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José de Castro Júnior

Advogado
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PARANÁ

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Processo de origem: 0013963-25.2020.8.16.0173

CURTUME PANORAMA LTDA, empresa de direito privado,


inscrito sob o CNPJ n. 03.189.063/0008-00, com sede na Rua dos Faria, s/n,
Distrito Industrial, em Cáceres/MT, vêm à presença de Vossa Excelência, Sr.
Presidente, Senhor Relator e Eminentes Pares, para expor e requerer com
fundamento nos artigos 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015
interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

Rua Coronel José Dulce 493, Centro Cáceres-MT


Telefone – 065 – 9971-2405
José de Castro Júnior
Advogado
Em face da decisão datada de 14/11/2023, protocolo n.
134491936020231114105007 dos autos n. 0013963-25.2020.8.16.0173, que
deferiu o pedido de honorários sucumbenciais à Agravada, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

TEMPESTIVIDADE E PREPARO

Recurso tempestivo, expediente, uma vez que a


decisão foi publicada dia 15/11/2023 (feriado) iniciando-se dia
16/11/2023.

O preparo foi devidamente recolhido e anexado ao


presente embargos.

MOTIVO DE DEFERIMENTO DO EFEITO SUSPENSIVO

Antes de adentrar ao cerne do presente agravo, insta frisar alguns


aspectos iniciais, que justificam a necessidade de efeito suspensivo da decisão
que deferiu a reintegração de posse. Senão vejamos:

Há pedido de bloqueio nas contas do agravante, que não pode


suportar novamente suas contas bloqueadas, o que inclusive foi o que
ocasionou o presente processo e a presente cobrança.

Pelo exposto, requer o deferimento do pedido do efeito


suspensivo do presente agravo.

I-DOS FATOS

A decisão de primeiro grau ora agravada julgou improcedente o


pedido do agravante, sob alegação de:

Entretanto, data venia, a decisão merece reforma, eis que


entende a agravante que o parcelamento e a anuência a todas as suas
obrigações implica encerramento de acessórios e quaisquer objetos
referentes ao principal.

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Advogado
A agravada após 14 meses de pagamento do parcelamento,
aduzindo que houve equívoco e solicitou neste momento honorários
sucumbenciais.

Observe o próprio item 5 do termo do acordo consta


justamente que

“a adesão ao programa implica reconhecimento irrevogável e irretratável dos


débitos e expressa renúncia expressa a qualquer defesa, recurso
administrativo ou ação judicial, bem como desistência dos já interpostos”

"Parcelamento - Acordo de Vontades ao qual as partes se


obrigam voluntariamente - impossibilidade de questionamento posterior. (...)
Ora, quando o contribuinte protocola pedido administrativo, através de
requerimento, efetua uma CONFISSÃO IRRETRATÁVEL DA DÍVIDA.
"O requerimento do sujeito passivo, solicitando parcelamento
de crédito tributário, na via administrativa ou judicial, valerá como confissão
irretratável da dívida".

Ora, o parcelamento serve justamente para encerrar todos os


débitos e pendencias relacionadas à divida, ao objeto PRINCIPAL.

Estamos, em sede de direito tributário ou diante de verdadeira


presunção legal ou se resolvermos nos socorrer do direito privado de
verdadeiro contrato. E se assim reconhecermos o parcelamento como ato
contratual, tal se sujeita aos dois princípios básicos que regem este instituto
jurídico: pacta sunt servanda e lex inter partes.

Tal tese vem sendo perfilada pelos Tribunais pátrios de forma


uníssona:

"Parcelamento - Improcedência da Pretensão do Contribuinte


de Questionar Elementos do Acordo após sua Celebração
Incontroverso o acordo celebrado pelas partes para a liquidação
do débito fiscal, como descrito na inicial, o ilustre prolator da sentença
impugnada corretamente afirmou que o contrato faz lei entre as partes,
razão pela qual não pode a Autora insurgir-se contra o indexador eleito para
a atualização das parcelas. Depois de anotar que o Estado tem competência
para instituir seus tributos e determinar a forma como eles são cobrados,
conclui o julgador: "portanto, a multa, os juros e atualização monetária são

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devidos na forma como convencionaram as partes, nada podendo reclamar
agora a autora."

Ainda, o parcelamento foi posterior a esse crédito e então era


de conhecimento da Procuradoria, e portanto, ENGLOBA toda a lide e não
pode ser discutida, pois o acordo expressamente renuncia qualquer direito
posterior, salvo os juros e correções monetárias expressas no item 2 do
termo de Acordo.

O parcelamento, portanto, regulariza a situação do contribuinte


junto ao Fisco que tenha relação com o objeto cobrado, que só
desaparecerá se deixar de honrar com a obrigação pactuada.

"Tributário - Débito Parcelado - Certidão Negativa. 1. Se a


dívida foi transacionada entre as partes e obtido parcelamento, claro está
que houve suspensão da exigibilidade. 2. Direito da empresa, em moratória,
de obter certidão negativa, mesmo que haja registro do documento da
circunstância do débito vencível (art. 151, I, CTN). 3. Segurança
parcialmente concedida.. (Ac. un. da 2ª T do TRF da 1ª R - MS
94.01.20419-5 - DF - Rel. Juíza Eliana Calmon - j. 29.11.94 - Impte.:
Vigibrás - Vigilância do Brasil Ltda.; Impdo.: Juízo Federal da 18ª Vara - DF -
ementa oficial).

