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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO
COORDENAÇÃO-GERAL JURÍDICA DE RECURSOS HUMANOS
ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS - BLOCO: K - 9º ANDAR - SALA 928 - CEP: 70040-906 - BRASÍLIA - DF

PA RECER n . 0 0 9 8 2 /2 0 1 8 /SZ D /CGJRH /CON JUR-M P/CGU/A GU

N UP: 0 5 2 1 0 .0 0 5 7 2 0 /2 0 1 8 -4 7
IN TERESSA D OS: Se cr e t a r i a d e Ge st ã o d e Pe sso a s - SGP/M P
A SSUN TOS: Cá l cu l o d a g r a t i f i ca çã o n a t a l i n a e m ca so d e m u d a n ça d e ca r g o s n o d e co r r e r d o
a n o ( v a câ n ci a e p o s se e m o u t r o ca r g o p ú b l i co i n a cu m u l á v e l ) e e x e r cíci o d e su b st i t u i çã o d e
ca r g o e m co m i ssã o / f u n çã o d e d i r e çã o o u ch e f i a .

I. Grat ifi cação nat alina. Cálculo em caso de m udança de cargos no decorrer do ano
(vacância e posse em out ro cargo público inacum ulável) e em caso de exercício de
subst it uição de cargo em com issão / função de direção ou chefia.
II. Ent endim ent o ant erior do órgão cent ral do SIPEC que a base de cálculo da grat ifi cação
nat alina era a rem uneração de dezem bro, sem proporcionalidade com cargos ou com a
subst it uição exercidos durant e de janeiro a novem bro. Pareceres
n . 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU e n. 1269-3.10/2014/TLC/CONJUR/MP-
CGU/AGU que defenderam a proporcionalidade do cálculo da parcela.
III. Propost a da SGP/MP no sent ido do ret orno do ent endim ent o ant eriorm ent e
vigent e. Parecer GM n. 013, de 11 de dezem bro de 2000 (vinculant e) que afi rm a a
subsist ência da relação jurídica ent re servidor e Adm inist ração, em caso de m udança de
cargos em um a m esm a ent idade federat iva. Exercício de subst it uição que caract eriza
"rem uneração de dezem bro" som ent e nos casos em que a subst it uição ocorre em
dezem bro.
IV. Anuência com a propost a da SGP/MP. Decisão do STF que afi rm a o carát er anual da
grat ificação nat alina. Term os expressos do art . 63 da Lei n. 8.112/1990.

1. A Secret aria de Gest ão de Pessoas - SGP/MP, por m eio da Not a Técnica n. 13920/2018-MP
(seq. 1), rem et eu o processo em epígrafe a est a Consult oria Jurídica, quest ionando sobre a possibilidade
de revisão do Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU, que t rat ara do cálculo da
grat ifi cação nat alina nos casos de vacância de cargo público por posse em out ro cargo inacum ulável,
passando o servidor a exercer, de form a sucessiva, dois cargos públicos dist int os inacum uláveis no
decorrer de um m esm o ano.

2. O Parecer n. 00716/2016/LFL/ CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (NUP 10176.000109/2007-73,


seq. 3) fi rm ou o ent endim ent o de que, na aludida sit uação, o servidor deve receber a grat ifi cação
nat alina proporcionalm ent e ao período t rabalhado e à rem uneração respect iva a cada cargo, um a vez
que t al direit o é adquirido m ês a m ês de exercício. O Parecer concluiu, ainda, que o exercício de
subst it uição de ocupant e de cargo em com issão ou função de chefi a deve repercut ir no cálculo da
grat ifi cação nat alina, de form a proporcional, t am bém nos casos em que a subst it uição não t enha
ocorrido no m ês de dezem bro.

3. Na present e oport unidade, a SGP defende a prevalência do ent endim ent o que vigia
ant eriorm ent e ao Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (Not as Técnicas n.
42/2015/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, 68/2015/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP,
609/2009/COGES/DENOP/SRH/MP e 676/2009/COGES/DENOP/SRH/MP), segundo o qual a base de cálculo
da grat ifi cação nat alina é a rem uneração do m ês de dezem bro, nos t erm os do art . 63 da Lei n.
8.112/1990, independent em ent e do recebim ent o de valores dist int os em out ros m eses do ano devido ao
exercício de out ro cargo.

4. É o breve relat ório.

( i ) Pa g a m e n t o d a g r a t i fi ca çã o n a t a l i n a e m ca so d e v a câ n ci a p o r p o s se e m o u t r o
ca r g o p ú b l i co i n a cu m u l á v e l ( m u d a n ça d e ca r g o s n o d e co r r e r d o a n o )

5. Ant eriorm ent e ao Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU, ent endia o órgão


cent ral do SIPEC (Not a Técnica n. 42/2015/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP) que a base de cálculo da
grat ifi cação nat alina deveria consist ir na rem uneração do m ês de dezem bro. Em caso de m udança
de cargo no decorrer do ano (vacância por posse em out ro cargo inacum ulável), a grat ifi cação deveria
ser paga com base na rem uneração de dezem bro, com put ando t odos os m eses t rabalhados no
exercício, inclusive no out ro cargo. Não haveria recebim ent o proporcional à rem uneração de cada um
dos cargos exercidos, m as sim recebim ent o int egral consoant e a rem uneração de dezem bro.

a) a base de cálculo da grat ifi cação nat alina é a rem uneração do m ês de dezem bro,
sit uação que im port a no reconhecim ent o dos valores recebidos nesse m ês para o seu
cálculo;

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 1


b) o servidor que solicit ou vacância por posse em out ro cargo inacum ulável poderá ut ilizar
o t em po de serviço prest ado em out ro cargo público para fi ns de percepção de grat ifi cação
nat alina, desde que não t enha havido int errupção de int erst ício ent re a exoneração e a
nom eação no novo cargo; e
c) independent e do valor e dos cargos que o servidor t iver ocupado no exercício, o órgão
que pagar a rem uneração do m ês de dezem bro, será responsável por pagar int egralm ent e
a grat ifi cação nat alina a que o servidor t iver direit o, com put ando t odos os m eses
t rabalhados no exercício, e não apenas proporcionalm ent e aos m eses em que o servidor
est iver em exercício em det erm inado órgão.

