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Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2
1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
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NOSSA HISTÓRIA
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1 - INTRODUÇÃO
Nossa Constituição Federal trouxe elementares alterações em nosso sistema jurídico,
esclarecendo um novo dogma na proteção dos interesses da infanto- juventude.
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adolescentes em crimes de certa complexidade, propondo a infundada ideia de
impunidade.
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2- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Dificilmente entender certos direitos, sem ao menos ter em mente sua origem,
contudo, é preciso fazer entender, a evolução histórica do direito em relação as
crianças e os adolescentes desde o início dos tempos até a atualidade.
Foi em meados da Idade Contemporânea, que foi possível destacar uma alavancada
na firmação das políticas e práticas de proteção social para criança e para o
adolescente. Com isso, o Brasil como no alicerce internacional, bem como outros
países, dão um pulo alto na proporção dos direitos das crianças e dos adolescentes
(ROBERTI JUNIOR, 2012, p. 4).
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da Infância que faz com que os Estados não sejam os únicos soberanos em
matéria dos direitos da criança - (Londres);
1920: União Internacional de Auxílio à Criança - (Genebra).
1923: EglantyneJebb (1876-1928), fundadora da SavetheChildren, formula
junto com a União Internacional de Auxílio à Criança a Declaração de Genebra
sobre os Direitos da Criança, conhecida por Declaração de Genebra.
1924: A Sociedade das Nações adota a Declaração dos Direitos da Criança de
Genebra, que determinava sobre a necessidade de proporcionar à criança uma
proteção especial. Pela primeira vez, uma entidade internacional tomou
posição definida ao recomendar aos Estados filiados cuidados legislativos
próprios, destinados a beneficiar especialmente a população infanto-juvenil.
1927: Ocorre o IV Congresso Panamericano da criança, onde dez países
(Argentina, Bolívia, Brasil, Cuba, Chile, Equador, Estados Unidos, Peru,
Uruguai e Venezuela) subscrevem a ata de fundação do Instituto
Interamericano da Criança (IIN - Instituto Interamericano Del Niño) que
atualmente encontra-se vinculado à Organização dos Estados Americanos –
OEA, e estendido à adolescência, cujo organismo destina-se a promoção do
bem-estar da infância e da maternidade na região.
1946: é recomendada pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas
a adoção da Declaração de Genebra. Logo após a II Guerra Mundial um
movimento internacional se manifesta a favor da criação do Fundo
Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância - UNICEF.
1948: em 10 de dezembro de 1948 a Assembleia das Nações Unidas proclama
a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nela os direitos e liberdades
das crianças e adolescentes estão implicitamente incluídos, nomeadamente
no art. XXV, item II, que consubstancia que a maternidade e a infância têm
direito a cuidados e assistência especiais, bem como que a todas as crianças
nascidas dentro ou fora do matrimônio é assegurado o direito a mesma
proteção social.
1959: adota-se por unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança, embora
que este texto não seja de cumprimento obrigatório para os estados-membros.
1969: É adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada
Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em
22/11/1969.Neste documento o art. 193 estabelece que todas as crianças têm
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direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, tanto por
parte da sua família, como da sociedade e do Estado.
1989: A Convenção Internacional relativa aos Direitos da Criança - CDC é
adotada pela Assembleia Geral da ONU e aberta à subscrição e ratificação
pelos Estados. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança foi o
marco internacional na concepção de proteção social â infância e adolescência
e que deu as bases para a Doutrina da proteção integral, que fundamentou o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA Lei nº 8.069, de 13.07.1990).
Várias foram as tentativas de busca a proteção dos direitos das crianças e dos
adolescentes, e detalhá-los se tornaria algo muito extenso, e por isso, será feito
apenas algumas abordagens de relevância durante essa transgressão de tempo.
