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Pós Graduação em Direito Público

Coordenação – Prof. Dr. Marcelino Fernandes da Silva

Érica Guimarães Lunardo Inácio - 08494755463


2ª Aula – Direito Material do Trabalho:

Salário. Remuneração. Modalidades Rescisórias. Terceirização. Direito Coletivo do Trabalho.

SALÁRIO. CONCEITO.

Salário. Conceito. Elementos que integram o salário. Elementos que não integram o salário. Incorporação de
vantagens. Verbas declaradas ilegais ou inconstitucionais não incorporação. A questão da devolução das vantagens
recebidas de boa-fé.

Diz-se que a palavra “salário” advém da época em que o pagamento era feito em pacotes de sal, num tempo em que o papel-moeda ainda não havia
se firmado.

Especificamente – Vencimento do Funcionário Público:

Art. 39 CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,
integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.

Caput do art. 457 da CLT NÃO foi alterado pela Lei 13.467/2017

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo
empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

Não é só a contraprestação pelos serviços prestados, pois são incontáveis outros períodos de atividades, como o tempo em que se aguardam ordens,
os momentos desprovidos de matéria-prima, em que as máquinas ficaram paradas, a espera da chegada de mais um cliente ou, também, o intervalo
entre uma ligação telefônica e a próxima.

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Para essas e outras situações análogas, o empregado seria privado de alguma forma de retribuição, pelo singelo argumento de que não teria havido
serviços prestados propriamente ditos.

Elementos que Integram o Salário.

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário (salário base) devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

§ 1o Integram o salário a importância fixa estipulada (salário base), as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. (Redação
dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Portanto, integram o Salário Base: As Gratificações Legais e as Comissões.

Gratificações Legais = Adicionais

As gratificações estão ligadas ao tempo em que permanece a situação que gerou a gratificação.

Reversão ao Cargo anterior?

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde
que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.

§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do
pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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Conflito com Súmula 372, I do TST:

Súmula nº 372 do TST


GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU REDUÇÃO. LIMITES (conversão das Orientações Jurisprudenciais nos 45 e 303 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo
efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação TENDO EM VISTA O PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE FINANCEIRA. (ex-OJ nº 45 da SBDI-1 - inserida
em 25.11.1996)

O art. 468, § 2º da CLT Reformada, é contrária a jurisprudência consolidada pelo STF, que se firmou no sentido da Constitucionalidade do Instituto
da Estabilidade Financeira, conforme entendimento firmado no julgamento do AI 675.287-AgR, Min. Rel. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de
10.02.2015:

Jurisprudência:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ESTABILIDADE
FINANCEIRA. DIREITO ADQUIRIDO AOS CRITÉRIOS DE REAJUSTE DA VANTAGEM PESSOAL INCORPORADA. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES.
O Supremo Tribunal Federal, após reconhecida a repercussão geral da matéria no RE 563.965-RG, sob a relatoria da Ministra Carmen
Lúcia, reafirmou a jurisprudência da Corte no sentido da constitucionalidade do instituto da estabilidade financeira. Ficou ressalvada
a possibilidade de alteração dos critérios de reajustes da vantagem pessoal incorporada, tendo em conta a inexistência de direito
adquirido a regime jurídico, desde que assegurada a irredutibilidade remuneratória. Entendimento aplicável ao caso dos autos.
Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. ” STF - AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 675287 RJ (STF)

Elementos que NÃO Integram o Salário:

Alterações no § 2º do art. 457 da CLT:

§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias
para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem
base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

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Trouxe a expressão “ainda que habituais” e, expressamente, prevê a NÃO INTEGRAÇÃO:

• Ajuda de Custo;
• Auxílio-Alimentação;
• Diária para Viagem (retirou o excedam de 50%);
• Prêmios e
• Abonos.

Especificamente – Ajuda de Custo do Funcionário Público:

Trata-se de auxílio devido ao servidor que, no interesse da Administração, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio, em
caráter permanente, de modo a compensar suas despesas de viagem, mudança e instalação.

Decreto 4.004/2001:

Art. 1º Ao servidor público civil regido pela Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que, no interesse da administração, for mandado servir
em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, conceder-se-á:
I - ajuda de custo, para atender às despesas de viagem, mudança e instalação;
II - transporte, preferencialmente por via aérea, inclusive para seus dependentes;
III - transporte de mobiliário e bagagem, inclusive de seus dependentes.

Especificamente – Auxílio Alimentação do Funcionário Público:

https://www.gov.br/servidor/pt-br

Auxílio concedido em pecúnia a todos os servidores civis ativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional,
independentemente da jornada de trabalho, desde que efetivamente em exercício nas atividades do cargo, ou nos afastamentos considerados
de efetivo exercícios, na proporção dos dias trabalhados, salvo na hipótese de afastamento a serviço com percepção de diárias.

De acordo com o art. 2º do Decreto nº 3.387, de 2001, o Auxílio Alimentação possui caráter indenizatório, e deve ser pago em pecúnia ao servidor.

Base Legal

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Legislação principal:

a) Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;


b) Lei nº 8.460, de 17 de setembro de 1992;
c) Decreto nº 3.887, de 16 de agosto de 2001.

Legislação Complementar:

a) Ofício-Circular nº 3/SRH/MP, de 1º de fevereiro de 2002;


b) Orientação Normativa nº 05/SRH/MP, de 9 de agosto de 2005;
c) Nota Técnica Consolidada nº 01/2012/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP;
d) Nota Informativa nº 402/2011/COGNOR/DENOP/SRH/MP, de 12 de maio de 2011.

Prêmios – O que são?

Art. 457, § 4o Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a
empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Especificamente – Funcionário Público:

Lei 8.112/90, Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em
licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90.

Abono

Gratificação por Tempo de Serviço = Abono que agora NÃO integra o salário.

Reforma – 13.467/17:

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Art. 457, § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em
dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e
não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Súmula nº 203 do TST


GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. NATUREZA SALARIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos legais.

Súmula nº 226 do TST


BANCÁRIO. GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. INTEGRAÇÃO NO CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
A gratificação por tempo de serviço integra o cálculo das horas extras.

Jurisprudência:

MUNICÍPIO. GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. CÁLCULO SOBRE O VENCIMENTO. INCLUSÃO, NO CONCEITO, DE ABONO SALARIAL
PERMANENTEMENTE PAGO. O abono salarial permanentemente pago pelo Município a seus empregados insere-se no conceito de vencimento
para fins de composição da base de cálculo da gratificação por tempo de serviço.
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região TRT-4 - Recurso Ordinário: RO 8006520105040802 RS 0000800-65.2010.5.04.0802

Especificamente – Abono de Permanência do Funcionário Público:

Art. 40, § 19º CF - O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.

