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Revista de

A UALIDADES
AR
ABR
2022

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Sumário

Atualidades Mundo
Saúde mental na adolescência ........................................................................................................................ 2

Marcos históricos contemporâneos do Movimento Negro ......................................................................... 13

Polarização política no mundo contemporâneo ........................................................................................... 24

Atualidades Brasil
Pantanal........................................................................................................................................................... 29

Fake news e o projeto de lei ........................................................................................................................... 38

A democracia no Brasil................................................................................................................................... 46

Referências...................................................................................................................................................... 53

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Atualidades Mundo

Saúde mental na adolescência

A adolescência é um momento de muitas mudanças físicas, emocionais, hormonais e


comportamentais. Por isso é importante prestar atenção aos sinais que o corpo e a mente sempre
dão para quando as coisas não estão indo muito bem. Vamos juntos conversar um pouco mais
sobre saúde mental?
Pega a visão: todas as informações apresentadas aqui são de organizações que têm como um dos
seus focos a saúde do adolescente. Porém isso não é um guia, portanto não substitui de forma
alguma a procura por um profissional de saúde especializado. As ideias apresentadas a seguir são
para levantar debates fundamentais acerca da saúde mental na adolescência e tentar trazer
algumas informações relevantes sobre o tema. Então, se você tiver alguma questão nesse sentido,
é essencial procurar um profissional da área, ok?! 😉

Para começar, você sabe o que caracteriza ser adolescente? Já adianto que não é ser rebelde, hein
– o RBD que me perdoe... E te afirmo que não existe exatamente um consenso sobre quando essa
fase da vida começa; mas, para fins didáticos, vamos adotar o padrão que é estabelecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Segundo a instituição, a adolescência é a fase da vida entre a infância e a idade adulta, dos 10 aos
19 anos. Outros pesquisadores consideram que a adolescência só começa aos 14 e termina aos 24
anos, por exemplo. Lembra que falamos anteriormente sobre falta de consenso? Então...

Independentemente disso, para a OMS, o importante é entender que esse é um período único de
desenvolvimento humano e de intensas modificações que se tornarão a base para uma boa saúde
física e mental desse futuro adulto.

Segundo a instituição:
“Os adolescentes experimentam um rápido crescimento físico, cognitivo e psicossocial. Isso afeta
como eles se sentem, pensam, tomam decisões e interagem com o mundo ao seu redor. [...] Para
crescer e se desenvolver com boa saúde, os adolescentes precisam de informações, incluindo
educação sexual abrangente e adequada à idade; oportunidades para desenvolver habilidades para
a vida; serviços de saúde aceitáveis, equitativos, apropriados e eficazes; e ambientes seguros e de
apoio. Eles também precisam de oportunidades para participar significativamente na concepção e
execução de intervenções para melhorar e manter sua saúde. Expandir essas oportunidades é
fundamental para responder às necessidades e direitos específicos dos adolescentes.”
Disponível em: https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1

Quando surgiu a adolescência?


Você sabe de onde surgiu a ideia de adolescência? O conceito tal qual conhecemos hoje é muito
recente, e preciso te falar: ele está sujeito a questões culturais, geográficas, sociais e políticas.
Segundo a pesquisadora Luciana Gageiro Coutinho:

"A adolescência é um fato cultural, pois o modo como cada sociedade lida com os seus jovens é
particular e articulado a todo o seu contexto sociocultural e histórico. A passagem da infância à
maturidade, vivenciada como a ‘crise adolescente’, é um produto típico da nossa civilização."
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5

O que chamamos de adolescência atualmente teria surgido no final do século XIX; e, segundo
especialistas como a citada acima, a ideia só se consolidou de fato no século XX, especialmente
depois das guerras mundiais. Apesar disso, é fundamental explicar que o termo é muito anterior a
esse período, ok?! O que surgiu na passagem do século XIX para o XX foi o conceito de adolescência
mais próximo do atual.

Agora precisamos “chamar a História no probleminha”, para lembrar que esse período foi de intensa
modificação social, política, cultural e econômica na sociedade ocidental. Estamos falando de uma
fase em que industrialização é a palavra de ordem, assim como o individualismo – consolidação do
modo de vida burguês, lembra? Estamos falando também do surgimento do Romantismo e da
defesa de uma liberdade de criação e expressão, com foco no individuo, na supervalorização da
natureza e das emoções e na busca por uma autenticidade. O cross-over de milhões entre a
Literatura e a História – vem “ni” mim, interdisciplinaridade!

Todas essas modificações na sociedade ocidental acabaram contribuindo para o surgimento de


uma ideia diferente sobre o que seria essa chamada adolescência. Para a pesquisadora Luciana
Gageiro Coutinho, as mudanças que ocorreram nas escolas no século XX – como uma maior divisão

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do tempo de estudo e dos conhecimentos científicos – fizeram o jovem demorar mais a sair de
casa e, consequentemente, ficar mais tempo dependente dos pais. Esse seria o momento em que
o adolescente teria a possibilidade de aproveitar a vida de forma mais livre e sem tantas obrigações.

Um fator significativo a se considerar é que a arte, especialmente a Literatura e o Cinema,


contribuíram para a construção de um imaginário social em torno desse jovem como um rebelde e
indisciplinado. Todo o mundo já ouviu aquela famosa expressão: Rebelde sem causa. Essa
idealização do adolescente estava ligada diretamente ao seu contexto histórico, uma vez que a
década de 1960 foi marcada por uma série de movimentos de contestação social, política e
econômica, com um enfoque especial para os movimentos de contracultura, por exemplo.

Um ponto interessante levantado por Luciana é que o conceito de adolescência se consolidou a


partir daí, enquanto se criava a ideia de conflito de gerações. A representação do adolescente como
um ser livre para viver e experimentar fez com que as pessoas quisessem vivenciar essa fase da
vida. Olha essa música famosa do grupo musical Alphaville, de 1984:
Em inglês:
Let us die young or let us live forever
We don't have the power, but we never say never
Sitting in a sandpit, life is a short trip

Forever young, I want to be forever young


Do you really want to live forever?
Forever, and ever

Tradução:
Deixem-nos morrer jovens ou deixem-nos viver eternamente
Nós não temos o poder, mas nunca dizemos nunca
Sentando em um poço de areia, a vida é uma viagem curta

Eternamente jovem, eu quero ser eternamente jovem


Você realmente quer viver para sempre?
Para sempre e todo sempre
“Forever Young”, Alphaville, 1984. Disponível em: https://www.letras.mus.br/alphaville/1356/traducao.html

Assim, a rebeldia passou a ser uma das características centrais do “ser adolescente” nesse período.
Para especialistas, todas as mudanças que ocorreram na virada do século XX para o XXI trouxeram
uma nova ideia de adolescência e juventude. O aumento do consumo e da individualidade e
principalmente o reconhecimento da criança e do adolescente como seres sujeitos de direitos são
fatores essenciais para pensar o que é adolescência na sociedade contemporânea.

Pega a visão: um exemplo interessante desse reconhecimento no Brasil é o Estatuto da Criança e


do Adolescente (ECA), criado em 1990. O ECA é um conjunto de normas jurídicas que tem como
objetivo principal a proteção e a defesa dos direitos da criança e do adolescente.

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Segundo Luciana,
“O que marca a geração atual é a sua imersão na sociedade de consumo, centrada no presente e
na posse de objetos e as influências das novas tecnologias, da mídia, do telefone celular e da
Internet, que repercutem em várias dimensões da vida do jovem. [...] A adolescência hoje é marcada
por desafios na construção de projetos futuros, pela busca por novas maneiras de se relacionar
amorosa e sexualmente e pelo envolvimento por vezes problemático com drogas e situações de
violência. [...] Nesse contexto, os ideais de liberdade e autonomia tornam-se radicais, de modo que
o que é dito aos jovens é que seu futuro depende única e exclusivamente deles e que eles devem
romper com o passado e com as tradições, para que possam se destacar do todo pela sua
singularidade e autenticidade.”
Motta, Débora. Uma análise da adolescência ao longo da história. https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5

O que é saúde mental?


Agora que já falamos sobre a adolescência, pensa aí: você já parou para pensar sobre o que é saúde
mental? O que é estar com o corpo e a mente “em dia”? Segundo o Fundo das Nações Unidas para
a Infância (UNICEF), a saúde mental pode ser definida como:
“A saúde mental é mais do que a ausência dos transtornos mentais, é um estado de bem-estar, é
conseguir passar pelas coisas que acontecem em nossa vida, mesmo as ruins, e depois conseguir
seguir em frente. E ela se relaciona com a nossa saúde física, nossas questões emocionais e
também com a justiça social, a autonomia e a segurança.”
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf

Portanto, podemos perceber que existem muitos fatores externos e internos que contribuem para a
construção de uma saúde mental e que ela está diretamente relacionada com o a parte física do
corpo também. Então, fazer exercícios ou praticar uma atividade física de que você gosta é um dos
fatores essenciais para que a mente consiga estar em sintonia com o corpo.
É bom frisar que não é sobre emagrecer, muito menos buscar um padrão que é – infelizmente –
mais aceito pela sociedade. Seu padrão é você e a sua saúde, viu?! Praticar exercícios faz com que

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o nosso corpo libere um hormônio chamado endorfina, que dá aquela sensação de bem-estar,
prazer, alívio e relaxamento – alô, @Biologia, corre aqui! 😉

Segundo a UNICEF, outros dois fatores também são essenciais para o jovem manter a saúde
mental: a resiliência e o autocuidado. Você sabe do que se tratam essas duas palavrinhas?

O que é resiliência?
É a capacidade de enfrentar os desafios da vida de uma forma positiva,
aprender a ser mais tolerante (que aceita certas falhas ou erros) e flexível (que
se adapta a várias situações).

O que é autocuidado?
É tudo aquilo de positivo que fazemos para nos sentirmos bem, seja algo
ligado ao físico, social, mental ou espiritual. É dar atenção a si mesmo,
conhecer as necessidades, buscar o bem-estar e pedir ajuda quando
necessário.
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf

Transtornos mais comuns na adolescência


Segundo a OMS, existem alguns transtornos que podem mexer com o emocional do jovem e fazer
com que ele não consiga viver com plenitude, ou seja, relacionando-se, cumprindo sua rotina e
praticando exercícios, por exemplo. O transtorno mental é um estado emocional que prejudica a
qualidade de vida do adolescente e pode levar a alterações de humor, hábito e comportamento.
Entre os transtornos mais comuns entre os jovens e adolescentes, estão:
• Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
• Depressão;
• Ansiedade;
• Síndrome do pânico;
• Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

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Além disso, a UNICEF e especialistas apontam para outro elemento muito importante: a existência
de questões sociais, comportamentais e emocionais que podem ser propulsoras de transtornos e
uma saúde mental prejudicados. Algumas delas são:
• Violência (física e psicológica);
• Luto;
• Abuso físico ou sexual;
• Bullying ou cyberbullying;
• Racismo;
• LGBTQIAP+fobia;
• Falta de recursos financeiros.

Dicas importantes para tentar manter a saúde mental em dia

Saúde Mental De Adolescentes e Jovens, UNICEF. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-


adolescentes-e-jovens.pdf

Pega a visão: neste link contém um e-book da UNICEF que tem a intenção de dialogar com os
adolescentes e jovens sobre saúde mental. Que tal dar uma olhadinha?! O material é bem interativo,
e foi nele que nos baseamos para escrever a maior parte das coisinhas que estão por aqui. 😊

Caso esteja passando por alguma questão emocional que seja difícil de explicar ou colocar para
fora, você pode entrar em contato com o número 188. Isso não exclui a necessidade de procurar
um profissional qualificado, como você consegue encontrar em boa parte das universidades
públicas próximas a você de forma gratuita ou por um valor social. O importante é se cuidar, viu?!

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Como contextualizar essas informações na redação?
Saúde mental é um tema que tem sido cada vez mais debatido pela sociedade. Mesmo que ainda
existam muitos tabus em relação a esse tema, é possível visualizar um maior acesso a informações
sobre o assunto atualmente. Por isso o próprio Enem abordou essa questão no tema da redação de
2020 (“O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”) – fato que não impede
que ele seja abordado sob outras perspectivas ou por outras bancas de vestibular.

