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COMO CALCULAR UMA RESCISÃO NO MODELO

DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA

Modelo demissão sem justa causa, é a rescisão feita


quando o Empregador dispensa o funcionário.

Direitos do trabalhador na demissão sem justa


causa
O processo de demissão de funcionários segue uma estrutura muito parecida
para os diferentes tipos de demissão. As mudanças dizem respeito, sobretudo
àquilo o que o trabalhador tem ou não de direito.

Como você sabe, uma demissão por justa causa nos leva a uma lista de direitos
bem reduzida se comparada com a da dispensa sem justa causa, que segue
abaixo. Veja:

 Aviso prévio

Em uma demissão sem justa causa, o trabalhador tem direito de ser avisado de
seu desligamento com 30 dias de antecedência. Na prática, após decidir pelo
encerramento do contrato, o empregador deve permitir que o trabalhador siga
na empresa por 30 dias ou mais, a depender do seu tempo de casa.

Se há o desejo de que o trabalhador não siga por esse período na empresa, a


alternativa é indenizá-lo para manter seu direito à estabilidade enquanto busca
por um novo emprego;

 Saldo de salário

O funcionário demitido tem direito de receber um salário proporcional à


quantidade de dias trabalhados até a sua demissão. Na hora do cálculo, cabe ao
Departamento Pessoal (DP) contabilizar corretamente esses dias para que o
número seja multiplicado pelo resultado da divisão do salário por 30 dias;

 Salários atrasados, caso existam;


 Salário família proporcional aos dias trabalhados ― benefício pago
somente a funcionários de baixa renda conforme tabela divulgada pelo
Governo Federal;
 Décimo terceiro proporcional
O cálculo do 13° salário é proporcional sobre os meses em que o funcionário
trabalhou por mais de 14 dias, sendo que cada mês é equivalente a 1/12 do valor
total. Para chegar à quantia devida, o DP deve considerar quantos meses foram
trabalhados desde o último pagamento feito;

 Férias vencidas

É o artigo 129 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que garante o direito
à férias para o trabalhador. O texto diz o seguinte: “Todo empregado terá direito
anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração”.

Assim sendo, se o funcionário no processo de demissão sem justa causa tiver


trabalhado por mais de 12 meses, conquistando seu direito às férias, mas sem
tê-la desfrutado, deve receber o valor devido. Um cálculo que considera o
acréscimo do 1/3 constitucional.

Com isso em mente, é por bem ressaltar que se as férias tiverem vencido há
mais de 12 meses, o trabalhador demitido tem direito ao dobro do valor devido;

 Férias proporcionais

Se não houver férias vencidas, o funcionário ainda tem direito a receber um


pagamento proporcional pelos dias trabalhados, incluindo o valor do 1/3
determinado pela Constituição;

 Banco de horas ou horas extras

Caso a empresa tenha optado pelo regime do banco de horas, é possível que o
trabalhador passando pela demissão sem justa causa tenha saldo positivo. Com
o encerramento do contrato, não há tempo para que uma compensação seja
feita, o que faz com que o empregador deva pagar um valor adicional pelas horas
trabalhadas.

O cálculo deve considerar a mesma regra de valor estipulada para as horas


extras. É o artigo 58-A da CLT que determina que “as horas suplementares à
duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal”.

Sabendo disso, é natural inferir que se a empresa adota o regime de horas extras,
também precisa fazer o pagamento devido;

 FGTS e multa de 40%

Em caso de demissão sem justa causa, o trabalhador tem direito ao saque do


FGTS que foi depositado na Caixa Econômica Federal. Além disso, tem direito a
uma indenização de 40% do valor depositado na conta do FGTS durante a
vigência do contrato de trabalho;
 Seguro desemprego, caso o funcionário tenha trabalhado por mais
de seis meses;

Os cálculos das verbas rescisórias


A lista dos direitos do trabalhador demitido sem justa causa nos leva a alguns
cálculos que o DP precisa fazer para garantir o acerto correto em razão da
rescisão do contrato. Vamos passar por alguns deles de forma simples, apenas
para esclarecer eventuais dúvidas:

 Aviso prévio indenizado

Caso a empresa opte por pagar a indenização e não ter o funcionário durante o
período do aviso prévio, o DP precisa saber como calcular a verba devida.

