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A UALIDADES
AR
ABR
2022
Atualidades Mundo
Saúde mental na adolescência ........................................................................................................................ 2
Atualidades Brasil
Pantanal........................................................................................................................................................... 29
A democracia no Brasil................................................................................................................................... 46
Referências...................................................................................................................................................... 53
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Atualidades Mundo
Para começar, você sabe o que caracteriza ser adolescente? Já adianto que não é ser rebelde, hein
– o RBD que me perdoe... E te afirmo que não existe exatamente um consenso sobre quando essa
fase da vida começa; mas, para fins didáticos, vamos adotar o padrão que é estabelecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Segundo a instituição, a adolescência é a fase da vida entre a infância e a idade adulta, dos 10 aos
19 anos. Outros pesquisadores consideram que a adolescência só começa aos 14 e termina aos 24
anos, por exemplo. Lembra que falamos anteriormente sobre falta de consenso? Então...
Independentemente disso, para a OMS, o importante é entender que esse é um período único de
desenvolvimento humano e de intensas modificações que se tornarão a base para uma boa saúde
física e mental desse futuro adulto.
Segundo a instituição:
“Os adolescentes experimentam um rápido crescimento físico, cognitivo e psicossocial. Isso afeta
como eles se sentem, pensam, tomam decisões e interagem com o mundo ao seu redor. [...] Para
crescer e se desenvolver com boa saúde, os adolescentes precisam de informações, incluindo
educação sexual abrangente e adequada à idade; oportunidades para desenvolver habilidades para
a vida; serviços de saúde aceitáveis, equitativos, apropriados e eficazes; e ambientes seguros e de
apoio. Eles também precisam de oportunidades para participar significativamente na concepção e
execução de intervenções para melhorar e manter sua saúde. Expandir essas oportunidades é
fundamental para responder às necessidades e direitos específicos dos adolescentes.”
Disponível em: https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1
"A adolescência é um fato cultural, pois o modo como cada sociedade lida com os seus jovens é
particular e articulado a todo o seu contexto sociocultural e histórico. A passagem da infância à
maturidade, vivenciada como a ‘crise adolescente’, é um produto típico da nossa civilização."
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5
O que chamamos de adolescência atualmente teria surgido no final do século XIX; e, segundo
especialistas como a citada acima, a ideia só se consolidou de fato no século XX, especialmente
depois das guerras mundiais. Apesar disso, é fundamental explicar que o termo é muito anterior a
esse período, ok?! O que surgiu na passagem do século XIX para o XX foi o conceito de adolescência
mais próximo do atual.
Agora precisamos “chamar a História no probleminha”, para lembrar que esse período foi de intensa
modificação social, política, cultural e econômica na sociedade ocidental. Estamos falando de uma
fase em que industrialização é a palavra de ordem, assim como o individualismo – consolidação do
modo de vida burguês, lembra? Estamos falando também do surgimento do Romantismo e da
defesa de uma liberdade de criação e expressão, com foco no individuo, na supervalorização da
natureza e das emoções e na busca por uma autenticidade. O cross-over de milhões entre a
Literatura e a História – vem “ni” mim, interdisciplinaridade!
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do tempo de estudo e dos conhecimentos científicos – fizeram o jovem demorar mais a sair de
casa e, consequentemente, ficar mais tempo dependente dos pais. Esse seria o momento em que
o adolescente teria a possibilidade de aproveitar a vida de forma mais livre e sem tantas obrigações.
Tradução:
Deixem-nos morrer jovens ou deixem-nos viver eternamente
Nós não temos o poder, mas nunca dizemos nunca
Sentando em um poço de areia, a vida é uma viagem curta
Assim, a rebeldia passou a ser uma das características centrais do “ser adolescente” nesse período.
Para especialistas, todas as mudanças que ocorreram na virada do século XX para o XXI trouxeram
uma nova ideia de adolescência e juventude. O aumento do consumo e da individualidade e
principalmente o reconhecimento da criança e do adolescente como seres sujeitos de direitos são
fatores essenciais para pensar o que é adolescência na sociedade contemporânea.
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Segundo Luciana,
“O que marca a geração atual é a sua imersão na sociedade de consumo, centrada no presente e
na posse de objetos e as influências das novas tecnologias, da mídia, do telefone celular e da
Internet, que repercutem em várias dimensões da vida do jovem. [...] A adolescência hoje é marcada
por desafios na construção de projetos futuros, pela busca por novas maneiras de se relacionar
amorosa e sexualmente e pelo envolvimento por vezes problemático com drogas e situações de
violência. [...] Nesse contexto, os ideais de liberdade e autonomia tornam-se radicais, de modo que
o que é dito aos jovens é que seu futuro depende única e exclusivamente deles e que eles devem
romper com o passado e com as tradições, para que possam se destacar do todo pela sua
singularidade e autenticidade.”
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5
Portanto, podemos perceber que existem muitos fatores externos e internos que contribuem para a
construção de uma saúde mental e que ela está diretamente relacionada com o a parte física do
corpo também. Então, fazer exercícios ou praticar uma atividade física de que você gosta é um dos
fatores essenciais para que a mente consiga estar em sintonia com o corpo.
É bom frisar que não é sobre emagrecer, muito menos buscar um padrão que é – infelizmente –
mais aceito pela sociedade. Seu padrão é você e a sua saúde, viu?! Praticar exercícios faz com que
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o nosso corpo libere um hormônio chamado endorfina, que dá aquela sensação de bem-estar,
prazer, alívio e relaxamento – alô, @Biologia, corre aqui! 😉
Segundo a UNICEF, outros dois fatores também são essenciais para o jovem manter a saúde
mental: a resiliência e o autocuidado. Você sabe do que se tratam essas duas palavrinhas?
O que é resiliência?
É a capacidade de enfrentar os desafios da vida de uma forma positiva,
aprender a ser mais tolerante (que aceita certas falhas ou erros) e flexível (que
se adapta a várias situações).
O que é autocuidado?
É tudo aquilo de positivo que fazemos para nos sentirmos bem, seja algo
ligado ao físico, social, mental ou espiritual. É dar atenção a si mesmo,
conhecer as necessidades, buscar o bem-estar e pedir ajuda quando
necessário.
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf
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Além disso, a UNICEF e especialistas apontam para outro elemento muito importante: a existência
de questões sociais, comportamentais e emocionais que podem ser propulsoras de transtornos e
uma saúde mental prejudicados. Algumas delas são:
• Violência (física e psicológica);
• Luto;
• Abuso físico ou sexual;
• Bullying ou cyberbullying;
• Racismo;
• LGBTQIAP+fobia;
• Falta de recursos financeiros.
Pega a visão: neste link contém um e-book da UNICEF que tem a intenção de dialogar com os
adolescentes e jovens sobre saúde mental. Que tal dar uma olhadinha?! O material é bem interativo,
e foi nele que nos baseamos para escrever a maior parte das coisinhas que estão por aqui. 😊
Caso esteja passando por alguma questão emocional que seja difícil de explicar ou colocar para
fora, você pode entrar em contato com o número 188. Isso não exclui a necessidade de procurar
um profissional qualificado, como você consegue encontrar em boa parte das universidades
públicas próximas a você de forma gratuita ou por um valor social. O importante é se cuidar, viu?!
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Como contextualizar essas informações na redação?
Saúde mental é um tema que tem sido cada vez mais debatido pela sociedade. Mesmo que ainda
existam muitos tabus em relação a esse tema, é possível visualizar um maior acesso a informações
sobre o assunto atualmente. Por isso o próprio Enem abordou essa questão no tema da redação de
2020 (“O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”) – fato que não impede
que ele seja abordado sob outras perspectivas ou por outras bancas de vestibular.
Se liga!
Neste link você pode acessar a prova do Enem de 2020, cujo tema da redação foi saúde mental.
Agora, vamos escrever um texto sobre saúde mental na adolescência, para colocar em prática os
conhecimentos obtidos a respeito desse tema? Deixaremos, a seguir, três opções para você treinar.
😉
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TEXTO II
TEXTO III
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TEXTO IV
Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental, diz estudo
Redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro – é o que diz a pesquisa realizada pela
instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o
Movimento de Saúde Jovem. E, dentre elas, o Instagram foi avaliado como a mais prejudicial à
mente dos jovens.
Os resultados mostram que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais – mais do que
qualquer outro grupo etário, o que os torna ainda mais vulneráveis a seus efeitos colaterais. Ao
mesmo tempo, as taxas de ansiedade e depressão nessa parcela da população aumentaram 70%
nos últimos 25 anos. Os jovens avaliados estão ansiosos, deprimidos, com a autoestima baixa, sem
sono, e a razão disso tudo pode estar na palma das mãos deles: nas redes sociais, justamente.
Ao longo da pesquisa, 1.479 indivíduos entre 14 e 24 anos tiveram que ranquear o quanto as
principais redes (Youtube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam seu sentimento de
comunidade, bem-estar, ansiedade e solidão.
O estudo mostrou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono,
a autoimagem e a aumenta o medo dos jovens de ficar por fora dos acontecimentos e tendências
(FOMO, fear of missing out). Segundo a pesquisa, o site menos nocivo é o YouTube, seguido do
Twitter. Facebook e Snapchat ficaram em terceira e quarta posição, respectivamente.
Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “A saúde mental do jovem no século XXI” apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
A escola, nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência para que se cumpram
as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos, das artes, das ciências e da
tecnologia. As psicologias que emergiram no início do século XX enfatizavam, cada uma a seu
modo, a importância dos processos de aprendizagem e de ação do meio externo no
desenvolvimento das crianças, na clássica discussão a respeito da natureza e do ambiente como
fatores determinantes desse desenvolvimento. Para Vigotski, a escola tinha papel fundamental ao
produzir “algo fundamentalmente novo do desenvolvimento da criança” na direção dos processos
psicológicos superiores e da entrada da criança em um meio mediatizado pela cultura e pela
linguagem.
Adaptado. MARQUES, Patrícia; CASTANHO, Marisa. O que é a escola a partir do sentido construído por alunos. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/03.pdf
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TEXTO II
O preconceito e a discriminação são amplamente disseminados dentro da comunidade estudantil,
que ao invés de discutir sobre a diversidade opta pela exclusão. A falta de debate e esclarecimento
dentro das escolas perpetua a prática discriminatória histórica no Brasil. Uma pesquisa inédita
sobre “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” mostra que os principais alvos são os
negros e as pessoas com deficiência. Das 18,5 mil pessoas entrevistadas (alunos, pais, diretores,
professores e funcionários) em 501 escolas públicas de todo o país, 99,3% assumem ter algum tipo
de preconceito em relação a portadores de necessidades especiais (96,5%), etnorracial (94,2%),
gênero (93,5%), geração (91%), socioeconômico (87,5%), sobre orientação sexual (87,3%) e
territorial (75,95%).
Disponível em: http://www.palmares.gov.br/
TEXTO III
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os problemas relacionados à intolerância no ambiente escolar
brasileiro” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.
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Tema 3: (PUC-Rio, 2014) Felicidade
“A felicidade é uma questão individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por
si, tornar-se feliz.” (Sigmund Freud)
Produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 20 e 25 linhas –, discorrendo sobre a
felicidade. Seu texto deve conter, obrigatoriamente, um resumo do texto abaixo em forma de
DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com a devida fonte mencionada na redação. Dê um título ao
seu texto.
Felicidade e alegria
Contardo Calligaris
Quando eu era adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja,
autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz. Contrariando
essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância
ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era
feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor.
Por sorte, meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas
inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados. Graças a esse silêncio dos meus pais,
pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a juventude era o único tempo feliz da vida
deviam ser, fundamentalmente, hipócritas. Com isso, evitei uma depressão profunda, pois, uma vez
que a adolescência, que eu estava vivendo, não era paraíso algum – nunca é –, qual esperança me
sobraria se eu acreditasse que a vida adulta seria fundamentalmente uma decepção? Cheguei à
conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: quando a gente é adolescente,
a felicidade é algo que só será possível no futuro, na idade adulta; quando a gente é adulto, a
felicidade é algo que já se foi – a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como
épocas felizes. Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de outra época da
vida – futura ou passada.
No filme de Arnaldo Jabor, “A Suprema Felicidade” (2010), o avô (Marco Nanini) confia ao neto que
a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre. Concordo com
o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a
felicidade. Então, o que é a alegria? Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada
contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo
quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na
tristeza ou no luto [...] Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível, sobretudo, no
exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou
para nós mesmos. Para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um
encanto que justifica a vida. Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de
forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte.
Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime – “descobri a penicilina, solucionei o
problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso”. Para justificar a vida, bastam as experiências –
agradáveis ou não – que a vida nos proporciona, à condição de que a gente se autorize a vivê-las
plenamente. Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite
sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é. Para reencantar o mundo, não
precisamos de intervenções sobrenaturais, de feitos sublimes. Para reencantar o mundo, é
suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.
Texto adaptado de artigo publicado na Folha de S. Paulo (18/11/2010).13 (1): 11-16, jan./abr. 2000; p. 11.
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Marcos históricos contemporâneos do Movimento Negro
Brasil
As leis 10.639, de 2003, e a 11.645, de 2008, foram promulgadas para alterar a Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), de 1996. A LDB disciplina e regulamenta a educação básica no país e a intenção das
novas normas era incluir como conteúdo obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena nos currículos do ensino médio e do ensino fundamental. Segundo a lei:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,
torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e
da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos,
tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm
Apesar da promulgação da lei, o país ainda encontra uma serie de obstáculos para colocá-la em
prática, como a falta de especialização, que começa desde a formação acadêmica. Muitos
educadores, boa parte das vezes, não estudam conteúdos sobre os indígenas e os afro-brasileiros
em seus espaços de formação. Além do fato de que a formação continuada nem sempre é uma
possibilidade, assim como materiais disponíveis sobre o tema.
Um outro fator importante para se pensar sobre as dificuldades de colocar em prática tal lei, é a não
compreensão dos saberes produzidos por esses povos como parte de algo muito maior do que
apenas aqueles ligados a aspectos culturais. Os saberes produzidos por esses grupos estão ligados
a todas as áreas possíveis, como matemática, astrologia, música, comida, linguística, química e
entre outros, porém existe uma resistência em reconhecer essas produções como conhecimento
legitimo. Fala sério, quantas vezes já ouvimos falar por aí: isso é crendice, superstição etc.?
Todas essas questões levantadas fazem parte de uma problemática muito maior, que é o racismo
estrutural. Já ouviu falar??? O racismo pode ser dividido em diversos níveis e diversas formas, mas
é preciso pensar que a nossa sociedade foi, e ainda é, formada por uma estrutura moldada pela cor
da pele e traços ligados a determinados grupos “raciais”. De acordo com o autor Silvio de Almeida,
o racismo é uma relação de poder que se manifesta em circunstâncias históricas.
“O racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo o momento é reforçado pelos
meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional. Após anos vendo
telenovelas brasileiras um indivíduo vai acabar se convencendo que mulheres negras têm uma
vocação natural para o emprego doméstico, que a personalidade de homens negros oscila
invariavelmente entre criminosos e pessoas profundamente ingênuas, ou que homens brancos
sempre têm personalidades complexas e são líderes natos, meticulosos e racionais em suas ações.
E a escola reforça todas essas percepções ao apresentar um mundo em que negros e negras não
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tem muitas contribuições importantes para a história, a literatura, ciências e afins, resumindo-se em
comemorar a própria libertação graças á bondade de brancos conscientes.”
Racismo Estrutural, Silvio de Almeida.
Pega a visão: embora, biologicamente raça não seja mais um conceito aceito, é essencial pontuar
que ela é uma construção social e política que visa tanto manter/criar formas de opressão quanto
formas de resistência.
A marcha contra o racismo que ocorreu em 1995, em Brasília, foi um dos principais propulsores,
assim como a atuação de outros coletivos pretos, da criação da lei de obrigatoriedade do ensino da
cultura afro-brasileira nas escolas. Os participantes da marcha levaram até o então presidente
Fernando Henrique Cardoso uma proposta de ação chamada “Programa de Superação do Racismo
e da Desigualdade Racial”, onde constava uma série de ações ligadas a educação como forma de
superar a discriminação racial.
A marcha foi apenas uma das diversas táticas que o movimento negro contemporâneo utilizou para
combater o racismo estrutural. Portanto, na esteira dos processos de contestação, o movimento
negro brasileiro não ficou de fora desse processo e promoveu diversas formas de lutas contra o
racismo no Brasil no século XX. Alguns grupos e personalidades se destacaram, ao longo desse
período, como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro,
Conceição Evaristo, Milton Santos, Carolina Maria de Jesus, Bezerra da Silva, Mãe Menininha do
Gantois, Elza Soares, entre muitos outros.
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Além disso, organizações como Movimento Negro Unificado (MNU), a Frente Negra Brasileira (FNB),
Teatro Experimental do Negro (TEN), Movimento das Mulheres Negras, entre outros, foram
essenciais para a articulação do movimento de resistência e para a conquista de direitos para a
população negra ao longo do século XX.
Pega a visão: a Frente Negra Brasileira tem uma história beeem controversa e se você quer entender
um pouco melhor esse rolê aí, clica nessa reportagem aqui.
Dentro desse contexto, veremos alguns marcos contemporâneos do movimento negro nos Estados
Unidos e na França para compreender como esses processos são múltiplos e diversos. Ahhh
importante perceber que as leis que citamos ali em cima são parte desse processo de luta, no caso
do Brasil, da população negra e da indígena, que também é constantemente invisibilizada.
Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• Por um feminismo Afro-latino-Americano - Lélia Gonzalez
• O movimento negro educador – Nilma Lino Gomes
• Racismo Linguístico – Gabriel Nascimento
• Encarceramento em massa – Juliana Borges
• O Genocídio do negro brasileiro - Abdias Nascimento
Em um local marcado pela brutalidade e pela segregação, a exemplo do Massacre de Tulsa e das
Leis Jim Crow, nasceram dois dos maiores ritmos musicais do século supracitado: o blues e o jazz.
Para muitos pesquisadores dos gêneros musicais, especialmente do Blues, eles se originaram das
“worksongs” (canções de trabalho) que eram entoadas enquanto os escravizados trabalhavam nas
plantações.
Autores como Eric Hobsbawn defendem que (sim, ele mesmo, aquele que está em todas), em alguns
locais, como a Louisiana, os escravizados não eram coibidos de cantar suas canções de trabalho,
pois tal ação era vista como uma válvula de escape para o trabalho exaustivo. No caso do blues,
acredita-se que ele tenha surgido ainda antes da independência das Treze Colonias. Já o Jazz, é um
ritmo mais contemporâneo e teria surgido na virada do século XIX para o XX.