Se liga!
Neste link você pode acessar a prova do Enem de 2020, cujo tema da redação foi saúde mental.
Agora, vamos escrever um texto sobre saúde mental na adolescência, para colocar em prática os
conhecimentos obtidos a respeito desse tema? Deixaremos, a seguir, três opções para você treinar.
😉

Tema 1: A saúde mental do jovem no século XXI


TEXTO I
Dados sobre a saúde mental dos jovens
Os dados sobre a saúde mental dos jovens na atualidade no Brasil e no mundo precisam ser vistos
como instrumentos de alerta para que os pais, os professores e os responsáveis se posicionem
quanto à necessidade de buscar ajuda especializada antes que certas situações se tornem
irreversíveis.
A ausência de tratamento de saúde mental durante a juventude tem grande impacto no desempenho
educacional, pessoal e profissional, o que aumenta o risco de abuso de álcool, de drogas e de
comportamento violento.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já anunciou que a maioria dos transtornos mentais que
afetam adolescentes e jovens não é diagnosticada e nem tratada. Essa é uma realidade que desafia
os gestores de saúde pública nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos.
No Brasil, os números chamam a atenção para a intrínseca relação entre os casos confirmados de
distúrbios mentais e a evolução para o suicídio nesse grupo. Segundo a Organização Pan Americana
de Saúde, o suicídio já está classificado em terceiro lugar como a principal causa de morte em
jovens de 15 a 19 anos.
Em caráter global, a OMS destaca alguns dados que sugerem intervenções urgentes com vistas à
redução dos impactos dos transtornos de ordem psíquica sobre a saúde de adolescentes e de
jovens. Veja quais são:
• as doenças mentais afetam um em cada seis indivíduos com idade entre 10 e 19 anos;
• as condições de saúde mental representam 16% de toda a incidência global de doenças e de
lesões na faixa etária de 10 a 19 anos;
• a maioria dos adolescentes e dos jovens com doença mental não recebe nenhum tipo de
assistência ou tratamento;
• a depressão é uma das principais causas de transtornos e de incapacidades entre os
adolescentes e jovens;
• a maioria das doenças mentais perdura até a vida adulta e compromete a estabilidade mental e
física do indivíduo que não recebeu tratamento.
Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/quais-sao-os-principais-perigos-a-saudemental-dos-jovens-na-atualidade/

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TEXTO II

Disponível em: https://www.janiltonpsicologo.com.br/olhos-psicanaliticos/olhos-psicanaliticos-medicar-criancas/

TEXTO III

Fatores que influenciam a saúde mental dos jovens

A adolescência é uma fase crucial para o aprendizado, o desenvolvimento e a manutenção de


grande parte dos hábitos sociais e emocionais mais importantes para a estabilidade mental. Nesse
sentido, a adoção de padrões de sono saudáveis, a realização regular de exercício físico e o
desenvolvimento de habilidades que possibilitam o gerenciamento de dificuldades figuram na lista
das ações mais relevantes para uma juventude saudável.
Listamos algumas questões determinantes e que podem elevar as chances de desordens mentais
nos mais jovens. Veja quais são:
• desemprego;
• conflitos familiares;
• desejo de maior autonomia;
• maior exposição ao estresse;
• exploração da identidade sexual;
• falta de qualidade de vida doméstica;
• envolvimento precoce com drogas e álcool;
• pressão para integrar-se a certos grupos ou comportamentos;
• problemas de relacionamento com pais, professores ou colegas;
• maior acesso, mais disponibilidade de recursos e uso da tecnologia;
• vítimas de bullying ou exposição à violência, incluindo pais agressivos;
• influência da mídia quanto à posição social, aos padrões estéticos e às diferenças de gênero.
Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/quais-sao-os-principais-perigos-a-saude-mental-dos-jovens-na-
atualidade/

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TEXTO IV
Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental, diz estudo

Redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro – é o que diz a pesquisa realizada pela
instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o
Movimento de Saúde Jovem. E, dentre elas, o Instagram foi avaliado como a mais prejudicial à
mente dos jovens.
Os resultados mostram que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais – mais do que
qualquer outro grupo etário, o que os torna ainda mais vulneráveis a seus efeitos colaterais. Ao
mesmo tempo, as taxas de ansiedade e depressão nessa parcela da população aumentaram 70%
nos últimos 25 anos. Os jovens avaliados estão ansiosos, deprimidos, com a autoestima baixa, sem
sono, e a razão disso tudo pode estar na palma das mãos deles: nas redes sociais, justamente.
Ao longo da pesquisa, 1.479 indivíduos entre 14 e 24 anos tiveram que ranquear o quanto as
principais redes (Youtube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam seu sentimento de
comunidade, bem-estar, ansiedade e solidão.
O estudo mostrou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono,
a autoimagem e a aumenta o medo dos jovens de ficar por fora dos acontecimentos e tendências
(FOMO, fear of missing out). Segundo a pesquisa, o site menos nocivo é o YouTube, seguido do
Twitter. Facebook e Snapchat ficaram em terceira e quarta posição, respectivamente.
Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “A saúde mental do jovem no século XXI” apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Tema 2: Os problemas relacionados à intolerância no ambiente escolar brasileiro

TEXTO I
A escola, nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência para que se cumpram
as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos, das artes, das ciências e da
tecnologia. As psicologias que emergiram no início do século XX enfatizavam, cada uma a seu
modo, a importância dos processos de aprendizagem e de ação do meio externo no
desenvolvimento das crianças, na clássica discussão a respeito da natureza e do ambiente como
fatores determinantes desse desenvolvimento. Para Vigotski, a escola tinha papel fundamental ao
produzir “algo fundamentalmente novo do desenvolvimento da criança” na direção dos processos
psicológicos superiores e da entrada da criança em um meio mediatizado pela cultura e pela
linguagem.
Adaptado. MARQUES, Patrícia; CASTANHO, Marisa. O que é a escola a partir do sentido construído por alunos. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/03.pdf

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TEXTO II
O preconceito e a discriminação são amplamente disseminados dentro da comunidade estudantil,
que ao invés de discutir sobre a diversidade opta pela exclusão. A falta de debate e esclarecimento
dentro das escolas perpetua a prática discriminatória histórica no Brasil. Uma pesquisa inédita
sobre “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” mostra que os principais alvos são os
negros e as pessoas com deficiência. Das 18,5 mil pessoas entrevistadas (alunos, pais, diretores,
professores e funcionários) em 501 escolas públicas de todo o país, 99,3% assumem ter algum tipo
de preconceito em relação a portadores de necessidades especiais (96,5%), etnorracial (94,2%),
gênero (93,5%), geração (91%), socioeconômico (87,5%), sobre orientação sexual (87,3%) e
territorial (75,95%).
Disponível em: http://www.palmares.gov.br/

TEXTO III

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os problemas relacionados à intolerância no ambiente escolar
brasileiro” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.

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Tema 3: (PUC-Rio, 2014) Felicidade
“A felicidade é uma questão individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por
si, tornar-se feliz.” (Sigmund Freud)
Produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 20 e 25 linhas –, discorrendo sobre a
felicidade. Seu texto deve conter, obrigatoriamente, um resumo do texto abaixo em forma de
DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com a devida fonte mencionada na redação. Dê um título ao
seu texto.

Felicidade e alegria
Contardo Calligaris
Quando eu era adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja,
autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz. Contrariando
essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância
ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era
feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor.
Por sorte, meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas
inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados. Graças a esse silêncio dos meus pais,
pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a juventude era o único tempo feliz da vida
deviam ser, fundamentalmente, hipócritas. Com isso, evitei uma depressão profunda, pois, uma vez
que a adolescência, que eu estava vivendo, não era paraíso algum – nunca é –, qual esperança me
sobraria se eu acreditasse que a vida adulta seria fundamentalmente uma decepção? Cheguei à
conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: quando a gente é adolescente,
a felicidade é algo que só será possível no futuro, na idade adulta; quando a gente é adulto, a
felicidade é algo que já se foi – a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como
épocas felizes. Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de outra época da
vida – futura ou passada.
No filme de Arnaldo Jabor, “A Suprema Felicidade” (2010), o avô (Marco Nanini) confia ao neto que
a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre. Concordo com
o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a
felicidade. Então, o que é a alegria? Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada
contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo
quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na
tristeza ou no luto [...] Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível, sobretudo, no
exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou
para nós mesmos. Para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um
encanto que justifica a vida. Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de
forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte.
Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime – “descobri a penicilina, solucionei o
problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso”. Para justificar a vida, bastam as experiências –
agradáveis ou não – que a vida nos proporciona, à condição de que a gente se autorize a vivê-las
plenamente. Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite
sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é. Para reencantar o mundo, não
precisamos de intervenções sobrenaturais, de feitos sublimes. Para reencantar o mundo, é
suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.
Texto adaptado de artigo publicado na Folha de S. Paulo (18/11/2010).13 (1): 11-16, jan./abr. 2000; p. 11.

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Marcos históricos contemporâneos do Movimento Negro

Brasil
As leis 10.639, de 2003, e a 11.645, de 2008, foram promulgadas para alterar a Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), de 1996. A LDB disciplina e regulamenta a educação básica no país e a intenção das
novas normas era incluir como conteúdo obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena nos currículos do ensino médio e do ensino fundamental. Segundo a lei:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,
torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e
da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos,
tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm

Apesar da promulgação da lei, o país ainda encontra uma serie de obstáculos para colocá-la em
prática, como a falta de especialização, que começa desde a formação acadêmica. Muitos
educadores, boa parte das vezes, não estudam conteúdos sobre os indígenas e os afro-brasileiros
em seus espaços de formação. Além do fato de que a formação continuada nem sempre é uma
possibilidade, assim como materiais disponíveis sobre o tema.
Um outro fator importante para se pensar sobre as dificuldades de colocar em prática tal lei, é a não
compreensão dos saberes produzidos por esses povos como parte de algo muito maior do que
apenas aqueles ligados a aspectos culturais. Os saberes produzidos por esses grupos estão ligados
a todas as áreas possíveis, como matemática, astrologia, música, comida, linguística, química e
entre outros, porém existe uma resistência em reconhecer essas produções como conhecimento
legitimo. Fala sério, quantas vezes já ouvimos falar por aí: isso é crendice, superstição etc.?
Todas essas questões levantadas fazem parte de uma problemática muito maior, que é o racismo
estrutural. Já ouviu falar??? O racismo pode ser dividido em diversos níveis e diversas formas, mas
é preciso pensar que a nossa sociedade foi, e ainda é, formada por uma estrutura moldada pela cor
da pele e traços ligados a determinados grupos “raciais”. De acordo com o autor Silvio de Almeida,
o racismo é uma relação de poder que se manifesta em circunstâncias históricas.
“O racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo o momento é reforçado pelos
meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional. Após anos vendo
telenovelas brasileiras um indivíduo vai acabar se convencendo que mulheres negras têm uma
vocação natural para o emprego doméstico, que a personalidade de homens negros oscila
invariavelmente entre criminosos e pessoas profundamente ingênuas, ou que homens brancos
sempre têm personalidades complexas e são líderes natos, meticulosos e racionais em suas ações.
E a escola reforça todas essas percepções ao apresentar um mundo em que negros e negras não

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tem muitas contribuições importantes para a história, a literatura, ciências e afins, resumindo-se em
comemorar a própria libertação graças á bondade de brancos conscientes.”
Racismo Estrutural, Silvio de Almeida.

Pega a visão: embora, biologicamente raça não seja mais um conceito aceito, é essencial pontuar
que ela é uma construção social e política que visa tanto manter/criar formas de opressão quanto
formas de resistência.

A marcha contra o racismo que ocorreu em 1995, em Brasília, foi um dos principais propulsores,
assim como a atuação de outros coletivos pretos, da criação da lei de obrigatoriedade do ensino da
cultura afro-brasileira nas escolas. Os participantes da marcha levaram até o então presidente
Fernando Henrique Cardoso uma proposta de ação chamada “Programa de Superação do Racismo
e da Desigualdade Racial”, onde constava uma série de ações ligadas a educação como forma de
superar a discriminação racial.

Marcha contra o racismo. Pela Igualdade e a vida. Disponível em:


https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/03D00040.pdf

A marcha foi apenas uma das diversas táticas que o movimento negro contemporâneo utilizou para
combater o racismo estrutural. Portanto, na esteira dos processos de contestação, o movimento
negro brasileiro não ficou de fora desse processo e promoveu diversas formas de lutas contra o
racismo no Brasil no século XX. Alguns grupos e personalidades se destacaram, ao longo desse
período, como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro,
Conceição Evaristo, Milton Santos, Carolina Maria de Jesus, Bezerra da Silva, Mãe Menininha do
Gantois, Elza Soares, entre muitos outros.

