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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO

PROCESSO nº 0000469-86.2021.5.10.0008 ROT - ACÓRDÃO 3ª TURMA/2022

RELATOR: DESEMBARGADOR PEDRO LUÍS VICENTIN FOLTRAN

RECORRENTE: SINDICATO DOS EMPR DE EMPR DE ASSEIO, CONSERVACAO, TRAB


TEMPORÁRIO, PREST SERVIÇOS E SERV TERCEIRIZAVEIS DO DF-SINDISERVIÇOS/DF
ADVOGADO: JOMAR ALVES MORENO
ADVOGADA: VERÔNICA MENDES DO NASCIMENTO
ADVOGADA: WANDA MIRANDA SILVA
ADVOGADO: JONAS DUARTE JOSÉ DA SILVA
ADVOGADO: FARLE CARVALHO DE ARAÚJO
ADVOGADO: HILTON BORGES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: JUSCELINO DA SILVA COSTA JUNIOR
ADVOGADA: POLYANA DA SILVA SOUZA

RECORRIDO: G.S.I - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS LTDA


ADVOGADO: UBIRAJARA MENEZES DA SILVEIRA

EMENTA

"TAXA ODONTOLÓGICA. 'Devido o pagamento da taxa odontológica,


a ser calculado de acordo com o número de empregados da empresa
(...). Isto porque a norma coletiva que institui a taxa odontológica
obriga as empresas ao seu pagamento, sem desconto da
remuneração do trabalhador. Não é o caso, portanto, de aplicação da
OJ 17 da SDC, do C. TST que se restringe, apenas, àquelas
contribuições que oneram o empregado, sem que ele seja
sindicalizado. Deixa-se de reformar a r. sentença, contudo, neste
ponto, em virtude da vedação da reforma em prejuízo da Recorrente'
(Desembargador José Leone Cordeiro Leite)." (TRT10. ROT
0000587-23.2021.5.10.0021. 3ª TURMA. Redator: RICARDO
ALENCAR MACHADO. Data de Julgamento: 09/03/2022. Data de
publicação: 12/03/2022)

SINDICATO. INCAPACIDADE ECONÔMICA NÃO DEMONSTRADA.


JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO. A justiça gratuita somente é
concedida à pessoa jurídica que comprove, de maneira inequívoca, a
insuficiência econômica (Súmula n.º 463, II, do colendo TST). Não
demonstrada a hipossuficiência financeira do sindicato, resta inviável o
deferimento da assistência judiciária gratuita.

RELATÓRIO

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O Exmo. Juiz Marcos Alberto Reis, atuando na 8ª Vara do Trabalho de


Brasília/DF, por meio da sentença às fls. 394/400, complementada às fls. 409/410, julgou
improcedentes os pedidos formulados na presente ação.

O sindicato recorreu às fls. 413/435.

Contrarrazões apresentadas às fls. 443/459.

O MPT, por meio do parecer (fls. 462/457) de lavra do Procurador


Sebastião Vieira Caixeta, opinou pelo conhecimento e provimento do recurso interposto pelo
Sindiserviços/DF.

É o relatório.

VOTO

ADMISSIBILIDADE

Presentes os requisitos subjetivos e objetivos de admissibilidade,


conheço do recurso do Sindiserviços/DF.

RECURSO DO SINDICATO

Preliminar. Princípio da lealdade nas negociações coletivas. Validade

Suscita o sindicato recorrente a presente preliminar, argumentando


que, nos termos do art. 7º, XXVI, da CF/88, a norma Coletiva, por ser Lei entre as partes, tem
ampla e total validade e, por consequência, tem que ser integralmente cumprida. Logo, descabe
ao empregador rogar-se no direito de dizer se uma CCT é correta ou não.

A discussão desta matéria será apreciada no mérito recursal, em


razão disso, rejeito a presente preliminar.

