Você está na página 1de 26

Formação em Políticas

Públicas Para a Juventude

1
Evolução histórica das
políticas públicas de
Juventude

1
Conteudista:
Carlos Adriano Ferraz (Conteudista, 2021);

Luciana Alves de Lima (Conteudista, 2021);

Pedro Tomaz de Oliveira Neto (Conteudista, 2021);

Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF

2
Sumário

Unidade 1. Conceito e história da participação do jovem no processo sócio-político


brasileiro ............................................................................................................................. 4
1.1 Conceito de juventude.................................................................................................................................... 4

1.2 História da participação política do jovem no Brasil..........................................................................13

1.3 Evolução das políticas públicas de juventude no Brasil....................................................................15

Referências..............................................................................................................................................................17

Unidade 2. Legislação sobre juventude................................................................................ 19


2.1 Legislação sobre juventude: direitos e deveres....................................................................................19

2.2 Estrutura do Governo Federal para as Políticas Públicas de Juventude......................................21

Referências..............................................................................................................................................................25

3
MÓDULO

Evolução histórica das políticas


1 públicas de Juventude
Unidade 1. Conceito e história da participação do
jovem no processo sócio-político brasileiro

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o conceito de juventude e o cenário histórico referente
à participação do jovem no processo sócio-político brasileiro.

1.1 Conceito de juventude


Antes de abordarmos as Políticas Públicas de Juventude, é necessário compreender o conceito de juventude
numa concepção que possa abranger todo indivíduo considerado jovem.

Juventude.
Fonte: Portal CIEE. Disponível em: https://portal.ciee.org.br/tags/dia-internacional-da-juventude

De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a juventude é melhor compreendida como
o período de transição da dependência da infância à independência da vida adulta:

Por essa razão, enquanto categoria, a juventude é mais fluída do que qualquer outro grupo etário.
Não obstante, a idade é a maneira mais fácil de definirmos esse grupo, particularmente em relação à
educação e à empregabilidade, pois nos referimos ao ‘ jovem’ como uma pessoa com idade de deixar o
ensino compulsório e encontrar seu primeiro emprego¹.

Para fins estatísticos, especialmente voltados para a elaboração de políticas públicas, a ONU estabeleceu
que a juventude se estende dos 15 aos 24 anos. No entanto, ela não pretende interferir nos critérios
utilizados pelos países que a constituem.

¹ Tradução livre do documento “Definition of Youth”. Disponível em https://www.un.org/esa/socdev/documents/youth/fact-sheets/


youth-definition.pdf. Acesso em 01/09/2021.

4
E você sabe qual faixa etária o Brasil entende como juventude? Veja como o jovem aparece na nossa legislação:

Estatuto da Juventude

No Brasil, o jovem é definido como aquele indivíduo com idade entre 15 e 29 anos de idade
(Estatuto da Juventude, Lei n° 12.852 de 5 de agosto de 2013).

Estatuto da Criança e do Adolescente

Aos adolescentes com idade entre 15 e 18 anos aplica-se a Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e, excepcionalmente, o Estatuto da Juventude,
quando não conflitar com as normas de proteção integral do adolescente.

Sendo assim, toda política pública para a juventude deve ser planejada e efetivada tendo em mente esse
grupo bastante abrangente. Portanto, além de fazer parte de uma faixa etária específica, que aspectos
fundamentais caracterizam a juventude?

A juventude e o futuro.

Primeiramente, importa notar que juventude é uma categoria que sempre denota o porvir: enquanto o idoso nos
remete ao passado, a uma história que deve ser reconhecida e levada em consideração para nosso aprendizado
referente à nossa narrativa histórica (em um valioso diálogo intergeracional), o jovem aponta para o futuro, não
apenas para o seu futuro em particular, mas para o futuro da sociedade de uma maneira abrangente.

Os jovens são nossos recursos humanos mais valiosos


quando pensamos na construção do caminho para
nossa prosperidade nacional.

Aliás, é da natureza do jovem pensar no futuro, especificamente em seu futuro enquanto indivíduo. Um
jovem que prospera individualmente conduz ao desenvolvimento nacional e, mesmo, global. Essa é, aliás, a
história da criação de riqueza. Indivíduos empreendedores avançaram desde um ponto de vista pessoal e,
em alguma medida, assentaram os pilares para a prosperidade social.

Dessa maneira, quando pensamos no futuro do Brasil, faz-se necessário nos perguntarmos, antes de tudo,
o seguinte: quem serão seus protagonistas? A quem cabe pavimentar o caminho para nossa prosperidade?
Ora, caberá especialmente ao jovem, mantendo-se o diálogo intergeracional.

5
A importância do diálogo intergeracional

Jovens podem ensinar novidades sobre tecnologias e redes sociais para os mais idosos. Já as pessoas mais ido-
sas possuem relatos e experiências que ajudam na construção da identidade das novas gerações. Enquanto o
ancião traz consigo uma história imersa em experiências que ajudam o jovem na construção de sua história, a
juventude é o elo que deverá conectar a história passada ao futuro rumo ao avanço civilizacional.

Diálogo Intergeracional.
Fonte: Portal do Envelhecimento. Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.
com.br/programas-intergeracionais-e-suas-potencialidades-sao-tema-de-curso/

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos tem realizado ações de incentivo às práticas
intergeracionais, como você pode ver neste vídeo disponibilizado na plataforma YouTube:

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EKeC0berReU

O diálogo intergeracional também é destacado nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU por
meio do “Compromisso da ONU com a Juventude" em seu departamento DGC Youth Representatives Programme.