6. Out rossim , o Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/ CGU/ AGU concluiu de form a


diversa, ao analisar sit uação em que servidor público havia m udado, no decorrer de um m esm o
exercício, do cargo de Técnico Judiciário da Just iça Federal para Procurador da Fazenda Nacional
(NUP 10176.000109/2007-73). Para o Parecer, não seria aplicável ao caso o art . 63 da Lei n. 8.112/1990,
m as sim o dispost o no art . 65 da Lei n. 8.112/1990, que det erm ina o pagam ent o proporcional da
grat ifi cação calculado sobre o m ês da exoneração, no caso de servidor exonerado no decorrer do
exercício. Com o result ado, o servidor receberia a grat ifi cação proporcional aos m eses de exercício em
cada um dos cargos, calculada sobre a rem uneração de cada um deles.

19. Ao prever, de m aneira geral, no caput do art igo 63, que a grat ifi cação nat alina
corresponde a 1/12 (um doze avo) da rem uneração a que o servidor fi zer jus no m ês de
dezem bro, por m ês de exercício no respect ivo ano, a Lei nº 8.112/90 im plant ou, em
benefício do servidor que exerceu as suas funções em um m esm o cargo no decorrer do
ano, sist em át ica de pagam ent o que assegura que a m encionada grat ifi cação
cont em ple event uais acréscim os rem unerat órios obt idos at é o m ês de dezem bro, advindos,
por exem plo, de progressões funcionais. Foram disciplinadas, port ant o, as sit uações, t idas
com o ordinárias no serviço público, de ocupação do m esm o cargo durant e t odo o ano.

20. Não pret endeu o legislador, at ravés do art igo 63, da Lei nº 8.112/90, alcançar a
sit uação excepcional de vacância por posse em cargo inacum ulável, at ribuindo ao servidor
que pediu vacância do cargo público que ocupava para exercer suas at ribuições em out ro
cargo inacum ulável o direit o ao recebim ent o da grat ifi cação nat alina de t odo o ano com
base na rem uneração desse novo cargo, apenas em função da sua t it ularização no m ês de
dezem bro. Na referida hipót ese, especial, de vacância por posse em cargo inacum ulável,
m ais coerent e se reput a a incidência do regram ent o previst o no art igo 65 da Lei nº
8.112/90, nos t erm os do qual " o servidor perceberá sua grat ifi cação nat alina,
proporcionalm ent e aos m eses de exercício, calculada sobre a rem uneração do m ês da
exoneração" , int erpret ando-se am pliat ivam ent e o t erm o 'exoneração', de form a a abranger
não apenas a vacância do cargo público decorrent e de exoneração, m as t am bém a
vacância oriunda da posse em out ro cargo inacum ulável com o ant eriorm ent e t it ularizado
pelo servidor.

7. O fundam ent o invocado pelo Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU


residiu na int erpret ação ext ensiva do art . 65 da Lei n. 8.112/1990, que t rat a da sit uação de servidor que
é exonerado do cargo público. De acordo com esse ent endim ent o, a sit uação do servidor que m uda de
cargo durant e o ano se equipara ao do servidor exonerado, de form a que ele deve receber a parcela
proporcionalm ent e em relação ao cargo que deixou e, após, ao cargo que veio a ocupar. A
proporcionalidade t am bém se just ifi caria diant e da aquisição gradual do direit o ao benefício, que
ocorreria m ês a m ês. Assim , seria inaplicável à sit uação em t ela o art . 63 da Lei n. 8.112/1990, que
det erm ina a percepção da grat ificação nat alina com base na rem uneração de dezem bro.

8. No ent ant o, a m eu ver, o ent endim ent o da SGP adot ado inicialm ent e é o m ais consent âneo
com a disciplina legal da grat ifi cação nat alina. Com o bem salient ou a Not a Técnica n. 13920/2018-MP,
nos casos em que o servidor m uda de cargo público, ocorrendo vacância e posse em out ro cargo
t am bém pert encent e à União, subsist e a m esm a relação jurídica ent re ele e a Adm inist ração Pública, nos
t erm os do Parecer GM n. 013, de 11 de dezem bro de 2000 (vinculant e). Com o consequência, os direit os
personalíssim os do servidor perm anecem incorporados ao seu pat rim ônio jurídico, não havendo razões
para se equiparar t al sit uação de fat o com a exoneração de cargo referida no art . 65 da Lei n.
8.112/1990.

