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1 -
Conceito e distinções. 12.2 - Composição do salário. 12.3 - Modalidades de salário; formas e
meios de pagamento do salário. 12.4 -13º salário; equiparação salarial. 12.5 - Princípio da
igualdade de salário. 12.6 - Desvio de função. 13 - Benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras:
vale transporte, FGTS, seguro-desemprego e abono salarial.
1 - REMUNERAÇÃO E SALÁRIO:
Um dos elementos fático-jurídicos da relação empregatícia é a onerosidade, que está
relacionada ao salário.
O empregado dispõe de suas energias para a prestação dos serviços exigidos pelo
empregador, e este último, em contraprestação, paga o salário ao empregado.
1.1 – Terminologias:
1.1.1 – Salário:
Entende-se como salário o conjunto das parcelas que o empregado recebe diretamente
do empregador (é a contraprestação pelo trabalho prestado).
CLT, art. 457, §1º: Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais
e as comissões pagas pelo empregador.
- Parcelas in natura:
CLT, art. 458: Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos
os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura"
que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas.
Rol de parcelas do art. 457 §1º é meramente exemplificativo.
1.1.2 - Remuneração:
além do salário, também compreende as gorjetas que são pagas pelos clientes:
CLT, art. 457: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos
legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
Remuneração: salário + gorjetas.
Tem reflexo em várias verbas devidas, por exemplo do FGTS.
Previsão legal de inclusão da gorjeta no cálculo dos valores devidos a título de férias e 13º.
CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos
termos da lei;
1.1.3.2 - Salário-Maternidade:
Possui natureza previdenciária, e é concedido à segurada que esteja em licença-
maternidade, atualmente regulado pela Lei 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência
Social), é um valor pago, pela Previdência Social, aos segurados nos termos do artigo 71 e
seguintes da citada lei.
CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
Não se admite, por exemplo, que o empregador pague um valor único mensal a título a
adicional noturno, de horas extraordinárias e anuênio: devem-se pagar as verbas de forma
distinta, para permitir a verificação do valor correto de cada uma delas.
c) Natureza composta:
O salário pode ser composto de salário base e outras parcelas (adicionais, gratificações
legais etc), constituindo um complexo salarial.
d) Indisponibilidade:
Por esta característica não se admite a renúncia ou transação de verbas salariais que
sejam prejudiciais ao obreiro.
e) Periodicidade:
Como o salário é contraprestação a cargo do empregador, diz-se que o salário é de trato
sucessivo, devendo ser pago na periodicidade acordada (mensalmente, quinzenalmente,
etc.).
f) Pós-numeração:
Em regra, o salário é pago após o empregado ter prestado os serviços do período
correspondente (exemplo: o empregado labora durante o mês e recebe o respectivo
pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente). Existem exceções, como os abonos
(adiantamentos salariais) e as utilidades (alimentação, moradia, etc.) que são recebidas
antes de se findar o período correspondente.
- Parcelas salariais:
São as que o empregado faz jus, de acordo com as características de seu contrato de
trabalho.
CLT, art. 457, §1º: Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.
A contraprestação salarial do empregador ao empregado, geralmente, é composta pelo
salário básico (valor fixo, pago na periodicidade máxima de um mês) somado a outras
parcelas de natureza também salarial: são os adicionais, gratificações, etc.
1.2.2 – Adicionais:
São parcelas que o empregador para ao empregado tendo em vista o exercício de seu
labor em condições específicas que tornam o trabalho mais desgastante (tendo em vista o
horário, contato com agentes insalubres, etc.).
- Duração dos adicionais (salário condição):
Como se relacionam a uma condição mais gravosa existente na rotina laboral do
empregado, os adicionais são devidos enquanto perdurar esta condição prejudicial.
Nesta linha, verificamos que os adicionais representam salário condição, ou seja, podem
ser suprimidos caso a condição que demande o pagamento dos mesmos deixe de existir.
- Adicionais habituais:
Serão integrados ao salário se forem pagos com habitualidade (esta observação vale para
as demais parcelas salariais).
* Tipos de adicionais:
1.2.2.1 - Adicional de insalubridade:
O adicional de insalubridade é devido quando o empregado ficar exposto a algum agente
insalubre (ruído contínuo, ruído intermitente, calor, radiações, etc.) acima dos limites de
tolerância, conforme normatizado pelo então Ministério do Trabalho (MTb):
- Valores do adicional de insalubridade:
CLT, art. 192: O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional
respectivamente de 40%, 20% e 10% do salário-mínimo da região, segundo se
classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.
- Base de cálculo:
A CLT estabeleceu o salário-mínimo, conforme visto no art. 192. Entretanto, existe Súmula
Vinculante do STF que impede a utilização do salário-mínimo como base de cálculo de
outras rubricas (SV 4).
CLT, art. 59, §1º: A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% superior à da
hora normal.
- Remuneração do serviço suplementar:
Súmula 264 TST: A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora
normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto
em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.
- Não incide adicional de hora extra quando:
Houver compensação de jornada legalmente admitida (acordo escrito de prorrogação
intrassemanal ou banco de horas instituído por meio de negociação coletiva).