Saiba mais

Para conhecer os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, clique aqui.

Para assistir ao fórum promovido pela ONU que tratou sobre a importância do diálogo
intergeracional para a promoção do desenvolvimento das nações, clique aqui.

Leia também o artigo “Jovens e a Fraternidade Intergeracional”, de Carlos Adriano


Ferraz, disponível na Biblioteca Digital do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos. Para acessar, clique aqui.

6
A juventude como transição

Como sabemos, a insegurança é comum aos jovens, os quais vivem em uma espécie de “fase de transição”, entre
um mundo no qual eles geralmente são tutelados (frequentemente pelos pais, mas muitas vezes por políticas esta-
tais) e um ‘novo mundo’, em que eles se tornarão mais autônomos, cada vez mais responsáveis por suas vidas. Ou,
como colocado no texto da ONU, eles estão entre a “dependência da infância” e a “independência da vida adulta”.

Os jovens, particularmente aqueles que atingiram os 18 anos de idade, estão deixando a educação como atividade
primária para se voltarem para a empregabilidade (ou para o empreendedorismo). Enquanto a educação deve lhes
oferecer o instrumental para a construção de sua biografia, a empregabilidade (ou o empreendedorismo) implicará
a aplicação de seu aprendizado pregresso à pavimentação do caminho para a prosperidade (sua e de seu entorno).

Contexto histórico da formação do jovem nas artes liberais

É fundamental analisarmos o jovem situado em seu contexto de formação educacional e cultural. Em um primeiro
momento, faz-se necessário reconhecermos o aspecto fundamental de sua formação (Paideia) mediante a educa-
ção, a qual deve contribuir para o avanço de sua plena realização cognitiva e moral. A propósito, não surpreende,
pois, que na idade média as chamadas “artes liberais” começassem na aurora da juventude, em torno dos 14/15
anos. Com efeito, as chamadas “artes liberais” são aqueles sete ramos do conhecimento que iniciam o jovem na
vida de aprendizado (“arte”, aqui, indica “ensino”), o que revela um aspecto fundamental dessas “artes”: seu pro-
pósito não é tanto oferecer conteúdo, mas aperfeiçoar as capacidades cognitivas e morais que permitirão ao jovem
adquirir apropriadamente conteúdo e ascender humanamente.

Resgatando a história, na idade média os jovens tinham grande estímulo ao ensino das artes
liberais com o objetivo de tornar o indivíduo livre, autônomo, capaz de dar a si mesmo a lei para
a determinação do agir e assim contribuir para a sua prosperidade e a da sua nação.

Nesta época, as “artes liberais” foram divididas em sete ramos:

Trivium 1. GRAMÁTICA
(voltado para a
linguagem , para
2. LÓGICA
a mente, o estudo
começava em torno
dos 14 anos) 3. RETÓRICA

ARTES LIBERAIS

4. ARITMÉTICA
Quadrivium
(voltado para o 5. GEOMETRIA
mundo das coisas, o
estudo começava em 6. MÚSICA
torno dos 20 anos)

7. ASTRONOMIA

7
De qualquer maneira, embora essa divisão tenha sido sistematizada na idade média, na Grécia antiga tais
“artes” já estavam presentes em filósofos como Pitágoras e Platão. Na verdade, o desenvolvimento das
“artes liberais” na era medieval foi uma forma de resgatar a ideia Greco-romana de Paidéia, de ‘formação’.

Nesse sentido, são resgatadas aquelas “artes” que, segundo autores como Agostinho, aprimoram a
civilização (primeiramente aprimorando o indivíduo – particularmente o jovem). Dessa forma, não se trata
de apenas um uso instrumental dessas “artes”.

O propósito é, em certo sentido, mais abstrato: tornar-nos livres


e mais humanos (o que nos conduz à felicidade, entendida
aqui em um sentido aristotélico/tomista, isto é, como “plena
realização humana” – eudaimonia/beatitude).

Somente após essa formação nas “artes liberais” o jovem estaria, por exemplo, pronto para ingressar na
universidade e estudar, em áreas como Direito, Teologia, Medicina e Filosofia. Portanto, a formação nas
“artes liberais” envolve o desenvolvimento de nossas habilidades cognitivas e morais.

Dessa maneira, o Trivium (“artes da linguagem”), por exemplo, funcionaria como “exercício para a mente”.
Esse exercício resultaria em “cultura”, compreendida, aqui, naquele sentido proposto pelo poeta inglês
Matthew Arnold (1822-1888), a saber, como “sweetness and light”, isto é, como “o conhecimento de nós
mesmos [de nossa mente] e do mundo [matéria]”.

Uma juventude plena e autônoma abrange alguns elementos fundamentais, não apenas referentes à
educação (ela é necessária, mas não suficiente): envolve a educação em um núcleo familiar e em uma cultura.
Sua formação, aqui, é entendida em um sentido mais amplo. Assim sendo, essa formação o capacitará
para o futuro, seja no âmbito das relações humanas seja no da perspectiva profissional. Tanto a educação
quanto um ambiente familiar são categorias fundamentais quando pensamos na formação do conceito de
juventude, especialmente em virtude de sua relação com o futuro.