Especificamente – Servidor Público do Estado de São Paulo:

Artigo 129 - Ao servidor público estadual é assegurado o percebimento do adicional por tempo de serviço, concedido no mínimo por
qüinqüênio, e vedada a sua limitação, bem como a sexta-parte dos vencimentos integrais, concedida aos vinte anos de efetivo exercício, que
se incorporarão aos vencimentos para todos os efeitos, observado o disposto no art. 115, XVI, desta Constituição.

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Ruptura contratual por iniciativa do empregador público. Estabilidade X Garantia de emprego (Súmula 390, TST).
Necessidade de motivação. (Orientação Jurisprudencial 247 da SBDI-1 do C. TST x Tema de repercussão geral 0131 do
E. STF)

RUPTURA CONTRATUAL POR INICIATIVA DO EMPREGADOR PÚBLICO.

• Ruptura contratual por iniciativa do Empregador Público.


• Estabilidade X Garantia de emprego (Súmula 390, TST).
• Necessidade de motivação.
• (OJ 247 da SbDI-1 do C. TST X Tema de Repercussão geral 0131 do E. STF)

Regra Geral – Empregado Público:

A Lei 9.962/2000 regula o Regime de Emprego Público (CLT):

Art. 1º O pessoal admitido para EMPREGO PÚBLICO na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho
regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata,
naquilo que a lei não dispuser em contrário.
§ 1º Leis específicas disporão sobre a criação dos empregos de que trata esta Lei no âmbito da Administração direta, autárquica e fundacional
do Poder Executivo, bem como sobre a transformação dos atuais cargos em empregos.
Art. 2º A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, conforme a
natureza e a complexidade do emprego.
Art. 3º O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes
hipóteses:
I – prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;
II – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
III – necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da
Constituição Federal;

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Art. 169 CF - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
limites estabelecidos em lei complementar.

Lei Complementar 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal


Seção II
Das Despesas com Pessoal
Subseção I
Definições e Limites
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da
Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de
membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos
da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem
como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

IV – insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito
suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de
emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.
Parágrafo único. Excluem-se da obrigatoriedade dos procedimentos previstos no caput as contratações de pessoal decorrentes da autonomia
de gestão de que trata o § 8º do art. 37 da Constituição Federal.

Especificamente Servidor Público Estatutário:

Primeiro:

Qual a diferença entre Demissão e Exoneração de servidores públicos?

A demissão tem fim punitivo enquanto a exoneração é um ato administrativo sem natureza de penalidade.

A demissão ocorre quando um servidor público não respeita as regras do local de trabalho ou não cumpre com os deveres e proibições estabelecidos
pela legislação, sendo uma punição expressa em lei (8.112/90).

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A exoneração, pode ser um desligamento voluntário do servidor quando, por exemplo, não pretende continuar exercendo sua função e opta por sair
(desligamento voluntário).

A exoneração, pode ser também uma dispensa, porém, não punitiva, quando o servidor deixa de cumprir alguns requisitos obrigatórios definidos em
lei, como por exemplo não atender às condições do estágio probatório ao final do período de 3 anos ou quando, tendo tomado posse, não entrar em
exercício no prazo estabelecido.

Nos dois casos, há a exoneração do servidor, ou seja, a desvinculação por interesse da administração pública.

Quando um Funcionário Público poderá ser DEMITIDO?

As causas que justificam a demissão do servidor público federal estão previstas no art. 132 - Lei 8.112/90.

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:


I – Crime contra a administração pública
Art. 482, a) ato de improbidade; (Empregado Público)

Cuida da independência das instâncias (administrativa e criminal).

A Administração não necessita aguardar o desfecho do procedimento criminal, uma vez que o fato criminoso como ilícito disciplinar autônomo
autoriza a agir desde logo, aplicando a pena de demissão.

Jurisprudência:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PECULATO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. DELITO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. INAPLICABILIDADE. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, não se
aplica o princípio da insignificância aos crimes cometidos contra a administração pública, ainda que o valor seja irrisório, porquanto a norma
penal busca tutelar não somente o patrimônio, mas também a moral administrativa. 2. Não se aplica ao crime de peculato o disposto no art.
20 da Lei n. 10.522/2002, com a alteração dada pelas Portarias n. 75 e n. 130/2012, por não se tratar de supressão de tributo. 3. De qualquer
forma, mostra-se irrelevante a discussão acerca do valor indevidamente apropriado, ante a reprovabilidade da conduta perpetrada pelo

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agravante, que se utilizou do cargo de gerente e tesoureiro da agência dos Correios para se apropriar da quantia de R$ 5.680,78. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 487.715 - CE (2014/0060304-0)

II – abandono de cargo; e
Art. 482, i) abandono de emprego; (Empregado Público)

O abandono de cargo é a ausência intencional do servidor público ao serviço por mais de 30 dias consecutivos, demonstrando o animus de
abandono que é o requisito essencial para a configuração do abandono de cargo, portanto, nos casos de greve, não há o animus do abandono, o que
proíbe a Administração pública de demiti-lo (por esse motivo).

Jurisprudência:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. APLICAÇÃO DE PENA DE DEMISSÃO A SERVIDORA, POR ABANDONO DO CARGO E INASSIDUIDADE
HABITUAL. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, À LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS, CONCLUIU PELA AUSÊNCIA DO REQUISITO
SUBJETIVO PARA A DECRETAÇÃO DE ABANDONO DO CARGO, COM ANULAÇÃO DO ATO DE SUA DEMISSÃO, E PELA PRESENÇA DOS
ELEMENTOS ENSEJADORES DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão monocrática, por sua vez,
julgara recurso interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/2015.
II. No caso, o acórdão do Tribunal de origem, à luz das provas dos autos, concluiu pela ausência do requisito subjetivo para a decretação
de abandono do cargo, pela ora agravada, anulando o ato de sua demissão, e pela presença dos elementos ensejadores da indenização
por dano moral. Incidência da Súmula 7/STJ.
III. O acórdão recorrido, apreciando a Apelação da servidora, à luz das circunstâncias fáticas dos autos, concluiu que "a pena de demissão,
principalmente aplicada de forma injusta, causou à recorrente sérios aborrecimentos e desconforto capazes de configurar o advento de
dano moral, devendo a administração responder pelo danos ocasionados". Assim, para infirmar as conclusões do julgado seria necessário,
inequivocamente, incursão na seara fático-probatória dos autos, inviável, na via eleita, a teor do enunciado sumular 7/STJ.
IV. Agravo interno improvido
AgInt no AREsp 1029387 / MS AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2016/0323141-1

III – inassiduidade habitual;


Art. 482, e) desídia no desempenho das respectivas funções; (Empregado Público)

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Já a inassiduidade habitual é a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, intercaladamente, durante o período de doze meses.