Taxa odontológica

O magistrado sentenciante indeferiu os pedidos formulados pelo


sindicato autor, adotando os seguintes fundamentos:

"O autor pede o pagamento da taxa odontológica de R$ 10,63, por cada um dos 41
empregados contratados pela reclamada para prestarem serviço no Banco Central
do Brasil, Eletronorte, CGU, SEAGRI e FIOCRUZ, independentemente de serem ou
não sindicalizados, e sem custo para os trabalhadores, para custeio da assistência
odontológica administrada pelo sindicato profissional, conforme previsto na cláusula
17ª da CCT, que assim dispõe:

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"CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA

Fica convencionado que, as empresas pagarão mensalmente ao Sindicato Laboral,


o valor de R$ 10,63 (dez reais e sessenta e três centavos) por empregado efetivado
e diretamente ativado na execução dos seus contratos de prestação de serviços,
públicos ou privados, limitado ao quantitativo de trabalhadores contratados pelos
tomadores dos serviços. Valor esse a ser pago até o 20º (vigésimo) dia do mês
subsequente, sem ônus para o empregado, para fins de custeio de auxílio
odontológico para todos os trabalhadores.

Parágrafo Primeiro -O SINDISERVIÇOS/DF contratará, operadora especializada em


Plano Odontológico com capacidade e eficiência de atendimento a todos os
trabalhadores abrangidos por esta Convenção Coletiva dentro do Distrito Federal.

Parágrafo Segundo - A empresa que não recolher ou repassar o auxílio


odontológico, cometerá o crime de apropriação indébita e ficará o Sindicato Laboral
autorizado a mover ação Judicial pertinente, observado o disposto na cláusula da
Tentativa Prévia de Resolução Extrajudicial, prevista nesta Convenção Coletiva de
Trabalho.

Parágrafo Terceiro - Tendo em vista que o interesse coletivo suplanta o individual,


mesmo que as empresas possuam plano odontológico, o valor estipulado nesta
cláusula é devido.

Parágrafo Quarto - Para dar plena efetividade no cumprimento integral do


atendimento odontológico, o SINDISERVIÇOS/DF poderá estabelecer regras e
procedimentos administrativos.

Parágrafo Quinto - É de única e exclusiva responsabilidade do sindicato laboral a


escolha, contratação e administração, cabendo a este estabelecer os critérios e
condições da prestação de serviços abrangidos pela Assistência Odontológica, bem
como será de competência exclusiva do Sindicato Laboral, tratar de todos os
assuntos envolvendo o plano, seus benefícios e beneficiários.

Parágrafo Sexto - Cessando ou não havendo repasse ao Sindicato Laboral, do valor


convencionado para o auxílio odontológico, as assistências e /ou atendimentos
serão suspensos de imediato, ficando o SINDISERVIÇOS/DF isento de qualquer
responsabilidade, presente ou futura.

Parágrafo Sétimo -Será contratada operadora especializada em plano odontológico,


devidamente registrada na ANS" - DESTACADO A reclamada, em sua defesa,
suscita a inconstitucionalidade da cláusula convencional, argumentando que prevê
contribuição de empresa para subsidiar sindicato dos empregados.

Assiste razão à reclamada.

Não cabe à empresa financiar a atividade do sindicato dos empregados, diante do


evidente antagonismo de interesses, e da necessidade de se garantir a
independência e isenção da atuação do sindicato obreiro. Poderia colocar em risco a
liberdade de atuação ou desestimular o papel de contraposição.

Na verdade, o sindicato somente detém a prerrogativa de instituir e impor


contribuições sobre os participantes das categorias econômicas ou profissionais que
representam, a teor do disposto no art. 513, alínea "e", da CLT.

O art. 8º, inciso IV, da CF/88 também preceitua que os sindicatos somente podem
fixar contribuições para custeio de suas atividades sobre as categorias econômica e
profissional que representam.

Por força desses dispositivos, é nula a cláusula 17ª da CCT, que impõe sobre a
empresa o custeio da assistência odontológica a ser prestada pelo sindicato obreiro.

O colendo TST tem se posicionado nesse sentido, conforme atestam os seguintes


precedentes:

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"RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO COLETIVA. TAXA DE CONTRIBUIÇÃO


DO EMPREGADOR ESTIPULADA EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL.
IMPOSSIBILIDADE. As contribuições para a manutenção das entidades sindicais
revestem-se de natureza tributária e, como tal, somente podem ser instituídas por
pessoa política e mediante lei, nos termos do artigo 150, I, da Lei Maior. Em outro
passo, segundo o disposto no artigo 611 da CLT, o objeto das convenções coletivas
restringe-se às condições de trabalho aplicáveis às relações individuais de trabalho.