A importância do contexto familiar na formação do jovem

Nossos antepassados, ainda que sem o conhecimento Desse modo, a união familiar implica tanto em uma
teórico que hoje possuímos, estavam certos em mui- abertura à procriação e ao cuidado das crianças quan-
tos aspectos (o que corrobora a ideia de que primeiro to na ‘fides’, a qual não se restringe à mera tradução li-
surgiu a sabedoria, sendo que somente depois adveio teral “fidelidade”, mas inclui exclusividade, permanên-
a reflexão). Por exemplo, em sua defesa da família dita cia, prontidão e o compromisso positivo de estar unido
(em uma perspectiva jusnaturalista) “natural” (ou “tra- com o cônjuge na mente e no corpo, em uma vida do-
dicional”). Muitas instituições (e valores) surgiram no méstica de mútua assistência. Trata-se de promover
contexto de uma ordem espontânea (catalaxia) com o pleno desenvolvimento do outro, assegurando seu
esse propósito. Hoje sabemos, e isso mesmo por ra- “florescimento humano”, algo descrito de forma para-
zões seculares, o que ocorre quando dissolvemos digmática por Viktor Frankl (2017): “o amor é a úni-
instituições surgidas espontaneamente, as quais as- ca maneira de entender outro ser humano no âmago
soalharam o caminho para a prosperidade humana mais profundo de sua personalidade. Ninguém pode
(material, “espiritual” – ou ‘moral’ lato sensu): ao dis- tornar-se plenamente consciente da própria essência
solvermos tais instituições e valores dissolvemos con- do outro, a não ser que ame. Por seu amor, alguém
sequentemente nosso tecido social moral, e isso com está habilitado a ver os traços essenciais e recursos na
diversos efeitos deletérios sobre os indivíduos e sobre pessoa amada; e ainda, ele vê o que é potencial nela,
a sociedade, algo mensurado por diversas ciências. e o que não está atualizado, mas deve ser realizado”.

8
Desintegração familiar do jovem
Fonte: SINEP/MG. Disponível em: https://sinep-mg.org.br/posts/lei-federal-busca-
prevenir-automutilacao-e-suicidio-entre-jovens-medida-traz-impactos-as-escolas

Como vimos, a juventude aponta para o futuro. Todavia, jovens imersos em ambientes disfuncionais e sem
a devida formação (educação) muito provavelmente terão suas perspectivas de futuro destruídas, e muitos
sequer terão futuro (lembremos que a segunda causa de morte entre os jovens é o suicídio, precedida,
segundo dados do ‘Atlas da Violência 2020’, pela violência interpessoal).

Saiba mais

Clique aqui para conhecer os resultados do Atlas da Violência, desenvolvido pelo


Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA.

O fortalecimento dos vínculos familiares tem se demonstrado fundamental para o enfrentamento de


diversos problemas sociais, em especial para o pleno desenvolvimento do jovem.

Nesse sentido, o Observatório Internacional da Família (Family International Monitor - FIM) publicou
recentemente um relatório que demonstra a relação de famílias estruturadas com a vulnerabilidade social
e econômica. O documento pesquisou por três anos dados de 12 países, incluindo o Brasil, e destaca a
necessidade de se implementar Políticas Públicas para o fortalecimento dos vínculos familiares como recurso
mais importante para lidar com as tensões internas e externas e as dificuldades do cotidiano de jovens.

9
Jovem em família
Fonte: www.familia.com.br.

Segundo Antônio Maria Baggio, faz-se necessária a reflexão política, jurídica e social da fraternidade por
meio da solidariedade, em que a criação de vínculos, troca de experiências e de conhecimento fortaleçam o
comprometimento coletivo para a construção de uma sociedade mais solidária e justa. Todos temos direitos
e deveres atinentes à comunidade, na qual alcançamos a plena realização enquanto pessoas (indivíduos).
Ainda que sejamos indivíduos, ou seja, a menor unidade social, nosso pleno florescimento, enquanto
pessoas, somente ocorre no contexto comunitário.

Afinal, como disse o filósofo grego Aristóteles, somos “sociais” por natureza: "não menos estranho seria
fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mundo inteiro sob a condição de viver
só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade.”.

Portanto, é importante fomentar valores, políticas públicas


e instituições nas quais o jovem poderá afirmar um dos
aspectos centrais da juventude, a saber, sua designação para a
construção do futuro em uma perspectiva fraterna.

10
Conheça a seguir algumas ações do Governo Federal com foco na população jovem e na família:

Programa “Famílias Fortes”

Desenvolvido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacio-
nal da Família, é uma ferramenta de fortalecimento de vínculos familiares como caminho para a prevenção
de comportamentos que possam gerar prejuízo social, físico e/ou emocional a crianças, adolescentes e suas
famílias. Os objetivos específicos são:

• Ensinar pais e jovens a desenvolverem maneiras eficazes de comunicação e relacionamento;


• Mostrar aos pais a importância de apoiar seus filhos;
• Ajudar os pais a disciplinar e orientar seus filhos de forma eficaz;
• Orientar os jovens sobre como compreender e valorizar seus pais; e
• Ensinar os jovens a lidar com o estresse e a pressão dos amigos.

Os principais resultados do programa são: redução da agressividade e de comportamentos de isolamento


social; melhora da interação entre pais e filhos; melhora no rendimento escolar e maior interesse e envolvi-
mento dos pais na rotina escolar dos filhos e redução do abuso de substâncias.

