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ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE

CURSO DE DIREITO

Denise Azevedo Gois da Rocha

O direito à vida e à saúde

ANANINDEUA
2020
O presente trabalho busca discorrer acerca dos Direitos fundamentais
infanto-juvenis no que tange especificamente à vida e à saúde.
Em 1989, o Brasil assumiu um conjunto de compromissos e obrigações
ao assinar a Convenção internacional sobre direitos das crianças e dos
adolescente, voltado a proteção dos direitos fundamentais destes.
Sabe-se que essa proteção integral está consagrada no art. 227 da
Constituição Federal de 1988, que assegura garantia a proteção de vida e a
saúde, onde estatui que o Estado promova programas de assistência integral a
saúde da criança, do adolescente e jovem, sendo admitida a participação de
entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo
aos preceitos estabelecidos no inciso I e II.
A lei 8.090 de 19 de setembro de 1990 (Lei do SUS), dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, sua
organização e funcionamento dos serviços que assegurem sua proteção. Sob
esse viés, o art. 3 da referida lei, entende que a saúde tem como fatores
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, educação, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de
saúde da população expressam a organização social e econômica do pais. No
mais, elenca ainda como fator determinante a saúde as ações que se destinam
a garantir as pessoas e a coletividade condições de bem estar físico, mental e
social.
É importante a referida discussão, antes de adentramos no art. 7 do
Estatuto, pois essa compressão acaba incidindo, igualmente, sobre os direitos
fundamentais da criança e do adolescente, onde dispõem de um sistema de
garantias de direitos, que devem ser assegurados pela família, sociedade e o
Estado.
Sob esse viés, o art. 7 da Lei 8.069, dispõe.

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à


saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.
Ao fazer a leitura do referido artigo, verifica-se que o presente dispositivo
tem como objetivo, garantir que o Poder Público seja obrigado a tutelar o
nascimento daqueles que não tem amparo suficiente, seja por falto de recursos
financeiros do pais ou seja pela mãe que não deseja mantê-lo sob sua guarda
e proteção. Sabe-se que é dever do Estado assegurar nascimento saudável.
Logo, devendo zelar para que obtenha um desenvolvimento físico e mental
sadio, seja em familiar natural ou substituta.
Nesse sentindo, o Sistema Único de Saúde tem que proporcionar a
gestante, independentemente do nível social, a possibilidade de realizar o
acompanhamento médico, incluindo os exames necessários, logo antes e
imediatamente após o nascimento. Caso ocorra eventual, negativa de
atendimento dá ensejo ao ingresso em juízo para que se exija esse direito
cristalinamente consagrado em lei. Lê-se:

Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e


às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às
gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde

Como se pode observar, os direitos previstos neste dispositivo são


proveitosos a gestante, onde se resta saber apenas como exigi-los, caso o
Poder Público deixe de implementá-lo. Assim, mulheres sem recursos, podem
se valer da Defensoria Pública para conseguir na justiça apoio no pré-natal e
perinatal. Onde estas, tem direito a uma assistência psicológica ao longo do
pré-natal, assim desencadeando o incremento do estado puerperal, que resulta
no crime de infanticídio. No mais, tem ajuda no que tange a conscientização
para adoção, em casos que as mulheres rejeitam seu filho, após o nascimento,
onde é são orientadas, em que mesmo sendo a vontade destas, que estas não
submetam o recém-nascido em qualquer lugar ou que não venham a maltratá-
los, mas sim entrega-lo a Vara da Infância e Juventude para que possa ser
adotado.
Ainda, no Estatuto, as mães é assegurado o aleitamento materno,
mesmo se estiverem submetidas a medida privativa de liberdade.

Art. 9.º O poder público, as instituições e os empregadores


propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
A medida acima é plenamente positiva, onde tem-se a conscientização
de todos acerca da relevância ao aleitamento materno em qualquer condição.
Por conseguinte, o art. 10 do referido estatuto, dispõe sobre as
obrigações dos hospitais e estabelecimentos congêneres de atenção a
gestantes.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde


de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de


prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão


plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras
formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de


anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar
orientação aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem


necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a


permanência junto à mãe.

VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando


orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer
na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. (Incluído
pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)

Como se pode analisar, aos hospitais e demais estabelecimentos são


impostas obrigações, tais como a manutenção de registros pelo período de 18
anos, identificação do recém-nascido, preceder a exames acerca de
anormalidades do metabolismo do recém-nascido, prestar orientação aos pais
e fornecer declaração de nascimento onde constem as intercorrências do parto
e do desenvolvimento do neonato.
Ademais, é garantido a criança e ao adolescente o tratamento
igualitários de todos os sujeitos, independentemente da condição social (art.
11). Onde os portadores de deficiências receberão tratamento especializado
(§1º), incumbindo ao poder público o fornecimento gratuito de medicamentos,
próteses e outros recursos quando necessários (§2º). Vale ressaltar, que o
atendimento especializado ao qual se refere este dispositivo, deve ser
interpretado de maneira ampla, de modo a garantir o princípio da proteção
integral.
De acordo com o art. 12 do ECA, no caso de internação da criança e do
adolescente, os hospitais deverão propiciar condições para que um dos pais
permaneça com o paciente.

Art. 12.  Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as


unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados
intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência
em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
internação de criança ou adolescente.

É sabido que qualquer estabelecimento de saúde público ou particular,


deve viabilizar a permanência do pai ou da mãe, ou do responsável junto do
internado pelo período de 24 horas do dia. Nesse sentido, a medida é salutar,
pois o jovem ou infante sempre é um doente mais frágil que o adulto, até pela
falta de amadurecimento e compreensão do que lhe ocorre. Entretanto, é
preciso ressaltar que se trata de um direito e não de uma obrigação.
O art. 13 do ECA, determina que seja avisado o Conselho Tutelar em
casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou
degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, sem prejuízo de
outras providencias, quais sejam: registro de um boletim de ocorrência ou
termo circunstanciado), pois, na realidade, a infração administrativa não exige o
conselho tutelar, podendo ser avisada qualquer autoridade competente da área
infanto-juvenil.
No mais, o art. 14 do ECA, versa sobre o sistema único de saúde que
promoverá ainda programas de assistência médica, odontológica e campanhas
de vacinação das crianças. Onde há a obrigatoriedade de vacinação.

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de


assistência médica e odontológica para a prevenção das
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos


recomendados pelas autoridades sanitárias.
Conclui-se que o direito à vida, embutido no direito à saúde é tido como
o mais elementar e absoluto dos direitos fundamentais, simplesmente por ser
indispensável ao exercícios dos demais direitos. Pois o direito à vida, implica
ao reconhecimento de viver com dignidade, direito de viver bem, desde do
momento da formação do ser humano. Sendo impossível que um ser humano,
possa fruir de qualquer outro direito sem a vida. Logo, a não observâncias dos
direitos fundamentais a vida e a saúde da criança e do adolescente, seja pela
família, pela sociedade ou pelo Estado, viola notavelmente o princípio da
dignidade da pessoa humana, bem como os objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da criança e do adolescente


comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 4a ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense, 2018.
BRASIL. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal.
Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8072.htm>. Acesso em: 19 abr.
2020.

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