IV – improbidade administrativa;
Art. 482, c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à
empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; (Empregado Público)

A lei 8.112/90 estabelece a possibilidade de demissão do servidor por improbidade administrativa, enquanto a lei 8.429/92 no Capítulo II – Dos Atos
de Improbidade Administrativa prevê nos artigos, 9º, 10, 10-A e 11 as condutas que justificam a demissão:

Seção I
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título
de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a
contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento
de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em
obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo
valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

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VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha
interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a
que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei.

V – incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;


Art. 482, b) incontinência de conduta ou mau procedimento; (Empregado Público)

De acordo com o Manual de Processo Administrativo Disciplinar da CGU, incontinência é a falta de moderação, de comedimento.

Incontinência Pública é a maneira desregrada de viver. Trata-se da pessoa depravada, de procedimentos vulgares, escandalosos, que chocam os
valores morais e os costumes.

Para a caracterização da infração funcional, o inciso exige que a incontinência seja pública, isto é, que seja praticada na presença de outras pessoas.

Conduta Escandalosa, assim entendida como o desprezo às convenções ou a moral vigente, o inciso NÃO exige que seja pública.

Conforme visto, os conceitos de “incontinência” e “conduta escandalosa” são semelhantes e estão relacionados a desvios comportamentais.

Tanto a incontinência pública como a conduta escandalosa, para que produza efeitos disciplinares, devem ser praticadas no âmbito da repartição.
Portanto, as condutas praticadas fora da repartição só serão alcançadas pela norma se estiverem relacionadas ao exercício das atribuições do
servidor público.

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VI – Insubordinação grave em serviço
Art. 482, h) ato de indisciplina ou de insubordinação; (Empregado Público)

Essa hipótese visa preservar a relação hierárquica da organização administrativa.

Insubordinação é sinônimo de rebeldia. Juridicamente, o termo “insubordinação” é utilizado para qualificar o comportamento do servidor que
desrespeite uma ordem direta e pessoal, não manifestamente ilegal, de seu superior hierárquico.

Jurisprudência:

DIREITO ADMINISTRATIVO. AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DESIGNAÇÃO DOS MEMBROS DA
COMISSÃO PROCESSANTE POR AUTORIDADE INCOMPETENTE. NULIDADE RECONHECIDA. DESCLASSIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO COMETIDA
PELO SERVIDOR. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF. REINTEGRAÇÃO. RESTABELECIMENTO DO STATUS QUO ANTE.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. O art. 53, § 3º, da Lei 4.878/65 determina que cabe ao Diretor-Geral do Departamento de
Polícia Federal designar os membros das Comissões Permanentes de Disciplina. Hipótese em que os membros da Comissão Processante que
dirigiram o processo administrativo disciplinar a que foi submetido o recorrido, Agente da Polícia Federal, foram designados por autoridade
incompetente, pelo que não merece reparos a decisão que reconheceu sua nulidade. 2. A recorrente não infirmou os fundamentos do
acórdão recorrido no tocante à desclassificação da infração cometida pelo recorrido de insubordinação grave em serviço (punível com
demissão) para falta injustificada ao serviço e descumprimento de ordem superior (faltas puníveis com suspensão), pelo que é aplicável ao
caso, por analogia, a Súmula 283/STF. 3. Nos termos do art. 28 da Lei 8.112/90, invalidado o ato de demissão de servidor e determinada sua
reintegração ao cargo, deve ser restaurado o status quo ante, com o pagamento de todas as vantagens devidas desde a data do ato
demissionário, pouco importando que ele tenha ajuizado a ação nos últimos dias do prazo prescricional. 4. Recurso especial conhecido e
improvido.
REsp 886293 / PR RECURSO ESPECIAL 2006/0142896-4

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VII – Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
Art. 482, j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem; (Empregado Público)

A violência física só deve ser usada em situações excepcionais, bem definidas pelo legislador.

Nesse sentido, exceto em legítima defesa, seja própria ou de terceiro (servidor ou não), a ofensa física gera a demissão do servidor público.

Detalhe importante é que a legítima defesa deve ser moderada, sendo punível o excesso.

Exemplo: chefe de um servidor público tenta agredir um servidor, este reage e domina totalmente o chefe-agressor. Contudo, mesmo com a situação
sob controle, começa a agredir o chefe já dominado.

VIII – Aplicação irregular de dinheiros públicos;

Esse dispositivo, ao contrário do que parece, não visa a proteção do dinheiro público, mas, sim, garantir que o destino do dinheiro seja o correto,
definido por lei. Nesse sentido:

Formulação-Dasp nº 56. Aplicação irregular de dinheiros. A aplicação irregular de dinheiro público não se configura, se houver furto,
desvio ou apropriação indébita.

DASP - São enunciados elaborados pelo Departamento Administrativo do Serviço Público.

Vale destacar que para se configurar o ilícito funcional, pouco importa o destino que se tenha dado ao recurso irregularmente aplicado.

Exemplo: a verba era para construir um hospital, mas fora utilizada para construir uma escola. Está caracterizado a aplicação irregular.

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IX – Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
Art. 482, g) violação de segredo da empresa; (Empregado Público)

A informação sigilosa é aquela que se refere à segurança do Estado e da Sociedade, assuntos que estão fora do alcance do cidadão, embora em
princípio, lhe seja assegurado o mais amplo direito de acesso aos documentos públicos.

