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SALÁRIO E REMUNERAÇÃO

PROFESSOR ODON CLEBER


• Salário
• Salário é toda contraprestação ou vantagem em pecúnia ou em
utilidade devida e paga diretamente pelo empregador ao
empregado, em virtude do contrato de trabalho. É o pagamento
direto feito pelo empregador ao empregado pelos serviços
prestados, pelo tempo à disposição ou quando a lei assim
determinar (aviso prévio não trabalhado, 15 primeiros dias da
doença etc.).
• O salário pode ser fixo ou variável. Salário fixo é a contraprestação
garantida e invariável, salvo faltas e atrasos do empregado. Salário
variável ou aleatório é aquele submetido a uma condição,
normalmente à produção do trabalhador. Sua expressão monetária
é diferente mês a mês.
• Remuneração
• Remuneração é a soma do pagamento direto com o pagamento indireto,
este último entendido como toda contrapres
• tação paga por terceiros ao trabalhador, em virtude de um contrato de
trabalho que este mantém com seu empregador. Sérgio Pinto Martins define
remuneração como sendo:
• “... O conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela
prestação de serviço, seja em dinheiro ou utilidades, provenientes do
empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de
modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família”.
• Exemplo de pagamento indireto é a gorjeta, que apesar de não ter natureza
salarial a CLT determina sua integração ao salário para fins de compor a
remuneração do empregado, observando-se a súmula 354 do TST.
• Outros exemplos de pagamento de terceiros: gueltas, comissões,
gratificações, taxa de serviço, os prêmios, os pontos e utilidades.
• Composições e formas de salário;
• Gorjeta: A gorjeta possui natureza jurídica de gratificação paga pelo
terceiro (e não pelo empregador) ao empregado, em virtude do
serviço que é prestado durante seu expediente de trabalho.
• A gorjeta via de regra integra o salário e ambos compõem a
remuneração, conforme estabelece o art. 457, caput, da CLT, para
fins de projeção em outras parcelas e seu valor médio deve ser
anotado na CTPS.
• Guelta: é a parcela pecuniária paga, por exemplo, por um
laboratório farmacêutico ao vendedor balconista da farmácia para
incentivá-lo a dar preferência nas vendas dos produtos ou remédios
deste laboratório. Se pago com habitualidade, compõe a
remuneração para todos os fins.
• Integração: As gorjetas integram a remuneração do trabalhador,
mas não para todos os fins. Assim, as parcelas pagas habitualmente
por terceiros, como as gorjetas, gueltas, comissões, taxa de serviço
etc, integram o salário para pagamento de férias, FGTS, 13º e INSS.
• Todavia, as gorjetas não integram o adicional noturno, as horas
extras, o repouso semanal remunerado e o aviso prévio.
• Luvas e Bicho:
• O bicho (parcela paga ao atleta em virtude da vitória ou para
estimular o bom desempenho) tem natureza salarial, pois visa
incentivar o trabalhador, assim como as gratificações.
• Já em relação às luvas pagas pelo futuro empregador ao atleta pela
assinatura do contrato, a controvérsia é maior.
• A corrente majoritária entende que as luvas tem natureza salarial e,
portanto, integram a remuneração.
Elementos do salário:
• Salário utilidade; Comissão;
• Utilidade é tudo que não é dinheiro, pecúnia. Cadeira, mesa,
comida, combustível, casa, carro, plano de saúde, de previdência,
são exemplos de utilidade.
• Os artigos 81 e 458 da CLT autorizam o pagamento de parte do
salário em utilidades.
• Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer
habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.

• § 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada
caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82).
• § 2º Não serão considerados como salário, para os efeitos previstos neste artigo, os vestuários, equipamentos e outros
acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local de trabalho, para a prestação dos respectivos serviços
• § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas
pelo empregador:
• I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a
prestação do serviço;
• II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula,
mensalidade, anuidade, livros e material didático;
• III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte
público;
• IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
• V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
• VI – previdência privada;
• VII – (VETADO)
• VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.
• § 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão
atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente,
a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual.

