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Juventude, juventudes

A ‘juventude’ é apenas uma palavra.


Somos sempre o jovem ou o velho de alguém.
Bourdieu, 1983

A juventude é mais que uma palavra...


a condição histórico-cultural de juventude não se oferece de igual forma
para todos os integrantes da categoria estatística jovem.
MARGULIS, 1994

A juventude não existe de forma isolada. É preciso pensá-la em


contraposição e em relação às outras faixas etárias e gerações e
contextualizá-la socialmente.
Alexandre Barbosa Pereira, 2012
Adolescência, adolescências
Juventude, juventudes.
 Ministério da Saúde e OMS
 10 a 19 anos: adolescência
 15 a 24 anos: juventude
 O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852, 05/08/ 2013)
 15 a 17 anos: adolescentes-jovens
 18 a 24 anos: jovens-jovens
 25 a 29 anos: jovens-adultos.

Tanto a Adolescência como a Juventude têm a


característica de ser um grupo da sociedade com
fronteiras fluídas, que vivem a condição de integração
à sociedade em papéis sociais distintos da infância.
Juventude e Juventudes
É uma construção histórica e social. Cada época e cada setor,
postula diferentes maneiras de ser jovem, dentro de situações
sociais e culturais específicas. É uma produção de uma
determinada sociedade, relacionada com formas de ver os
jovens, inclusive por estereótipos, momentos históricos,
referências diversificadas e situações de classe, gênero, raça,
grupo, contexto histórico entre outras.
Juventude e Juventudes
Parte-se da afirmação de que não há somente uma
juventude, mas juventudes que se constituem em
um conjunto diversificado com diferentes parcelas de
oportunidades, dificuldades, facilidades e poder na
nossa sociedade.
Representações contraditórias sobre os jovens

Em geral, os jovens são rotulados e pré-julgados negativamente:


 São todos drogados;

 Não têm juízo;

 São inconseqüentes;

 São inexperientes;

 São revoltados;

 São violentos.
Condição Juvenil
Cinco elementos são cruciais para a definição da condição
juvenil em termos ideais-objetivos, quais sejam:
1) A obtenção da condição adulta, como uma meta;

2) A emancipação e a autonomia, como trajetória;


3) A construção de uma identidade própria, como questão
central;
4) As relações entre gerações, como um marco básico para
atingir tais propósitos;
5) As relações entre jovens para modelar identidades, ou seja,
a interação entre pares como processo de socialização.
Vulnerabilidade
• Os jovens sofrem riscos de exclusão social sem precedentes
devido a um conjunto de desequilíbrios provenientes do
mercado, Estado e sociedade que tendem a concentrar a
pobreza entre os membros deste grupo e distanciá-los do
“curso central” do sistema social.

• Os jovens são vulneráveis, mas também possuem certos


recursos para fazer frente aos obstáculos e riscos – como
energia, potencial, tendência gregária, reivindicatória e
disposição para construir projetos de vida.
Políticas de Juventude no Brasil
• Final 1990 e início 2000
Foco: jovens em situação de risco social; a condição juvenil é
apresentada como um elemento problemático em si mesmo,
demandando estratégias de enfrentamento dos “problemas da
juventude”.

• Propostas executadas guiadas pela idéia de prevenção, de


controle ou de efeito compensatório de problemas que
atingiriam a juventude.

• Grande proliferação de programas esportivos, culturais e de


trabalho orientados para o controle social do tempo livre dos
jovens, destinados particularmente para os moradores dos
bairros pobres das grandes cidades; iniciativas que não chegam
a se estruturar como uma “política de juventude”.
Políticas de Juventude no Brasil
• Aparecimento de organizações e grupos juvenis com
representação em variados campos que pressionam
o poder público a reconhecer os problemas
específicos que os afetam e a formular políticas que
contemplem ações para além das tradicionais.
– Essas demandas emergem da compreensão dos jovens
como sujeito de direitos, definidos por suas
especificidades e necessidades, que devem ser
reconhecidas no espaço público como demandas cidadãs
legítimas.
Políticas de Juventude no Brasil
Uma dívida história do Brasil com a juventude...
“Juventude como pauta prioritária da agenda pública”

• A partir de 2004: proposta de nova agenda que associa


aspectos de promoção social com os de promoção
de oportunidades e desenvolvimento.