Jurisprudência:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. DEMISSÃO. REVELAÇÃO DE SEGREDOS DOS QUAIS TINHA CONHECIMENTO EM RAZÃO DO CARGO QUE OCUPAVA. INFRAÇÕES
AO ARTIGO 117, IX E 132, IX, DA LEI N. 8.112/90. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NULIDADE
POR FALTA DE CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO E CONDENAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. CORREÇÃO DA TIPIFICAÇÃO, COM EXERCÍCIO DE
AMPLA DEFESA OBSERVADA. PENALIDADE DE DEMISSÃO APLICADA NÃO APENAS POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, MAS POR
FUNDAMENTOS INDEPENDENTES E NÃO ATACADOS. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. Trata-se de mandado de segurança, impetrado contra ato de Ministro de Estado que, em decorrência do constante de Processo
Administrativo Disciplinar, determinou a demissão do impetrante do cargo que ocupava na Administração Pública Federal, por revelar
segredos dos quais tinha conhecimento em razão do cargo que ocupava na Receita Federal, em detrimento da dignidade da função. 2.
Alegação de inobservância do devido processo legal, por não haver sido feita requisição ao superior hierárquico do impetrante para que
autorizasse seu afastamento do trabalho para participar de atos de instrução do PAD. Não há exigência legal para que fosse feita tal
requisição. De qualquer sorte, havia sido feita comunicação ao superior hierárquico acerca da abertura do PAD e o impetrante havia sido
cientificado dos direitos de acompanhar o processo e realizar sua defesa. Ausência de prejuízo. 3. Alegação de inobservância do devido
processo legal, por haver sido indeferida no PAD a inquirição de uma das testemunhas arroladas pelo impetrante. Indeferimento
fundamentado na impertinência da prova. Ausência de prejuízo. 4. Alegação de falta de correlação entre acusação e condenação. Caso em
que a acusação da prática do ilícito consistente em revelar segredos que o impetrante tinha em razão do cargo foi desde o início feita.
Posteriormente, na pendência do PAD, a adequação típica foi corrigida, permitindo-se ao impetrante manifestação, regularmente efetuada
através de advogado constituído. Ausência de nulidade. 5. A alegação de que a autoridade administrativa não poderia punir o impetrante por
improbidade administrativa não tem pertinência no presente caso, em que a pena de demissão poderia se sustentar independentemente
de estar caracterizada a improbidade administrativa (art. 132, IV, da Lei 8.112/90), uma vez que o impetrante incidiu em "revelação
de segredo do qual se apropriou em razão do cargo" (art. 132, IX, da Lei 8.112/90) e transgrediu a proibição constante do art. 117, IX, da
Lei 8.112 ("valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública"), de modo que a
demissão era aplicável também por força do disposto no art. 132, XIII da Lei 8.112 ("transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117"). 6.
Mandado de segurança denegado. MS 18155 / DF MANDADO DE SEGURANÇA 2012/0026762-5

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X – Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

Lesão aos Cofres Públicos:

É a perda de dinheiro público (o que deixa claro o caráter monetário/financeiro do ilícito), abrangendo, também, atos associados à apropriação
indébita, ao furto e ao desvio do dinheiro público.

Formulação-Dasp nº 55. Lesão aos cofres públicos. A lesão aos cofres públicos pressupõe efetivo dano ao Erário.

Dilapidação ao Patrimônio Nacional:

E o desperdício, a má conservação e o extravio do patrimônio público permanente, que não o dinheiro público.

Parecer-Dasp. Dilapidação do patrimônio nacional e lesão aos cofres públicos. Distinção: A lesão aos cofres públicos não se confunde
com a dilapidação do patrimônio nacional. Aquela se refere a dinheiro ou valores transacionáveis; esta se relaciona com bens ou
utilidades permanentes.

Formulação-Dasp nº 28. Demissão. O funcionário que dissipa bens públicos, não representados por dinheiro, comete dilapidação do
patrimônio nacional.

XI – Corrupção;

A previsão é genérica.

Considera-se que o dispositivo abarca não só o comportamento do servidor corrompido, mas também o daquele servidor que no exercício de suas
atribuições tenta corromper outros servidores.

A apuração administrativa por ato de corrupção de servidor independe do prévio ajuizamento de ação penal pública, e suas conclusões, não estão
condicionadas ao julgamento proferido em âmbito penal.

Formulação-Dasp nº 71. Corrupção passiva. A administração pode demitir funcionário por corrupção passiva com base, apenas, no
inquérito administrativo.

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XII – Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
Lei 9.962/2000 (Empregado Público)
Art. 3º O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes
hipóteses:
I – prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;
II – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
III – necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da
Constituição Federal;

A Constituição Federal prevê:

Art. 37, XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado
em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

Hipóteses fora desses parâmetros são ilegais, e o servidor pode ser demitido.

XIII – Transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

São eles:

Art. 117. Ao servidor é proibido:


IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;

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XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;

Referidas condutas importam em demissão do servidor público.

Para conhecimento – Manual de Processo Administrativo Disciplinar – Controladoria-Geral da União.


https://www.cgu.gov.br/Publicacoes/atividade-disciplinar/arquivos/manualpad_130513.pdf

Dispensa por Justa Causa do Empregado Público.

Regra Geral – Empregado Público:

A Lei 9.962/2000 regula o Regime de Emprego Público (CLT):

Art. 1º O pessoal admitido para EMPREGO PÚBLICO na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho
regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata,
naquilo que a lei não dispuser em contrário.
Art. 3º O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes
hipóteses:
I – prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

Art. 482 da CLT:

As faltas graves instituídas no art. 482 da CLT devem ser interpretadas restritivamente.

Tal como ocorre com o ilícito Penal, o ilícito trabalhista deve estar expressamente tipificado na norma.

O que não estiver na norma não é falta grave.

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Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a
qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso
de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do
empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Estabilidade X Garantia de Emprego


(Súmula 390, TST).

Estabilidade CF art. 41. Especificamente ao Funcionário Público:

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

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III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para
essa finalidade.

Regra Geral – Empregado Público:

A Lei 9.962/2000 regula o Regime de Emprego Público (CLT):

Art. 1º O pessoal admitido para EMPREGO PÚBLICO na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho
regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata,
naquilo que a lei não dispuser em contrário.

Súmula 390 do TST:

Súmula nº 390 do TST


ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE.
EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL (conversão das Orientações Jurisprudenciais
nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação Jurisprudencial nº 22 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41
da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002 - e 22 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso
público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

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Jurisprudência:

"RECURSO DE REVISTA. DIREITO À ESTABILIDADE. EMPREGADO PÚBLICO. ADMISSÃO POSTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
19/98. INEXISTÊNCIA. ART. 41 DA CF/1988. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA Nº 390, I, DO TST.
I - A partir da Emenda Constitucional nº 19/98, a redação do "caput" do art. 41 da Constituição Federal foi alterada e ganhou maior
especificidade no que concerne à titularidade do direito à estabilidade, aplicando-se tão somente aos servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo, não sendo extensível aos empregados públicos celetistas. Precedentes do Supremo Tribunal Federal.
II - A Súmula nº 390, I, do TST, ao estabelecer que o servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é
beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF, tem seu alcance limitado às situações em que os empregados públicos foram
nomeados até a data de publicação da Emenda Constitucional nº 19/98. Precedentes."(TST, SDI-I, Recurso de Revista nº 106500-
15.2005.5.02.0332, Acórdão publicado na data de 23.12.2014)

Jurisprudência em sentido contrário:

