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O que são direitos trabalhistas

Direitos trabalhistas são leis e regras que regem a relação entre empregados e
empregadores.
São os direitos trabalhistas que regulamentam a relação trabalhista para que a
empresa e o próprio colaborador tenham conhecimento sobre suas obrigações
e deveres, evitando processos trabalhistas e multas.
Podemos destacar dentre os direitos trabalhistas o 13º salário, férias, hora
extra, FGTS, adicional noturno, seguro desemprego, entre outros.

CLT: breve histórico


Os direitos trabalhistas no Brasil surgiram com a criação da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), em 1943, através do decreto 5.452. A legislação foi
instituída por Getúlio Vargas, Presidente da República na época.
As leis surgiram principalmente pelo crescimento no número de trabalhadores e
pelo aumento das exigências por parte desses profissionais.
É bom lembrar que esses direitos valem apenas para os colaboradores que
atuam no regime CLT, isto é, com carteira de trabalho assinada. Quem não
possui vínculo empregatício não está contemplado pelos principais direitos
trabalhistas.
Qual é a importância dos direitos trabalhistas?
Os direitos trabalhistas garantem um equilíbrio na relação entre empregador e
empregado e é por isso que eles são muito relevantes para ambas as partes.
Confira a importância dos direitos trabalhistas:
Para a empresa
Para as empresas os direitos trabalhistas servem como um alicerce, e funciona
como uma base para que elas mantenham sua relação com os colaboradores
de forma regularizada.
Os direitos trabalhistas são também um suporte para evitar processos
trabalhistas ou o pagamento de multas. Isso, já que a empresa saberá
exatamente como lidar, legalmente, com seus colaboradores ou mesmo como
calcular direitos trabalhistas.
Além disso, empresas que cumprem as regras trabalhistas têm maior facilidade
de criar um laço de confiança com seus empregados, potencializando o
engajamento e a produtividade.
Para os colaboradores
A legislação trabalhista, em relação aos colaboradores, é essencial quando o
assunto é a proteção dos próprios direitos. Com os direitos trabalhistas, os
colaboradores possuem amparo diante de algumas situações.
Seja no momento de tirar férias, que serão remuneradas, nos casos de horas
extras, que serão pagas, recebimento do seguro desemprego, em caso
de demissões sem justa causa, entre outras situações.
Conheça alguns direitos trabalhistas
Confira quais são os principais direitos trabalhistas garantidos pela CLT aos
colaboradores:
13º salário
O 13º salário é um pagamento extra que todos os colaboradores incluídos no
regime CLT recebem anualmente. Ele costuma ser pago em uma ou duas
parcelas, o que pode variar de empresa para empresa.
Algumas realizam o pagamento do décimo de forma adiantada , seja nas férias do
trabalhador ou no mês de aniversário do colaborador. O que não é permitido é
perder o prazo para o pagamento do 13° salário ou não realizar esse repasse
para o trabalhador.
No caso das empresas que parcelam o 13º salário, a primeira parte deve ser
paga até o mês de novembro e a segunda deve ser quitada até dia 20 de
dezembro.
Segundo a regra dos direitos trabalhistas, o cálculo desse benefício é bem
simples. Se o colaborador trabalhou os 12 meses do ano, ele tem direito ao
valor integral do 13º salário. Porém, se ele trabalhou menos meses, o
pagamento deverá ser proporcional ao tempo trabalhado.
FGTS
Todos os meses as empresas têm por obrigação, perante os direitos
trabalhistas, depositar 8% do salário bruto do colaborador no chamado Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Esse valor serve como um resguardo ao profissional que venha a ser demitido
sem justa causa, já que automaticamente ele adquire o direito de sacar
integralmente esse valor que foi depositado.
Existem outros casos em que o FGTS pode ser sacado, confira alguns deles:
 Doença grave ou terminal;
 Financiamento de imóveis;
 Morte do colaborador;
 Aposentadoria;
 Caso a empresa decrete falência.