Não à toa, um dos principais locais apontados como responsáveis pela origem do Jazz é estado de
Louisiana, onde fica a cidade de New Orleans. O local foi responsável por receber uma serie de
escravizados de diversos locais do continente africano e de diferentes religiões e possuía um pouco
mais de liberdade do que o restante das regiões do país, por conta do “Coid Noir”. Por conta desse
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código, criado pelos franceses, os escravizados tinham o domingo livre e se reuniam nessa praça
para cantar, dançar e aproveitar o dia de folga.
Foi dentro desse contexto que teria surgido a base daquilo que hoje chamamos de jazz, através da
mistura de vários ritmos como o blues, as músicas religiosas das igrejas protestantes formada por
negros, cantos de vodu e entre outros.
O jazz se tonou tão importante para a cultura norte-americana que passou a ser consumido em
larga escala nos Estados Unidos e fora dele. E quanto a Congo Square, bom, especialistas apontam
que boa parte dos ritmos que surgiram depois, como o rock in roll e o rap, beberam de suas fontes.
Todo esse processo cultural foi acompanhado de pertinho por uma produção intelectual, com
autores como W.E. B. Du Bois, que estavam pensando a questão do negro, tanto no continente
africano quanto na diáspora. É nesse período da virada do século XIX para o XX, que surge o pan-
africanismo e a ideia de cooperação entre os negros em diáspora e os africanos. Todo esse
processo ainda influenciou diretamente a movimentação da resistência dos povos que viviam sob
o julgo do colonialismo e do racismo proveniente dele.
Importante pensar que assim como em outras regiões marcadas pelo histórico da escravidão e pelo
colonialismo, as múltiplas e diversas formas de resistência andam de mãos dadas e se alimentam
mutuamente. Enquanto a cultura está ganhando um fôlego com o surgimento do Jazz e do
Renascimento do Harlem, os ativistas estão produzindo intelectualmente formas de resistências a
opressão racial e colonialista.
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Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• The Underground Railroad (2021 - Amazon Prime Video)
• Lovecraft Country (2020 – HBOMax)
• Watchmen (2019 – HBOMax)
• A Voz Suprema do Blues (2020 – Netflix)
• Se a Rua Beale Falasse (2018 - Amazon Prime Video)
França
Assim como no restante do mundo, na França, o século XX também foi marcado por uma serie de
produções literárias e acadêmicas produzidas movimento negro. Autores como Aimeé Cesaire,
Léon-Gontran Damas e Leopold Sedar Senghor, que eram originários de antigas colônias francesas,
contribuíram para a eclosão do Movimento da Negritude.
É a partir da criação do jornal L’Étudiant Noir (O estudante negro), em 1934, que a união entre os
negros de todos os continentes está sendo convocada e reforçada. Isso te lembra alguma coisa?
Enfim, o grupo atuava também com a criação de reuniões, exposições e eventos que pudessem
divulgar sobre as suas ideias a cerca do continente africano e de uma ideia de negritude.
Léon Damas, um dos fundadores do movimento que surgiu na França, porém possuía uma ligação
direta com os Estados unidos, afirmou "não somos mais estudantes martinicanos, senegaleses ou
malgaches, somos cada um de nós e todos nós, um estudante negro". Sintetizando a ideia inicial
que havia sido pensada por esse movimento de valorização cultural da personalidade negra e da
oposição a opressão causada pelo capitalismo e pelo mundo ocidental.
“Na concepção de Aimé Césaire, negritude é simplesmente o ato de assumir ser negro e ser
consciente de uma identidade, história e cultura específica. Césaire definiu a negritude em três
aspectos: identidade, fidelidade e solidariedade. A identidade consiste em ter orgulho da condição
racial, expressando-se, por exemplo, na atitude de proferir com altivez: sou negro! A fidelidade é a
relação de vínculo indelével com a terra-mãe, com a herança ancestral africana. A solidariedade é o
sentimento que une, involuntariamente, todos os "irmãos de cor" do mundo; é o sentimento de
solidariedade e de preservação de uma identidade comum.”
DOMINGUES, Petrônio.Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações – Revista de Ciências Sociais,
Londrina, v. 10, n.1, p. 25-40, jan.-jun. 2005.
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Jornal L’Étudiant Noir, em 1938. Disponível em https://www.baobabe.com.br/blog/letudiant-noir-a-importancia-da-revista-na-
construcao-da-identidade-negra-na-franca/
Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• Discurso sobre o colonialismo - Aimé Césaire
• Pele negra, máscaras brancas - Frantz Fanon
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UPF (2021)
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UNISC (2021)
Produza um texto de caráter argumentativo, no qual você possa se posicionar sobre a temática
proposta. Lembre-se de que um bom texto argumentativo precisa fundamentar sua tese com
argumentos consistentes e adequados à abordagem escolhida. Deve observar a textualidade,
respeitando critérios de coesão e coerência, além de um manejo adequado da modalidade escrita
da Língua Portuguesa. O conhecimento do gênero argumentativo e de suas especificidades
também deve ser demonstrado na construção de seu texto.
CEFET (2019)
TEXTO I
20
TEXTO II
Ministério Público notifica Globo por falta de atores negros em “Segundo Sol”
A baixa presença de atores negros na nova “Segundo Sol”, que vai substituir “O Outro Lado
do Paraíso” na Globo, ganhou mais um capítulo. Nesta sexta-feira (11), o Ministério Público do
Trabalho notificou a emissora e deu 10 dias para que ela aumente a representatividade racial na
trama, informou a Veja.
“O não espelhamento da sociedade nos programas televisivos gera a perpetuação da
exclusão e reafirma estereótipos de limitação de espaços a serem ocupados pela população negra”,
diz Notificação Recomendatória enviada por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção de
Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho.
O MPT deu 10 dias para que a Globo faça adequações o roteiro e produção de “Segundo Sol”
a fim de “assegurar a participação de atores e atrizes negros e negras de forma que represente a
diversidade étnico-racial da sociedade brasileira”.
A notificação também dá um prazo de 45 dias para que a Globo elabore um Plano de Ação
que “contemple medidas para garantir a inclusão, a igualdade de oportunidades e de remuneração
da população negra nas relações de trabalho”, além de fazer um levantamento de seus artistas
negros empregados e quantos aparecem em produtos da emissora.
A trama de “Segundo Sol” será ambientada em Salvador, na Bahia, Estado com a maior
população negra do Brasil segundo o IBGE. O elenco conta com Deborah Secco, Giovanna Antonelli
e Adriana Esteves.
(Jovem Pan. 11 de maio de 2018. Disponível em: https://jovempan.uol.br/entretenimento/tv-e-cinema/ministerio-publico-notifica-
globo-por-falta-de-negros-em-segundo-sol.html. Acesso em: 1 de outubro de 2018.)
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TEXTO III
Longa que estreou recentemente pode significar um divisor de águas na forma de se retratar da
população negra no entretenimento
Após um imenso frisson causado antes da estreia, na última quinta-feira (15), a Marvel enfim
lançou seu mais novo longa-metragem intitulado “Pantera Negra”, adaptação da série de quadrinhos
homônima que retrata o primeiro grande protagonista negro no universo dos super-heróis. Com 95%
de seu elenco formado por atores negros, incluindo grandes nomes como Michael B. Jordan, Lupita
Nyong’o e Forest Whitaker, o filme já gerou muita repercussão (tanto favorável quanto contrária)
antes mesmo de ser disponibilizado nas salas de cinema. Mas em pleno ano de 2018, qual o
tamanho da importância social e do legado cultural para a indústria de uma obra como esta?
22
cinema. Por essas e outras, “Pantera Negra” já é um marco na história da indústria, pois com o
elenco majoritariamente negro (inclusive na produção), comandado por Ryan Coogler (diretor de
“Creed”), finalmente um grande blockbuster com alcace mundial consegue representar com justiça
o orgulho e a herança cultural africana, colocando negros como reis, rainhas, príncipes e heróis, e
não apenas como criminosos, vilões ou serventes aos brancos.
A própria cidade fictícia de Wakanda (terra-natal do protagonista) também é algo a se
destacar, por mostrar uma região da África que não foi colonizada, não sofre nenhum tipo de
interferência europeia e é extremamente rica, poderosa e evoluída tecnologicamente, fugindo do
retrato depreciativo da mídia que mostra o continente apenas para falar da fome, das guerras e da
escassez.
Chega a ser raso tentar calcular o tamanho da importância que um filme de bilheteria como
esse tem para a sociedade, pois agora uma criança poderá ir ao cinema, olhar o cartaz e ver sua cor
representada como algo para se ter orgulho, e conseguir admirar um herói com que ela possa,
realmente, se identificar.
(Adaptado de Luiz Pedro Pires. Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. 23 de fevereiro de 2018. Disponível
em: https://www.ceert.org.br/noticias/historia-culotura-arte/21283/pantera-negra-e-a-imporrtancia-da-representatividade. Acesso
em: 1 de outubro de 2018.)