Ademais, o financiamento da atividade do sindicato profissional pelas empresas


coloca em risco a liberdade na condução dos avanços econômicos e sociais dos
trabalhadores, porque se revela em conduta anti-sindical, uma vez que tende a
desestimular o papel de contraposição ao sindicato da categoria econômica. Assim,
sob pena de tornar letra morta o disposto no artigo 8º, III, da Lei Maior, reputa-se
nula a cláusula de convenção coletiva em que se estipula o pagamento de recursos
por empresas em favor do . Conhecido e provido" (RR-41500-58.2005.5.15.0089,
sindicato profissional 5ª Turma, Relator Ministro Emmanoel Pereira, DEJT
06/08/2010).

"RECURSO DE REVISTA. 1. DECISÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO DE


REVISTA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. RECURSO ADMITIDO
PARCIALMENTE. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA POR MEIO DE INTERPOSIÇÃO
DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRECLUSÃO. Nos termos da nova sistemática
processual estabelecida por esta Corte Superior, tendo em vista o cancelamento da
Súmula nº 285 do TST e a edição da Instrução Normativa nº 40 deste Tribunal, que
dispõe sobre o cabimento de agravo de instrumento para a hipótese de
admissibilidade parcial de recurso de revista no Tribunal Regional do Trabalho e dá
outras providências, era ônus do recorrente impugnar, mediante a interposição de
agravo de instrumento, o tema constante do recurso de revista que não foi admitido,
sob pena de preclusão. Por conseguinte, não tendo sido interposto agravo de
instrumento pelo autor em relação ao tema não admitido pela Presidência do
Tribunal Regional (coisa julgada), o exame do recurso de revista limitar-se-á à
questão admitida (contribuição do empregador em favor do sindicato profissional -
custeio de assistência médica e fundo de formação profissional), tendo em vista a
configuração do instituto da preclusão. 2.

CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR EM FAVOR DO SINDICATO


PROFISSIONAL. CUSTEIO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E FUNDO DE
FORMAÇÃO PROFISSIONAL. O Tribunal de origem concluiu pela nulidade das
cláusulas coletivas que instituíram a contribuição pelo empregador ao custeio dos
benefícios de assistência médica e fundo de formação profissional por entender que
"as referidas cláusulas convencionais ultrapassam o poder negocial dos entes
sindicais, pois impõem ao empregador - terceiro - o dever de pagar uma contribuição
em favor de ente sindical que não é o da sua categoria, em infração ao art. 7º, XXVI,
da CRFB de 1988". Com efeito, segundo entendimento desta Corte, reputa-se
inválida a cláusula que institui contribuição por parte do empregador em favor do
sindicato profissional, na medida em que a submissão do ente representante dos
trabalhadores ao custeio de suas atividades com verba oriunda da categoria
econômica implicaria verdadeiro engessamento da garantia constitucional da .
Precedentes. Recurso de revista liberdade e da autonomia sindical não conhecido"
(RR-1363-14.2015.5.09.0004, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa,
DEJT 28/05/2021).

Nesse cenário, acolho a arguição formulada pela ré para declarar a nulidade da


cláusula 17ª da CCT, por violação dos art. 513, alínea "e", da CLT e art. 8º, inciso IV,
da CF/1988.

Por conseguinte, julgo improcedentes os pedidos formulados." (fls. 396/399)

O sindicato autor assevera que a taxa odontológica é um encargo que


recai integral e exclusivamente à empresa recorrida, sem nenhum ônus ao empregado, logo, não

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devendo ser confundida com a contribuição assistencial que incidia sobre o trabalhador.

Aduz que, mesmo na hipótese da empresa já possuir plano


odontológico, o parágrafo terceiro da Cláusula 17ª da CCT estabelece que a importância
estipulada é devida.

Pois bem.

Ao enfrentar a mesma questão em debate, esta Egr. 3ª Turma firmou


entendimento pela licitude da aludida cláusula convencional, consoante é possível observa do
precedente adotado no ROT nº 0000587-23.2021.5.10.0021, da Relatoria do Exmo.
Desembargador RICARDO ALENCAR MACHADO, julgado em 09/03/2022, cujos fundamentos
adoto como razões de decidir:

"Resulta incontroverso o seguinte cenário: os sindicatos obreiro e


patronal entabularam CCT, em cujo bojo fizeram inserir a cláusula 17ª transcrita no corpo da
sentença, versando sobre a assistência odontológica, a ser prestada sob a forma de taxa. Diante
da inadimplência da WORKS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS EIRELI - fato admitido pela empresa
como incontroverso, a partir de junho de 2020 - o SINDISERVIÇOS/DF ajuizou a presente ação de
cobrança/de natureza indenizatória, tomando por lesionado o direito à assistência odontológica de
316 os trabalhadores terceirizados, prestadores de serviços em prol do DNIT no período pretérito
mencionado.