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Além disso, organizações como Movimento Negro Unificado (MNU), a Frente Negra Brasileira (FNB),
Teatro Experimental do Negro (TEN), Movimento das Mulheres Negras, entre outros, foram
essenciais para a articulação do movimento de resistência e para a conquista de direitos para a
população negra ao longo do século XX.

Pega a visão: a Frente Negra Brasileira tem uma história beeem controversa e se você quer entender
um pouco melhor esse rolê aí, clica nessa reportagem aqui.

Dentro desse contexto, veremos alguns marcos contemporâneos do movimento negro nos Estados
Unidos e na França para compreender como esses processos são múltiplos e diversos. Ahhh
importante perceber que as leis que citamos ali em cima são parte desse processo de luta, no caso
do Brasil, da população negra e da indígena, que também é constantemente invisibilizada.

Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• Por um feminismo Afro-latino-Americano - Lélia Gonzalez
• O movimento negro educador – Nilma Lino Gomes
• Racismo Linguístico – Gabriel Nascimento
• Encarceramento em massa – Juliana Borges
• O Genocídio do negro brasileiro - Abdias Nascimento

Estados Unidos da América


O século XX foi marcado por uma ebulição social, política e econômica, com duas guerras mundiais
no currículo, uma série de crimes cometidos contra os direitos humanos e crises econômicas. Foi
um momento de continuidade das contestações das populações negras, mas com o surgimento de
elementos próprios do novo século.

Em um local marcado pela brutalidade e pela segregação, a exemplo do Massacre de Tulsa e das
Leis Jim Crow, nasceram dois dos maiores ritmos musicais do século supracitado: o blues e o jazz.
Para muitos pesquisadores dos gêneros musicais, especialmente do Blues, eles se originaram das
“worksongs” (canções de trabalho) que eram entoadas enquanto os escravizados trabalhavam nas
plantações.

Autores como Eric Hobsbawn defendem que (sim, ele mesmo, aquele que está em todas), em alguns
locais, como a Louisiana, os escravizados não eram coibidos de cantar suas canções de trabalho,
pois tal ação era vista como uma válvula de escape para o trabalho exaustivo. No caso do blues,
acredita-se que ele tenha surgido ainda antes da independência das Treze Colonias. Já o Jazz, é um
ritmo mais contemporâneo e teria surgido na virada do século XIX para o XX.

Não à toa, um dos principais locais apontados como responsáveis pela origem do Jazz é estado de
Louisiana, onde fica a cidade de New Orleans. O local foi responsável por receber uma serie de
escravizados de diversos locais do continente africano e de diferentes religiões e possuía um pouco
mais de liberdade do que o restante das regiões do país, por conta do “Coid Noir”. Por conta desse

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código, criado pelos franceses, os escravizados tinham o domingo livre e se reuniam nessa praça
para cantar, dançar e aproveitar o dia de folga.

Foi dentro desse contexto que teria surgido a base daquilo que hoje chamamos de jazz, através da
mistura de vários ritmos como o blues, as músicas religiosas das igrejas protestantes formada por
negros, cantos de vodu e entre outros.

Ilustração de uma roda de dança na Congo Square, 1886. Disponível em https://www.blackpast.org/african-american-history/congo-


square-new-orleans-louisiana/

O jazz se tonou tão importante para a cultura norte-americana que passou a ser consumido em
larga escala nos Estados Unidos e fora dele. E quanto a Congo Square, bom, especialistas apontam
que boa parte dos ritmos que surgiram depois, como o rock in roll e o rap, beberam de suas fontes.
Todo esse processo cultural foi acompanhado de pertinho por uma produção intelectual, com
autores como W.E. B. Du Bois, que estavam pensando a questão do negro, tanto no continente
africano quanto na diáspora. É nesse período da virada do século XIX para o XX, que surge o pan-
africanismo e a ideia de cooperação entre os negros em diáspora e os africanos. Todo esse
processo ainda influenciou diretamente a movimentação da resistência dos povos que viviam sob
o julgo do colonialismo e do racismo proveniente dele.

Importante pensar que assim como em outras regiões marcadas pelo histórico da escravidão e pelo
colonialismo, as múltiplas e diversas formas de resistência andam de mãos dadas e se alimentam
mutuamente. Enquanto a cultura está ganhando um fôlego com o surgimento do Jazz e do
Renascimento do Harlem, os ativistas estão produzindo intelectualmente formas de resistências a
opressão racial e colonialista.

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Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• The Underground Railroad (2021 - Amazon Prime Video)
• Lovecraft Country (2020 – HBOMax)
• Watchmen (2019 – HBOMax)
• A Voz Suprema do Blues (2020 – Netflix)
• Se a Rua Beale Falasse (2018 - Amazon Prime Video)

França
Assim como no restante do mundo, na França, o século XX também foi marcado por uma serie de
produções literárias e acadêmicas produzidas movimento negro. Autores como Aimeé Cesaire,
Léon-Gontran Damas e Leopold Sedar Senghor, que eram originários de antigas colônias francesas,
contribuíram para a eclosão do Movimento da Negritude.

É a partir da criação do jornal L’Étudiant Noir (O estudante negro), em 1934, que a união entre os
negros de todos os continentes está sendo convocada e reforçada. Isso te lembra alguma coisa?
Enfim, o grupo atuava também com a criação de reuniões, exposições e eventos que pudessem
divulgar sobre as suas ideias a cerca do continente africano e de uma ideia de negritude.

Léon Damas, um dos fundadores do movimento que surgiu na França, porém possuía uma ligação
direta com os Estados unidos, afirmou "não somos mais estudantes martinicanos, senegaleses ou
malgaches, somos cada um de nós e todos nós, um estudante negro". Sintetizando a ideia inicial
que havia sido pensada por esse movimento de valorização cultural da personalidade negra e da
oposição a opressão causada pelo capitalismo e pelo mundo ocidental.

Segundo o autor Petrônio Domingues

“Na concepção de Aimé Césaire, negritude é simplesmente o ato de assumir ser negro e ser
consciente de uma identidade, história e cultura específica. Césaire definiu a negritude em três
aspectos: identidade, fidelidade e solidariedade. A identidade consiste em ter orgulho da condição
racial, expressando-se, por exemplo, na atitude de proferir com altivez: sou negro! A fidelidade é a
relação de vínculo indelével com a terra-mãe, com a herança ancestral africana. A solidariedade é o
sentimento que une, involuntariamente, todos os "irmãos de cor" do mundo; é o sentimento de
solidariedade e de preservação de uma identidade comum.”
DOMINGUES, Petrônio.Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações – Revista de Ciências Sociais,
Londrina, v. 10, n.1, p. 25-40, jan.-jun. 2005.

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Jornal L’Étudiant Noir, em 1938. Disponível em https://www.baobabe.com.br/blog/letudiant-noir-a-importancia-da-revista-na-
construcao-da-identidade-negra-na-franca/

Indicação é bom e todo mundo gosta: segue algumas indicações de filmes e series sobre os temas
que foram trabalhados na aula!
• Discurso sobre o colonialismo - Aimé Césaire
• Pele negra, máscaras brancas - Frantz Fanon

Como contextualizar essas informações na redação?


Em consonância à Lei de Diretrizes e Bases (LBD) que regulamenta a educação básica no país e a
intenção das novas normas era incluir como conteúdo obrigatório o ensino da História e Cultura
Afro-brasileira e Indígena nos currículos do ensino médio e do ensino fundamental e a necessidade
de promover a reflexão crítica dos candidatos nos vestibulares e demais concursos no Brasil,
diversas bancas propõem questões acerca dessa temática. Aqui, selecionamos três: o cenário de
desigualdade na trajetória dos negros no Brasil, o movimento “Black Lives Matter” e a necessidade
de representatividade negra na mídia. Veja na página seguinte:

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UPF (2021)

'Escravidão fantasiada de liberdade'


Falta de remuneração, estudo e dignidade levou negros à condição de inferioridade pós-Abolição

Ana Cristina Rosa


9 maio de 2021

Certas obras de ficção são capazes de auxiliar na compreensão da realidade. O premiado


romance "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior, é assim. Ajuda a entender nosso país, as bases em
que foi fundado e como chegamos ao atual nível de injustiça social. A narrativa ambientada no
passado, no sertão baiano, traz à tona algumas das causas que resultaram nas absurdas
disparidades que marcam o presente da nação, 133 anos após a abolição formal da escravatura.
O cenário de preconceito e discriminação com negros e indígenas; a precariedade das
moradias; o trabalho análogo à escravidão; a comida minguada; o analfabetismo; o difícil acesso
dos pobres à saúde; a ausência de saneamento básico; o alto índice de mortalidade de crianças
pretas. Tudo é de uma atualidade desconcertante.
É oportuno lembrar o déficit habitacional, o enorme contingente de pessoas em situação de
rua, o retorno da fome como parte da rotina de milhares de brasileiros e o agravamento da
discrepância entre a qualidade do ensino público e a do particular. São chagas abertas no Brasil
Colônia e ainda não cicatrizadas, algo similar a escaras que se formam em corpos enfermos e
inertes por muito tempo. Se quiser curar suas feridas, o país terá de se mexer.
"Quando deram a liberdade aos negros, nosso abandono continuou (....). A mesma
escravidão de antes fantasiada de liberdade", diz um trecho do livro de Itamar.
Sem direito à remuneração, estudo ou propriedade. Sem direito à dignidade. Eis a origem da
situação que relegou os negros no Brasil a uma condição de inferioridade socioeconômica no pós-
Abolição. Apesar das evidências, há quem negue as desigualdades ou individualize uma
responsabilidade que precisa ser compartilhada com a sociedade.
"A luta era desigual, e o preço foi carregar a derrota dos sonhos, muitas vezes", consta em
outro trecho. Apesar da desigualdade e da injustiça, havia e há resiliência. Porque não dá para
desistir dos sonhos.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ana-cristina-rosa/2021/05/escravidao-fantasiada-de-liberdade.shtml.

Considerando as informações do texto acerca do cenário de desigualdade que marca a trajetória


dos negros no Brasil, escreva um texto dissertativo-argumentativo discutindo e propondo
alternativas para a última frase do texto: “Porque não dá para desistir dos sonhos”.

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UNISC (2021)

O que começou como luta contra a brutalidade policial norte-americana se transformou em um


movimento mundial pelos direitos da população preta. ‘Não é uma guerra entre brancos e negros,
mas uma luta de todos contra o racismo. O Black Lives Matter deu visibilidade, mas a nossa luta é
muito mais antiga, pela existência como seres humanos. pelo direito de viver e sair na rua sem ser
alvejado”, afirma Silvana Inácio, jornalista e criadora do Podcast Zumbido.

Produza um texto de caráter argumentativo, no qual você possa se posicionar sobre a temática
proposta. Lembre-se de que um bom texto argumentativo precisa fundamentar sua tese com
argumentos consistentes e adequados à abordagem escolhida. Deve observar a textualidade,
respeitando critérios de coesão e coerência, além de um manejo adequado da modalidade escrita
da Língua Portuguesa. O conhecimento do gênero argumentativo e de suas especificidades
também deve ser demonstrado na construção de seu texto.

CEFET (2019)

TEXTO I

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TEXTO II

Ministério Público notifica Globo por falta de atores negros em “Segundo Sol”

A baixa presença de atores negros na nova “Segundo Sol”, que vai substituir “O Outro Lado
do Paraíso” na Globo, ganhou mais um capítulo. Nesta sexta-feira (11), o Ministério Público do
Trabalho notificou a emissora e deu 10 dias para que ela aumente a representatividade racial na
trama, informou a Veja.
“O não espelhamento da sociedade nos programas televisivos gera a perpetuação da
exclusão e reafirma estereótipos de limitação de espaços a serem ocupados pela população negra”,
diz Notificação Recomendatória enviada por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção de
Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho.
O MPT deu 10 dias para que a Globo faça adequações o roteiro e produção de “Segundo Sol”
a fim de “assegurar a participação de atores e atrizes negros e negras de forma que represente a
diversidade étnico-racial da sociedade brasileira”.
A notificação também dá um prazo de 45 dias para que a Globo elabore um Plano de Ação
que “contemple medidas para garantir a inclusão, a igualdade de oportunidades e de remuneração
da população negra nas relações de trabalho”, além de fazer um levantamento de seus artistas
negros empregados e quantos aparecem em produtos da emissora.
A trama de “Segundo Sol” será ambientada em Salvador, na Bahia, Estado com a maior
população negra do Brasil segundo o IBGE. O elenco conta com Deborah Secco, Giovanna Antonelli
e Adriana Esteves.
(Jovem Pan. 11 de maio de 2018. Disponível em: https://jovempan.uol.br/entretenimento/tv-e-cinema/ministerio-publico-notifica-
globo-por-falta-de-negros-em-segundo-sol.html. Acesso em: 1 de outubro de 2018.)

