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DO PODER FAMILIAR E DA

PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

DIREITO DAS FAMÍLIAS

PROFª. LUCIANE DE FREITAS MAZZARDO


Poder Familiar
É uma decorrência do vínculo jurídico da filiação,
constituindo o poder exercido pelos pais em relação aos
filhos, dentro da ideia de família democrática, do regime
de colaboração familiar e de relações baseadas,
sobretudo, no afeto.

Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar,


enquanto menores.
O instituto da Guarda é um dos componentes do
Poder familiar

O exercício do poder familiar


ou autoridade parental
independe do estado
da relação conjugal ou
do estado civil dos pais.

Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união


estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao
direito, que aos primeiros cabe,
de terem em sua companhia os segundos.
Nessa norma reside o fundamento jurídico
para a responsabilidade civil por abandono afetivo,
eis que a companhia inclui o afeto,
a interação entre pais e filhos.
Poder Familiar ou Autoridade Parental

Conjunto de deveres e direitos reconhecidos aos pais em face de


seus filhos menores de idade, visando a administração de sua
existência e de seu patrimônio.

Princípio da Responsabilidade Parental ou


Paternidade Responsável

Constitui um dos mais relevantes efeitos da relação paterno-filial,


sendo um poder-dever imposto aos pais, de criar, educar e
orientar seus filhos menores de 18 anos, não emancipados.
 Arts. 226, 227 e 229 CF/1988
 ECA/1990 Arts. 4º, 17, 21, 23, 33 e outros.
 CC/2002 Arts. 1.630 a 1.638.
 Filiação natural e civil.
 É irrenunciável, inalienável e imprescritível.
Ainda nas regras gerais sobre o poder familiar, destaca-se:

Art. 1.633 O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar
exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-
lo, dar-se-á tutor ao menor.

Atribuições do exercício do poder familar, que compete aos pais:

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua


situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste
em, quanto aos filhos:
I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Vide Art. 22 ECA)
I - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art.
1.584;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao
exterior;

V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem


sua residência permanente para outro Município;

VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o


outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o
poder familiar;

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis)


anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em
que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios


de sua idade e condição.
DA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR
A obrigação conjunta dos pais permanece até a extinção da
função parental, que ocorre :

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638

Causas de Destituição
do Poder Familiar
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou
a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de
adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder
familiar aquele que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo
poder familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018).
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de
2018).
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à
pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018).

II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído


pela Lei nº 13.715, de 2018)

a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave


ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº
13.715, de 2018).
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. (Incluído pela Lei nº
13.715, de 2018)
FAMÍLIAS RECONSTITUÍDAS, MOSAICO OU
PLURIPARENTAIS

Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou


estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-
os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou
companheiro.
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo
aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou
estabelecerem união estável.
Da Proteção da Pessoa dos Filhos

Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde
o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser
retirados por mandado judicial, provado que não são tratados
convenientemente.

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os


filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o
que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem
como fiscalizar sua manutenção e educação.
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos
avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou
do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 2011)
SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe:
 abusar de sua autoridade,

 faltando aos deveres a eles inerentes;

 arruinar os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum


parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder


familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em
virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.

A suspensão pode ser imposta liminarmente, enquanto a


destituição do poder familiar necessita de trânsito em
julgado da decisão.
Ainda, prevendo situações específicas:

 Lei 8.069/90 - Art. 23. A falta ou a carência de recursos


materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.

 Havendo conflito entre os interesses dos pais em relação aos


filhos, a hipótese será de nomeação de curador especial
(art.72 CPC/2015).

CC/02 - Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar


colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste
ou do Ministério Público o juiz lhe
dará curador especial.
No que tange ao poder familiar, o ECA dispõe:

Art. 201. Compete ao Ministério Público:


[...]
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
como oficiar em todos os demais procedimentos da
competência da Justiça da Infância e da Juventude;

Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo


Lei n. 13.010/2014

Incluiu novos dispositivos no ECA: 18-A e 18-B


Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados


sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos
pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-
los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso
da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;

II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento


em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.
Poder
Familiar

Guarda
Da Proteção da Pessoa dos Filhos

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só


dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, §5o) e,
por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não
vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns.

§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os


filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com
o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os
interesses dos filhos.
Guarda COMPARTILHADA
 Pressupõe exercício conjunto de direitos e deveres;
 A guarda física (moradia) continua com um dos pais,
reservando ao outro a saudável convivência;
 Divisão PROPORCIONAL dos encargos;
 Atende primordialmente os interesses dos filhos.
Mesmo desfeita no plano conjugal, a família deve seguir
como uma comunidade respeitosa e civilizada, a servir de
base para uma integração social de seus membros.
(OLIVEIRA, 2016)
“TER UM LUGAR PARA IR É LAR.
TER ALGUÉM PARA AMAR É FAMÍLIA.
TER OS DOIS É BÊNÇÃO”

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