4. É consent ânea com o regim e jurídico est at ut ário a que são jungidos os servidores
públicos federais a asserção de que, a part ir da invest idura no cargo, o servidor adquire
direit os, inclusive est ipendiários, e assum e deveres, nos t erm os da lei. Di-lo Hely Lopes
Meirelles: os - direit os do t it ular do cargo rest ringem -se ao seu exercício, às prerrogat ivas
da função e aos vencim ent os e vant agens decorrent es da invest idura, sem que o servidor
t enha propriedade do lugar que ocupa, vist o que o cargo é inapropriável pelo servidor -
(Direit o Adm inist rat ivo Brasileiro, São Paulo: Ed. Malheiros, 20ª ed, 1995, p. 366). A
cont rário senso, o inst it ut o da exoneração encont ra-se regulado com o fi t o de ext inguir o
vínculo jurídico est abelecido ent re a pessoa nom eada e a em pregadora, cessando os
direit os e deveres pert inent es.
5. Aquisição e ext inção de direit os, via de regra, ocorrem t am bém em qualquer caso de
invest idura e vacância de cargo decorrent e da posse em out ro inacum ulável, ainda que as
últ im as envolvam um a só pessoa jurídica de direit o público, com o no caso da União. Os
direit os oriundos do novo provim ent o são previst os na legislação em vigor na dat a da posse
e o com prom isso do Est ado com o t rabalho pret érit o result a de concessões, de ordem

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 2


const it ucional ou consubst anciadas em norm as de hierarquia inferior, com o sói acont ecer
com o t em po de serviço, aproveit ável para os efeit os adm it idos nas norm as vigent es à
época da invest idura.
6. O t it ular de cargo público est adual, do Dist rit o Federal ou m unicipal, na dat a em que é
invest ido no cargo federal, m esm o se concom it ant es a posse e os efeit os da exoneração,
t em cessada a relação jurídica que at é ent ão se est abelecera ent re ele e um a daquelas
ent idades, perecendo os respect ivos direit os e obrigações. Em cont raprest ação, adquire os
direit os e assum e os deveres a que aludem a Const it uição, a Lei n. 8.112, de 1990, e a
legislação ext ravagant e, cont ado-se, para efeit o de aposent adoria, o t em po de serviço ou
de cont ribuição recolhida em vist a da vinculação a Est ado-m em bro, ao Governo do Dist rit o
Federal ou a Município (v. os art s. 40, § 3º , da Cart a, na redação dada pela Em enda
Const it ucional n. 3/93, e 3º , caput e § 3º , da Em enda Const it ucional n. 20/98, conform e o
caso, bem assim o m esm o art . 40, § 9º , com a m odifi cação inserida pela últ im a Em enda).
Possui relevo jurídico a facet a de a exoneração do cargo federal em que o servidor est ava
provido, na dat a da posse no cargo est adual, do Dist rit o Federal ou m unicipal, haver
ext inguido a vinculação jurídica const it uída ent re a União e o candidat o, na oport unidade
em que foi provido no prim eiro, cessando os correspondent es direit os e deveres,
insuscet íveis de rest abelecim ent o com a invest idura a efet uar-se.
7. Já o ca n d i d a t o q u e t e n h a si d o o u se j a o cu p a n t e d e ca r g o , n o â m b i t o d a Un i ã o ,
co m a p o s se e m o u t r o f e d e r a l , a d q u i r i r á d i r e i t o s e co n t r a i r á d e v e r e s , s u p r i m i n d o -
se o s co n ce r n e n t e s a o p r i m e i r o ca r g o , t o d a v i a o t e m p o d e se r v i ço a e st e
co r r e s p o n d e n t e s e r á co n t a d o p a r a t o d o s o s fi n s, e x v i d o a r t . 1 0 0 d a Le i n . 8 . 1 1 2 ,
d e 1 9 9 0 . Esse côm put o de t em po independe da dat a em que se edit a o at o de exoneração
e seus efeit os são ant evist os nas norm as, form adoras do regim e jurídico dos servidores
públicos federais e vigent es na dat a da nova invest idura.
8. A regra geral est rat ifi ca-se no sent ido de que a exoneração suprim e a relação jurídica,
que se est abelece ent re o Est ado e o servidor com a invest idura (est a se verifi ca no at o de
posse), e os correspondent es direit os e deveres.
9. Essa linha de raciocínio guarda sint onia com a t ese desenvolvida no ilust rado
Parecer/MP/CONJUR/NR n. 1181/99, da Consult oria Jurídica do Minist ério do Planejam ent o,
Orçam ent o e Gest ão (fl s. 39 a 44 do Proc. n. 00416.011419/99-91), considerada a
proposição em si.
III
10 . N o e n t a n t o , e ssa s u p r e ssã o n ã o se co n st i t u i e m e f e i t o r íg i d o , dado que revest e-
se de conot ações específi cas a si t u a çã o f u n ci o n a l d e s e r v i d o r d e si n v e st i d o d e ca r g o
e m co n s e q ü ê n ci a d e p o ss e e m o u t r o i n a cu m u l á v e l , a m b o s o s d o i s d e q u a d r o d e
p e ss o a l d e u m a m e sm a p e sso a j u r íd i ca , n o t o c a n t e à p r e se r v a çã o d o v ín cu l o
j u r íd i co e d o s d i r e i t o s p e r so n a l íssi m o s d e q u e o p e ss o a l s e j a d e t e n t o r .
11. Esse t ópico deve ser analisado em vist a t am bém da seguint e preceit uação, ínsit a ao
art . 33 da Lei n. 8.112, de 1990, ipsis lit t eris, porquant o lhe serve de supedâneo:
- Art . 33. A vacância do cargo público decorrerá
de:.................................................................................................................................................
VIII - posse em out ro cargo inacum ulável;
...............................................................................................................................................
-(Dest aque acrescido).
12. O vocábulo -decorrerá - proporciona o ent endim ent o de que, por não serem
cum ulat ivos os cargos, o t ranscrit o disposit ivo im prim e à posse o efeit o de vacância do
cargo ent ão ocupado, caract erizando-se est a com o um a conseqüência aut om át ica daquela.
A nova invest idura é pressupost o do desprovim ent o que se opera. No m om ent o em que o
cargo ocupado vaga com a posse, o servidor já det ém a condição de t it ular daquele objet o
do at o de nom eação. Assim sendo, afi gura-se razoável afi rm ar que, m esm o com o novo
provim ent o, subsist e a relação jurídica ent ão exist ent e, sem elisão advinda da vacância.
13. Tant o persist e o vínculo jurídico que a Cart a Magna e a legislação infraconst it ucional
vedam a acum ulação de cargos e com ina penalidade para a considerada ilícit a (v. os art s.
37, XVI e XVII, da C.F. e 118 e 132, XII, da Lei n. 8.112). Se se ext inguisse sim ult aneam ent e
com a vacância conseqüent e da nova posse, não haveria com o cogit ar-se da m at erialidade
da acum ulação ilícit a de cargos.
14. As norm as regedoras dessa acum ulação indicam a necessidade de o servidor
em possado solicit ar a exoneração do cargo ent ão ocupado, revest indo-se o respect ivo at o
do carát er m eram ent e declarat ório da desinvest idura, ou seja, t em efeit os ret rocessivos à
dat a em que se dá a posse. Im prescindível a iniciat iva do servidor em solicit á-la, a quem
cabe o juízo sobre o t érm ino de sua condição de t it ular do cargo ou a prát ica da acum ulação
proibida.
15. At ent e-se para os prism as de, nesses casos, perm anecer inalt erada a qualidade de
servidor público, após a exoneração, e a posse não afast ar as responsabilidades
adm inist rat iva, civil e penal, por infração disciplinar ant ecessiva e prat icada com o ocupant e
do cargo inacum ulável de quadro de pessoal de um a m esm a pessoa jurídica de direit o
público.
16. O expost o perm it e a ilação de que inexist iria sent ido lógico para a lei est at uir a
supressão do vínculo exist ent e e a const it uição de out ro independent e, considerando-se,
m ais, que, após a posse no cargo insuscet ível de acum ulação e a vacância do ent ão
provido, persist em os m ot ivos det erm inant es da relação jurídica ant eriorm ent e const it uída,
sendo os m esm os que just ificariam a nova, se fosse criada.
17. Essa noção de m ant ença de vinculação funcional defl ui ainda do regram ent o, que se
cit a à guisa de exem plo: a) da est abilidade, dado que adquirida no serviço público (v. o art .

