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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DO 37º EXAME DA ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)


Estatuto da Criança e do Adolescente
2 Nívea Gonçalves

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Estatuto da Criança e do Adolescente do


preparatório para 38º exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Sejam todos muito bem-vindos!

Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova,
então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!

Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos
dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase
da OAB e Concursos) e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

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Estatuto da Criança e do Adolescente
3 Nívea Gonçalves

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

1. INTRODUÇÃO:
▪ Vulnerável é a pessoa em desenvolvimento, ou seja, a criança e o adolescente.
▪ Antigamente, a criança era vista como objeto, como coisa, como propriedade dos pais.
o Época em que se tinha o comando do pater família, o comando do pai, o homem da casa,
que detinha o poder sobre o destino das crianças.

2. MOBILIZAÇÃO INTERNACIONAL:
▪ Documentos que impulsionaram o Estatuto da Criança e do Adolescente, através da
Constituição Federal de 1988:
a) Declaração de Genebra (1924)
b) Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (Paris, 1948)
c) Declaração dos Direitos da Criança (Sujeito de Direitos, 1959)
d) Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969).

3. FUNABEM – LEI 4.513/64:


▪ Problema social – Segurança Nacional.
▪ PNBEM – Política Nacional do bem-estar ao menor, resguardada pela Escola Superior de
Guerra.
▪ A criança deixa de ser responsabilidade de entidades privadas e alguns organismos estatais,
passando a ser de responsabilidade do Estado.
▪ Criança é mero sujeito passivo (pedagogia alienada).
o A criança ficava esperando decidirem o que iam fazer com relação ao destino dela. →
Pedagogia alienada, em a criança continuava a ser vista como coisa, como objeto de
“tutela” do Estado.

4. CÓDIGO DE MENORES DE 1979 – LEI6.697/79:


▪ Esse Código antecedeu o ECA.
▪ Menor em situação irregular. → Irá chocar com a doutrina da proteção integral do Estatuto.
▪ Àquele abandonado materialmente, vítima de maus-tratos, em perigo moral, desassistido
juridicamente, com desvio de conduta e autor de ato infracional.

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5. O COMEÇO DO FIM:
▪ Extinção da FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor) – Lei 8.029/90
o Modelo falido.
o Extinção da FUNABEM por ineficiência.
o Nasce a necessidade de instituições voltadas ao respeito, a pessoa do adolescente e da
criança.
▪ Constituição de 1988 (Constituição Cidadã), responsável pela mudança de paradigma
(democrática, cidadã e igualitária).
▪ Art. 227, CRFB/88 → Doutrina da Proteção Integral.

6. PROTEÇÃO INTEGRAL – AMPARO COMPLETO:


▪ Proteção a tudo que tratar do superior interesse, material e espiritual, como saúde, bem-estar,
família, etc.
▪ A concepção precisa ser bem assistida em relação à saúde e bem-estar da gestante e da família,
natural ou substituta.
o O foco aqui é o nascituro, logo, é necessário ter uma gestante saudável para poder
assegurar o desenvolvimento intrauterino.
▪ Toda matéria passará a ficar subordinada aos dispositivos do Estatuto.
o Toda matéria acerca da criança e juventude fica subordinada ao ECA, exceto quando se
fala em adoção promovida por pessoas maiores de idade.
o Direitos humanos conquistados e afirmados pela marcha de civilização da humanidade.
o Conquista dos Direitos Humanos e do ECA.
▪ O direito de assegurar os direitos da criança e do adolescente, com a absoluta prioridade,
pondo-os a salvo contra qualquer tratamento degradante, cruel, desumano, é um dever da
sociedade, do Estado e da família.
▪ Família, sociedade e Estado são responsáveis solidários.
▪ O estatuto protege a criança e ao adolescente.
o Há o compromisso ético-político de rejeição do caráter estigmatizante do termo menor.
o Prioridades: assegurar a proteção aos direitos da criança e rejeitar o caráter
estigmatizante do termo “menor”.

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PROGRAMA NACIONAL DE TRIAGEM NEONATAL


- LEI 14.154/2021

Art. 10, ECA. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo
prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e
da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências
do parto e do desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à
técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nascido serão disponibilizados pelo
Sistema Único de Saúde, no âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na
forma da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com implementação de forma
escalonada, de acordo com a seguinte ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
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II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)


Vigência
a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste do pezinho, no âmbito do PNTN,
será revisada periodicamente, com base em evidências científicas, considerados os benefícios do
rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as doenças com maior
prevalência no País, com protocolo de tratamento aprovado e com tratamento incorporado no
Sistema Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser expandido pelo poder público
com base nos critérios estabelecidos no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
Vigência
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério imediato, os profissionais de saúde
devem informar a gestante e os acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre
as eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no Sistema Único de Saúde e
na rede privada de saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


- LEI 8.069/1990

Versa sob um sistema de garantias de direitos (direitos estes previstos nos documentos
internacionais de Direitos Humanos sobre a pessoa em desenvolvimento).

