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APRESENTAÇÃO
Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova,
então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!
Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos
dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase
da OAB e Concursos) e vamos juntos!
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Estatuto da Criança e do Adolescente
3 Nívea Gonçalves
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
1. INTRODUÇÃO:
▪ Vulnerável é a pessoa em desenvolvimento, ou seja, a criança e o adolescente.
▪ Antigamente, a criança era vista como objeto, como coisa, como propriedade dos pais.
o Época em que se tinha o comando do pater família, o comando do pai, o homem da casa,
que detinha o poder sobre o destino das crianças.
2. MOBILIZAÇÃO INTERNACIONAL:
▪ Documentos que impulsionaram o Estatuto da Criança e do Adolescente, através da
Constituição Federal de 1988:
a) Declaração de Genebra (1924)
b) Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (Paris, 1948)
c) Declaração dos Direitos da Criança (Sujeito de Direitos, 1959)
d) Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969).
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5. O COMEÇO DO FIM:
▪ Extinção da FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor) – Lei 8.029/90
o Modelo falido.
o Extinção da FUNABEM por ineficiência.
o Nasce a necessidade de instituições voltadas ao respeito, a pessoa do adolescente e da
criança.
▪ Constituição de 1988 (Constituição Cidadã), responsável pela mudança de paradigma
(democrática, cidadã e igualitária).
▪ Art. 227, CRFB/88 → Doutrina da Proteção Integral.
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5 Nívea Gonçalves
Art. 10, ECA. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo
prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e
da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências
do parto e do desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à
técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nascido serão disponibilizados pelo
Sistema Único de Saúde, no âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na
forma da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com implementação de forma
escalonada, de acordo com a seguinte ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
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Versa sob um sistema de garantias de direitos (direitos estes previstos nos documentos
internacionais de Direitos Humanos sobre a pessoa em desenvolvimento).
1. METAPRINCÍPIOS:
1.1. PROTEÇÃO INTEGRAL:
Prioridade absoluta à proteção, nos moldes do art. 227, CRFB/88 e artigos 4º e 100,
parágrafo único, inciso II, da Lei 8.069/90).
o Proteção integral à criança e ao adolescente > princípio da proteção integral.
o Criança é pessoa entre 0 e 12 anos de idade incompletos.
o Adolescente é pessoa entre 12 e 18 anos de idade incompletos.
Excepcionalmente, o ECA é aplicado às pessoas entre 18 e 21 anos de idade, tratando-se
de hipóteses de cumprimento de medidas socioeducativas.
o O ECA não abraçou a redução da maioridade civil, pois, tutela os indivíduos entre
18 e 21 anos de idade quando da prática do ato infracional.
o O indivíduo emancipado não possui maioridade penal, sendo inimputável em
razão da idade. Dessa forma, pode praticar ato infracional.
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8 Nívea Gonçalves
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS:
I. Direito à vida e à saúde (art. 7 ao 14, do ECA): A Lei 13.257/16, denominada Estatuto da
Primeira Infância, cuidou de ampliar o rol dos direitos da gestante, no art. 8º, do ECA.
o A atenção é voltada para a gestante porque o estatuto se preocupa com a criança.
o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe.
o A doutrina trata como primeira infância de 0 a 6 anos de idade, ou os primeiros 72 meses
de vida da criança.
o As mães empregadas têm direito, durante os seis primeiros meses, a dois descansos de
meia hora, cada um (art. 396, da CLT). E isso, não só as que pariram, mas as que adotaram
também.
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III. Direito à Convivência Familiar e comunitária (art. 19 ao 52-D, do ECA, e a Lei 12.509/17):
Promoção eficiente à proteção integral de crianças e adolescentes.
o Ele prioriza a convivência da criança ou adolescente com a família natural (pais
biológicos).
o A interpretação da Lei precisa atender ao superior interesse da criança ou adolescente,
sendo eficiente ao promover essa proteção.
o Família extensa ou ampliada são formadas pelos parentes da criança, que possuem
afinidade com a criança e do adolescente, como os tios e avós.
