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ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

Réu que não se desincumbiu do ônus da prova, nos termos do artigo 373, II, do CPC, impõe-
se a condenação.
Art. 373. O ônus da prova incumbe: (…) II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do auto

Essa primeira jurisprudência (TJ-DF) me parece a mais precisa para o caso, porque trata da
obrigação da operadora apresentar o contrato, no nosso caso o contrato posterior a
portabilidade, onde conste apenas os nomes dos recorrentes, pessoas físicas.

TJ-DF

APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE INDIVIDUAL - REAJUSTE - MUDANÇA DE


FAIXA ETÁRIA - NECESSIDADE DE PREVISÃO CONTRATUAL - ARTIGO 373, II,
CPC/2015 - ÔNUS DA PROVA - RESP 1568244 - REPETITIVO. DEVOLUÇÃO
SIMPLES - AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. DANO MORAL - NÃO CONFIGURADO.
RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. 1. É de ser aplicado o reajuste conforme
os índices estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, critérios legítimos
que objetivam manter o equilíbrio contratual, nos termos do §2º do art. 35-E da Lei
9.656/98, segundo o qual a aplicação de cláusula de reajuste das contraprestações
pecuniárias dependerá de prévia aprovação da ANS. 2. A estipulação de reajuste de
mensalidade de plano de saúde em virtude de mudança de faixa etária, por si só, não é
abusiva, sendo válida desde que expressamente prevista no contrato, observando as
diretrizes expedidas pelos órgãos regulamentadores e não contemple percentuais
desarrazoados ou aleatórios. Tese firmada no REsp 1568244/RJ, julgado na forma dos
recursos repetitivos, Tema n. 952/STJ. 3. No caso em apreço não foi coligido aos autos o
contrato de plano de saúde firmado pela autora e a ré no ano de 2010, más apenas um
contrato de adesão sem data, nem assinatura do consumidor, não sendo possível aferir
se de fato houve a contratação de reajuste por mudança de faixa etária, motivo pelo
qual não é possível concluir que os reajustes previstos no contrato coligido aos autos,
também o foram no contrato efetivamente assinado entre as partes. Não havendo
previsão contratual de reajustes por faixa etária, resta abusivo o reajuste
implementado pelo plano de saúde em razão de mudança de faixa etária, devendo ser
mantida a sentença recorrida. 4. Uma vez afirmado pelo consumidor que no
instrumento contratual assinado em 2010 não constava cláusula de reajuste por
mudança de faixa etária, competia à ré demonstrar fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor, nos termos do artigo 373, I, CPC/2015, fato inocorrente
nos autos. 5. É devida a repetição do indébito na forma simples, salvo quando demonstrada
a má-fé do credor, hipótese em que a devolução dos valores pagos pelo consumidor poderá
ocorrer em dobro - art. 42 do CDC. 6. Os fatos narrados nos autos não evidenciam ataque
aos direitos de personalidade da parte Recorrente/Autora, configurando, somente, mero
dissabor em razão de descumprimento contratual, ao qual está submetida toda e qualquer
pessoa. Portanto, ausente especial repercussão que atinja a esfera íntima da parte autora
recorrente. 7. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJ-DF
07029853320178070001 DF 0702985-33.2017.8.07.0001, Relator: ROBSON BARBOSA
DE AZEVEDO, Data de Julgamento: 08/11/2017, 5ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 16/11/2017 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

TJ-SP
PLANO DE SAÚDE COLETIVO EMPRESARIAL. RESCISÃO. COBRANÇA. Sentença
que condenou a requerida no pagamento parcial da última fatura do prêmio
(dezembro/2014) e afastou a cobrança do reajuste técnico (excedente de sinistralidade).
Inconformismo da requerente/ operadora do plano de saúde. Pretensão de reforma
objetivando o pagamento integral da parcela do prêmio e também do reajuste técnico,
fundamentado nas cláusulas do contrato firmado. Sentença mantida, embora por
fundamentação diversa. Prestação dos serviços pela operadora do plano de saúde suspensa
aos 16/12/2014. Cobrança parcial da última mensalidade (competência dezembro/2014) em
razão da suspensão antecipada da prestação dos serviços, devidamente comprovada nos
autos. SINISTRALIDADE. Licitude, a priori, da cláusula que prevê reajuste por
excedente de sinistralidade, na hipótese de rescisão do contrato coletivo, firmado entre
pessoas jurídicas. Abusividade que se reconhece, no caso concreto, em razão de não
ter sido demonstrado, documentalmente, o embasamento da cobrança e o excesso da
sinistralidade. Ônus da prova da operadora do plano de saúde, do qual não se
desincumbiu. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP - AC: 10949233620168260100 SP
1094923-36.2016.8.26.0100, Relator: Ana Maria Baldy, Data de Julgamento: 10/08/2018,
6ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/08/2018)