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TEXTO III

‘Pantera Negra’ e a importância da representatividade

Longa que estreou recentemente pode significar um divisor de águas na forma de se retratar da
população negra no entretenimento
Após um imenso frisson causado antes da estreia, na última quinta-feira (15), a Marvel enfim
lançou seu mais novo longa-metragem intitulado “Pantera Negra”, adaptação da série de quadrinhos
homônima que retrata o primeiro grande protagonista negro no universo dos super-heróis. Com 95%
de seu elenco formado por atores negros, incluindo grandes nomes como Michael B. Jordan, Lupita
Nyong’o e Forest Whitaker, o filme já gerou muita repercussão (tanto favorável quanto contrária)
antes mesmo de ser disponibilizado nas salas de cinema. Mas em pleno ano de 2018, qual o
tamanho da importância social e do legado cultural para a indústria de uma obra como esta?

Uma breve história


Na década de 60, os Estados Unidos viveram uma era de intensas mudanças sociais e
políticas, e no cerne disso estavam os movimentos pelos Direitos Civis liderados por cidadãos afro-
americanos contra as leis segregacionistas que estavam em vigor em muitas partes do país. Nesse
contexto, foi fundado na Califórnia o Partido dos Panteras Negras, que visava, entre outras coisas,
a autoproteção da comunidade negra em relação à opressão policial. Com isso, o todo-poderoso da
Marvel, Stan Lee, cria, em 1966, o primeiro super-herói de origem africana a figurar entre os grandes
quadrinhos norte-americanos, porém sem nunca ter admitido oficialmente que o nome de seu
personagem fazia referência ao movimento. [...]

O legado para Hollywood e a representatividade


O que já é de conhecimento geral é que a maior indústria cinematográfica do mundo possui
um histórico bastante racista, seja na forma de representação do negro na dramaturgia ao longo
das décadas e reforçando estereótipos, seja na distribuição desigual de oportunidades em todos os
setores da produção audiovisual. Um estudo publicado em 2017 pela Universidade de Southern, na
Califórnia, apontou que brancos representavam 70,8% dos papéis com falas nos cem títulos de
maior bilheteria de 2016, enquanto os atores negros eram apenas 13,6%, de um total de 4.583
personagens.
Esses números chocam, mas qualquer pessoa que consome os filmes e séries
estadunidenses consegue notar claramente que há uma predominância étnica, tanto pelo lado dos
personagens, quanto dos diretores, produtores, roteiristas e outras funções de “poder” ligadas ao

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cinema. Por essas e outras, “Pantera Negra” já é um marco na história da indústria, pois com o
elenco majoritariamente negro (inclusive na produção), comandado por Ryan Coogler (diretor de
“Creed”), finalmente um grande blockbuster com alcace mundial consegue representar com justiça
o orgulho e a herança cultural africana, colocando negros como reis, rainhas, príncipes e heróis, e
não apenas como criminosos, vilões ou serventes aos brancos.
A própria cidade fictícia de Wakanda (terra-natal do protagonista) também é algo a se
destacar, por mostrar uma região da África que não foi colonizada, não sofre nenhum tipo de
interferência europeia e é extremamente rica, poderosa e evoluída tecnologicamente, fugindo do
retrato depreciativo da mídia que mostra o continente apenas para falar da fome, das guerras e da
escassez.
Chega a ser raso tentar calcular o tamanho da importância que um filme de bilheteria como
esse tem para a sociedade, pois agora uma criança poderá ir ao cinema, olhar o cartaz e ver sua cor
representada como algo para se ter orgulho, e conseguir admirar um herói com que ela possa,
realmente, se identificar.
(Adaptado de Luiz Pedro Pires. Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. 23 de fevereiro de 2018. Disponível
em: https://www.ceert.org.br/noticias/historia-culotura-arte/21283/pantera-negra-e-a-imporrtancia-da-representatividade. Acesso
em: 1 de outubro de 2018.)

Com base na leitura atenta dos textos de apoio acima relacionados, redija um texto dissertativo-
argumentativo que reflita sobre o seguinte tema:

A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA MÍDIA

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Polarização política no mundo contemporâneo

A separação de brasileiros contra e a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em Brasília, 2016. Foto: Juca
Varella/Agência Brasil

Esquerda ou direita? Liberal ou socialista? Partido A ou partido B? Candidato X ou Candidato Y?


Essas perguntas simples e limitadoras apareceram recentemente em diversos debates do campo
político, muitas vezes norteando as escolhas de pequenas comunidades e até de grandes nações.
Em muitos momentos, essa dualidade gerou violência, manobras inconstitucionais e, normalmente
em eleições, ofusca o que existe de mais importante nas candidaturas: as ideias, as trajetórias
políticas, os projetos, os aliados, o respeito e o próprio debate democrático.

Essa radicalização das manifestações, criando uma polarização política onde ideias ou ideologias
diferentes se tornam rivais e inimigas inconciliáveis tem se tornado um grande desafio para a
democracia no século XXI. Vale ainda destacar que esse comportamento, por mais que esteja muito
vivo e disseminado hoje por conta da facilidade de circulação de informações nas redes sociais,
não é algo propriamente desse século e nem limitado à política.

Podemos observar ao longo da história diversos momentos de radicalização dos debates e de


formação de grupos opostos, assim como também percebemos o mesmo fenômeno em outras
esferas, como a polarização religiosa que gera guerras e até mesmo a polarização cultural, que já
opôs grupos em torno de debates radicais sobre a formação de nações. Tanto o aspecto religioso
quanto o cultural, na face atual das polarizações ocidentais, têm influenciado muito as decisões
políticas.

Seja Idade Moderna ou Contemporânea (acompanhada pelo estabelecimento do capitalismo), o


debate público muitas vezes foi permeado por esses radicalismos aparentemente inconciliáveis.
Um dos marcos essa polarização pode ser encontrado na própria Revolução Francesa, com a
distinção política entre jacobinos e girondinos. Posteriormente, o desenvolvimento da classe

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operária e de ideias como o anarquismo e o socialismo, ou, no século XX, a própria formação de
regimes totalitários de extrema-direita, como as experiências nazifascistas, trouxe ainda mais
camadas para essa polarização.

Atualmente, a democracia direta é um enorme desafio para grandes nações, logo, o modelo
representativo tem sido utilizado na maior parte do Ocidente. Essa democracia, influenciada
sobretudo pelos ideais iluministas e burgueses, parte de alguns pilares como a liberdade, a
igualdade civil e a propriedade. No entanto, apesar dessa base, essa democracia se revela
extremamente frágil em diversos aspectos, sendo muitas vezes elitista e excludente, sobretudo em
seu modelo representativo e indireto.

O conceito de cidadania e a proteção constitucional de certas camadas na sociedade burguesa


capitalista tem sido alguns dos pontos mais frágeis. Seja na exclusão através da escravidão
institucional, que durou na América até o século XIX, ou do racismo estrutural, as ideias de
igualdade, liberdade e democracia em muitos momentos não alcançaram grupos como negros,
imigrantes, mulheres, povos colonizados, analfabetos ou mesmo os mais pobres.

Se a dificuldade de estabelecer uma democracia direta já impede a atuação desses grupos, o


formato indireto, por sua vez, dificulta que essas pessoas alcancem certos cargos políticos, que
escolham livremente seus representantes e que tomem decisões. Diante desses obstáculos em
uma democracia limitada, tais grupos resistem e lutam para que seus direitos sejam ampliados ou
respeitados.

Nessa mesma perspectiva, enquanto alguns lutam por mais espaço, outros buscam o contrário, ou
seja, conservar seus privilégios e espaços, tentando impedir mais representatividade. Nesse caso,
muitos movimentos de extrema-direita, alinhados ao fascismo, como o neonazismo, destacam-se
como exemplos ultraconservadores ou reacionários. Logo, em momentos de polarizações mais
extremas, podemos observar divergências políticas que beiram o direito à própria existência ou não
de um indivíduo.

Membros do Novo Partido dos Panteras Negras e da Klu Klux Klan protestam nas ruas da Carolina do Sul, em 2015, posicionando-se
a favor e contra a retirada de uma bandeira pública dos Confederados.

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Ainda que esses casos de polarização sejam mais extremos e envolvam direitos básicos e, como
visto, a própria existência, em muitas situações a polarização atual tem girado em torno de figuras
políticas, partidos e concepções de cultura e moral. Nesse cenário, certos políticos e partidos,
portanto, aliam suas imagens aos valores e ideias compartilhados por um grupo de eleitores e criam
um inimigo em comum (normalmente um político ou partido da oposição) para se promover através
dos ataques.

Desta forma, o político e seu partido atraem uma multidão de eleitores para sua campanha não
através necessariamente de seus projetos políticos, de suas promessas ou do que já demonstrou
na prática, mas sim pela construção de uma imagem que condiz com o que esse grupo já espera.
Nesse ponto, as redes sociais possuem um papel essencial para fazer essas conexões, sobretudo
através de algoritmos que ajudam a identificar e também personalizar os interesses políticos de
cada indivíduo, entregando mais ou menos informações dos candidatos e assim facilitando a
construção de polos políticos opostos.

Ainda no aspecto das redes sociais, a promoção desses polos e o ataque aos considerados
inimigos ocorre amplamente através de notícias tendenciosas, falas retiradas de contexto,
manchetes sensacionalistas e Fake News, que atuam diretamente na sensibilidade e no lado
emocional do eleitor, despertando paixões ou ódio a determinadas figuras.

De forma muitas vezes radicalizada, os eleitores utilizam a própria internet como palco para debates
políticos apaixonados, utilizando esses dados e informações incompletas para defender ou atacar
políticos, estimulando ainda mais essa polarização e a violência, além de tornar o debate
inconciliável. Por mais que hoje, como visto, exista uma pluralidade de correntes políticas, formas
de pensar, projetos econômicos e até de partidos, os eleitores muitas vezes se agarram aos
mesmos grupos e lideranças que repetidamente são expostos.

Esse fenômeno atual, portanto, mina ainda mais os pilares da democracia, sobretudo nas
perspectivas da liberdade, da igualdade e da tolerância, impossibilitando o diálogo e a conciliação
que deveriam ser o fim da política. A polarização não é completamente ruim, pois o debate, a
exposição das ideias e a construção de novas pautas é fundamental para a democracia. Entretanto,
quando esses caminhos são ofuscados pela violência, pela negação da existência do outro, pela
rivalidade e pela impossibilidade do diálogo, perdemos a riqueza dessa democracia e do que ela
pode ser.

Como contextualizar essas informações na redação?


“O que seria do vermelho, se todos gostassem apenas do amarelo?”. É claro que a divergência de
opiniões é algo natural e, muitas vezes, é positivo para a sociedade. No entanto, no âmbito político,
apesar de ser importante que as pessoas debatam opiniões e enxerguem os problemas sociais a
partir de ângulos diferentes, a polarização acaba abrindo espaço para o discurso de ódio e para a
intolerância, tornando, assim, distante a ideia de uma sociedade democrática em que todos
contribuem para o bem-estar comum.
Visto isso, que tal um tema de redação no modelo Enem para praticar?

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TEXTO I
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp

TEXTO II

Polarização Política no Brasil

A cada dez brasileiros, oito (79%) percebem a sociedade muito dividida a respeito de assuntos
políticos e sete (73%) acreditam que pessoas com opiniões diferentes não conseguem ter um
diálogo construtivo – sendo que mais da metade (51%) admite desistir de conversar sobre política
em algumas situações. A polarização, no entanto, vem de uma “minoria barulhenta”, já que somente
cerca de um terço da população (31%) se identifica fortemente com um dos “lados” e defende com
intensidade suas ideias. Esses são alguns dos dados levantados pela pesquisa Polarização Política
no Brasil, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o projeto Despolarize e a Fundação
Tide Setubal.
Pouco mais da metade dos brasileiros (55%) avalia que conversar sobre política com uma pessoa
que tem opiniões diferentes pode ser interessante, ainda que a maior parte (62%) acredite que, ao
final, haverá ainda mais diferenças de opiniões do que anteriormente. A maioria (51%) acaba
desistindo de manter um diálogo quando há discordâncias sobre políticos ou opiniões políticas e
38% dizem nunca expor suas opiniões – chegando a 52% entre os que declaram não se identificar
com qualquer dos “lados” da disputa política.