Diante de tal cenário, em que pese a leitura dos judiciosos


fundamentos esposados pelo magistrado de primeiro grau, a sentença está a merecer reparos, a
fim de adequar-se ao entendimento há muito sedimentado no âmbito deste Regional, valendo
transcrever ementas de julgados a título exemplificativo:

"TAXA ODONTOLÓGICA. MULTA. Devido o pagamento da taxa odontológica, a ser


calculado de acordo com o número de empregados da empresa, com o pagamento
da multa respectiva por descumprimento. Isto porque a norma coletiva que institui a
taxa odontológica obriga as empresas ao seu pagamento, sem desconto da
remuneração do trabalhador. Não é o caso, portanto, de aplicação da OJ 17 da
SDC, do C. TST que se restringe, apenas, àquelas contribuições que oneram o
empregado, sem que ele seja sindicalizado. Deixa-se de reformar a r. sentença,
contudo, neste ponto, em virtude da vedação da reforma em prejuízo da
Recorrente." (TRT-10 RO 0001641-85.2015.5.10.0004, Rel. Des. José Leone
Cordeiro Leite, DEJT 27/1/2017).

"AÇÃO DE CUMPRIMENTO. CLÁUSULA QUE INSTITUI TAXA ÀS EMPRESAS


PARA CUSTEIO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA PRESTADA
PELO SINDICATO LABORAL. VALIDADE. O art. 2º, da Convenção 98 da OIT, veda
os atos de ingerência dos empregadores sobre as organizações de trabalhadores,
com o fito de controle e dominação destes últimos. Todavia, a taxa de serviço de

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assistência para ampliação do serviço médico odontológico não possui, por si só,
aptidão para colocar a organização obreira sobre o controle patronal. Trata-se, em
verdade, de estipulação que possui duas implicações positivas aos empregados. Por
certo, ao mesmo tempo que induz os empregadores a evitar o labor aos domingos e
feriados, garante benefícios aos trabalhadores. Outrossim, a cláusula vem sendo
livremente acordada entre os entes sindicais obreiro e patronal desde 2002, sendo
plenamente válida, à luz do art. 7º, XXVI, da CF. Recurso ordinário do sindicato-autor
conhecido e provido." (TRT10 - RO 0001503-35.2017.5.10.0009, 1ª Turma, Rel.
Des. GRIJALBO FERNANDES COUTINHO, DEJT de 22/11/2018)

"TAXA DE ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA. Hipótese em que as CCT's vigentes


no período vindicado, cuja entidade patronal firmatária tem legitimidade para
representar a ré, preveem a obrigação relativa ao recolhimento da Taxa
Odontológica por empregado contratado, sendo irrelevante, assim, para fins de
aplicação do disposto no instrumento coletivo, a condição de sindicalizado ou não do
trabalhador, não cabendo ao intérprete fazer restrição não existente na norma
negociada." (TRT-10 - RO: 0001401-28.2017.5.10.0004, Rel. Des. Mário Caron, 2ª
Turma, DEJT 12/06/2019)

"TAXA ODONTOLÓGICA. BASE DE CÁLCULO. TOTAL DE EMPREGADOS DA


EMPRESA. Em respeito ao convencionado livremente pelas partes, a taxa
odontológica é devida levando-se em conta o número de empregados contratados,
ainda que não filiados ao sindicato representativo da categoria profissional." (TRT-10
- RO: 0001168-28.2017.5.10.0005, Rel. Juiz Convoc. Paulo Henrique Blair, 3ª
Turma, DEJT 07/06/2019)

"CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. TAXA DE SERVIÇO. ASSISTÊNCIA


MÉDICA E ODONTOLÓGICA PRESTADA PELO SINDICATO.
DESCUMPRIMENTO. EFEITOS. 1. Convenção coletiva que estabelece taxa de
serviço de assistência, para ampliação do serviço médico e odontológico prestado
pelo sindicato profissional aos empregados da empresa representada pelo sindicato
da categoria econômica.2. Evidenciado pelo laudo contábil que os demandados não
realizaram o pagamento da referida taxa, nos moldes concebidos, é devida a sua
integralização." (TRT10 - RO 0000595-10.2015.5.10.0021, Rel. Des. João Amilcar,
2ª Turma, DEJT 18/2/2021).

