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DIREITO DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE
PROF.ª FRANCIELE KÜHL
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Revisão Turbo | 38º Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

1. Direito Fundamental à Vida e à Saúde

Art. 14, do ECA. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica
e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelasautoridades
sanitárias.

As políticas públicas devem ser pensadas desde a gestação até o desenvolvimento da


criança e do adolescente.
*Para todos verem: esquema

Criança Adolescente

• 0 a 12 anos • 12 a 18 anos
incompletos

Art. 10º, I do ECA. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de


gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo
prazo de dezoito anos.

As mães têm o direito receber assistência psicologia, no período pré e pós-natal,


principalmente àquela que deseja entregar o filho à adoção e àquelas que se encontram em
privação de liberdade. Mães em situação de privação de liberdade terão garantido condições
adequadas para o aleitamento.
Médico, enfermeiro, dirigente de estabelecimento de saúde ou funcionário de programa
oficial ou comunitário que deixar de comunicar o JIJ (Justiça da Infância e Juventude) acerca da
vontade da mãe em entregar seu filho para a adoção responderá por sanção administrativa (art.
258-B, do ECA).

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Direito da Criança e do Adolescente

2. Sobre o Trabalho

• Art. 60 do ECA e art. 7º, XXXIII, da CF.


*Para todos verem: esquema

Idade mínima para trabalho

• 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos de


idade.

*Para todos verem: quadro comparativo

IDADE TRABALHO
Constitucionalmente não é permitido (art. 7º,
Menores de 14 anos
inciso XXXIII, da CF).
Contrato de aprendizagem (art. 60 a 67, do
Entre 14 e 24 anos de idade
ECA; art. 403 e 428, da CLT)
Proibido trabalho:
a) Noturno (22h às 5h);
b) Perigoso;
c) Insalubre;
Adolescente entre 16 até 18 anos d) Penoso;
e) Prejudicial à formação ou desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social;
f) Realizado em horário e locais que não
permitam a frequência escolar.

• A idade máxima do jovem aprendiz não se aplica à pessoa com deficiência (art. 428,
§5º, da CLT).
• Essas regras aplicam-se aos adolescentes aprendizes também.

2.1. Trabalho Artístico


A participação de criança ou adolescente em espetáculo público ou trabalho artístico
precisa de autorização judicial por meio de alvará, conforme artigo 149, do ECA.
Resolva a questão na página a seguir...

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Direito da Criança e do Adolescente

Resolva a questão a seguir:

1) FGV – 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


João, de 17 anos, teve sua participação como artista, em determinado espetáculo público, vedada pela
autoridade judiciária, ao argumento de que se trataria de exposição indevida a conteúdo
psicologicamente danoso.
Procurado pela genitora de João para defender sua participação no espetáculo, você, como
advogado(a) deve:

A) impetrar mandado de segurança contra a decisão que reputa ilegal.


B) interpor recurso de apelação com vistas a reformar a decisão.
C) interpor recurso de agravo de instrumento para suspender os efeitos da decisão.
D) ajuizar ação rescisória contra a decisão que reputa ilegal.

3. Direito ao Convívio Familiar

3.1. Poder Familiar


Dever de sustento, guarda e educação dos filhos.
É direito da criança e do adolescente permanecer no seio familiar, excepcionalmente
ocorrerá a suspensão ou destituição do poder familiar. O poder familiar só é extinto ou suspenso
por decisão judicial.
A falta de recursos financeiros, por si só, não é motivo para colocar a criança em
acolhimento institucional ou familiar.
Condenação criminal também não importará na destituição do poder familiar, salvo em
caso de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular
do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.

3.2. Acolhimento Institucional


O acolhimento institucional é medida excepcional e aplicada a partir de decisão judicial,
salvo em caráter de urgência, no caso de uma criança ou adolescente encontrado em situação
de violação de direitos e não houver outra medida cabível no momento senão o encaminhamento
à instituição de acolhimento, todavia o Juiz da Infância e Juventude deveráser comunicado pela
entidade no prazo máximo de 24 horas sobre este acolhimento, sob pena de responsabilidade.
• Prazo máximo de 18 meses, sendo reavaliado o acolhimento a cada 3 meses;
• Pode ser prorrogado por decisão judicial fundamentada.