O programa é baseado em uma metodologia britânica e foi conduzido pelo Ministério da Saúde de 2013 a
2018. Acesse aqui os vídeos e materiais didáticos do Programa Famílias Fortes que pode ser implementado
em todos os municípios do Brasil.

Cartilha sobre Políticas Públicas Familiares

De acordo com Fox e Kumpfer e outros pesquisadores, as intervenções direcionadas para o fortalecimento fa-
miliar representam um caminho favorável à prevenção de comportamentos de risco em crianças e adolescentes.

Valente, Moreira e Sanchez afirmam que o estilo parental, ou seja, o modo como os pais educam seus filhos,
pode ser um fator de proteção ou de risco para o consumo de álcool e outras drogas na adolescência.

Nock apresenta estudos sobre o casamento produzir efeitos positivos sobre o bem-estar econômico e a
saúde tanto dos adultos, quanto das crianças.

Segundo o IBGE, 56,9% das pessoas que estão abaixo da linha da pobreza vivem numa família monoparental.

Estudos apresentados por Rector afirmam que a criação em uma família formada por um casal reduz a
probabilidade de a criança viver na pobreza em cerca de 80%.

Para Sarti, a vulnerabilidade maior se encontra nas famílias chefiadas por mulheres, situação que torna frágeis
mãe e filhos. Trata-se de promover condições que permitam reverter essa situação, pelo fortalecimento tanto
do lugar social da mulher, quanto do lugar do homem na família. As crianças serão seguramente beneficiadas.

Descubra como implementar políticas públicas familiares em seu município ou Estado, acessando aqui a
cartilha desenvolvida pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

11
Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio

A Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, instituída na Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019,
pretende ser uma estratégia permanente do poder público para a prevenção desses eventos e para o tratamento
dos condicionantes a eles associados. A política está sendo implementada pela União, em cooperação com os Es-
tados, o Distrito Federal e os Municípios, e com a participação da sociedade civil e de instituições privadas.

A Lei estabelece que escolas, tanto públicas como privadas, notifiquem aos conselhos tutelares toda suspeita ou
ocorrência confirmada envolvendo violência autoprovocada.
O Decreto nº 10.225, de 5 de fevereiro de 2020, instituiu o Comitê Gestor da Política Nacional de Prevenção da Au-
tomutilação e do Suicídio, estabelecendo normas relativas à notificação compulsória de violência autoprovocada.

Curso Política Nacional sobre Drogas: o que os gestores estaduais e municipais precisam saber

Curso 100% online e gratuito, com carga horária de 20 horas, promovido pela Secretaria Nacional de Cuidados
e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania (SENAPRED-MDS), e amparando as demandas de atuação
dos gestores estaduais e municipais, além do público em geral. A carga horária foi distribuída em 5 módulos:

CARGA
MÓDULOS HORÁRIA
Ambientação no curso 1 hora

Módulo 1 - Conceitos sobre Políticas Públicas e Legislação Vigente 04 horas

Módulo 2 - Epidemiologia do Uso de Drogas e as Evidências sobre o que Funciona e o


05 horas
que não Funciona em Políticas Públicas
Módulo 3 - Políticas de Prevenção e Diretrizes para Projetos de Prevenção 05 horas
Módulo 4 - Diretrizes para Tratamento e os Órgãos Gestores 05 horas

Total 20 horas

Para acessar o curso, clique aqui.

Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado

O Pátria Voluntária, instituído no Decreto nº 9.906, de 9 de julho de 2019, tem como finalidade promover o
voluntariado de forma articulada entre o Governo, as organizações da sociedade civil e o setor privado; e
incentivar o engajamento social e a participação cidadã em ações transformadoras da sociedade.

12
1.2 História da participação política do jovem no Brasil
Bom, pessoal, agora que aprendemos o conceito de juventude, convidamos vocês para, juntos, fazermos
uma rápida viagem pelo “túnel do tempo”. A ideia é conhecer um pouco sobre a participação política dos
jovens nos momentos mais significativos da nossa história e verificar suas contribuições para as conquistas
democráticas do presente.

Grande parte da história política brasileira pode ser contada como a história das lutas pela institucionalização
dos direitos civis, políticos e sociais da população.

Direitos Civis
Direitos Políticos

Direitos de Direitos Sociais


liberdade religiosa e Direito de voto;
pensamento; direito direito de se Direito à educação;
de ir e vir, direito de candidatar a direito à saúde; direito
propriedade, direito cargos públicos; à justiça; direito ao
ao trabalho. direito de reunião e lazer; entre outros.
organização; direito
à informação.

Direitos civis, políticos e sociais da população


Fonte: Imagem criada por Pedro Tomaz de Oliveira Neto

Essa tríade de direitos, hoje, integra a Constituição Federal de 1988 em benefício do conjunto da população,
resultado de anos de lutas do povo brasileiro, num processo de idas e vindas, avanços e retrocessos, sempre
contando com a decisiva mobilização e energia de sua juventude.

Da Independência à Proclamação da República

Uma vez independente de Portugal, o Brasil iniciou uma era de institucionalização, lenta e progressiva, de
direitos políticos e de estruturação do sistema representativo de governo. A Constituição imperial de 1824
trouxe a novidade do direito ao voto, porém, restrito aos maiores de 25 anos e possuidores de renda acima
de 100 mil réis.

Privados de quaisquer direitos de participação, os jovens mais conscientes da época, filhos da


elite nacional, dão impulso aos movimentos abolicionistas e republicanos no final do século XIX.