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 3


21 da Lei n. 8.112). Não se caract eriza com o at ribut o do cargo, pois o servidor a m ant ém
quando é invest ido nout ro cargo de quadro de pessoal de um a m esm a pessoa jurídica; b)
da recondução de pessoal est ável , ao cargo de que é exonerado, decorrent e da inabilit ação
em est ágio probat ório ou da reint egração do ant erior ocupant e do cargo ocupado pelo
servidor a ser reconduzido (art s. 20 e 29 da Lei n. 8.112 e 41, § 2º , da C.F.); c) da
reclassifi cação de cargos e de servidores, m ediant e t ransform ação dos prim eiros, com o
det erm inada, exem plifi cat ivam ent e, pelo art . 4º da Lei n. 9.421, de 1996 (criou as carreiras
dos servidores do Poder Judiciário).
18. Ora, se persist em : a) a condição de servidor quando est e é exonerado de um cargo
porque em possado em out ro inacum ulável, am bos de um a m esm a pessoa jurídica; b) suas
responsabilidades; c) a relação jurídica; e d) o am paro do t em po de serviço prest ado, ex vi
legis, não se reput aria coerent e com o senso da razoabilidade o Est ado ent ender
suprim idos, int erpret at ivam ent e, os direit os personalíssim os incorporados ao pat rim ônio
jurídico do servidor (décim os, anuênios, et c.). Not e-se que eles seriam t idos com o
elim inados não obst ant e a Adm inist ração haver inscrit o o servidor no concurso público,
aferido seus conhecim ent os e condições de saúde, físicas e m ent ais, e efet uado a nova
invest idura, provocando prejuízos a quem subm et eu-se aos desgast es próprios de qualquer
processo selet ivo público e galgou novo cargo, cont inuando a prest ar serviços ao Est ado,
em regra, m ais com plexos e de m aior responsabilidade.
19. Esses fundam ent os jurídicos conduzem à cert eza de que a Not a Técnica CAJ/DGA-
AGU/Nº 507/99, da Diret oria-Geral de Adm inist ração dest a Advocacia-Geral (fl s. 46/50),
encerra o m elhor result ado exegét ico, pois dirim e que - o se r v i d o r e x e r ce n t e d e ca r g o
n o Po d e r Ju d i ci á r i o Fe d e r a l q u e , p o r t e r si d o a p r o v a d o e m co n cu r so p ú b l i co n o
â m b i t o d o Po d e r Ex e cu t i v o Fe d e r a l , pleit eia a incorporação das vant agens pessoais por
ele já incorporadas quando do exercício do cargo no out ro Poder da União. Mas frise-se, no
caso sob exam e, necessariam ent e n ã o h o u v e q u e b r a d o v ín cu l o j u r íd i co co m o e n t e
e st a t a l Un i ã o , a t é m e s m o p o r q u e a m b o s o s p o d e r e s, t a n t o o Ex e cu t i v o co m o o
Ju d i ci á r i o , i n t e g r a m a Pe s so a Ju r íd i ca de Direit o Público Int erno -União -, bem assim
são regidos pelo m esm o regim e jurídico único dos servidores civis da União, Aut arquias e
Fundações Públicas Federais, ou seja, a Lei nº 8.112/90. Desse m odo, não rest a dúvida de
q u e o s e r v i d o r q u e m i g r a d o Po d e r Ju d i c i á r i o Fe d e r a l p a r a e x e r cíci o d e o u t r o
ca r g o i n a cu m u l á v e l n o Po d e r Ex e cu t i v o , q u e t a m b é m é Fe d e r a l , p o d e r á t r a ze r
co n s i g o a s v a n t a g e n s p e sso a i s j á i n co r p o r a d a s n o o u t r o Po d e r d a Un i ã o , d e sd e
q u e n ã o t e n h a h a v i d o q u e b r a d e ssa r e l a çã o j u r íd i ca ... -. Im pende observar que o
Parecer GQ - 208, de 16 de dezem bro de 1999, adot ou a Not a n. AGU/WM-46/99, de
1º /12/99, am bos publicados no D.O. de 21/12/99, a qual dilucida que o art . 15 da Lei n.
9.624, de 1998, rest abeleceu a denom inação das parcelas incorporadas aos vencim ent os a
t ít ulo de décim os, inexist indo, port ant o, as aludidas vant agens pessoais, nom inalm ent e
ident ificadas.