- Adicional de hora extra habitual computado no cálculo do DSR e 13º:
Súmula 172 TST: Computam-se no cálculo do repouso remunerado as horas extras
habitualmente prestadas.
1.2.4.2 – Comissões:
São parcelas de natureza salarial pagas ao empregado, que são chamados de
comissionistas.
Geralmente a comissão é um percentual sobre o valor das vendas realizadas, e quem
recebe salário à base de comissões é chamado de comissionista.
Existem empregados que recebem um salário mensal fixo e, adicionalmente, comissões;
outros, chamados de comissionistas puros, recebem apenas a parcela variável (comissão).
CLT, art. 457, §1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.
CLT, art. 458: Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos
os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que
a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas
nocivas.
No final do caput do artigo 458, a CLT destacou outro requisito indispensável para o
enquadramento do bem ou serviço como salário-utilidade: este deve constituir-se em algo
benéfico ao trabalhador.
Assim, mesmo que fornecidos com habitualidade, bebidas alcoólicas, cigarros e similares
não serão considerados salário in natura.
Súmula 367 TST:
I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado,
quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial,
ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades
particulares.
II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.
CLT, art. 458, §2º: Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como
salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
I – Vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados
no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os
valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
III – Transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido
ou não por transporte público;
IV – Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante
seguro-saúde;
V – Seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – Previdência privada;
VII – (vetado)
VIII – O valor correspondente ao vale-cultura
Lei 7.418/85, art. 2º: O Vale-Transporte, concedido nas condições e limites definidos,
nesta Lei, no que se refere à contribuição do empregador:
a) não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos;
b) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de FGTS;
CLT, art. 458, §5º: O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou
odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos,
óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras
similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas,
não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de
contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do §9º do art. 28 da Lei no 8.212, de
24.07.1991.
Seu pagamento não decorre de contraprestação pelos serviços prestados: elas serão,
geralmente, ressarcimentos, reembolsos em virtude de despesas em que o empregado
incorreu para exercer sua função.
1.3.1 - Ajuda de custo:
CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
- Regulação pela Lei 10.101/00:
Lei 10.101/00, art. 3º: A participação de que trata o art. 2º [PLR] não substitui ou
complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de
incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da
habitualidade.
Súmula 451 do TST: o empregado que tem o seu contrato de trabalho extinto tem direito,
de forma proporcional, à participação nos lucros ou resultados da empresa.
CLT, art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
XV - Participação nos lucros ou resultados da empresa.
- Stock Options:
1.3.4 – Gorjetas:
São parcelas pagas por terceiros (ou seja, não são pagas diretamente pelo empregador).
São usuais em bares, restaurantes, hotéis etc.
CLT, art. 457: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos
legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao
empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como
adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados.
Remuneração: salário + gorjetas.
CLT, art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
IX - Remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
remuneração por desempenho individual;
1.3.5 – Gueltas:
São parcelas pagas por terceiros, oferecidas aos empregados para que estes vendam
produtos de determinado fornecedor.
Apesar de serem pagas por terceira pessoa, derivam do contrato de trabalho, pois o
empregado (vendedor externo, balconista, etc.) realiza as vendas durante o exercício de
sua função.
Como o empregado as recebe em face de sua função, ou seja, o recebimento deriva do
contrato de trabalho, as gueltas integram a remuneração.
1.3.6 – Abono:
Com a reforma trabalhista, retirou-se a natureza salarial dos abonos, de sorte que
atualmente não há consenso quanto à definição dos abonos.
CLT, art. 457, §2º: As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo,
auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e
abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao Contrato de
Trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário.
CLT, art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
IX – Remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado,
e remuneração por desempenho individual;
1.3.8 - Vale-cultura:
O vale-cultura foi criado pela Lei 12.761, de dezembro de 2012. É um valor que poderá
ser entregue ao trabalhador (em meio magnético ou impresso) para a fruição dos
produtos e serviços culturais no âmbito do Programa de Cultura do Trabalhador.
A vantagem para o empregador é deduzir do imposto de renda o valor investido na
aquisição do vale-cultura.
Tal quantia paga terá natureza indenizatória, de forma que não irá repercutir em outras
verbas, quando o empregador, desrespeitando as normas sobre intervalos e descansos,
exige o labor do empregado neste período.
CLT, art. 71, §4º: A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada
mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo
de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
Não terá caráter salarial do auxílio-alimentação, quando este não é pago em dinheiro
(CLT, art. 457, §2º).
Não é necessário adesão ao PAT para tal verba deixar de ter natureza salarial.
São valores pagos a empregados para custear roupas, veículos e trajes utilizados em
eventos onde o mesmo esteja representando a empresa.
- Empregados comissionados:
CLT, art. 465: O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do
trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste,
salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo
anterior.
- Comprovação de pagamento:
CLT, art. 464: O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo
empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo
esta possível, a seu rogo.
Parágrafo único: Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária,
aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em
estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.
1.4.2.2 - Prazos do pagamento do salário:
CLT, art. 459: O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não
deve ser estipulado por período superior a 1 mês, salvo no que concerne a comissões,
percentagens e gratificações.