A saber, essa verba inclui o salário bruto, adicionais como o noturno ou o de


periculosidade, comissões, descanso semanal remunerado, horas extras e
outros. Com isso o cálculo do aviso prévio indenizado deve considerar:

1. Valor do aviso prévio;


2. 13° salário proporcional;
3. Férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional;
4. Multa de 40% do FGTS.

 Saldo de salário

Suponhamos que Rodnei receba um salário de R$ 1950 e tenha trabalhado por


14 dias até a sua demissão sem justa causa. O cálculo deve ser feito da seguinte
forma:

(Salário/30) x n° de dias trabalhados =


(R$ 1950/30) x 14 =
R$ 65 x 14 =
R$ 910

 Décimo terceiro

Agora, vamos supor que Rodnei tenha sido contratado em abril e tenha
permanecido na empresa por seis meses. O cálculo do 13° proporcional deve ser
feito assim:

(Salário/12) x 6 =
(R$ 1950/12) x 6 =
R$ 162,50 x 6 =
R$ 975,00
É importante ter em mente que o cálculo pode ser preciso considerar adicionais
e horas extras. Além disso, é preciso saber como calcular os descontos de INSS
e IRRF que são aplicados apenas na segunda parcela da verba.

Por tudo isso, recomendamos que você confira nosso post especial sobre como
calcular o décimo terceiro salário.

 Férias proporcionais

Resgatemos o exemplo de Rodnei cujo salário era de R$ 1950 e que trabalhou


por sete meses antes de passar por uma demissão sem justa causa. É o artigo
147 da CLT que garante ao trabalhador que atuou por menos de 12 meses o
direito ao recebimento da verba.

Para fazer o cálculo das férias proporcionais, o DP deve considerar a média


mensal dos últimos 12 meses (ou menos, como no caso de Rodnei) trabalhados.
A cada mês, o funcionário tem direito a 1/12 das férias, o que faz com que Rodnei
tenha direito a 6/12.

Essa fração correspondente ao tempo de trabalho deve ser multiplicada por 30


para levar ao número proporcional de dias que serve como base para a definição
do valor devido. Assim, seguindo o exemplo de Rodnei, temos:

(6/12) x 30 =
0,5 x 30 =
15 dias

É importante lembrar que o 1/3 constitucional deve ser acrescido ao valor. Além
disso, é necessário observar se o trabalhador em questão realmente teria direito
aos 30 dias de férias. É o artigo 130 da CLT que determina a seguinte proporção:

30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de cinco vezes;

24 dias corridos, quando houver tido de seis a 14 faltas injustificadas;

18 dias corridos, quando houver tido de 15 a 23 faltas injustificadas;

12 dias corridos, quando houver tido de 24 a 32 faltas injustificadas.

 Banco de horas ou horas extras

Calcular horas extras pode ser desafiador. Como já mencionado, elas valem
pelo menos 50% a mais que as horas normais de trabalho e, para não cometer
erros, o ideal é que o DP conte com um bom sistema de controle de jornada.

Suponhamos que Rodnei trabalhe 220 horas por mês. Com salário de R$ 1950,
sua hora normal de trabalho vale R$ 8,86. Já a hora extra vale:

R$ 8,86 + 50% =
R$ 17,73
Sabendo do valor da hora na jornada extraordinária, o DP deve verificar
quantas horas extras o trabalhador tem em aberto, ou seja, não compensadas
ou não pagas. Digamos que Rodnei tenha feito 28 horas extras no mês de sua
demissão sem justa causa. O que temos é o seguinte:

R$ 17,73 x 22 =
R$ 496,44

Note que este é um exemplo de cálculo de horas extras comum. Caso o


trabalhador tenha atuado no turno da noite enquanto cumpria sua jornada
extraordinária, é preciso considerar ainda o valor do adicional noturno.

Prazo para pagamento das verbas


Com os cálculos devidamente feitos e os valores devidos definidos, o Financeiro
da empresa precisa encaminhar o pagamento das verbas rescisórias ao
trabalhador.

Seja no processo de demissão sem justa causa ou em qualquer outro tipo de


desligamento, a empresa tem até 10 dias após a rescisão do contrato para
concretizar o pagamento. Do contrário, pode ter que arcar com multas devidas
ao trabalhador lesado.

