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DA FAMÍLIA SUBSTITUTA

Guarda, tutela e adoção


MODALIDADES DE FAMÍLIA
SUBSTITUTA

Sempre que possível, procurar manter os vínculos da


família natural ( art. 25).

Art. 28 do ECA trata dos três modos de colocação em


família substituta, quais sejam:
Guarda
Tutela e
Adoção
FAMÍLIA SUBSTITUTA

Prevê que na situação de colocação em família


substitua o seguinte:

• Será ouvida por equipe interprofissional;


• Pessoa maior de 12 anos, necessidade de seu
consentimento em audiência;
• Deve-se levar em conta o laço de parentesco e
relação de afinidade ou de afetividade;

Art. 28, §, 1°, 2° e 3°


IRMÃOS, CRIANÇA E ADOLESCENTE
INDÍGENA E QUILOMBOLA

• Sempre que possível manter os irmão juntos;


• A colocação em família substituta será precedida de
sua preparação gradativa e acompanhamento
posterior, realizados pela equipe interprofissional;
• Indígena ou quilombola deverá respeitar a sua
identidade social e cultura, mantendo-a no seio da
sua comunidade;

Art. 28, § 4°, 5° e 6 o


VEDAÇÕES À COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA
SUBSTITUTA
Se verificar incompatibilidade para se deferir a colocação
em família substituta.

A incompatibilidade pode ser de qualquer natureza:


econômica, moral, comportamental, social, ética e etc.

Necessidade de avaliação por meio de perícia realizada por


equipe interprofissional.
O magistrado sempre procurar avaliar o ambiente mais
propício para o sadio desenvolvimento da criança e
adolescente.
Art. 29
FAMÍLIA SUBSTITUTA

Para Marciel (2017) ao se observar a escolha da


família substituta deve-se levar em conta sempre o
ambiente familiar adequado e que venha a propiciar
um bom desenvolvimento para a formação da
criança e o adolescente.
OBRIGAÇÕES DECORRENTES DA
FAMÍLIA SUBSTITUTA

As obrigações decorrentes da adoção, guarda e tutela


são indelegáveis.

Não se admite transferências, sem que haja


autorização da autoridade competente.

Art. 30
COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA
ESTRANGEIRA

A colocação em família substituta estrangeira é


medida excepcional, sendo cabível apenas em
caso de adoção.

Art. 31
COMPROMISSO DO GUARDIÃO OU
TUTOR

O guardião e o tutor firmará compromisso de


desempenhar o encargo em prol da criança ou
adolescente.

Este compromisso será mediante termos nos autos.

Art. 32
GUARDA

Conceito

“ A guarda é uma das formas de colocação do menor


em família substituta e atribui ao guardião a tarefa
indelegável de prestar assistência material, moral, e
educacional à criança ou adolescente na qualidade
de responsável legal” ( DEL-CAMPO; OLIVEIRA,
apud SILVA, 2013, p.72).

Disciplina legal – art. 33 -35 do ECA


GUARDA

Entende Marcial (2017, p199) que o “atributo do poder


familiar que se transfere para esta espécie de
família substituta o direito/dever de guarda dos pais
(arts. 1.566, IV, 1.583, 1.584 e 1.634, II, do CC), de
modo que o filho possua um responsável
judicialmente nomeado e não apenas de fato.
Portanto, não há alteração na titularidade do poder
familiar, mas apenas a mudança no exercício do
encargo da guarda (art. 22 do ECA) em favor de
quem não possui a autoridade parental”.
GUARDA

Observação

Quando a guarda for transferida entre os próprios


genitores, não podemos falar em colocação em família
substituta;

Vale destacar, que o registro de nascimento da


criança e do adolescente sob a guarda de terceiros,
não é alterado, pois não é averbada esta
transferência.
CONCESSÃO DA GUARDA

Sempre que os genitores biológicos não


demonstrarem condições, ainda que
temporariamente, exercer na plenitude o poder
familiar.

