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UNIDADE II - FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO (FGTS)

ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS AO ESTUDO DO FGTS

➢ Conceito de fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS):


-Segundo o conceito fornecido por Luciano Martinez, o fundo de garantia do tempo de serviço ou
FGTS, trata-se como o próprio nome sugere, de um fundo formado por depósitos mensais
efetuados pelos empregadores em uma conta ligada/vinculada ao nome de seus empregados, no
valor equivalente ao percentual de oito por cento das remunerações que lhes são pagas ou devidas
➢ Previsão legal do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS):
-O FGTS foi instituído na legislação brasileira a partir da homologação da Lei 5.107/66. Respectiva
lei estabelecia o FGTS como um regime opcional para os trabalhadores (na prática a “opção” era
condição imposta pelo empregador para admitir o empregado). A partir da promulgação da
Constituição Federal de 1988, por força do art 7, inciso III, o FGTS passou a ser um regime
obrigatório (único) para todos os empregados urbanos e rurais, bem como para os trabalhadores
avulsos. Atualmente, o FGTS é regido pela Lei 8.036/90. De forma sistemática, segue o quadro:

-Antes da Constituição Federal de 88 = Lei 5107/66 Estabeleceu o FGTS como regime opcional
para os trabalhadores, que poderiam escolher pelo regime de FGTS ou estabilidade decenal.

-Após a Constituição Federal de 88 = Conforme o seu art. 7, inciso III, o FGTS passou a substituir
o regime de estabilidade decenal, sendo agora um regime obrigatório (único) para o trabalhador.

➢ Objetivo da criação do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS):


-O principal objetivo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço foi acabar com o regime de
estabilidade decenal. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o instituto da
estabilidade decenal, embora ainda prevista nos arts 492 e 493 da CLT, parou de ser concedido.
➢ Administração do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS):
-Conforme a lei 8036/90 (legislação que rege o FGTS), o FGTS será regido por um conselho
curador chamado de CCFGTS (conselho curador do fundo de garantia do tempo de serviço).
Respectivo conselho curador é um órgão colegiado tripartite, composto por entidades
representantes dos trabalhadores, dos empregadores e representantes do governo federal, com o
objetivo de traçar normas e diretrizes para o funcionamento do FGTS nas relações de trabalho:
Art. 3 “caput” da Lei 8036/90 - O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, composto
por representação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma estabelecida pelo Poder Executivo.
-Diferentemente de outros conselhos, os membros do conselho curador do FGTS não são eleitos.
Respectivos membros são nomeados pelas centrais sindicais e confederações nacionais, e nos
casos dos representantes do Governo Federal, serão nomeados pelo Poder executivo. O presidente
do conselho curador será o ministro da economia do estado em que o conselho é constituído ou
representante por ele escolhido. Neste sentido a legislação nos artigos da lei 8036/90:
Art. 3o da lei 8036/90 - § 1º A Presidência do Conselho Curador será exercida pelo Ministro de Estado do Trabalho
e Previdência ou representante por ele indicado. Art. 3o da lei 8036/90 - § 3º Os representantes dos trabalhadores e
dos empregadores e seus suplentes serão indicados pelas respectivas centrais sindicais e confederações nacionais, serão
nomeados pelo Poder Executivo, terão mandato de 2 (dois) anos e poderão ser reconduzidos uma única vez, vedada a
permanência de uma mesma pessoa como membro titular, como suplente ou, de forma alternada, como titular e
suplente, por período consecutivo superior a 4 (quatro) anos no Conselho.
-Mesmo que nomeados, os membros dos conselho curador do FGTS que representam os
trabalhadores, serão dotados de estabilidade provisória, desde o momento da nomeação até 1
anos após o término do mandato (2 anos, podendo ser reconduzidos uma única vez vedada a
permanência de uma mesma pessoa como membro titular, como suplente ou, de forma alternada,
como titular e suplente, por período consecutivo superior a 4 (quatro) anos no Conselho). Também
serão dotados de estabilidade os suplentes dos representantes dos trabalhadores. Os demais
representantes, não serão dotados de estabilidade. A estabilidade vigorará até 1 ano após o
término do mandato apenas se o representante do trabalhador completar o mandato, caso não
complete, a estabilidade cessarão no momento da entrega do cargo. Para a apuração de falta
grave (justa causa) é necessário a realização do inquérito judicial. Neste sentido Art. 3o lei 8036 § 9º
➢ Agente operador do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS):
-A Caixa Econômica Federal (CEF), empresa pública federal vinculada ao Ministério da fazenda, na
qualidade de agente operador do FGTS, é o órgão responsável por todas as atividades
operacionais ligadas ao fundo de garantia, destacando-se dentre elas as relativas: à centralização
das contas vinculadas, ao controle da rede de arrecadadora, etc. Conforme o art. 7 da lei 8036/90:
Art. 7º da lei 8036/90 - “À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente operador, cabe: I - centralizar
os recursos do FGTS, manter e controlar as contas vinculadas, e emitir regularmente os extratos individuais
correspondentes às contas vinculadas e participar da rede arrecadadora dos recursos do FGTS; II - expedir
atos normativos referentes aos procedimentos administrativo-operacionais dos bancos depositários, dos
agentes financeiros, dos empregadores e dos trabalhadores, integrantes do sistema do FGTS; …

BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA DO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO!


-Antes de efetivamente serem apresentados os valores numéricos da base de cálculo e alíquota do
FGTS, faz-se necessário a realização de uma distinção dos dois institutos. Quando fala-se em base
de cálculo, como o próprio nome sugere, menciona-se o montante/valor que servirá de
base/alicerce para o cálculo de algum benefício. Respectivo instituto não confunde-se com a
alíquota, conceituada como a porcentagem da base de cálculo que constituirá algum benefício.
-Partindo das observações realizadas no tópico acima, tem-se que a base de cálculo do FGTS é a
remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, enquanto que a sua alíquota
corresponde a oito por cento (8%) deste valor. Neste sentido prevê o art. 15 da lei 8036/90:
Art. 15. da lei 8036/90 - Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em conta vinculada, a importância correspondente a oito por
cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as
parcelas de que tratam os art. 457 e art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, e a Gratificação de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962.
ATENÇÃO - (Base de cálculo) - Embora a doutrina e a legislação especifiquem que a base de cálculo do FGTS
é a remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, algumas observações devem ser feitas
a respeito da temática. Serão realizadas duas observações, uma de ordem conceitual e outra jurisdicional:
(I) - O que corresponde a remuneração do trabalhador ? - Segundo Luciano Martinez, a remuneração nada
mais é do que a soma do salário contratualmente estipulado (mensal, por hora, por tarefa, etc) com outras
vantagens percebidas na vigência do contrato de trabalho. Respectivo instituto não confunde-se com o
salário, que pode ser definido como a contraprestação devida ao empregado pela prestação de serviços, em
decorrência do contrato de trabalho. Em uma análise prática, um garçom ao término de um mês de trabalho
recebe, conforme o estipulado em seu contrato de trabalho, o valor de $2000 reais. Respectivo valor constitui
o salário do garçom. Entretanto, citado garçom recebe gorjetas dos clientes que atende, respectivas gorjetas
coletas no valor de $100 reais, totalizando a sua remuneração em $2100 reais. Conclusão - Sendo a
remuneração um instituto muito mais amplo do que o salário, devemos nos atentar a respeito dos valores que
corresponderão a base de cálculo do FGTS. Neste sentido, em regra geral, todas as parcelas que
correspondem ao conceito de remuneração são base de incidência do FGTS. São parcelas que englobam a
remuneração e portanto a base de cálculo do FGTS os elementos dos Arts. 457 e 458 da CLT. -Ler artigos!
(II) - Para além dos elementos citados acima, a jurisprudência brasileira ainda prevê outras parcelas que
englobam a remuneração do trabalhador e portanto constituirão a base de cálculo do FGTS, portanto temos:
SÚMULA Nº 63 do TST - A contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide sobre a
remuneração mensal devida ao empregado, inclusive horas extras e adicionais eventuais. SÚMULA Nº 305 do TST -
O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o FGTS.
OJ 232/TST- O FGTS incide sobre todas as parcelas de natureza salarial pagas ao empregado em virtude de prestação
de serviços no exterior. OJ 305/TST - Não incide a contribuição para o FGTS sobre as férias indenizadas.
ATENÇÃO - (Alíquota) - Embora a lei 8036/90 estabeleça como alíquota do FGTS o valor de 8% da
remuneração paga ou devida ao trabalhador, tem-se que a respectiva regra geral cabe um exceção. Nos
contratos de aprendizagem a alíquota é reduzida para dois por cento da remuneração (2%). Neste sentido:
Art. 15. da lei 8036/90 - § 7o Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput
deste artigo reduzida para dois por cento.
ATENÇÃO AINDA - § 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos casos de
afastamento para prestação do serviço militar obrigatório e licença por acidente do trabalho.
Quem são os contribuintes obrigatórios do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS)?
-São contribuintes obrigatórios do fundo de garantia do tempo de serviço(FGTS), os empregadores,
compreendidos como aqueles previstos no parágrafo primeiro do art 15 da lei 8036/90:
Art. 15 caput da lei 8036/90 - Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em conta vinculada, a importância correspondente a oito por
cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as
parcelas de que tratam os art. 457 e art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, e a Gratificação de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962.
§ 1º Entende-se por empregador a pessoa física ou jurídica de direito privado ou público, da administração
pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, que admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regido por legislação
especial, encontrar-se nessa condição ou figurar como fornecedor ou tomador de mão-de-obra,
independente da responsabilidade solidária e/ou subsidiária a que eventualmente venha obrigar-se.