Com base na leitura atenta dos textos de apoio acima relacionados, redija um texto dissertativo-
argumentativo que reflita sobre o seguinte tema:
23
Polarização política no mundo contemporâneo
A separação de brasileiros contra e a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em Brasília, 2016. Foto: Juca
Varella/Agência Brasil
Essa radicalização das manifestações, criando uma polarização política onde ideias ou ideologias
diferentes se tornam rivais e inimigas inconciliáveis tem se tornado um grande desafio para a
democracia no século XXI. Vale ainda destacar que esse comportamento, por mais que esteja muito
vivo e disseminado hoje por conta da facilidade de circulação de informações nas redes sociais,
não é algo propriamente desse século e nem limitado à política.
24
operária e de ideias como o anarquismo e o socialismo, ou, no século XX, a própria formação de
regimes totalitários de extrema-direita, como as experiências nazifascistas, trouxe ainda mais
camadas para essa polarização.
Atualmente, a democracia direta é um enorme desafio para grandes nações, logo, o modelo
representativo tem sido utilizado na maior parte do Ocidente. Essa democracia, influenciada
sobretudo pelos ideais iluministas e burgueses, parte de alguns pilares como a liberdade, a
igualdade civil e a propriedade. No entanto, apesar dessa base, essa democracia se revela
extremamente frágil em diversos aspectos, sendo muitas vezes elitista e excludente, sobretudo em
seu modelo representativo e indireto.
Nessa mesma perspectiva, enquanto alguns lutam por mais espaço, outros buscam o contrário, ou
seja, conservar seus privilégios e espaços, tentando impedir mais representatividade. Nesse caso,
muitos movimentos de extrema-direita, alinhados ao fascismo, como o neonazismo, destacam-se
como exemplos ultraconservadores ou reacionários. Logo, em momentos de polarizações mais
extremas, podemos observar divergências políticas que beiram o direito à própria existência ou não
de um indivíduo.
Membros do Novo Partido dos Panteras Negras e da Klu Klux Klan protestam nas ruas da Carolina do Sul, em 2015, posicionando-se
a favor e contra a retirada de uma bandeira pública dos Confederados.
25
Ainda que esses casos de polarização sejam mais extremos e envolvam direitos básicos e, como
visto, a própria existência, em muitas situações a polarização atual tem girado em torno de figuras
políticas, partidos e concepções de cultura e moral. Nesse cenário, certos políticos e partidos,
portanto, aliam suas imagens aos valores e ideias compartilhados por um grupo de eleitores e criam
um inimigo em comum (normalmente um político ou partido da oposição) para se promover através
dos ataques.
Desta forma, o político e seu partido atraem uma multidão de eleitores para sua campanha não
através necessariamente de seus projetos políticos, de suas promessas ou do que já demonstrou
na prática, mas sim pela construção de uma imagem que condiz com o que esse grupo já espera.
Nesse ponto, as redes sociais possuem um papel essencial para fazer essas conexões, sobretudo
através de algoritmos que ajudam a identificar e também personalizar os interesses políticos de
cada indivíduo, entregando mais ou menos informações dos candidatos e assim facilitando a
construção de polos políticos opostos.
Ainda no aspecto das redes sociais, a promoção desses polos e o ataque aos considerados
inimigos ocorre amplamente através de notícias tendenciosas, falas retiradas de contexto,
manchetes sensacionalistas e Fake News, que atuam diretamente na sensibilidade e no lado
emocional do eleitor, despertando paixões ou ódio a determinadas figuras.
De forma muitas vezes radicalizada, os eleitores utilizam a própria internet como palco para debates
políticos apaixonados, utilizando esses dados e informações incompletas para defender ou atacar
políticos, estimulando ainda mais essa polarização e a violência, além de tornar o debate
inconciliável. Por mais que hoje, como visto, exista uma pluralidade de correntes políticas, formas
de pensar, projetos econômicos e até de partidos, os eleitores muitas vezes se agarram aos
mesmos grupos e lideranças que repetidamente são expostos.
Esse fenômeno atual, portanto, mina ainda mais os pilares da democracia, sobretudo nas
perspectivas da liberdade, da igualdade e da tolerância, impossibilitando o diálogo e a conciliação
que deveriam ser o fim da política. A polarização não é completamente ruim, pois o debate, a
exposição das ideias e a construção de novas pautas é fundamental para a democracia. Entretanto,
quando esses caminhos são ofuscados pela violência, pela negação da existência do outro, pela
rivalidade e pela impossibilidade do diálogo, perdemos a riqueza dessa democracia e do que ela
pode ser.
26
TEXTO I
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp
TEXTO II
A cada dez brasileiros, oito (79%) percebem a sociedade muito dividida a respeito de assuntos
políticos e sete (73%) acreditam que pessoas com opiniões diferentes não conseguem ter um
diálogo construtivo – sendo que mais da metade (51%) admite desistir de conversar sobre política
em algumas situações. A polarização, no entanto, vem de uma “minoria barulhenta”, já que somente
cerca de um terço da população (31%) se identifica fortemente com um dos “lados” e defende com
intensidade suas ideias. Esses são alguns dos dados levantados pela pesquisa Polarização Política
no Brasil, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o projeto Despolarize e a Fundação
Tide Setubal.
Pouco mais da metade dos brasileiros (55%) avalia que conversar sobre política com uma pessoa
que tem opiniões diferentes pode ser interessante, ainda que a maior parte (62%) acredite que, ao
final, haverá ainda mais diferenças de opiniões do que anteriormente. A maioria (51%) acaba
desistindo de manter um diálogo quando há discordâncias sobre políticos ou opiniões políticas e
38% dizem nunca expor suas opiniões – chegando a 52% entre os que declaram não se identificar
com qualquer dos “lados” da disputa política.
TEXTO III
O discurso de ódio está situado num equilíbrio complexo entre direitos e princípios
fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e a defesa da dignidade humana. De maneira
geral, o discurso de ódio costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam ódio
contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa
ou origem nacional.
Em geral, as definições são aplicadas a casos concretos e levam em conta várias camadas
de regras, como tratados internacionais, a Constituição brasileira, leis nacionais e os termos de uso
das plataformas (como Google, Facebook e Twitter).
Disponível em: http://saferlab.org.br/o-que-e-discurso-de-odio/index.html
27
TEXTO IV
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os impactos da bipolarização política e o discurso de ódio nas redes
sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.
28
Atualidades Brasil
Pantanal
Novela
Na segunda-feira, dia 28/03/2022, foi ao ar a estreia do remake de "Pantanal". A novela original, que
foi ao ar, em 1990, na TV Manchete, foi um marco da produção noveleira no Brasil. Foi a primeira
novela fora da Rede Globo a superar seus recordes de audiência. Inclusive, alguns atores que
participaram da primeira versão retornam ao remake, como é o caso de Marcos Palmeira, que
assume o papel de José Leôncio, vivido por Claudio Marzo na versão original.
Definição
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo que ocorre no Sudoeste do estado de Mato
Grosso, e no Oeste, de Mato Grosso do Sul. Ele se expande também pelo Norte do Paraguai e ao
Leste da Bolívia.
29
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros.
Acesso em: 10/04/2022.
A altitude da região é de aproximadamente 100 a 200 metros acima do nível do mar, localizada no
interior do continente. É, assim, considerado uma depressão que surgiu a partir do abatimento
geológico ocorrido no Período Terciário, início da era Cenozoica, dezenas de milhões de anos atrás.
Essa área rebaixada forma uma enorme bacia hidrográfica que tem como rio principal o rio
Paraguai, e seus afluentes, os rios Taquari, Cuiabá, Piquiri e Miranda. As planícies pantaneiras são
delimitadas ao norte pela Chapada dos Parecis e pela Chapada dos Guimarães e a sudeste pelas
serras de Maracaju e Bodoquena.
Por ser uma região de baixa altitude, o seu desnível na direção norte-sul é também muito pequeno,
o que provoca uma lenta drenagem da água, tal condição é fundamental para formação do Pantanal,
uma vez que a alternância de enchentes (outubro a março) e vazantes (junho a agosto) vai definir
toda a dinâmica de crescimento do bioma e inclusive, o atual uso. Os solos da região são em grande
maioria arenoargilosos e mantém sua riqueza nutricional em virtude dos ricos sedimentos deixados
pelos rios no período de enchentes. A água dos rios é extremamente fértil, razão que explica e é
explicada pela sua riquíssima fauna aquática. Essa alternância entre cheia e vazante é
importantíssima para a fertilidade dos solos do Pantanal, uma vez que áreas imensas ficam
totalmente inundadas ou com solos encharcados de outubro a março.
O clima nessa região é tropical típico ou continental. Isso significa um verão chuvoso e um inverno
seco. Os índices pluviométricos são da ordem de 1.000 a 1.500 mm anuais, com cerca de quatro
meses secos. É semelhante, portanto, ao clima predominante no Planalto Central Brasileiro, com
temperaturas máximas um pouco mais elevadas. Tanto que a cidade de Cuiabá, ao norte do
Pantanal, é conhecida pela sua temperatura que pode atingir mais de 40 °C.
30
A pecuária e o fogo
É dessa dinâmica que a pecuária, principal atividade da região, se aproveita. Na cheia, os criadores
de gado são obrigados a transferir seus animais para terrenos que não estejam sujeitos às
enchentes, posteriormente, eles são recompensados, na vazante, pela grande abundância de
pastos. Com isso, nas últimas décadas a atividade agropecuária tem crescido significativamente
na região. Até a década de 1990, o desmatamento estimado da região era de 4%, hoje o total da
vegetação nativa remanescente é de 81,2%, o que possibilita afirmar que o desmatamento já
alcançou 18,8% da região.
