tomada de Depoimento
Especial de Crianças e Adolescentes em Processos Judiciais no Brasil

Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069/90. Brasília. Distrito Federal:


Congresso Nacional, 1990. Disponível em:
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FALEIROS V. P.; FALEIROS E. T.S.; CARDOSO C. M. C.; PACHECO L. A.;


CAVICCHIOLI F. R. Circuito e curtos circuitos no atendimento, defesa e
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HEITOR, S.; ANTÔNIO, C.; FEDERICO, S.; HERMES, Z, J. [Organizadores]. Temas


de Direito Processual Contemporâneo: III Congresso Brasil-Argentina de Direito
Processual. Editora Milfontes, 2019.

Lei n° 13.341/17, disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2017/Lei/L13431.htm.

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