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Direito da Criança e do Adolescente

3.3. Apadrinhamento
Adolescente que se encontre em acolhimento institucional ou familiar poderá participar de
programa de apadrinhamento, que consiste em um vínculo externo, temporário, com pessoa
física e jurídica, que não tem a pretensão de adotar, mas contribuir para o crescimento do infante.

3.4. Espécies de Família


*Para todos verem: esquema

Família natural

Família
Guarda
extensa/ampliada

Família substituta Tutela

Nacional

Adoção

Internacional

Atenção: a jurisprudência reconhece como família ampliada aqueles que não sejam
parentes,mas possuam vínculo de afetividade e afinidade.

3.5. Família Substituta


A colocação em família substituta ocorre em três modalidades: através da guarda, tutela
ou da adoção, todas elas estão condicionadas a decisão judicial, sendo, em todos os casos,
analisado se a família substituta possui compatibilidade com a natureza da medida e se oferece
ambiente familiar adequado, segundo os artigos 28 e 29, do ECA.
• Para a colocação em família substituta o Adolescente (12 anos) deve consentir;
• Irmãos só serão separados por decisão judicial fundamentada;
• Indígena ou de comunidade remanescente de quilombo deve permanecer na sua
comunidade, salvo impossibilidade.

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Direito da Criança e do Adolescente

O estatuto procura ainda considerar a diversidade cultural, em se tratando de criança ou


adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, respei-tando a
identidade social e cultural, costumes e tradições, prevalecendo a colocação familiar
prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia. No caso de
crianças indígenas estas deverão ter a intervenção e oitiva de representantes do órgão fe-deral
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de
antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso
(Art. 28, §6º):

§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade


remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus cos-
tumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com
os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a
membros da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política
indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a
equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.

É obrigatória a intervenção da FUNAI em ação de destituição de poder familiar que en-


volva criança cujos pais possuem origem indígena, conforme entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, no informativo 679/2020.
Observações:
Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando (Art. 42, §1º), o tutor
ou curador, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance (art. 44).
Contudo, o Superior Tribunal de Justiça já admitiu, excepcionalmente, a adoção de
neto por avós, tendo em vista as seguintes particularidades do caso analisado: os avós haviam
adotado a mãe biológica de seu neto aos oito anos de idade, a qual já estava grávida do adotado
em razão de abuso sexual; os avós já exerciam, com exclusividade, as funções de pai e mãe do
neto desde o seu nascimento; havia filiação socioafetiva entre neto e avós; o adotado, mesmo
sabendo de sua origem biológica, reconhece os adotantes como pais e trata a sua mãe biológica
como irmã mais velha; tanto adotado quanto sua mãe biológica concordaram expressamente
com a adoção; não há perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; e não
havia predominância de interesse econômico na pretensão de adoção. (REsp 1.448.969-SC, Rel.
Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014).

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Atenção para a jurisprudência:

STJ – Info 701/21: A regra que estabelece a diferença mínima de 16 (dezesseis) anos de
idade entre adotante e adotando (art. 42, § 3º do ECA) pode, dada as peculiaridades do
caso concreto, ser relativizada no interesse do adotando.

STJ – Info 678/20: É possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do


artigo 42 do ECA, de modo a se autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais.

O que precisa para adoção conjunta? Para adoção conjunta, é indispensável que os
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade
da família (Art. 42, §2º).
Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, desde que o
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja
comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão (Art. 42, §4º).
E se o adotante falecer no curso do processo de adoção? A adoção poderá ser
deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
procedimento, antes de prolatada a sentença (Art. 42, §6º). É a chamada adoção póstuma.
Casais homoafetivos podem adotar? Sim, a jurisprudência admite a possibilidade de
ação de adoção (REsp 1.540.814-PR).
A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (art.
45), isto é, ela não poderá ser forçada, esse consentimento só será dispensado se os pais forem
desconhecimento ou se ocorreu a destituição do poder familiar.
Observação: será assegurada prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar
criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou com necessidades específicas
de saúde.
É considerada adoção internacional aquela em que os pretendentes possuem
residência no exterior, se for país-parte da Convenção de Haia terão o procedimento de adoção
simplificado. Adoção será sempre preferencialmente nacional, sendo que brasileiros
residentes no exterior possuem preferência aos estrangeiros, somente não havendo brasileiros
aptos para adotar a criança ou adolescente é que ela será colocada na adoção internacional.
A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei,
os países devem ser ratificantes da Convenção de Haia, com as seguintes adaptações: a
habilitação deve ocorrer Autoridade Central em matéria de adoção do país onde reside, a