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Em seguida, pulando mais alguns anos, evidencia-se o Serviço de Assistência aos
Menores (SAM), criado em 1942 com o objetivo de atender os jovens em situação de
abandono ou em conflito com a lei. Mas aqueles que incidiam em atos infracionais, o
sistema um meio corretivo e de muita repressão (ALVES, 2009, p.11).
Tempos depois, outro marco de destaque foi a Declaração Universal dos direitos das
Crianças, com aprovação concedida pela ONU em 1959, e trouxe em seus artigos,
uma forma rígida de reprimir qualquer requinte de violência contra criança ou
adolescente.
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2.2 - Do Estatuto da Criança e do Adolescente (LEI 8.069/1990)
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Ressalta-se que o Estatuto da criança e do Adolescente, surgiu com o apelo e súplica
populacional por um sistema mais firme e justo de proteção aos direitos desses
indivíduos.
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O Estatuto da Criança e do Adolescente inovou ao abranger toda criança e
adolescente em qualquer situação jurídica, rompendo definitivamente com a
doutrina da situação irregular, assegurando que cada brasileiro que nasce
possa ter assegurado seu pleno desenvolvimento, mesmo que cometa um
ato ilícito (TAVARES, 2011, p. 7).
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o Sistema Primário, que dá conta das Políticas Públicas de
Atendimento a crianças e adolescentes (especialmente os arts. 4° e
85/87);
o Sistema Secundário que trata das Medidas de Proteção dirigidas a
crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, não
autores de atos infracionais, de natureza preventiva, ou seja, crianças
e adolescentes enquanto vítimas, enquanto violados em seus direitos
fundamentais (especialmente os arts. 98 e 101);
o Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis
a adolescentes em conflito com a Lei, autores de atos infracionais, ou
seja, quando passam à condição de vitimizadores (especialmente os
arts. 103 e 112) (SARAIVA, 2003, p.62).
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2.3 – Princípios de Proteção à Criança e ao Adolescente
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2.3.1 - Princípio da proteção Integral
Tal princípio está previsto no art. 1º do referido diploma e diz: “esta lei dispõe sobre a
proteção integral à criança e ao adolescente”.
Percebe-se que os direitos das crianças e adolescentes não podem ser exclusivos de
uma ou outra categoria e sim que sejam englobadas todas elas, infratores ou não,
sendo aplicadas a todas indistintamente.
Segundo Cury, o mesmo relata que o Estatuto tem como objetivo a proteção integral
da criança e do adolescente, e cada brasileiro que nasce possa ser assegurado seu
pleno desenvolvimento, desde as físicas até a moral e religiosa (CURY, 2006, p. 115).
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2.3.2 - Princípio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento
Este princípio está intimamente ligado aos demais princípios, vem descrito no art. 6º:
“Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que a ela se dirige,
as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a
condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento”
(BRASIL. Lei n. 8.069/90).
O artigo 6º é o ponto principal para a leitura e interpretação do ECA, pois para sua
adequada compreensão devem ser considerados vários aspectos, como, por
exemplo, a finalidade social, as condições do bem comum, os direitos e deveres
individuais e coletivos e a condição particular da pessoa em desenvolvimento
(COSTA, 2006, p. 55).
Tal princípio é entendido como base para a nova legislação somando-se à condição
jurídica de sujeito de direito e à condição política de absoluta prioridade. Ademais,
tem-se que a criança e o adolescente não conhecem totalmente, nem possuem
condições de defender e de fazer valer plenamente seus direitos, e não tem ainda
capacidades plenas de suprir suas necessidades básicas (COSTA, 2006, p. 55).
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2.3.3 - Principio da Intervenção mínima
Está previsto no art. 37, b, na Convenção sobre os Direitos da Criança que dispõe:
“nenhuma criança seja privada de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrária. A
detenção, a reclusão ou a prisão de uma criança, serão efetuadas conforme em
conformidade com a lei e apenas com último recurso, e durante o mais breve período
de tempo que for apropriado” (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
A Constituição Federal de 1988 também consagra em seu art. 227, §3º, V que o direito
a proteção especial abrangerá “a obediência aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,
quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade”. Assim, fica claro que
a aplicação de medidas punitivas aplicáveis aos jovens deve ser utilizada em último
caso pelo sistema de justiça da infância e juventude. Dispositivo que é reafirmado no
art. 112 do ECA ao dizer que a autoridade “poderá” aplicar ao adolescente as medidas
nele previstas (DE SÁ, 2009, p. 47).
