Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
recebendo também de modo proporcionalizado as gratificações de desempenho
que compõe suas respectivas estruturas remuneratórias.
Citam-se, a título exemplificativo, algumas das gratificações
recebidas pelos servidores públicos federais por manterem vínculo funcional com
a ré vinculados a diversos órgãos (Ministérios e outros) da administração federal
direta em Santa Catarina (União Federal): Gratificação de Desempenho do Plano
Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE, prevista na Lei nº 11.357 de 19
de outubro de 2006, a Gratificação de Desempenho de Atividade de Apoio
Técnico-Administrativo na AGU-GDAA, prevista na Lei nº 11.907 de 2 de fevereiro
de 2009, a Gratificação de Desempenho de Atividade Fazendária – GDAFAZ,
também prevista na Lei nº11.907 de 2 de fevereiro de 2009, entre outras da
mesma natureza.
Não obstante a inexistência de dispositivos legais que autorizem a ré a
pagar as gratificações de desempenho de modo proporcionalizado, esta prática
vem sendo perpetrada há anos com apoio no acórdão 2.030/2007-TCU-2ª
Câmara e na Orientação Normativa MP/SRH 06/2007, editada pelo Secretário de
Recursos Humanos do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e
publicada no DOU em 21 de novembro de 2007, que, por sua vez, dispõe o
seguinte:
2
Exatamente por essa razão, o Poder Judiciário têm fartos precedentes
a indicar que incorreição/ilegalidade do procedimento que vem sendo praticado
pela Administração Pública, sendo pacífico nas duas turmas do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região que "gratificações de desempenho devem ser pagas em sua
integralidade aos servidores inativos, mesmo em relação àqueles beneficiários
de aposentadoria proporcional, tendo em vista não haver relação entre o seu
valor e o tempo de serviço dos servidores em atividade.
Nesse sentido vejamos:
3
restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII),
uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a
variação de preços da economia, sendo inidôneo a promover os fins a
que se destina, devendo incidir o IPCA-E, considerado mais adequado
para recompor a perda do poder de compra. 2. O Pleno do Supremo
Tribunal Federal, por maioria, rejeitou todos os embargos de declaração
opostos no RE 870.947/SE, representativo do Tema 810 da
Repercussão Geral, e não modulou os efeitos da decisão anteriormente
proferida. 3. A gratificação de desempenho é devida pelo seu valor
integral aos servidores aposentados, independentemente de a
aposentadoria ter sido proporcional. 4. Portanto, a
proporcionalidade dos proventos não deve refletir no pagamento
de gratificação pro labore faciendo, mesmo que incorporada, tendo
em vista que a Constituição Federal e a lei instituidora da vantagem
não autorizam distinção alguma entre os servidores aposentados
com proventos integrais e proporcionais. (TRF4, AG 5027150-
86.2018.4.04.0000, TERCEIRA TURMA, Relatora VÂNIA HACK DE
ALMEIDA, juntado aos autos em 09/03/2020)
4
Art. 7º-A. A partir de 1º de fevereiro de 2009, fica instituída a Retribuição
por Titulação - RT, devida ao docente integrante da Carreira do
Magistério Superior em conformidade com a classe, nível e titulação
comprovada, nos termos do Anexo V-A desta Lei.
§ 1º A RT será considerada no cálculo dos proventos e das pensões,
desde que o certificado ou o título tenha sido obtido anteriormente à data
da inativação.
§ 2º Os valores referentes à RT não serão percebidos cumulativamente.
Art. 11-A. Fica instituída a Gratificação Específica do Magistério Superior
– GEMAS devida ao docente integrante da Carreira do Magistério
Superior, nos valores previstos no Anexo V-B desta Lei.
Parágrafo único. A gratificação a que se refere o caput deste artigo
integrará os proventos da aposentadoria e as pensões, observada a
legislação vigente. (destaquei)
Analisando a novel legislação, não verifico disposição no sentido de que
a apuração das gratificações e da retribuição por titulação vincula-se à
forma de concessão dos proventos de aposentadoria, se proporcional ou
integral.
(...).