TEXTO III
O discurso de ódio está situado num equilíbrio complexo entre direitos e princípios
fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e a defesa da dignidade humana. De maneira
geral, o discurso de ódio costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam ódio
contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa
ou origem nacional.
Em geral, as definições são aplicadas a casos concretos e levam em conta várias camadas
de regras, como tratados internacionais, a Constituição brasileira, leis nacionais e os termos de uso
das plataformas (como Google, Facebook e Twitter).
Disponível em: http://saferlab.org.br/o-que-e-discurso-de-odio/index.html

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TEXTO IV

Disponível em: https://domtotal.com/charge/1869/2017/04/a-polarizacao-no-brasil/

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os impactos da bipolarização política e o discurso de ódio nas redes
sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.

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Atualidades Brasil

Pantanal

Novela
Na segunda-feira, dia 28/03/2022, foi ao ar a estreia do remake de "Pantanal". A novela original, que
foi ao ar, em 1990, na TV Manchete, foi um marco da produção noveleira no Brasil. Foi a primeira
novela fora da Rede Globo a superar seus recordes de audiência. Inclusive, alguns atores que
participaram da primeira versão retornam ao remake, como é o caso de Marcos Palmeira, que
assume o papel de José Leôncio, vivido por Claudio Marzo na versão original.

Definição
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo que ocorre no Sudoeste do estado de Mato
Grosso, e no Oeste, de Mato Grosso do Sul. Ele se expande também pelo Norte do Paraguai e ao
Leste da Bolívia.

Fonte: https://www.pantanalescapes.com/locations/map.html. Acesso em 10/04/2022.

É considerado também o menor bioma do Brasil, ocupando quase 2% do território nacional. O


Pantanal é considerado Patrimônio Nacional e uma Reserva da Biosfera. Considerando os limites
desse bioma no território brasileiro, cerca de 60% do Pantanal está no Mato Grosso do Sul e os 40%
restantes, no Mato Grosso. A proteção da região é de responsabilidade conjunta do governo federal,
por meio do Ibama, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e dos dois governos estaduais.

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Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros.
Acesso em: 10/04/2022.

A altitude da região é de aproximadamente 100 a 200 metros acima do nível do mar, localizada no
interior do continente. É, assim, considerado uma depressão que surgiu a partir do abatimento
geológico ocorrido no Período Terciário, início da era Cenozoica, dezenas de milhões de anos atrás.
Essa área rebaixada forma uma enorme bacia hidrográfica que tem como rio principal o rio
Paraguai, e seus afluentes, os rios Taquari, Cuiabá, Piquiri e Miranda. As planícies pantaneiras são
delimitadas ao norte pela Chapada dos Parecis e pela Chapada dos Guimarães e a sudeste pelas
serras de Maracaju e Bodoquena.

Por ser uma região de baixa altitude, o seu desnível na direção norte-sul é também muito pequeno,
o que provoca uma lenta drenagem da água, tal condição é fundamental para formação do Pantanal,
uma vez que a alternância de enchentes (outubro a março) e vazantes (junho a agosto) vai definir
toda a dinâmica de crescimento do bioma e inclusive, o atual uso. Os solos da região são em grande
maioria arenoargilosos e mantém sua riqueza nutricional em virtude dos ricos sedimentos deixados
pelos rios no período de enchentes. A água dos rios é extremamente fértil, razão que explica e é
explicada pela sua riquíssima fauna aquática. Essa alternância entre cheia e vazante é
importantíssima para a fertilidade dos solos do Pantanal, uma vez que áreas imensas ficam
totalmente inundadas ou com solos encharcados de outubro a março.

O clima nessa região é tropical típico ou continental. Isso significa um verão chuvoso e um inverno
seco. Os índices pluviométricos são da ordem de 1.000 a 1.500 mm anuais, com cerca de quatro
meses secos. É semelhante, portanto, ao clima predominante no Planalto Central Brasileiro, com
temperaturas máximas um pouco mais elevadas. Tanto que a cidade de Cuiabá, ao norte do
Pantanal, é conhecida pela sua temperatura que pode atingir mais de 40 °C.

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A pecuária e o fogo
É dessa dinâmica que a pecuária, principal atividade da região, se aproveita. Na cheia, os criadores
de gado são obrigados a transferir seus animais para terrenos que não estejam sujeitos às
enchentes, posteriormente, eles são recompensados, na vazante, pela grande abundância de
pastos. Com isso, nas últimas décadas a atividade agropecuária tem crescido significativamente
na região. Até a década de 1990, o desmatamento estimado da região era de 4%, hoje o total da
vegetação nativa remanescente é de 81,2%, o que possibilita afirmar que o desmatamento já
alcançou 18,8% da região.

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-em-n%C3%BAmeros.
Acesso em: 10/04/2022.

Nos últimos anos, mas especialmente a partir de 2020, o Pantanal vem sofrendo intensamente com
um período de estiagem, seguido por uma escalada das queimadas florestais. Em 2020, a região
passou pela maior tragédia ambiental de sua história, na qual incêndios destruíram mais de 4
milhões de hectares em todo o ano, o que equivale a 26% do bioma, segundo o Instituto SOS
Pantanal.

Em reportagem para o Nexo, o SOS Pantanal destaca que o fogo pode ter afetado cerca de 4,6
bilhões de animais que vivem no bioma e matado 10 milhões deles, de acordo com estudos. Os
incêndios também afetaram o bem-estar da população local, com aumento de problemas de saúde
e ameaças à segurança alimentar. O infográfico abaixo resume alguns desses impactos.

31
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022.

É verdade que os focos de incêndio em 2020 se alastraram por conta da baixa umidade registrada
no bioma, mas as causas do fogo não foram naturais, conforme comprova o Estudo dos Ministérios
Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse estudo, publicado em 2021, mostra que a
maior parte dos incêndios se originou em apenas 286 locais e aproximadamente 57,7% deles vieram
de propriedades privadas e, portanto, causado por atividades humanas. A Polícia Federal abriu
investigações para apurar queimadas criminosas.

Durante o ano da sua maior tragédia ambiental, o Pantanal viu surgir a teoria do boi bombeiro, como
forma de combater os incêndios da região. A ideia passou a ser defendida pela ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, e posteriormente por Ricardo Salles (ex-Ministro do Meio Ambiente). A
teoria afirmava que as queimadas poderiam ter sido menos intensas caso houvesse mais gado no
bioma. Na concepção da ministra, o boi, ao comer capim seco e inflamável acabaria prevenindo o
avanço do fogo. Ao mesmo tempo, o discurso legitima o avanço da pecuária na região como algo
positivo. Entretanto, essas teorias, não procedem. Diversos especialistas ouvidos pela BBC News
Brasil explicam que a criação de gado só aumentou no Pantanal e, portanto, se essa tese fosse
verdadeira, os incêndios não seriam mais um problema. Na verdade, o que acontece é que devido a
criação de gado e a necessidade de limpar o terreno para circulação dos animais, muitos
fazendeiros ateiam fogo na vegetação. Em um período de seca, esse fogo foge do controle e acaba
se expandindo para outras regiões, conforme destaca o relatório acima.

Os dados revelam que 2.058 propriedades rurais foram atingidas por incêndios, além de 16
unidades de conservação. O infográfico abaixo, produzido pelo G1, resume as áreas afetadas pelas
queimadas e destaca as áreas das unidades de conservação.

32
Adaptado de: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-bioma-pantanal-
corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10/04/2022.

Em 2021, o problema da estiagem continuou. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas


Espaciais (Inpe), a precipitação dos últimos meses na bacia do alto Paraguai ficou abaixo do
esperado. O Pantanal não tem uma “cheia” há três anos, conforme dados do SGB-CPRM. A principal
condição para que ela aconteça é que o nível d’água na estação fluviométrica de Ladário (MS)
supere os 4 metros. No infográfico acima, é possível visualizar uma dessas estações fluviométricas,
que possibilitam medir o nível dos rios de forma remota. A última vez que o rio registrou uma cheia,

33
foi em 2018, quando o nível atingiu a máxima de 5,35 metros. Em 2021, o rio registrou o segundo
menor nível em 121 anos de medição, na cidade de Ladário (MS), que é de -60 cm. O valor recorde
registrado foi em 1964, quando chegou a -61 cm. Por curiosidade, os valores negativos das
medições se devem ao fato de a primeira régua instalada em Ladário, há 121 anos, acabar fora da
água em períodos de nível baixo. Na época, estimou-se que o nível não desceria tanto, a ponto de
os valores ficarem negativos. Entre as razões que explicam a baixa pode-se destacar a presença de
hidrelétricas, a utilização da água sem planejamento e o desmatamento que contribui para o
assoreamento dos rios.

Como contextualizar essas informações na redação?


O meio ambiente e os impactos ambientais nos biomas brasileiros são questões discutidas
frequentemente nos vestibulares brasileiros, uma vez que as bancas esperam, de alguma forma,
trazer o debate à tona para tanto para os vestibulandos, quanto para os cidadãos brasileiros.

De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal “é o mais preservado, embora a
criação de gado seja uma atividade importante economicamente para a região, aliada às atividades
de turismo (IBGE, 2019). Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito
impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas
de planalto adjacentes do bioma.” Veja mais aqui.

Devido a esses questionamentos, alguns vestibulares já cobraram a análise do candidato acerca do


impacto do agronegócio e a necessidade da preservação ambiental, além da falta de controle de
incêndios e a extinção de ecossistemas. Veja abaixo:

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2022)


TEXTO I
Em meio à crise sanitária da covid-19, o desempenho do agronegócio brasileiro se mostrou
resiliente e, mais do que isso, surpreendente. Prova disso são os diversos recordes atingidos pelo
setor em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, calculado pelo Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), avançou importantes 24,3% no ano passado, alcançando participação
considerável de 26,1% do PIB brasileiro. Pesquisa do Cepea, realizada com base nos dados da
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), mostra que o agronegócio atingiu recordes de volume e de
receita com as exportações.
O bom desempenho do setor está, a propósito, diretamente ligado às suas exportações. Para
se entender tal assertiva, deve-se considerar os seguintes cenários: a alta dos preços internacionais
das commodities1, predominantes na pauta das exportações brasileiras, em função do aumento da
demanda mundial por alimentos, e a forte desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar.
Ambos os fatores contribuem para a expansão das exportações da produção agropecuária, pois
seus produtos estão mais valorizados, e seus preços, em dólar, mais competitivos.
Combinado a isso, foram observadas produções recordes para a agricultura brasileira em
2020. As safras de algodão, soja e milho atingiram, respectivamente, 7,4 milhões de toneladas,
124,8 milhões de toneladas e 102,6 milhões de toneladas, resultado da combinação de aumento da

34
área e de ganhos de produtividade. No caso da pecuária, apesar do crescimento mais modesto da
produção, a alta dos preços foi a principal responsável pela expansão do faturamento das
atividades, que está atrelada, por sua vez, ao forte aumento da demanda externa por carnes
brasileiras. Os embarques de carne suína e os de proteína bovina cresceram consideravelmente em
2020. Além disso, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam novos
recordes nas produções de soja e de milho, cujas áreas podem avançar na safra 2020/21. Para as
carnes, espera-se manutenção dos elevados fluxos de exportações, se mantida a tendência já
observada, conforme relata a Secex.

1commodity: matéria-prima ou mercadoria primária produzida em grande quantidade, cujo preço é


regulado pela oferta e pela procura internacionais.
(Gabriel Costeira Machado. “Agronegócio brasileiro: importância e complexidade do setor”. https://cepea.esalq.usp.br, 14.06.2021.
Adaptado.)