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Direito da Criança e do Adolescente

qual deverá emitir relatório sobre aptidão e enviará para a Autoridade Central Estadual, com
cópia para Autoridade Central Federal Brasileira, a Autoridade Central Estadual poderá exigir
complementações, caso não seja necessário, ou as complementações já tenham sido realizadas,
a autoridade central estadual emitirá uma laudo válido por um ano, podendo ser renovado.
De posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido
de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou
adolescente (art. 52). Todo esse processo poderá ser intermediado por organismos
credenciados, cadastrados pelo Departamento de Polícia Federal e aprovados pela Autoridade
Central Federal Brasileira, neste ponto recomenda-se a leitura dos §§3º ao 7º, do artigo 52, do
estatuto.
Após o trânsito em julgado da decisão que concede a adoção é expedido o alvará de
autorização de viagem do adotando, só então a família tem permissão para sair do Brasil com a
criança ou adolescente brasileiro adotado.

Resolva a questão a seguir:

2) FGV – 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Luiza, hoje com cinco anos, foi adotada regularmente por Maria e Paulo quando tinha três anos. Ocorre
que ambos os adotantes vieram a falecer em um terrível acidente automobilístico. Ciente disso, a mãe
biológica de Luiza, que sempre se arrependera da perda da sua filha, manifestou-se em ter sua
maternidade biológica restaurada. Com base nos fatos acima, assinale a afirmativa correta.

A) O falecimento dos pais adotivos conduz à imediata e automática restauração do poder familiar da
ascendente biológica.
B) O falecimento dos pais adotivos não restabelece o poder familiar dos pais naturais.
C) O falecimento dos pais adotivos não transfere o poder familiar sobre o adotado supérstite ao parente
mais próximo dos obituados, devendo ser reaberto processo de adoção.
D) Falecendo ambos os pais e inexistindo parentes destes aptos à tutela, somente então se restaura
o poder familiar dos pais naturais.

4. Prevenção

É proibida a venda às crianças e adolescentes, de armas, munições, explosivos,


bebidas alcoólicas, produtos que possam causar dependência física ou psíquica, fogos de
estampido e de artifício (exceto de reduzido potencial ofensivo), revistas e publicações
inadequadas, bilhetes lotéricos e equivalente, segundo o artigo 81, do ECA.
Quanto a hospedagem de crianças e adolescentes em hotéis, motéis, pensões e
estabelecimentos congêneres (art. 82) fica proibida, salvo se expressamente autorizado ou

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Direito da Criança e do Adolescente

acompanhado de pais ou responsáveis. A infração a essa regra (de hospedagem) importa em


sanção administrativa, conforme o artigo 250, do ECA, com pena de multa, no caso de
reincidência, além da multa o estabelecimento poderá ser fechado até 15 dias, e se comprovada
a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
fechado e terá sua licença cassada. E descumprir a proibição estabelecida no inciso II (proibição
de venda de bebidas alcoólicas) incorre em infração administrativa (o estabelecimento), com
pena de multa e interdição do estabelecimento até o recolhimento da multa (art. 258-C).
A regra geral de viagem é que nenhuma criança ou adolescente até 16 anos de idade
pode viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou responsáveis sem
expressa autorização judicial, essa é a regra, mas ela comporta exceções. Resumindo os artigos
83, 84 e 85:
*Para todos verem: esquema

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Direito da Criança e do Adolescente

Nenhuma criança ou adolescente brasileira poderá sair do Brasil, acompanhada de


estrangeiro residente no exterior, sem prévia autorização judicial, salvo se o estrangeiro é seu
genitor ou se a criança ou adolescente não tiver nacionalidade brasileira.
Quando solicitado, a autoridade judiciária poderá conceder autorização com validade de
dois anos para viagem, como, por exemplo, nos casos de conflito de interesse dos pais, pai ou
mãe desconhecido ou sem contato.
Nestes casos, dos artigos 83, 84 e 85, se uma empresa de ônibus ou avião, por exemplo,
transportar uma criança acompanhada de ascendente, mas sem a documentação que comprova
o parentesco, incorrerá em ilícito administrativo previsto no artigo 251, do ECA, aplicando-se
multa.