9. Dessa form a, é aplicável à sit uação ora t rat ada o art . 63 da Lei n. 8.112/1990, que elege a
rem uneração do m ês de dezem bro com o base de cálculo da grat ifi cação nat alina. Nesse part icular, faz-
se necessário dist inguir a base de cálculo da parcela (rem uneração de dezem bro) do seu fat o gerador,
que é o exercício de cargo público durant e o ano, em dezem bro ou em qualquer out ro m ês, desde que
por fração superior a 15 (quinze) dias. Dessa form a, ainda que o fat o gerador do benefício seja o
exercício do cargo durant e o ano, não há, consoant e as disposições legais aplicáveis, necessária
correlação do seu valor com as rem unerações percebidas durant e esse período, m as sim com
a rem uneração a que o servidor fizer jus em dezem bro.

10. Nesse sent ido, há decisão do Suprem o Tribunal Federal que afi rm a o carát er único da
grat ifi cação nat alina, correspondent e à unidade de t em po " ano" . O julgado foi proferido em at enção à
aquisição do direit o pelos servidores no ano da prom ulgação da Const it uição Federal, que est endeu a
eles a parcela ant es rest rit a às relações t rabalhist as. Considerou-se que a prom ulgação da Cart a
som ent e em out ubro de 1988 não ensejaria a proporcionalidade do benefício, em vist a do seu carát er
único. O vot o expressam ent e dest acou a produção de efeit os da grat ifi cação nat alina com relação ao
ano a que se refere, e não a cada m ês de t rabalho (AgRg n. 176194-7 - RJ, rel. Minist ro Marco Aurélio,
d.j. 12.03.1996).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO - VIOLÊNCIA À CARTA - GRATIFICAÇÃO NATALINA -


SERVIDORES PÚBLICOS. Longe fi ca de im plicar violência aos art igos 5º , § 1º e 39, § 2º da
Const it uição Federal, decisão em que se assent a o direit o dos servidores à grat ifi cação
nat alina, nos t erm os previst os na própria Cart a, em relação a ano em curso. Descabe
confundir aplicação im ediat a da norm a, apanhando sit uações que não se encont rem
devidam ent e const it uídas à luz da ordem jurídico-const it ucional ant erior, com a ret roat iva.

Relat ório
Conform e se depreende da decisão de folhas 61 e 62, m ant ive o provim ent o que im plicara
o t rancam ent o do ext raordinário, afast ando a possibilidade de considerar-se vulnerada a
regra insert a nos art igos 5º , § 1º e 7º , inciso XIII e 39, § 2º , t odos da Cart a Polít ica da
República, ao fundam ent o de que a g r a t i fi ca çã o n a t a l i n a co r r e sp o n d e à u n i d a d e d e
t e m p o a n o , s e n d o q u e o d i r e i t o a ss e g u r a d o a o s se r v i d o r e s p ú b l i co s p e l o s
m e n ci o n a d o s d i sp o si t i v o s t e v e e f i cá ci a i m e d i a t a .
Com a peça de fl s. 64 a 66, insist e-se na proporcionalidade do benefício, porquant o " o
direit o ao décim o-t erceiro se adquire m ês a m ês. A cada m ês se adquire 1/12" (folha 65).
Reafi rm a-se, assim , a alegação de violência aos art igos 5º, § 1º e 39, § 2º , da Const it uição

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 4


Federal. [ ...]