• § 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela


correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação
pelo número de co-habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da
mesma unidade residencial por mais de uma família.
• § 5o O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou
odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com
medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas
médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em
diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do
empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos
do previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de
1991.
• Gratificação;
• Gratificação é o plus salarial pago pelo empregador para remunerar ou estimular o exercício de
determinada situação, função, época especial ou para incentivo. É parcela espontânea, pois não
prevista ou imposta por lei. Ex: assiduidade (paga apenas para os trabalhadores pontuais e assíduos),
gratificação de quebra de caixa.
• Antes da reforma trabalhista, a CLT determinava a integração ao salário das gratificações ajustadas.
Regra geral é a de que toda gratificação, desde que habitual ou periódica, tem natureza salaria.
Excepcionalmente a lei poderá lhe retirar essa natureza.
• Gratificação é uma parcela destinada a agradar, estimular, ou compensar a maior responsabilidade da
função ou cargo ou seu desempenho.
• A gratificação de função recebida por dez anos ou mais se incorporava ao contrato de trabalho e não
poderia ser suprimida, mesmo que o empregado deixasse de exercer a função gratificada neste
período. No entanto, após a reforma trabalhista, não mais subsiste a estabilidade na função.
• Gratificação de quebra de caixa: é paga aos funcionários que exercem a função de caixa e tem a
finalidade de remunerar a maior responsabilidade que a função exige, já que o empregado pode
cometer erros involuntários na contagem do dinheiro, que podem acarretar descontos por diferença
no caixa. Por se tratar de dano culposo, deverá haver previsão contratual para o desconto da diferença
de caixa.
• O seu pagamento não é obrigatório. Se paga mensalmente, terá natureza salarial e integrará o salário
para todos os fins. A norma coletiva poderá retirar a natureza salarial dessa gratificação.
• Gratificação de Balanço ou Participação nos Lucros:
• A gratificação de balanço é parcela espontânea. Nenhum empregador está obrigado a pagá-la
por força de lei. Logo, só terá esta obrigação se a benesse estiver prevista em norma coletiva,
regulamento da empresa ou contrato.
• Também pode ser chamada de “PL”, gratificação de balanço, gratificação de lucros, participação
nos lucros ou resultados. Alguns empregadores denominam de “bônus”.
• Seu pagamento pode ser anual ou semestral e depende do lucro. Não havendo lucro o
empregador não precisará pagar o benefício.
• A parcela paga a título de participação nos lucros é parcela desvinculada da remuneração (não
tem natureza salarial e portanto não integra a remuneração).
• Gratificação por tempo de serviço:
• Normalmente é fixada por ano e visa incentivar ou agraciar o empregado mais antigo. Como
espécie do gênero salário-condição só é devida depois de preenchidos os requisitos, isto é,
quando o trabalhador contar com o tempo de serviço necessário para a aquisição do direito. É
espontânea, pois não há lei que imponha o pagamento do benefício. Exemplos: anuênio, biênio,
quinquênio.
• Em face da sua natureza salarial, integra o salário para todos os efeitos, isto é, para fins de
projeção nas férias, gratificação natalina, FGTS, parcelas resilitórias.
• Comissões:
• Comissão é uma forma de contraprestação, exclusiva ou não, que leva em conta
o resultado ou o desempenho dos trabalhadores que exercem serviços
vinculados à sua produção ou à do grupo, como é o caso do vendedores (de
balcão, viajantes ou pracistas) e atividades afins. É, portanto, a percentagem
ajustada sobre o valor do serviço ou negócio. A natureza jurídica da comissão é
de salário pago por unidade de obra (sinônimo de produção).
• A comissão pode ser caracterizada como salário base puro, misto ou como