Resolva a questão a seguir:

3) FGV – 2022 - OAB – 34º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Joana, com 10 anos, viajou de ônibus com a mãe, Marcela, do Espírito Santo para Mato Grosso do
Sul, sem que a empresa de transporte verificasse, em nenhum momento, a documentação de
comprovação do vínculo parental entre ela e a mãe.
Em uma parada, um agente da autoridade fiscalizatória adentrou no coletivo e, indagando a Marcela
sobre a comprovação documental, recebeu desta a informação de que não havia sido requerida tal
prova em nenhum momento.
Dada a situação acima, assinale a afirmativa correta.

A) Ainda que o vínculo parental efetivamente exista e seja posteriormente comprovado, a empresa de
ônibus cometeu infração administrativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente ao não exigir
tal prova antes de iniciar a viagem.
B) A prova do vínculo de parentesco pode ser feita posteriormente, afastando a consumação da
infração administrativa por parte da empresa de ônibus.
C) A prova do vínculo de parentesco não é exigência legal para viagens interestaduais com crianças,
bastando a autoidentificação pela suposta mãe.
D) A infração administrativa não está consumada senão quando da efetiva ausência do vínculo de
parentesco, o que não aconteceu no caso presente.

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Direito da Criança e do Adolescente

5. Medidas de Proteção e Medidas Socioeducativas

*Para todos verem: esquemas

Crianças e adolescentes

Autoridade judiciária ou conselho


tutelar

Não somente em razão de ato


Medidas de Proteção praticado pela criança, mas pela
família, sociedade e Estado

Ação ou omissão

Acolhimeto institucional somente


será pelo Poder Judiciário,
respeitado o contraditório e a
ampla defesa.

Adolescentes

Via de regra, somente aplicada


autoridade judiciária

Pode ser aplicada pelo MP se for


Medidas
em meio aberto, sem que haja
Socieducativas
processo judiciário

Não há aplicação das disposições


do Código Penal, pois adolescentes
são inimputáveis.

Adolescente comete ato infracional,


não crime

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As medidas podem ser aplicadas separadas ou cumulativamente. Possuem caráter


pedagógico, não punitivo.
*Para todos verem: esquema

Resposta ao Estado a ato


infracional praticado por
adolescente análogo a crime ou
contravenção penal.
Medidas
socieducativas
Serão analisados os
antecedentes e os motivos que
levaram ao ato infracional.

*Para todos verem: quadro comparativo

Medida Tempo Observação


socioeducativa
Advertência
Obrigação de
reparar o dano
Prestação de Máximo de 6 Pode ser cumprida
Meio aberto serviço à meses nos feriados e finais
comunidade Até 8h semanais de semana
Atividade externa
Liberdade Mínimo de 6 obrigatória:
assistida meses escolarização e
profissionalização
Semiliberdade Máximo 3 anos
Medida inicial: Com 21 anos
máximo de 3 ocorre a liberdade
Restritiva de anos compulsória
liberdade Internação Por Pode realizar
descumprimento atividades
de outras externas
medidas: máximo
3 meses

Resolva a questão na página a seguir...

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Direito da Criança e do Adolescente

Resolva a questão a seguir:

4) FGV – 2020 - OAB – 31º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


O adolescente João, com 16 anos completos, foi apreendido em flagrante quando praticava ato
infracional análogo ao crime de furto. Devidamente conduzido o processo, de forma hígida, ele foi
sentenciado ao cumprimento de medida socioeducativa de 1 ano, em regime de semiliberdade.
Sobre as medidas socioeducativas aplicadas a João, assinale a afirmativa correta.

A) A medida de liberdade assistida será fixada pelo prazo máximo de 6 meses, sendo que, ao final de
tal período, caso João não se revele suficientemente ressocializado, a medida será convolada em
internação.
B) A medida aplicada foi equivocada, pois deveria ter sido, necessariamente, determinada a internação
de João.
C) No regime de semiliberdade, João poderia sair da instituição para ocupações rotineiras de trabalho
e estudo, sem necessidade de autorização judicial.
D) A medida aplicada foi equivocada, pois não poderia, pelo fato análogo ao furto, ter a si aplicada
medida diversa da liberdade assistida.