Hora extra
As horas extras estão previstas no artigo 59 da CLT e como próprio nome diz
são períodos em que o colaborador trabalha além da sua jornada de trabalho.
Pela lei, a jornada de trabalho não pode ultrapassar 44 horas semanais.
Segundo os direitos trabalhistas, é permitido que o profissional exerça no
máximo 2 horas extras diariamente. É primordial também que esse acordo, em
torno da hora extra, esteja previamente definido entre a empresa e colaborador
ou em convenção coletiva.
Sobre o valor da hora extra, é importante saber que ele ultrapassa o da hora
normal de trabalho. Antes da reforma trabalhista o valor da hora extra era 20%
a mais do valor da hora normal, mas atualmente o acréscimo é de 50%,
considerando dias úteis.
Em finais de semana e feriados esse acréscimo é de 100% sobre o valor
normal da hora.
Confira a seguir um exemplo de cálculo de direitos trabalhistas quando o
assunto é hora extra.
Exemplo:
Salário: R$ 2000,00
Horas trabalhadas: 44h por semana (220h no mês)
Valor ganho por hora: R$ 2000,00 / 220 = R$ 9,09 por hora trabalhada
Hora extra: R$ 9,09 x 50% = R$ 4,54
Valor da hora extra: R$ 9,09 x R$ 4,54 = R$ 13,63
Adicional noturno
O adicional noturno é citado no artigo 73 da CLT e faz referência a um
benefício para os colaboradores que trabalham entre 22h e 5h. Quem exerce
sua função nesse período tem o direito de receber um valor adicional de 20%
na hora diurna.
Já o trabalhador rural, que atua na lavoura, tem direito a um valor adicional de
25% e considera-se o horário de adicional noturno entre 21h e 5h.
Os colaboradores da área pecuária, que trabalham entre 20h e 4h, também
têm direito a receber um adicional de 25%.

Exemplo:
Salário: R$ 2000,00
Horas trabalhadas: 44h por semana (220h no mês)
Valor ganho por hora: R$ 2000,00 / 220 = R$ 9,09 por hora trabalhada
Hora extra: R$ 9,09 x 25% = R$ 2,27
Valor da hora extra: R$ 9,09 x R$ 2,27 = R$ 11,36
Licença maternidade
A licença maternidade é um período de ausência concedido às mulheres que
se tornaram mães. Por no mínimo 120 dias a colaboradora tem o direito de
estar junto ao seu bebê, sem ter nenhuma perda de seus direitos trabalhistas,
inclusive de salário.
O tempo de afastamento pode chegar a 180 dias caso a empresa participe
do Programa Empresa Cidadã, que oferece incentivos fiscais para quem o
adota.
É importante, no entanto, diferenciar a licença maternidade do salário
maternidade. A licença maternidade se explica como o período em que a
colaboradora fica afastada e o salário maternidade é um valor financeiro que a
mulher recebe durante o período de ausência.
Outra questão importante neste sentido é que as mulheres grávidas não podem
ser demitidas sem justa causa e possuem uma estabilidade de até 5 meses
após o nascimento do bebê. Ou seja, não podem ser dispensadas durante
esse período.
Férias
Todo colaborador, que trabalha no regime CLT, e que cumpriu 12 meses de
trabalho, o chamado período aquisitivo, tem o direito de ter 30 dias
de férias remuneradas, segundo o artigo 129 e 130 do regime trabalhista.
Após o cumprimento dos 12 meses de trabalho, a empresa pode conceder as
férias durante o período concessivo, que se refere aos 12 meses posteriores.
As férias podem ser divididas em três períodos, sendo que um desses períodos