Na luta contra a escravidão, destaca-se a participação da juventude universitária das poucas faculdades do
período, enquanto jovens militares empunham as bandeiras do republicanismo. São eles que, no início do
século XX, agitam a cena política dominada pelos barões do café e pelo coronelismo.

Da República aos explosivos anos 1960

A Proclamação da República representou alguns avanços na luta por direitos de participação, entre os
quais se destacam a eleição direta para presidente e a supressão da exigência de renda mínima para o voto.
Entretanto, o novo regime, longe de ser reconhecido como democrático, mantinha boa parte da população
excluída do processo político, tais como os analfabetos, as mulheres, os soldados, entre outros segmentos.

13
Coube à juventude, mais uma vez, a ousadia de contestação da
ordem estabelecida. Entre os principais movimentos contra o
domínio das oligarquias, destaca-se o Tenentismo, quando jovens
oficiais lideram uma série de levantes dentro e fora dos quartéis.

No fim dos anos 1930, surge a União Nacional dos Estudantes (UNE), em torno da qual a juventude oriunda
da classe média ganha organização e poder de influência na sociedade, fortalecendo as lutas nacionalistas
do período, como foi o caso da campanha “O petróleo é nosso”, e campanhas de apoio aos combatentes
brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial.

A UNE e a campanha “O petróleo é nosso! ”


Fonte: Blog Pausa para História. Disponível em: https://pausaparahistoria.wordpress.com

Os anos do pós-guerra registram uma clara ascensão da juventude em proporções mundiais. Estava em
gestação uma consciência cada vez mais contestadora não só dos rumos da política, como também dos
valores culturais vigentes, alcançando grande destaque durante a intensa década de 1960. No Brasil,
diante das tensões políticas e ideológicas que retardaram o avanço democrático do país, as organizações
estudantis se enveredam por um ativismo político, provocando reações do governo.

Das crises dos anos 1980 até os dias atuais

Os exaltados ânimos dos 1960 se acalmaram nas décadas seguintes. As organizações estudantis perderam
representatividade entre os jovens e esses perderam cada vez mais referências para reagir diante do
agravamento da crise econômica do país nos anos 1980 e 1990. A juventude se fez presente nas grandes
manifestações do período, como os movimentos a favor das Diretas Já e em prol do pedido de impeachment
ocorrido na época, mas essa participação não se reverteu em organização para dar continuidade à
mobilização e à procura de novas práticas políticas.

O início do novo milênio e do século XXI trouxe novas e boas perspectivas para a juventude. A
globalização e a revolução tecnológica proporcionaram uma impressionante democratização
do acesso à informação, abrindo caminhos promissores aos jovens no mundo do trabalho e
novos canais de expressão e participação política.

14
Foi assim que a juventude brasileira irrompeu no cenário político, nos anos 2010, com contundentes
mobilizações em defesa de uma ampla pauta de mudanças nos rumos da economia do país e no sistema
político corroído pela corrupção.

Diferente de outras épocas, desta vez os jovens têm sido muito mais do que simples números para engrossar
manifestações, exercendo influência política no processo decisório, assim como assumindo responsabilidades
de gestão pública, seja na administração estatal, seja participando de fóruns, conselhos ou conferências,
colocando todo o seu potencial de inovação e criatividade a serviço do desenvolvimento nacional.

1.3 Evolução das políticas públicas de juventude no Brasil


Começamos este tópico com uma curiosidade:

Mesmo se fazendo presente com destacada participação nas gran-


des mobilizações políticas da nossa história, a juventude brasileira é,
dentre as categorias sociais da população, uma das últimas a ter o
reconhecimento e a garantia de seus direitos. As primeiras políticas
efetivamente em benefício dos jovens são lançadas a partir de 1990,
ano em que foi sancionado o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O fato é que as políticas públicas de juventude, desde a formação do estado brasileiro, evoluíram de acordo
com as concepções vigentes em cada época acerca desta categoria social. Até a primeira metade do século
XX, prevalecia a concepção de que a juventude era meramente uma fase de transição para a vida adulta,
requerendo do poder público políticas destinadas a preparar os jovens para os desafios do futuro.

Abaixo, conheça algumas das iniciativas de políticas públicas dos governos neste período:

Código de Menores (1927)

Legislação orientadora das políticas públicas para a infância e a adolescência. Além de


visar a formação dos jovens para o ingresso no mercado de trabalho, o Código previa
intervenções de assistência social em socorro aos menores em situações de vulnerabilidade.

Juventude Brasileira (1940)

Organização com a finalidade de promover o controle social e o culto aos valores cívicos
junto aos jovens, instituindo a obrigatoriedade da educação moral, cívica e física da infância
e da juventude. Esta organização teve vida curta, sendo extinta em 1945.

Entre as décadas de 1950 e 1980, praticamente, não houve por parte do Estado brasileiro iniciativas de
políticas públicas de juventude. No máximo, houve políticas extensivas à juventude, principalmente no
campo da educação, como as diversas reformas promovidas no ensino básico e superior.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990, é considerado a primeira iniciativa do


estado brasileiro destinada a enfrentar concretamente a problemática juvenil, pelo menos de
parte da população jovem, já que a lei alcança somente os adolescentes menores de 18 anos.