§1º - Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais
tardar, até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido.
CLT, art. 459, §1º: Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser
efetuado, o mais tardar, até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido.
CLT, art. 452-A, §6º: Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado
receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas:
I - Remuneração;
II - Férias proporcionais com acréscimo de 1/3;
III - Décimo terceiro salário proporcional;
IV - Repouso semanal remunerado; e
V - Adicionais legais.
CLT, art. 452-A, §6º: Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado
receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas:
I - Remuneração;
II - Férias proporcionais com acréscimo de 1/3;
III - Décimo terceiro salário proporcional;
IV - Repouso semanal remunerado; e
V - Adicionais legais.
CLT, art. 452-A: O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve
conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor
horário do salário-mínimo ou àquele devido aos demais empregados do
estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não.
CLT, art. 9º: Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.
CLT, art. 468: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente
desta garantia.
* Regras que devem ser respeitadas com relação ao salário:
2.1 - Proteções do salário:
2.1.1.1 - Proteção do valor nominal:
CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
VI - Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
A proteção justrabalhista pátria (da irredutibilidade) recai sobre o valor nominal do
salário.
- Diferença valor nominal e valor real:
a) Valor nominal:
b) Valor real:
A proteção do valor nominal do salário não abrange as parcelas recebidas como salário
condição.
Não colide com a irredutibilidade salarial a supressão de determinada parcela que o
empregado receba por motivo de circunstância que caracterize o salário condição.
2.1.1.3 - Redução salarial indireta:
A redução salarial indireta se relaciona aos casos em que o empregado recebe por peça
ou serviço.
Esta redução se refere sobre rescisão indireta (quando o empregador é que dá causa à
extinção contratual).
CLT, art. 483: O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando:
g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários.
CLT, art. 462: Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.
O adiantamento (abono), caso seja feito pelo empregador, pode ser compensado (ou
descontado) no pagamento do salário respectivo.
- Desconto previsto em lei:
CLT, art. 462, §1º: Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito,
desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Dano com dolo: o desconto do prejuízo é autorizado pela CLT.
Dano com culpa: somente se admite o desconto caso tenha havido previsão neste
sentido (no contrato de trabalho, por exemplo).
- Desconto de despesas:
Súmula 342 TST: Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização
prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência
odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade
cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e
de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar
demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico.
CLT, art. 463: A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do
País.
Parágrafo único: O pagamento do salário realizado com inobservância deste artigo
considera-se como não feito.
- Meios de pagamentos não admitidos:
Ocorre quando o empregador vincula aos salários do empregado às dívidas que este
contraiu no armazém do empregador.
CLT, art. 462, §2º: É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de
mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações "in
natura" exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se
utilizem do armazém ou dos serviços.
Exceção: É admitido o pagamento de parte do salário em prestações in natura (em
utilidades), observado o percentual mínimo em dinheiro de 30% (moeda corrente do país)
- CLT, art. 82, parágrafo único.
3 - EQUIPARAÇÃO SALARIAL:
3.1 - Requisitos da equiparação:
- Conceito de equiparação salarial por Mauricio Godinho Delgado:
CF/88, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXX - Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
CLT, art. 461: Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário,
sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.
§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de
serviço para o mesmo empregador não seja superior a 4 anos e a diferença de tempo
na função não seja superior a 2 anos.
Súmula 6 TST:
III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a
mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm,
ou não, a mesma denominação.
3.1.2 - Identidade de empregador e de estabelecimento:
Para que se possa falar em equiparação salarial a lei exige que o serviço seja prestado ao
mesmo empregador.
Após a reforma trabalhista, passou-se a exigir também que os empregados (equiparando e
paradigma) trabalhem no mesmo estabelecimento.
CLT, art. 461, §1º: Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito
com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica.
A produtividade se relaciona ao aspecto quantitativo, e a perfeição ao aspecto
qualitativo do trabalho.
CLT, art. 461, §1º: Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito
com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja (..)
diferença de tempo na função não seja superior a 2 anos.
CLT, art. 461, §2º: Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador
tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da
empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer
forma de homologação ou registro em órgão público.
- Promoção no quadro de carreiras ou plano de cargos:
CLT, art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
V - Plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do
empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de
confiança;
3.2 - Outros aspectos relevantes da equiparação:
- Ônus de prova de fator que impeça o pleito da equiparação:
Súmula 6 TST:
VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo
da equiparação salarial.
3.2.1. - Readaptação funcional:
Exemplo: quando A pede equiparação com B, e C pede equiparação com B, esta ação é
vedada.
- Vedação a equiparação em cadeia:
CLT, art. 461, §5º: A equiparação salarial só será possível entre empregados
contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas
remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação
judicial própria.
A equiparação fundada em desnível resultante de decisão judicial também foi extinta pela
reforma trabalhista.
Assim, até é possível que decisão judicial confira a determinado empregado verba de
natureza remuneratória, e isto aumente seu patamar salarial. Todavia, esta nova
remuneração não poderia ser utilizada como paradigma por outro empregado.