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Arts.

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FAMÍLIAS

A partir da CF-88 passou-se a alterar o conceito de família,


baseando-se no princípio da pluralidade das entidades familiares,
pois uma família pode ser formada por diversas estruturas.

FAMÍLIA NATURAL- abrange a família constituída pelo


casamento civil, a originada da relação estável e a formada por
qualquer dos genitores e seus filhos. Inclui também a união
homoafetiva, seja feita através do registro civil ou originária de
união estável.

FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA- a lei n. 12010/09


criou o conceito de família extensa, que é formada por todos os seus
membros de consanguinidade, ou seja, vão além do núcleo de
convívio de um mesmo lar.

Ex.: Bisavô que já detém a guarda de outro irmão, é prevalente p


criar a criança, filha de mãe toxicômona. Incluído o afeto.

Teorias acerca da evolução da família:

 Teoria da promiscuidade primitiva > fase original de anomia,


na qual todas as mulheres pertenciam a todos os homens;

 Teoria matriarcal > após aquela época de desordem, a genitora


passou a ser o centro da ordem familiar, havendo apenas o
parentesco uterino (certeza da maternidade);

 Teoria patriarcal > o pai desde sempre foi o eixo da


organização familiar.

Toda pessoa humana tem o direito de fundar uma família.


Declaração dos Direitos Humanos: “A família é o núcleo natural e
fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e
do Estado”.
Dentre os princípios norteadores da família os mais
destacados são os que estabelecem isonomia entre os diversos
membros da família:

filhos, igualdade de direitos entre os gêneros, entre cônjuges e


companheiros.

São os princípios da dignidade da pessoa humana, da prioridade


absoluta dos direitos da criança, da parentalidade responsável, do
superior interesse da criança. Também o reconhecimento do afeto e
cuidado.

MODALIDADES DE FAMÍLIA EXISTENTES:

Família Matrimonial: aquela formada pelo casamento, tanto entre


casais heterossexuais quanto homoafetivos.

Família Informal: formada por uma união estável, tanto entre casais
heterossexuais quanto homoafetivos.

Família Monoparental: família formada por qualquer um dos pais e


seus descendentes. Ex.: uma mãe solteira e um filho.

Família Anaparental: Prefixo Ana = sem. Ou seja, família sem pais,


formada apenas por irmãos.

Família Unipessoal: Quando nos deparamos com uma família de


uma pessoa só. Para visualizar tal situação devemos pensar em
impenhorabilidade de bem de família. O bem de família pode
pertencer a uma única pessoa, uma senhora viúva, por exemplo.

Família Mosaico ou reconstituída: pais que têm filhos e se separam,


e eventualmente começam a viver com outra pessoa que também
tem filhos de outros relacionamentos.

Família Simultânea/Paralela: se enquadra naqueles casos em que


um indivíduo mantém duas relações ao mesmo tempo. Ou seja, é
casado e mantém uma outra união estável, ou, mantém duas uniões
estáveis ao mesmo tempo.
Família Eudemonista: família afetiva, formada por uma
parentalidade socioafetiva.

O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

É um direito fundamental de toda pessoa humana viver junto à


família de origem, em ambiente de afeto e de cuidado mútuos,
configurando-se como um direito vital quando se tratar de pessoa
em formação (criança e adolescente).

A convivência comunitária: escolar, religiosa, recreativa, constituem


importantes pontos de identificação para a proteção e amparo do
infante, quando perdido o referencial familiar. Na comunidade eles
podem desenvolver os seus direitos como cidadãos.

O direito de convivência familiar é amplo, inclusive, permite a visita


ao adolescente em cumprimento de medida de internação pelo
cônjuge, companheiro, pais, responsáveis, filhos, parentes e amigos,
além do direito de visita íntima, quando o adolescente for
comprovadamente casado ou viver em união estável.

Também é direito do adolescente e da criança conviverem com os


pais privados de liberdade: é permitido visitas periódicas
promovidas pelo responsável, ou, nas hipóteses de acolhimento
institucional, pela entidade responsável, independente de
autorização judicial.

Aqui, somente se afasta do poder familiar e a convivência do genitor


com o menor em casos de prática de crime doloso sujeito à pena de
reclusão contra o próprio filho ou filha.