deve ser maior que 14 dias e outro dois devem ter no mínimo 5 dias. Além
disso, as férias não podem começar antes de um descanso semanal ou que
antecedem dois dias de um feriado.
Seguro desemprego
O benefício do seguro desemprego é um dos direitos trabalhistas oferecidos
aos colaboradores que são demitidos sem justa causa ou em casos
de rescisão indireta, que ocorre quando a demissão é acarretada por alguma
ação do empregador.
O seguro desemprego é visto como um auxílio financeiro temporário para que
esse trabalhador consiga manter seu padrão de vida enquanto procura uma
nova ocupação. Esse benefício é citado na Lei nº 7.998/90.
Quem adquire esse benefício recebe uma parcela mensal, por 3 a 5 meses,
com um valor que é definido com base nos 3 últimos salários do colaborador. O
número de parcelas é calculado de acordo com o tempo em que o colaborador
ficou empregado.
A cada 6 meses de trabalho o profissional recebe três parcelas, com 12 meses
recebe 4 parcelas e a cada 24 meses recebe 5 parcelas. A parcela considera
também, para os seus reajustes, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC).
Atualmente podemos considerar:
 Colaboradores com renda até R$1.858,18 – É feita uma multiplicação
do salário médio por 0,8.
 Colaboradores com renda entre R$1.858,18 e R$3.097,26 – No valor
que excede de R$1.858,17 é feita uma multiplicação 0,5, e se acresce
R$1.486,53.
 Colaboradores que recebem mais de R$3.097,26 – Recebem, sem
variação, R$2.106,08.
O que mudou com a reforma trabalhista (2017)?
Em 2017 houve uma reforma trabalhista onde diversos pontos da CLT sofreram
ajustes. Essas mudanças ocorreram com a intenção de facilitar a relação entre
os colaboradores e as empresas. Conheça algumas das principais alterações.
Jornada de trabalho
Os direitos trabalhistas previam uma jornada 12×36 (12 horas de trabalho e 36
horas de descanso) se houvesse acordo coletivo.
Contudo, com a reforma trabalhista se tornou possível acordos individuais
nessa negociação, eliminado a necessidade do sindicato para essa tomada de
decisão.
A jornada parcial também sofreu alterações e abriu possibilidade para um
aumento de trabalho de 25 horas semanais para 26 horas, com possibilidade
de 6 horas extras. Se isso for acordado, a empresa precisará fazer um
adicional de 50%.
Outra mudança é que a partir da reforma a jornada parcial pode ser de até 30
horas, sem considerar hora extra.
Rescisão de contrato
O surgimento da modalidade “demissão consensual” foi a principal mudança
que a reforma trabalhista trouxe nas rescisões de contrato.
A demissão consensual funciona como um acordo entre o empregador e
empregado, que não se caracteriza nem como um pedido de demissão nem
como uma demissão sem justa causa.
Nesse caso há um acordo entre as partes e, diferentemente da demissão sem
justa causa, as regras são as seguintes:
 O profissional não tem direito de receber o seguro-desemprego;
 A empresa pagará 20% da rescisão sobre o FGTS e 50% do aviso
prévio (15 dias);
 O colaborador só pode sacar 80% do FGTS e 50% do valor da multa, ao
invés dos 100% que é previsto na demissão sem justa causa;
A homologação da rescisão de contrato também sofreu mudanças nos direitos
trabalhistas, como previsto pelo artigo 477-A da CLT, que diz que: “não há a
necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação”.