 Superação da visão assistencialista e paternalista, da situação irregular.


o Superação da visão da pessoa em desenvolvimento como objeto.
 O ECA traz uma nova divisão do trabalho social por meio da integração de responsabilidades
entre estados, sociedade e família.
 Traz a desjudicialização do atendimento, ou seja, para o ECA o que é melhor para a pessoa em
desenvolvimento é recorrer ao judiciário somente em ultima ratio, desconstruindo a ideia de juiz-
gestor, dono do destino da criança e do adolescente.
 Conselhos: representam o estado democrático de direito do ponto de vista da garantia dos direitos
fundamentais da criança e do adolescente, previstos no art. 227 da CF.
o Os conselhos representam a sociedade, a desjudicialização do atendimento.
o Os conselhos são: Nacional, Estadual (CDSA), Municipal (CMDSA) e o Conselho Tutelar.
o Nenhum conselho é ligado ao Poder Judiciário, porque a regra é a desjudicialização, ou seja,
buscar o Judiciário só em último caso.

1. METAPRINCÍPIOS:
1.1. PROTEÇÃO INTEGRAL:
 Prioridade absoluta à proteção, nos moldes do art. 227, CRFB/88 e artigos 4º e 100,
parágrafo único, inciso II, da Lei 8.069/90).
o Proteção integral à criança e ao adolescente > princípio da proteção integral.
o Criança é pessoa entre 0 e 12 anos de idade incompletos.
o Adolescente é pessoa entre 12 e 18 anos de idade incompletos.
 Excepcionalmente, o ECA é aplicado às pessoas entre 18 e 21 anos de idade, tratando-se
de hipóteses de cumprimento de medidas socioeducativas.
o O ECA não abraçou a redução da maioridade civil, pois, tutela os indivíduos entre
18 e 21 anos de idade quando da prática do ato infracional.
o O indivíduo emancipado não possui maioridade penal, sendo inimputável em
razão da idade. Dessa forma, pode praticar ato infracional.
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2. DIREITOS FUNDAMENTAIS:
I. Direito à vida e à saúde (art. 7 ao 14, do ECA): A Lei 13.257/16, denominada Estatuto da
Primeira Infância, cuidou de ampliar o rol dos direitos da gestante, no art. 8º, do ECA.
o A atenção é voltada para a gestante porque o estatuto se preocupa com a criança.
o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe.
o A doutrina trata como primeira infância de 0 a 6 anos de idade, ou os primeiros 72 meses
de vida da criança.
o As mães empregadas têm direito, durante os seis primeiros meses, a dois descansos de
meia hora, cada um (art. 396, da CLT). E isso, não só as que pariram, mas as que adotaram
também.

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o O art. 8-A, do ECA, institui a semana nacional de


prevenção de gravidez na adolescência, visando propagar medidas educativas e
preventivas, para preservar as crianças e as gestantes.
o O art. 10, do ECA, dispõe sobre o direito à identificação da criança e sua permanência
junto a família, em conformidade com os registros exigidos pelo Estatuto.
o O fornecimento da declaração de nascimento é obrigatório.

II. Direito à Liberdade, ao respeito e à dignidade (art. 15 ao 18, do ECA): A criança e o


adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas Leis.
o Segundo o STJ, o toque de recolher é ilegal, pois, o juiz que o determina está usurpando o
poder familiar e invadindo a esfera da convivência familiar.
o A restrição à liberdade do adolescente poderá ocorrer em caso de flagrante de ato
infracional, ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
o O art. 18 trata, de forma específica, a dignidade da criança e do adolescente. E houve
sensíveis alterações promovidas pela Lei 13.010/15, também conhecida como lei
“Menino Bernardo”, que não prevê medidas incriminadoras.
o A “Lei Menino Bernardo” dispôs sobre o dever de interferência do Estado no poder
familiar, visando cuidado e tratamento das crianças e adolescentes.
o A Lei 13.010/14 está ligada diretamente a formas de educar, de corrigir e suas limitações.
E essas medidas previstas nos art. 18-B, podem ser cumuladas com outras legislações, se
cabíveis, pois, o exercício de educar tem limites. As medidas desse artigo serão aplicadas
pelo Conselho Tutelar.

III. Direito à Convivência Familiar e comunitária (art. 19 ao 52-D, do ECA, e a Lei 12.509/17):
Promoção eficiente à proteção integral de crianças e adolescentes.
o Ele prioriza a convivência da criança ou adolescente com a família natural (pais
biológicos).
o A interpretação da Lei precisa atender ao superior interesse da criança ou adolescente,
sendo eficiente ao promover essa proteção.
o Família extensa ou ampliada são formadas pelos parentes da criança, que possuem
afinidade com a criança e do adolescente, como os tios e avós.