Atenção para a jurisprudência:

STJ – Info 732/22: Na execução de medida socioeducativa, o período de tratamento


médico deve ser contabilizado no prazo de 3 anos para a duração máxima da medida de
internação, nos termos do art. 121, § 3º, do ECA.

Para a aplicação de medidas socioeducativas aos adolescentes deve ser levada em conta:
capacidade de cumprimento, circunstâncias do fato e gravidade da infração. Conforme o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível a incidência do princípio da
insignificância nos procedimentos que apuram a prática de ato infracional (Jurisprudência em
tese, edição n. 54).
O trabalho forçado não pode ser admitido e os adolescentes com doença ou deficiência
mental devem receber tratamento individual e especializado em local adequado às suas
condições e capacidades (art. 112, §3º).
Algumas súmulas importantes:
• Súmula 338, do STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas;
• Súmula 265, do STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a
regressão da medida socioeducativa;
• Súmula 342, do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é
nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente;
• Súmula 492, do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do
adolescente;

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Direito da Criança e do Adolescente

• Súmula 605, do STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na


apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso,
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

*Para todos verem: esquema

Apresentado O adolescente.
Ouvirá imediata e
adolescente ao
Apuração de ato infracional

informalmente Se possível também ouvirá os


Ministério Público:
pais ou responsáveis.
Arquivar os Juiz deverá
autos homologar
Sendo o fato grave, passível de
Conceder Juiz deverá aplicação de medida de
remissão homologar internação ou colocação em
regime de semiliberdade,
designará, desde logo,
audiência em continuação.
Ministério Juiz designará audiência de
Público poderá: apresentação do
adoelscente.

Representar à Art. 188. A remissão, como


autoridade para forma de extinção ou
aplicação de Se a autoridade judiciária suspensão do processo, poderá
medida socio- entender adequada a ser aplicada em qualquer fase
educativa. remissão, ouvirá o do procedimento, antes da
representante do MP, sentença.
proferindo decisão.

6. Dos crimes praticados contra crianças e adolescentes


Os crimes contra crianças e adolescentes estão previstos nos artigos 228 a 244 do ECA,
sem prejuízo do Código Penal. Todos os crimes praticados contra crianças e adolescentes são
de ação pública incondicionada (isto é, não há necessidade de representação pela vítima),
tanto os crimes por ação, quanto por omissão. Aplica-se aos crimes definidos pela ECA as
normas da Parte Geral do Código Penal, quanto ao processo, as normas do Código de Processo
Penal.
Observação: com a promulgação da Lei 14.344/2022, conforme o artigo 226, §§1º e §2º,
aos crimes cometidos contra crianças e adolescentes, independente da pena prevista, não pode
ser aplicada a Lei 9.099/1995. E, nos casos de violência doméstica e familiar contra criança e
adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou de outras de prestação

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Revisão Turbo | 38º Exame de Ordem
Direito da Criança e do Adolescente

pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
É importante a leitura dos artigos 228 até 244-B, pois tratam sobre os crimes praticados
contra crianças e adolescente, tipificados no próprio Estatuto. Além da leitura dos artigos 245
ao 258-C, que trazem as infrações administrativas violadoras de direitos das crianças e
adolescentes.

Resolva a questão a seguir:

5) FGV – 2018 - OAB – 26° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Em cumprimento de mandado de busca e apreensão do Juízo Criminal, policiais encontraram
fotografias de adolescentes vestidas, em posições sexuais, com foco nos órgãos genitais,
armazenadas no computador de um artista inglês. O advogado do artista, em sua defesa, alega a
ausência de cena pornográfica, uma vez que as adolescentes não estavam nuas, e que a finalidade
do armazenamento seria para comunicar às autoridades competentes.
Considerando o crime de posse de material pornográfico, previsto no Art. 241-B do ECA, merecem
prosperar os argumentos da defesa?

A) Sim, pois, para caracterização da pornografia, as adolescentes teriam que estar nuas.
B) Não, uma vez que bastava afirmar que as fotos são de adolescentes, e não de crianças.
C) Sim, uma vez que a finalidade do artista era apenas a de comunicar o fato às autoridades
competentes.
D) Não, pois a finalidade pornográfica restou demonstrada, e o artista não faz jus a excludente de
tipicidade.

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Direito da Criança e do Adolescente

Gabaritos das questões:

1–B 2–B 3–A 4–C 5–D

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