TEXTO II
Um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicado em setembro
de 2020, mostra que o território brasileiro perdeu cerca de 500 mil km2 de sua cobertura natural
entre 2000 e 2018, uma área equivalente ao dobro do estado de São Paulo. A pesquisa analisou a
perda da vegetação nos seis biomas terrestres do Brasil: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa e Pantanal. Para chegar ao grau de preservação de cada um dos ecossistemas, o
IBGE usou imagens de satélites e fez pesquisas de campo. O objetivo do projeto do órgão federal é
mensurar e comparar, ao longo do tempo, as contribuições sociais e econômicas do ambiente
natural para o país. Esse estudo do IBGE usou dados de 2000 a 2018, portanto ele não cobre o
desmatamento registrado no país entre 2019 e 2020, anos que vêm sendo marcados por recordes
de desmate na Amazônia e pela alta das queimadas tanto nesse referido bioma como no Pantanal.
Além dos dados de perda de áreas verdes, o estudo do IBGE traz informações sobre a
conversão do uso da terra. A expressão se refere aos diferentes usos dados às antigas áreas verdes,
que, depois de derrubadas, podem ser convertidas em espaços para atividades como agricultura,
pastagem e silvicultura1. A Amazônia, bioma que teve mais perdas segundo a pesquisa, viu a
vegetação florestal dar lugar, principalmente, às chamadas áreas de pastagem com manejo, que
podem ser usadas para a pecuária. O crescimento dessas áreas foi de 248,8 mil km2, em 2000, para
426,4 mil km2, em 2018, afirma o estudo. O Cerrado, segundo bioma com mais perda vegetal,
também passou por uma expansão intensa da agricultura de 2000 a 2018, segundo o IBGE. Neste
período, as áreas agrícolas aumentaram 102,6 mil km2 na região, impulsionadas pelo crescimento
das commodities (soja, algodão e outras monoculturas de grãos e cereais). Mesmo que o Pantanal
tenha sido o bioma mais preservado do país de 2000 a 2018, quase 60% das áreas com alterações
na região a partir de 2010 haviam sido convertidas em pastagens de manejo. Enquanto outros
biomas viram o ritmo das intervenções diminuir nos referidos anos, no Pantanal, ele aumentou.
A publicação do estudo do IBGE acontece no momento em que outros levantamentos
indicam uma relação próxima entre a expansão agrícola e a derrubada de florestas no país. Em
agosto de 2000, uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que 2% das fazendas na
Amazônia e no Cerrado respondiam por 62% do desmatamento ilegal. Na época, a publicação havia
afirmado que as propriedades as quais praticam esse desmate são apenas “maçãs podres” da
agropecuária brasileira – a qual, em sua vasta maioria (90%), não comete crimes ambientais –, mas
que essas exceções causam grande dano, com consequências para o meio ambiente e para o
próprio agronegócio.

35
silvicultura: é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar
1

o povoamento nas florestas, para atender às exigências do mercado.


(Mariana Vick. “Qual foi o estrago nos biomas brasileiros de 2000 a 2018”. www.nexojornal.com.br, 25.09.2020. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país e a


necessidade da preservação ambiental

Para desenvolver o tema proposto, é preciso elaborar uma tese que envolva os dois fatores do
agronegócio: a importância para o crescimento econômico e a necessidade de preservação
ambiental. Assim, a ponderação entre esses dois fatores, um considerado positivo e outro negativo,
deve estar presente no desenvolvimento da redação. Os textos da coletânea trazem reflexões que
podem ser usadas: no primeiro texto, há dados sobre o crescimento do PIB brasileiro do
agronegócio em 2020. Além disso, são analisados alguns fatores que permitiram esse crescimento.
Dessa forma, esse texto pode ajudar na ponderação sobre a importância do agronegócio para o
crescimento econômico; já o segundo texto traz o viés ambiental, apresentando dados que revelam
como o agronegócio está diretamente relacionado ao desmatamento e à destruição do meio
ambiente. Assim, é um texto que ajuda na elaboração e desenvolvimento do segundo ponto: a
necessidade de preservação ambiental.

Acafe (2020)

TEXTO I
Usando dados de satélite, a Reality Check Team, equipe de checagem da BBC, analisou o que
ocorreu em quatro áreas: Brasil, Sibéria Indonésia e África Central. A conclusão é que, embora os
incêndios deste ano tenham causado danos significativos ao meio ambiente, eles já foram piores
no passado.
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/09/numero-de-incendios-florestais-no-mundo-em-2019-e-
um-recorde.htm?cmpid=copiaecola, acesso outubro 2019.

TEXTO II

36
A Sibéria, um dos lugares mais frios do mundo, está em chamas. A Amazônia, um dos lugares mais
úmidos do mundo, está em chamas.

Considerando seus conhecimentos e os textos I e II, escreva um texto dissertativo-argumentativo


sobre: A falta de controle de incêndios e queimadas florestais pode gerar a extinção de
ecossistemas.

Os textos de apoio podem auxiliar na elaboração dos argumentos sobre o tema. O texto I afirma
que, embora preocupante, os incêndios acontecem em grau menor do que na maioria dos anos
anteriores e representa apenas uma parcela das muitos outros que estão acontecendo ao redor do
mundo, como ilustram as fotos que constituem o texto II. No verão, uma onda de calor anormal, fez
com que incêndios eclodissem em regiões que tipicamente não sofriam com esse fenômeno,
incluindo o Alasca, a Groenlândia e a Sibéria.

Além disso, a partir dos seus conhecimentos gerais adquiridos ao longo da formação acadêmica,
você poderia encaminhar a tese no sentido de apontar causas e consequência do que acontece a
nível mundial, ou, em caso mais específico, delimitar o tema ao contexto brasileiro. Neste último
caso, as queimadas florestais são um exemplo de incêndios que estão sendo provocados
deliberadamente, para limpar terras florestadas para agricultura ou pastoreio de gado, muitas vezes
sem atender à proteção de grupos indígenas que vivem na floresta, o que levou a preocupações de
que as taxas de desmatamento poderiam aumentar ainda mais. Como consequência, a falta de
controle e a destruição progressiva de matas e florestas podem ocasionar a extinção de
ecossistemas e perdas irreparáveis para a biodiversidade da fauna e da flora, desertificação do solo
e consequente extinção de recursos hídricos e vegetação, comprometimento de plantio, perda de
nutrientes que pode futuramente acarretar problemas sociais como a fome, a migração de animais
e pessoas para outros lugares com terrenos cultiváveis, assim como a acidificação dos oceanos
que prejudicará a vida marinha.

37
Fake news e o projeto de lei

Fake news: significado, conceito e exemplos

Fonte: Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:FAKE_NEWS.png

Nos últimos anos, o termo fake news ganhou muita atenção e esteve associado a diversas questões,
como política, economia, migração e guerras. Em uma tradução literal, essas notícias falsas, e
eventualmente sensacionalistas, passaram a preocupar o mundo. Nesse texto, vamos entender
exatamente o que são essas fake news, a origem do termo, como elas se espalham, os tipos
existentes e como combatê-las.

O que é?
O termo Fake News, em uma tradução literal, seria notícias falsas. Quando pensamos em uma
notícia, é necessário ter em mente que é alguém contando uma história. Naturalmente, aquilo já
passa pela visão e interpretação de alguém sobre algum dado ou informação. Porém, muito além
disso, essa pessoa pode fabricar esses dados ou inventar informações, e é aí que podemos definir
melhor uma fake news.

Generalizando, podemos dizer que fake news é como se fosse contar uma mentira com algum
objetivo, nada mais que uma calúnia, um boato ou uma difamação. Então, isso significa que a fake
news é muito mais antiga do que estou pensando? Exatamente! Alguns historiadores, como Robert
Darnton, comentam que esse hábito de espalhar notícias falsas já existia há muito tempo. Ele
consegue até identificar um caso no século VI. Procópio de Cesárea era o historiador do Império
Bizantino. Foi responsável por escrever alguns textos sobre a história do imperador Justiniano.
Esses textos omitiam alguns escândalos do governo e amenizava inúmeras crises. Começava aí
uma fake news que só foi descoberta após a morte de Procópio.

38
Origem do termo
Sendo essa prática tão comum na história, é um pouco difícil delimitar um período histórico exato
para a utilização desse termo. Entretanto, nos últimos anos, a discussão sobre fake news tem
ganhado força, principalmente associada ao conceito de pós-verdade (post-truth).

Pós-verdade é um substantivo usado pela primeira vez pelo dramaturgo sérvio-americano Steve
Tesich, em 1992. Foi empregado para se referir a uma “circunstância na qual fatos objetivos têm
menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”. Isso
significa que você está mais suscetível a acreditar na história que seu familiar, amigo ou ídolo está
contando do que aquela que estaria em um grande veículo de informação.

Como funcionam as fake news?


Resumindo, fakes news existe há muito tempo e é uma prática comum que tem ganhado força na
atualidade, relacionada ao conceito de pós-verdade. Isso ocorre pois vivemos em uma sociedade
em que a informação é uma das coisas mais importantes. O que se relaciona diretamente com o
processo de globalização. Atualmente, a internet e suas ferramentas possibilitaram uma maior
liberdade de comunicação.

Assim, a disseminação de notícias deixou de ser algo centralizado nos grandes portais de
comunicação e passou a existir a partir de uma mensagem no WhatsApp, do textão no Facebook,
da thread no Twitter. É o que o historiador Leandro Karnal comentou sobre uma “seleção afetiva de
identidade”. Você tende a acreditar mais naquilo que seu amigo compartilhou do que em um grande
portal de notícia com credibilidade.

Aliadas às redes sociais, as notícias falsas e a pós-verdade ganham uma dimensão extra devido a
outro fenômeno, denominado bolhas virtuais. A tendência é que você siga pessoas com as quais
tenha afinidade, que sejam parecidas com você em algum nível. Quando a notícia passa a ser
compartilhada por todo mundo daquele círculo, você entende como verdade, formando sua própria
bolha. Ter uma visão externa, uma opinião contrária passa a ser incomum ou taxada como absurdo,
mesmo que existam dados que ajudem a comprovar essa visão oposta.

Como se espalham as fake news?


Já entendi tudo sobre fake news e pós-verdade! Então... Infelizmente, não para por aí. É preciso
adicionar o uso de algoritmos nesse rebuliço. As redes sociais, para determinar o que deve ser
exibido como propaganda ou sugestões de amigos e páginas, usam fórmulas e regras
matemáticas. Com isso, a partir do que você curte, segue, compartilha, as empresas possuem um
inventário de dados sobre você. A partir dessa análise, é possível indicar, com mais possibilidade
de acerto, uma página, um amigo, um produto.

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O caso Cambridge Analytica
Agora, você já imaginou usar esse grande inventário para compartilhar determinadas notícias
falsas? Foi o que a Cambridge Analytica fez nos Estados Unidos e no Reino Unido durante as
eleições de Donald Trump e a aprovação do Brexit. A partir do inventário de dados de cada usuário,
compartilhavam-se notícias falsas específicas. Se aquele perfil demonstrava uma preocupação
com a economia, a empresa pagava para exibir publicações falsas sobre a taxa de desemprego nos
Estados Unidos, ou compartilhava informações de que o Reino Unido perdia milhões de dólares por
semana enquanto se mantinha na União Europeia. Se a preocupação era sobre segurança nacional,
a empresa comprava anúncios com notícias falsas de que a candidata Hillary Clinton tinha alguma
responsabilidade pela criação do Estado Islâmico.

Os robôs e bots
Aqui, existe uma pequena confusão. Eles são muito usados de forma produtiva. Sabe aquele
atendimento automático que temos por telefone ou aquelas dúvidas que são respondidas
rapidamente em um chat de alguma empresa? É basicamente o trabalho de bot ou chat robô. Porém,
no mundo e no Brasil, esses bots têm sido usados para espalharem notícias falsas sobre um
candidato, sobre uma lei, sobre uma pessoa. O aplicativo de troca de mensagens WhatsApp baniu
pelo menos 1,5 milhão de contas de usuários brasileiros, em outubro de 2018, segundo notícia da
Uol., por suspeita de disseminação de fake news.

Exemplos e Consequências
Ao longo do texto, já divulgamos alguns casos de fake news, mas vamos citar outros para ter
bastante referência para uma redação, por exemplo. Esta reportagem da BBC cita três casos de fake
news que geraram guerras e conflitos ao redor do mundo.

O primeiro foi de um menino crucificado na Ucrânia. Essa notícia foi usada como propaganda,
ajudando a justificar a intervenção russa na Crimeia, que anexou esse território em 2014, que até
então era da Ucrânia.

Um segundo caso foi sobre a Guerra do Golfo, no qual usaram a filha do embaixador do Kuwait nos
Estados Unidos para fazer um depoimento falso sobre as atrocidades do governo iraniano de
Saddam Hussein e convencer a opinião pública americana a participar da guerra.

E o terceiro caso foi a utilização de fotos falsas na crise humanitária envolvendo os rohingyas
(mulçumanos). Essa minoria muçulmana não é considerada cidadã de Mianmar e é perseguida pelo
governo local e por budistas, migrando forçadamente para Bangladesh. As fotos, que são
relacionadas até a conflitos em outro continente, são usadas para acusar os rohingyas de serem
violentos.