Em razão do agravamento do quadro de vulnerabilidade, no qual parcelas significativas dos jovens brasileiros
sofrem o problema da exclusão, desigualdade social, discriminações e violência, os anos 1990 registram o

15
surgimento de diversas ações e programas voltados para combater esta situação, tendo como beneficiários
jovens na faixa etária atualmente entendida como juventude: Programa de Capacitação Solidária, Projeto
Rede Jovem e Programa Alfabetização Solidária, entre outros.

Nos anos 2000, o Governo Federal criou uma estrutura específica para tratar os problemas da juventude
brasileira. É o que prevê a Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, criando a Secretaria Nacional da Juventude
- SNJ e o Conselho Nacional da Juventude - CONJUVE, além de instituir o Programa Nacional de
Inclusão de Jovens – ProJovem.

Você sabe qual foi o ponto de inflexão na evolução das políticas de juventude no Brasil?

Na verdade, temos dois momentos que são divisores de água na política nacional de juventude: o
reconhecimento dos jovens como sujeitos de direitos, em 2010, com a promulgação da Emenda Constitucional
nº 65; e a sanção da Lei nº 12.852, de 2013, instituindo o Estatuto da Juventude, que regulamenta os dispositivos
constitucionais referentes aos direitos dos jovens e a criação do Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.

Os avanços verificados na legislação permitiram o aperfeiçoamento de políticas já existentes e o lançamento,


pelos três níveis federativos de governo, de novos programas com vistas ao enfrentamento da problemática dos
jovens. No âmbito federal, vale destacar alguns programas coordenados pela Secretaria Nacional da Juventude:
• Horizontes,
• ID Jovem,
• Prêmio Inovação em Políticas Públicas de Juventude.

16
Referências

BAUER, Susan Wise. Como Educar sua Mente. São Paulo: É Realizações, 2015.
BRASIL. Atlas da Violência 2020. Ministério da Economia. Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada. IPEA. Brasília. 2020.

BRASIL. Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, que “Institui o Programa Nacional de Inclusão
de Jovens – ProJovem; cria o Conselho Nacional da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional
da Juventude, e dá outras providências.” Publicado no DOU de 01/07/2005.

BRASIL. Lei n° 12.852 de agosto de 2013, que institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre
os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o
Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE.

COSTA, Denise Resende. Institucionalização da Participação Política no Estado: História


de defesa de direitos e interesses. Brasil e Chile em perspectiva (Dissertação apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados sobre as Américas). Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação Sobre as Américas – CEPPAC; Instituto de Ciências Sociais (ICS)
da Universidade de Brasília. Brasília, 2016.

CPDOC-FGV. Arquivo Getúlio Vargas. Verbete “Juventude Brasileira”. Disponível em: http://www.fgv.
br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/juventude-brasileira-1. Acesso em: 23 jun. 2021.

ESPADA, João Carlos. Família e Políticas Públicas. Parede/Portugal: Editora Princípia, 2014.

FOX, D. P.; GOTTFREDSON, D. C.; KUMPFER, K. K.; BEATTY, P. D. Challenges in disseminating


model programs: a qualitative analysis of the Strengthening Washington DC Families
Program. Clinical Child and Family Psychology Review, [S.l.], v. 7, n. 3, p. 165-176, 2004.

FRANKL, Viktor. Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 2017.

FRANKL, Viktor. Psicoterapia para todos. Petrópolis: Vozes, 2019.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população
brasileira: 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.

JOSEPH, Miriam. O Trivium. São Paulo: É Realizações, 2008.

MARTINEAU, John (Ed.). Quadrivium. São Paulo: É Realizações, 2010.

MCLUHAN, Marshall. O Trivium Clássico. São Paulo: É Realizações, 2012.

NOCK, S. Marriage as a public issue. The Future of Children, v. 15, n. 2, p. 13-32, 2005

PAES, Janiere Portela Leite. O Código de Menores e o Estatuto da Criança e do Adolescente:


avanços e retrocessos Conteúdo Juridico, Brasilia-DF: 29 jun 2021. Disponível em: https://
conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/35183/o-codigo-de-menores-e-o-estatuto-
da-crianca-e-do-adolescente-avancos-e-retrocessos . Acesso em: 23 jun. 2021.

17
Referências

RECTOR, N. A. Cognitive-Behavioural Therapy: An Information Guide. Toronto: Centre for


Addiction & Mental Health, 2010. 60 p.

SARTI, C. A. Algumas questões sobre família e políticas sociais. In: JACQUET, C.; COSTA, L.F.
(Org.). Família em mudança. São Paulo: Companhia Ilimitada, 2004.

SOFIATI, Flávio Munhoz. “A juventude no Brasil: história e organização”. Passages de Paris,


n. 1, v. 3, 2008.

ULLMANN, Reinholdo. A Universidade Medieval. Porto Alegre: Edipucrs, 2000.

VALENTE, J.; MOREIRA, H.; SANCHEZ, Z. Gradient of association between parenting


styles and patterns of drug use in adolescence: A latent class analysis. Drug and Alcohol
Dependence. v. 180, nov. 2017, pp. 272-278. https://doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2017.08.015.

18
Unidade 2. Legislação sobre juventude
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os direitos da juventude constantes na Constituição
Federal, Estatuto da Juventude e demais legislação infraconstitucional, assim como a estrutura federal de
coordenação e execução das políticas de juventude.

2.1 Legislação sobre juventude: direitos e deveres


O Brasil tem atualmente uma moderna legislação de proteção aos direitos da juventude. Contudo, estamos
falando de leis bem recentes. A juventude brasileira foi uma das últimas categorias sociais da população a ter
seus direitos regulados por lei e ser beneficiária de políticas públicas focadas em seus interesses e necessidades.