Desse modo, é de ser reconhecido o direito pleiteado para que a
gratificação e a retribuição de titulação não sejam pagas de forma
proporcional, independentemente da aposentadoria ser ou não integral,
bem como deve ser restituídos os valores que porventura deixaram de
ser pagos (fls. 277/279).
7. O entendimento do acórdão recorrido encontra-se em
consonância com o adotado por esta Corte de que a Lei 11.784/2008
não faz qualquer diferenciação à forma de pagamento das
gratificações nos casos de aposentadoria proporcional e integral. A
esse propósito, o seguinte julgado:
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DOS FISCAIS
FEDERAIS AGROPECUÁRIOS (GDFFA). EXTENSÃO AOS INATIVOS.
ADOÇÃO DOS MESMOS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA OS
SERVIDORES DA ATIVA. APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR
TEMPO DE SERVIÇO. VALOR INTEGRAL DA GRATIFICAÇÃO.
VINCULAÇÃO AOS PROVENTOS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. A lei que instituiu a Gratificação de Desempenho de Atividade dos
Fiscais Federais Agropecuários (Lei 11.784/2008) não fez qualquer
diferenciação à forma de pagamento da gratificação nos casos de
aposentadoria proporcional e integral. Logo, diante da inexistência de
previsão legal, não prospera a redução da vantagem pretendida pela
União. Precedente: AgRg no REsp. 1.542.252/RS, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJe 16.9.2015.
2. Agravo Interno da União desprovido (AgInt no REsp. 1.544.877/RS,
Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 22.9.2016).
8. Ante o exposto, nega-se provimento ao Recurso Especial da UFSM.
(Grifo da parte autora)
5
observância da proporcionalidade de proventos no pagamento da GDASS“. Lê-se
na decisão:
6
PROPORCIONALIZAÇÃO POR ATO DO TCU AOS
INATIVOS/PENSIONISTAS QUE SE APOSENTARAM
PROPORCIONALMENTE AO TEMPO DE SERVIÇO. INEXISTÊNCIA
DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE,
CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA, DIREITO ADQUIRIDO E
SEGURANÇA JURÍDICA. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 16, 17-A E 18 DA LEI
10.855/2004. AUSÊNCIA DE COMANDO NORMATIVO CAPAZ DE
ALTERAR OS FUNDAMENTOS DO VOTO CONDUTOR. INCIDÊNCIA
DA SÚMULA 284/STF.
1. In casu, o Tribunal de Contas da União, dentro de sua competência,
ao analisar os registros de aposentadorias de alguns servidores inativos,
constatou que alguns deles estavam recebendo os valores da
gratificação de desempenho de atividade do seguro social (GDASS) e
da gratificação específica do seguro social e do trabalho (GESS) de
forma integral. Diante disso, prolatou acórdãos nos 2.030/2007 e
2.768/2007, determinando que o pagamento das verbas de forma
condizente com a proporcionalidade dos proventos ao tempo de serviço.
2. No que se refere à alínea "a", III, 105, da CF, ou seja, quanto aos arts.
16 e 17 da Lei 10.855/2004, o recorrente não fundamenta de modo
particularizado as supostas violações ao dispositivo que enumera,
limitando-se a citá-los genericamente. Não há precisa explanação sobre
as apontadas ofensas. Incide, na espécie, a Súmula 284/STF. Sob essa
ótica, verifica-se também que os dispositivos trazidos não têm o condão
de acarretar a nulidade do acórdão recorrido, considerando que a lei não
disciplina a forma de aplicação aos aposentados/pensionistas que
recebem proventos proporcionais ao tempo de serviço.
3. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp. 1.216.478/PR, Rel.
Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 4.9.2013).
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DOS FISCAIS
FEDERAIS AGROPECUÁRIOS (GDFFA). EXTENSÃO AOS INATIVOS.
ADOÇÃO DOS MESMOS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA OS
SERVIDORES DA ATIVA. APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR
TEMPO DE SERVIÇO. VALOR INTEGRAL DA GRATIFICAÇÃO.