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros.
Acesso em: 10/04/2022.
Nos últimos anos, mas especialmente a partir de 2020, o Pantanal vem sofrendo intensamente com
um período de estiagem, seguido por uma escalada das queimadas florestais. Em 2020, a região
passou pela maior tragédia ambiental de sua história, na qual incêndios destruíram mais de 4
milhões de hectares em todo o ano, o que equivale a 26% do bioma, segundo o Instituto SOS
Pantanal.
Em reportagem para o Nexo, o SOS Pantanal destaca que o fogo pode ter afetado cerca de 4,6
bilhões de animais que vivem no bioma e matado 10 milhões deles, de acordo com estudos. Os
incêndios também afetaram o bem-estar da população local, com aumento de problemas de saúde
e ameaças à segurança alimentar. O infográfico abaixo resume alguns desses impactos.
31
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022.
É verdade que os focos de incêndio em 2020 se alastraram por conta da baixa umidade registrada
no bioma, mas as causas do fogo não foram naturais, conforme comprova o Estudo dos Ministérios
Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse estudo, publicado em 2021, mostra que a
maior parte dos incêndios se originou em apenas 286 locais e aproximadamente 57,7% deles vieram
de propriedades privadas e, portanto, causado por atividades humanas. A Polícia Federal abriu
investigações para apurar queimadas criminosas.
Durante o ano da sua maior tragédia ambiental, o Pantanal viu surgir a teoria do boi bombeiro, como
forma de combater os incêndios da região. A ideia passou a ser defendida pela ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, e posteriormente por Ricardo Salles (ex-Ministro do Meio Ambiente). A
teoria afirmava que as queimadas poderiam ter sido menos intensas caso houvesse mais gado no
bioma. Na concepção da ministra, o boi, ao comer capim seco e inflamável acabaria prevenindo o
avanço do fogo. Ao mesmo tempo, o discurso legitima o avanço da pecuária na região como algo
positivo. Entretanto, essas teorias, não procedem. Diversos especialistas ouvidos pela BBC News
Brasil explicam que a criação de gado só aumentou no Pantanal e, portanto, se essa tese fosse
verdadeira, os incêndios não seriam mais um problema. Na verdade, o que acontece é que devido a
criação de gado e a necessidade de limpar o terreno para circulação dos animais, muitos
fazendeiros ateiam fogo na vegetação. Em um período de seca, esse fogo foge do controle e acaba
se expandindo para outras regiões, conforme destaca o relatório acima.
Os dados revelam que 2.058 propriedades rurais foram atingidas por incêndios, além de 16
unidades de conservação. O infográfico abaixo, produzido pelo G1, resume as áreas afetadas pelas
queimadas e destaca as áreas das unidades de conservação.
32
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022.
33
foi em 2018, quando o nível atingiu a máxima de 5,35 metros. Em 2021, o rio registrou o segundo
menor nível em 121 anos de medição, na cidade de Ladário (MS), que é de -60 cm. O valor recorde
registrado foi em 1964, quando chegou a -61 cm. Por curiosidade, os valores negativos das
medições se devem ao fato de a primeira régua instalada em Ladário, há 121 anos, acabar fora da
água em períodos de nível baixo. Na época, estimou-se que o nível não desceria tanto, a ponto de
os valores ficarem negativos. Entre as razões que explicam a baixa pode-se destacar a presença de
hidrelétricas, a utilização da água sem planejamento e o desmatamento que contribui para o
assoreamento dos rios.
De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal “é o mais preservado, embora a
criação de gado seja uma atividade importante economicamente para a região, aliada às atividades
de turismo (IBGE, 2019). Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito
impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas
de planalto adjacentes do bioma.” Veja mais aqui.
34
área e de ganhos de produtividade. No caso da pecuária, apesar do crescimento mais modesto da
produção, a alta dos preços foi a principal responsável pela expansão do faturamento das
atividades, que está atrelada, por sua vez, ao forte aumento da demanda externa por carnes
brasileiras. Os embarques de carne suína e os de proteína bovina cresceram consideravelmente em
2020. Além disso, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam novos
recordes nas produções de soja e de milho, cujas áreas podem avançar na safra 2020/21. Para as
carnes, espera-se manutenção dos elevados fluxos de exportações, se mantida a tendência já
observada, conforme relata a Secex.
TEXTO II
Um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicado em setembro
de 2020, mostra que o território brasileiro perdeu cerca de 500 mil km2 de sua cobertura natural
entre 2000 e 2018, uma área equivalente ao dobro do estado de São Paulo. A pesquisa analisou a
perda da vegetação nos seis biomas terrestres do Brasil: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa e Pantanal. Para chegar ao grau de preservação de cada um dos ecossistemas, o
IBGE usou imagens de satélites e fez pesquisas de campo. O objetivo do projeto do órgão federal é
mensurar e comparar, ao longo do tempo, as contribuições sociais e econômicas do ambiente
natural para o país. Esse estudo do IBGE usou dados de 2000 a 2018, portanto ele não cobre o
desmatamento registrado no país entre 2019 e 2020, anos que vêm sendo marcados por recordes
de desmate na Amazônia e pela alta das queimadas tanto nesse referido bioma como no Pantanal.
Além dos dados de perda de áreas verdes, o estudo do IBGE traz informações sobre a
conversão do uso da terra. A expressão se refere aos diferentes usos dados às antigas áreas verdes,
que, depois de derrubadas, podem ser convertidas em espaços para atividades como agricultura,
pastagem e silvicultura1. A Amazônia, bioma que teve mais perdas segundo a pesquisa, viu a
vegetação florestal dar lugar, principalmente, às chamadas áreas de pastagem com manejo, que
podem ser usadas para a pecuária. O crescimento dessas áreas foi de 248,8 mil km2, em 2000, para
426,4 mil km2, em 2018, afirma o estudo. O Cerrado, segundo bioma com mais perda vegetal,
também passou por uma expansão intensa da agricultura de 2000 a 2018, segundo o IBGE. Neste
período, as áreas agrícolas aumentaram 102,6 mil km2 na região, impulsionadas pelo crescimento
das commodities (soja, algodão e outras monoculturas de grãos e cereais). Mesmo que o Pantanal
tenha sido o bioma mais preservado do país de 2000 a 2018, quase 60% das áreas com alterações
na região a partir de 2010 haviam sido convertidas em pastagens de manejo. Enquanto outros
biomas viram o ritmo das intervenções diminuir nos referidos anos, no Pantanal, ele aumentou.
A publicação do estudo do IBGE acontece no momento em que outros levantamentos
indicam uma relação próxima entre a expansão agrícola e a derrubada de florestas no país. Em
agosto de 2000, uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que 2% das fazendas na
Amazônia e no Cerrado respondiam por 62% do desmatamento ilegal. Na época, a publicação havia
afirmado que as propriedades as quais praticam esse desmate são apenas “maçãs podres” da
agropecuária brasileira – a qual, em sua vasta maioria (90%), não comete crimes ambientais –, mas
que essas exceções causam grande dano, com consequências para o meio ambiente e para o
próprio agronegócio.
35
silvicultura: é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar
1
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Para desenvolver o tema proposto, é preciso elaborar uma tese que envolva os dois fatores do
agronegócio: a importância para o crescimento econômico e a necessidade de preservação
ambiental. Assim, a ponderação entre esses dois fatores, um considerado positivo e outro negativo,
deve estar presente no desenvolvimento da redação. Os textos da coletânea trazem reflexões que
podem ser usadas: no primeiro texto, há dados sobre o crescimento do PIB brasileiro do
agronegócio em 2020. Além disso, são analisados alguns fatores que permitiram esse crescimento.
Dessa forma, esse texto pode ajudar na ponderação sobre a importância do agronegócio para o
crescimento econômico; já o segundo texto traz o viés ambiental, apresentando dados que revelam
como o agronegócio está diretamente relacionado ao desmatamento e à destruição do meio
ambiente. Assim, é um texto que ajuda na elaboração e desenvolvimento do segundo ponto: a
necessidade de preservação ambiental.
Acafe (2020)
TEXTO I
Usando dados de satélite, a Reality Check Team, equipe de checagem da BBC, analisou o que
ocorreu em quatro áreas: Brasil, Sibéria Indonésia e África Central. A conclusão é que, embora os
incêndios deste ano tenham causado danos significativos ao meio ambiente, eles já foram piores
no passado.
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/09/numero-de-incendios-florestais-no-mundo-em-2019-e-
um-recorde.htm?cmpid=copiaecola, acesso outubro 2019.
TEXTO II
36
A Sibéria, um dos lugares mais frios do mundo, está em chamas. A Amazônia, um dos lugares mais
úmidos do mundo, está em chamas.
Os textos de apoio podem auxiliar na elaboração dos argumentos sobre o tema. O texto I afirma
que, embora preocupante, os incêndios acontecem em grau menor do que na maioria dos anos
anteriores e representa apenas uma parcela das muitos outros que estão acontecendo ao redor do
mundo, como ilustram as fotos que constituem o texto II. No verão, uma onda de calor anormal, fez
com que incêndios eclodissem em regiões que tipicamente não sofriam com esse fenômeno,
incluindo o Alasca, a Groenlândia e a Sibéria.