PODER FAMILIAR (art. 5º, I CF e art. 21 do ECA).

Pela maioria da doutrina é chamado de poder de proteção, poder


parental.

Esse direito é indisponível, pois os pais dele não podem abrir mão; é
inalienável, quer dizer, não pode ser transferido; é irrenunciável e
incompatível com a transação.
O filho está sujeito ao poder parental até completar 18 anos, sendo
pelos pais representado ou assistido.

Para os filhos que completarem a idade de 18 anos, mas não tiverem


discernimento mental para exercerem a autonomia e a
independência (art. 1767 do CC), serão representados pelos pais por
meio do instituto da curatela, embora extinto o poder familiar (art.
1768 do CC).

O Poder familiar pode ser definido como um complexo de direitos e


deveres pessoais e patrimoniais com relação ao filho menor de
idade, não emancipado, e que deve ser exercido no superior
interesse dele. É um direito-função, os genitores biológicos ou
adotivos não podem abrir mão dele, e não o podem transferir a
título gratuito ou oneroso.

Dever de registrar o filho e o direito ao estado de filiação

Ter na certidão de nascimento o nome completo dos pais significa a


exteriorização de uma ligação completa de sua identificação.

Prenome > é o nome próprio, designa a pessoa relativamente ao


grupo familiar, distinguindo-a dos componentes do mesmo grupo

Sobrenome > designa a pessoa referida à família à qual pertence, e


distingue-a dos sujeitos componentes das outras famílias, os quais
podem ter o mesmo nome próprio.

Acerca da Ação de Investigação de Paternidade, é proibida qualquer


referência à natureza da filiação, indícios de a concepção haver sido
decorrente de relação carnal ou inseminação artificial heteróloga,
conjugal ou extraconjugal, ou, ainda, menção ao estado civil dos
pais.

Hoje há o reconhecimento da “parentalidade afetiva”, que surge


fora do vínculo consanguíneo, pois nasce do coração, dos
sentimentos e afetos cultivados.

Acolhimento Familiar e Institucional


Institucional > realiza acolhimento em diferentes tipos de
equipamentos (Casa Lar, Abrigo, Casa de Passagem e Residência
Inclusiva) com o objetivo de garantir proteção integral.

Familiar > é uma medida protetiva prevista no Estatuto da Criança e


Adolescente, que deve ser prioritária ao Serviço de Acolhimento
Institucional, em caso de crianças e adolescentes com direitos
violados ou ameaçados, tanto por ação ou omissão do Estado, dos
pais ou responsáveis ou pela própria conduta.

Diferente da adoção, tem caráter provisório e excepcional devendo


visar à reintegração familiar ou, em último caso, o encaminhamento
para família substituta.

Art. 26- Criança e adolescente tem o direito à filiação, sendo um


direito de personalidade.

O CC, em seus arts. 1607 a 1617 prevê o reconhecimento dos filhos.

O filho MAIOR DE 18 anos não pode ser reconhecido sem o seu


consentimento e o MENOR poderá impugnar o reconhecimento aos
4 anos que se seguirem à maioridade ou emancipação.

Aqui se aplica o princípio do melhor interesse da criança ou do


adolescente, levando-se em consideração a paternidade socioafetiva.

Ex.: pai biológico ingressou com ação de investigação de


paternidade. STJ decidiu que o registro deverá ser mantido em
nome do pai afetivo. O fundamento: MELHOR INTERESSE DA
CRIANÇA, porém, ao atingir a maioridade, esse cidadão poderá, se
quiser, ajuizar pedido de investigação e retificação. A decisão se
calcou em paradigmas do direito à infância e da juventude:

a) O fundamento do melhor interesse que fornece sustentáculo à


paternidade socioafetiva;

b) O menor de 18 anos não é objeto e sim parte da questão, mas


que poderá discutí-la com a maioridade.
Esta decisão adotou também a TEORIA DO FATO CONSUMADO,
ou seja, procurou preservar e não modificar situação já consolidada
no tempo.

ATUALMENTE > A 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de


Justiça de Santa Catarina deu parcial provimento ao pedido de
retificação no registro de criança para o acréscimo do nome do
suposto pai biológico, que pedia exclusão da paternidade já
assumida pelo pai socioafetivo. Em sua decisão, o desembargador
Jorge Luis Costa Beber, relator do caso, atentou à possibilidade e ao
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal - STF, no RE
898.060, acerca da multiparentalidade.