Do aresto mais recente, colhido do repertório deste Regional,


transcrevo excertos dos fundamentos como razão de decidir:

"No caso concreto, a parcela em lide, dada a sua natureza, é


enquadrada no conceito de contribuição assistencial, sendo ela criada por meio de norma coletiva
de trabalho. Logo, tem previsão no artigo 513, alínea e, da CLT, que assegura aos sindicatos o
direito de impor contribuições a todos os integrantes da categoria representada.

Aos sindicatos incumbem várias obrigações ( CLT, art. 514), e apenas


por meio da expressão de sua vontade podem aquilatar as suas necessidades, assim como
estabelecer as formas possíveis de atuar. O conceito de organização sindical, no color de sua
amplitude, vem disciplinado nos arts. 511 e seguintes, da CLT, aflorando a evidência da fonte de
custeio, em ordem a viabilizar o seu funcionamento, estar alcançada por aquele. E ao vedar a
interferência do poder público em tal esfera, obviamente a restrição alcança a matéria em exame -
o art. 8º, caput, da Constituição federal, longe de retirar o suporte jurídico da pretensão deduzida,

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o reforça expressamente.

A autorização cogitada pelo art. 545, da CLT, emerge serena, e pela


forma mais transparente e segura que há - aquela obtida pelo pronunciamento da assembleia
geral da categoria profissional. O direito de oposição ali consagrado também cumpre a finalidade
da lei, apenas a contrario sensu. Dentro desse contexto, a higidez da cobrança da taxa
assistencial pressupõe a filiação da empresa ao sindicato da categoria econômica. Afirmado tal
contexto, na petição inicial, e inexistindo contestação, há de ser reconhecido o requisito.

Assim, diante da incontrovérsia da condição de filiadas das


reclamadas, é possível a cobrança das contribuições assistenciais objeto da ação, naturalmente
observados os limites impostos pela própria fonte do direito. Em outros termos, os beneficiários
dos serviços odontológicos são exclusivamente os filiados ao sindicato, mas a base de cálculo da
referida contribuição deverá observar outro critério, recaindo a obrigação patronal sobre todos os
empregados da empresa que trabalharam (...), pois esta foi a expressão da vontade soberana das
categorias envolvidas, valendo reiterar que as empresas são filiadas ao sindicato da econômica.

A linha traçada pela defesa permite antever o descumprimento dessa


obrigação pelos empregadores, que não realizavam o pagamento da taxa de serviço nos moldes
fixados pelas sucessivas normas coletivas - até porque eles discutem o seu teor e alcance, além
de centrar o ataque à condição necessária de sindicalizados dos empregados beneficiários do
serviço odontológico. Mas, como visto, essa questão é periférica, porque a obrigação é afeta ao
empregador.

(...)

Fixadas tais balizas, a conclusão de possível alcance é que a r.


sentença está a comportar reparos. Como gizado pelo sindicato e bem delimitado no pedido da
inicial, para o cumprimento da obrigação convencional, descabe falar em desconto, mas sim de
efetivo pagamento pela empresa à entidade dos valores correspondentes a taxa assistencial para
ampliação do serviço médico e odontológico.

Acolho, assim, as ponderações do autor para condenar os


reclamados, solidariamente, ao pagamento das taxas em debate no período postulado, conforme
as normas coletivas colacionadas, observada a prescrição e as planilhas contábeis.

Para os fins de direito, consigno não divisar a violação dos arts. 5º e 8º

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da CF, ou o confronto com a Súmula 66 do STF, Precedente Normativo nº 119 e Orientação


Jurisprudencial nº 17 da SDC do TST."

Recurso ordinário sindical, pois, provido para condenar a empresa


reclamada ao pagamento de indenização correspondente à taxa odontológica, nos limites do
pedido de letra "a" da inicial (fls. 6).

Dessa maneira, dou provimento ao recurso para condenar a empresa


ré ao pagamento da taxa odontológica, nos termos e limites da inicial.

Sucumbente a parte ré/recorrida, inverto o ônus da sucumbência e


condeno-a ao pagamento de custas, no importe de R$ 500,00, calculadas sobre R$ 25.000,00,
valor ora arbitrado à condenação, bem como de honorários advocatícios que fixo em 10% sobre o
valor da condenação a ser apurada em regular liquidação de sentença, considerando o nível não
elevado de complexidade da demanda.