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IV. Direito à Educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (art. 53 ao 59, do ECA): A criança e o
adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes igualdade de
condições, direito de ser respeitado, direito de contestar critérios avaliativos, direito de
organização e participação, acesso à escola, etc.
o O princípio da reserva do possível não pode ser invocado de forma genérica.
o É dever das instituições de ensino, clubes e agremiações recreativas, assegurar medidas
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.
o É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental e o ensino
médio, obrigatório e gratuito, o atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, o atendimento em creche e pré-escola, oferta do ensino noturno regular,
etc.
- O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público importa
responsabilidade da autoridade competente.
o Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino.
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PODER FAMILIAR
Conjunto de direitos e deveres, atribuídos aos pais no que concerne a administração da garantia
dos direitos dos filhos menores.
CARACTERÍSTICAS:
a) É um poder irrenunciável, não podendo ser objeto de transação;
b) Indelegável;
c) Irrenunciável, não podendo ser transferido para outra pessoa;
d) Imprescritível, vez que, o poder familiar não prescreve pelo decurso do tempo ou não
exercício do poder;
e) O poder familiar é incompatível com o instituto da tutela, pois, para que um tutor seja
nomeado, é necessário que o poder familiar de um dos pais tenha sido destituído.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais
(obrigações recíprocas).
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser
resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos
da criança estabelecidos nesta Lei.
o Conjunto de direitos e deveres que tem por finalidade atender o superior interesse da
criança e do adolescente.
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14 Nívea Gonçalves
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.
o Não existindo outro motivo que autorize a decretação da medida, a criança ou adolescente
será mantido em sua família de origem, a qual deverá ser incluída em serviços e programas
oficiais de proteção, apoio e promoção, obrigatoriamente.
§2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. (alterado
pela Lei 13.715/18). → Perda do poder familiar (essa é uma exceção para o caso de crime doloso).
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder familiar serão decretadas judicialmente, em
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.
o Só pode ser por via judicial, por quem detenha legítimo interesse.
o O legitimado para propor a ação é o Ministério Público, entretanto, nas ações de perda ou
suspensão do poder familiar, cujo autor da ação está patrocinado por advogado, ou
assistido pela defensoria, o Ministério Público funciona como custus legis (fiscal da lei).
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15 Nívea Gonçalves
Art. 28, ECA. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,
independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
• A guarda e a tutela também são institutos do direito civil.
Art. 28, § 4º, ECA. Grupos de irmãos devem ser colocados na mesma família substituta, para evitar
o rompimento do vínculo com a família biológica. Caso sejam separados, é recomendado que eles
fiquem, pelo menos, na mesma localidade, para que tenham a possibilidade de se encontrar.
Art. 28, § 6º, ECA. Tratando-se de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade
remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I) que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos
fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II) que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a
membros da mesma etnia;
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16 Nívea Gonçalves
Art. 30, ECA. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização
judicial.
Art. 31, ECA. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente
admissível na modalidade de adoção.
É excepcional porque a preferência é que a criança ou adolescente seja colocado em família que
tenha a sua mesma cultura.
1) DA GUARDA:
▪ Prevista no art. 1.583 do CC/02, e art. 33 ao 35, do ECA.
▪ Serve para regularizar a posse de fato de criança e adolescente, num momento em que a
criança se encontra em situação de risco.
▪ Pode ter caráter provisório ou definitivo.
▪ Art. 33, ECA. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos
pais.
o Quem possui a guarda, tem o dever de proteger esses direitos.
o A guarda é compatível com o poder familiar exercido pelos pais.
o A guarda conferida a um terceiro não desonera os pais do dever de prestar alimentos.
o A guarda pode ser deferida de forma liminar ou incidental, em situações provisórias,
salvo em caso de adoção por estrangeiros.
o Para entender se uma adoção é nacional ou internacional, o marco será a residência
do adotante, ou seja, o país de acolhida (o país de acolhida, para onde a criança vai,
deve ter ratificada a Convenção de Haia).
▪ A guarda pode ser deferida fora dos casos de tutela e adoção, excepcionalmente, visando
atender situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis, sendo chamado
de guarda provisória.
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17 Nívea Gonçalves
2) DA TUTELA:
▪ É modalidade de colocação da criança ou adolescente em família substituta, em caso de
falecimento dos pais (extinção do poder familiar), destituição ou suspensão do poder familiar.