Além disso, a partir dos seus conhecimentos gerais adquiridos ao longo da formação acadêmica,
você poderia encaminhar a tese no sentido de apontar causas e consequência do que acontece a
nível mundial, ou, em caso mais específico, delimitar o tema ao contexto brasileiro. Neste último
caso, as queimadas florestais são um exemplo de incêndios que estão sendo provocados
deliberadamente, para limpar terras florestadas para agricultura ou pastoreio de gado, muitas vezes
sem atender à proteção de grupos indígenas que vivem na floresta, o que levou a preocupações de
que as taxas de desmatamento poderiam aumentar ainda mais. Como consequência, a falta de
controle e a destruição progressiva de matas e florestas podem ocasionar a extinção de
ecossistemas e perdas irreparáveis para a biodiversidade da fauna e da flora, desertificação do solo
e consequente extinção de recursos hídricos e vegetação, comprometimento de plantio, perda de
nutrientes que pode futuramente acarretar problemas sociais como a fome, a migração de animais
e pessoas para outros lugares com terrenos cultiváveis, assim como a acidificação dos oceanos
que prejudicará a vida marinha.
37
Fake news e o projeto de lei
Nos últimos anos, o termo fake news ganhou muita atenção e esteve associado a diversas questões,
como política, economia, migração e guerras. Em uma tradução literal, essas notícias falsas, e
eventualmente sensacionalistas, passaram a preocupar o mundo. Nesse texto, vamos entender
exatamente o que são essas fake news, a origem do termo, como elas se espalham, os tipos
existentes e como combatê-las.
O que é?
O termo Fake News, em uma tradução literal, seria notícias falsas. Quando pensamos em uma
notícia, é necessário ter em mente que é alguém contando uma história. Naturalmente, aquilo já
passa pela visão e interpretação de alguém sobre algum dado ou informação. Porém, muito além
disso, essa pessoa pode fabricar esses dados ou inventar informações, e é aí que podemos definir
melhor uma fake news.
Generalizando, podemos dizer que fake news é como se fosse contar uma mentira com algum
objetivo, nada mais que uma calúnia, um boato ou uma difamação. Então, isso significa que a fake
news é muito mais antiga do que estou pensando? Exatamente! Alguns historiadores, como Robert
Darnton, comentam que esse hábito de espalhar notícias falsas já existia há muito tempo. Ele
consegue até identificar um caso no século VI. Procópio de Cesárea era o historiador do Império
Bizantino. Foi responsável por escrever alguns textos sobre a história do imperador Justiniano.
Esses textos omitiam alguns escândalos do governo e amenizava inúmeras crises. Começava aí
uma fake news que só foi descoberta após a morte de Procópio.
38
Origem do termo
Sendo essa prática tão comum na história, é um pouco difícil delimitar um período histórico exato
para a utilização desse termo. Entretanto, nos últimos anos, a discussão sobre fake news tem
ganhado força, principalmente associada ao conceito de pós-verdade (post-truth).
Pós-verdade é um substantivo usado pela primeira vez pelo dramaturgo sérvio-americano Steve
Tesich, em 1992. Foi empregado para se referir a uma “circunstância na qual fatos objetivos têm
menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”. Isso
significa que você está mais suscetível a acreditar na história que seu familiar, amigo ou ídolo está
contando do que aquela que estaria em um grande veículo de informação.
Assim, a disseminação de notícias deixou de ser algo centralizado nos grandes portais de
comunicação e passou a existir a partir de uma mensagem no WhatsApp, do textão no Facebook,
da thread no Twitter. É o que o historiador Leandro Karnal comentou sobre uma “seleção afetiva de
identidade”. Você tende a acreditar mais naquilo que seu amigo compartilhou do que em um grande
portal de notícia com credibilidade.
Aliadas às redes sociais, as notícias falsas e a pós-verdade ganham uma dimensão extra devido a
outro fenômeno, denominado bolhas virtuais. A tendência é que você siga pessoas com as quais
tenha afinidade, que sejam parecidas com você em algum nível. Quando a notícia passa a ser
compartilhada por todo mundo daquele círculo, você entende como verdade, formando sua própria
bolha. Ter uma visão externa, uma opinião contrária passa a ser incomum ou taxada como absurdo,
mesmo que existam dados que ajudem a comprovar essa visão oposta.
39
O caso Cambridge Analytica
Agora, você já imaginou usar esse grande inventário para compartilhar determinadas notícias
falsas? Foi o que a Cambridge Analytica fez nos Estados Unidos e no Reino Unido durante as
eleições de Donald Trump e a aprovação do Brexit. A partir do inventário de dados de cada usuário,
compartilhavam-se notícias falsas específicas. Se aquele perfil demonstrava uma preocupação
com a economia, a empresa pagava para exibir publicações falsas sobre a taxa de desemprego nos
Estados Unidos, ou compartilhava informações de que o Reino Unido perdia milhões de dólares por
semana enquanto se mantinha na União Europeia. Se a preocupação era sobre segurança nacional,
a empresa comprava anúncios com notícias falsas de que a candidata Hillary Clinton tinha alguma
responsabilidade pela criação do Estado Islâmico.
Os robôs e bots
Aqui, existe uma pequena confusão. Eles são muito usados de forma produtiva. Sabe aquele
atendimento automático que temos por telefone ou aquelas dúvidas que são respondidas
rapidamente em um chat de alguma empresa? É basicamente o trabalho de bot ou chat robô. Porém,
no mundo e no Brasil, esses bots têm sido usados para espalharem notícias falsas sobre um
candidato, sobre uma lei, sobre uma pessoa. O aplicativo de troca de mensagens WhatsApp baniu
pelo menos 1,5 milhão de contas de usuários brasileiros, em outubro de 2018, segundo notícia da
Uol., por suspeita de disseminação de fake news.
Exemplos e Consequências
Ao longo do texto, já divulgamos alguns casos de fake news, mas vamos citar outros para ter
bastante referência para uma redação, por exemplo. Esta reportagem da BBC cita três casos de fake
news que geraram guerras e conflitos ao redor do mundo.
O primeiro foi de um menino crucificado na Ucrânia. Essa notícia foi usada como propaganda,
ajudando a justificar a intervenção russa na Crimeia, que anexou esse território em 2014, que até
então era da Ucrânia.
Um segundo caso foi sobre a Guerra do Golfo, no qual usaram a filha do embaixador do Kuwait nos
Estados Unidos para fazer um depoimento falso sobre as atrocidades do governo iraniano de
Saddam Hussein e convencer a opinião pública americana a participar da guerra.
E o terceiro caso foi a utilização de fotos falsas na crise humanitária envolvendo os rohingyas
(mulçumanos). Essa minoria muçulmana não é considerada cidadã de Mianmar e é perseguida pelo
governo local e por budistas, migrando forçadamente para Bangladesh. As fotos, que são
relacionadas até a conflitos em outro continente, são usadas para acusar os rohingyas de serem
violentos.
40
Mas esses são alguns exemplos recentes. Até a descoberta do Brasil é repleta de notícias falsas,
como a de que Pedro Álvares Cabral e suas embarcações teriam sido os primeiros europeus a
chegarem em solo brasileiro, mesmo, anos antes, o navegador português Duarte Pacheco ter
alcançado o litoral brasileiro, próximo aos estados do Amazonas e Maranhão.
• Sátira ou paródia: não possui intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar;
• Falsa conexão: quando imagens, títulos e legendas dão falsas dicas do que realmente é o
conteúdo;
• Conteúdo enganoso: utilização enganosa de uma informação contra um assunto ou uma
pessoa;
• Falso contexto: conteúdo original compartilhado em um contexto falso;
• Conteúdo impostor: quando afirmações falsas são atribuídas a fontes reais, geralmente
pessoas;
• Conteúdo manipulado: informação verdadeira manipulada para enganar;
• Conteúdo fabricado: conteúdo completamente falso com o objetivo de gerar desinformação e
causar algum mal.
Como combater?
E aí, como combater algo tão complexo? Essa resposta também não é fácil. Um primeiro ponto é
começar a buscar fontes de notícias com maior credibilidade. E isso passa geralmente por grandes
portais de notícias, embora outros portais menores também estejam construindo um excelente
jornalismo e possuam grande credibilidade. Aqui, esbarra-se em uma outra discussão, de que esses
portais estão defendendo alguém, participam de alguma conspiração... Todo texto carrega uma
subjetividade. Para isso, é necessário entender que todos esses portais de notícias possuem uma
linha editorial, um pensamento econômico. E isso não faz deles menos confiáveis. A dica é, sempre
que ler o conteúdo, leia suas entrelinhas, além de procurar diversas fontes.
Generalizando, existe também aquele portal que vai te dar o furo de notícia e outro que vai fazer
uma análise completa do conteúdo. Se foi noticiado algum furo, aguarde uma análise mais
completa para não sair espalhando fake news. E, por fim, confira sempre as agências de verificação.
Alguns grandes jornais já incorporaram isso. Mas existem agências especializadas em checar fatos,
como a Agência Lupa e o portal Aos Fatos. Esses são excelentes mecanismos para verificar as
notícias, garantindo uma maior credibilidade ao conteúdo que você lê.
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Projeto de Lei 2630
No âmbito do Estado a criação de leis para combater a fake news pode ser uma estratégia
fundamental. Atualmente o principal projeto de lei que trata sobre o assunto é o Projeto de Lei
2.630/2020 também denominado como Lei das Fake News, o projeto de lei foi proposto pelo
Senador Alessandro Vieira (CIDADANIA – SE) e definido como a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet.