Vot o
[ ...] Transcrevo, assim , as razões que m e levaram a m ant er o t rancam ent o do
ext raordinário:
A g r a t i fi c a çã o n a t a l i n a , d e n o m i n a d a d é ci m o -t e r ce i r o sa l á r i o , é ú n i ca e
co r r e s p o n d e à u n i d a d e d e t e m p o a n o . Pois bem , a Cart a de 1988 apanhou a relat iva ao
ano em que prom ulgada quando ainda não sat isfeit a. Assim , o direit o assegurado aos
t rabalhadores urbanos e rurais e, em face à rem issão do art igo 39, § 2º , nela cont ido, aos
servidores públicos, t eve efi cácia im ediat a, t al com o, aliás, previst o no § 1º do art igo 5º do
Diplom a Maior. Nem se diga que o parágrafo est á rest rit o aos direit os const ant es do elenco
do art igo em que inserido. Sob a ópt ica de direit os e garant ias, a Cart a de 1988 agasalha
t rês grupos, conform e m encionado por José Afonso da Silva em "Curso de Direit o
Const it ucional Posit ivo" - 10ª edição - Malheiros Edit ores Lt da.: os explícit os, os im plícit os e
os decorrent es de t rat ados int ernacionais em que a República Federat iva do Brasil seja
part e. A incidência im ediat a diz respeit o à Lei Básica com o um t odo, sendo pert inent e,
assim , t am bém , no que concerne ao art igo 7º . Em boa hora, o Colegiado de origem evocou
lição do insuplant ável Délio Maranhão: " A p l i ca d a , p o i s , a o c o n t r a t o e m cu r so , se u s
e f e i t o s h ã o d e se p r o d u zi r, co n se q u e n t e m e n t e , e m r e l a çã o a u n i d a d e e m cu r so a
q u e se r e f e r e " (Direit o do Trabalho, 2ª edição, 1971, páginas 179 e 180). Daí a
procedência, com o regist rado no arest o im pugnado m ediant e o ext raordinário, do que
advert ido pela Procuradoria de Just iça: o criat ivo cálculo, part indo-se o ano de 1989 em
dois períodos, " foi engendrado com o form a de se furt ar ao cum prim ent o da ordem m aior".
[ ...]

11. Assim , deve prevalecer o ent endim ent o de que a b ase de cálculo da grat ifi cação nat alina
consist e na rem uneração do m ês de dezem bro. Em caso de m udança de cargo no decorrer do ano
(vacância por posse em out ro cargo inacum ulável), a grat ifi cação deve ser paga com base na
rem uneração de dezem bro, com put ando t odos os m eses t rabalhados no exercício, inclusive no out ro
cargo, sem cálculo proporcional à rem uneração de cada um dos cargos exercidos.

( i i ) Cá l cu l o d a g r a t i fi ca çã o n a t a l i n a e m ca so d e e x e r cíci o d e su b st i t u i çã o d e ca r g o
e m co m i ssã o o u f u n çã o d e ch e f i a /d i r e çã o

12. O órgão cent ral do SIPEC, ant eriorm ent e ao Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-
MP/CGU/AGU, propugnava o ent endim ent o de que o exercício de subst it uição de cargo em com issão ou
função de chefi a som ent e t eria refl exos no cálculo da grat ifi cação nat alina se t al ocorresse no m ês de
dezem bro (Not as n. 609/2009/COGES/DENOP/SRH/MP e 676/2009/COGES/DENOP/ SRH/ MP) . Ao que
parece, o ent endim ent o decorria da orient ação fi rm ada no Ofício-Circular n. 83, de 18 de dezem bro de
2002, que t rat ou do cálculo da grat ifi cação nat alina nos casos de exercício de cargo em com issão (frise-
se que a análise ora realizada será rest rit a aos casos de exercício de subst it uição dos ocupant es de
cargo em com issão, nos t erm os propost os pela Not a Técnica n. 13920/2018-MP, sem adent rar em out ras
sit uações de ocupação de cargo em com issão/ função de chefia).

N o t a n . 6 0 9 /2 0 0 9 /COGES/D EN OP/SRH /M P
6. Quant o ao m érit o, t orna-se im perat ivo inform ar que est a Secret aria de Recursos
Hum anos já se m anifest ou por m eio do Ofício-Circular no 83, de 18 de dezem bro de 2002,
pacifi cando ent endim ent o a ser adot ados pelos dirigent es de Recursos Hum anos que fazem
part e do Sist em a de Pessoal Civil do Governo Federal – SIPEC, na form a colacionada:

“ 3. Grat ifi cação nat alina: A grat ifi cação nat alina, t am bém denom inada 13º (décim o
t erceiro)salário, é um a grat ifi cação salarial paga aos servidores públicos federais,
ut ilizando-se com o base de cálculo a rem uneração referent e ao m ês de dezem bro,
conform e dispõe o art . 63 da Lei nº 8.112, de 1990. Esclareça-se que a expressão “ por m ês
de exercício no respect ivo ano” , ut ilizada no m encionado disposit ivo legal deve ser
ent endida com o sendo o t em po de efet ivo exercício prest ado pelo servidor.
3.1. Dos pagam ent os/indenizações
a) o pagam ent o da grat ifi cação nat alina será efet uado de form a int egral, t om ando-se por
base a rem uneração do m ês de dezem bro, desde que no respect ivo ano t enha havido
efet ivam ent e o exercício em quaisquer cargos e/ou funções públicas;
b) o servidor det ent or de cargo efet ivo nom eado para cargo em com issão no decorrer do
exercício, fará jus ao pagam ent o int egral, no m ês de dezem bro, da grat ifi cação nat alina
calculada com base na rem uneração do m ês de dezem bro;
c) o servidor ocupant e de cargo efet ivo exonerado do cargo em com issão, receberá
indenização de grat ifi cação nat alina proporcionalm ent e aos m eses de exercício, calculada
sobre a rem uneração do m ês em que ocorreu o at o exonerat ório;
d) o servidor ocupant e de cargo efet ivo exonerado de cargo em com issão e nom eado para
out ro de m aior valor rem unerat ório, por exem plo, perceberá indenização de grat ifi cação
nat alina, proporcionalm ent e aos m eses de exercício t om ando por base a rem uneração do
m ês em que ocorreu a exoneração, sem prejuízo do pagam ent o da grat ifi cação nat alina
correspondent e à rem uneração do m ês de dezem bro;
e) o servidor sem vínculo nom eado para cargo em com issão ou equivalent e, fará jus à
grat ifi cação nat alina calculada proporcionalm ent e aos m eses que efet ivam ent e est eve em