REINTEGRAÇÃO. O demandante foi admitido em 13.07.2009, (POSTERIOR A EMENDA Nº 19/98) mediante concurso público, para
exercer o cargo de Agente Educacional e foi demitido por justa causa em 06.06.2018, em razão de faltas injustificadas. Afirmou no
exórdio que, por motivos de saúde, ficou afastado do trabalho pelo INSS, recebendo auxílio doença durante o período.
Assim sendo, acorde com o D. Parecer Ministerial, faz jus o demandante à sua reintegração ao trabalho, por se tratar de servidor
público celetista, contratado por fundação pública, aplicando-se ao caso o disposto na Súmula 390, especialmente seu item I:
Estabilidade. Art. 41 da CF/1988. Celetista. Administração direta, autárquica ou fundacional. Aplicabilidade. Empregado de
empresa pública e sociedade de economia mista. Inaplicável. (Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SDI-
1 e da Orientação Jurisprudencial nº 22 da SDI-2 - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005)
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art.
41 da CF/1988. (ex-OJ nº 265 da SDI-1 - Inserida em 27.09.2002 e ex-OJ nº 22 da SDI-2 - Inserida em 20.09.00)
Recurso ordinário interposto pelo reclamante que se provê, no particular.
PROCESSO TRT/SP Nº 1000940-92.2018.5.02.0047

Andamentos deste processo 1000940-92.2018.5.02.0047 no TST:

03/09/2020 - Transitado em Julgado em 31/08/2020


06/08/2020 – Negado seguimento ao recurso, por ausência de transcendência

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Necessidade de Motivação.
(Orientação Jurisprudencial 247 da SBDI-1 do C. TST
X
Tema de Repercussão Geral 0131 do E. STF)

Redação da OJ 247 da SbDI-1 do TST:

OJ 247 TST - SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA. POSSIBILIDADE (alterada – Res. nº 143/2007) - DJ 13.11.2007
I - A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista, mesmo admitidos por concurso público,
independe de ato motivado para sua validade;
II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à
motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em relação à imunidade tributária e à execução
por precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e custas processuais.

Repercussão Geral 0131 STF – RE 589.998:

EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT. DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
MOTIVAÇÃO DA DISPENSA. RE PARCIALMENTE PROVIDO.
I - Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao advento
da EC nº 19/1998. Precedentes.
II - Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a admissão por concurso público, a dispensa do
empregado de empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se,
assim, que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa.
III – A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte
do agente estatal investido do poder de demitir.
IV - Recurso extraordinário parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para
legitimar a rescisão unilateral do contrato de trabalho.

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Embargos de Declaração no mesmo RE 589.998:

Decisão: O Tribunal, por maioria, acolheu parcialmente os embargos de declaração para fixar a seguinte tese: “A Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – ECT tem o dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados”, nos termos do voto do
Relator, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Edson Fachin, que rejeitavam integralmente o recurso. Juntará voto o Ministro Marco Aurélio.
A presente tese substitui aquela fixada na 12ª sessão administrativa realizada em 9.12.2015. Impedida a Ministra Rosa Weber. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 10.10.2018.

Terceirização – Regra:

Terceirização pela Administração Pública. Responsabilidade pelas dívidas trabalhistas da empresa terceirizada. Lei de
licitações (L. 8666/93), Súmula 331, IV, V e VI do C. TST, julgamento da ADC 16 pelo E. STF e Tema de repercussão
geral 0246 do E. STF.
Diferença de terceirização e contratação como dona da obra. Orientação Jurisprudencial 191 da SBDI-1 do C. TST e,
o julgamento do IRR RR - 190-53.2015.5.03.0090 (Tema 6).

Prestadora dos Serviços:

Art. 4º-A da Lei 13.429/2017 - Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer
de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade
econômica compatível com a sua execução.

Quarteirização:

§ 1º A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras
empresas para realização desses serviços.

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Tomadora:

Art. 5o-A da Lei 13.429/2017 - Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços
relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.

Responsabilidade pelas Dívidas Trabalhistas da Prestador de Serviços:

Art. 5º-A, § 5º da Lei 13.429/2017 - A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao
período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no
8.212, de 24 de julho de 1991.

Obrigatoriedade do Tomador ser notificado no processo do conhecimento.

Súmula 331, IV do TST - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo
judicial.

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da
prestação laboral.

Terceirização pela Administração Pública:

Lei de Licitações (L. 8666/93); Súmula 331, V do C. TST; Julgamento da ADC 16 pelo E. STF e, Tema de Repercussão Geral 0246 do E. STF.

A regra geral, NÃO é aplicável à administração pública, que tem lei específica (art. 71, Lei 8666/93) devendo o reclamante provar sua conduta
culposa quanto a fiscalização do cumprimento das obrigações decorrentes do contrato de trabalho entre o terceirizado e a empresa prestadora de
serviços.

Art. 71 da Lei 8.666/93 - O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato.

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§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
inclusive perante o Registro de Imóveis.

Súmula 331, V do TST - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não
decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.

Julgamento da ADC 16 pelo E. STF – Decisão do Plenário em 24.11.2010:

Por votação majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou, nesta quarta-feira (24), a constitucionalidade do artigo 71,
parágrafo 1º, da Lei 8.666, de 1993, a chamada Lei de Licitações. O dispositivo prevê que a inadimplência de contratado pelo Poder Público em
relação a encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem pode
onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.

Segundo o presidente do STF, isso “não impedirá o TST de reconhecer a responsabilidade, com base nos fatos de cada causa”.

“O STF não pode impedir o TST de, à base de outras normas, dependendo das causas, reconhecer a responsabilidade do poder público”,
observou o presidente do Supremo.

Ainda conforme o ministro, o que o TST tem reconhecido é que a omissão culposa da administração em relação à fiscalização - se a empresa
contratada é ou não idônea, se paga ou não encargos sociais - gera responsabilidade da União.

Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=166785

Tema de Repercussão Geral 0246 do E. STF:

Tema 0246 - Responsabilidade subsidiária da Administração Pública por encargos trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa
prestadora de serviço.

RE 760931/DF - DISTRITO FEDERAL

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ROSA WEBER Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX Julgamento: 26/04/2017. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E
V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93. PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES.
8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e vinculante: ADC 16,
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010.
9. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos semelhantes:
“O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93”.

Fonte:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+760931%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACM
S%2E+ADJ2+760931%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/qapv2fb

Diferença de Terceirização e Contratação como Dona da Obra. OJ 191 da SBDI-1 do C. TST:

Trata-se da diferença entre a Contratação de Serviços mediante terceirização de Mão de Obra da Contratação de Obra mediante Regime de
Empreitada no âmbito da Administração Pública.

Regra Geral:

Art. 455 da CLT - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que
celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações
por parte do primeiro.
Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de
importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.

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OJ 191. CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. (nova redação) - Diante da inexistência
de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade
solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou
incorporadora.

