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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.

069/1990

ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
– ECA – LEI 8.069/1990

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

ESTATUTO DA CRIANÇA § 1º O atendimento pré-natal será realizado por


E DO ADOLESCENTE profissionais da atenção primária.
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
dá outras providências. parto, garantido o direito de opção da mulher.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: § 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
sanciono a seguinte Lei: alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos
Título I de apoio à amamentação.
Das Disposições Preliminares
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
criança e ao adolescente. inclusive como forma de prevenir ou minorar as
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, consequências do estado puerperal.
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e § 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e a gestantes e mães que se encontrem em situação de
vinte e um anos de idade. privação de liberdade.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os § 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem acompanhante de sua preferência durante o período do
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as § 7º A gestante deverá receber orientação sobre
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o aleitamento materno, alimentação complementar saudável
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
em condições de liberdade e de dignidade. formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei estimular o desenvolvimento integral da criança.
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem § 8º A gestante tem direito a acompanhamento
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, saudável durante toda a gestação e a parto natural
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
condição econômica, ambiente social, região e local de § 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
famílias ou a comunidade em que vivem. pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da consultas pós-parto.
sociedade em geral e do poder público assegurar, com § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: com o sistema de ensino competente, visando ao
a) primazia de receber proteção e socorro em desenvolvimento integral da criança.
quaisquer circunstâncias; § 11. A assistência psicológica à gestante, à parturiente
b) precedência de atendimento nos serviços públicos e à puérpera deve ser indicada após avaliação do
ou de relevância pública; profissional de saúde no pré-natal e no puerpério, com
c) preferência na formulação e na execução das encaminhamento de acordo com o prognóstico. (Incluído
políticas sociais públicas; pela Lei nº 14.721, de 2023)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer que contribuam para a redução da incidência da gravidez na
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar público, em conjunto com organizações da sociedade civil,
da criança e do adolescente como pessoas em e serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente.
desenvolvimento. Art. 9º O poder público, as instituições e os
Título II empregadores propiciarão condições adequadas ao
Dos Direitos Fundamentais aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
Capítulo I submetidas a medida privativa de liberdade.
Do Direito à Vida e à Saúde § 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos § 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva
programas e às políticas de saúde da mulher e de neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição unidade de coleta de leite humano.
adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. obrigados a:

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I - manter registro das atividades desenvolvidas, § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
anos; próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela às suas necessidades específicas.
autoridade administrativa competente; § 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e frequente de crianças na primeira infância receberão
terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- formação específica e permanente para a detecção de
nascido, bem como prestar orientação aos pais; sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem para o acompanhamento que se fizer necessário.
necessariamente as intercorrências do parto e do Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
desenvolvimento do neonato; inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
neonato a permanência junto à mãe. para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
VI - acompanhar a prática do processo de responsável, nos casos de internação de criança ou
amamentação, prestando orientações quanto à técnica adolescente.
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no maus-tratos contra criança ou adolescente serão
recém-nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
de Saúde, no âmbito do Programa Nacional de Triagem respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências
Neonatal (PNTN), na forma da regulamentação elaborada legais.
pelo Ministério da Saúde, com implementação de forma § 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse
escalonada, de acordo com a seguinte ordem de em entregar seus filhos para adoção serão
progressão: obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à
I – etapa 1: Justiça da Infância e da Juventude.
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; § 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
b) hipotireoidismo congênito; entrada, os serviços de assistência social em seu componente
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; especializado, o Centro de Referência Especializado de
d) fibrose cística; Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de
e) hiperplasia adrenal congênita; Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão
f) deficiência de biotinidase; conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa
g) toxoplasmose congênita; etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de
II – etapa 2: violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico
a) galactosemias; singular que inclua intervenção em rede e, se necessário,
b) aminoacidopatias; acompanhamento domiciliar.
c) distúrbios do ciclo da ureia; Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; programas de assistência médica e odontológica para a
III – etapa 3: doenças lisossômicas; prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; população infantil, e campanhas de educação sanitária
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. para pais, educadores e alunos.
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo § 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
teste do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada recomendados pelas autoridades sanitárias.
periodicamente, com base em evidências científicas, § 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
considerados os benefícios do rastreamento, do saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma
diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de
doenças com maior prevalência no País, com protocolo de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
tratamento aprovado e com tratamento incorporado no § 3º A atenção odontológica à criança terá função
Sistema Único de Saúde. educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
poderá ser expandido pelo poder público com base nos posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
critérios estabelecidos no § 2º deste artigo. vida, com orientações sobre saúde bucal.
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de § 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos
puerpério imediato, os profissionais de saúde devem especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
informar a gestante e os acompanhantes sobre a § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
importância do teste do pezinho e sobre as eventuais seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a
Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da
(§§ 1º ao 4º acrescentados pela Lei 14.154/2021) criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico.
VII – desenvolver atividades de educação, de
conscientização e de esclarecimentos a respeito da saúde Capítulo II - Do Direito à
mental da mulher no período da gravidez e do puerpério. Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
(Incluído pela Lei nº 14.721, de 2023) Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o sociais garantidos na Constituição e nas leis.
princípio da equidade no acesso a ações e serviços para Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
promoção, proteção e recuperação da saúde. aspectos:
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas comunitários, ressalvadas as restrições legais;
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação II - opinião e expressão;
e reabilitação. III - crença e culto religioso;

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IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; § 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou


V - participar da vida familiar e comunitária, sem adolescente à sua família terá preferência em relação a
discriminação; qualquer outra providência, caso em que será esta
VI - participar da vida política, na forma da lei; incluída em serviços e programas de proteção, apoio e
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. promoção, nos termos do § 1º do art. 23, dos incisos I e
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do
da integridade física, psíquica e moral da criança e do art. 129 desta Lei.
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da § 4º Será garantida a convivência da criança e do
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por
dos espaços e objetos pessoais. meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer entidade responsável, independentemente de autorização
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou judicial.
constrangedor. § 5º Será garantida a convivência integral da criança
Capítulo III - Do Direito à com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
Convivência Familiar e Comunitária institucional.
Seção I - Disposições Gerais § 6º A mãe adolescente será assistida por equipe
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de especializada multidisciplinar.
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse
de tratamento cruel ou degradante, como formas de em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos Juventude.
responsáveis, pelos agentes públicos executores de § 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
protegê-los. inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: puerperal.
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou § 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe,
ou o adolescente que resulte em: mediante sua expressa concordância, à rede pública de
a) sofrimento físico; ou saúde e assistência social para atendimento especializado.
b) lesão; § 3º A busca à família extensa, conforme definida nos
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
cruel de tratamento em relação à criança ou ao prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
adolescente que: período.
a) humilhe; ou § 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e
b) ameace gravemente; ou de não existir outro representante da família extensa apto a
c) ridicularize. receber a guarda, a autoridade judiciária competente
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a
os responsáveis, os agentes públicos executores de colocação da criança sob a guarda provisória de quem
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, programa de acolhimento familiar ou institucional.
tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo § 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto indicado, deve ser manifestada na audiência a que se
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções refere o § 1º do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre
cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de a entrega.
acordo com a gravidade do caso: § 6º (VETADO).
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário § 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
de proteção à família; (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou seguinte à data do término do estágio de convivência.
psiquiátrico; § 8º Na hipótese de desistência pelos genitores -
III - encaminhamento a cursos ou programas de manifestada em audiência ou perante a equipe
orientação; interprofissional - da entrega da criança após o nascimento,
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento a criança será mantida com os genitores, e será
especializado; determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
V - advertência. acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à oitenta) dias.
vítima. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) § 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de § 10. (VETADO).
outras providências legais. Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em programa de apadrinhamento.
família substituta, assegurada a convivência familiar e § 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e
comunitária, em ambiente que garanta seu proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos
desenvolvimento integral. à instituição para fins de convivência familiar e comunitária
§ 1º (VETADO) e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro.
programa de acolhimento institucional não se prolongará § 2º (VETADO).
por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada § 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
necessidade que atenda ao seu superior interesse, adolescente a fim de colaborar para o seu
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. desenvolvimento.

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§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros,
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou
adolescentes com remota possibilidade de reinserção Seção III - Da Família Substituta
familiar ou colocação em família adotiva. Subseção I - Disposições Gerais
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
ser executados por órgãos públicos ou por organizações da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
sociedade civil. desta Lei.
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente
os responsáveis pelo programa e pelos serviços de será previamente ouvido por equipe interprofissional,
acolhimento deverão imediatamente notificar a autoridade respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
judiciária competente.” compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do opinião devidamente considerada.
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
qualificações, proibidas quaisquer designações será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
discriminatórias relativas à filiação. § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de grau de parentesco e a relação de afinidade ou de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, decorrentes da medida.
em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
competente para a solução da divergência. tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o
determinações judiciais. rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, § 5º A colocação da criança ou adolescente em família
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades substituta será precedida de sua preparação gradativa e
compartilhados no cuidado e na educação da criança, acompanhamento posterior, realizados pela equipe
devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
criança estabelecidos nesta Lei. responsáveis pela execução da política municipal de
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não garantia do direito à convivência familiar.
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena
poder familiar. ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo,
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a é ainda obrigatório:
decretação da medida, a criança ou o adolescente será I - que sejam consideradas e respeitadas sua
mantido em sua família de origem, a qual deverá identidade social e cultural, os seus costumes e tradições,
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas bem como suas instituições, desde que não sejam
oficiais de proteção, apoio e promoção. incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não por esta Lei e pela Constituição Federal;
implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar etnia;
ou contra filho, filha ou outro descendente. III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não federal responsável pela política indigenista, no caso de
implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
de condenação por crime doloso, sujeito à pena de perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
reclusão, contra o próprio filho ou filha. acompanhar o caso.
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade
nos casos previstos na legislação civil, bem como na com a natureza da medida ou não ofereça ambiente
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e familiar adequado.
obrigações a que alude o art. 22. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
Seção II - Da Família Natural entidades governamentais ou não-governamentais, sem
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade autorização judicial.
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou constitui medida excepcional, somente admissível na
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais modalidade de adoção.
e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
mantém vínculos de afinidade e afetividade. encargo, mediante termo nos autos.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, Subseção II - Da Guarda
no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a material, moral e educacional à criança ou adolescente,
origem da filiação. conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o inclusive aos pais.
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
deixar descendentes. podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, por estrangeiros.