Havendo anuências expressa dos genitores, não é


necessária o processo contraditório.
NATUREZA JURÍDICA e FINALIDADE

Trata-se de múnus público, ou seja, um encargo


deferido pela autoridade judiciária, a pessoas
que preenchem os requisitos previstos nos art.
28 a 35 do ECA. (LIBERATI, 2011, p.31)

Finalidade é regularizar a “posse” de fato da


criança e adolescente. (LIBERATI, 2011, p.31)
GUARDA PROVISÓRIA, DEFINITIVA, E
EXCEPCIONAL
*Guarda provisória

Segundo Maciel (2017, p. 201) “é aquela deferida, por


determinado tempo arbitrado pelo magistrado,
normalmente pelo período entre 30 e 90 dias, no
curso do processo de guarda, podendo ser deferida
também nos procedimentos de tutela e adoção”.

A Lei n. 12.010/2009, inovou ao modificar o termo


“guarda provisória” passando a chamar “termo de
responsabilidade” (parágrafo único do art. 167 do
ECA).
GUARDA PROVISÓRIA, DEFINITIVA, E
EXCEPCIONAL

Guarda definitiva
“Aquela deferida por sentença em processo cujo pleito
seja somente e expressamente o de guarda”.
(MACIEL, 2017, p. 202)

Guarda excepcional
Visa “atender situações peculiares ou supre a falta
eventual dos pais ou responsável (art. 33, § 2º, do
ECA)”. (MACIEL, 2017, p. 202)
GUARDA DE FATO

“Aquela na qual o menor de 18 anos encontra-se na


companhia de pessoa que não detém atribuição legal
ou deferimento judicial para tal mister”. (MACIEL,
2017, p. 202)
GUARDA ESTATUTÁRIA

Para Marcial (2017, p.203) o objetivo e finalidade da


guarda estatutária consiste na sua função social, tem-
se que esta medida protetiva atribuída à criança ou ao
adolescente, conforme preceitua o art. 98 do ECA, em
que os genitores demonstram na condição de
pessoas omissos, negligentes, faltosos ou abusadores
de seu direito-dever.
GUARDA ESTATUTÁRIA
Competência

Em caso da criança ou adolescente encontra-se em


situação de risco e abandono (art. 98 do ECA), é da
Vara da infância e da juventude.
Trata-se de medida protetiva disciplinada no art. 101, IX,
do ECA, no entanto, deve aplicada apenas depois de
realizada todos os meios que almejam a manutenção
da criança junto a família natural. (MARCIEL, 2017)

OBS: não afasta o dever material daqueles de assistir material e


imaterialmente.
.
GUARDA ESTATUTÁRIA

Possibilidade de guarda:

Guarda em favor da família extensa;

Guarda subsidiada ou por incentivo: “medida de


acolhimento familiar - a criança é acolhida por
pessoas ou famílias previamente cadastradas e que
se responsabilizarão por aquela, por meio de termo
próprio de guarda, durante o período que se fizer
necessário, até que os pais voltem a ter condições de
exercitar este múnus”. (MARCIEL, 2017, p. 208)

Prevista no art. 34 e parágrafos e, no § 2º do art. 260 do ECA


GUARDA ESTATUTÁRIA

Possibilidade de guarda:

Guarda legal do dirigente da entidade de acolhimento


institucional
É vista como medida excepcional, pois é prevista quando
ocorre grave violação aos direitos de crianças e
adolescentes (negligência, abusos físicos, sexuais ou
psicológicos, abandono etc.)

OBS: o dirigente é equiparado ao guardião (§ 1º do art. 92 do


ECA), por exercitar a responsabilidade pelo cuidado direto do
acolhido.
Visitação de criança ou de adolescente sob a guarda de terceiros
GUARDA DA LEI CIVIL

Competência

A guarda familiar é matéria de Direito de Família,


sendo solucionada na Vara da Família, onde os
genitores após a ruptura do laço conjugal discutem
questões decorrente da guarda da prole.

Esta guarda não corresponde as formas de


colocação em família substituta.
OBRIGAÇÃO DO GUARDIÃO

Na guarda a obrigação do guardião perdura até que o


menor atinja a maioridade civil, aos 18 anos (art.
5° do CC)

O Guardião passa a ter a obrigação de assistência


material, moral e educacional.

Art. 33
ESPÉCIES DE GUARDA NO CC

No Direito Civil

• Guarda unilateral (art. 1.583 do CC)


• Guarda compartilhada (art. 1.583 do CC)
• Guarda alternada (construção doutrinária)
GUARDA DO ECA

Regularizar a posse de fato – art. 33 § 1°.