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2.3.4- Princípio da proporcionalidade
Por outra parte, a falta de uma política séria em termos de ocupação racional dos
espaços geográficos, a ensejar migração desordenada, produtora de favelas
periféricas nas capitais dos Estados, ou até mesmo nas médias cidades, está
permitindo e vai permitir, mais ainda, pela precariedade de vida de seus habitantes,
o aumento, também, da delinquência infanto-juvenil (AMARANTE, 2002, p. 324).
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O Ato infracional é,
Desta forma, considera-se ato infracional todo fato típico, descrito como crime ou
contravenção penal (AQUINO, 2012).
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previstas no art. 101 do mesmo diploma. Toda criança e adolescente recebem
tratamento individualizado e especial, mesmo quando praticam condutas que sejam
tipificadas no Código Penal (RAMIDOFF, 2008, 74).
Para RAMIDOFF:
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autores de ato infracional com consequências para a sociedade, igual ao
crime e à contravenção, mas, mesmo assim, com contornos diversos, diante
do aspecto da inimputabilidade e das medidas a lhes serem aplicadas, por
não se assemelharem estas com as várias espécies de reprimendas
(AMARANTE, 2002, p. 325).
Dessa forma, tem-se duas correntes, uma qual a conduta praticada pela criança ou
adolescente esteja revestida dos elementos que caracterização crime ou
contravenção, e outra que não vislumbra a diferença entre ato infracional crime e
contravenção (ENGEL, 2006).
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4.3 – Apuração do Ato Infracional
Assim, de acordo com art. 106 do Eca, o adolescente poderá ser apreendido em
flagrante delito, no sentido que “nenhum adolescente será privado de sua liberdade
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente”.
Desta forma, no art. 107 do ECA, aduz que a apreensão do adolescente feita em
flagrante deve ser imediatamente comunicada a autoridade judiciária competente,
aos pais ou responsáveis ou quem ele indicar.
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Poderá também o Ministério Público de acordo com o art. 180 do ECA, a promoção
do arquivamento dos autos, a concessão de remissão ou ainda a representação à
autoridade judiciária para a aplicação das medidas socioeducativas.
De acordo com o Estatuto, quanto ao arquivamento dos autos, deve ser pedido
fundamentado na inexistência do ato infracional, inexistência da prova de participação
do adolescente no ato, deve estar presente a excludente de antijuridicidade ou
culpabilidade e inexistência de prova suficiente para a condenação (ELIZEU, 2010).
O art. 184 do referido diploma, assim como o art. 41 do Código de Processo Penal, a
representação é oferecida por petição, observando o princípio do contraditório e
ampla defesa, assim que recebida pelo juiz, o processo será iniciado.
Assim que o adolescente se apresentar em juízo, será marcada audiência, onde será
feito o interrogatório. Após serão ouvidos os pais ou responsáveis quando apreciará
a aplicação da remissão. Caso não haja remissão o processo terá continuidade com
a apresentação de defesa previa e rol de testemunhas, podendo o juiz determinar
diligencias, neste caso será designada nova audiência.
I - advertência;
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IV - liberdade assistida;
Com base no conceito retro, pode-se dizer que as medidas de proteção que estão
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente são aplicadas pela autoridade
competente, sejam juízes, promotores, conselheiros tutelares, às crianças e
adolescentes que tiveram seus direitos fundamentais ameaçados ou violados.
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I –por ação ou omissão da sociedade ou Estado;
Na aplicação das medidas de proteção será levado em conta de acordo com o art.