Empregador doméstico como contribuinte obrigatório do fundo de garantia (FGTS):


-A partir da EC 72/2013 e da lei complementar número 150/2015, fala-se em universalidade de
concessão do FGTS, que, a partir de outubro de 2015, passou a abarcar também os empregados
domésticos. Neste sentido, o empregador doméstico passou a ser um contribuinte obrigatório
do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS). Respectivo empregador doméstico, deverá
informar o pagamento do FGTS em um sistema eletrônico chamado de simples doméstico. Para
além do depósito do FGTS, o empregador doméstico também deverá depositar uma importância
a título de indenização compensatória. Neste sentido prevê a LC 150/2015 nos arts 34 e 22:
Art. 34. da LC 150/2015 - O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante
documento único de arrecadação, dos seguintes valores: IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o
FGTS; V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei;
Art. 22. da LC 150/2015 - O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% sobre a
remuneração devida, no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento da indenização
compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se aplicando ao
empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei no 8.036,
§ 1o - Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do contrato de trabalho por
prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do empregado doméstico, os valores previstos no
caput serão movimentados pelo empregador. § 2o - Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores
previstos no caput será movimentada pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo
empregador. § 3o - Os valores previstos no caput serão depositados na conta vinculada do empregado,
em variação distinta daquela em que se encontrarem os valores oriundos dos depósitos de que trata o
inciso IV do art. 34 desta Lei, e somente poderão ser movimentados por ocasião da rescisão contratual.
ATENÇÃO - Os valores referentes a indenização compensatória serão depositados em conta
vinculada distinta e poderão ser movimentadas somente quando da rescisão contratual e, esse
valor poderá ser sacado pelo trabalhador ou pelo empregador, dependendo do motivo de rescisão

Quem são os beneficiários do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS)?