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§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos § 2º É vedada a adoção por procuração.


casos de tutela e adoção, para atender a situações § 3º Em caso de conflito entre direitos e interesses do
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais
responsável, podendo ser deferido o direito de biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do
representação para a prática de atos determinados. adotando.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
condição de dependente, para todos os fins e efeitos de dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
direito, inclusive previdenciários. guarda ou tutela dos adotantes.
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
medida for aplicada em preparação para adoção, o sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
deferimento da guarda de criança ou adolescente a parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado
objeto de regulamentação específica, a pedido do e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
interessado ou do Ministério Público. parentes.
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o seus descendentes, o adotante, seus ascendentes,
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a
adolescente afastado do convívio familiar. ordem de vocação hereditária.
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
programas de acolhimento familiar terá preferência a seu independentemente do estado civil.
acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
caráter temporário e excepcional da medida, nos termos adotando.
desta Lei. § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá estável, comprovada a estabilidade da família.
receber a criança ou adolescente mediante guarda, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. mais velho do que o adotando.
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os
acolhimento em família acolhedora como política pública, ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto
os quais deverão dispor de equipe que organize o que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e
acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na
residências de famílias selecionadas, capacitadas e constância do período de convivência e que seja
acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. comprovada a existência de vínculos de afinidade e
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, afetividade com aquele não detentor da guarda, que
estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos justifiquem a excepcionalidade da concessão.
serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando- § 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que
se o repasse de recursos para a própria família acolhedora. demonstrado efetivo benefício ao adotando, será
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Ministério Público. Código Civil.
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que,
Subseção III - Da Tutela após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a no curso do procedimento, antes de prolatada a
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. sentença.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
e implica necessariamente o dever de guarda. legítimos.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar
do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - o pupilo ou o curatelado.
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao ou do representante legal do adotando.
controle judicial do ato, observando o procedimento § 1º. O consentimento será dispensado em relação à
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão tenham sido destituídos do poder familiar.
observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na de idade, será também necessário o seu consentimento.
disposição de última vontade, se restar comprovado que a Art. 46. A adoção será precedida de estágio de
medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
pessoa em melhores condições de assumi-la. máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
art. 24. § 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do
Subseção IV - Da Adoção adotante durante tempo suficiente para que seja possível
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se- avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
á segundo o disposto nesta Lei. § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à dispensa da realização do estágio de convivência.
qual se deve recorrer apenas quando esgotados os § 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
recursos de manutenção da criança ou adolescente na artigo pode ser prorrogado por até igual período,
família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do mediante decisão fundamentada da autoridade
art. 25 desta Lei. judiciária.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta hipóteses previstas no art. 29.
e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única § 3º A inscrição de postulantes à adoção será
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade precedida de um período de preparação psicossocial e
judiciária. jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da
§ 3º-A. Ao final do prazo previsto no § 3º deste artigo, Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe técnicos responsáveis pela execução da política municipal
mencionada no § 4º deste artigo, que recomendará ou não de garantia do direito à convivência familiar.
o deferimento da adoção à autoridade judiciária. § 4º Sempre que possível e recomendável, a
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela preparação referida no § 3º deste artigo incluirá o contato
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou
da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos institucional em condições de serem adotados, a ser
responsáveis pela execução da política de garantia do realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da
direito à convivência familiar, que apresentarão relatório equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
minucioso acerca da conveniência do deferimento da com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
medida. acolhimento e pela execução da política municipal de
§ 5º O estágio de convivência será cumprido no garantia do direito à convivência familiar.
território nacional, preferencialmente na comarca de § 5º Serão criados e implementados cadastros
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, estaduais e nacional de crianças e adolescentes em
em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a condições de serem adotados e de pessoas ou casais
competência do juízo da comarca de residência da criança. habilitados à adoção.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou
judicial, que será inscrita no registro civil mediante casais residentes fora do País, que somente serão
mandado do qual não se fornecerá certidão. consultados na inexistência de postulantes nacionais
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes habilitados nos cadastros mencionados no § 5º deste
como pais, bem como o nome de seus ascendentes. artigo.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará § 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
o registro original do adotado. adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua melhoria do sistema.
residência. § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
poderá constar nas certidões do registro. adolescentes em condições de serem adotados que não
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à
a modificação do prenome. adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida deste artigo, sob pena de responsabilidade.
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito posterior comunicação à Autoridade Central Federal
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese Brasileira.
prevista no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência
retroativa à data do óbito. de pretendentes habilitados residentes no País com perfil
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a compatível e interesse manifesto pela adoção de criança
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à
garantida a sua conservação para consulta a qualquer adoção internacional.
tempo. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com sempre que possível e recomendável, será colocado sob
deficiência ou com doença crônica. guarda de família cadastrada em programa de acolhimento
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de familiar.
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma § 12. A alimentação do cadastro e a convocação
única vez por igual período, mediante decisão criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
fundamentada da autoridade judiciária. Ministério Público.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo candidato domiciliado no Brasil não cadastrado
no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, previamente nos termos desta Lei quando:
após completar 18 (dezoito) anos. I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção II - for formulada por parente com o qual a criança ou
poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 adolescente mantenha vínculos de afinidade e
(dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e afetividade;
assistência jurídica e psicológica. III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou
familiar dos pais naturais. adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e
comarca ou foro regional, um registro de crianças e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer
adolescentes em condições de serem adotados e outro de das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
pessoas interessadas na adoção. § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o que preenche os requisitos necessários à adoção,
Ministério Público. conforme previsto nesta Lei.

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§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção
pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um)
com deficiência, com doença crônica ou com necessidades ano;
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o
qual o pretendente possui residência habitual em país-parte Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de efetuada pela Autoridade Central Estadual.
Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto nº 3.087, § 1º Se a legislação do país de acolhida assim o
de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à
país-parte da Convenção. adoção internacional sejam intermediados por organismos
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente credenciados.
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar § 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
quando restar comprovado: credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
I - que a colocação em família adotiva é a solução encarregados de intermediar pedidos de habilitação à
adequada ao caso concreto; adoção internacional, com posterior comunicação às
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos
colocação da criança ou adolescente em família adotiva oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da § 3º Somente será admissível o credenciamento de
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil organismos que:
com perfil compatível com a criança ou adolescente, após I - sejam oriundos de países que ratificaram a
consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a internacional no Brasil;
medida, mediante parecer elaborado por equipe II - satisfizerem as condições de integridade moral,
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do competência profissional, experiência e responsabilidade
art. 28 desta Lei. exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão Federal Brasileira;
preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
internacional de criança ou adolescente brasileiro. formação e experiência para atuar na área de adoção
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção internacional;
das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
de adoção internacional. jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
Art. 52. A adoção internacional observará o Autoridade Central Federal Brasileira.
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com § 4º Os organismos credenciados deverão ainda:
as seguintes adaptações: I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular competentes do país onde estiverem sediados, do país de
pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
Central em matéria de adoção internacional no país de II - ser dirigidos e administrados por pessoas
acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com
residência habitual; comprovada formação ou experiência para atuar na área de
II - se a Autoridade Central do país de acolhida adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de
considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central
para adotar, emitirá um relatório que contenha informações Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do
sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos órgão federal competente;
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e III - estar submetidos à supervisão das autoridades
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua competentes do país onde estiverem sediados e no país de
aptidão para assumir uma adoção internacional; acolhida, inclusive quanto à sua composição,
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o funcionamento e situação financeira;
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira,
Autoridade Central Federal Brasileira; a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
IV - o relatório será instruído com toda a documentação bem como relatório de acompanhamento das adoções
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por internacionais efetuadas no período, cuja cópia será
equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a
vigência; Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
V - os documentos em língua estrangeira serão Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
devidamente autenticados pela autoridade consular, anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de
observados os tratados e convenções internacionais, e cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a
acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público cidadania do país de acolhida para o adotado;
juramentado; VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal
exigências e solicitar complementação sobre o estudo Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes
realizado no país de acolhida; sejam concedidos.
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4º
Central Estadual, a compatibilidade da legislação deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a
estrangeira com a nacional, além do preenchimento por suspensão de seu credenciamento.
parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e § 6º O credenciamento de organismo nacional ou
subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
que dispõe esta Lei como da legislação do país de internacional terá validade de 2 (dois) anos.

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§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
concedida mediante requerimento protocolado na decisão se restar demonstrado que a adoção é
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) manifestamente contrária à ordem pública ou não atende
dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. ao interesse superior da criança ou do adolescente.
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
concedeu a adoção internacional, não será permitida a prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá
saída do adotando do território nacional. imediatamente requerer o que for de direito para
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade resguardar os interesses da criança ou do adolescente,
judiciária determinará a expedição de alvará com comunicando-se as providências à Autoridade Central
autorização de viagem, bem como para obtenção de Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central
passaporte, constando, obrigatoriamente, as características Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de
da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, origem.
eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida
direito, instruindo o documento com cópia autenticada da no país de origem porque a sua legislação a delega ao país
decisão e certidão de trânsito em julgado. de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação que não tenha aderido à Convenção referida, o processo
das crianças e adolescentes adotados. de adoção seguirá as regras da adoção nacional.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Capítulo IV
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam Do Direito à Educação,
devidamente comprovados, é causa de seu à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
descredenciamento. Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
ser representados por mais de uma entidade credenciada pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
para atuar na cooperação em adoção internacional. qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou I - igualdade de condições para o acesso e
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) permanência na escola;
ano, podendo ser renovada. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com recorrer às instâncias escolares superiores;
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou IV - direito de organização e participação em entidades
familiar, assim como com crianças e adolescentes em estudantis;
condições de serem adotados, sem a devida autorização V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
judicial. residência, garantindo-se vagas no mesmo
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa
limitar ou suspender a concessão de novos ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação dada
credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante pela Lei nº 13.845, de 2019)
ato administrativo fundamentado. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e ciência do processo pedagógico, bem como participar da
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de definição das propostas educacionais.
organismos estrangeiros encarregados de intermediar Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e
pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou agremiações recreativas e de estabelecimentos
a pessoas físicas congêneres assegurar medidas de conscientização,
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de
ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do I - igualdade de condições para o acesso e
respectivo Conselho de Direitos da Criança e do permanência na escola;
Adolescente. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo recorrer às instâncias escolares superiores;
de adoção tenha sido processado em conformidade com a IV - direito de organização e participação em entidades
legislação vigente no país de residência e atendido o estudantis;
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
será automaticamente recepcionada com o reingresso no residência, garantindo-se vagas no mesmo
Brasil. estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação dada
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença pela Lei nº 13.845, de 2019)
ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em ciência do processo pedagógico, bem como participar da
país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez definição das propostas educacionais.
reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. adolescente:
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
do país de origem da criança ou do adolescente será II - progressiva extensão da obrigatoriedade e
conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver gratuidade ao ensino médio;
processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que III - atendimento educacional especializado aos
comunicará o fato à Autoridade Central Federal e portadores de deficiência, preferencialmente na rede
determinará as providências necessárias à expedição do regular de ensino;
Certificado de Naturalização Provisório. IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério de zero a cinco anos de idade;