Contratação de Obra mediante Regime de Empreitada no âmbito da Administração Pública:

Julgamento do IRR no RR - 190-53.2015.5.03.0090:

A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho, em julgamento de incidente de recurso de revista
repetitivo, definiu que, à exceção dos entes públicos, o dono da obra poderá responder subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas de
empreiteiro inidôneo. Por unanimidade, a SDI-1, órgão responsável pela uniformização da jurisprudência trabalhista e competente para
julgamento de incidente dessa natureza, definiu ainda que não são compatíveis com a diretriz consolidada na Orientação Jurisprudencial 191
da SDI-1 entendimentos de Tribunais Regionais do Trabalho que ampliem as possibilidades de responsabilização para excepcionar apenas
pessoas físicas ou micro e pequenas empresas que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado.
O incidente foi instaurado em recurso de revista interposto pela Anglo American Minério de Ferro Brasil S.A. contra decisão do Tribunal
Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) que a condenou subsidiariamente ao pagamento de parcelas decorrentes de contrato de empreitada
firmado com a empresa Montcalm Montagens Industriais Ltda.
A decisão regional baseou-se na Súmula 42 daquele TRT, que, interpretando a OJ 191 da SDI-1 do TST, isenta de responsabilidade solidária ou
subsidiária trabalhista apenas “a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei”, e, ainda, “que não exerçam atividade
econômica vinculada ao objeto contratado”. Segundo o TRT, a tutela constitucional da dignidade da pessoa humana e do valor social do
trabalho exige a releitura da OJ 191, “impedindo que pessoas jurídicas de grande porte valham-se da exceção legal preconizada no artigo
455 da CLT para se furtar à fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas pelo prestador de obras e serviços”.
Em junho de 2016, o recurso de revista, originalmente distribuído à Sexta Turma do TST, foi afetado à SDI-1 para ser examinado sob a
sistemática dos recursos repetitivos. As teses jurídicas firmadas no incidente, e, portanto, dotadas de efeito vinculante, serão aplicadas a todos
os demais processos que tratarem da mesma questão jurídica.
Para o relator do Incidente na SDI, ministro João Oreste Dalazen, a súmula regional não é compatível com os fundamentos da OJ 191 porque,
entre outros fundamentos, fere o princípio da isonomia, ao dar “flagrante tratamento desigual” entre pequenos empresários e pessoas físicas
e empresas de maior porte.
Além das partes, participaram do julgamento, na condição de amici curiae, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do
Estado de São Paulo (CDHU), o Estado do Rio Grande do Sul, a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (APINE),
a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).

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Teses
As teses jurídicas aprovadas no julgamento do incidente de recurso de revista repetitivo foram as seguintes:
I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial 191 da
SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e grande
porte e entes públicos (decidido por unanimidade);
II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial 191, por aplicação
analógica do artigo 455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto,
desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro (decidido por unanimidade);
III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do
Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e pequenas
empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado" (decidido por unanimidade);
IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações,
em face de aplicação analógica do artigo 455 da CLT e culpa in eligendo (decidido por maioria, vencido o ministro Márcio Eurico Vitral
Amaro).

Fonte:
http://www.tst.jus.br/web/guest/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-define-responsabilizacao-do-dono-da-obra-por-obrigacoes-
trabalhistas-de-empreiteiro/pop_up?refererPlid=10730&_101_INSTANCE_89Dk_viewMode=print&_101_INSTANCE_89Dk_languageId=pt_BR

Andamento do processo:
05/04/2021 - Conclusos para decisão dos embargos de declaração (Gabinete da Vice-Presidência.
12/03/2021 - Recurso Extraordinário não admitido..

Jurisprudência:

"AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA SEGUIMENTO A RECURSO DE
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRA NÃO RECONHECIDA. DONOS DA OBRA. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL 191 DA SBDI-1. CONVÊNIO FIRMADO COM MUNICÍPIO PARA REALIZAÇÃO DE EMPREENDIMENTO DE CASAS
POPULARES. Pedido de processamento dos embargos para fins de restabelecimento da sentença, por meio da qual os reclamados
Município de Buri e a Companhia CDHU foram responsabilizados pelo crédito trabalhista reconhecido em juízo. Segundo a
jurisprudência assente na OJ 191 da SBDI-1 do TST, reafirmada pela decisão do Incidente de Recurso de Revista Repetitivo suscitado

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no Processo TST-RR-190-53.2015.5.03.0090, não há responsabilidade subsidiária ou solidária do dono da obra, independente do
porte da empresa ou de ser o contratante ente público, em relação às obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, desde
que o contrato celebrado seja de construção civil; o contratante NÃO seja empresa construtora ou incorporadora e, exceto a
Administração Pública, não firme contrato com empresa sem idoneidade econômico-financeira. Se o caso não se enquadra nessas
exceções, aplica-se a regra.
No acórdão turmário, consta que o Município de Buri firmou convênio com a reclamada Companhia de Desenvolvimento Habitacional
do Estado de São Paulo (CDHU) para realização de empreendimento de casas populares; que o Município fez doação do terreno e a
CDHU orientou e financiou a execução do empreendimento; que o município contratou os serviços da empresa Mar Brasil Construção
Ltda. para execução do empreendimento; que o reclamante trabalhou para a reclamada Mar Brasil Construção Ltda., na função de
ajudante de obras na construção de moradias populares em obras da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São
Paulo (CDHU). Nos autos, tanto o Município de Buri como a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo
(CDHU) atuaram como donos da obra. Não guarda pertinência, portanto, a diretriz da Súmula 331 do TST. Decisão impugnada que se
mantém. Agravo conhecido e desprovido" (AgR-E-ED-RR-779-49.2011.5.15.0123, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 03/07/2020).

O Direito Coletivo e a Administração Pública.

O direito de associação do servidor público. A formação de Convenções Coletivas e Acordos Coletivos e sua
aplicabilidade em face do empregador público.
O direito de greve e seu exercício nas atividades públicas. O julgamento da greve (Tema de repercussão geral 0544
do E. STF).

• Direito coletivo. Conceito e Princípios.


• Competência Dissídio Coletivo.
• O direito de associação do servidor público.
• A formação de Convenções Coletivas e Acordos Coletivos e sua aplicabilidade em face do empregador público.
• O direito de greve e seu exercício nas atividades públicas.
• O julgamento da greve (Tema de repercussão geral 0544 do E. STF).

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Conceito

São empregadas diversas denominações a esta parte do Direito do Trabalho que estudaremos: Direito Coletivo do Trabalho, Direito Sindical e Direito
Corporativo.

O direito coletivo do trabalho não tem autonomia é um segmento do direito do trabalho.

Gustavo Garcia assim o conceitua:

“Segmento do direito do trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva, os instrumentos normativos decorrentes, a
representação dos trabalhadores na empresa e a greve.”