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o A família substituta deve ser a última solução a ser


buscada para colocação da pessoa em desenvolvimento no seio familiar.
o O programa de acolhimento tem por objetivo colocar a criança ou adolescente a salvo de
uma situação de risco aos seus direitos fundamentais, ou ainda estancar uma situação de
risco que já tenha ocorrido.
- Quem encaminha é o Conselho Tutelar.
- A família acolhedora não poderá estar inscrita no cadastro de adoção.
- Consiste em uma entidade de atendimento, que são especializadas no
acolhimento, recebimento e tratamento de crianças e adolescentes que foram
vítimas de algum tipo de violência ou colocadas em qualquer situação de risco.
o Programa de acolhimento familiar não se confunde com adoção (adoção modalidade de
colocação em família substituta, dando ao adotando a condição de filho do adotante).
- Objetiva a redução, estancamento ou prevenção de uma situação de risco, mas
não tem a função de exercer a família para todos os fins de direito.
o O objetivo aqui é que a criança volte para a família natural e, caso não seja possível, a sua
colocação para a adoção.
o A criança ou adolescente no programa de acolhimento institucional ou familiar terá sua
situação reavaliada a cada três meses. Com prazo de permanência de dezoito meses.
o O acolhimento institucional só trabalha recebendo adolescentes, por ser mais imparcial.
o A criança pode conviver com os pais privados de liberdade, desde que o crime não tenha
sido de forma dolosa, apenado com reclusão, contra filho ou outrem que possua o poder
familiar.
o Quando a mãe manifesta interesse em entregar a criança recém-nascida, é preciso que
procedimentos sejam obedecidos (art. 19-A c/c art. 166, do ECA). A criança só pode ser
entregue após o seu nascimento, em que a vontade da mãe, ou de ambos os genitores,
deve ser manifestada em audiência. A inicial em cartório dispensa assistência de
advogado, porém, em audiência na Vara, o advogado é necessário. Nessa audiência, a mãe
pode se retratar dessa intenção e, além disso, após prolatada a sentença, os pais têm 10
dias para arrependimento. Na audiência, é necessário que a mãe expresse claramente a
vontade de entregar a criança.
- Retratação: Ocorre no período de dez dias, contados do protocolo da petição de
intenção no cartório até a marcação de audiência para entrega da criança. Ou seja,
a mãe tem dez dias para voltar atrás da sua decisão.

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- Arrependimento: Após a sentença de


destituição, a mãe tem dez dias para se arrepender da decisão, contados a partir
da prolação da sentença de destituição do poder familiar.
- Nesse caso, voltando ao seio familiar, essa criança será acompanhada por 180
dias (esse prazo pode ser prorrogado, uma vez havendo necessidade).
o A fiscalização do Programa de Apadrinhamento caberá ao Ministério Público e a Vara da
Infância e Juventude.

IV. Direito à Educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (art. 53 ao 59, do ECA): A criança e o
adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes igualdade de
condições, direito de ser respeitado, direito de contestar critérios avaliativos, direito de
organização e participação, acesso à escola, etc.
o O princípio da reserva do possível não pode ser invocado de forma genérica.
o É dever das instituições de ensino, clubes e agremiações recreativas, assegurar medidas
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.
o É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental e o ensino
médio, obrigatório e gratuito, o atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, o atendimento em creche e pré-escola, oferta do ensino noturno regular,
etc.
- O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público importa
responsabilidade da autoridade competente.
o Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino.

V. Direito à Profissionalização e à proteção ao trabalho (art. 60 ao 69, do ECA): É proibido


qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
o O adolescente portador de deficiência terá direito ao trabalho protegido.
o Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola
técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho
noturno, perigoso, insalubre ou penoso, realizado em locais prejudiciais à sua formação
e desenvolvimento, e em locais que não permitam a frequência a escola.
o O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho.

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o Os atores mirins (abaixo de 14 anos - art. 8 da OIT)


não compõe uma relação de trabalho, de acordo com o STF.

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PODER FAMILIAR

Art. 22 ao art. 24 do ECA e art. 1.630 ao 1.638 do CC/02.

Conjunto de direitos e deveres, atribuídos aos pais no que concerne a administração da garantia
dos direitos dos filhos menores.

Observação: Esse poder familiar só pode ser retirado do pai ou da mãe


por procedimento específico, assegurado o contraditório e a ampla
defesa, por quem detenha legítimo interesse (Ministério Público ou quem
manifeste interesse legítimo, como pai, avó).
→ A perda ou suspensão do poder familiar não pode ser decretada por
mera carência de recursos.

CARACTERÍSTICAS:
a) É um poder irrenunciável, não podendo ser objeto de transação;
b) Indelegável;
c) Irrenunciável, não podendo ser transferido para outra pessoa;
d) Imprescritível, vez que, o poder familiar não prescreve pelo decurso do tempo ou não
exercício do poder;
e) O poder familiar é incompatível com o instituto da tutela, pois, para que um tutor seja
nomeado, é necessário que o poder familiar de um dos pais tenha sido destituído.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais
(obrigações recíprocas).
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser
resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos
da criança estabelecidos nesta Lei.
o Conjunto de direitos e deveres que tem por finalidade atender o superior interesse da
criança e do adolescente.
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o Normalmente é exercido pelos pais, em condições


de igualdade, e isso não tem relação com questão financeira ou poder aquisitivo.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.
o Não existindo outro motivo que autorize a decretação da medida, a criança ou adolescente
será mantido em sua família de origem, a qual deverá ser incluída em serviços e programas
oficiais de proteção, apoio e promoção, obrigatoriamente.
§2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. (alterado
pela Lei 13.715/18). → Perda do poder familiar (essa é uma exceção para o caso de crime doloso).

Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder familiar serão decretadas judicialmente, em
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.
o Só pode ser por via judicial, por quem detenha legítimo interesse.
o O legitimado para propor a ação é o Ministério Público, entretanto, nas ações de perda ou
suspensão do poder familiar, cujo autor da ação está patrocinado por advogado, ou
assistido pela defensoria, o Ministério Público funciona como custus legis (fiscal da lei).

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DAS FAMÍLIAS SUBSTITUTAS

Modalidade de colocação da criança ou adolescente em uma família


após todos os recursos de permanência desta na família natural
restarem infrutíferos.

Família substituta deve ser a exceção.

Art. 28, ECA. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,
independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
• A guarda e a tutela também são institutos do direito civil.

Art. 28, § 1º, ECA - Princípio da oitiva obrigatória e participação:


• Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe
interprofissional, respeitando suas especificidades.
• Tratando-se de maior de 12 anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em
audiência específica para esse fim. Deverá ser ouvida e se possível for, sua opinião deverá ser
levada em consideração.

Art. 28, § 4º, ECA. Grupos de irmãos devem ser colocados na mesma família substituta, para evitar
o rompimento do vínculo com a família biológica. Caso sejam separados, é recomendado que eles
fiquem, pelo menos, na mesma localidade, para que tenham a possibilidade de se encontrar.

Art. 28, § 6º, ECA. Tratando-se de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade
remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I) que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos
fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II) que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a
membros da mesma etnia;

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III) a intervenção e oitiva de representantes do órgão


federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e
de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar
o caso.

Art. 30, ECA. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização
judicial.

Art. 31, ECA. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente
admissível na modalidade de adoção.
 É excepcional porque a preferência é que a criança ou adolescente seja colocado em família que
tenha a sua mesma cultura.

1) DA GUARDA:
▪ Prevista no art. 1.583 do CC/02, e art. 33 ao 35, do ECA.
▪ Serve para regularizar a posse de fato de criança e adolescente, num momento em que a
criança se encontra em situação de risco.
▪ Pode ter caráter provisório ou definitivo.
▪ Art. 33, ECA. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos
pais.
o Quem possui a guarda, tem o dever de proteger esses direitos.
o A guarda é compatível com o poder familiar exercido pelos pais.
o A guarda conferida a um terceiro não desonera os pais do dever de prestar alimentos.
o A guarda pode ser deferida de forma liminar ou incidental, em situações provisórias,
salvo em caso de adoção por estrangeiros.
o Para entender se uma adoção é nacional ou internacional, o marco será a residência
do adotante, ou seja, o país de acolhida (o país de acolhida, para onde a criança vai,
deve ter ratificada a Convenção de Haia).
▪ A guarda pode ser deferida fora dos casos de tutela e adoção, excepcionalmente, visando
atender situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis, sendo chamado
de guarda provisória.

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▪ A guarda, ainda que tenha caráter provisório e precário,


transfere ao guardião as funções do exercício do poder familiar, nos moldes do art.1634, do
CC/02.
▪ O guardião pode exercer o seu poder de proteção aos direitos do menor, inclusive, contra os
genitores.
▪ Art. 33, § 3º, ECA. A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para
todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
▪ Art. 33, § 4º, ECA. Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade
judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.
▪ Art. 34, ECA. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e
subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do
convívio familiar.
o Para efeito de programa familiar ou institucional, os responsáveis receberão a pessoa
em desenvolvimento na modalidade de guarda.
o Pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber
criança ou adolescente mediante guarda.
▪ Art. 35, ECA. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público, sendo a competência da Vara da Infância e da
Juventude.
o A guarda difere da tutela, pois, pode ser revogada a qualquer tempo, tendo em vista
que não implica na suspensão/destituição do poder familiar, diferente da tutela que
só poderá ser revogada mediante procedimento específico, assegurados o
contraditório e a ampla defesa.

2) DA TUTELA:
▪ É modalidade de colocação da criança ou adolescente em família substituta, em caso de
falecimento dos pais (extinção do poder familiar), destituição ou suspensão do poder familiar.
▪ A tutela engloba a guarda, já que o tutor possui a responsabilidade legal sobre o menor de
idade.
o Quem tem a tutela, tem a guarda, mas quem tem a guarda, não tem a tutela.
▪ Art. 36, ECA. A tutela será deferida a pessoa de até 18 anos incompletos.
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o A tutela pressupõe a previa perda ou suspensão do


poder familiar, implicando necessariamente o dever de guarda.
o Alcançada a maioridade, cessa-se a tutela.