100 do ECA, as necessidades pedagógicas, preferindo as que visam o fortalecimento
dos vínculos familiares e sociais.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
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Observa-se que no disposto nos artigos, o legislador teve a preocupação em tocar
tanto na criança quando na família, pois quando uma criança/adolescente comete ato
infracional, entende-se que a base familiar não está bem, não conseguindo sustentar
a criança dentro da sociedade (CASSANDRE, 2008, 34).
I – advertência;
IV – liberdade assistida;
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§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de
trabalho forçado.
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5. DAS ESPÉCIES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
I - advertência;
IV - liberdade assistida;
(...)
De mais a mais, as medidas, tem caráter impositivo, pois não é de cunho do infrator
escolher ou acatar a medida determinada. Possui, ainda, finalidade sancionatória,
uma vez que descumprida a regra de convivência por meio de ação ou omissão do
menor, ele responderá por seus atos na proporção de sua atitude, sendo-lhe aplicada
a medida cabível e necessária.
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5.1. Da Advertência
Dispõe o art. 115 do ECA, que “A advertência consistirá na admoestação verbal, que
será reduzida a termo e assinada”. O termo advertência significa admoestação,
observação, aviso, ato de advertir.
De acordo com Nogueira “a advertência deve ser a medida mais usada, uma vez que
toda medida aplicada ao menor visa à sua integração sócio familiar”. (NOGUEIRA
apud CHAVES, 1997, 517)
De acordo com o artigo 114, parágrafo único do Estatuto, para que seja feita a
advertência é necessária prova da materialidade do fato e indícios suficientes de
autoria.
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Entretanto, Cury, Silva e Mendez, entendem no seguinte sentido:
Assim, tem-se que a advertência deve ser destinada, em regra, a adolescentes que
não possuam antecedentes infracionais e para os casos de infrações brandas.
Preconiza o art. 116 do Estatuto que “em se tratando de ato infracional com reflexos
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
prejuízo da vítima.”
Essa medida socioeducativa pode ser injetada ao adolescente autor de ato infracional
e, consequentemente, ao seu responsável legal.
Não é tranquila a ideia de que essa medida deve ser colocada em procedimento
contraditório, pois incube ao adolescente fazer a sua defesa devidamente assistida
por advogado.
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Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser
substituída por outra adequada.
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semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a
não prejudicara frequência à escola ou jornada normal de trabalho.
Segundo Cury, Silva e Mendez é uma das medidas socioeducativas que se reveste,
hoje, de um grande e profundo significado pessoal e social para o adolescente
infrator.
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5.4. Da Liberdade Assistida
A aplicação da liberdade assistida está prevista no artigo 118 do ECA, qual seja:
Art. 118 - A liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a medida
mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Essa medida será determinada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, sendo possível
a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra sempre que
preciso, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor. Devido a sua
finalidade, não há prazo máximo para ser cumprido, sendo admissível enquanto o
Juiz considerar necessário ao adolescente.
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As condições que serão cumpridas pelo adolescente não estão especificadas no
ECA, sendo de incumbência da autoridade judiciária, que individualizará o tratamento
tutelar, aplicando no caso concreto as condições, que poderão abarcar as relações
de trabalho, escola e familiares. Ademais, deve-se sempre considerar a capacidade
do adolescente de cumprir essas condições, as circunstâncias e a gravidade da
infração, de acordo com o que dispõe o artigo 112, § 2°.
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Compreende-se, por semiliberdade, como uma medida socioeducativa destinada a
adolescentes infratores, que trabalham e estudam durante o dia, e à noite recolhem-
se a uma entidade especializada. São obrigatórias a escolarização e a
profissionalização.
5.6. Da Internação
O art. 121, caput, do ECA permite o entendimento sobre a medida, suas condições
de imposição e desenvolvimento: “A internação constitui medida privativa da
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento.”