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V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da IV - realizado em horários e locais que não permitam a
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de frequência à escola.
cada um; Art. 68. O programa social que tenha por base o
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade
condições do adolescente trabalhador; governamental ou não-governamental sem fins lucrativos,
VII - atendimento no ensino fundamental, através de deverá assegurar ao adolescente que dele participe
programas suplementares de material didático-escolar, condições de capacitação para o exercício de atividade
transporte, alimentação e assistência à saúde. regular remunerada.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade
público subjetivo. laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
poder público ou sua oferta irregular importa sobre o aspecto produtivo.
responsabilidade da autoridade competente. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
§ 3º Compete ao poder público recensear os trabalho efetuado ou a participação na venda dos
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e produtos de seu trabalho não desfigura o caráter
zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à educativo.
escola. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos,
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. entre outros:
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino I - respeito à condição peculiar de pessoa em
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos desenvolvimento;
de: II - capacitação profissional adequada ao mercado de
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; trabalho.
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
escolar, esgotados os recursos escolares; Título III - Da Prevenção
III - elevados níveis de repetência. Capítulo I - Disposições Gerais
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de
experiências e novas propostas relativas a calendário, ameaça ou violação dos direitos da criança e do
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com adolescente.
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ensino fundamental obrigatório. Municípios deverão atuar de forma articulada na
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os elaboração de políticas públicas e na execução de ações
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de
social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. violentas de educação de crianças e de adolescentes,
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da tendo como principais ações:
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e I - a promoção de campanhas educativas permanentes
espaços para programações culturais, esportivas e de lazer para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
voltadas para a infância e a juventude. serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
Capítulo V - Do Direito à
proteção aos direitos humanos;
Profissionalização e à Proteção no Trabalho
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
Adolescente e com as entidades não governamentais que
regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da
nesta Lei.
criança e do adolescente;
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
III - a formação continuada e a capacitação dos
técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e
profissionais de saúde, educação e assistência social e
bases da legislação de educação em vigor.
dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
seguintes princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao desenvolvimento das competências necessárias à
ensino regular; prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e
II - atividade compatível com o desenvolvimento do ao enfrentamento de todas as formas de violência contra
adolescente; a criança e o adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades. IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
assegurada bolsa de aprendizagem. criança e o adolescente;
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
previdenciários. desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é e responsáveis com o objetivo de promover a informação,
assegurado trabalho protegido. a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, degradante no processo educativo;
assistido em entidade governamental ou não- VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
governamental, é vedado trabalho: a articulação de ações e a elaboração de planos de
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um atuação conjunta focados nas famílias em situação de
dia e as cinco horas do dia seguinte; violência, com participação de profissionais de saúde, de
II - perigoso, insalubre ou penoso; assistência social e de educação e de órgãos de
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; adolescente.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

VII - a promoção de estudos e pesquisas, de Capítulo II - Da Prevenção Especial


estatísticas e de outras informações relevantes às Seção I - Da informação, Cultura, Lazer,
consequências e à frequência das formas de violência Esportes, Diversões e Espetáculos
contra a criança e o adolescente para a sistematização de Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
dados nacionalmente unificados e a avaliação periódica regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela Lei sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
nº 14.344, de 2022) recomendem, locais e horários em que sua apresentação
VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa se mostre inadequada.
humana, de forma a coibir a violência, o tratamento cruel Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
ou degradante e as formas violentas de educação, espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
correção ou disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344, de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
2022) destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
IX - a promoção e a realização de campanhas especificada no certificado de classificação.
educativas direcionadas ao público escolar e à sociedade Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
em geral e a difusão desta Lei e dos instrumentos de diversões e espetáculos públicos classificados como
proteção aos direitos humanos das crianças e dos adequados à sua faixa etária.
adolescentes, incluídos os canais de denúncia Parágrafo único. As crianças menores de dez anos
existentes; (Incluído pela Lei nº 14.344/2022) somente poderão ingressar e permanecer nos locais de
X - a celebração de convênios, de protocolos, de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais
ajustes, de termos e de outros instrumentos de promoção ou responsável.
de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
entidades não governamentais, com o objetivo de exibirão, no horário recomendado para o público infanto
implementar programas de erradicação da violência, de juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas,
tratamento cruel ou degradante e de formas violentas de culturais e informativas.
educação, correção ou disciplina; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
14.344, de 2022) ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e transmissão, apresentação ou exibição.
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e
profissionais nas escolas, dos Conselhos Tutelares e dos funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas referidos de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
no inciso II deste caput, para que identifiquem situações haja venda ou locação em desacordo com a classificação
em que crianças e adolescentes vivenciam violência e atribuída pelo órgão competente.
agressões no âmbito familiar ou institucional; (Incluído Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo
pela Lei nº 14.344, de 2022) deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza
XII - a promoção de programas educacionais que da obra e a faixa etária a que se destinam.
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade Art. 78. As revistas e publicações contendo material
da pessoa humana, bem como de programas de impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes
fortalecimento da parentalidade positiva, da educação sem deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com
castigos físicos e de ações de prevenção e enfrentamento a advertência de seu conteúdo.
da violência doméstica e familiar contra a criança e o Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) capas que contenham mensagens pornográficas ou
XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.
níveis de ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
identificação e à resposta à violência doméstica e infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
familiar. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas,
Parágrafo único. As famílias com crianças e tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores
adolescentes com deficiência terão prioridade de éticos e sociais da pessoa e da família.
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
proteção. . explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem por casas de jogos, assim entendidas as que realize
nas áreas da saúde e da educação, além daquelas às apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não
quais se refere o art. 71 desta Lei, entre outras, devem seja permitida a entrada e a permanência de crianças e
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas público.
ou casos de crimes praticados contra a criança e o
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Seção II - Dos Produtos e Serviços
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
comunicação de que trata este artigo, as pessoas de:
encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, I - armas, munições e explosivos;
ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência II - bebidas alcoólicas;
ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma III - produtos cujos componentes possam causar
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, dependência física ou psíquica ainda que por utilização
culposos ou dolosos. indevida;
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar provocar qualquer dano físico em caso de utilização
de pessoa em desenvolvimento. indevida;
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
por ela adotados. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
nos termos desta Lei. pais ou responsável.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Seção III - Da Autorização para Viajar III - criação e manutenção de programas específicos,
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 observada a descentralização político-administrativa;
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem municipais vinculados aos respectivos conselhos dos
expressa autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº direitos da criança e do adolescente;
13.812, de 2019) V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
§ 1º A autorização não será exigida quando: Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, para efeito de agilização do atendimento inicial a
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
região metropolitana; VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
anos estiver acompanhado: encarregados da execução das políticas sociais básicas e
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro de assistência social, para efeito de agilização do
grau, comprovado documentalmente o parentesco; atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo programas de acolhimento familiar ou institucional, com
pai, mãe ou responsável. vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua
ou responsável, conceder autorização válida por dois anos. colocação em família substituta, em quaisquer das
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: VII - mobilização da opinião pública para a
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; indispensável participação dos diversos segmentos da
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado sociedade.
expressamente pelo outro através de documento com firma VIII - especialização e formação continuada dos
reconhecida. profissionais que trabalham nas diferentes áreas da
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos
nenhuma criança ou adolescente nascido em território sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro IX - formação profissional com abrangência dos
residente ou domiciliado no exterior. diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça
a intersetorialidade no atendimento da criança e do
Parte Especial - Título I adolescente e seu desenvolvimento integral;
Da Política de Atendimento X - realização e divulgação de pesquisas sobre
Capítulo I - Disposições Gerais desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos criança e do adolescente é considerada de interesse
estados, do Distrito Federal e dos municípios. público relevante e não será remunerada.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas; Capítulo II - Das Entidades de Atendimento
II - serviços, programas, projetos e benefícios de Seção I - Disposições Gerais
assistência social de garantia de proteção social e de Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis
prevenção e redução de violações de direitos, seus pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo
agravamentos ou reincidências; planejamento e execução de programas de proteção e
III - serviços especiais de prevenção e atendimento socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- regime de:
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; I - orientação e apoio sócio familiar;
IV - serviço de identificação e localização de pais, II - apoio socioeducativo em meio aberto;
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; III - colocação familiar;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos IV - acolhimento institucional;
direitos da criança e do adolescente. V - prestação de serviços à comunidade;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou VI - liberdade assistida;
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a VII - semiliberdade; e
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar VIII - internação.
de crianças e adolescentes; § 1º As entidades governamentais e não
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de governamentais deverão proceder à inscrição de seus
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio programas, especificando os regimes de atendimento, na
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. registro das inscrições e de suas alterações, do que fará
Parágrafo único. A linha de ação da política de comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade
atendimento a que se refere o inciso IV do caput deste artigo judiciária.
será executada em cooperação com o Cadastro Nacional de § 2º Os recursos destinados à implementação e
Pessoas Desaparecidas, criado pela Lei nº 13.812, de 16 de manutenção dos programas relacionados neste artigo
março de 2019, com o Cadastro Nacional de Crianças e serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos
Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei nº 12.127, de públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e
17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros, sejam Assistência Social, dentre outros, observando-se o
eles nacionais, estaduais ou municipais. (Incluído pela Lei princípio da prioridade absoluta à criança e ao
nº 14.548, de 2023) adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do
I - municipalização do atendimento; art. 4º desta Lei.
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional § 3º Os programas em execução serão reavaliados
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
controladores das ações em todos os níveis, assegurada a Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos,
participação popular paritária por meio de organizações constituindo-se critérios para renovação da autorização de
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; funcionamento:

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I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
bem como às resoluções relativas à modalidade de cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de deste artigo.
Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os § 5º As entidades que desenvolvem programas de
níveis; acolhimento familiar ou institucional somente poderão
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, receber recursos públicos se comprovado o atendimento
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e dos princípios, exigências e finalidades desta Lei.
pela Justiça da Infância e da Juventude; § 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo
III - em se tratando de programas de acolhimento dirigente de entidade que desenvolva programas de
institucional ou familiar, serão considerados os índices de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família destituição, sem prejuízo da apuração de sua
substituta, conforme o caso. responsabilidade administrativa, civil e criminal.
Art. 91. As entidades não-governamentais somente § 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
poderão funcionar depois de registradas no Conselho anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual atenção à atuação de educadores de referência estáveis e
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
judiciária da respectiva localidade. atendimento das necessidades básicas, incluindo as de
§ 1º Será negado o registro à entidade que: afeto como prioritárias.
a) não ofereça instalações físicas em condições Art. 93. As entidades que mantenham programa de
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
segurança; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
b) não apresente plano de trabalho compatível com os determinação da autoridade competente, fazendo
princípios desta Lei; comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao
c) esteja irregularmente constituída; Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. responsabilidade.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e Parágrafo único. Recebida a comunicação, a
deliberações relativas à modalidade de atendimento autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará
e do Adolescente, em todos os níveis. as medidas necessárias para promover a imediata
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se
anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da por qualquer razão não for isso possível ou
Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o recomendável, para seu encaminhamento a programa de
cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1º acolhimento familiar, institucional ou a família substituta,
deste artigo. observado o disposto no § 2º do art. 101 desta Lei.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
seguintes princípios: I - observar os direitos e garantias de que são titulares
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da os adolescentes;
reintegração familiar; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
II - integração em família substituta, quando esgotados objeto de restrição na decisão de internação;
os recursos de manutenção na família natural ou extensa; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; unidades e grupos reduzidos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
coeducação; respeito e dignidade ao adolescente;
V - não desmembramento de grupos de irmãos; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para preservação dos vínculos familiares;
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
VII - participação na vida da comunidade local; os casos em que se mostre inviável ou impossível o
VIII - preparação gradativa para o desligamento; reatamento dos vínculos familiares;
IX - participação de pessoas da comunidade no VII - oferecer instalações físicas em condições
processo educativo. adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
todos os efeitos de direito. adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
programas de acolhimento familiar ou institucional odontológicos e farmacêuticos;
remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 X - propiciar escolarização e profissionalização;
(seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, XII - propiciar assistência religiosa àqueles que
para fins da reavaliação prevista no § 1º do art. 19 desta desejarem, de acordo com suas crenças;
Lei. XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
permanente qualificação dos profissionais que atuam autoridade competente;
direta ou indiretamente em programas de acolhimento XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
institucional e destinados à colocação familiar de crianças sobre sua situação processual;
e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
Ministério Público e Conselho Tutelar. casos de adolescentes portadores de moléstias
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade infectocontagiosas;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences
programas de acolhimento familiar ou institucional, se dos adolescentes;
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos XVIII - manter programas destinados ao apoio e
órgãos de assistência social, estimularão o contato da acompanhamento de egressos;

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XIX - providenciar os documentos necessários ao conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas


exercício da cidadania àqueles que não os tiverem; que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
XX - manter arquivo de anotações onde constem data comunitários.
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, Parágrafo único. São também princípios que regem a
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, aplicação das medidas:
idade, acompanhamento da sua formação, relação de I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
seus pertences e demais dados que possibilitem sua de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos
identificação e a individualização do atendimento. direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações Constituição Federal;
constantes deste artigo às entidades que mantêm II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
programas de acolhimento institucional e familiar. aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos que crianças e adolescentes são titulares;
da comunidade. III - responsabilidade primária e solidária do poder
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, Federal, salvo nos casos por esta expressamente
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das
Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus- 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da
tratos. municipalização do atendimento e da possibilidade da
execução de programas por entidades não
Seção II - Da Fiscalização das Entidades governamentais;
Art. 95. As entidades governamentais e não- IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
Tutelares. consideração que for devida a outros interesses legítimos
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
contas serão apresentados ao estado ou ao município, concreto;
conforme a origem das dotações orçamentárias. V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de privada;
seus dirigentes ou prepostos: VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
I - às entidades governamentais: competentes deve ser efetuada logo que a situação de
a) advertência; perigo seja conhecida;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos
II - às entidades não-governamentais: direitos e à proteção da criança e do adolescente;
a) advertência; VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em
públicas; que a criança ou o adolescente se encontram no momento
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; em que a decisão é tomada;
d) cassação do registro. IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
entidades de atendimento, que coloquem em risco os para com a criança e o adolescente;
direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
comunicado ao Ministério Público ou representado perante proteção da criança e do adolescente deve ser dada
autoridade judiciária competente para as providências prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem
cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução na sua família natural ou extensa ou, se isso não for
da entidade. possível, que promovam a sua integração em família
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as adotiva;
organizações não governamentais responderão pelos XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
adolescentes, caracterizado o descumprimento dos capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
princípios norteadores das atividades de proteção devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que
específica. determinaram a intervenção e da forma como esta se
processa;
Título II - Das Medidas de Proteção XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
Capítulo I - Disposições Gerais adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: participar nos atos e na definição da medida de promoção
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou devidamente considerada pela autoridade judiciária
responsável; competente, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art.
III - em razão de sua conduta. 28 desta Lei.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
Capítulo II - Das Medidas Específicas de Proteção art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão outras, as seguintes medidas:
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
substituídas a qualquer tempo. termo de responsabilidade;
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

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III - matrícula e frequência obrigatórias em § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar,


estabelecimento oficial de ensino fundamental; o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou institucional fará imediata comunicação à autoridade
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo
criança e do adolescente; de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou § 9º Em sendo constatada a impossibilidade de
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; reintegração da criança ou do adolescente à família de
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
toxicômanos; enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no
VII - acolhimento institucional; qual conste a descrição pormenorizada das providências
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
IX - colocação em família substituta. técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar política municipal de garantia do direito à convivência
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo de tutela ou guarda.
esta possível, para colocação em família substituta, não § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
implicando privação de liberdade. prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais destituição do poder familiar, salvo se entender
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e necessária a realização de estudos complementares ou
das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o de outras providências indispensáveis ao ajuizamento da
afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar demanda.
é de competência exclusiva da autoridade judiciária e § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou ou foro regional, um cadastro contendo informações
de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de
contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao acolhimento familiar e institucional sob sua
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre
defesa. a situação jurídica de cada um, bem como as providências
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em
encaminhados às instituições que executam programas de família substituta, em qualquer das modalidades previstas
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio no art. 28 desta Lei.
de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
I - sua identificação e a qualificação completa de seus Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do
pais ou de seu responsável, se conhecidos; Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe
II - o endereço de residência dos pais ou do deliberar sobre a implementação de políticas públicas que
responsável, com pontos de referência; permitam reduzir o número de crianças e adolescentes
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados afastados do convívio familiar e abreviar o período de
em tê-los sob sua guarda; permanência em programa de acolhimento.
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
convívio familiar. Capítulo serão acompanhadas da regularização do
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou registro civil.
do adolescente, a entidade responsável pelo programa de § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano assento de nascimento da criança ou adolescente será
individual de atendimento, visando à reintegração familiar, feito à vista dos elementos disponíveis, mediante
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada requisição da autoridade judiciária.
em contrário de autoridade judiciária competente, caso § 2º Os registros e certidões necessários à
em que também deverá contemplar sua colocação em regularização de que trata este artigo são isentos de
família substituta, observadas as regras e princípios desta multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
Lei. prioridade.
§ 5º O plano individual será elaborado sob a § 3º Caso ainda não definida a paternidade, será
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa deflagrado procedimento específico destinado à sua
de atendimento e levará em consideração a opinião da averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de
criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do dezembro de 1992.
responsável. § 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; paternidade pelo Ministério Público se, após o não
II - os compromissos assumidos pelos pais ou comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
responsável; e paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas adoção.
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento
seja esta vedada por expressa e fundamentada são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
determinação judicial, as providências a serem tomadas absoluta prioridade.
para sua colocação em família substituta, sob direta § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
supervisão da autoridade judiciária. requerida do reconhecimento de paternidade no assento de
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no nascimento e a certidão correspondente.
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável
e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre Título III
que identificada a necessidade, a família de origem será Da Prática de Ato Infracional
incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de Capítulo I - Disposições Gerais
promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta
com a criança ou com o adolescente acolhido. descrita como crime ou contravenção penal.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de Art. 114. A imposição das medidas previstas nos
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser provas suficientes da autoria e da materialidade da
considerada a idade do adolescente à data do fato. infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança do art. 127.
corresponderão as medidas previstas no art. 101. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
sempre que houver prova da materialidade e indícios
Capítulo II - Dos Direitos Individuais suficientes da autoria.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por Seção II - Da Advertência
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
competente. verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à
identificação dos responsáveis pela sua apreensão, Seção III - Da Obrigação de Reparar o Dano
devendo ser informado acerca de seus direitos. Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
local onde se encontra recolhido serão incontinenti que o adolescente restitua a coisa, promova o
comunicados à autoridade judiciária competente e à família ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
do apreendido ou à pessoa por ele indicada. prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação medida poderá ser substituída por outra adequada.
imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser Seção IV - Da Prestação de Serviços à Comunidade
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por
basear-se em indícios suficientes de autoria e período não excedente a seis meses, junto a entidades
materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos
medida. congêneres, bem como em programas comunitários ou
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será governamentais.
submetido a identificação compulsória pelos órgãos Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas
confrontação, havendo dúvida fundada. durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a
Capítulo III - Das Garantias Processuais não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua de trabalho.
liberdade sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre Seção V - Da Liberdade Assistida
outras, as seguintes garantias: Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
infracional, mediante citação ou meio equivalente; acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
II - igualdade na relação processual, podendo § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
as provas necessárias à sua defesa; entidade ou programa de atendimento.
III - defesa técnica por advogado; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser
necessitados, na forma da lei; prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
competente; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou supervisão da autoridade competente, a realização dos
responsável em qualquer fase do procedimento. seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Capítulo IV - Das Medidas Socioeducativas fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
Seção I - Disposições Gerais em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a social;
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as II - supervisionar a frequência e o aproveitamento
seguintes medidas: escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
I - advertência; matrícula;
II - obrigação de reparar o dano; III - diligenciar no sentido da profissionalização do
III - prestação de serviços à comunidade; adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV - liberdade assistida; IV - apresentar relatório do caso.
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional; Seção VI - Do Regime de Semiliberdade
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta determinado desde o início, ou como forma de transição
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a para o meio aberto, possibilitada a realização de
gravidade da infração. atividades externas, independentemente de autorização
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será judicial.
admitida a prestação de trabalho forçado. § 1º São obrigatórias a escolarização e a
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
deficiência mental receberão tratamento individual e utilizados os recursos existentes na comunidade.
especializado, em local adequado às suas condições. § 2º A medida não comporta prazo determinado
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
99 e 100. internação.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Seção VII - Da Internação XVI - receber, quando de sua desinternação, os