3) DA ADOÇÃO:
▪ A adoção de menores de idade é regulada, exclusivamente, pelo ECA. Sendo assim, a competência
para presidir, julgar e sentenciar a adoção é do juiz da Vara de Infância e Juventude.
o O juiz da Vara de Família é incompetente para atuar em casos sobre menores.
o Adoção de maiores de idade pode ser regulada pelo Código Civil, junto às Varas de
Família.
▪ Atribui a condição de filho para todos os fins de direito, inclusive sucessórios, desligando-o
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
o Há o recomeço para àquela criança ou adolescente (novo registro civil, mudança de
prenome, nova ascendência, etc).
o Art. 41, do ECA.
▪ Última solução a ser buscada, por romper com um vínculo.
▪ Após o trânsito em julgado, em regra, é irrevogável,
o Há possibilidade de quebra dessa vedação, dessa irrevogabilidade, mas, em princípio, é
irrevogável para conceder segurança jurídica ao instituto.
▪ Art. 39, ECA. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
o Medida excepcional e irrevogável.
o Recorre-se à adoção apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa.
▪ É vedada a adoção por procuração, por ser um ato personalíssimo em todas as suas etapas.
▪ Prevalecem os direitos e os interesses do adotando.
▪ Art. 40, ECA. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo
se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
▪ A adoção unilateral se configura quando um dos cônjuges ou companheiros adota o filho do
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do
adotante e os respectivos parentes.
o Direito de sucessão recíproco adquirido.
▪ Requisitos objetivos para adoção (art. 42, ECA):
a) Maiores de idade (18 anos), independentemente do estado civil;

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b) Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do


adotando (o STJ já se posicionou quanto a quebra desse artigo);
c) A diferença de idade entre adotante e adotando é de 16 anos.
▪ Para adoção conjunta ou bilateral, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente
ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família, já que é uma adoção
promovida pelo casal (casado civilmente ou em união estável).
▪ Art. 42, § 4º, ECA. Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem
adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que
o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja
comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
o Versa sobre o superior interesse da criança.
▪ Art. 42, § 6º, ECA. A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação
de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.
o O ordenamento admite a adoção póstuma ou pós-morte.
o Excepcionalmente, os efeitos retroagem para assegurar a sucessão da criança ou
adolescente.
o Em caso de adoção póstuma, a filiação socioafetiva deve ser demonstrada amplamente,
por causa da força do melhor interesse da criança ou cdolescente.
▪ Art. 43, ECA. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e
fundar-se em motivos legítimos.
▪ Art. 45, ECA. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do
adotando.
o A adoção é consentida, desde que obedeça aos requisitos.
o O consentimento é colhido em audiência específica para esse fim.
o O consentimento é dispensado caso os pais sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar.
▪ Art. 46, ECA. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente,
pelo prazo máximo de 90 dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as
peculiaridades do caso.
o Prazo mínimo de 30 dias para adoção internacional, e prazo máximo de 45 dias.
Comportando uma única prorrogação pelo prazo de 45 dias, mediante decisão da
autoridade competente.
o Esse prazo de 90 dias poderá ser prorrogado, desde que a decisão seja fundamentada.
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o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o


adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente
para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
o Ao final do prazo, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
interprofissional, a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que recomendará ou não
o deferimento da adoção à autoridade judiciária.
o O estágio de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na
comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
residência da criança.
▪ Art. 47, ECA. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial (sentença constitutiva),
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
o Em regra, efeito “ex nunc”.
o No caso de alteração de prenome, em se tratando de adolescente, deve haver o seu
consentimento. Com relação à criança, esta deve ser ouvida e, sempre que possível, sua
opinião será levada em consideração.
o O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.
o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.
▪ Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou
adolescente com deficiência ou com doença crônica.
▪ O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
prorrogável uma única vez por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade
judiciária.
o Essa decisão deve ser fundamentada.
▪ Art. 48, ECA. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após
completar 18 (dezoito) anos
▪ Art. 50, ECA. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro
de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na
adoção > cadastramento para adoção.
o Listas:
a) Crianças em condições de serem adotadas;
b) Pessoas interessadas na adoção.

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▪ Art. 51, ECA. Considera-se adoção internacional aquela


na qual o pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de
maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
Internacional, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.

3.1. ADOÇÃO INTERNACIONAL: Não é aquela promovida por pessoas estrangeiras, mas por
pessoas que moram em outro país.
 Não é a regra, é a exceção, pois, a regra é a adoção nacional.
 Para que se complete, é necessário um período de adaptação → estágio de
convivência, que será analisada.
 O país da acolhida deve ser signatário da Convenção de Haia.
 O estágio de convivência é cumprido no Brasil.
 Art. 51, § 1o, ECA. A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado (estabelece as
hipóteses de adoção internacional):
I) que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;
II) que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança
ou adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação,
certificada nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes
no Brasil com perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta
aos cadastros mencionados nesta Lei;
III) que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por
meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra
preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
 Art. 51, § 2o, ECA. Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos
estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.
 Art. 51, § 3o, ECA. Adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades
Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.

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QUESTÕES PARA TREINO:

1) Carla, de 11 anos de idade, com os pais destituídos do poder familiar, cresce em entidade de
acolhimento institucional faz dois anos, sem nenhum interessado em sua adoção habilitado nos
cadastros nacional ou internacional. Sensibilizado com a situação da criança, um advogado, que já
possui três filhos, sendo um adotado, deseja acompanhar o desenvolvimento de Carla, auxiliando-a nos
estudos e, a fim de criar vínculos com sua família, levando-a para casa nos feriados e férias escolares.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de que forma o advogado conseguirá obter a
convivência temporária externa de Carla com sua família?
A) Acolhimento familiar.
B) Guarda estatutária.
C) Tutela.
D) Apadrinhamento.

2) Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos, chegam do interior com os pais, em busca de
melhores condições de vida para a família. Os três estão matriculados regularmente em
estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar para ajudar na renda da casa. Sobre as condições
em que os três irmãos conseguirão trabalhar formalmente, considerando os Direitos da Criança e do
Adolescente, assinale a afirmativa correta.
A) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo atividades
noturnas, perigosas ou insalubres.
B) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades noturnas,
perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.
C) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas ou
insalubres
D) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de
aprendizagem.

3) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o desejo de entregar Juliana, sua filha
recém-nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, após
ser atendida por uma assistente social e por uma psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do
defensor público e na presença do Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter
contato com sua família, que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o

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desejo formal de entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a


extinção do poder familiar, determinando que Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada
para adoção no cadastro nacional. Passados oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida,
afirmando que gostaria de criar a filha. De acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
A) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de adoção.
B) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de extinção
do poder familiar.
C) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
D) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou com
a adoção.

4) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou a viver
em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era
quem diariamente cuidava de Théo, participando de todas as atividades escolares. Théo reconheceu
Leandro como pai.
Quando Beatriz e Leandro terminaram o relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade.
Leandro, atendendo a um pedido do adolescente, decide ingressar com ação de adoção unilateral do
infante. Beatriz discorda do pedido, sob o argumento de que a união estável está extinta e que não
mantém um bom relacionamento com Leandro. Considerando o Princípio do Superior Interesse da
Criança e do Adolescente e a Prioridade Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser
adotado por Leandro?
A) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
B) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a
convivência familiar de Théo.
C) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem ingressar
com ação de adoção unilateral.
D) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de Théo
com os pais.

5) Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos de idade. Ante o falecimento
precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua representante legal. De forma a prevenir o amparo
de Davi em razão de seu eventual falecimento, Ana pretende que, na sua ausência, seu irmão, João, seja
o tutor da criança. Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de
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A) escritura pública de constituição de tutela.


B) testamento ou qualquer outro documento autêntico.
C) ajuizamento de ação de tutela.
D) diretiva antecipada de vontade.

6) Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda judicial de Ana, que tem agora três
anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante, irmã de Maria, é usuária de crack e
soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais. Passados dois anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia
e a criança fica residindo com Maria. Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em
conjunto, ainda que divorciados, assinale a afirmativa correta.
A) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
B) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou
compartilhada) e à visitação de Ana.
C) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
D) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.

GABARITO
1) D 2) A 3) B 4) D 5) B 6) B

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AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR


Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos poderá viajar para fora da comarca onde
reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização judicial (Redação dada
pela Lei nº 13.812, de 2019).
§ 1º A autorização não será exigida quando: (EXCEÇÃO)
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do adolescente menor de
16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização
válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou


adolescente:
I. estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II. viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de
documento com firma reconhecida.

Documento com firma reconhecida.

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MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Apesar do ECA prever a proteção integral a todo momento,


precisamos verificar algumas situações que ensejam
diretamente a proteção do Estado.

As medidas de proteção serão aplicadas quando houver


necessidade de uma proteção específica em razão de uma
violação a direitos fundamentais da criança ou adolescente,
ou iminência a essa violação.

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I. por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II. por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III. em razão de sua conduta.

Ao verificar algum desses fatos, o primeiro passo é procurar o Conselho Tutelar.


Caso não tenha sede do Conselho na Comarca, deve-se recorrer à Vara da Infância
e Juventude.

Observações: A criança não é destinatária de medida


socioeducativa, mas, tão somente de medida protetiva!

Art. 100, ECA. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Art. 101, ECA. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II. orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III. matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

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IV. inclusão em serviços e programas oficiais ou


comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
V. requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI. inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII. acolhimento institucional;
VIII. inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX. colocação em família substituta.

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ATO INFRACIONAL

Art. 103, ECA. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
 Teoria do ato infracional.
 O ECA considera a teoria da atividade.
 Conduta praticada por um menor de idade. Ou seja, a criança e o adolescente não praticam crime,
mas sim, ato infracional.
 O ato infracional é conduta equiparada ao crime ou contravenção penal.
o Ato infracional não é sinônimo de crime em virtude da ausência de uma das condições
para a culpabilidade, embora a conduta seja típica e ilícita.
o A criança e o adolescente são inimputáveis em razão da idade.
o O adolescente tem responsabilidade penal, apesar de inimputável, pois, do ato infracional
há uma medida socioeducativa.

PESSOA TIPO DE INFRAÇÃO MEDIDA APLICADA


Criança (0 a 12 anos Ato infracional Medida protetiva
incompletos) (art. 101, do ECA)
Adolescente (12 a 18 Ato infracional Medida socioeducativa e
anos incompletos) medida protetiva
Adulto (acima de 18 Crime ou contravenção Pena privativa de
anos completos) penal liberdade, restritiva de
direitos ou multa.

Art. 104, ECA. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei. → Será aplicada a data do fato.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data
do fato.