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Ao atingir o limite máximo de 3 anos, o adolescente deverá ser liberado, posto em
regime de semiliberdade ou de liberdade assistida, sendo a liberação compulsória
aos 21 anos de idade. Assim, após essa idade não poderá ser aplicada qualquer
medida socioeducativa.
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Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os
seguintes:
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim
o deseje;
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A desinternação, em qualquer hipótese, deverá sempre ser antecedida de autorização
judicial e devendo ser ouvido o Ministério Público.
O promotor Paulo Affonso Garrido de Paula, citado por Wilson Donizeti Liberati, assim
destacava a finalidade da medida de internação ainda na vigência do Código de
Menores:
José Farias Tavares salienta que há quem atribua caráter punitivo à medida de
internação, apesar das disposições do ECA quanto à proteção do adolescente, e
exemplifica essa hipótese citando um acórdão do eminente Des. Yussef Cahali:
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5.7 – Remissão
Segundo Chaves:
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É medida exclusiva do representante do Ministério Público por força dos artigos 180,
inciso II e 201, inciso I, que, em lugar de pedir a execução do procedimento, concede
a remissão, podendo incluir a aplicação de qualquer das medidas previstas na lei,
exceto a disposição em regime de semiliberdade e a internação, como estabelece o
artigo 127. A manifestação deve ser fundamentada e o pedido homologado pelo juiz,
que, não concordando com sua aplicação, deve remeter os autos ao Procurador-
Geral de Justiça (ABREU, 2009, p. 30).
A remissão pode ser posta como perdão puro e simples, sem a aplicação de qualquer
medida, ou ainda, como uma espécie de transação, a critério do representante do
Ministério Público ou da autoridade judiciária, como diminuição das consequências
do ato infracional.
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Conforme Chaves (1997, p. 566), a concessão da remissão como causa de
suspensão ou extinção do procedimento de investigação do ato infracional compete
à autoridade judiciária e, só serão aceitas no curso do processo, quando madura a
decisão ou quando alcançado o objetivo a que se presta o procedimento, qual seja, a
educação e a reintegração do adolescente às normas sociais de conduta. Já como
forma de exclusão do processo, é responsabilidade do membro do Ministério Público
podendo ser concedida quando comprovado que o início do procedimento não trará
benefícios ao adolescente.
O artigo 128 do Estatuto dispõe que a medida aplicada devido a remissão poderá ser
reanalisada judicialmente, em qualquer momento, mediante pedido expresso do
adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
c) convertê-la em perdão.
Para que seja aplicada medida de regime de semiliberdade ou internação deverá ser
instaurado o procedimento referente ao devido processo legal, ou então, se estava
suspenso ou extinto, será dado continuação na forma regular (FONSECA, 2006,
p.31).
Quanto à constitucionalidade dos artigos 126 a 128 Cury, Silva e Mendez (2002, p.
414), entendem que a aplicação da remissão com medidas previstas na lei não
acarreta, necessariamente, reconhecimento ou comprovação de responsabilidade,
nem predomina como antecedentes e, ainda, quando aplicada pelo Ministério Público
se sujeita ao controle jurisdicional.
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6-EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Uma medida quando bem executada, seja em meio fechado ou aberto, pode produzir
novos cenários aos adolescentes, inclusive para as famílias destes.
Tendo por fundamento a doutrina integral, verifica-se que para atingir a finalidade da
medida socioeducativa, é importante destacar que se estabeleça uma proposta
socioeducativa, contando com orientação pedagógica psicológica e profissional
(MATOS, 2011, p. 37).
Tais medidas devem ser trabalhadas para o desenvolvimento dos menores infratores,
visando orientá-los quanto aos seus direitos e deveres perante a sociedade. Ainda,
buscando desenvolver a educação profissional para que possam pleitear
oportunidades de emprego, assim ser reinseridos na sociedade de forma que possam
sentir pertencentes a ela (MATOS, 2011, p. 37).