Art. 121. A internação constitui medida privativa da documentos pessoais indispensáveis à vida em
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, sociedade.
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
em desenvolvimento. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa se existirem motivos sérios e fundados de sua
determinação judicial em contrário. prejudicialidade aos interesses do adolescente.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
fundamentada, no máximo a cada seis meses. adequadas de contenção e segurança.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
internação excederá a três anos. Capítulo V - Da Remissão
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em apuração de ato infracional, o representante do Ministério
regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. Público poderá conceder a remissão, como forma de
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
de idade. consequências do fato, ao contexto social, bem como à
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será personalidade do adolescente e sua maior ou menor
precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério participação no ato infracional.
Público. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º da remissão pela autoridade judiciária importará na
poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade suspensão ou extinção do processo.
judiciária. Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
Art. 122. A medida de internação só poderá ser reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
aplicada quando: prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
ameaça ou violência a pessoa; previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-
II - por reiteração no cometimento de Zoutras infrações liberdade e a internação.
graves; Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
III - por descumprimento reiterado e injustificável da poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
medida anteriormente imposta. mediante pedido expresso do adolescente ou de seu
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III representante legal, ou do Ministério Público.
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
devendo ser decretada judicialmente após o devido Título IV
processo legal. Das Medidas Pertinentes a os Pais ou Responsável
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou
havendo outra medida adequada. responsável:
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
critérios de idade, compleição física e gravidade da auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
infração. toxicômanos;
Parágrafo único. Durante o período de internação, III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades psiquiátrico;
pedagógicas. IV - encaminhamento a cursos ou programas de
Art. 124. São direitos do adolescente privado de orientação;
liberdade, entre outros, os seguintes: V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
Ministério Público; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; a tratamento especializado;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; VII - advertência;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre VIII - perda da guarda;
que solicitada; IX - destituição da tutela;
V - ser tratado com respeito e dignidade; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
VI - permanecer internado na mesma localidade ou Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
responsável; nos arts. 23 e 24.
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e responsável, a autoridade judiciária poderá determinar,
asseio pessoal; como medida cautelar, o afastamento do agressor da
X - habitar alojamento em condições adequadas de moradia comum.
higiene e salubridade; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
XI - receber escolarização e profissionalização; fixação provisória dos alimentos de que necessitem a
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: criança ou o adolescente dependentes do agressor.
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua Título V - Do Conselho Tutelar
crença, e desde que assim o deseje; Capítulo I - Disposições Gerais
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
dispor de local seguro para guardá-los, recebendo autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
comprovante daqueles porventura depositados em poder de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
da entidade; adolescente, definidos nesta Lei.

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Art. 132. Em cada Município e em cada Região agressão, à agilidade no atendimento da criança e do
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à
(um) Conselho Tutelar como órgão integrante da responsabilização do agressor; (Incluído pela Lei nº
administração pública local, composto de 5 (cinco) 14.344, de 2022)
membros, escolhidos pela população local para mandato XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos testemunha de violência doméstica e familiar, ou submetido
processos de escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, a tratamento cruel ou degradante ou a formas violentas de
de 2019) educação, correção ou disciplina, a seus familiares e a
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho testemunhas, de forma a prover orientação e
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: aconselhamento acerca de seus direitos e dos
I - reconhecida idoneidade moral; encaminhamentos necessários; (Incluído pela Lei nº
II - idade superior a vinte e um anos; 14.344, de 2022)
III - residir no município. XV - representar à autoridade judicial ou policial para
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, do local de convivência com a vítima nos casos de
inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, violência doméstica e familiar contra a criança e o
aos quais é assegurado o direito a: adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
I - cobertura previdenciária; XVI - representar à autoridade judicial para requerer a
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de concessão de medida protetiva de urgência à criança ou ao
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e
III - licença-maternidade; familiar, bem como a revisão daquelas já
IV - licença-paternidade; concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
V - gratificação natalina. XVII - representar ao Ministério Público para requerer a
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária propositura de ação cautelar de antecipação de produção
municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos de prova nas causas que envolvam violência contra a
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
remuneração e formação continuada dos conselheiros 2022)
tutelares. XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro competência, ao receber comunicação da ocorrência de
constituirá serviço público relevante e estabelecerá ação ou omissão, praticada em local público ou privado,
presunção de idoneidade moral. que constitua violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344,
Capítulo II - Das Atribuições do Conselho de 2022)
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses informações reveladas por noticiantes ou denunciantes
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas relativas à prática de violência, ao uso de tratamento cruel
previstas no art. 101, I a VII; ou degradante ou de formas violentas de educação,
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, correção ou disciplina contra a criança e o
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
III - promover a execução de suas decisões, podendo XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério
para tanto: Público para requerer a concessão de medidas cautelares
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, direta ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção
educação, serviço social, previdência, trabalho e de noticiante ou denunciante de informações de crimes
segurança; que envolvam violência doméstica e familiar contra a
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos criança e o adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344,
de descumprimento injustificado de suas deliberações. de 2022)
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
que constitua infração administrativa ou penal contra os o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
direitos da criança ou adolescente; convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os
competência; motivos de tal entendimento e as providências tomadas
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
adolescente autor de ato infracional; poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
VII - expedir notificações; quem tenha legítimo interesse.
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
criança ou adolescente quando necessário; Capítulo III - Da Competência
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
da proposta orçamentária para planos e programas de competência constante do art. 147.
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, Capítulo IV - Da Escolha dos Conselheiros
contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
inciso II, da Constituição Federal; Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
XI - representar ao Ministério Público para efeito das realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do Ministério Público.
do adolescente junto à família natural. § 1º O processo de escolha dos membros do Conselho
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território
grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em mês de outubro do ano subsequente ao da eleição
crianças e adolescentes. presidencial.
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações § 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia
articuladas e efetivas direcionadas à identificação da 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

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§ 3º No processo de escolha dos membros do responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que
Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, abrigar a criança ou adolescente.
prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal § 3º Em caso de infração cometida através de
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja
mais de uma comarca, será competente, para aplicação da
Capítulo V - Dos Impedimentos penalidade, a autoridade judiciária do local da sede
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e para todas as transmissoras ou retransmissoras do
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e respectivo estado.
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do competente para:
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade I - conhecer de representações promovidas pelo
judiciária e ao representante do Ministério Público com Ministério Público, para apuração de ato infracional
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
exercício na comarca, foro regional ou distrital. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
extinção do processo;
Título VI III - conhecer de pedidos de adoção e seus
Do Acesso à Justiça incidentes;
Capítulo I - Disposições Gerais IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e adolescente, observado o disposto no art. 209;
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos em entidades de atendimento, aplicando as medidas
que dela necessitarem, através de defensor público ou cabíveis;
advogado nomeado. VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da infrações contra norma de proteção à criança ou
Infância e da Juventude são isentas de custas e adolescente;
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
representados e os maiores de dezesseis e menores de Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
curadores, na forma da legislação civil ou processual. competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador de:
especial à criança ou adolescente, sempre que os a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
interesses destes colidirem com os de seus pais ou b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
responsável, ou quando carecer de representação ou perda ou modificação da tutela ou guarda;
assistência legal ainda que eventual. c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, casamento;
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e d) conhecer de pedidos baseados em discordância
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. paterna ou materna, em relação ao exercício do poder
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato familiar;
não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando- e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, quando faltarem os pais;
parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e f) designar curador especial em casos de apresentação
sobrenome. de queixa ou representação, ou de outros procedimentos
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança
que se refere o artigo anterior somente será deferida pela ou adolescente;
autoridade judiciária competente, se demonstrado o g) conhecer de ações de alimentos;
interesse e justificada a finalidade. h) determinar o cancelamento, a retificação e o
suprimento dos registros de nascimento e óbito.
Capítulo II - Da Justiça Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
da Infância e da Juventude através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
Seção I - Disposições Gerais I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar desacompanhado dos pais ou responsável, em:
varas especializadas e exclusivas da infância e da a) estádio, ginásio e campo desportivo;
juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua b) bailes ou promoções dançantes;
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de c) boate ou congêneres;
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em d) casa que explore comercialmente diversões
plantões. eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
Seção II - Do Juiz televisão.
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz II - a participação de criança e adolescente em:
da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa a) espetáculos públicos e seus ensaios;
função, na forma da lei de organização judiciária local. b) certames de beleza.
Art. 147. A competência será determinada: § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou a) os princípios desta Lei;
adolescente, à falta dos pais ou responsável. b) as peculiaridades locais;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a c) a existência de instalações adequadas;
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as d) o tipo de frequência habitual ao local;
regras de conexão, continência e prevenção. e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à frequência de crianças e adolescentes;
autoridade competente da residência dos pais ou f) a natureza do espetáculo.

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§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo § 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades


deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
determinações de caráter geral. interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste
artigo, de representantes do órgão federal responsável pela
Seção III - Dos Serviços Auxiliares política indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de desta Lei.
sua proposta orçamentária, prever recursos para § 3º A concessão da liminar será, preferencialmente,
manutenção de equipe interprofissional, destinada a precedida de entrevista da criança ou do adolescente
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. perante equipe multidisciplinar e de oitiva da outra parte,
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou § 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver de criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao
trabalhos de aconselhamento, orientação, Ministério Público e encaminhará os documentos
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata pertinentes. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
manifestação do ponto de vista técnico. dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário testemunhas e documentos.
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou § 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos
de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas os meios para sua realização.
exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, a § 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado
autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de pessoalmente.
perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de § 3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça
março de 2015 (Código de Processo Civil). houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
Capítulo III - Dos Procedimentos informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
Seção I - Disposições Gerais qualquer vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei a citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
legislação processual pertinente. (Código de Processo Civil).
§ 1º . É assegurada, sob pena de responsabilidade, § 4º Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
prioridade absoluta na tramitação dos processos e local incerto ou não sabido, serão citados por edital no
procedimentos previstos nesta Lei, assim como na prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. envio de ofícios para a localização.
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
seus procedimentos são contados em dias corridos, constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de
Ministério Público. resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não despacho de nomeação.
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado
Ministério Público. defensor.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
sua família de origem e em outros procedimentos apresentação de documento que interesse à causa, de
necessariamente contenciosos. ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. Público.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
Da Perda e da Suspensão do Familiar concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
do poder familiar terá início por provocação do Ministério dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
Público ou de quem tenha legítimo interesse. dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em
Art. 156. A petição inicial indicará: igual prazo.
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerimento das partes ou do Ministério Público,
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em determinará a oitiva de testemunhas que comprovem a
se tratando de pedido formulado por representante do presença de uma das causas de suspensão ou
Ministério Público; destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e
III - a exposição sumária do fato e o pedido; 1.638 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, Civil), ou no art. 24 desta Lei.
desde logo, o rol de testemunhas e documentos. § 2º (Revogado).
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda,
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o criança ou adolescente, respeitado seu estágio de
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de implicações da medida.
responsabilidade. § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
§ 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária forem identificados e estiverem em local conhecido,
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e ressalvados os casos de não comparecimento perante a
independentemente de requerimento do Justiça quando devidamente citados.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de § 3º São garantidos a livre manifestação de vontade


