Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANTECIPADA
Você foi procurado por MARIA NEOSALDINA, mãe de JOÃO NEOSALDINA, menor que tem
hoje 09 anos de idade, portador de grave doença mental (síndrome de Bourneville) que sofre
frequentes crises convulsivas de alto risco, conforme laudo médico que lhe foi mostrado.
Para controlar essas crises a criança necessita utilizar os medicamentos Trileptal 600mg e
Clonazepam 20mg em 03 doses diárias cada, cujo fornecimento foi solicitado ao Estado de Minas
Gerais em 10/02/23, que lhe negou o fornecimento.
MARIA NEOSALDINA é viúva e percebe uma pensão do INSS no valor de R$1.302,00 (hum mil
trezentos e dois reais), que é insuficiente para sustentar seus 04 filhos e pagar o aluguel de
R$300,00 (trezentos reais), custando os medicamentos a quantia de R$800,00 o Trileptal e
R$200,00 o Clonazepam, o que redunda no custo mensal de R$1.000,00 - o que a impede de
comprá-los para tratar seu filho.
Faça a peça processual (AÇÃO COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO
DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA) requerendo do Estado o fornecimento deste medicamento,
considerando que o ajuizamento se dará em 10/03/23.
FUNDAMENTAÇÃO: Art. 5º, “Caput”, art. 6º, art. 196, todos da C.F., art. 2º, § 1º, art. 6º, I, “d”
e art. 7º, I e II da Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde), art. 4º, art. 7º, art. 11, § 2º, 148, IV e 152,
§ 1º, todos da Lei 8.069/90 (ECA), art. 9, VII e art.18, § 4º, XI da Lei 13.146/15, art. 15 e art. 71
da Lei 10.741/03, arts. 75, I a IV, arts. 98/102, 300, 334, § 4ª, II e 1.048, II do C.P.C.
Ao juízo de direito da vara do juizado da Infância e da juventude cível de Belo Horizonte -
Seção judiciária de Minas Gerais
I - DOS FATOS
O autor é uma criança de 9 anos que sofre de uma síndrome rara, denominada síndrome de
Bourneville, conforme laudo médico anexo, que lhe causa várias crises compulsivas darias
somente controladas mediantes o uso dos medicamentos Trileptal 600 ml e Clonazepan 20 mg, em
três doses diárias, custando respectivamente, R$800,00 (oitocentos reais) e R$200,00 (duzentos
reais) conforme receita médica e orçamentos anexos.
A genitora do autor, MARIA NEOSALDINA é viúva e recebe uma pensão do INSS de
R$1.302,00 (mil trezentos e dois reais), quantia insuficiente para o sustento de seus 4 filhos
menores, pagando aluguel de R$300,00 (trezentos reais) mensais, vestuário, alimentação, gás,
energia, motivo de não ter condições financeiras para custear o tratamento do autor.
No dia 10 de fevereiro o autor requereu o fornecimento dos fármacos junto ao estado de
Minas Gerais, que indeferiu o seu pleito.
Dessa forma, o autor não teve outra alternativa senão buscar a tutela jurisdicional para
garantir o seu direito constitucional à saúde, compelindo o réu a fornecer lhe os citados
medicamentos.
II - DO DIREITO
Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.
Lei 8.080/90
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover
as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS):
I - a execução de ações
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
Tratando-se de criança, aplica-se também ao caso presente a Lei 8.069/90,
Estatuto da Criança e do Adolescente, que da mesma forma das legislações acima
citadas, impõe ao Estado a obrigação de disponibilizar a saúde aos menores,
mediante a adoção de políticas socioeconômicas que viabilizem a promoção,
proteção e recuperação, inclusive, com o fornecimento de
medicamentos e demais insumos da saúde, nos termos do art. 4º e
art. 11, § 2º.
Tratando-se de criança, aplica-se também ao caso presente a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e
do Adolescente, que da mesma forma das legislações acima citadas, impõe ao Estado a obrigação
de disponibilizar a saúde aos menores, mediante a adoção de políticas socioeconômicas que
viabilizem a promoção, proteção e recuperação, inclusive, com o fornecimento de medicamentos
e demais insumos da saúde, nos termos do art. 4º e art. 11, § 2º.