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 5


exercício, t om ando-se por base a rem uneração do m ês de dezem bro;
f) servidor sem vínculo exonerado de cargo em com issão ou equivalent e, perceberá
indenização de grat ifi cação nat alina proporcionalm ent e aos m eses de exercício, calculada
sobre a rem uneração do m ês em que ocorreu o at o exonerat ório.”

7 . Co n cl u i -se p e l a s o r i e n t a çõ e s r e t r o m e n c i o n a d a s , q u e a b a s e d e cá l cu l o d a
g r a t i fi ca çã o e m co m e n t o é a r e m u n e r a çã o d o m ê s d e d e ze m b r o , s i t u a çã o q u e
i m p o r t a n o r e co n h e ci m e n t o d o s v a l o r e s r e ce b i d o s n e sse m ê s p a r a o se u cá l cu l o ,
desde que os at os legais que inst it uíram as vant agens pecuniárias percebidas pelo servidor
não apresent em vedações em cont rário.

N o t a n . 6 7 6 /2 0 0 9 /COGES/D EN OP/SRH /M P
2. Esclarecem os que a g r a t i fi ca çã o n a t a l i n a é a d é ci m a t e r ce i r a r e m u n e r a ç ã o q u e
o se r v i d o r f a z j u s a o fi n a l d e ca d a a n o , t e n d o co m o b a se d e c á l cu l o , a
r e m u n e r a çã o p a g a a o se r v i d o r n o m ê s d e d e ze m b r o d e ca d a e x e r cíci o .
3. Acrescent e-se ainda, que se o servidor est eve no exercício da subst it uição do cargo em
com issão no m ês de dezem bro, a ele caberá o pagam ent o da grat ifi cação nat alina no valor
de sua rem uneração recebida em dezem bro daquele exercício, proporcional ao período de
efet iva subst it uição, no referido m ês. Esse ent endim ent o est á em consonância com o que
est abelece o art . 63 da Lei nº 8.112, de 1990.

13. Todavia, ent endeu o Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU pela


necessidade de revisão desse ent endim ent o, da m esm a form a que concluiu pelo cálculo proporcional da
grat ifi cação nat alina em caso de subst it uição exercida em qualquer out ro m ês do ano. Segundo o
Parecer, os valores recebidos pelo servidor pela subst it uição ocorrida durant e o ano deveriam repercut ir
no cálculo da grat ificação nat alina, em vist a do fat o de que esse direit o se adquire m ês a m ês.

26. Corrobora-se, adem ais, a discordância expost a no Parecer PGFN/CJU/COJPN nº


278/2016 com relação à posição do órgão cent ral do SIPEC de que " os valores percebidos a
t ít ulo de subst it uição dos ocupant es de cargo em com issão ou função de direção ou chefi a
som ent e podem servir para base de cálculo da grat ifi cação nat alina, desde que a
subst it uição t enha ocorrido no m ês de dezem bro" .

2 7 . Tendo-se em vist a que o direit o à grat ifi cação nat alina se adquire m ês a m ês, o
servidor que exerça a subst it uição durant e o ano faz jus à cont agem de dois períodos
dist int os, no exercício da subst it uição e fora dele, t endo direit o ao pagam ent o proporcional
de cada um deles com base na respect iva rem uneração recebida. Assim , ainda que a
subst it uição não t enha ocorrido no m ês de dezem bro, os valores percebidos a t ít ulo de
subst it uição devem ser com put ados no cálculo do décim o t erceiro salário
proporcionalm ent e aos m eses durant e os quais o subst it ut o recebeu a ret ribuição pelo
exercício do cargo em com issão ou função de direção ou chefia.

14. Observa-se que esse ent endim ent o já havia sido defendido por est a Consult oria Jurídica por
m eio do Parecer n. 1269-3.10/2014/TLC/CONJUR/MP-CGU/AGU (anexo).

b) Caso posit ivo, o ent endim ent o supra poderá ser aplicado nos casos de subst it uição?
Caso negat ivo, qual o ent endim ent o acert ado na hipót ese de subst it uição?

9. De acordo com que dispõe o art . 38, parágrafo 1º da Lei n. 8.112/90, o " subst it ut o
assum irá e cum ulat ivam ent e, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou
função de direção ou chefi a e os de Nat ureza Especial, nos afast am ent os, im pedim ent os
legais ou regulam ent ares do t it ular e na vacância do cargo, hipót eses em que deverá opt ar
pela rem uneração de um deles durant e o respect ivo período" .

10. Assim , ent ende-se que o m esm o raciocínio declinado no it em ant erior deve ser aplicado
aos casos de subst it uição, calculando-se a grat ifi cação nat alina de form a proporcional aos
m eses de efet ivo exercício em que se deram a subst it uição, haja vist a que o valor da
grat ifi cação nat alina deve refl et ir o padrão rem unerat ório percebido pelo servidor durant e
o ano.