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Mas esses são alguns exemplos recentes. Até a descoberta do Brasil é repleta de notícias falsas,
como a de que Pedro Álvares Cabral e suas embarcações teriam sido os primeiros europeus a
chegarem em solo brasileiro, mesmo, anos antes, o navegador português Duarte Pacheco ter
alcançado o litoral brasileiro, próximo aos estados do Amazonas e Maranhão.

Tipos de fake news


Já vimos que a questão sobre fake news é muito mais complicada que nossos familiares
compartilhando corrente no WhatsApp. Nesse sentido, a jornalista Claire Wardle conseguiu agrupar
e dividir as fakes news em sete categorias.

• Sátira ou paródia: não possui intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar;
• Falsa conexão: quando imagens, títulos e legendas dão falsas dicas do que realmente é o
conteúdo;
• Conteúdo enganoso: utilização enganosa de uma informação contra um assunto ou uma
pessoa;
• Falso contexto: conteúdo original compartilhado em um contexto falso;
• Conteúdo impostor: quando afirmações falsas são atribuídas a fontes reais, geralmente
pessoas;
• Conteúdo manipulado: informação verdadeira manipulada para enganar;
• Conteúdo fabricado: conteúdo completamente falso com o objetivo de gerar desinformação e
causar algum mal.

Como combater?
E aí, como combater algo tão complexo? Essa resposta também não é fácil. Um primeiro ponto é
começar a buscar fontes de notícias com maior credibilidade. E isso passa geralmente por grandes
portais de notícias, embora outros portais menores também estejam construindo um excelente
jornalismo e possuam grande credibilidade. Aqui, esbarra-se em uma outra discussão, de que esses
portais estão defendendo alguém, participam de alguma conspiração... Todo texto carrega uma
subjetividade. Para isso, é necessário entender que todos esses portais de notícias possuem uma
linha editorial, um pensamento econômico. E isso não faz deles menos confiáveis. A dica é, sempre
que ler o conteúdo, leia suas entrelinhas, além de procurar diversas fontes.

Generalizando, existe também aquele portal que vai te dar o furo de notícia e outro que vai fazer
uma análise completa do conteúdo. Se foi noticiado algum furo, aguarde uma análise mais
completa para não sair espalhando fake news. E, por fim, confira sempre as agências de verificação.
Alguns grandes jornais já incorporaram isso. Mas existem agências especializadas em checar fatos,
como a Agência Lupa e o portal Aos Fatos. Esses são excelentes mecanismos para verificar as
notícias, garantindo uma maior credibilidade ao conteúdo que você lê.

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Projeto de Lei 2630
No âmbito do Estado a criação de leis para combater a fake news pode ser uma estratégia
fundamental. Atualmente o principal projeto de lei que trata sobre o assunto é o Projeto de Lei
2.630/2020 também denominado como Lei das Fake News, o projeto de lei foi proposto pelo
Senador Alessandro Vieira (CIDADANIA – SE) e definido como a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet.

O objetivo do projeto, no geral, é criminalizar a promoção das fake news, isto é, punir quem inventa,
paga ou age ativamente para divulgar fake news. Em outra parte, o projeto também busca identificar
a origem das mensagens, além de contar com a ajuda de empresas de redes sociais, inclusive
pedindo que essas empresas tenham sede ou representação no Brasil para poderem ser notificadas
e colaborarem com a justiça brasileira. De qualquer forma, o texto é alvo de críticas pela base do
governo e até por grandes empresas de tecnologia como Google e Youtube. No início do mês de
abril foi analisado o pedido de urgência para votação do projeto de lei. Entretanto, o pedido de
urgência obteve 249 votos a favor e 207 votos contrários. Porém, para o pedido de urgência ser
aceito era necessário a obtenção de maioria da câmara, um total de 257 votos.

Como contextualizar essas informações na redação?


Como vimos anteriormente, as fake news estão relacionadas ao conceito de “pós-verdade”. Esse
termo foi escolhido, em 2016, como a palavra do ano pelo Oxford Dictionaries, Veja, abaixo, a
motivação para essa escolha, publicada no Jornal Nexo.

A palavra é usada por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por
exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald
Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que negaram esta história. Segundo Oxford
Dictionaries, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos
políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu
pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, designada como Brexit. Ambas as campanhas
fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava
à Grã-Bretanha US$ 470 milhões por semana, no caso do Brexit, ou a de que Barack Obama é
fundador do Estado Islâmico, no caso da eleição de Trump. (...) Para diversos veículos de impensa,
a proliferação de boatos no Facebook e a forma como o feed de notícias funciona foram decisivos
para que informações falsas tivessem alcance e legitimidade. Este e outros motivos têm sido
apontados para explicar a ascensão da pós-verdade. Plataformas como Facebook, Twitter e
Whatsapp favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande parte dos factoides são
compartilhados por conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a aparência
de legitimidade das histórias. Os algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que usuários
tendam a receber informações que corroboram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam as
narrativas às quais aderem de questionamentos à esquerda ou à direita.
Adaptado de André Cabette Fábio. O que é ‘pós-verdade’, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford. Nexo, 16/11/2016.
Disponível em https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/16/O-que-é-‘pós-verdade’-a-palavra-do-ano-segundo-a-
Universidade-de-Oxford.

Muitas bancas de vestibular têm aproveitado essa questão atual para promover a reflexão dos
candidatos a partir dos temas de redação. O tema de 2019 do Cotuca fez isso. Veja a seguir.

42
Cotuca (2019)

O historiador estadunidense Robert Darnton afirma que as “fake news” não são um fenômeno
exclusivo da modernidade. “As notícias falsas sempre existiram. Procópio foi um historiador
bizantino do século VI famoso por escrever a história do império de Justiniano. Mas ele também
escreveu um texto secreto, chamado ‘Anekdota’, e ali ele espalhou ‘fake news’, arruinando
completamente a reputação do imperador Justiniano e de outros.” Os 4 textos a seguir tratam sobre
esse fenômeno. A partir da leitura dos textos-fonte e de sua experiência, elabore um texto
dissertativo-argumentativo, discutindo a seguinte questão: qual é a responsabilidade do jovem na
produção e circulação de “fake news”?

E o medo venceu a ciência


Guilherme Rosa - Revista Galileu, 04/07/2011.

Quando subiu ao palco para fazer seu discurso no encontro Idade do Autismo, em maio do ano
passado, Andrew Wakefield não podia mais dizer que era médico, pois fora proibido, pelo Conselho
Britânico de Medicina, de praticar medicina no Reino Unido, após fraudar suas pesquisas em que
relacionava a vacinação com o desenvolvimento de autismo em crianças. Ainda assim, Andrew foi
muito bem recebido no evento: deu autógrafos para pais de crianças autistas e foi aplaudido de pé
pelo público. A verdade é que quanto mais ele caía em descrédito na comunidade científica, mais
se tornava admirado e apoiado pelo movimento antivacinação. A história é parte de um fenômeno
perigoso no campo científico: o medo de que as vacinas possam causar autismo.
O ex-médico inglês é uma figura central nessa narrativa. Em 1998, ele publicou um estudo que
comprovaria a ligação da vacina tríplice (que protege contra caxumba, sarampo e rubéola) com o
autismo. Após investigar 12 crianças portadoras do distúrbio, chegou à conclusão de que em oito
desses casos os sintomas do autismo começaram a aparecer pelo menos duas semanas depois
da vacinação. O estudo ganhou repercussão na mídia e chamou atenção dos cientistas e pelo
menos 12 grupos independentes de pesquisadores tentaram repetir o teste, mas não encontraram
o mesmo resultado. Em 2010, o jornal científico The Lancet, que publicara o estudo originalmente,
se retratou e o retirou de seu site. Em janeiro deste ano, um estudo publicado no British Medical
Journal concluiu que o trabalho de Wakefield era uma fraude elaborada. E que a intenção do médico
era lucrar com novos testes e tratamentos para o autismo.
As conclusões do estudo acabaram chegando ao ouvido de pais e mães assustados, que passaram
a desconfiar de qualquer vacina. Seth Mnookin defende que o estudo de Andrew Wakefield não teria
nenhuma repercussão se não fossem seus colegas jornalistas.
Anunciada com pompa numa coletiva de imprensa, a ligação entre vacinação e autismo ganhou as
manchetes dos principais jornais ingleses, como The Guardian e The Independent.
Na ânsia de apresentar os dois lados da questão, a imprensa mostrava acalorados debates entre
cientistas, que apresentavam relatórios e estudos científicos, e integrantes dos grupos
antivacinação, compostos em sua maioria por pais de crianças autistas, que contavam sua própria
história de sofrimento, além de mostrar estudos como o de Wakefield. E a emoção acabou por
ganhar o debate.
Adaptado de: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI236573-17773,00E+O+MEDO +VEMCEU+A+CIENCIA.html.
Professor usa fake news para ensinar ciência na escola
Paula Adamo Idoeta - BBC Brasil, 21/04/2018.

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Alvo de debate ao redor do mundo por seu possível impacto na democracia, as “fake news” - notícias
inventadas geralmente com o objetivo de viralizar na internet e influenciar consumidores e eleitores
- têm sido usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento crítico e
pesquisa científica. O professor de ciências Estêvão Zilioli, responsável pelo projeto, relata que os
próprios estudantes buscam as notícias de cunho duvidoso para análise em sala de aula. A ideia é
que eles se perguntem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser acreditada e
compartilhada?
A aula se centra em discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações online -
buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos, periódicos
científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo. "Eles já estão mais treinados a ver o
que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no WhatsApp) e pensam duas vezes antes
de acreditar. Antes, se uma matéria era compartilhada muitas vezes, eles achavam que
necessariamente era real. Agora, estão percebendo que esse critério numérico não vale. E, mesmo
que eles percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a metodologia",
afirma o professor.
Adaptado de: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43789480.

Os textos desta coletânea abordam a questão das fake News na sociedade contemporânea. O
primeiro texto veicula um caso em que um estudo feito por um médico repercutiu na mídia, mas
depois mostrou-se falso. O segundo, há um caso de um professor que estimula seus/suas
alunos/as a um pensamento crítico que questione a confiabilidade das notícias com as quais

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eles/as tomam contato. O terceiro apresenta uma crítica à facilidade com a qual as notícias falsas
são transmitidas, revelando uma postura passiva das mais diversas pessoas, que não se
questionam sobre a veracidade das informações que transmitem. Por fim, na tirinha de Armandinho,
por meio do humor, vemos a sugestão de criação de boas notícias para acabar com o problema da
dificuldade de encontrá-las. Assim, todos os textos auxiliam a construção de uma opinião acerca
dos malefícios das notícias falsas, uma vez que podem atingir grandes proporções.

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A democracia no Brasil

O que é democracia?
Primeiro, é importante começamos com as definições. O que é a democracia, o que é regime
político, forma e sistema de governo. Nesse sentido, a palavra Democracia tem origem no grego
demokratía, que é composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). Nesse
regime político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. É um tipo de governo
em que todas as importantes decisões políticas estão nas mãos do povo, que elegem seus
representantes por meio do voto. A democracia é um regime de político que pode adotar o sistema
de governo presidencialista, onde o presidente é o maior representante do povo, ou o sistema
parlamentarista, onde existe a figura do primeiro-ministro, que toma as principais decisões
políticas.

Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como
as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida
política, econômica, e cultural da sociedade. A Grécia Antiga foi o berço da democracia, onde
principalmente em Atenas o governo era exercido por todos os homens livres. Naquela época, os
indivíduos eram eleitos ou eram feitos sorteios para os diferentes cargos. Na democracia ateniense,
existiam assembleias populares, onde eram apresentadas propostas, sendo que os cidadãos livres
podiam votar. Existem dois tipos principais de democracia, notadamente: Democracia direta ou
pura e democracia indireta ou representativa.

Tipos de democracia: direta, indireta (representativa) e semidireta (participativa)


A democracia direta é o sistema político no qual a sociedade toma as suas decisões de maneira
direta, ou seja, sem precisar do intermédio de representantes. Esse era o tipo de democracia que
vigorava, por exemplo, em Atenas na Antiguidade Grega, onde todos os que eram considerados
cidadãos tinham o direito de participar do processo de tomada de decisões. A Ágora era o lugar no
qual os debates políticos eram realizados entre os cidadãos. Vale lembrar, no entanto, que nem
todas as pessoas eram consideradas cidadãs na antiguidade grega. Por exemplo: Mulheres,
escravos, estrangeiros, estavam todos excluídos do processo político.