VINCULAÇÃO AOS PROVENTOS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. A lei que instituiu a Gratificação de Desempenho de Atividade dos
Fiscais Federais Agropecuários (Lei 11.784/2008) não fez qualquer
diferenciação à forma de pagamento da gratificação nos casos de
aposentadoria proporcional e integral. Logo, diante da inexistência de
previsão legal, não prospera a redução da vantagem pretendida pela
União.
Precedente: AgRg no REsp. 1.542.252/RS, Rel. Min. HUMBERTO
MARTINS, DJe 16.9.2015.
2. Agravo Interno da União desprovido (AgInt no REsp. 1.544.877/RS,
Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 22.9.2016).
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. GRATIFICAÇÃO DE
ESTÍMULO À DOCÊNCIA. GED. APOSENTADORIA PROPORCIONAL
POR TEMPO DE SERVIÇO. VALOR INTEGRAL DA GRATIFICAÇÃO.
VINCULAÇÃO AOS PROVENTOS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. DEBATE DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
COMPETÊNCIA DO STF.
1. A questão central do presente recurso especial diz respeito ao pleito
de pagamento da Gratificação de Estímulo à Docência - GED, em sua
integralidade, a professores aposentados com proventos proporcionais.
2. A Gratificação de Estímulo à Docência no Magistério Superior - GED
foi instituída pela Lei 9.678/98, visando a recompensar os professores
do 3o Grau por seu aperfeiçoamento e produção no exercício das
atividades de docência, pesquisa e extensão.
7
3. A Lei 9.678/98 não estabeleceu diferenciação entre o valor da
gratificação a ser percebida pelos servidores aposentados com
proventos integrais dos que percebem proporcionais, determinando para
os servidores inativos e beneficiários de pensão um valor fixo,
correspondendo, atualmente, a 115 pontos.
4. Como princípio de hermenêutica, não compete ao intérprete distinguir
onde o legislador, podendo, não o fez, sob pena de violação do
postulado da separação dos poderes.
5. Por outro lado, o argumento da Fundação Universidade Federal do
Rio Grande de que a Lei 9.678/98 gera tratamento anti-isonômico entre
os professores, ao tratar os desiguais de modo igual, forçoso reconhecer
que essa questão não pode ser analisada perante o STJ, por tratar-se
de matéria constitucional reservada ao Pretório Excelso em sede de
controle de constitucionalidade.
6. A análise de matéria eminentemente constitucional não compete ao
STJ, sob pena de usurpação da competência da Suprema Corte.
Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. 1.542.252/RS, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJe 16.9.2015).
13. Ante o exposto, reconsiderando a decisão de fls. 1.164/1.166,
conhece-se do Agravo do SINDICATO DOS TRABALHADORES
FEDERAIS EM SAÚDE E PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO
CEARÁ SINPRECE, para dar provimento ao Recurso Especial, a fim
de afastar a determinação de observância da proporcionalidade de
proventos no pagamento da GDASS.
8
Ademais, o pagamento da gratificação aos aposentados nada tem a
ver com o tempo em que eles prestaram serviço à Administração. A Lei estipulou
que, como os aposentados e pensionistas não podem ser submetidos à avaliação
de desempenho, receberiam as gratificações de desempenho em foco na
importância fixada em lei e não trouxe qualquer determinação de que a vantagem
sofresse limitação proporcional ao tempo de contribuição do aposentado ou do
instituidor da pensão.
Vê-se claramente que o fato de os proventos de aposentadoria e as
pensões serem entregues segundo a proporção do tempo de contribuição do
aposentado ou do instituidor da pensão não implica o adimplemento da
gratificação de desempenho nessa mesma proporção. Isso porque a gratificação
de desempenho não guarda relação com o tempo de contribuição prestado para
a Administração e tampouco a Lei de regência impõe qualquer restrição desse
tipo aos beneficiados pela vantagem.
Destarte, por não se conformarem os substituídos com a ilegalidade
cometida pela parte ré vêm eles pleitear que seja reconhecido o direito à
percepção das gratificações de desempenho nos seus proventos de
aposentadoria e pensões nos expressos termos da Lei de regência, sem que tais
valores sofram redução correspondente à fração de tempo de contribuição; bem
como que seja condenada a parte ré a comandar o pagamento dos substituídos
nesses moldes, e, por conseguinte lhes pagar as diferenças não sujeitas à
prescrição quinquenal que deixaram de ser adimplidas no momento devido.