-Estão obrigatoriamente inserido no regime de FGTS, todos os empregados urbanos e rurais, assim
como os trabalhadores avulsos (equiparados a estes por previsão constitucional). Após a
publicação da EC 72/2013 e a lei complementar 150/2015, os empregados domésticos também
passaram a ser beneficiados pelo regime do fundo de garantia . Neste sentido prevê a lei 8036/90:
Art. 15 da lei 8036/90 - § 2º Considera-se trabalhador toda pessoa física que prestar serviços a
empregador, a locador ou tomador de mão-de-obra, excluídos os eventuais, os autônomos e os servidores
públicos civis e militares sujeitos a regime jurídico próprio. Art 15 da lei 8036/90 - § 3º Os trabalhadores
domésticos poderão ter acesso ao regime do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei.
Art. 7 da CF/88 - XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso (legislação buscou equiparar os trabalhadores avulsos).
ATENÇÃO - Portanto, da análise dos artigos, não têm direito ao FGTS, os trabalhadores eventuais e
autônomos, assim como os servidores públicos civis e militares sujeitos a regime jurídico próprio.
-Também temos como beneficiária do regime de FGTS, a mãe social. A mãe social nada mais é do
que aquela pessoa que dedica-se à assistência ao menor abandonado, que venha a exercer
respectivo encargo social dentro do sistema de casa-lares. A finalidade da mãe social é
proporcionar condições familiares ideais ao menor abandonado de desenvolvimento e
reintegração social. Respectiva mãe social é regulada pela lei 7644/1987, e o seu enquadramento
como beneficiária do regime de FGTS encontra-se prevista no art. 5, inciso VIII da CF/88:
Art. 1º lei 7644/1987- As instituições sem finalidade lucrativa, ou de utilidade pública de assistência ao menor
abandonado, e que funcionem pelo sistema de casas-lares, utilizarão mães sociais visando a propiciar ao menor as
condições familiares ideais ao seu desenvolvimento e reintegração social.
Art. 2º lei 7644/1987 - Considera-se mãe social, para efeito desta Lei, aquela que, dedicando-se à assistência ao menor
abandonado, exerça o encargo em nível social, dentro do sistema de casas-lares.”
Art. 5º - À mãe social ficam assegurados os seguintes direitos: VIII - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou
indenização, nos termos da legislação pertinente.
-Antes de acabarmos o tópico a respeito dos beneficiários do FGTS, é pertinente uma última
observação a respeito da concessão do FGTS aos diretores não empregados. Nos termos do art.
16 da lei 8036/90, é facultado às empresas estenderem o FGTS aos diretores não empregados.
Respectiva previsibilidade trata-se de uma exceção a regra, porquanto, nesse caso específico, o
FGTS é devido não ao trabalhador, e sim ao diretor não subordinado (autônomo) de uma empresa.
Art. 16. da lei 8036/90 - Para efeito desta lei, as empresas sujeitas ao regime da legislação
trabalhista poderão equiparar seus diretores não empregados aos demais trabalhadores sujeitos
ao regime do FGTS. Considera-se diretor aquele que exerça cargo de administração previsto em
lei, estatuto ou contrato social, independente da denominação do cargo.
OBSERVAÇÃO - Para a caracterização do indivíduo como diretor não empregado, este
deve (I) ter efetivo poder de mando; e (II) participar do risco econômico.
INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA CALCULADA EM BASE AO FGTS
-Conforme o aprendido nos primórdios do nosso estudo em direito do trabalho, compreendemos
que na relação empregatícia vigoram inúmeros princípios que buscam proteger o empregado em
face do seu contrato de trabalho firmado com o empregador. São vários os princípios que regem a
relação trabalhista, dentre eles o mais importante para o nosso estudo é o da continuidade da
relação empregatícia. Respectivo princípio defende que as relações de trabalho devem ser
formados por prazo indeterminado e excepcionalmente de forma temporária, com o objetivo de
garantir uma estabilidade profissional e financeira tanto ao empregado como ao empregador.
-Não obstante, o princípio da continuidade da relação empregatícia não é absoluto na legislação
trabalhista brasileira, isso significa dizer que existem algumas hipóteses em que esse contrato de
trabalho pode ser extinto. Respectivas hipóteses, de forma altamente resumida para o nosso
estudo, podem ser classificadas em três tipos (I) despedida sem justa causa (II) despedida com
justa causa (III) despedida por culpa recíproca. Abaixo segue um quadro analisando cada uma:

(I) Despedida sem justa causa = É o rompimento do contrato de trabalho por iniciativa do empregador
sem que o trabalhador tenha cometido alguma falta grave, ou dado motivo, ou seja, é uma demissão por
uma causa que não encontra-se tipificada em lei.
-As despedidas sem justa causa resultam ao empregador o pagamento de indenização compensatória.
Respectiva indenização compensatória será calculada no valor de 40% dos valores depositados pelo
empregador no fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) do empregado. Neste sentido prevê a lei:
Art. 18 da lei 8036/90 - Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará
este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos
referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem
prejuízo das cominações legais. § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa,
depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do
montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho,
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.

(II) Despedida com justa causa = É o rompimento do contrato de trabalho por iniciativa do empregador,
tendo como motivo a falta cometida pelo empregado. Respectivas faltas estão previstas em um rol
taxativo do art 482 da CLT, bastando a sua concretização para a formação da justa causa .
-As despedidas com justa causa não ensejam o pagamento de indenização compensatória.

(III) Despedida por culpa recíproca = É o rompimento do contrato de trabalho caracterizado pela
evidência de atos faltosos de ambos os sujeitos da relação de emprego. Somente o judiciário pode
certificar a existência de culpa recíproca, conforme o art 484 da CLT:
Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de
trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
Art. 18. § 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do
Trabalho, o percentual de que trata o § 1º será de 20 (vinte) por cento.
Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador,
e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente.

SITUAÇÕES PERMISSIVAS DE MOVIMENTAÇÃO DO FGTS:


-O fundo de garantia do tempo de serviço ou FGTS, apenas pode ser movimentado/sacado quando
concretizada algumas das hipóteses/situações previstas na legislação. Respectivas hipóteses são
taxativas (numerus clausus) e encontram-se previstas nos incisos do art. 20 da lei 8036/90:
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações:
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; (A despedida sem
justa causa é aquela realizada pelo empregador em virtude de uma causa não tipificada no art 482 da CLT-
conforme o visto acima, respectiva despedida para além de ensejar o pagamento de indenização
compensatória, também permite a movimentação dos valores depositados no FGTS // A despedida indireta
é aquela realizada pelo empregado em virtude de justa causa praticada pelo empregador nos termos do art
483 da CLT // Especificamente no que tange à rescisão contratual decorrente de motivo de força maior, a
CLT prevê no art 502 que, ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa, ou de
um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, será assegurada a este, quando despedido, uma
indenização na forma do supracitado artigo, que será distinta em se tratando de trabalhador estável, não
estável e com contrato por prazo determinado. para além disso será permitida a movimentação do FGTS)
II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências,
supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art.
19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique
rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o
caso, por decisão judicial transitada em julgado; (As situações acima apresentadas apenas permitirão a
movimentação dos valores depositados no FGTS se elas implicaram na rescisão do contrato de trabalho).
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; (Auto-explicativo com a leitura do inciso)
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a
Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de
dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil,
indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou
arrolamento; ( Auto-explicativo com a leitura do inciso - pouco explorado pela professora)
V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do
Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de
trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas diferentes; b) o valor bloqueado seja
utilizado, no mínimo, durante o prazo de 12 (doze) meses; c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80
(oitenta) por cento do montante da prestação; ( Os requisitos de “a”, “b” e “c” são cumulativos)
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento imobiliário, observadas as
condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja concedido no
âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação;( Auto-explicativo)
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse
social não construído, observadas as seguintes condições: a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3
(três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas diferentes; b) seja a
operação financiável nas condições vigentes para o SFH;( Auto-explicativo)
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos fora do regime do FGTS;
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários:
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por
declaração do sindicato representativo da categoria profissional.
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna.
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro
de 1976, permitida a utilização máxima de 50 % (cinqüenta por cento) do saldo existente e disponível em
sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção.
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV;
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de
doença grave, nos termos do regulamento;
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos.
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em
regulamento, observadas as seguintes condições: a) o trabalhador deverá ser residente em áreas
comprovadamente atingidas de Município ou do Distrito Federal em situação de emergência ou em estado
de calamidade pública, formalmente reconhecidos pelo Governo Federal; b) a solicitação de movimentação
da conta vinculada será admitida até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconhecimento, pelo
Governo Federal, da situação de emergência ou de estado de calamidade pública; e c) o valor máximo do
saque da conta vinculada será definido na forma do regulamento.
XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5o desta
Lei, permitida a utilização máxima de 30% do saldo existente e disponível na data em que exercer a opção.
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para
promoção de acessibilidade e de inclusão social.
XIX - pagamento total ou parcial do preço de aquisição de imóveis da União inscritos em regime de
ocupação ou aforamento, a que se referem o art. 4o da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de 2015, e o art.
16-A da Lei no 9.636, de 1998, respectivamente, observadas as seguintes condições: a) o mutuário deverá
contar com o mínimo de três anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas
diferentes; b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o Sistema Financeiro da Habitação
(SFH) ou ainda por intermédio de parcelamento efetuado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU),
mediante a contratação da Caixa Econômica Federal como agente financeiro dos contratos de
parcelamento; c) sejam observadas as demais regras e condições estabelecidas para uso do FGTS.
XX - anualmente, no mês de aniversário do trabalhador, por meio da aplicação dos valores constantes do
Anexo desta Lei, observado o disposto no art. 20-D desta Lei;
XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for inferior a R$ 80,00 e não houver ocorrido depósitos ou
saques por, no mínimo, 1 ano, exceto na hipótese prevista no inciso I do § 5º do art. 13 desta Lei;
XXII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for, nos termos do regulamento, pessoa
com doença rara, consideradas doenças raras aquelas assim reconhecidas pelo Ministério da Saúde, que
apresentará, em seu sítio na internet, a relação atualizada dessas doenças.

SISTEMÁTICA DE SAQUE DO (FGTS):


-O fundo de garantia por tempo de serviço, em conformidade com o previsto pela legislação, pode
ser sacado de duas formas: (I)Saque rescisão ou (II)Saque aniversário. Neste sentido prevê a lei:
Art. 20-A da lei 8036 - O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito a somente uma das seguintes
sistemáticas de saque: I - saque-rescisão; ou II - saque-aniversário.
§ 1º Todas as contas do mesmo titular estarão sujeitas à mesma sistemática de saque.
§ 2º São aplicáveis às sistemáticas de saque de que trata o caput deste artigo as seguintes situações de
movimentação de conta: I - para a sistemática de saque-rescisão, as previstas no art. 20 desta Lei, à exceção da
estabelecida no inciso XX do caput do referido artigo; e II - para a sistemática de saque-aniversário, as previstas
no art. 20 desta Lei, à exceção das estabelecidas nos incisos I, I- A, II, IX e X do caput do referido artigo.
-Busca aprofundar um ponto com pesquisa e estudo!

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