TJ-RJ
AGRAVO DE INSTRUMENTO. BRADESCO SAÚDE S/A. PLANO DE SAÚDE.
REAJUSTE EM RAZÃO DA MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. DECISÃO QUE
INDEFERIU O PEDIDO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, NA FORMA DO § 1º
DO ART. 373 DO CPC/15. - O C. STJ já fixou tese no sentido de que "o rol do art. 1.015
do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso
de apelação." - A decisão que indefere o ônus da prova, especialmente em relação de
consumo, possui ratio semelhante à decisão que redistribui o encargo probatório, prevista
no art. 1.015, XI, do CPC/15 e, como tal, merece tratamento isonômico a autorizar o
conhecimento de agravo de instrumento - Na hipótese dos autos, estão presentes os
requisitos elencados pelo art. 6º, inciso VIII, do CDC, eis que manifesta a relação
consumerista entabulada entre as partes, e a plausibilidade do direito alegado - Com efeito,
a Agravante é pessoa tecnicamente hipossuficiente em relação à Agravada, restando
claro que possui menos condições de produzir prova que comprove a alegada
abusividade dos reajustes impostos em razão da mudança de faixa etária, no plano de
saúde da qual ela é usuária - Acrescente-se que, afirmando a Recorrida que os
aumentos são legítimos, a ela cabe demonstrar que possuem eles expressa previsão
contratual, e que respeitam os limites determinados pelas normas expedidas pelos
órgãos reguladores - Sendo assim, diante do conjunto probatório que atesta a
vulnerabilidade da Recorrente, deve ser acolhido o pedido de inversão do ônus da prova.
Inteligência do Verbete Sumular nº 229 deste Tribunal de Justiça - Reforma da decisão
agravada. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJ-RJ - AI: 00114131020208190000,
Relator: Des(a). MARIA REGINA FONSECA NOVA ALVES, Data de Julgamento:
21/07/2020, DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 24/07/2020)

TJ-DF

CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE COLETIVO. REAJUSTE ANUAL. CONTRATO.


ABUSIVIDADE. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DESPROPORCIONAL.
PREVISÃO CONTRATUAL. ONEROSIDADE CONFIGURADA. REGRAS DA ANS.
ÍNDICE. NÃO OBSERVADA. ÔNUS DA PROVA. ARTIGO 373, CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. 1. A questão debatida nos autos sujeita-se aos ditames do Código de
Defesa do Consumidor, uma vez que as partes se enquadram nos conceitos dos artigos 2º e
3º desse diploma legal, e ainda com base no verbete sumular nº 469 da jurisprudência
consolidada do colendo STJ: "Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos
de plano de saúde". 2. Incumbe ao réu o ônus de comprovar fatos extintivos, impeditivos ou
modificativos do direito do autor, nos termos do artigo 373, inciso II, do Código de
Processo Civil. 3. Admite-se o reajuste das mensalidades dos planos de saúde coletivos,
se houver previsão no instrumento contratual e respeito aos princípios da boa-fé
objetiva, da razoabilidade e da proporcionalidade. Por isso, não pode ser arbitrário e
sem fundamento, de modo a inviabilizar, inclusive, a permanência da parte apelada a
usufruir do benefício contratado. 4. Se a operadora do plano de saúde não logrou
demonstrar, de modo inequívoco, quais critérios foram utilizados para se atingir o
reajuste, limitando-se a alegar genericamente questões relativas à inflação médica ou
equilíbrio econômico-financeiro, este aumento se torna abusivo, porquanto não pode
ser baseado no mero arbítrio da operadora . 5. Cabe à seguradora comprovar a variação
atuarial que embasa o reajuste anual do prêmio. Não desincumbido esse mister, razoável
que se utilize como parâmetro para a aferição da abusividade os índices indicados pela
ANS para o reajuste anual dos planos de saúde na modalidade individual, adequando-a,
pois, àquele patamar. 6. Recurso conhecido e improvido.

(TJ-DF 07145028020188070007 DF 0714502-80.2018.8.07.0007, Relator: GISLENE


PINHEIRO, Data de Julgamento: 18/09/2019, 7ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 23/09/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

TJ-RS

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE EMPRESARIAL. EX-


EMPREGADO DEMITIDO. TÉRMINO DO PRAZO DE MANUTENÇÃO.
POSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO DE PLANO INDIVIDUAL.
PORTABILIDADE ESPECIAL DE CARÊNCIAS. I. O ex-empregado demitido ou
exonerado sem justa causa ou aposentado ou seus dependentes vinculados ao plano
ficam dispensados do cumprimento de novos períodos de carência na contratação de
novo plano individual ou familiar ou coletivo por adesão, seja na mesma operadora
seja em outra, desde que peçam a transferência durante o período de manutenção da
condição de beneficiário garantida pelos arts. 30 e 31, da Lei nº 9.656/98.
Inteligência do art. 7º-C, da Resolução Normativa nº 186/2009, da ANS. II.
Outrossim, operadora não pode ser obrigada a oferecer plano individual ao ex-
empregado demitido ou exonerado sem justa causa após o término do prazo legal de
permanência se ela não disponibilizar no mercado esse tipo de plano. III. No caso
concreto, porém, a requerida não comprovou a alegação de que não
comercializa planos de saúde na modalidade individual/familiar, ônus que lhe
incumbia, na forma do art. 373, II, do CPC e art. 6º, VIII, do CDC (Súmula
608, do STJ). Inclusive, consoante documento anexo à inicial, a própria
requerida ofereceu a possibilidade de migração para plano... individual/familiar
ao autor. Assim, deve ser mantida a sentença de procedência da ação, fins de
possibilitar a migração do autor para plano individual/familiar, observada a
portabilidade especial de carência s. IV. De acordo com o art. 85, § 11, do CPC, ao
julgar recurso, o Tribunal deve majorar os honorários fixados anteriormente ao
advogado vencedor, observados os limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de
conhecimento. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70078973328,
Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge André Pereira
Gailhard, Julgado em 26/09/2018). (TJ-RS - AC: 70078973328 RS, Relator: Jorge
André Pereira Gailhard, Data de Julgamento: 26/09/2018, Quinta Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 04/10/2018)

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