Gratuidade de Justiça. Sindicato

O Juízo a quo, indeferiu o pedido de concessão dos benefícios da


justiça gratuita em favor do sindicato demandante, sob o fundamento da ausência de comprovação
da hipossuficiência jurídica.

O sindicato, irresignado, interpôs recurso ordinário sob a alegação de


que não exerce nenhuma atividade econômica ou comercial, nem tampouco lucrativa, aduz que
todos os trabalhadores substituídos são serventes que percebem o piso da categoria (R$
1.287,97) e que a entidade sindical é uma entidade vinculada indiretamente ao Estado e que
auxilia no exercício de fiscalização das relações trabalhistas.

Requer, assim, o provimento do recurso para que seja deferida a


benesse da justiça gratuita.

Pois bem.

A jurisprudência trabalhista, com esteio no art. 5º, LXXIV, da


Constituição Federal, se firmou no sentido de ser possível o reconhecimento dos benefícios da
gratuidade de justiça às pessoas jurídicas.

Sobre o tema, a Súmula n.º 463, II, do C. TST, dispõe que "No caso de

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pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de


impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo".

Ademais, a gratuidade pode ser requerida em qualquer tempo ou grau


de jurisdição, desde que, na fase recursal, o requerimento seja formulado no prazo alusivo ao
recurso (OJ 269 da SDI-I do TST).

Todavia, no caso em análise, o demandante/recorrente não


apresentou provas contundentes que demonstrem a incapacidade econômica que impossibilita o
dispêndio com as despesas processuais, providência imprescindível para a concessão do
benefício.

Assim, indefiro o pedido de gratuidade da justiça postulada no recurso.

Nesse sentido, recente julgado do Colendo TST, verbis:

"(...) 3. JUSTIÇA GRATUITA. SINDICATO. PESSOA JURÍDICA.


IMPOSSIBILIDADE FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. O entendimento desta
Corte é o de que o benefício da justiça gratuita pode ser concedido à pessoa
jurídica desde que seja comprovada, de maneira inequívoca, sua insuficiência
econômica, conforme diretriz fixada pelo item II da Súmula nº 463 do TST. No
caso, não há prova que demonstre, de forma conclusiva e inequívoca, a
impossibilidade do ente sindical profissional de arcar com o pagamento das
custas do processo. Agravo de instrumento conhecido e não provido" (TST, 8ª
Turma, AIRR 0000931-48.2014.5.10.0127, Rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado
em 6/6/2018, publicado no DEJT em 8/6/2018).

Logo, como não houve a comprovação de impossibilidade do ente


sindical arcar com o pagamento das custas processuais, escorreita a decisão que negou os
benefícios da justiça gratuita.

Nego provimento.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, conheço do recurso, afasto a preliminar suscitada e, no


mérito, dou-lhe provimento para condenar a empresa ré ao pagamento da taxa odontológica, nos
termos e limites da inicial.

Invertido o ônus da sucumbência, arcando a ré com as custas e


honorários, nos moldes definidos na fundamentação.

ACÓRDÃO

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Por tais fundamentos,

ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal Regional


do Trabalho da 10ª Região, em sessão turmária e conforme o contido na respectiva certidão de
julgamento, aprovar o relatório, conhecer do recurso, afastar a preliminar suscitada e, no mérito,
dar-lhe provimento, nos termos do voto do Desembargador Relator. Ementa aprovada.

Julgamento ocorrido à unanimidade de votos, estando presentes os


Desembargadores Pedro Luís Vicentin Foltran (Presidente), Brasilino Santos Ramos, José Leone
Cordeiro Leite e Cilene Ferreira Amaro Santos.

Ausente o Desembargador Ricardo Alencar Machado, em gozo de


férias regulamentares.

Representando o Ministério Público do Trabalho o Procurador


Regional do Trabalho Adélio Justino Lucas.

Secretário da Turma, o Sr. Luiz Rodrigues Pereira da Veiga


Damasceno.

Coordenadoria da 3ª Turma;

Brasília/DF, 29 de junho de 2022 (data do julgamento).

PEDRO LUÍS VICENTIN FOLTRAN


Desembargador Relator

eql

Assinado eletronicamente por: [PEDRO LUÍS VICENTIN FOLTRAN] -


6550d86
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/listView.seam

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