liberdade, a autoridade judicial requisitará sua dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
apresentação para a oitiva. informações.
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade § 4º O consentimento prestado por escrito não terá
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por validade se não for ratificado na audiência a que se refere o
cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, § 1º deste artigo.
desde logo, audiência de instrução e julgamento. § 5º O consentimento é retratável até a data da
§ 1º (Revogado). realização da audiência especificada no § 1º deste artigo, e
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se (dez) dias, contado da data de prolação da sentença de
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado extinção do poder familiar.
por escrito, manifestando-se sucessivamente o § 6º O consentimento somente terá valor se for dado
requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo após o nascimento da criança.
de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 § 7º A família natural e a família substituta receberão a
(dez) minutos. devida orientação por intermédio de equipe técnica
§ 3º A decisão será proferida na audiência, podendo a interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. responsáveis pela execução da política municipal de
§ 4º Quando o procedimento de destituição de poder garantia do direito à convivência familiar.
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
necessidade de nomeação de curador especial em favor da requerimento das partes ou do Ministério Público,
criança ou adolescente. determinará a realização de estudo social ou, se possível,
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a
procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao concessão de guarda provisória, bem como, no caso de
juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do adoção, sobre o estágio de convivência.
poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
adolescente com vistas à colocação em família substituta. provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a adolescente será entregue ao interessado, mediante termo
suspensão do poder familiar será averbada à margem do de responsabilidade.
registro de nascimento da criança ou do adolescente. Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o
Seção III - Da Destituição da Tutela adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público,
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei em igual prazo.
processual civil e, no que couber, o disposto na seção Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da
anterior. tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir
pressuposto lógico da medida principal de colocação em
Seção IV - Da Colocação em Família Substituta família substituta, será observado o procedimento
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
de colocação em família substituta: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
I - qualificação completa do requerente e de seu Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
deste; observado o disposto no art. 35.
II - indicação de eventual parentesco do requerente e Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art.
adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; 47.
III - qualificação completa da criança ou adolescente e Parágrafo único. A colocação de criança ou
de seus pais, se conhecidos; adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou de 5 (cinco) dias.
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar- Seção V - Da Apuração de Ato
se-ão também os requisitos específicos. Infracional Atribuído a Adolescente
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
aderido expressamente ao pedido de colocação em família judiciária.
substituta, este poderá ser formulado diretamente em Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
dispensada a assistência de advogado. policial competente.
§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: Parágrafo único. Havendo repartição policial
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, especializada para atendimento de adolescente e em se
devidamente assistidas por advogado ou por defensor tratando de ato infracional praticado em co-autoria com
público, para verificar sua concordância com a adoção, no maior, prevalecerá a atribuição da repartição
prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do especializada, que, após as providências necessárias e
protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo, conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição
tomando por termo as declarações; e policial própria.
II - declarará a extinção do poder familiar. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional
§ 2º O consentimento dos titulares do poder familiar cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
será precedido de orientações e esclarecimentos prestados autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da parágrafo único, e 107, deverá:
Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e
irrevogabilidade da medida. o adolescente;

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

II - apreender o produto e os instrumentos da infração; § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa


III - requisitar os exames ou perícias necessários à dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
comprovação da materialidade e autoria da infração. despacho fundamentado, e este oferecerá representação,
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a designará outro membro do Ministério Público para
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão,
ocorrência circunstanciada. que só então estará a autoridade judiciária obrigada a
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou homologar.
responsável, o adolescente será prontamente liberado Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
pela autoridade policial, sob termo de compromisso e Ministério Público não promover o arquivamento ou
responsabilidade de sua apresentação ao representante conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade
do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo judiciária, propondo a instauração de procedimento para
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais
pela gravidade do ato infracional e sua repercussão adequada.
social, deva o adolescente permanecer sob internação § 1º A representação será oferecida por petição, que
para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
da ordem pública.
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade
podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária
policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
instalada pela autoridade judiciária.
representante do Ministério Público, juntamente com cópia
§ 2º A representação independe de prova pré-
do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
constituída da autoria e materialidade.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
de atendimento, que fará a apresentação ao conclusão do procedimento, estando o adolescente
representante do Ministério Público no prazo de vinte e internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
quatro horas. Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de judiciária designará audiência de apresentação do
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
policial. À falta de repartição policial especializada, o manutenção da internação, observado o disposto no art.
adolescente aguardará a apresentação em dependência 108 e parágrafo.
separada da destinada a maiores, não podendo, em § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo cientificados do teor da representação, e notificados a
anterior. comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
policial encaminhará imediatamente ao representante do a autoridade judiciária dará curador especial ao
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim adolescente.
de ocorrência. § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
indícios de participação de adolescente na prática de ato determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
infracional, a autoridade policial encaminhará ao apresentação.
representante do Ministério Público relatório das § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
investigações e demais documentos. a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ou responsável.
ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
em compartimento fechado de veículo policial, em autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem estabelecimento prisional.
risco à sua integridade física ou mental, sob pena de § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
responsabilidade. características definidas no art. 123, o adolescente deverá
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante ser imediatamente transferido para a localidade mais
do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de próxima.
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
devidamente autuados pelo cartório judicial e com adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
informação sobre os antecedentes do adolescente, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
cinco dias, sob pena de responsabilidade.
testemunhas.
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
representante do Ministério Público notificará os pais ou
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional
responsável para apresentação do adolescente, podendo
qualificado.
requisitar o concurso das polícias civil e militar.
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
anterior, o representante do Ministério Público poderá: remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
I - promover o arquivamento dos autos; proferindo decisão.
II - conceder a remissão; § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de
III - representar à autoridade judiciária para aplicação medida de internação ou colocação em regime de semi-
de medida sócio-educativa. liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou adolescente não possui advogado constituído, nomeará
concedida a remissão pelo representante do Ministério defensor, designando, desde logo, audiência em
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o continuação, podendo determinar a realização de
resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade diligências e estudo do caso.
judiciária para homologação. § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a no prazo de três dias contado da audiência de
autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de
cumprimento da medida. testemunhas.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as identificação de usuário ou código de acesso tenha sido


testemunhas arroladas na representação e na defesa atribuído no momento da conexão.
prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não
equipe interprofissional, será dada a palavra ao será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
representante do Ministério Público e ao defensor, Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
judiciária, que em seguida proferirá decisão. Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
comparecer, injustificadamente à audiência de Público e ao delegado de polícia responsável pela
apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, operação, com o objetivo de garantir o sigilo das
determinando sua condução coercitiva. investigações.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a
suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
fase do procedimento, antes da sentença. de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e
medida, desde que reconheça na sentença: nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-
I - estar provada a inexistência do fato; Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
II - não haver prova da existência do fato; Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar
III - não constituir o fato ato infracional; de observar a estrita finalidade da investigação responderá
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido pelos excessos praticados.
para o ato infracional. Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
adolescente internado, será imediatamente colocado em procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial,
liberdade. as informações necessárias à efetividade da identidade
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida fictícia criada.
de internação ou regime de semi-liberdade será feita: Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata
I - ao adolescente e ao seu defensor; esta Seção será numerado e tombado em livro específico.
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se- registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao
á unicamente na pessoa do defensor. juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, circunstanciado.
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
sentença. no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
apensados ao processo criminal juntamente com o
Seção V-A - Da Infiltração de Agentes de Polícia inquérito policial, assegurando-se a preservação da
para a Investigação de Crimes contra a identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das
Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente crianças e dos adolescentes envolvidos.
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na
internet com o fim de investigar os crimes previstos Seção VI - Da Apuração de Irregularidades
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta em Entidade de Atendimento
Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Art. 191. O procedimento de apuração de
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código irregularidades em entidade governamental e não-
Penal), obedecerá às seguintes regras: governamental terá início mediante portaria da autoridade
I – será precedida de autorização judicial devidamente judiciária ou representação do Ministério Público ou do
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo
limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o dos fatos.
Ministério Público; Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
Público ou representação de delegado de polícia e liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance entidade, mediante decisão fundamentada.
das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
pessoas investigadas e, quando possível, os dados de prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo
conexão ou cadastrais que permitam a identificação juntar documentos e indicar as provas a produzir.
dessas pessoas; Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, necessário, a autoridade judiciária designará audiência de
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total instrução e julgamento, intimando as partes.
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da Ministério Público terão cinco dias para oferecer
autoridade judicial. alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão igual prazo.
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § definitivo de dirigente de entidade governamental, a
1º deste artigo. autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para
artigo, consideram-se: a substituição.
I – dados de conexão: informações referentes a hora, § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e processo será extinto, sem julgamento de mérito.
endereço de assinante ou de usuário registrado ou § 4º A multa e a advertência serão impostas ao
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, dirigente da entidade ou programa de atendimento.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Seção VII - Da Apuração de Infração Administrativa § 1º É obrigatória a participação dos postulantes em