9
PROPORCIONAIS A GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO COM O
MESMO PERCENTUAL PERCEBIDO PELOS TITULARES DE
APOSENTADORIA INTEGRAL". (Grifo nosso)
10
sobre a matéria, com a fixação da seguinte tese: "é
devida aos aposentados com proventos proporcionais a
gratificação de desempenho com o mesmo percentual
percebido pelos titulares de aposentadoria integral".
Confira-se a ementa:
Ementa:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
GRATIFICAÇÃO DE ESTÍMULO À DOCÊNCIA (GED). PAGAMENTO
PROPORCIONAL AOS APOSENTADOS COM PROVENTOS
PROPORCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CRITÉRIO
LEGAL. AGRAVO INTERNO DA UNIÃO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
1. O entendimento firmado pela Corte de origem, de que não há
diferenciação entre os beneficiários com proventos integrais e aqueles
com proventos proporcionais para fins de extensão da Gratificação de
Estímulo à Docência - GED, em face da ausência de critério legal a
definir tal discrepância, encontra amparo na jurisprudência deste
11
Superior Tribunal de Justiça. Precedentes: AgInt no REsp.
1.609.787/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe 10.11.2017; REsp.
1.714.383/RS, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 2.8.2018; AgRg no
REsp. 1.542.252/RS, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 16.9.2015;
AgInt no REsp. 1.544.877/RS, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, DJe 22.9.2016.
2. Agravo Interno da UNIÃO a que se nega provimento.
12
integridade e coerência, insculpidos no caput do art. 926 do Código de Processo
Civil.
DOS PEDIDOS:
Em face do exposto, a parte autora requer a Vossa Excelência o
seguinte:
a) A citação da parte ré, no endereço indicado, para contestar a ação;
b) Sejam julgados totalmente procedentes os pedidos formulados
para:
b.1) Declarar o direito ao recebimento da gratificação de desempenho
à parte autora (aposentado ou pensionista que logrou obter aposentadoria ou
pensão proporcional ao tempo de contribuição), sem lhe aplicar a redução
proporcional ao tempo de contribuição, uma vez que a Constituição da República
e a legislação ordinária não autorizam a distinção do pagamento da vantagem em
relação aos parâmetros utilizados para o adimplemento desta para os
aposentados e pensionistas com proventos e pensões integrais.
b.2) Condenar a parte ré na obrigação de fazer composta na
implementação dos valores corretos a título de gratificação de desempenho no
contracheque da parte autora, sem lhes aplicar a redução proporcional ao tempo
de contribuição;
b.3) Condenar a parte ré a pagar à parte autora (aposentado ou
pensionista que logrou obter aposentadoria ou pensão proporcional ao tempo de
contribuição) os atrasados relativos à gratificação de desempenho nos estritos
termos da legislação de regência, sem lhe aplicar a redução proporcional ao
tempo de contribuição, considerando o período de novembro de 2016 até que
o pagamento da vantagem pela parte ré seja feito nos patamares requeridos,
incidindo sobre a soma correção monetária e juros de mora, em importâncias a
serem apuradas em liquidação de sentença.
c) Requer a condenação da parte ré em honorários sucumbenciais a
serem fixados na forma do art. 85 do Código de Processo Civil.
d) Destaque o pagamento dos honorários de sucumbência em favor da
sociedade de advogados Silva, Locks Filho, Palanowski e Goulart Advogados
Associados, CNPJ nº 01.899.778/0001-47 nos termos do contrato anexo.
13
e) Defira a produção de todos os meios de prova em Direito admitidos.
f) Seja condenada a parte ré ao ressarcimento das custas processuais
eventualmente adiantadas pela parte autora.
Informa que não possui interesse na realização de audiência de
conciliação, atendendo o disposto no Código de Processo Civil, art. 334, § 5º.
Pede deferimento.
Dá à causa o valor de R$ 7.324,44.
Florianópolis, 29 de outubro de 2021.
14