Fracionamento do período de férias


A reforma trabalhista passou a permitir um fracionamento das férias em três
períodos. Isso quer dizer que o empregado e empregador tem o direito de
fragmentar essa ausência, para que não seja de 30 dias consecutivos.
A partir da reforma, as férias podem ser fracionadas da seguinte forma:
 Um período com no mínimo 14 dias;
 Os outros dois períodos não podem ter menos de 5 dias;
Além disso, as férias não podem começar dois dias antes do descanso
semanal ou de feriados. Assim sendo, se o colaborador tem seu descanso
semanal no final de semana, suas férias necessariamente precisam começar
antes de quinta-feira.
Home office
Antes considerado como um trabalho informal, o home office ou
teletrabalho passou a integrar os direitos trabalhistas com a implantação da
nova reforma. Ele se denomina com serviços realizados fora das dependências
do empregador, conforme artigo 75-A da CLT.
A oficialização da rotina nesse caso precisa ser formalizada entre empresa e
colaborador, uma vez que permite uma rotina de trabalho por demanda e não
necessariamente requer a obrigatoriedade da jornada diária completa.
Eventuais reuniões ou idas à empresa para alguma atuação específica não
descaracteriza o regime de home office/ teletrabalho.
Outro ponto importante é que no novo contrato de trabalho, que prevê o home
office, deve constar quem deverá arcar com despesas de equipamentos e
tecnologias e de quem é a responsabilidade de cessão de cada item para o
desempenho das funções.
Pausa para refeição
As regras de pausa para a refeição também foram modificadas com a reforma
trabalhista de 2017. Entre as principais mudanças podemos destacar a multa,
que ocorre em caso de descumprimento da lei, e a possibilidade de redução do
tempo para esta pausa.
A nova Lei Federal 13.467/17 prevê que essa pausa para refeição pode ser
reduzida de uma hora para 30 minutos. Essa alteração precisa ser acordada
previamente entre empregado e empregador ou em convenção coletiva.
A lei autoriza também, caso haja acordo, que esses colaboradores que tiverem
uma redução na pausa de refeição, possam sair mais cedo do trabalho.
Porém, se essa redução de pausa de refeição for feita de forma
despretensiosa, sem aviso ou negociação coletiva ou com o colaborador, a
empresa pode ser multada, conforme destaca o artigo 71 da CLT, que prevê
“um acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.”
Lei para gestantes e lactantes
A lei para gestantes e lactantes sofreu mudanças relevantes com o surgimento
da nova reforma trabalhista. A principal delas é permitir o trabalho dessas
mulheres em locais com insalubridade em grau máximo, como indica o artigo
394-A da CLT.
Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do adicional de
insalubridade, a empregada deverá ser afastada de:
I – atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação;
Apesar dessa mudança, o adicional de insalubridade está mantido, mesmo que
haja afastamento do local insalubre. Já que, segundo a lei, não deve haver
prejuízo na remuneração.
Outro ponto a se destacar, e que não ocorria anteriormente, é que a gestante
pode avisar o empregador sobre a gravidez, em caso de demissão sem justa
causa, no período do aviso prévio.
Se isso ocorrer, caso ela tenha descoberto a gravidez apenas nesse período
do aviso prévio, a demissão é invalidada, já que as grávidas possuem o direito
à estabilidade.
Direitos trabalhistas: o que mudou com a pandemia de
COVID-19?
Em 2020, devido a pandemia de COVID-19 o governo brasileiro oficializou
algumas ações para conter as demissões e diminuir os impactos na economia.
Muitos desses ajustes afetaram diretamente os direitos trabalhistas na
pandemia.
Apesar de terem vigorado apenas em 2021, em 2022, algumas Medidas
Provisórias não estão mais em regência.
Apesar disso, a MP 1109, que determina as regras trabalhistas durante um
período de estado de calamidade pública, foi aprovada pelo Plenário e segue
para a promulgação.
Quais direitos trabalhistas estão garantidos no home
office?
Com a reforma trabalhista, o teletrabalho foi regulamentado, como citado
anteriormente. Aqui, é necessário ressaltar que no caso das empresas que
migraram para o home office por conta da pandemia, os colaboradores já
atuavam no regime celetista, portanto, possuem seus direitos trabalhistas
mantidos, já que não houve alteração no contrato para a modalidade de
teletrabalho.
Nesses casos foram mantidos direitos como:
 Férias;
 13º salário;
 FGTS;
 Horas extras;
Porém, benefícios como VR e VA dependem da decisão de cada empresa.
É fundamental, entretanto, que todos os detalhes desse acordo, como o
cumprimento de tarefas, atividades a serem desempenhadas e outros detalhes
sejam previamente explicados aos colaboradores. O ideal é que todos os
detalhes estejam previstos na política interna da empresa.
Há que se destacar também que alguns especialistas em direito do trabalho,
aconselham que seja realizado um aditivo no contrato de trabalho informando
sobre as particularidades do home office. O ideal é que a empresa consulte
uma assessoria jurídica para manter-se em conformidade com as leis.
O que diz os direitos trabalhistas sobre o controle de
ponto?
Estabelecimentos com mais de 20 funcionários têm por obrigação computar os
horários de entrada e saída de seus colaboradores. O artigo 74, inciso 2, prevê,
dentro dos direitos trabalhistas da CLT, a obrigatoriedade do controle de
ponto.
“§ 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória
a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico,
conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso. (Redação
dada pela Lei nº 13.874, de 2019)”
Como citado acima, esse registro pode ser realizado em registro manual,
mecânico ou eletrônico.
No entanto, com a evolução tecnológica dos RHs a automatização do controle
de ponto tornou-se realidade, principalmente por facilitar esse processo, que já
foi considerado com um dos mais complicados e burocráticos das
organizações.
Qual é a importância do controle de ponto?
O controle de ponto é essencial numa relação trabalhista transparente entre
empregado e empregador. Na gestão de pessoas é ele que permite uma maior
assertividade no controle de jornada.
Isso porque é com ele que a empresa pode gerir de perto situações de faltas,
atrasos e do próprio absenteísmo. Além disso, o controle de ponto pode
resguardar a empresa em possíveis processos trabalhistas.
Por esse motivo inclusive é fundamental ter um sistema que te ofereça
segurança, menor chance de erros e maior assertividade no controle de
entradas e saídas.
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Conclusão
Ao longo deste conteúdo foi destacada a importância de todos os direitos
trabalhistas tanto para os empregados como para os empregadores. Cada
detalhe precisa ser de conhecimento das duas partes para que as regras da
CLT sejam cumpridas.
Com a nova reforma trabalhista, de 2017, outros pontos foram acrescentados
aos direitos trabalhistas e que se somaram à legislação.
Foram citados alguns desses itens neste conteúdo para auxiliar os gestores e o
RH numa gestão de pessoas mais eficiente e segura. Evitando possíveis
processos trabalhistas ou o pagamento de multas pelo descumprimento dos
direitos trabalhistas.

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