às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente programa oferecido pela Justiça da Infância e da
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
administrativa por infração às normas de proteção à criança responsáveis pela execução da política municipal de
e ao adolescente terá início por representação do Ministério garantia do direito à convivência familiar e dos grupos de
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça
elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e da Infância e da Juventude, que inclua preparação
assinado por duas testemunhas, se possível. psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, de crianças ou de adolescentes com deficiência, com
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se doenças crônicas ou com necessidades específicas de
a natureza e as circunstâncias da infração. saúde, e de grupos de irmãos.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração § 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa
seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso obrigatória da preparação referida no § 1º deste artigo
contrário, dos motivos do retardamento. incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para de acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado
apresentação de defesa, contado da data da intimação, sob orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica
que será feita: da Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis
lavrado na presença do requerido; pelo programa de acolhimento familiar e institucional e
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente pela execução da política municipal de garantia do direito
habilitado, que entregará cópia do auto ou da à convivência familiar.
representação ao requerido, ou a seu representante legal, § 3º É recomendável que as crianças e os adolescentes
lavrando certidão; acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não sejam preparados por equipe interprofissional antes da
for encontrado o requerido ou seu representante legal; inclusão em família adotiva.
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
representante legal. autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito)
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo
legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público e determinará a juntada do estudo
Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária instrução e julgamento.
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo Parágrafo único. Caso não sejam requeridas
necessário, designará audiência de instrução e julgamento. diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial,
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
que em seguida proferirá sentença. inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei,
sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo
Seção VIII
com ordem cronológica de habilitação e conforme a
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
§ 2º A habilitação à adoção deverá ser renovada no
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído
mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe
I - qualificação completa;
interprofissional.
II - dados familiares;
§ 3º Quando o adotante candidatar-se a uma nova
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
adoção será dispensável a renovação da habilitação,
casamento, ou declaração relativa ao período de união
bastando a avaliação por equipe interprofissional.
estável;
§ 4º Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado,
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no
à adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do
Cadastro de Pessoas Físicas;
perfil escolhido, haverá reavaliação da habilitação
V - comprovante de renda e domicílio;
VI - atestados de sanidade física e mental; concedida.
VII - certidão de antecedentes criminais; § 5º A desistência do pretendente em relação à guarda
VIII - certidão negativa de distribuição cível. para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério adoção importará na sua exclusão dos cadastros de
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: adoção e na vedação de renovação da habilitação, salvo
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das demais
equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo sanções previstas na legislação vigente.
técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
postulantes em juízo e testemunhas; prorrogável por igual período, mediante decisão
III - requerer a juntada de documentos complementares fundamentada da autoridade judiciária.
e a realização de outras diligências que entender
necessárias. Capítulo IV - Dos Recursos
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o recursal da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
preparo dos postulantes para o exercício de uma de Processo Civil), com as seguintes adaptações:
paternidade ou maternidade responsável, à luz dos I - os recursos serão interpostos independentemente de
requisitos e princípios desta Lei. preparo;

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II - em todos os recursos, salvo nos embargos de a) expedir notificações para colher depoimentos ou
declaração, o prazo para o Ministério Público e para a esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
defesa será sempre de 10 (dez) dias; injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
III - os recursos terão preferência de julgamento e polícia civil ou militar;
dispensarão revisor; b) requisitar informações, exames, perícias e
IV ao VI - (Revogados pela Lei nº 12.010, de 2009) documentos de autoridades municipais, estaduais e
VII - antes de determinar a remessa dos autos à federais, da administração direta ou indireta, bem como
superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, promover inspeções e diligências investigatórias;
no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá c) requisitar informações e documentos a particulares e
despacho fundamentado, mantendo ou reformando a instituições privadas;
decisão, no prazo de cinco dias; VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o investigatórias e determinar a instauração de inquérito
escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
instância dentro de vinte e quatro horas, proteção à infância e à juventude;
independentemente de novo pedido do recorrente; se a VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido legais assegurados às crianças e adolescentes,
expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
prazo de cinco dias, contados da intimação. IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na
art. 149 caberá recurso de apelação. defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz afetos à criança e ao adolescente;
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será X - representar ao juízo visando à aplicação de
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se penalidade por infrações cometidas contra as normas de
tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da
irreparável ou de difícil reparação ao adotando. promoção da responsabilidade civil e penal do infrator,
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer quando cabível;
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. atendimento e os programas de que trata esta Lei,
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
adoção e de destituição de poder familiar, em face da necessárias à remoção de irregularidades porventura
relevância das questões, serão processados com verificadas;
prioridade absoluta, devendo ser imediatamente XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de
situação, oportuna distribuição, e serão colocados em assistência social, públicos ou privados, para o
mesa para julgamento sem revisão e com parecer desempenho de suas atribuições.
urgente do Ministério Público. XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em criminais decorrentes de violência doméstica e familiar
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) contra a criança e o adolescente. (Incluído pela Lei nº
dias, contado da sua conclusão. 14.344/22)
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
data do julgamento e poderá na sessão, se entender cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
necessário, apresentar oralmente seu parecer. mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a esta Lei.
instauração de procedimento para apuração de § 2º As atribuições constantes deste artigo não
responsabilidades se constatar o descumprimento das excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do
providências e do prazo previstos nos artigos anteriores. Ministério Público.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício
Capítulo V - Do Ministério Público de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas encontre criança ou adolescente.
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei § 4º O representante do Ministério Público será
orgânica. responsável pelo uso indevido das informações e
Art. 201. Compete ao Ministério Público: documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
I - conceder a remissão como forma de exclusão do § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso
processo; VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos Público:
às infrações atribuídas a adolescentes; a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e instaurando o competente procedimento, sob sua
os procedimentos de suspensão e destituição do poder presidência;
familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e b) entender-se diretamente com a pessoa ou
guardiães, bem como oficiar em todos os demais autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente
procedimentos da competência da Justiça da Infância e da notificados ou acertados;
Juventude; c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e adequação.
quaisquer administradores de bens de crianças e Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
adolescentes nas hipóteses do art. 98; for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos podendo juntar documentos e requerer diligências, usando
no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; os recursos cabíveis.
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para Art. 203. A intimação do Ministério Público, em
instruí-los: qualquer caso, será feita pessoalmente.

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Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público § 3º A notificação a que se refere o § 2º deste artigo será
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício imediatamente comunicada ao Cadastro Nacional de Pessoas
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. Desaparecidas e ao Cadastro Nacional de Crianças e
Art. 205. As manifestações processuais do Adolescentes Desaparecidos, que deverão ser prontamente
representante do Ministério Público deverão ser atualizados a cada nova informação. (Incluído pela Lei nº
fundamentadas. 14.548, de 2023)
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
Capítulo VI - Do Advogado no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
interesse na solução da lide poderão intervir nos competência originária dos tribunais superiores.
procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. concorrentemente:
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária I - o Ministério Público;
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. II - a União, os estados, os municípios, o Distrito
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a Federal e os territórios;
prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, III - as associações legalmente constituídas há pelo
será processado sem defensor. menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei,
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia
constituir outro de sua preferência. autorização estatutária.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só interesses e direitos de que cuida esta Lei.
efeito do ato. § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se associação legitimada, o Ministério Público ou outro
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
indicado por ocasião de ato formal com a presença da Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
autoridade judiciária. dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
Capítulo VII - Da Proteção Judicial dos executivo extrajudicial.
Interesses Individuais, Difusos e Coletivos Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies
ações de responsabilidade por ofensa aos direitos de ações pertinentes.
assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
oferecimento ou oferta irregular: normas do Código de Processo Civil.
I - do ensino obrigatório; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
II - de atendimento educacional especializado aos ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
portadores de deficiência; poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da
III – de atendimento em creche e pré-escola às
lei do mandado de segurança.
crianças de zero a cinco anos de idade;
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
do educando;
específica da obrigação ou determinará providências que
V - de programas suplementares de oferta de material
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e
educando do ensino fundamental;
havendo justificado receio de ineficácia do provimento final,
VI - de serviço de assistência social visando à proteção
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
justificação prévia, citando o réu.
como ao amparo às crianças e adolescentes que dele
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
necessitem;
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
VIII - de escolarização e profissionalização dos fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
adolescentes privados de liberdade. § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
IX - de ações, serviços e programas de orientação, julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde
apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno o dia em que se houver configurado o descumprimento.
exercício do direito à convivência familiar por crianças e Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
adolescentes. gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da Adolescente do respectivo município.
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
coletivos, próprios da infância e da adolescência, trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
protegidos pela Constituição e pela Lei. execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
adolescentes será realizada imediatamente após notificação § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de crédito, em conta com correção monetária.
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
todos os dados necessários à identificação do desaparecido. recursos, para evitar dano irreparável à parte.
X - de programas de atendimento para a execução das Art. 216. Transitada em julgado a sentença que
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à remessa de peças à autoridade competente, para apuração
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de da responsabilidade civil e administrativa do agente a que
violência. (Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) se atribua a ação ou omissão.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra
julgado da sentença condenatória sem que a associação a criança e o adolescente, é vedada a aplicação de penas
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária, bem
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. como a substituição de pena que implique o pagamento
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar isolado de multa. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
ao réu os honorários advocatícios arbitrados na Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de pública incondicionada.
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso
reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada. I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
associação autora e os diretores responsáveis pela previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
propositura da ação serão solidariamente condenados ao abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de
décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
perdas e danos. Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários reincidência.(Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
periciais e quaisquer outras despesas.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público Seção II - Dos Crimes em Espécie
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o
prestando-lhe informações sobre fatos que constituam dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de
objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas,
convicção. na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento
Ministério Público para as providências cabíveis. do neonato:
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado Pena - detenção de seis meses a dois anos.
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e Parágrafo único. Se o crime é culposo:
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
no prazo de quinze dias. Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
pessoa, organismo público ou particular, certidões, ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o exames referidos no art. 10 desta Lei:
qual não poderá ser inferior a dez dias úteis. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas Parágrafo único. Se o crime é culposo:
as diligências, se convencer da inexistência de fundamento Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
para a propositura da ação cível, promoverá o Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
informativas, fazendo-o fundamentadamente. flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de autoridade judiciária competente:
informação arquivados serão remetidos, sob pena de se Pena - detenção de seis meses a dois anos.
incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
Superior do Ministério Público. procede à apreensão sem observância das formalidades
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção legais.
de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
Ministério público, poderão as associações legitimadas apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
apresentar razões escritas ou documentos, que serão comunicação à autoridade judiciária competente e à família
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
informação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
Público, conforme dispuser o seu regimento. constrangimento:
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Pena - detenção de seis meses a dois anos.
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997).
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade
da apreensão:
Título VII Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
Capítulo I - Dos Crimes nesta Lei em benefício de adolescente privado de
Seção I - Disposições Gerais liberdade:
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Pena - detenção de seis meses a dois anos.
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
sem prejuízo do disposto na legislação penal. judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as do Ministério Público no exercício de função prevista nesta
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao Lei:
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
adolescente, independentemente da pena prevista, não se quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Incluído judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
pela Lei nº 14.344, de 2022) Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou o processamento e o encaminhamento de notícia dos
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: crimes referidos neste parágrafo;
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. III – representante legal e funcionários responsáveis de
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. de computadores, até o recebimento do material relativo à
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou
destinado ao envio de criança ou adolescente para o ao Poder Judiciário.
exterior com inobservância das formalidades legais ou com § 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
o fito de obter lucro: manter sob sigilo o material ilícito referido.
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
ameaça ou fraude: meio de adulteração, montagem ou modificação de
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
pena correspondente à violência. visual:
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, material produzido na forma do caput deste artigo.
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
no caput deste artigo, ou ainda quem com esses com ela praticar ato libidinoso:
contracena. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
comete o crime: I – facilita ou induz o acesso à criança de material
I – no exercício de cargo ou função pública ou a contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
pretexto de exercê-la; de com ela praticar ato libidinoso;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
coabitação ou de hospitalidade; ou com o fim de induzir criança a se exibir de forma
III – prevalecendo-se de relações de parentesco pornográfica ou sexualmente explícita.
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, compreende qualquer situação que envolva criança ou
ou com seu consentimento. adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, arma, munição ou explosivo:
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
por meio de sistema de informática ou telemático, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
adolescente: produtos cujos componentes possam causar dependência
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. física ou psíquica:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
I – assegura os meios ou serviços para o se o fato não constitui crime mais grave.
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
trata o caput deste artigo; entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que,
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar
trata o caput deste artigo. qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput exploração sexual:
deste artigo. Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em
envolvendo criança ou adolescente: que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. boa-fé.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
se de pequena quantidade o material a que se refere o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a
caput deste artigo. submissão de criança ou adolescente às práticas referidas
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento no caput deste artigo.
tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a
a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, cassação da licença de localização e de funcionamento do
241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita estabelecimento.
por: Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
I – agente público no exercício de suas funções; de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
II – membro de entidade, legalmente constituída, que induzindo-o a praticá-la:
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo Pena - multa de três a vinte salários de referência,
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
da internet. representações ou espetáculos, sem indicar os limites de
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são idade a que não se recomendem:
aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou Pena - multa de três a vinte salários de referência,
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n►7 8.072, duplicada em caso de reincidência, aplicável,
de 25 de julho de 1990. separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de
divulgação ou publicidade.
Capítulo II - Das Infrações Administrativas Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino de sua classificação:
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à Pena - multa de vinte a cem salários de referência;
autoridade competente os casos de que tenha duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de poderá determinar a suspensão da programação da
maus-tratos contra criança ou adolescente: emissora por até dois dias.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. congênere classificado pelo órgão competente como
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
entidade de atendimento o exercício dos direitos espetáculo:
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
Lei: reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão
Pena - multa de três a vinte salários de referência, do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. quinze dias.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
autorização devida, por qualquer meio de comunicação, de programação em vídeo, em desacordo com a
nome, ato ou documento de procedimento policial, classificação atribuída pelo órgão competente:
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
a que se atribua ato infracional: caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
Pena - multa de três a vinte salários de referência, determinar o fechamento do estabelecimento por até
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. quinze dias.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente 79 desta Lei:
envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe Pena - multa de três a vinte salários de referência,
diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem
de forma a permitir sua identificação, direta ou prejuízo de apreensão da revista ou publicação.
indiretamente. Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a ou sobre sua participação no espetáculo:
apreensão da publicação ou a suspensão da programação Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
da emissora até por dois dias, bem como da publicação do caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
periódico até por dois números. (Expressão declara determinar o fechamento do estabelecimento por até
inconstitucional pela ADIN 869-2). quinze dias.
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os providenciar a instalação e operacionalização dos
deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta
ou guarda, bem assim determinação da autoridade Lei:
judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Pena - multa de três a vinte salários de referência, (três mil reais).
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem crianças e de adolescentes em condições de serem
autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de
hotel, pensão, motel ou congênere: crianças e adolescentes em regime de acolhimento
Pena – multa. institucional ou familiar.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente interessada em entregar seu filho para adoção:
fechado e terá sua licença cassada. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por (três mil reais).
qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
84 e 85 desta Lei: de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
Pena - multa de três a vinte salários de referência, direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. comunicação referida no caput deste artigo.
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil inciso II do art. 81:
acesso, à entrada do local de exibição, informação Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e 10.000,00 (dez mil reais);
a faixa etária especificada no certificado de Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
classificação: comercial até o recolhimento da multa aplicada.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