Outras burocracias do DP
Por fim, mas não menos importante, precisamos passar pela parte da papelada,
também entendida como a parte burocrática da qual o Departamento Pessoal
deve se encarregar.

É interessante destacar que, até antes da aprovação da lei n° 13.467, conhecida


como Reforma Trabalhista, a homologação era obrigatória. Sendo assim, quando
o funcionário demitido tinha mais de um ano de casa, sua rescisão contratual
precisava passar pelo crivo do sindicato da categoria.

Essa obrigação já não existe, a menos que a convenção coletiva de trabalho ou


o acordo coletivo da categoria determine que seja diferente. Em todo caso, em
um processo de demissão sem justa causa o DP deve providenciar:

 três vias do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT)

Este documento apresenta os dados pessoais do trabalhador, bem como os dados


básicos da empresa ― como nome fantasia, razão social e CNPJ. Além disso,
apresenta informações sobre o contrato, com a data de admissão e desligamento
do trabalhador, e o registro de todas as verbas pagas;

 extrato do FGTS;
 chave para o saque do FGTS;
 formulário do seguro desemprego;
 comprovante de pagamento da rescisão;
 comprovante de pagamento da multa rescisória (GRRF);
 Termo de Quitação.

Exame demissional
Assim como acontece no processo de admissão de novos funcionários, em razão
de uma rescisão de contrato, o Departamento Pessoal também precisa atuar para
que o trabalhador passe por uma avaliação médica.

O exame demissional tem por objetivo atestar a saúde do trabalhador para


assegurar que este não tenha nenhuma doença laboral ou outra condição que
resulte em garantia de estabilidade. Assim, a empresa pode ter a tranquilidade
de que o processo de demissão não abre brechas para uma eventual ação
trabalhista.

Baixa na carteira de trabalho


A demissão sem justa causa precisa ser registrada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS) do funcionário. Para tanto, basta ir até a página do
Contratos e preencher o campo “Data de Saída” que fica abaixo das informações
sobre a admissão do trabalhador.

A data a ser informada é a que coincide com o fim do aviso prévio. Quanto a isso,
vale destacar que segundo a lei n° 12.506, o aviso deve ter 30 dias para
funcionários com até um ano de casa. Para os demais, são acrescidos três dias
por cada ano trabalhado. Esse acréscimo, porém, pode ter até 60 dias, resultando
em um período de 90 dias de aviso.

Em seguida, é necessário que a empresa carimbe a página e assine no campo


“Ass. do empregador ou rogo c/ test”. Note que em momento algum é necessário
informar por quais motivos ou qual tipo de demissão ocasionou o fim do contrato.
Em verdade, essa informação deve ser evitada para não causar problemas
futuros ao trabalhador.

No fim das contas, as datas não coincidiram. E agora?


Se, por alguma exceção, o trabalhador tenha cumprido aviso por mais tempo do
que o prazo estimado e registrado na “Data de Saída”, é preciso preencher a
página de “Anotações Gerais” com os dizeres:

“Funcionário desligado com aviso indenizado, último dia efetivamente trabalhado


em (anote aqui a data do último dia que o empregado trabalhou de fato), com
projeção para (anote aqui o último dia da projeção do aviso do empregado) de
acordo com IN 15 de 14/07/2010”.
Novamente, faz-se necessário carimbar e assinar a página logo depois das
informações adicionadas.

Comprovante e devolução da CTPS


Com todos os dados atualizados, é hora de devolver a Carteira de Trab alho a seu
dono. Para tanto, o DP deve providenciar um comprovante de devolução da
CTPS que deve ser assinado pelo trabalhador no ato de devolução do
documento.

Pronto! Com isso, a demissão sem justa causa está devidamente concluída.
Tendo a segurança de que os dados que embasaram os cálculos da verba
rescisória estão corretos e de que todos os documentos foram devidamente
preenchidos e entregues, o DP pode dar por encerrado o processo em questão.

Fonte: Jornal Contábil.

Caso queiram aprender estas e outras coisas do DP, estou fazendo planos de
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para testar o formato e vê se atende aos que quiserem entrar.
Pensei inicialmente numa turma pequena para que eu possa dar atenção e tirar as
dúvidas. Seria quase uma consultoria.
Aceito sugestões.
Desde já agradeço a todos pela atenção.

Sugestões podem ser enviadas por direct no instagram

@fersouzaalves

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