sobressalário e normalmente tem natureza salarial.
• O empregado que recebe apenas por comissão tem a garantia de uma retirada
mensal nunca inferior a um salário mínimo (ou piso salarial, se existir), mesmo
que suas vendas tenham sido baixas naquele mês, não podendo o empregador
compensar a parte que foi obrigado a complementar no mês subsequente.
• Se recebe parte fixa e parte em comissões (salário misto), a soma não poderá ser
inferior ao salário mínimo. Mas se a parte fixa já ultrapassa o mínimo, a
comissão poderá ser em qualquer valor, inclusive zero em alguns meses.
• O art. 466, caput, da CLT estabelece que o pagamento das comissões
só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem.
• A corrente majoritária defende que o trabalhador não pode ter
condicionado seu salário ao pagamento do cliente, pois estaria
sofrendo o risco do negócio (não pagamento). Logo, o empregado tem
direito a receber sua comissão a partir do momento da efetivação da
transação (transação aceita pelo patrão), independente do pagamento
pelo cliente, já que somente o empregador corre o risco do negócio.
• Nas transações realizadas por prestações sucessivas, o pagamento das
comissões ocorrerá de acordo com a periodicidade ajustada para a
liquidação, isto é, no vencimento de cada parcela. Exemplo:
empregado vendeu uma mercadoria em 10 parcelas de R$ 230,00.
Receberá sua comissão incidente sobre os R$ 230,00 durante 10
meses sucessivos, independentemente de o cliente pagar ou não.
• Se alguma prestação vencer após o término do contrato de
trabalho, o ex-empregado terá direito ao recebimento das
comissões incidentes sobre as demais parcelas. A cada mês o ex-
empregador deverá pagar as comissões das prestações vencidas
naquele mês, através de termo de rescisão complementar, bem
como a projeção destas sobre o FGTS, férias proporcionais e 13º
proporcional, pela proporção paga na primeira rescisão, pois o
direito às comissões já tinha sido adquirido antes da extinção do
contrato, mas o exercício (efetivo recebimento) dependia do
vencimento de cada prestação. Logo, mesmo após a extinção do
contrato a parcela tem natureza salarial.
• Prêmios;
• Art. 457...
• § 4o Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo
empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a
empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho
superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.
• Logo os prêmios se caracterizam como um incentivo, um plus pago ao
empregado, em utilidade ou em dinheiro, sem natureza salarial em
razão do seu superior desempenho.
• Ex: Norma interna da empresa garante ao empregado que completar
15 anos de serviço contínuo um relógio de ouro como prêmo.
• EX2: Empregador pagará ao empregado que ultrapassar 10 vezes a
meta a comissão (prêmio) de 5% sobre suas vendas.
• Ajuda de Custo e Diárias de Viagem
• A ajuda de custo e as diárias de viagens não tem natureza salarial, pois se
caracterizam como parcelas indenizatórias. Antes da reforma trabalhista as
diárias de viagens superiores a 50% do salário mensal do empregado tinham
natureza salarial, agora possuem natureza indenizatória e não integram o
salário.
• PIS-PASEP: São participantes do PIS todos os empregados, inclusive os rurais,
salvo os domésticos. Os empregados rurais de pessoas físicas não têm direito
ao PIS.
• Os participantes do PASEP são os funcionários ou empregados públicos.
• Requisitos para recebimento: estar cadastrado no PIS há pelo menos cinco
anos; receber até dois salários mínimos de remuneração mensal no período
trabalhado; que tenha exercido atividade remunerada durante, pelo menos
30 dias do ano base. O abono anual corresponde há um salário mínimo
vigente na época do pagamento.
• Salário mínimo;
• Salário mínimo é a contraprestação mínima, em utilidades ou em
pecúnia, devida e paga diretamente pelo empregador ao
empregado, por jornada normal de trabalho. O salário mínimo pode
ser fixado por hora, dia, semana, quinzena ou mês, desde que
respeito o valor mínimo da hora, dia, semana, quinzena ou mês.

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