Disposições Finais e Transitórias I - será considerada isoladamente, não se submetendo


Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei II - não poderá ser computada como despesa
dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às operacional na apuração do lucro real.
diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-
que estabelece o Título V do Livro II. calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios doação de que trata o inciso II do caput do art. 260
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual.
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. § 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, apurado na declaração:
distrital, estaduais ou municipais, devidamente I - (VETADO);
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do II - (VETADO);
imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido § 2º A dedução de que trata o caput:
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do
lucro real; e imposto sobre a renda apurado na declaração de que trata
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda o inciso II do caput do art. 260;
apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste II - não se aplica à pessoa física que:
Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei n 9.532, de a) utilizar o desconto simplificado;
10 de dezembro de 1997. b) apresentar declaração em formulário; ou
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) c) entregar a declaração fora do prazo;
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas III - só se aplica às doações em espécie; e
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão em vigor.
consideradas as disposições do Plano Nacional de § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e data de vencimento da primeira quota ou quota única do
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do imposto, observadas instruções específicas da Secretaria
Plano Nacional pela Primeira Infância. da Receita Federal do Brasil.
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos § 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de no § 3º implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de com os acréscimos legais previstos na legislação.
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de § 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo
socioeconômica e em situações de calamidade. ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos
§ 2º-A. O contribuinte poderá indicar o projeto que Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
receberá a destinação de recursos, entre os projetos estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que
aprovados por conselho dos direitos da criança e do trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.692, de 2023) Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
§ 2º-B. É facultado aos conselhos chancelar projetos ou poderá ser deduzida:
banco de projetos, por meio de regulamentação própria, I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
observadas as seguintes regras: (Incluído pela Lei nº jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
14.692, de 2023) II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
I - a chancela deverá ser entendida como a autorização as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
para captação de recursos por meio dos Fundos dos Direitos Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro
da Criança e do Adolescente com a finalidade de viabilizar a do período a que se refere a apuração do imposto.
execução dos projetos aprovados pelos conselhos; Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
II - os projetos deverão garantir os direitos fundamentais podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
e humanos das crianças e dos adolescentes; Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie
III - a captação de recursos por meio do Fundo dos devem ser depositadas em conta específica, em instituição
Direitos da Criança e do Adolescente deverá ser realizada financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos de
pela instituição proponente para o financiamento do que trata o art. 260.
respectivo projeto; Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
IV - os recursos captados serão repassados para a contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
instituição proponente mediante formalização de instrumento nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em
de repasse de recursos, conforme a legislação vigente; favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
V - os conselhos deverão fixar percentual de retenção dos presidente do Conselho correspondente, especificando:
recursos captados, em cada chancela, que serão destinados ao I - número de ordem;
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente; II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
VI - o tempo de duração entre a aprovação do projeto e a (CNPJ) e endereço do emitente;
captação dos recursos deverá ser de 2 (dois) anos e poderá III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas
ser prorrogado por igual período; (CPF) do doador;
VII - a chancela do projeto não deverá obrigar seu IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
financiamento pelo Fundo dos Direitos da Criança e do V - ano-calendário a que se refere a doação.
Adolescente, caso não tenha sido captado valor suficiente. § 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a valores doados mês a mês.
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos § 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve
deste artigo. conter a identificação dos bens, mediante descrição em
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca campo próprio ou em relação anexa ao comprovante,
a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal informando também se houve avaliação, o nome, CPF ou
dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos CNPJ e endereço dos avaliadores.
fiscais referidos neste artigo. Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei n deverá:
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
o inciso I do caput: documentação hábil;

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – LEI 8.069/1990

II - baixar os bens doados na declaração de bens e Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
direitos, quando se tratar de pessoa física, e na expedirá as instruções necessárias à aplicação do
escrituração, no caso de pessoa jurídica; e disposto nos arts. 260 a 260-K.
III - considerar como valor dos bens doados: Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última da criança e do adolescente, os registros, inscrições e
declaração do imposto de renda, desde que não exceda o alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único,
valor de mercado; e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
será considerado na determinação do valor dos bens aos estados e municípios, e os estados aos municípios,
doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade os recursos referentes aos programas e atividades
judiciária. previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. dos direitos da criança e do adolescente nos seus
260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por respectivos níveis.
um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos
dedução perante a Receita Federal do Brasil. Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração exercidas pela autoridade judiciária.
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
devem:
seguintes alterações:
I - manter conta bancária específica destinada
1) Art. 121 ......................................................
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de
II - manter controle das doações recebidas; e
um terço, se o crime resulta de inobservância de regra
III - informar anualmente à Secretaria da Receita
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês,
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir
identificando os seguintes dados por doador:
a) nome, CNPJ ou CPF; as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão
b) valor doado, especificando se a doação foi em em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
espécie ou em bens. aumentada de um terço, se o crime é praticado contra
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das pessoa menor de catorze anos.
obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita 2) Art. 129 .......................................................
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer
Público. qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais art. 121.
divulgarão amplamente à comunidade: 3) Art. 136.......................................................
I - o calendário de suas reuniões; § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de praticado contra pessoa menor de catorze anos.
atendimento à criança e ao adolescente; 4) Art. 213 .......................................................
III - os requisitos para a apresentação de projetos a Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos anos:
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital Pena - reclusão de quatro a dez anos.
ou municipais; 5) Art. 214.......................................................
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze
calendário e o valor dos recursos previstos para anos:
implementação das ações, por projeto; Pena - reclusão de três a nove anos.»
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de
destinação, por projeto atendido, inclusive com dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte item:
cadastramento na base de dados do Sistema de “Art. 102 .....................................
Informações sobre a Infância e a Adolescência; e 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
VI - a avaliação dos resultados dos projetos Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da União, da administração direta ou indireta, inclusive
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e fundações instituídas e mantidas pelo poder público
municipais. federal promoverão edição popular do texto integral deste
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
incentivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. criança e do adolescente.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá meios de comunicação social. (Redação dada dada pela
atuar de ofício, a requerimento ou representação de Lei nº 13.257, de 2016)
qualquer cidadão. Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da sua publicação.
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Parágrafo único. Durante o período de vacância
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de deverão ser promovidas atividades e campanhas de
outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta
relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e
Lei.
do Adolescente nacional, distrital, estaduais e
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e
municipais, com a indicação dos respectivos números de
6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e
inscrição no CNPJ e das contas bancárias específicas
as demais disposições em contrário.
mantidas em instituições financeiras públicas,
Brasília, 13 de julho de 1990;
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos
FERNANDO COLLOR
Fundos.

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