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NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

NOTIFICANTE: nome, pessoa jurídica de direito privado, com sede na, inscrita no CNPJ
sob o nº.

NOTIFICADA: nome, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº,
situado no endereço.

Aos cuidados do responsável legal,

Pela melhor forma admitida e no presente instrumento particular em direito, o Notificante,


neste ato representada por sua advogada infraassinada, NOTIFICA, respeitosamente e
formalmente Vossa Senhoria, sobre os fatos que são expostos a seguir:

No dia 07/04/2022, a NOTIFICANTE firmou contrato para prestação de serviços de


classificações de sustentabilidade de negócios, fornecidos pela ....

A NOTIFICANTE adquiriu o “Plano Básico”, com prazo de assinatura estipulado em 12


(doze) meses. Após transcorrido o período referido, a NOTIFICANTE não solicitou a
renovação da assinatura do plano, uma vez que não mais precisava dos serviços da ...

Ocorre que, em 23 de abril de 2023, poucos dias após os doze meses da assinatura outrora
contratada, a NOTIFICANTE foi surpreendida com uma cobrança de $709,00 (setecentos e
nove dólares) referente a uma nova assinatura NÃO SOLICITADA, enviada pela ora
NOTIFICADA.

Ressalta-se que a NOTIFICANTE realizou a compra do plano oferecido pela ... apenas pelo
prazo de 12 (doze) meses e NÃO AUTORIZOU a renovação da assinatura, que ocorreu de
forma automática e abusiva, uma vez que o silêncio não pode ser compreendido como
concordância.
Neste sentido, após cobranças realizadas pela NOTIFICADA via email, a NOTIFICANTE
tentou por diversas vezes informar que não reconhece o débito, visto que não autorizou a
renovação automática do contrato, objetivando a solução amigável do impasse, o que restou
infrutífero.

A NOTIFICADA aduz que a assinatura teria sido renovada automaticamente por mais 12
meses, pois não houve cancelamento antes da data de renovação, ou seja, antes de
07/04/2023. Aduz, ainda, que a NOTIFICANTE só poderá cancelar a próxima renovação
de assinatura através da plataforma.

Em agosto de 2023, a NOTIFICADA enviou um requerimento de cobrança aduzindo que o


débito da NOTIFICANTE, até o momento, seria de 847.26 USD, bem como que caso não
fosse quitado, seria acionada a justiça.

Não obstante, conforme já esclarecido alhures, a NOTIFICANTE não solicitou a renovação


do plano oferecido pela ...., sendo a renovação automática de forma tácita uma prática
abusiva.

Insta salientar que a cláusula da renovação automática, além de ser uma opção negativa,
traz consigo um teor punitivo, expondo o consumidor a uma posição de extrema
vulnerabilidade. Além disso, O CDC considera tal prática como conduta abusiva do
prestador de serviços, pois a inércia do consumidor não pode ser interpretada como
consentimento para que a contratação seja continuada.

Assim, quando há a contratação de um serviço, mesmo através da plataforma online, o


consumidor tem todo o direito de se expressar quanto à continuidade do serviço ou não, e a
sua inércia não pode ser interpretada como consentimento.

Ressalta-se que a renovação automática de qualquer tipo de serviço é pratica considerada


nula e abusiva, que fere expressamente ao art. 39 do CDC.
Ainda, assim dispõe o art. 51 do referido diploma legal, verbis:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

Neste sentido, é o entendimento jurisprudencial em casos análogos, verbis:

EMENTA: CONSUMIDOR - ASSINATURA EDITORIAL -


CLÁUSULA DE RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA - ILICITUDE -
PEDIDO DE CANCELAMENTO DO CONTRATO PELO
CONSUMIDOR - INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO -
RESTITUIÇÃO DEVIDA - DIREITOS DA PERSONALIDADE -
AUSÊNCIA DE LESÃO - DANOS MORAIS NÃO
CONFIGURADOS 1. Por violação ao art. 39, III, do CDC, é ilegal
a cláusula contratual que estabelece a renovação automática de
plano de assinatura editorial. 2. Não demonstrado pelo
fornecedor que o consumidor anuiu expressamente com a
manutenção do contrato de assinatura, forçoso reconhecer a
ilicitude dos descontos em conta e a necessidade de restituição do
valor debitado. 3. Ausente a prova de violação a direitos da
personalidade, não se configura o dano moral, mas o mero
aborrecimento. (TJ-MG - AC: 10145140379200001 MG, Relator:
Fernando Lins, Data de Julgamento: 09/08/2016, Data de
Publicação: 19/08/2016).

Porém, o OBJETIVO DA PRESENTE NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL é exatamente


proceder com uma composição amigável afim de evitar que a presente demanda seja levada
a discussão judicial.
Solicitamos gentilmente:

 Que a NOTIFICADA cesse a realização de cobranças extrajudiciais/judiciais


referente ao débito não reconhecido, a partir da data de recebimento desta
notificação, bem como se abstenha de fazer o registro deste débito nos cadastros de
inadimplentes, uma vez que se trata de débito inexistente, conforme explicitado
alhures.
Perante o interesse da NOTIFICANTE em deliberar tal problema, reiteremos através
desta, a presente NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL, à Vossa Senhoria a efetuar a
solicitação descrita acima dentro do prazo descrito a contar do recebimento a 10 (dez) dias
úteis, sob pena do conteúdo da mesma ser utilizado em uma possível demanda judicial.

Contagem, 13 de setembro de 2023.

STEPHANIE SOUSA DE OLIVEIRA


OAB/MG 184.418

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