2004: Criação do Grupo de Trabalho Interministerial de


Juventude.
– O grupo identificou a frágil institucionalidade, fragmentação e
superposição das políticas federais de juventude.
Em 2005, o lançamento da
Política Nacional de
Juventude ( PL 4530/2004).
Foi proposta a partir das
sugestões do Grupo
Interministerial.
• O GT identificou de 09 desafios que deveriam pautar
a Política Nacional de Juventude:

 Ampliar o acesso e a permanência na escola de


qualidade;
 Erradicar o analfabetismo entre os jovens;
 Preparar para o mundo do trabalho;
 Gerar trabalho e renda;
 Promover vida saudável;
 Democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, à cultura e
à tecnologia da informação;
 Promover os direitos humanos e as políticas
afirmativas;
 Estimular a cidadania e a participação social; e
 Melhorar a qualidade de vida dos jovens no meio rural
e nas comunidades tradicionais.
O Plano resultou na criação da
Secretaria Nacional de
Juventude e do
Conselho Nacional de
Juventude.
Políticas de Juventude no Brasil

• Em 2007, as ações anteriores foram


abrigadas sob a denominação de um único
nome de programa: ProJovem Integrado,
lançado em setembro de 2007 e em vigor a
partir de 1º de janeiro de 2008.
i) ProJovem Urbano;
ii) ProJovem Trabalhador;
iii) ProJovem Adolescente;
iv) ProJovem Campo.
Principais Programas e Projetos da
Política Nacional de Juventude

Outros Programas

ProUni
Programa Livro Didático para Ensino Médio
Programa Brasil Alfabetizado
Projeto Rondon
Saúde do Adolescente e do jovem
Nossa Primeira Terra e Pronaf Jovem
Pontos de Cultura
Programa Juventude e Meio Ambiente
Soldado Cidadão
Segundo Tempo
Escola Aberta
Bolsa Atleta
• PEC da Juventude
O Projeto de Emenda Constitucional* (PEC 42/2008) com o
objetivo de incluir o termo “juventude” no capítulo dos
Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal,
assegurando aos jovens a prioridade no acesso a direitos
constitucionais como saúde, alimentação, educação, lazer,
profissionalização e cultura, que já são garantidos às crianças,
adolescentes e idosos.

• A PEC foi sancionada no inicio de 2010.


Políticas de Juventude no Brasil

Elaboração do Estatuto da Juventude – O Projeto de Lei


27/2007 que propõe o estatuto da Juventude está em tramitação
no Congresso.

Divide-se em dois grandes temas: a regulamentação dos


direitos dos jovens entre 15 e 29 anos (sem prejuízo da lei
8.069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que contempla
a faixa etária de zero aos 18 anos incompletos) e a criação do
Sistema Nacional de Juventude, definindo competências e
obrigações da União, Estados e Municípios na garantia
destes direitos.
Horizontes da Política de Juventude

LIBERTADORA porque pode servir de importante instrumento de


emancipação do homem diante da opressão.

CONSCIENTIZADORA porque promove o desenvolvimento crítico na


tomada de consciência.

AUTÔNOMA: porque procura transformar o educando em sujeito, o que


implica na promoção da autonomia.

O conceito de autonomia é central na pedagogia freireana. Para ele, é


impossível viver a prática educativa sem perseguir, sem trabalhar no sentido
da autonomia do ser, do educando e do educador.
HUMANA porque prima pela construção de um mundo mais justo e
humanizado por meio de uma educação crítica e transformadora.

DIALÓGICA porque o diálogo é a essência da pedagogia libertadora –


ele gera o pensamento crítico, promove e garante a verdadeira
comunicação.

O diálogo torna-se mais um componente na busca da autonomia no


caminho da libertação, porque humaniza o homem, coloca-o em
comunicação com os outros para desvelar a realidade.
Mudança de paradigma na relação com os jovens e a
comunidade

De Para
Deficiências – foco sobre Capacidades- foco sobre as
problemas e dificuldades habilidades e potencialidades
Peritos – prevalece a questão Sujeitos – prevalece o saber
técnica da comunidade e dos jovens
Poder sobre – os jovens e a Poder compartilhado- com os
comunidade jovens e a comunidade
Recursos ofertados vêm de Recursos ofertados
fora e não têm significado respondem a demandas e
desejos dos jovens
Dependência e clientelismo Co-responsabilidade e
cidadania
Cidadania
• Mobilização Social

• Formação Política/ Lideranças

• Participação Social/ Protagonismo

• Prática de Solução de Problemas com base na cultura da paz

• Inserção do CJ nos cenários das cidades

• Facilitação do acesso às políticas públicas


Intersetorialidade
Transversalidade das Políticas

Funcionamento em rede, com adoção de estratégias que


potencializem os projetos, programas e serviços já existentes,
agregando a eles as novas ações e ofertas e, com isso, garantindo um
conjunto de intervenções articuladas.

Aproveitamento dos recursos públicos e comunitários disponíveis


em cada localidade, buscando a melhoria permanente dos espaços
e equipamentos sociais, assim como sua utilização plena.

Ação em colaboração com os atores sociais envolvidos,


entendendo-os como protagonistas do centro e dos resultados por
ele produzidos.
Desafios
• Fomentar a organização juvenil;
• Contemplar e respeitar as especificidades
juvenis;
• Superar os conflitos intergeracionais
(adultocentrismo, tutelação);
• Demonstrar a eficiência de uma política
de promoção de direitos.
“A história não está escrita.
Ela está sendo escrita e os
jovens não são meros
espectadores dessa história.
O futuro começa agora e ele
se chama juventude.”
André Franco Montoro

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