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precisamente nas ocasiões em que se afloram preconceitos vinculados apenas na
dimensão comportamental socialmente fixada.
Para confirmar tal, veja o disposto no artigo 104 do referido diploma legal: “Art. 104.
São plenamente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas
previstas nesta lei”, no mesmo sentido, exalta o art. 228 da Constituição da República
de 1988.
Assim, toda e qualquer medida legal que estabelecida aos jovens, restou determinado
normativo tanto pela Constituição, quanto pela Lei Federal 8.069 de 1990, devendo
priorizar a maturidade pessoal, afetividade e a própria humanidade, destes que se
encontram na condição peculiar de desenvolvimento de suas personalidades.
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importante dizer que a medida socioeducativa, não deixando de ser uma
ação moram, por certo, não se limita também a ser uma mera seqüência de
atos desconexos, nem uma pura execução mecânico-material de
determinados atos conexos, os quais são determinados por um
comportamento idealizado legalmente e tomado da experiência paralela do
mundo adulto como modelo. O exemplo mais eloqüente é a famigerada
proposta de uma “Lei de Diretrizes Socioeducativas”, através da qual
pretende-se resolver a histórica crise do Direito, qual seja, a sua falta de
efetividade. E mais uma vez, para isto, socorre-se da interposição legislativa,
vale dizer, da criação de mais e mais textos legais que, para além de uma
conformação interna e autoprodutiva do próprio Direito, também, relativiza
todo um sistema conjugado de garantias, enfraquecendo, pois, os valores
fundamentais, precisamente, pelo paralelismo legislativo, ou seja, pela
difusão de regras e regulamentos (RAMIDOFF, 2008, p. 101-102).
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É interessante ressaltar o papel da autoridade judiciária, que para que as medidas
socioeducativas tenham efeito, é necessário que o Juiz a aplique de forma inteligente,
sendo analisado cada caso concreto.
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necessário que o Estado seja utilizado corretamente, sendo observada a realidade
adolescente infrator (CASSANDRE, 2008, p. 49).
Por muitos anos, as crianças e adolescentes não tinha a devida proteção, seus
direitos e garantias deixava a desejar justamente na fase de desenvolvimento, onde
a criança necessita de mais atenção e cuidado. Com a promulgação do texto
constitucional de 1988, deu-se mais ênfase à infância e juventude, dando a eles
proteção integral, ou seja, que as crianças e adolescentes sejam sujeitos de direito,
com garantias e prioridade absoluta.
A criança/adolescente que comete um ato infracional está infringindo a lei, e para isso
o Estatuto criou algumas regras para que este menor infrator responda pelo ato
infracional. O ECA dá ao adolescente uma condição especial para que este possa
buscar o desenvolvimento, reeducando o menor para que ele reflita as consequências
do ato infracional que cometeu, tentando desta forma fazer com que ele não cometa
mais nenhum ato infracional.
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Embora o Estatuto estabeleça direitos e garantia a esses menores infratores, nem
sempre há uma recuperação destes menores, aos quais possamos considerá-los
ressocializados por completo, pois alguns ainda insistem em cometer novos atos
infracionais.
O que se percebe é que nos dias atuais tais medidas não cumprem o caráter
ressocialização, mais apresentam um caráter punitivo pelo ato infracional, e desta
forma, as medidas aplicadas aos menores infratores não atingem por completo sua
eficácia.
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Entretanto, vale destacar que a maioria dos atos infracionais ocorrem por causa do
meio em que se encontram os menores infratores, não oferecendo ao adolescente
infrator condições de aprender, de refletir sobre o ato infracional cometido.
Para que haja uma mudança, é necessário que haja mais investimento na política
social, dando aos adolescentes infratores mais oportunidades pra formarem um futuro
melhor. É necessário ainda que as medidas socioeducativas sejam aplicadas de
correta, usando seu caráter pedagógico, pois só assim, a criminalidade infantil será
solucionada e a reinserção destes infratores será por completa.
47
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