Ao julgar a legitimidade da ação pleiteada pelo suposto pai


biológico, o desembargador apontou a inviabilidade do julgamento
imediato, dada a necessidade de instrução probatória. O
reconhecimento do vínculo consanguíneo em registro civil só será
determinado após exame de DNA positivo. Além disso, há a
necessidade imperiosa de análise à luz do melhor interesse da
criança.

O filho, que seria fruto de uma relação da mãe simultânea ao


casamento, possui o direito personalíssimo de pleitear a inclusão do
nome do pai biológico ao atingir maioridade. Assim atenta o
acórdão, que também ressalta o julgamento do relator ministro Luiz
Fux, do STF, sobre a possibilidade de reconhecimento da filiação
biológica sem detrimento da parentalidade socioafetiva.

Esse entendimento não é pacífico. O próprio STJ, no Resp 119.346-


GO discorre que: deve-se reconhecer a possibilidade do vínculo
socioafetivo, mas com base principalmente no melhor interesse da
criança e do adolescente e com os cuidados de exame profundo da
situação fática oferecida, evitando-se favorecer interesses
oportunistas ou de má-fé.

OBS: Juristas do IBDFAN questionam a multiparentalidade,


realmente se tratar do melhor interesse do menor.
Art. 27- esse dispositivo se refere à Ação de Investigação de
Paternidade.

a) O direito é personalíssimo pois só pode ser exercido pelo filho,


representado ou assistido; Porém, com o novo CC/02, em seu
art. 1606, p. u, permitiu que a ação de prova de filiação fosse
iniciada pelo herdeiro se o filho morrer menor ou incapaz ou
se iniciada a ação pelo filho, a continuação pelo herdeiro.
Também a Lei n. 8560/92 permitiu a legitimidade da
propositura da ação ao MP

b) É indisponível posto que não se pode renunciá-lo, não


admitindo nenhuma negociação ou transação;

c) É imprescritível porque pode ser exercido a qualquer


momento, sem que incida a prescrição. Prevista na súmula 149
do STF: “é imprescritível a ação de investigação de
paternidade, mas não o é a de petição de herança”.

Essa ação sempre foi direcionada ao suposto genitor biológico.


Agora, amplia-se, podendo se voltar ao suposto genitor
afetivo. Min. Nancy Andrighy: “a verdade sociológica se
sobrepões à verdade biológica”.

Art. 28- FAMÍLIA SUBSTITUTA. São 3 as formas de colocação em


família substituta:

a) A guarda, podendo ser conferida até os 18 anos;

b) A tutela, conferida à pessoa até os 18 anos;

c) A adoção, não existindo limite de idade quanto à pessoa


adotanda.

Recomenda-se a oitiva da criança. No caso de adolescente, é


obrigatória a oitiva junto ao magistrado, com a presença do MP.

Deve haver acompanhamento antes e depois da colocação em


família substituta.

Critérios para colocação em família substituta:


a) O grau de parentesco: os parentes próximos ao menor devem,
de certo modo, possuir prioridade como no caso de irmão,
tios, avós

b) Verificada a impossibilidade destes (p. ex. decorrência de


comportamento inadequado, como o alcoolismo), deve-se
procurar pessoas com afinidade ou afetividade;

c) Na hipótese de incompatibilidade dessas pessoas, é necessário


buscar outras pessoas aptas à responsabilidade legal.

Os irmãos tem preferência em serem colocados na mesma família


substituta.

Os indígenas ou quilombolas deverá se respeitar sua identidade


social; tentar inseri-los no seio da comunidade ou junto a membros
da mesma etnia; acompanhamento de funcionário da FUNAI ou de
antropólogo.

Art. 29- se indeferirá a colocação em família substituta pelos


seguintes motivos:

a) Incompatibilidade com a natureza da medida, que ocorre


juridicamente com o avô que deseja adotar o menor;
(problema previdenciário).

b) Ambiente familiar inadequado, que ocorre no caso de as


pessoas utilizarem entorpecentes.

Art. 30- quem dá essa autorização é o juiz da infância e da


juventude.

Art. 31- Dificuldade de colocar criança com idade superior a 5 anos.

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