Você sabia que...

O texto original da Constituição Federal de 1988 não fazia nenhuma menção


aos direitos dos jovens?

É verdade! Os constituintes da época aprovaram um capítulo contemplando direitos para as crianças, os


adolescentes e os idosos. E foi só! Essa omissão foi corrigida apenas em 2010, quando o Congresso Nacional
promulgou a Emenda Constitucional nº 65, alterando a denominação do Capítulo VII do Título VIII da Carta
Magna, incluindo o termo “jovem”, ficando a redação desta forma: "Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem e do Idoso".

A mesma emenda também modificou o artigo 227, para cuidar dos interesses da juventude com “absoluta
prioridade”, cujo caput prevê:

“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente


e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão”. (BRASIL, 1988)

Ainda conforme a Emenda nº 65, a lei deveria estabelecer o Estatuto da Juventude, regulamentando os
direitos dos jovens, e um plano nacional de juventude, visando articular as diferentes esferas do poder
público para execução de políticas públicas.

O Estatuto da Juventude

A Lei 12.852, de 5 de agosto de 2013 instituiu o Estatuto da Juventude, além de dispor sobre os direitos dos jovens,
os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE.

19
Estatuto da Juventude
Fonte: MMFDH - https://www.gov.br/mdh.

Pelo Estatuto, são garantidos aos jovens entre 15 e 29 anos os seguintes direitos:

1 Direito à cidadania, à participação social e política e à representação juvenil;

2 Direito à educação;

4 Direito à diversidade e à igualdade;

5 Direito à saúde;

6 Direito à cultura;

7 Direito à comunicação e à liberdade de expressão;

8 Direito ao desporto e ao lazer;

9 Direito ao território e à mobilidade;

10 Direito à sustentabilidade e ao meio ambiente e

11 Direito à segurança pública e ao acesso à justiça.

Direitos da Juventude
Fonte: Imagem criada por Pedro Tomaz de Oliveira Neto

Além dos direitos arrolados acima, o Estatuto contempla os jovens com mais dois benefícios:

• Descontos e gratuidades em transporte interestadual para jovens de baixa renda;

• Meia-entrada em eventos culturais e esportivos para estudantes e jovens de baixa renda.

20
Sistema Nacional de Juventude

Em relação ao Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE, sua criação visa organizar e articular de forma
participativa os entes federativos e as unidades de juventude para o planejamento, a implementação, o
acompanhamento e a avaliação das ações, planos e programas que constituem as políticas públicas de
juventude em todo o país.

Ainda sobre o SINAJUVE, este foi regulamentado pelo Decreto nº 9.306, de 15 de março de 2018, alterado pelo
Decreto nº 10.226, de 05 de fevereiro de 2020.

Para saber mais sobre a legislação sobre juventude, acesse aqui o artigo
“Legislação voltada à juventude do Brasil nos últimos 30 anos”, de Antônio
Reis e Milton Shintaku

2.2 Estrutura do Governo Federal para as Políticas Públicas de Juventude


A Secretaria Nacional da Juventude

A política nacional de juventude tem como órgão coordenador a Secretaria Nacional da Juventude – SNJ do
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Criada em 2005, a SNJ tem a finalidade de promover pesquisas e


diagnósticos sobre a juventude brasileira, além de elaborar, con-
solidar e executar as Políticas Nacionais de Juventude.

Com o Decreto nº 9.673, de 2 de janeiro de 2019, a Secretaria passou a integrar a estrutura do Ministério
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - MMFDH, atuando na articulação de todos os projetos e
programas destinados, em âmbito federal, aos jovens brasileiros.

Entre as principais competências da Secretaria Nacional da Juventude, definidas no Regimento Interno do


MMFDH - Portaria nº 3.136, de 26 de Dezembro de 2019, destacamos:

21
Formular, supervisionar, coordenar, integrar e articular políticas públicas
para a juventude e porpor a adequação e o aperfeiçoamento da legislação
relativa aos temas de sua competência

Articular, promover e executar programas de cooperação com


organismos nacionais e internacionais, públicos e privados

Desempenhar as atividades de Secretaria-Executiva do Conselho


Nacional da Juventude

Participar da gestão compartilhada do Programa Nacional de


Inclusão de Jovens - Projovem e da avaliação do programa

Fomentar a elaboração de políticas públicas para a juventude em


ambito municipal, distrital e estadual

Promover espaços de participação dos jovens na construção das


políticas de juventude

Propor a adequação e o aperfeiçoamento da legislação relativa aos temas


de sua competência

Competências da Secretaria Nacional de Juventude


Fonte: Imagem criada por Pedro Tomaz de Oliveira Neto

Compondo a estrutura administrativa da Secretaria Nacional da Juventude e atuando de forma conjunta com
o Gabinete, há a Secretaria-Executiva do Conselho Nacional da Juventude – CONJUVE que tem, dentre
outras competências, dar ampla publicidade aos atos deliberados no Conselho Nacional da Juventude,
assistir o Secretário Nacional nas ações estratégicas de suporte aos Conselhos Municipais, Estaduais e
Distritais de Juventude e assessorar a Comissão Organizadora da Conferência Nacional da Juventude.