▪ A tutela engloba a guarda, já que o tutor possui a responsabilidade legal sobre o menor de
idade.
o Quem tem a tutela, tem a guarda, mas quem tem a guarda, não tem a tutela.
▪ Art. 36, ECA. A tutela será deferida a pessoa de até 18 anos incompletos.
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18 Nívea Gonçalves
3) DA ADOÇÃO:
▪ A adoção de menores de idade é regulada, exclusivamente, pelo ECA. Sendo assim, a competência
para presidir, julgar e sentenciar a adoção é do juiz da Vara de Infância e Juventude.
o O juiz da Vara de Família é incompetente para atuar em casos sobre menores.
o Adoção de maiores de idade pode ser regulada pelo Código Civil, junto às Varas de
Família.
▪ Atribui a condição de filho para todos os fins de direito, inclusive sucessórios, desligando-o
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
o Há o recomeço para àquela criança ou adolescente (novo registro civil, mudança de
prenome, nova ascendência, etc).
o Art. 41, do ECA.
▪ Última solução a ser buscada, por romper com um vínculo.
▪ Após o trânsito em julgado, em regra, é irrevogável,
o Há possibilidade de quebra dessa vedação, dessa irrevogabilidade, mas, em princípio, é
irrevogável para conceder segurança jurídica ao instituto.
▪ Art. 39, ECA. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
o Medida excepcional e irrevogável.
o Recorre-se à adoção apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa.
▪ É vedada a adoção por procuração, por ser um ato personalíssimo em todas as suas etapas.
▪ Prevalecem os direitos e os interesses do adotando.
▪ Art. 40, ECA. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo
se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
▪ A adoção unilateral se configura quando um dos cônjuges ou companheiros adota o filho do
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do
adotante e os respectivos parentes.
o Direito de sucessão recíproco adquirido.
▪ Requisitos objetivos para adoção (art. 42, ECA):
a) Maiores de idade (18 anos), independentemente do estado civil;
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21 Nívea Gonçalves
3.1. ADOÇÃO INTERNACIONAL: Não é aquela promovida por pessoas estrangeiras, mas por
pessoas que moram em outro país.
Não é a regra, é a exceção, pois, a regra é a adoção nacional.
Para que se complete, é necessário um período de adaptação → estágio de
convivência, que será analisada.
O país da acolhida deve ser signatário da Convenção de Haia.
O estágio de convivência é cumprido no Brasil.
Art. 51, § 1o, ECA. A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado (estabelece as
hipóteses de adoção internacional):
I) que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;
II) que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança
ou adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação,
certificada nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes
no Brasil com perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta
aos cadastros mencionados nesta Lei;
III) que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por
meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra
preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
Art. 51, § 2o, ECA. Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos
estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.
Art. 51, § 3o, ECA. Adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades
Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.
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22 Nívea Gonçalves
1) Carla, de 11 anos de idade, com os pais destituídos do poder familiar, cresce em entidade de
acolhimento institucional faz dois anos, sem nenhum interessado em sua adoção habilitado nos
cadastros nacional ou internacional. Sensibilizado com a situação da criança, um advogado, que já
possui três filhos, sendo um adotado, deseja acompanhar o desenvolvimento de Carla, auxiliando-a nos
estudos e, a fim de criar vínculos com sua família, levando-a para casa nos feriados e férias escolares.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de que forma o advogado conseguirá obter a
convivência temporária externa de Carla com sua família?
A) Acolhimento familiar.
B) Guarda estatutária.
C) Tutela.
D) Apadrinhamento.
2) Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos, chegam do interior com os pais, em busca de
melhores condições de vida para a família. Os três estão matriculados regularmente em
estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar para ajudar na renda da casa. Sobre as condições
em que os três irmãos conseguirão trabalhar formalmente, considerando os Direitos da Criança e do
Adolescente, assinale a afirmativa correta.
A) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo atividades
noturnas, perigosas ou insalubres.
B) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades noturnas,
perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.
C) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas ou
insalubres
D) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de
aprendizagem.
3) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o desejo de entregar Juliana, sua filha
recém-nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, após
ser atendida por uma assistente social e por uma psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do
defensor público e na presença do Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter
contato com sua família, que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o
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23 Nívea Gonçalves
4) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou a viver
em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era
quem diariamente cuidava de Théo, participando de todas as atividades escolares. Théo reconheceu
Leandro como pai.
Quando Beatriz e Leandro terminaram o relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade.
Leandro, atendendo a um pedido do adolescente, decide ingressar com ação de adoção unilateral do
infante. Beatriz discorda do pedido, sob o argumento de que a união estável está extinta e que não
mantém um bom relacionamento com Leandro. Considerando o Princípio do Superior Interesse da
Criança e do Adolescente e a Prioridade Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser
adotado por Leandro?
A) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
B) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a
convivência familiar de Théo.
C) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem ingressar
com ação de adoção unilateral.
D) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de Théo
com os pais.
5) Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos de idade. Ante o falecimento
precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua representante legal. De forma a prevenir o amparo
de Davi em razão de seu eventual falecimento, Ana pretende que, na sua ausência, seu irmão, João, seja
o tutor da criança. Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de
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24 Nívea Gonçalves
6) Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda judicial de Ana, que tem agora três
anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante, irmã de Maria, é usuária de crack e
soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais. Passados dois anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia
e a criança fica residindo com Maria. Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em
conjunto, ainda que divorciados, assinale a afirmativa correta.
A) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
B) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou
compartilhada) e à visitação de Ana.
C) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
D) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.
GABARITO
1) D 2) A 3) B 4) D 5) B 6) B
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26 Nívea Gonçalves
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I. por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II. por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III. em razão de sua conduta.
Art. 100, ECA. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Art. 101, ECA. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II. orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III. matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
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28 Nívea Gonçalves
ATO INFRACIONAL
Art. 103, ECA. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Teoria do ato infracional.
O ECA considera a teoria da atividade.
Conduta praticada por um menor de idade. Ou seja, a criança e o adolescente não praticam crime,
mas sim, ato infracional.
O ato infracional é conduta equiparada ao crime ou contravenção penal.
o Ato infracional não é sinônimo de crime em virtude da ausência de uma das condições
para a culpabilidade, embora a conduta seja típica e ilícita.
o A criança e o adolescente são inimputáveis em razão da idade.
o O adolescente tem responsabilidade penal, apesar de inimputável, pois, do ato infracional
há uma medida socioeducativa.
Art. 104, ECA. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei. → Será aplicada a data do fato.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data
do fato.
Art. 105, ECA. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art.
101.
Aplicação de medida protetiva.
O adolescente responde com medida socioeducativa ou medida protetiva.
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29 Nívea Gonçalves
Art. 106, ECA. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente
A autoridade competente é o juiz da Vara da Infância e Juventude.
▪ Art. 173, ECA. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou
grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade
e autoria da infração.
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30 Nívea Gonçalves
▪ Art. 174, ECA. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será
prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia
ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
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32 Nívea Gonçalves
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas (rol taxativo):
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
o Privação total da liberdade.
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
o O adolescente também é destinatário de medida protetiva.
Observações:
➢ I ao IV → Medidas socioeducativas em meio aberto (não priva o adolescente
de liberdade).
➢ I e II → Prova de autoria e indícios suficientes.
➢ V ao VI → Medidas socioeducativas em meio fechado (privam a liberdade total
ou parcialmente).
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33 Nívea Gonçalves
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98 (situação de risco), a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção
da família, da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.
Obs.: O Conselho Tutelar só aplica as medidas do inciso I ao VII; as demais medidas
somente podem ser aplicadas pelo Juiz da Infância e Juventude.
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34 Nívea Gonçalves
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
No âmbito da Infância e Juventude, o STJ tem admitido a aplicabilidade desse princípio, assim como
o STF, mas há requisitos para isso, que são:
I. Bem de pequeno valor;
II. O ato infracional tem que ter sido ínfimo;
III. O ato não tenha sido praticado mediante violência ou grave ameaça;
IV. E o grau de responsabilidade do adolescente tenha sido reduzido a quase nada em relação ao
ato infracional.