O objetivo do projeto, no geral, é criminalizar a promoção das fake news, isto é, punir quem inventa,
paga ou age ativamente para divulgar fake news. Em outra parte, o projeto também busca identificar
a origem das mensagens, além de contar com a ajuda de empresas de redes sociais, inclusive
pedindo que essas empresas tenham sede ou representação no Brasil para poderem ser notificadas
e colaborarem com a justiça brasileira. De qualquer forma, o texto é alvo de críticas pela base do
governo e até por grandes empresas de tecnologia como Google e Youtube. No início do mês de
abril foi analisado o pedido de urgência para votação do projeto de lei. Entretanto, o pedido de
urgência obteve 249 votos a favor e 207 votos contrários. Porém, para o pedido de urgência ser
aceito era necessário a obtenção de maioria da câmara, um total de 257 votos.
A palavra é usada por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por
exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald
Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que negaram esta história. Segundo Oxford
Dictionaries, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos
políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu
pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, designada como Brexit. Ambas as campanhas
fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava
à Grã-Bretanha US$ 470 milhões por semana, no caso do Brexit, ou a de que Barack Obama é
fundador do Estado Islâmico, no caso da eleição de Trump. (...) Para diversos veículos de impensa,
a proliferação de boatos no Facebook e a forma como o feed de notícias funciona foram decisivos
para que informações falsas tivessem alcance e legitimidade. Este e outros motivos têm sido
apontados para explicar a ascensão da pós-verdade. Plataformas como Facebook, Twitter e
Whatsapp favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande parte dos factoides são
compartilhados por conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a aparência
de legitimidade das histórias. Os algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que usuários
tendam a receber informações que corroboram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam as
narrativas às quais aderem de questionamentos à esquerda ou à direita.
Adaptado de André Cabette Fábio. O que é ‘pós-verdade’, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford. Nexo, 16/11/2016.
Disponível em https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/16/O-que-é-‘pós-verdade’-a-palavra-do-ano-segundo-a-
Universidade-de-Oxford.
Muitas bancas de vestibular têm aproveitado essa questão atual para promover a reflexão dos
candidatos a partir dos temas de redação. O tema de 2019 do Cotuca fez isso. Veja a seguir.
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Cotuca (2019)
O historiador estadunidense Robert Darnton afirma que as “fake news” não são um fenômeno
exclusivo da modernidade. “As notícias falsas sempre existiram. Procópio foi um historiador
bizantino do século VI famoso por escrever a história do império de Justiniano. Mas ele também
escreveu um texto secreto, chamado ‘Anekdota’, e ali ele espalhou ‘fake news’, arruinando
completamente a reputação do imperador Justiniano e de outros.” Os 4 textos a seguir tratam sobre
esse fenômeno. A partir da leitura dos textos-fonte e de sua experiência, elabore um texto
dissertativo-argumentativo, discutindo a seguinte questão: qual é a responsabilidade do jovem na
produção e circulação de “fake news”?
Quando subiu ao palco para fazer seu discurso no encontro Idade do Autismo, em maio do ano
passado, Andrew Wakefield não podia mais dizer que era médico, pois fora proibido, pelo Conselho
Britânico de Medicina, de praticar medicina no Reino Unido, após fraudar suas pesquisas em que
relacionava a vacinação com o desenvolvimento de autismo em crianças. Ainda assim, Andrew foi
muito bem recebido no evento: deu autógrafos para pais de crianças autistas e foi aplaudido de pé
pelo público. A verdade é que quanto mais ele caía em descrédito na comunidade científica, mais
se tornava admirado e apoiado pelo movimento antivacinação. A história é parte de um fenômeno
perigoso no campo científico: o medo de que as vacinas possam causar autismo.
O ex-médico inglês é uma figura central nessa narrativa. Em 1998, ele publicou um estudo que
comprovaria a ligação da vacina tríplice (que protege contra caxumba, sarampo e rubéola) com o
autismo. Após investigar 12 crianças portadoras do distúrbio, chegou à conclusão de que em oito
desses casos os sintomas do autismo começaram a aparecer pelo menos duas semanas depois
da vacinação. O estudo ganhou repercussão na mídia e chamou atenção dos cientistas e pelo
menos 12 grupos independentes de pesquisadores tentaram repetir o teste, mas não encontraram
o mesmo resultado. Em 2010, o jornal científico The Lancet, que publicara o estudo originalmente,
se retratou e o retirou de seu site. Em janeiro deste ano, um estudo publicado no British Medical
Journal concluiu que o trabalho de Wakefield era uma fraude elaborada. E que a intenção do médico
era lucrar com novos testes e tratamentos para o autismo.
As conclusões do estudo acabaram chegando ao ouvido de pais e mães assustados, que passaram
a desconfiar de qualquer vacina. Seth Mnookin defende que o estudo de Andrew Wakefield não teria
nenhuma repercussão se não fossem seus colegas jornalistas.
Anunciada com pompa numa coletiva de imprensa, a ligação entre vacinação e autismo ganhou as
manchetes dos principais jornais ingleses, como The Guardian e The Independent.
Na ânsia de apresentar os dois lados da questão, a imprensa mostrava acalorados debates entre
cientistas, que apresentavam relatórios e estudos científicos, e integrantes dos grupos
antivacinação, compostos em sua maioria por pais de crianças autistas, que contavam sua própria
história de sofrimento, além de mostrar estudos como o de Wakefield. E a emoção acabou por
ganhar o debate.
Adaptado de: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI236573-17773,00E+O+MEDO +VEMCEU+A+CIENCIA.html.
Professor usa fake news para ensinar ciência na escola
Paula Adamo Idoeta - BBC Brasil, 21/04/2018.
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Alvo de debate ao redor do mundo por seu possível impacto na democracia, as “fake news” - notícias
inventadas geralmente com o objetivo de viralizar na internet e influenciar consumidores e eleitores
- têm sido usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento crítico e
pesquisa científica. O professor de ciências Estêvão Zilioli, responsável pelo projeto, relata que os
próprios estudantes buscam as notícias de cunho duvidoso para análise em sala de aula. A ideia é
que eles se perguntem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser acreditada e
compartilhada?
A aula se centra em discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações online -
buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos, periódicos
científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo. "Eles já estão mais treinados a ver o
que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no WhatsApp) e pensam duas vezes antes
de acreditar. Antes, se uma matéria era compartilhada muitas vezes, eles achavam que
necessariamente era real. Agora, estão percebendo que esse critério numérico não vale. E, mesmo
que eles percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a metodologia",
afirma o professor.
Adaptado de: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43789480.
Os textos desta coletânea abordam a questão das fake News na sociedade contemporânea. O
primeiro texto veicula um caso em que um estudo feito por um médico repercutiu na mídia, mas
depois mostrou-se falso. O segundo, há um caso de um professor que estimula seus/suas
alunos/as a um pensamento crítico que questione a confiabilidade das notícias com as quais
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eles/as tomam contato. O terceiro apresenta uma crítica à facilidade com a qual as notícias falsas
são transmitidas, revelando uma postura passiva das mais diversas pessoas, que não se
questionam sobre a veracidade das informações que transmitem. Por fim, na tirinha de Armandinho,
por meio do humor, vemos a sugestão de criação de boas notícias para acabar com o problema da
dificuldade de encontrá-las. Assim, todos os textos auxiliam a construção de uma opinião acerca
dos malefícios das notícias falsas, uma vez que podem atingir grandes proporções.
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A democracia no Brasil
O que é democracia?
Primeiro, é importante começamos com as definições. O que é a democracia, o que é regime
político, forma e sistema de governo. Nesse sentido, a palavra Democracia tem origem no grego
demokratía, que é composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). Nesse
regime político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. É um tipo de governo
em que todas as importantes decisões políticas estão nas mãos do povo, que elegem seus
representantes por meio do voto. A democracia é um regime de político que pode adotar o sistema
de governo presidencialista, onde o presidente é o maior representante do povo, ou o sistema
parlamentarista, onde existe a figura do primeiro-ministro, que toma as principais decisões
políticas.
Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como
as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida
política, econômica, e cultural da sociedade. A Grécia Antiga foi o berço da democracia, onde
principalmente em Atenas o governo era exercido por todos os homens livres. Naquela época, os
indivíduos eram eleitos ou eram feitos sorteios para os diferentes cargos. Na democracia ateniense,
existiam assembleias populares, onde eram apresentadas propostas, sendo que os cidadãos livres
podiam votar. Existem dois tipos principais de democracia, notadamente: Democracia direta ou
pura e democracia indireta ou representativa.
Já a democracia indireta ou representativa é o sistema político no qual o povo exprime sua vontade
elegendo representantes, os quais tomam as decisões políticas em nome deles. Neste último tipo
de democracia, portanto, a sociedade não participa diretamente do processo de tomada de
decisões, o que fica a cargo dos representantes eleitos pelo voto popular. No Ocidente, o conceito
moderno de democracia política é justamente o de democracia representativa, no qual uma pessoa
ou grupo são eleitos representantes e são organizados, em geral, em instituições como o
Parlamento, Câmara, Congresso, e etc...