Art. 105, ECA. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art.
101.
 Aplicação de medida protetiva.
 O adolescente responde com medida socioeducativa ou medida protetiva.
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 As hipóteses de flagrante são as mesmas do art. 302 do CPP.

Art. 106, ECA. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente
 A autoridade competente é o juiz da Vara da Infância e Juventude.

1) DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADOLESCENTE:


▪ Art. 171, ECA. Adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.
▪ Art. 172, ECA. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo,
encaminhado à autoridade policial competente.
o Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se
tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição
da repartição especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso,
encaminhará o adulto à repartição policial própria.

Súmula 492 do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas,


por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida
socioeducativa de internação do adolescente”.

Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade


em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada.

▪ Art. 173, ECA. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou
grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade
e autoria da infração.

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30 Nívea Gonçalves

▪ Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a


lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.
o Quando o adolescente é apreendido por ato infracional, deve-se comunicar,
imediatamente, a autoridade judicial competente e a família do apreendido, devendo-se,
ainda, lavrar o auto de infração, ouvir testemunhas e o adolescente.
o Não sendo caso de flagrante, a autoridade policial irá substituir o auto de apreensão pelo
boletim de ocorrência.

▪ Art. 174, ECA. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será
prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia
ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

2) DOS DIREITOS INVIDIVIDUAIS:


▪ Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
o Essa autoridade é o juiz da Vara da Infância e Juventude (art. 174 do ECA).
o O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
ser informado acerca de seus direitos.
▪ Art. 107, ECA. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
à pessoa por ele indicada.
o Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
imediata.
▪ Art. 108, ECA. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de
quarenta e cinco dias, mediante decisão fundamentada, baseada em indícios suficientes de
autoria e materialidade, demonstrando a necessidade imperiosa da medida.
o A internação provisória é aquela que ocorre antes da sentença, com prazo de 45 dias. Esse
prazo não é prorrogável. Passado esse prazo, a criança deve ser colocada em liberdade.
▪ Art. 109, ECA. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação,
havendo dúvida fundada.
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▪ Art. 185, ECA. A internação, decretada ou mantida pela


autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
§1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o
adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de
responsabilidade.

3) DAS GARANTIAS PROCESSUAIS:


▪ Art. 110, ECA. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.
▪ Art. 111, ECA. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio
equivalente;
Súmula 265 do STJ: determina a impossibilidade de regressão de uma medida
socioeducativa sem a oitiva do adolescente
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e
produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado; → Quando o adolescente pode constituir, tem dinheiro.
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; → Essa
assistência será em todas as fases do processo.
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; → Obs.: A
autoridade a que se refere esse inciso não trata apenas da autoridade judiciária, mas da
autoridade policial e do membro do Ministério Público.
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do
procedimento.
▪ Art. 185, ECA: em nenhum momento a internação poderá ser cumprida em estabelecimento
prisional.

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32 Nívea Gonçalves

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

→ Em verdade, as medidas socioeducativas são uma manifestação do Estado, em resposta ao ato


infracional praticado pelo adolescente, com natureza jurídica de imposição.
→ As medidas socioeducativas possuem caráter sancionatório. Não é uma pena, porque a pena é
atribuída ao imputável.

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas (rol taxativo):
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
o Privação total da liberdade.
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
o O adolescente também é destinatário de medida protetiva.

Observações:
➢ I ao IV → Medidas socioeducativas em meio aberto (não priva o adolescente
de liberdade).
➢ I e II → Prova de autoria e indícios suficientes.
➢ V ao VI → Medidas socioeducativas em meio fechado (privam a liberdade total
ou parcialmente).

§1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as


circunstâncias (que gravitam em torno do ato infracional) e a gravidade da infração.
§2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas condições.
 Existe a possibilidade de cumulação das medidas socioeducativas, desde que em meio aberto.

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33 Nívea Gonçalves

 Essas medidas do art. 112 também podem ser


denominadas de medidas típicas ou próprias. Mas, como vimos, para fins de proteção
integral, o adolescente também é destinatário das medidas protetivas, que podem ser
chamadas de medidas impróprias ou atípicas (não é socioeducativa, mas pode estar
cumulada com a medida socioeducativa).

LEI DO SINASE (12.594/12) > Objetivos da medida socioeducativa:


a) Responsabilização do adolescente;
b) Integração social do adolescente e a garantia dos seus direitos individuais;
c) A desaprovação da conduta do adolescente, do ato infracional.

Requisitos para a escolha de uma medida:


a) Observar se o assistido tem capacidade de cumprir a medida;
b) As circunstâncias que gravitam ao redor do ato infracional praticado;
c) E a gravidade do ato infracional.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98 (situação de risco), a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção
da família, da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.
Obs.: O Conselho Tutelar só aplica as medidas do inciso I ao VII; as demais medidas
somente podem ser aplicadas pelo Juiz da Infância e Juventude.