11. De acordo com a SEGEP/MP, a ext int a SRH, por int erm édio da Not a Técnica n.
609/2009/COGES/DENOP/SRH/MP, de 26 de novem bro de 2009, " m anifest ou-se no sent ido
de que os valores percebidos a t ít ulo de subst it uição dos ocupant es de cargo em com issão
ou função de direção ou chefi a som ent e podem ser vir para base de cálculo da grat ifi cação
nat alina, desde que a subst it uição t enha ocorrido no m ês de dezem bro" .

12. A int erpret ação, cont udo, além de não se m ost rar razoável, viola o princípio da
isonom ia, um a vez que garant e t rat am ent o rem unerat ório desigual a sit uações de t rabalho
idênt icas, sendo ilógico conferir o pagam ent o da grat ifi cação apenas aos servidores que
exerceram a subst it uição no m ês de dezem bro.

15. A m eu ver, o ent endim ent o dos Pareceres n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU


e n. 1269-3.10/2014/TLC/ CONJUR/MP-CGU/AGU não est ão de acordo com a ordem jurídica vigent e. Com o

Parecer nº 00982/2018/SZD/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU (6821060) SEI 05210.007609/2018-95 / pg. 6


afi rm ado acim a, a grat ifi cação nat alina deve ser calculada com base na rem uneração de dezem bro,
razão pela qual não é possível a sua proporcionalidade com relação à rem uneração recebida durant e o
ano. Out rossim , conform e o AgRg n. 176194-7 (t ranscrit o no it em 10 acim a), o STF rechaçou a t ese de
que esse direit o se adquire m ês a m ês, afi rm ando que a grat ifi cação nat alina refere-se à unidade de
t em po " ano" , não sendo o caso, port ant o, de proporcionalizar o seu cálculo com relação à rem uneração
de cada m ês.

16. Dessa m aneira, deve prevalecer o ent endim ent o de que o exercício de subst it uição de
cargo em com issão/ função de chefi a ou direção som ent e repercut e na grat ifi cação nat alina se ele
houver ocorrido no m ês de dezem bro, um a vez que a parcela considera com o base de cálculo som ent e a
rem uneração a que o servidor fizer jus nesse m ês.

( i i i ) Co n cl u sã o

17. Ant e o expost o, est a Consult oria Jurídica m anifest a concordância com a Not a Técnica n.
13920/2018-MP, para fi rm ar o ent endim ent o de que a base de cálculo da grat ifi cação nat alina consist e
na rem uneração a que o servidor fizer jus no m ês de dezem bro, de m aneira que:
(i) em caso de m udança de cargo no decorrer do ano (vacância por posse em out ro cargo
inacum ulável), a grat ifi cação deve ser paga com base na rem uneração de dezem bro, com put ando t odos
os m eses t rabalhados no exercício, inclusive no out ro cargo, sem cálculo proporcional à rem uneração de
cada um dos cargos exercidos; e
(ii) o exercício de subst it uição de cargo em com issão/ função de chefi a ou direção som ent e
repercut e no valor da grat ificação nat alina se ele houver ocorrido no m ês de dezem bro.

18. Propõe-se, assim , a revisão do Parecer n. 00716/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-


MP/CGU/AGU (NUP 10176.000109/2007-73, seq. 3) e do Parecer n. 1269-3.10/2014/TLC/ CONJUR/MP-
CGU/AGU (anexo), esse últ im o, especifi cam ent e na part e que t rat ou do cálculo da grat ifi cação nat alina
nos casos de subst it uição.

19. Recom enda-se o envio dest e Parecer à SGP/MP, em respost a à Not a Técnica n. 13920/2018-
MP.

À consideração superior.
Brasília, 14 de agost o de 2018.

SHARON ZIMMERMANN DAVIES


ADVOGADA DA UNIÃO

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N UP: 0 5 2 1 0 .0 0 5 7 2 0 /2 0 1 8 -4 7
IN TERESSA D OS: Se cr e t a r i a d e Ge st ã o d e Pe sso a s - SGP/M P
A SSUN TOS: Cá l cu l o d a g r a t i f i ca çã o n a t a l i n a e m ca so d e m u d a n ça d e ca r g o s n o d e co r r e r d o
a n o ( v a câ n ci a e p o s se e m o u t r o ca r g o p ú b l i co i n a cu m u l á v e l ) e e x e r cíci o d e su b st i t u i çã o d e
ca r g o e m co m i ssã o / f u n çã o d e d i r e çã o o u ch e f i a .

1. D e a co r d o com o PA RECER n . 0 0 9 8 2 /2 0 1 8 /SZ D /CGJRH /CON JUR-M P/CGU/A GU.

2. Encam inhe-se à aprovação superior.

Brasília, 16 de agost o de 2018.

JULIANA CORBACHO NEVES DOS SANTOS


ADVOGADA DA UNIÃO
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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
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GABINETE DA CONJUR/MP
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D ESPA CH O D E A PROV A ÇÃ O n . 0 2 7 2 9 /2 0 1 8 /CON JUR-M P/CGU/A GU

N UP: 0 5 2 1 0 .0 0 5 7 2 0 /2 0 1 8 -4 7
IN TERESSA D OS: M IN ISTÉRIO D O PLA N EJA M EN TO, D ESEN V OLV IM EN TO E GESTÃ O
A SSUN TOS: GRA TIFICA ÇÃ O

I. Aprovo a m anifest ação.

II. Encam inhe-se conform e sugerido.

Brasília, 16 de agost o de 2018.

VÂNIA LÚCIA RIBEIRO VIEIRA


CONSULTORA JURÍDICA

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