A democracia semidireta tem esse nome porque, de um lado, possui um caráter representativo, no
sentido de que as pessoas elegem os seus representantes e, de outro lado, há alguns institutos que
possibilitam uma participação direta dos representados em alguns casos específicos e
esporádicos. Esses institutos são o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular, o veto popular, entre
outros. É também conhecida como democracia participativa.
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O plebiscito é uma consulta prévia feita ao povo para que ele manifeste sua opinião sobre uma
determinada medida ou lei a ser adotada pelo governo. Já o referendo é um instituto da democracia
semidireta no qual a coletividade pode dar sua opinião sobre uma medida já tomada pelos
governantes. Nesse sentido, o referendo é a ratificação popular de algo que já está feito. A
iniciativa popular, por sua vez, é um instrumento utilizado na democracia direta ou semidireta a
partir do qual a coletividade pode apresentar projetos de lei. Dessa maneira, determinados projetos
de lei podem tramitar e serem aprovados na medida em que uma grande quantidade de pessoas os
apoie. Por fim, o veto popular é um instrumento democrático utilizado no sentido de impedir uma
determinada medida governamental. No Brasil, por exemplo, a Constituição de 1988 atribui a tarefa
de veto tão somente aos chefes do poder executivo, como, por exemplo, o presidente da
República.
E o Brasil, é o que?
O Brasil adota um regime político democrático, com forma de governo pautado na república e
sistema de governo presidencialista. Resumindo, somos uma república democrática
presidencialista, no qual a democracia representativa é caracterizada pela divisão em Três Poderes.
Apenas para relembrar, essa divisão remete a Montesquieu. Tal separação visa a conter a
possibilidade de abuso de poder por parte do governante. Segundo Montesquieu: “todo homem que
tem o poder é tentado a abusar dele [...] é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o
poder”. Partindo dessa ideia de que só o poder pode frear o poder, ele propõe que todo governo
deve ser estruturado pelos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
De acordo com Montesquieu, é necessário que cada um dos Poderes exerça as suas funções de
maneira autônoma e harmônica em relação aos demais, de modo que se alcance um Estado de
direito em que o poder esteja submetido às leis. Só assim será possível promover o ideal máximo
do Iluminismo, que é a liberdade.
No Brasil, existem eleições para o Executivo e para o Legislativo. Esses dois Poderes são
responsáveis pela seleção daqueles que irão ocupar o Judiciário, que, por ser um cargo mais
técnico, não está aberto às eleições. E, para se aprofundar ainda mais nos cargos desses Poderes,
confira as funções destacadas abaixo:
• Poder Executivo
Responsável por executar as leis, propor planos de ação e administrar os interesses públicos.
Âmbito federal: presidente da República, juntamente com os ministros.
Âmbito estadual: governadores.
Âmbito municipal: prefeitos.
• Poder Legislativo
Elabora, aprova e fiscaliza a execução das leis.
Âmbito federal: deputados federais e senadores.
Âmbito estadual: deputados estaduais.
Âmbito municipal: vereadores.
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• Poder Judiciário
Interpreta as leis e julga os casos, de acordo com as regras constitucionais.
São os juízes, ministros, desembargadores e promotores de justiça.
Nesse contexto, o Brasil é uma república democrática presidencialista desde 1985 e, portanto, há
37 anos. O que faz do nosso país uma democracia muito nova, o que ajuda a entender parte dos
problemas recentes, uma vez que outros países, como Estados Unidos que é uma república
democrática presidencialista há mais de 200 anos.
Com a Proclamação da República em 1889 instituiu-se pela primeira vez no Brasil a república como
forma de governo. Desde então o Brasil não alterou essa forma de governo. Nesse período, o voto
era aberto apenas para homens alfabetizados. Em 1930 temos uma revolução liderada por Getúlio
Vargas o que dá início a Era Vargas que se estende até 1945. Importante destacar que a Era Vargas
é divida em três fases: o Governo Provisório (1930-34), o Governo Constitucional (1934-37) e o
Estado Novo (1937-1945). Nesse último período, adota um regime político ditatorial, quando o
presidente cria uma nova Constituição e decreta o fechamento do congresso.
Apenas em 1946 voltamos ao regime democrático que se estende até 1964. Todavia, muitos
pesquisadores discordam sobre o regime democrático desse período uma vez que não existia a
garantia de diversos direitos, como o de greve. Durante esse intervalo também existiram diversas
tentativas de golpe, com as de 1955 e 1961, até que em 1964 uma outra tentativa obteve sucesso.
Importante lembrar que desde a república adotamos o sistema de governo presidencialista, embora
de 1961 até 1963 institui-se a segunda experiência parlamentarista.
De 1964 até 1985 adotamos um regime ditatorial, embora existissem eleições o direito de liberdade
política era nulo. A atual república democrática presidencialista entra em cena no processo de
redemocratização com a eleição indireta em 1985 de Tancredo Neves, que faleceu e não chegou a
assumir o cargo. A posse ficou com o vice-presidente, José Sarney.
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Como contextualizar essas informações na redação?
Sabemos que o Enem traz, no tema da redação, uma abordagem problemática de algum assunto,
em geral, com tom propositivo e que envolva (mesmo que indiretamente) nossos direitos e deveres
como cidadãos. Nessa perspectiva, é de extrema importância compreendermos o conceito de
democracia e saber como ele se aplica no Brasil.
TEXTO I
representatividade
substantivo feminino
1. qualidade de representativo.
2. qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na
população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome.
Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&es_th=1&ie=UTF-
8#q=REPRESENTATIVIDADE
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TEXTO II
TEXTO III
As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem
hoje um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e
opções relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que
se amplia a liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo
decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas)
para forças essencialmente não políticas — primordialmente as do mercado financeiro e do
consumo. A agenda de opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente
nas atuais condições. Assim esvaziada, a política perde interesse.
Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado
TEXTO IV
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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os riscos da crise de representatividade para a democracia brasileira”
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos. Ou seja, o direito à vida, à
liberdade, à liberdade de opinião, ao trabalho, à educação, à crença religiosa e muitos outros.
Um marco na história dos direitos humanos é a criação, na década de 1940, na Organização das
Nações Unidas (ONU), da Declaração Universal dos Direitos Humanos, com as condutas que
deveriam ser comuns a todos os povos do mundo. Traduzido em mais de 500 idiomas, esse
documento inspirou as constituições de vários países.
Destacamos, a seguir, alguns dos mais relevantes entre os 30 artigos do documento.
• Artigo 3: Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
• Artigo 5: Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
• Artigo 7: Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção
da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
• Artigo 10: Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
• Artigo 11: I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.
Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/marielle-os-direitos-os-humanos-esclarecimento-do-extra-aos-leitores-
22493662.html
TEXTO II
"Uma coisa que eu escrevi sobre um bandido, sobre um criminoso chamado Mineirinho, que morreu
com treze balas, quando uma só́ bastava. [...] O que me deu uma revolta enorme. Eu não me lembro
muito bem, já foi há bastante tempo, qualquer coisa assim como o primeiro tiro me espanta, o
segundo tiro não sei o quê, o terceiro tiro coisa... o décimo segundo me atinge, o décimo terceiro
sou eu. Eu me transformei no Mineirinho massacrado pela polícia. Qualquer que tivesse sido o crime
dele uma bala bastava. O resto era vontade de matar, era prepotência."
Clarice Lispector em entrevista à TV Cultura, em 1977.
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TEXTO III
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “O Brasil vive uma cultura de direitos humanos?” apresentando proposta
de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente
e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
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Referências
• https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1
• https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf
• https://www.facebook.com/OPASOMSBrasil/photos/a-adolesc%C3%AAncia-%C3%A9-cheia-
denovidades-%C3%A9-quando-jovens-saem-de-casa-passam-na-unive/1035531869953464/?_rdr
• https://andi.org.br/agenda/saude-mental-de-adolescentes-e-preciso-agir/
• https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/quatro-em-cada-dez-familias-afirmam-que-
escolas-ja-retomaram-atividades-presenciais
• https://revistaabm.com.br/blog/e-na-adolescencia-que-surgem-sinais-de-transtornos-mentais-que-nao-
tratados-afetam-a-saude-e-a-qualidade-vida-veja-como-perceber
• https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5
• https://www.cvv.org.br/ligue-188/
• https://www.baobabe.com.br/blog/letudiant-noir-a-importancia-da-revista-na-construcao-da-identidade-
negra-na-franca/
• https://historiaecultura.ciar.ufg.br/modulo2/capitulo8/conteudo/1-4.html
• https://poeticaembytes.wordpress.com/2020/11/30/a-congo-square-e-a-cultura-norte-americana/
• https://afropunk.com/2018/02/black-history-congo-square-new-orleans-heart-american-music/
• https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53000662
• Gomes, Nilma Lino. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção dos saberes.
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• https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/08/23/Fogo-no-Pantanal-por-que-2021-pode-ser-pior-
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• https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-
em-n%C3%BAmeros
• https://www.mpms.mp.br/noticias/2021/04/relatorio-aponta-que-quase-60-dos-focos-de-incendios-no-
pantanal-em-2020-tem-probabilidade-de-ligacao-com-atividades-agropastoris
• https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-
bioma-pantanal-corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml
• LEPSCHE, Igo F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2 ed. 2010.
• COUNTINHO, Leopoldo Magno. Biomas brasileiros. São Paulo : Oficina de Textos, 2016.
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