No caso em comento, o autor é uma criança de 9 anos que sofre de uma patologia rara e
grave denominada síndrome de Bourneville, que lhe causa vários episódios convulsivos diários,
somente controlados mediante o uso dos medicamentos trileptal 600 mg de clonazepam 20 mg,
em 3 doses diárias, a um custo mensal de R$1.000,00 (mil reais), conforme laudo e receita médica,
quantia que o autor não tem para adquirir os referidos fármacos, devendo o réu cumprir o seu dever
de disponibilizá-los, conforme lhe impõe o Art. 196 da Constituição Federal, bem como a Lei
Orgânica da Saúde e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Lecionando sobre o direito da saúde, fulano ensina que… (colocar referência bibliográfica)
DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
Por essas razões, presentes os requisitos do art. 300 do CPC, DEFIRO A TUTELA DE
URGÊNCIA, para determinar que o Agravado forneça ao Agravante, no prazo de 10 (dez)
dias, os medicamentos levomepromazina e risperidona, nas quantidades definidas na
receita médica, sob pena de multa diária de R$100,00 (cem reais).
Em resposta, o Embargado informou que a decisão hostilizada não foi omissa (evento 3).
É o relatório, na essência.
De acordo com o art. 1.022 do Código de Processo Civil, cabem embargos de declaração,
quando houver na decisão judicial obscuridade, contradição, omissão ou erro material.
O Supremo Tribunal Federal, sob o regime da repercussão geral (Tema 793), decidiu que
os entes federados possuem responsabilidade solidária na gestão da saúde, inclusive
no fornecimento de medicamentos a pacientes necessitados e na realização de serviços
de saúde em geral:
Por isso, vinha entendendo que a correção do polo passivo, com a inclusão do ente
responsável faltante, fazia-se oportuna para prestigiar a divisão de tarefas cuidadosamente
desenhada na legislação do SUS. Essa solução atendia à nova orientação que ganhou
corpo no julgamento do EDcl no RE n° 855.178/SE.
Logo, ainda que se entenda que o fornecimento dos insumos seja da alçada do Estado de
Minas Gerais, por escapar das atribuições próprias da saúde básica, é incabível o
chamamento do ente federado para integrar a lide.
Diante do exposto, acolho os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que
a fundamentação desenvolvida nesta peça integre o pronunciamento que deferiu
parcialmente a antecipação da tutela recursal.
Publique-se.
Intimem-se.
Relator
O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo evidencia-se nas crises convulsivas
provocadas pela patologia sofrida pelo autor que, caso o réu não forneça de pronto os referidos
medicamentos, o autor pode vir a óbito, esvaziando o objeto do pedido, evidenciando também,
desta forma, o risco ao resultado útil do processo.
IV - DOS PEDIDOS
a) Seja deferida a tutela antecipada, initio litis, para determinar o réu a fornecer ao autor os
medicamentos trileptal 600 mg de clonazepam 20 mg, em três doses diárias, fixando multa
diária para o caso de descumprimento da ordem;
b) Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação sob pena de revelia
e confissão;
c) Seja deferida assistência judiciária ao autor, nos termos do Art. 98 do CPC/15;
d) Seja deferida a prioridade processual ao autor, nos termos do Art. 1048, II do CPC
combinado com o Art. 152, §1º do ECA;
e) Seja dispensada audiência de conciliação por tratar-se de direito indisponível de menor
incapaz, nos termos do Art. 334, §4º, II do CPC;
f) Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;
g) Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu a fornecer ao autor os medicamentos
trileptal 600 mg de clonazepam 20 mg, em três doses diárias, por tempo necessário ao
tratamento, bem como outros medicamentos, procedimentos afins, no decorrer do
processo, caso haja a modificação do estado clínico do autor, tornando definitiva a tutela
antecipada porventura deferida;
h) Seja o réu condenado no pagamento das custas e honorários advocatícios.
Advogado
OAB XXX