Já a democracia indireta ou representativa é o sistema político no qual o povo exprime sua vontade
elegendo representantes, os quais tomam as decisões políticas em nome deles. Neste último tipo
de democracia, portanto, a sociedade não participa diretamente do processo de tomada de
decisões, o que fica a cargo dos representantes eleitos pelo voto popular. No Ocidente, o conceito
moderno de democracia política é justamente o de democracia representativa, no qual uma pessoa
ou grupo são eleitos representantes e são organizados, em geral, em instituições como o
Parlamento, Câmara, Congresso, e etc...

A democracia semidireta tem esse nome porque, de um lado, possui um caráter representativo, no
sentido de que as pessoas elegem os seus representantes e, de outro lado, há alguns institutos que
possibilitam uma participação direta dos representados em alguns casos específicos e
esporádicos. Esses institutos são o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular, o veto popular, entre
outros. É também conhecida como democracia participativa.

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O plebiscito é uma consulta prévia feita ao povo para que ele manifeste sua opinião sobre uma
determinada medida ou lei a ser adotada pelo governo. Já o referendo é um instituto da democracia
semidireta no qual a coletividade pode dar sua opinião sobre uma medida já tomada pelos
governantes. Nesse sentido, o referendo é a ratificação popular de algo que já está feito. A
iniciativa popular, por sua vez, é um instrumento utilizado na democracia direta ou semidireta a
partir do qual a coletividade pode apresentar projetos de lei. Dessa maneira, determinados projetos
de lei podem tramitar e serem aprovados na medida em que uma grande quantidade de pessoas os
apoie. Por fim, o veto popular é um instrumento democrático utilizado no sentido de impedir uma
determinada medida governamental. No Brasil, por exemplo, a Constituição de 1988 atribui a tarefa
de veto tão somente aos chefes do poder executivo, como, por exemplo, o presidente da
República.

E o Brasil, é o que?
O Brasil adota um regime político democrático, com forma de governo pautado na república e
sistema de governo presidencialista. Resumindo, somos uma república democrática
presidencialista, no qual a democracia representativa é caracterizada pela divisão em Três Poderes.
Apenas para relembrar, essa divisão remete a Montesquieu. Tal separação visa a conter a
possibilidade de abuso de poder por parte do governante. Segundo Montesquieu: “todo homem que
tem o poder é tentado a abusar dele [...] é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o
poder”. Partindo dessa ideia de que só o poder pode frear o poder, ele propõe que todo governo
deve ser estruturado pelos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

De acordo com Montesquieu, é necessário que cada um dos Poderes exerça as suas funções de
maneira autônoma e harmônica em relação aos demais, de modo que se alcance um Estado de
direito em que o poder esteja submetido às leis. Só assim será possível promover o ideal máximo
do Iluminismo, que é a liberdade.

No Brasil, existem eleições para o Executivo e para o Legislativo. Esses dois Poderes são
responsáveis pela seleção daqueles que irão ocupar o Judiciário, que, por ser um cargo mais
técnico, não está aberto às eleições. E, para se aprofundar ainda mais nos cargos desses Poderes,
confira as funções destacadas abaixo:

• Poder Executivo
Responsável por executar as leis, propor planos de ação e administrar os interesses públicos.
Âmbito federal: presidente da República, juntamente com os ministros.
Âmbito estadual: governadores.
Âmbito municipal: prefeitos.

• Poder Legislativo
Elabora, aprova e fiscaliza a execução das leis.
Âmbito federal: deputados federais e senadores.
Âmbito estadual: deputados estaduais.
Âmbito municipal: vereadores.

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• Poder Judiciário
Interpreta as leis e julga os casos, de acordo com as regras constitucionais.
São os juízes, ministros, desembargadores e promotores de justiça.

Nesse contexto, o Brasil é uma república democrática presidencialista desde 1985 e, portanto, há
37 anos. O que faz do nosso país uma democracia muito nova, o que ajuda a entender parte dos
problemas recentes, uma vez que outros países, como Estados Unidos que é uma república
democrática presidencialista há mais de 200 anos.

Um breve histórico do Brasil


O período que se estende de 1822 até 1889 adotamos como forma de governo a monarquia, com
voto censitário apenas para os homens brancos. Lembrando que esse período imperial é dividido
em três fases: Primeiro Reinado (1822-1831), Periodo Regencial (1831-1840) e Segundo Reinado
(1840-1889). Nesse último período de 1847 até 1889 adotou-se uma experiência parlamentarista
incompleta, uma vez que o imperador exercia o poder moderador.

Com a Proclamação da República em 1889 instituiu-se pela primeira vez no Brasil a república como
forma de governo. Desde então o Brasil não alterou essa forma de governo. Nesse período, o voto
era aberto apenas para homens alfabetizados. Em 1930 temos uma revolução liderada por Getúlio
Vargas o que dá início a Era Vargas que se estende até 1945. Importante destacar que a Era Vargas
é divida em três fases: o Governo Provisório (1930-34), o Governo Constitucional (1934-37) e o
Estado Novo (1937-1945). Nesse último período, adota um regime político ditatorial, quando o
presidente cria uma nova Constituição e decreta o fechamento do congresso.

Apenas em 1946 voltamos ao regime democrático que se estende até 1964. Todavia, muitos
pesquisadores discordam sobre o regime democrático desse período uma vez que não existia a
garantia de diversos direitos, como o de greve. Durante esse intervalo também existiram diversas
tentativas de golpe, com as de 1955 e 1961, até que em 1964 uma outra tentativa obteve sucesso.
Importante lembrar que desde a república adotamos o sistema de governo presidencialista, embora
de 1961 até 1963 institui-se a segunda experiência parlamentarista.

De 1964 até 1985 adotamos um regime ditatorial, embora existissem eleições o direito de liberdade
política era nulo. A atual república democrática presidencialista entra em cena no processo de
redemocratização com a eleição indireta em 1985 de Tancredo Neves, que faleceu e não chegou a
assumir o cargo. A posse ficou com o vice-presidente, José Sarney.

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Como contextualizar essas informações na redação?
Sabemos que o Enem traz, no tema da redação, uma abordagem problemática de algum assunto,
em geral, com tom propositivo e que envolva (mesmo que indiretamente) nossos direitos e deveres
como cidadãos. Nessa perspectiva, é de extrema importância compreendermos o conceito de
democracia e saber como ele se aplica no Brasil.

Como isso pode, então, te ajudar na redação?


De diferentes maneiras! Por exemplo, conceituar o regime democrático e problematizá-lo é uma boa
– tanto para a introdução quanto para os argumentos do desenvolvimento – já que temas como a
falta de registro civil, as dificuldades de acesso ao lazer, intolerância religiosa, falta de inclusão de
deficientes na educação (entre outros) já foram abordados pelo Enem e mostram como a
democracia não é plena no nosso país, uma vez que essas são questões amparadas pela nossa
Constituição e pelos Direitos Humanos, mas, na prática, não são plenamente cumpridas. Dessa
forma, percebemos que a tendência é nos depararmos com problematizações desse tipo na
proposta de redação. 😉
Outro ponto importante é a proposta de intervenção. Saber como funciona o regime democrático
no nosso país, entender os Três Poderes e as responsabilidades de cada órgão pode te ajudar
bastante a desenvolver uma proposta completa e detalhada, fugindo do senso comum.
Visto isso, para exercitar os conhecimentos e referências vistas, que tal dois temas que estão
diretamente ligados ao conceito de democracia?

Tema 1: “Os riscos da crise de representatividade para a democracia brasileira” apresentando

TEXTO I

representatividade

substantivo feminino
1. qualidade de representativo.
2. qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na
população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome.
Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&es_th=1&ie=UTF-
8#q=REPRESENTATIVIDADE

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TEXTO II

Disponível em: http://www.rhbn.com.br/uploads/docs/images/images/sem%20partido%20(1).jpg

TEXTO III
As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem
hoje um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e
opções relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que
se amplia a liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo
decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas)
para forças essencialmente não políticas — primordialmente as do mercado financeiro e do
consumo. A agenda de opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente
nas atuais condições. Assim esvaziada, a política perde interesse.
Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado

TEXTO IV

Disponível em: http://eleicoes.uol.com.br/2014/raio-x/presidente#capa

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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os riscos da crise de representatividade para a democracia brasileira”
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Tema 2: “O Brasil vive uma cultura de direitos humanos?”

TEXTO I
Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos. Ou seja, o direito à vida, à
liberdade, à liberdade de opinião, ao trabalho, à educação, à crença religiosa e muitos outros.
Um marco na história dos direitos humanos é a criação, na década de 1940, na Organização das
Nações Unidas (ONU), da Declaração Universal dos Direitos Humanos, com as condutas que
deveriam ser comuns a todos os povos do mundo. Traduzido em mais de 500 idiomas, esse
documento inspirou as constituições de vários países.
Destacamos, a seguir, alguns dos mais relevantes entre os 30 artigos do documento.
• Artigo 3: Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
• Artigo 5: Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
• Artigo 7: Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção
da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
• Artigo 10: Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
• Artigo 11: I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.
Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/marielle-os-direitos-os-humanos-esclarecimento-do-extra-aos-leitores-
22493662.html

TEXTO II
"Uma coisa que eu escrevi sobre um bandido, sobre um criminoso chamado Mineirinho, que morreu
com treze balas, quando uma só́ bastava. [...] O que me deu uma revolta enorme. Eu não me lembro
muito bem, já foi há bastante tempo, qualquer coisa assim como o primeiro tiro me espanta, o
segundo tiro não sei o quê, o terceiro tiro coisa... o décimo segundo me atinge, o décimo terceiro
sou eu. Eu me transformei no Mineirinho massacrado pela polícia. Qualquer que tivesse sido o crime
dele uma bala bastava. O resto era vontade de matar, era prepotência."
Clarice Lispector em entrevista à TV Cultura, em 1977.

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TEXTO III

Disponível em: https://pt.slideshare.net/sumare/direitoshumanos-charge

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “O Brasil vive uma cultura de direitos humanos?” apresentando proposta
de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente
e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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Referências
• https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1

• https://www.unicef.org/brazil/media/16126/file/saude-mental-de-adolescentes-e-jovens.pdf

• https://www.facebook.com/OPASOMSBrasil/photos/a-adolesc%C3%AAncia-%C3%A9-cheia-
denovidades-%C3%A9-quando-jovens-saem-de-casa-passam-na-unive/1035531869953464/?_rdr

• https://andi.org.br/agenda/saude-mental-de-adolescentes-e-preciso-agir/

• https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/quatro-em-cada-dez-familias-afirmam-que-
escolas-ja-retomaram-atividades-presenciais

• https://revistaabm.com.br/blog/e-na-adolescencia-que-surgem-sinais-de-transtornos-mentais-que-nao-
tratados-afetam-a-saude-e-a-qualidade-vida-veja-como-perceber

• https://siteantigo.faperj.br/?id=1654.2.5

• https://www.cvv.org.br/ligue-188/

• https://www.baobabe.com.br/blog/letudiant-noir-a-importancia-da-revista-na-construcao-da-identidade-
negra-na-franca/

• https://historiaecultura.ciar.ufg.br/modulo2/capitulo8/conteudo/1-4.html

• https://poeticaembytes.wordpress.com/2020/11/30/a-congo-square-e-a-cultura-norte-americana/

• https://afropunk.com/2018/02/black-history-congo-square-new-orleans-heart-american-music/

• https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53000662

• DOMINGUES, Petrônio. Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica. Mediações –


Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 10, n.1, p. 25-40, jan.-jun. 2005.

• Gomes, Nilma Lino. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção dos saberes.
Política e Sociedade. Volume 10, Nº 18, p. 133 – 154, abril de 2011.

• https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/08/23/Fogo-no-Pantanal-por-que-2021-pode-ser-pior-
que-2020

• https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/10/06/A-extens%C3%A3o-e-a-biodiversidade-do-Pantanal-
em-n%C3%BAmeros

• https://www.mpms.mp.br/noticias/2021/04/relatorio-aponta-que-quase-60-dos-focos-de-incendios-no-
pantanal-em-2020-tem-probabilidade-de-ligacao-com-atividades-agropastoris

• https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-perder-26percent-do-
bioma-pantanal-corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-neste-inverno.ghtml

• LEPSCHE, Igo F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2 ed. 2010.

• COUNTINHO, Leopoldo Magno. Biomas brasileiros. São Paulo : Oficina de Textos, 2016.

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