SECRETARIA NACIONAL DA
JUVENTUDE - SNJ

Secretaria-Executiva do Departamento de Políticas Temáticas


Gabinete - GAB.SNJ Conselho Nacional da dos Direitos da Juventude - DEPDJ
Juventude - CONJUVE

Coordenação-Geral de Gestão -
CGG.SNJ

Coordenação-Geral de Projetos -
CGP.SNJ

Coordenação-Geral de
Desenvolvimento - CGDE.SNJ

Coordenação-Geral de Cidadania -
CGCID

22
Conheça as competências da Secretaria Nacional da Juventude, de seu
Departamento de Políticas Temáticas dos Direitos da Juventude e suas
Coordenações, acessando aqui o Regimento Interno do MMFH, a Portaria nº
3.136, de 26 de Dezembro de 2019.

Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE

O Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) foi criado em 2005 pela Lei nº 11.129. Suas competências
foram definidas pelo Decreto nº 10.069, de 17 de outubro de 2019, quais sejam:

• Propor estratégias de acompanhamento e avaliação da política nacional da


juventude
• Auxiliar a SNJ na formulação e na aplicação de políticas públicas destinadas
à juventude;

• Apoiar a SNJ na articulação com outros órgãos governamentais e com as


organizações da sociedade civil

• Promover a realização de estudos, debates e pesquisas sobre a situação juvenil,


com vistas a contribuir na elaboração de programas de políticas públicas

• Apresentar á Secretaria Nacional da Juventude, propostas de políticas públicas


e outras iniciativas que visem a assegurar e a ampliar os direitos da juventude

• Articular-se com conselhos municipais, estaduais e distrital e com outros


conselhos setoriais da juventude para ampliar a cooperação mútua e o
estabelecimento de estratégias comuns de implementação de políticas públicas
da juventude

• Fomentar o intercâmbio entre organizações juvenis nacionais e internacionais;

• Aprovar o seu regimento interno

• Eleger anualemente o Presidente e o Vice-Presidente do Conselho Nacional da


Juventude, na forma prevista no §1º do art. 4º;

• Instituir grupos de trabalho e comissões, de caráter temporário, destinados ao


estudo e à elaboração de propostas sobre temas específicos

• Deliberar sobre a perda de mandato dos membros do Conselho Nacional da


Juventude de que trata o inciso X do caput do art. 4º;

• Aprovar o calendário de reuniões ordinárias; e

• Aprovar anualmente o relatório de suas atividades

Competências do Conselho Nacional da Juventude


Fonte: Imagem criada por Pedro Tomaz de Oliveira Neto

23
O CONJUVE é composto por 30 conselheiros, sendo 20 representantes da sociedade civil e 10 representantes
do poder público, indicados para mandato de dois anos, mediante eleição direta. Os cargos de presidente
e vice-presidente do Conselho são exercidos de forma alternada, a cada ano, entre governo e sociedade.

COMPOSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUVENTUDE

Representantes do Poder Público Representante da Sociedade Civil

10 representantes indicados pela SNJ e por todos os 20 representantes dos movimentos juvenis,
ministérios que possuem programas voltados para organizações não governamentais, especialistas
os jovens; a Frente Parlamentar de Políticas para e personalidades com reconhecimento público
a Juventude da Câmara dos Deputados; o Fórum pelo trabalho que executam nessa área.
Nacional de Gestores Estaduais de Juventude; além
das associações de prefeitos.

Clique aqui para acessar o Decreto nº 10.069, de 17 de outubro de 2019, que


dispõe sobre o Conselho Nacional da Juventude.

24
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Decreto 10.069, de 17 de outubro de 2019, que dispõe sobre o Conselho Nacional da
Juventude. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/
decreto/D10069.htm>. Acesso em: 24 jun. 2021.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 65, de 13 de julho de 2010, que altera a denominação


do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modifica o seu art. 227, para cuidar
dos interesses da juventude. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/emendas/emc/emc65.htm>. Acesso em: 23 jun. 2021.

BRASIL. Lei 11.129, de 30 de junho de 2005, que institui o Programa Nacional de Inclusão de
Jovens – ProJovem; cria o Conselho Nacional da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional
de Juventude; altera as Leis nº s 10.683, de 28 de maio de 2003, e 10.429, de 24 de abril de
2002; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/lei/l11129.htm>. Acesso em: 24 jun. 2021.

BRASIL. Lei n° 12.852 de agosto de 2013, que institui o Estatuto da Juventude e dispõe
sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude
e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%20
12.852%2C%20DE%205%20DE%20AGOSTO%20DE%202013.&text=Institui%20o%20
Estatuto%20da%20Juventude,Sistema%20Nacional%20de%20Juventude%20%2D%20
SINAJUVE>. Acesso em: 24 jun. 2021.

BRASIL. Portaria nº 3.136, de 26 de Dezembro de 2019, que aprova o Regimento Interno do


Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Disponível em: <https://www.
in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-3.136-de-26-de-dezembro-de-2019-235664031>. Acesso
em: 24 jun. 2021.

BRASIL. Silva, Murilo Ribeiro. “Políticas públicas de juventude: medidas preventivas e


medidas punitivas”. Revista Cognitio Juris, Ano V, n. 14, p. 198, dez. 2015.

IBICT. Reis, Antonio Batista & Shintaku, Milton. “Legislação voltada à juventude do Brasil nos últimos
30 anos”. Revista Juventude e Políticas Públicas, Brasília, v. 1, Edição Especial, p. 1-7, fev. 2020.

25

Você também pode gostar