"Administrativo. Mandado de Segurança. Ilegitimidade do


Informante. Certificado de quitação. Débito parcelado e devidamente
garantido. Direito a concessão pleiteada.
I - No mandado de Segurança, as informações devem ser
prestadas pela própria autoridade apontada como coatora cuja
responsabilidade é pessoal e intransferível perante a justiça. Encaminhadas
por pessoa não legitimada, tais informações serão consideradas como não
escritas, delas não se devendo tomar conhecimento.
II - Estando garantido o débito confessado e parcelado pelo
contribuinte, não há como se lhe negar o competente certificado de quitação
pleiteado.

“AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL. PARCELAMENTO


DA DÍVIDA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO.
NULIDADE. O parcelamento do crédito tributário acarreta a
suspensão da exigibilidade do crédito fiscal ou parafiscal. A extinção da
obrigação somente advém com o pagamento total das parcelas pactuadas.
Enquanto não integralmente honrado o parcelamento pelo contribuinte,

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Advogado
opera-se a suspensão do débito tributário e não sua extinção. Contudo, com
o parcelamento, o contribuinte deixa de ser considerado inadimplente,
podendo inclusive obter a certidão positiva com efeito de negativa
(deregularidade fiscal) de que trata o art. 20628 do CTN. Enquanto perdurar
o parcelamento, a Administração Pública está impedida de sancionar o
Administrado por débitos incluídos no objeto da transação.”

"EXECUÇÃO FISCAL - Débito. Confissão extrajudicial


irretratável. Parcelamento do débito, acordado em sede administrativa e
homologado em Juízo. Eficácia probatória judicial. Art. 353 do CPC. Rejeição
liminar dos embargos à execução. Recurso não provido". (TJSP - AC
164.233-2 - 14ª C. - Rel. Des. Franklin Neiva - J. 30.10.90). (33)

"Suspensão da Execução. Pedido de Parcelamento.


Cerceamento de Defesa. Recebido o pedido de parcelamento para exame
via administração, com efeito de confissão, não pode a execução prosseguir,
até que seja solucionado aquele pedido, sob pena de cerceamento de
defesa do devedor e nulidade do processo."(Ac n.° 59.827 - SP, 5ª T).

É também o que se verifica na doutrina destacada abaixo, de


Paulo de Barros Carvalho e Augusto Newton Chucri, respectivamente:

Com efeito, a suspensão do crédito por intermédio do


parcelamento evitará que sejam promovidos novos atos de penhora e de
expropriação de bens do devedor, uma vez que até então não haveria óbice
à constrição de seus bens. Em razão disso, qualquer ato praticado
anteriormente ao pedido de parcelamento também se insere nos direitos e
obrigações pactuados.

Assim, já houve o parcelamento de uma dívida, já houve


pagamento de honorário sucumbencial no parcelamento, sendo que
inclusive gerou transtornos absurdos à agravante.

DO PREAMBULO DOS AUTOS

Como exposto desde a exordial deste processo, o único intuito


da Agravante era poder CONTINUAR TRABALHANDO, senão vejamos:

“apenas para que seja determinada a suspensão do processo


administrativo bem como de qualquer inscrição em divida ativa objeto
deste processo administrativo ATÉ RESOLUÇÃO e transito em julgado

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dos autos n. 1006361-20.2020.8.11.0006 em trâmite perante a 4° Vara
da Comarca de Cáceres/MT”.

Isso porque teve prejuízos incomensuráveis com a proibição de


exportar seus produtos.

Não pode um pequeno e singelo pedido de suspensão de


processo administrativo causar uma cobrança absurda de quase
TREZENTOS MIL REAIS. Não é esse o intuito da lei!

Pelo exposto, requer o indeferimento do pedido de honorário


sucumbenciais, diante do parcelamento e acordo realizado e pelos demais
fatos e fundamentos expostos.

DA MULTA DE 5% APLICADA

Para piorar a já ruim situação da agravante, entendeu o juízo de


primeiro grau que o presente pedido era de má fé e ainda aplicou multa de 5%
por suposta litigância de má-fé.

Ora, arguir parcelamento do objeto principal da lide e requerer o


indeferimento do pedido NÃO É E NUNCA FOI de má fé. É apenas o direito
constitucional de ampla defesa e contraditório.

Ora, qual má fé do pedido? Fazer requerimentos honestos e


condizentes não são de má fé.

Pelo exposto, requer também o indeferimento deste pedido.

DO PEDIDO

Requer-se, pois, o recebimento, processamento, conhecimento e


PROVIMENTO do presente Agravo de Instrumento.

a) O recebimento do presente agravo, nos termos do parágrafo único do Art.


995 do CPC, para fins de requerer o provimento do presente recurso, negando
o pedido da agravada de honorário sucumbencial, pelos fatos e fundamentos
expostos.

b) A intimação do Agravado para, querendo, responder ao presente Agravo;

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José de Castro Júnior
Advogado
c) Ao final, seja dado provimento integral do recurso para fins de reconhecer
que o parcelamento contempla todo o objeto da dívida principal, ainda que seja
processo liminar pleiteando suspensão da negativação até transito em julgado,
indeferindo o pedido de honorário de sucumbencial, que já fora pago no
parcelamento realizado pela agravante.

Requer a dilação de prazo para juntada de qualquer documento


que este Ínclito Relator entender como necessário, bem como pela produção de
todas as provas admitidas no direito para procedência deste Agravo de
Instrumento, nos termos do art. § 3º do art. 1017 do CPC.

Requer efeito suspensivo do presente recurso.

E que assim dignem-se Vossas Excelências, Senhores Presidente,


Relator e Eminentes pares, por ser a mais pura e bela expressão da JUSTIÇA !

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cáceres, MT 05 de Dezembro de 2023

José de Castro Júnior


OAB/MT 17.095-B

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