Princípios

Muito embora não seja disciplina autônoma o direito coletivo do trabalho tem princípios próprios.

Liberdade Sindical

Deriva de um princípio mais amplo que é o da liberdade de associação. Art. 5º XVII e XX e 8º V ambos da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

Adequação Setorial Negociada

É o limite jurídico da norma coletiva.

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Somente podendo se estabelecer normas coletivas com direitos mais benéficos ao trabalhador. (princípio de direito individual do trabalho da
proteção/aplicação da norma mais favorável).

Somente quando a Constituição Federal autorizar é que se poderão estabelecer normas desfavoráveis.

Jurisprudência:

Medicina e Segurança do Trabalho na CLT, previsto no CAPÍTULO V - DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO – artigos até 154 até 223 da
CLT.

Por fim, de acordo com o princípio da adequação setorial negociada, as regras autônomas juscoletivas podem prevalecer sobre o padrão
geral heterônomo, mesmo que sejam restritivas dos direitos dos trabalhadores, desde que não transacionem setorialmente parcelas
justrabalhistas de indisponibilidade absoluta. Embora, o critério definidor de quais sejam as parcelas de indisponibilidade absoluta seja vago,
afirma-se que estão protegidos contra a negociação in pejus os direitos que correspondam a um “patamar civilizatório mínimo”, como a
anotação da CTPS, o pagamento do salário mínimo, o repouso semanal remunerado, as normas de saúde e segurança do trabalho,
dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de trabalho etc.
Enquanto tal patamar civilizatório mínimo deveria ser preservado pela legislação heterônoma, os direitos que o excedem sujeitar-se-iam à
negociação coletiva, que, justamente por isso, constituiria um valioso mecanismo de adequação das normas trabalhistas aos diferentes
setores da economia e a diferenciadas conjunturas econômicas. Recurso Extraordinário (RE) 590415

Unicidade Sindical

Pluralidade sindical – quando é permitido e efetivamente existe mais de um sindicato de determinada profissão. Na França funciona a pluralidade.

Unidade sindical – quando a lei permite a criação de mais de um sindicato por base territorial e por profissão, mas efetivamente só existe um.

Na unidade não há contrariedade ao princípio da liberdade sindical, já que são os interessados que voluntariamente decidem pela sua adoção.
Alemanha e Suécia são exemplos onde o sistema é o da unidade.

A Organização Internacional do Trabalho não tomou partido, seja da unidade, seja da pluralidade sindical.

Contribuição Sindical Obrigatória

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Anteriormente conhecida como imposto sindical está prevista no art. 579 da CLT.

Alteração Reforma Trabalhista.

Art. 579 - A contribuição sindical é devida por todos aquêles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou
de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo êste, na conformidade do
disposto no art. 591.

Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada
categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou,
inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Competência Normativa da Justiça do Trabalho

Possibilidade dos Tribunais Trabalhistas criarem normas para determinada categoria, através do julgamento dos dissídios coletivos (sentenças
normativas).

Existente somente no Brasil é criticada pela doutrina internacional e atualmente pela nacional.

Solução do regime fascista que inibe greve e não condiz com a moderna doutrina neoliberal de autocomposição das disputas coletivas.

Desestimula o desenvolvimento de um sindicato autêntico, porque atribui ao Estado a solução dos conflitos que poderia ser realizado somente pelas
partes ou com a intervenção de mediadores e árbitros.

Art. 114, CF - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar
dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

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O Direito de Associação do Servidor Público.

O art. 9º da CF/88 traz a previsão constitucional do direito de associação sindical aos trabalhadores de forma geral.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender.

Ao servidor público, este direito é garantido especialmente pelo inciso VI do art. 37 da CF/88:

“É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.”

Perceba que a garantia alcança somente o servidor público civil.

Os servidores militares não têm direito à associação sindical (art 142, § 3º, IV da CF/88).

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

Embora os servidores públicos civis possam associar-se em sindicatos, eles não podem ter seus vencimentos fixados através de convenções coletivas
com a Administração Pública.

Súmula 679 do STF - “A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.”

Forma de Solução dos Conflitos Coletivos

Autodefesa
As partes procedem à defesa de seus interesses, sendo que uma delas impõe sua vontade a outra.

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Greve e lockout são formas de autodefesa.

Greve

Previsão legal – Lei 7.783/89.

Conceito –

Art. 2º - Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial,
de prestação pessoal de serviços a empregador.

Tratando-se de suspensão do contrato de trabalho, não há pagamento de salário, salvo acordo em sentido contrário.

É garantido ao empregado o retorno ao posto de serviço ocupado antes da causa suspensiva.

Ainda por tratar-se de suspensão, o empregado não pode ser despedido sem justa causa.

O Direito de Greve e seu exercício nas Atividades Públicas.

GREVE. Servidor Público:

Aos empregados públicos das sociedades de economia mista e subsidiárias que exerçam atividade econômica aplica-se a Lei de Greve.

Os Servidores Públicos têm seu direito de greve reconhecido pelo art. 9º da CF/88 e regulado pela Lei nº 7.783/1989, tal e qual os empregados da
iniciativa privada.

Art. 9º CF - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender.

Art. 37, VII, CF - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

Os Servidores Públicos da administração pública direta, fundacional e autárquica, estão sujeitos ao art. 37, VII da CF, que exige lei regulamentando.

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Ao contrário, para empregados CLT. Lei de Greve:

Art. 1º, Lei nº 7.783/1989 - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
os interesses que devam por meio dele defender.

Essa indefinição afeta sobretudo os servidores públicos, aqueles contratados em regime estatutário.

O STF em diversas decisões entendeu ser incabível o exercício do direito de greve pelos servidores públicos pela ausência de lei que o
regulamentasse.

Em julgamento dos mandados de injunção n° 670, 708 e 712, em 2007 o STF, finalmente, entendeu pela aplicabilidade da Lei de Greve aos Servidores
Públicos. Aplicando-se aos mesmos a Lei de Greve naquilo que não colide com a natureza estatutária de seus vínculos.

Ao resumir o tema, o ministro Celso de Mello salientou que:

"...não mais se pode tolerar, sob pena de fraudar-se a vontade da Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva
inércia do Congresso Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis - a quem se vem negando, arbitrariamente,
o exercício do direito de greve, já assegurado pelo texto constitucional -, traduz um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade,
pelo valor e pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República".

O Julgamento da Greve (Tema de Repercussão Geral 0544 do e. STF).