No entanto, se o adolescente já tem um histórico infracional, o STJ e STF entendem que isso servirá
para agravar a não aplicação do princípio da insignificância.
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35 Nívea Gonçalves
1) Júlio, após completar 17 anos de idade, deseja, contrariando seus pais adotivos, buscar informações
sobre a sua origem biológica junto à Vara da Infância e da Juventude de seu domicílio. Lá chegando, a
ele é informado que não poderia ter acesso ao seu processo, pois a adoção é irrevogável. Inconformado,
Júlio procura um amigo, advogado, a fim de fazer uma consulta sobre seus direitos. De acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta para
Júlio.
A) Ele poderá ter acesso ao processo, desde que receba orientação e assistência jurídica e
psicológica.
B) Ele não poderá ter acesso ao processo até adquirir a maioridade.
C) Ele poderá ter acesso ao processo apenas se assistido por seus pais adotivos.
D) Ele não poderá ter acesso ao processo, pois a adoção é irrevogável.
2) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o desejo de entregar Juliana, sua filha
recém nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, após
ser atendida por uma assistente social e por uma psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do
defensor público e na presença do Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter
contato com sua família, que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o
desejo formal de entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a extinção do poder familiar, determinando
que Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada para adoção no cadastro nacional. Passados
oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida, afirmando que gostaria de criar a filha. De
acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
A) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de adoção.
B) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de extinção
do poder familiar.
C) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
D) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou com
a adoção.
3) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou a viver
em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era
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36 Nívea Gonçalves
4) Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos de idade, crescem juntos em entidade
de acolhimento institucional, aguardando colocação em família substituta. Não existem pretendentes
domiciliados no Brasil interessados na adoção dos irmãos de forma conjunta, apenas separados.
Existem famílias estrangeiras com interesse na adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família
de brasileiros domiciliados na Itália, sendo esta a última inscrita no cadastro. Considerando o direito à
convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo adolescente, assinale a opção que
apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos:
A) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
B) Adoção internacional pela família estrangeira.
C) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
D) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália
5) João, maior, e sua namorada Lara, com 14 anos de idade, são capturados pela polícia logo após
praticarem crime de roubo, majorado pelo emprego de arma de fogo. O Juízo da Infância e da Juventude
aplicou a medida socioeducativa de internação para Lara, ressaltando que a adolescente já sofrera a
medida de semiliberdade pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. O Juízo
Criminal condenou João pelo crime de roubo em concurso com corrupção de menores. João apela da
condenação pelo crime de corrupção de menores, sob o argumento de Lara não ser mais uma criança,
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37 Nívea Gonçalves
bem como alegando que ela já está corrompida. Com base no caso
apresentado, assiste razão à defesa de João?
A) Não, pois é irrelevante o fato de Lara já ter sofrido medida socioeducativa.
B) Não, pois Lara ainda é uma criança.
C) Sim, já que o crime de corrupção de menores exige que o menor não esteja corrompido.
D) Sim, visto que no crime de corrupção de menores, a vítima tem que ser uma criança.
6) O adolescente X cometeu ato infracional equiparado a crime de roubo, mediante grave ameaça à
pessoa. Apreendido com a observância dos estreitos e regulares critérios normativos estabelecidos pelo
sistema jurídico, apurou-se que o jovem havia cometido um ato infracional anterior equiparável ao
crime de apropriação indébita. Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) É incabível a aplicação de medida de internação, o que é autorizado apenas em caso de
reiteração no cometimento de outras faltas anteriores ou simultâneas, igualmente graves.
B) É aplicável apenas a medida de regime de semiliberdade em razão da prática de ato infracional
mediante grave ameaça à pessoa.
C) É aplicável a medida de internação em razão da prática de ato infracional mediante grave
ameaça à pessoa, mesmo não sendo hipótese de reiteração da conduta idêntica por parte do
adolescente.
D) É incabível a aplicação de medida de internação, haja vista que essa somente poderia se dar
em caso de descumprimento reiterado de injustificável medida imposta em momento anterior
ao adolescente.
GABARITO
1) A 2) B 3) D 4) D 5) A 6) C
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NÓS ACREDITAMOS
EM VOCÊ!!
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