Como medida liminar ou incidental apenas nos


casos de tutela ou adoção – art. 33 § 1°.

Como medida excepcional, para atender situações


peculiares - 33 § 2°
GUARDA PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS

Requerida por parentes da criança com o fim de


colocá-lo como dependente para fins
previdenciários. (art. 33, § 3º)

OBS: exige a comprovação de necessidade


excepcional da criança.

A guarda não impede o exercício do direito de visitas,


bem como o dever de prestar alimentos. (33 § 4° )
GUARDA ESPECIAL

Acolhimento institucional
Acolhimento familiar (preferência do ECA).

Art. 34
REVOGAÇÃO DA GUARDA

Revogação da guarda a qualquer tempo,


mediante ato judicial e ouvido o MP.

Art. 35
TUTELA
Conceito

Nas lições de Stolze e Pamplona Filho (2020, p.


2.116) trata-se de uma “representação legal de um
menor, relativa ou absolutamente incapaz, cujos pais
tenham sido declarados ausentes, falecido ou hajam
decaído do poder familiar”.

Para Marciel (2017, p. 222) é um “conjunto de poderes


e encargos conferidos pela lei a um terceiro, para que
zele não só pela pessoa menor de 18 anos de idade e
que se encontra fora do poder familiar, como também
lhe administre os bens”.
TUTELA

O instituto da tutela veio consagrar a doutrina da


proteção integral instituída no art. 227 da CF de 88.

Objetivo do instituto é a concessão em caráter definitivo,


do dever de assistência a pessoa com idade inferior a 18
anos.

Disciplina jurídica: 36-38 no ECA.

Disciplina jurídica : arts. 1.728 até 1.766 do CC


HIPÓTESES DE CONCESSÃO DA
TUTELA

Em caso de falecimento dos pais, ou sendo estes


julgados ausentes; e

Em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Art. 1.728 do CC
TUTELA

Nulidade da tutela

Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou


pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o
poder familiar.

Hipótese de irmãos órfãos em caso de tutela

Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor .


APLICABILIDADE E FUNÇÕES DO
TUTOR

Aplicável a tutela até a idade máxima de 18 anos (art.


5° CC)

Funções do tutor estão previstas nos arts. 1.740 a


1.752 do CC
ESPÉCIES DE TUTELA
Testamentária- quando os pais exprime a sua vontade por
meio de testamento (art. 1.729)

Documental- por meio de documento (art. 1.729)

Legítima – destinadas aos parentes mais próximos (art.


1.731)

Dativa – quando ausente as modalidades acima

De fato – assume mera gestão de negócios do tutor.

A nomeação da tutela pode ser recusada pelas pessoas


arroladas (art. 1.736 do CC)
TUTELA

O instituto da tutela confere ao tutor poder de


administrar o patrimônio do tutelado.

Base legal: art. 1.745 do CC

A finalidade é: preservar os interesses do menor,


bem como evitar prejuízo.
TUTELA

Dos bens do menor

Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao


tutor mediante termo especificado deles e seus
valores, ainda que os pais o tenham dispensado.

Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de


valor considerável, poderá o juiz condicionar o
exercício da tutela à prestação de caução bastante,
podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida
idoneidade.
TUTELA

Compete ao tutor:

•Zelar pela pessoa e pelo patrimônio do menor;


•Exercer o encargo com diligência e responsabilidade;
•É encargo indivisível;
•Indelegável;
•É ato temporário
Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor (art.
1.740 do CC)
TUTELA

Venda de imóveis do tutelado

Requisitos (art. 1.750 CC):


- Haja manifesta vantagem na operação;
- Prévia avaliação judicial;
- Aprovação do juiz.
TUTELA

Dever ético e jurídico do tutor :

Prestar contas (art. 1.755)


Balanço anual (art. 1.756)
Prestação de contas em cada dois anos (art. 1.757)
Finda a tutela pela emancipação ou maioridade (art.
1.758)
Em casos de morte, ausência, ou interdição do tutor,
as contas serão prestadas por seus herdeiros ou
representantes. (art. 1.759)
TUTELA

Cessa a tutela (art. 1.763)

•Com a maioridade ou a emancipação do menor;


•Ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de
reconhecimento ou adoção.

Cessam as funções do tutor (art. 1.764)

Ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;


Ao sobrevir escusa legítima;
Ao ser removido.

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