Excerto do julgado fls. 9/84 - SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR)

O tema que ora é objeto de julgamento encerra divergência acerca do alcance da competência da Justiça do Trabalho, tal como posta no art.
114 da CF/88. O que se discute neste recurso, com repercussão geral reconhecida, é a competência para julgamento de abusividade de greve
de servidores públicos celetistas: se da Justiça comum, federal ou estadual, ou da Justiça especializada do Trabalho. De se ressaltar que a
questão envolvendo servidores estatutários já foi enfrentada pelo Tribunal, que concluiu, como se sabe, ser competente a Justiça comum. Por
todos, citem-se o MI 708, DJ de 31/10/2008 e a ADI 3.395-MC, DJ de 10/11/2006. Aqui trata-se do exercício de greve por parte de servidores
celetistas, situação inédita na jurisprudência da Corte, o que demonstra a importância de seu julgamento.

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Servidor Estatutário fls. 12/84

A controvérsia envolvendo os servidores estatutários foi definitivamente resolvida pela Corte, no sentido de que cabe à Justiça comum seu
julgamento, e não à Justiça do Trabalho: “(…) 3. Servidor regido por vínculo de natureza jurídicoadministrativa. Incompetência da Justiça do
Trabalho conforme acórdão desta Corte no julgamento da ADI n. 3.395. 4. Ausência de fundamento novo no recurso que seja apto a ilidir a
decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.” (Rcl 17.157-ED, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ de
08/04/2016)

Caso concreto fls. 19/84 – Servidos Celetista:

Na origem, trata-se de Dissídio Coletivo oposto pelo Ministério Público do Trabalho com o objetivo de solucionar impasse existente entre os
trabalhadores da Guarda Civil Municipal e a Administração do Município de São Bernardo do Campo que culminou na greve dos servidores
públicos celetistas.

Ao apreciar o recurso ordinário, interposto pelo Município de São Bernardo do Campo, o Tribunal Superior do Trabalho proveu o recurso para
extinguir o processo sem julgamento de mérito, no tocante ao pedido de declaração de abusividade da greve, por incompetência da Justiça do
Trabalho, ainda que reconhecido expressamente o regime celetista dos interessados.
Para tanto, conclui, indevidamente, que tal decisão se harmoniza com a jurisprudência desta Corte, ...

Ocorre que, como sobredito, equivocou-se o Tribunal Superior do Trabalho ao concluir que as questões envolvendo greve servidores
públicos celetistas estariam também abrangidas pela competência da Justiça comum.

De fato, no julgamento em questão ficou definida a competência da Justiça comum para dirimir conflitos apenas e tão somente envolvendo
interesse de servidores estatutários. Em nenhum momento se ampliou tal competência para igualmente abarcar os interesses dos servidores
públicos celetistas, como o fez o acórdão recorrido.

Como se denota, então, o Tribunal a quo interpretou erroneamente a jurisprudência desta Corte, já que não há qualquer precedente
concluindo ser da competência da Justiça comum as ações que envolvam interesse de servidores públicos celetistas grevistas.

Ressalte-se, por vez derradeira, que o critério diferenciador adotado pela Constituição e pela jurisprudência do Tribunal é o regime jurídico, o
vínculo que une o servidor à Administração Pública. Se contratual, celetista, o vínculo é trabalhista, e é competente a Justiça do Trabalho. Se
estatutário, o vínculo é legal, administrativo, recaindo a competência sobre a Justiça comum.

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Portanto, a decisão recorrida contraria a jurisprudência desta Corte e, como se viu, do próprio Tribunal Superior do Trabalho. Cabe ao Tribunal
Superior do Trabalho o enfrentamento do mérito, já que competente para tanto.

Assim, a proposição de voto é no sentido de que, em sede de repercussão geral, a tese jurídica seja assim assentada: “A Justiça do Trabalho é
competente para processo e julgamento de questões atinentes ao exercício do direito de greve dos servidores públicos celetistas”.

Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário.


SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR)

CONTROVÉRSIA – Fls. 44/84

SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES:

Tenho, portanto, que a natureza das atividades efetivamente desempenhadas pela categoria profissional é o elemento preponderante para
a definição do regramento aplicável em caso de greve dessa categoria, mesmo na hipótese em que o vínculo com a Administração é
regulado pelo Direito do Trabalho.

Ou seja, uma vez reconhecida a essencialidade das atividades desempenhadas pelos servidores públicos, não há por que excetuá-los da regra
de competência firmada pelo Supremo Tribunal Federal no MI 670, mesmo em se tratando de servidores contratados pelo Estado sob o
regime celetista.

A análise do prejuízo decorrente da paralisação das atividades realizadas pelos servidores públicos não será influenciada pelo fato de serem
servidores celetistas ou estatutários. Na verdade, a própria extensão das regras do regime celetista aos servidores públicos (estatutários)
demonstra que, para efeito de greve, são situações intercambiáveis, pelo que deve prevalecer o critério de competência fixado no MI 670.

Nesse sentido, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO e proponho a seguinte TESE DE REPERCUSSÃO GERAL: “A Justiça Comum
Federal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias
e fundações de direito público”.

Decisão Final do Recurso Extraordinário: Fls. 84/84 –

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DECISÃO: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes, que redigirá o acórdão, fixou a seguinte tese de
repercussão geral: “A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas”. Vencidos os Ministros Roberto Barroso, Rosa Weber e Marco
Aurélio. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
1º.8.2017. Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Dr. Nicolao Dino
de Castro e Costa Neto. p/ Doralúcia das Neves Santos Assessora-Chefe do Plenário.

PLENÁRIO EXTRATO DE ATA RECURSO EXTRAORDINÁRIO 846.854 PROCED. : SÃO PAULO RELATOR : MIN. LUIZ FUX REDATOR DO ACÓRDÃO :
MIN. ALEXANDRE DE MORAES RECTE.(S) : FEDERAÇÃO ESTADUAL DOS TRABALHADORES DA ADMINISTRAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
MUNICIPAL - FETAM E OUTRO(A/S) ADV.(A/S) : ERYKA FARIAS DE NEGRI (13372/DF) ADV.(A/S) : ALEXANDRE SIMOES LINDOSO (28485/BA,
12067/DF) RECDO.(A/S) : MUNICIPIO DE SAO BERNARDO DO CAMPO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO
BERNARDO DO CAMPO RECDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA Decisão: O
Tribunal, apreciando o tema 544 da repercussão geral, por maioria, negou provimento ao recurso, vencidos os Ministros Luiz Fux (Relator),
Roberto Barroso, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese de repercussão geral em
assentada posterior. Redator para o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. Falou pela recorrente, Federação Estadual dos Trabalhadores
da Administração do Serviço Público Municipal – FETAM e outros, o Dr. Alexandre Simões Lindoso. Presidência da Ministra Cármen Lúcia.
Plenário, 25.5.2017.

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