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Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do


art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da
materialidade e indícios suficientes da autoria.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
No âmbito da Infância e Juventude, o STJ tem admitido a aplicabilidade desse princípio, assim como
o STF, mas há requisitos para isso, que são:
I. Bem de pequeno valor;
II. O ato infracional tem que ter sido ínfimo;
III. O ato não tenha sido praticado mediante violência ou grave ameaça;
IV. E o grau de responsabilidade do adolescente tenha sido reduzido a quase nada em relação ao
ato infracional.

No entanto, se o adolescente já tem um histórico infracional, o STJ e STF entendem que isso servirá
para agravar a não aplicação do princípio da insignificância.

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QUESTÕES PARA TREINO:

1) Júlio, após completar 17 anos de idade, deseja, contrariando seus pais adotivos, buscar informações
sobre a sua origem biológica junto à Vara da Infância e da Juventude de seu domicílio. Lá chegando, a
ele é informado que não poderia ter acesso ao seu processo, pois a adoção é irrevogável. Inconformado,
Júlio procura um amigo, advogado, a fim de fazer uma consulta sobre seus direitos. De acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta para
Júlio.
A) Ele poderá ter acesso ao processo, desde que receba orientação e assistência jurídica e
psicológica.
B) Ele não poderá ter acesso ao processo até adquirir a maioridade.
C) Ele poderá ter acesso ao processo apenas se assistido por seus pais adotivos.
D) Ele não poderá ter acesso ao processo, pois a adoção é irrevogável.

2) Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o desejo de entregar Juliana, sua filha
recém nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, após
ser atendida por uma assistente social e por uma psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do
defensor público e na presença do Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter
contato com sua família, que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o
desejo formal de entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a extinção do poder familiar, determinando
que Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada para adoção no cadastro nacional. Passados
oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida, afirmando que gostaria de criar a filha. De
acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
A) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de adoção.
B) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de extinção
do poder familiar.
C) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
D) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou com
a adoção.

3) Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou a viver
em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era

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quem diariamente cuidava de Théo, participando de todas as


atividades escolares. Théo reconheceu Leandro como pai. Quando Beatriz e Leandro terminaram o
relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade. Leandro, atendendo a um pedido do
adolescente, decide ingressar com ação de adoção unilateral do infante. Beatriz discorda do pedido, sob
o argumento de que a união estável está extinta e que não mantém um bom relacionamento com
Leandro. Considerando o Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente e a Prioridade
Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser adotado por Leandro?
A) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
B) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a
convivência familiar de Théo.
C) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem ingressar
com ação de adoção unilateral.
D) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser
deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de Théo
com os pais.

4) Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos de idade, crescem juntos em entidade
de acolhimento institucional, aguardando colocação em família substituta. Não existem pretendentes
domiciliados no Brasil interessados na adoção dos irmãos de forma conjunta, apenas separados.
Existem famílias estrangeiras com interesse na adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família
de brasileiros domiciliados na Itália, sendo esta a última inscrita no cadastro. Considerando o direito à
convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo adolescente, assinale a opção que
apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos:
A) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
B) Adoção internacional pela família estrangeira.
C) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
D) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália

5) João, maior, e sua namorada Lara, com 14 anos de idade, são capturados pela polícia logo após
praticarem crime de roubo, majorado pelo emprego de arma de fogo. O Juízo da Infância e da Juventude
aplicou a medida socioeducativa de internação para Lara, ressaltando que a adolescente já sofrera a
medida de semiliberdade pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. O Juízo
Criminal condenou João pelo crime de roubo em concurso com corrupção de menores. João apela da
condenação pelo crime de corrupção de menores, sob o argumento de Lara não ser mais uma criança,
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bem como alegando que ela já está corrompida. Com base no caso
apresentado, assiste razão à defesa de João?
A) Não, pois é irrelevante o fato de Lara já ter sofrido medida socioeducativa.
B) Não, pois Lara ainda é uma criança.
C) Sim, já que o crime de corrupção de menores exige que o menor não esteja corrompido.
D) Sim, visto que no crime de corrupção de menores, a vítima tem que ser uma criança.

6) O adolescente X cometeu ato infracional equiparado a crime de roubo, mediante grave ameaça à
pessoa. Apreendido com a observância dos estreitos e regulares critérios normativos estabelecidos pelo
sistema jurídico, apurou-se que o jovem havia cometido um ato infracional anterior equiparável ao
crime de apropriação indébita. Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) É incabível a aplicação de medida de internação, o que é autorizado apenas em caso de
reiteração no cometimento de outras faltas anteriores ou simultâneas, igualmente graves.
B) É aplicável apenas a medida de regime de semiliberdade em razão da prática de ato infracional
mediante grave ameaça à pessoa.
C) É aplicável a medida de internação em razão da prática de ato infracional mediante grave
ameaça à pessoa, mesmo não sendo hipótese de reiteração da conduta idêntica por parte do
adolescente.
D) É incabível a aplicação de medida de internação, haja vista que essa somente poderia se dar
em caso de descumprimento reiterado de injustificável medida imposta em momento anterior
ao adolescente.

GABARITO
1) A 2) B 3) D 4) D 5) A 6) C

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PARABÉNS PELO EMPENHO!

NÓS ACREDITAMOS
EM VOCÊ!!

Família CEJAS: Líderes em aprovação em todo o Brasil!

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