TUTELA1
Conceito: “É o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para cuidar da pessoa do
menor e administrar seus bens. Destina-se a suprir a falta do poder familiar e tem nítido caráter
assistencial.”2 Assim, tutela é um ato complexo de direitos e obrigações conferidos pela lei a um
terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, que não se encontra sob o poder familiar e
administre seus bens.
Espécies de tutela
Três espécies de tutela vêm disciplinadas no CC:
Só podem nomear tutor para os filhos os pais que, por ocasião de sua morte detinham o
poder familiar, caso contrário a nomeação será nula.
Dispõe o Art. 1.733, §1º, CC que no caso de irmãos órfãos, dar-se-á somente um tutor.
Finalidade: facilitar a administração do patrimônio e manter os irmãos juntos. Porém, tal regra não
pode ser interpretada de forma absoluta. Pode o juiz dividir a tutela para melhor atender aos
interesses dos menores irmãos.
No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária, entende-se que a
tutela foi cometida ao primeiro e que os outros lhe há de suceder pela ordem de nomeação, dado o
caso de morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.
1
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, v. VI, 2007, p. 572-639.
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, v. VI, 2007, p. 572.
Essa ordem preferencial não é absoluta. A bem do menor pode o juiz alterá-la e até não
nomear nenhum dos parentes consangüíneos, se comprovadamente inidôneos ou incapacitados,
escolhendo pessoa idônea estranha à família, pois deve-se sempre dar prevalência aos interesses do
incapaz. Por exemplo: quando não houver laços afetivos ou quando o parente, com preferência legal
for inidôneo, sendo sua investidura inconveniente para o menor. O juiz deverá escolher o mais apto
a exercer a tutela em benefício do menor.
Tutela de fato (ou irregular) = dá-se quando uma pessoa passa a zelar pelo menor e por seus
bens, sem ter sido nomeada. Os seus atos não têm validade, não passando o suposto tutor de mero
gestor de negócios.
Tutela ad hoc (ou provisória ou especial) = ocorre quando uma pessoa é nomeada tutora
para a prática de determinado ato, sem destituição dos pais do poder familiar. Também se denomina
tutor ad hoc o curador especial nomeado pelo juiz quando os interesses do incapaz colidirem com
os do autor.
Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz ou serão incluídos em programa
de colocação familiar, na forma prevista pela Lei 8.069/90 (ECA) (Art. 1.734, CC – nova redação
pela Lei 12.010/2009).
Não podem exercer a tutela pessoas que não têm a livre administração de seus bens, ou
cujos interesses colidam com os do menor, ou que tenham sido condenados por crime de natureza
patrimonial e não sejam probas e honestas, ou ainda que exerçam função pública incompatível com
a boa administração da tutela.
Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, se a exercerem:
pupilo a dívida, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não conhecia o débito quando o
assumiu”.3
A norma jurídica inclui todas essas hipóteses como causas de incapacidade para o exercício
da tutela. Entretanto, a falta de idoneidade e as incompatibilidades pessoais, não podem ser tidas
como incapacidade no sentido jurídico, por serem, na verdade, impedimentos ao cargo.
Na verdade, as pessoas elencadas no artigo 1.735 não estão legitimadas para exercer a
tutela.
O tutor exerce um munus público, uma delegação do Estado que, não podendo exercer essa
função, transfere a obrigação de zelar pela criação pela educação e pelos bens do menor a terceira
pessoa. É considerada um encargo público e obrigatório. Ninguém pode dela fugir, devido à
impossibilidade de recusar a nomeação e de renunciar a função.
Porém, sua obrigatoriedade não é absoluta. Há casos previstos em lei que autorizam a escusa
da obrigação tutelar, assistindo ao tutor o direito de pedir dispensa.
3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, v. VI, 2007, p. 581.
“Por sofrerem redução de seu tempo disponível, ante seus inúmeros afazeres profissionais e
domésticos; porém, como hoje vivem em concorrência com os homens, não deveriam ter esse
privilégio (CF, art. 5º, I), por esse motivo o Projeto de Lei n. 6.960/2002 propõe a sua exclusão;
mas ante a especialidade da norma do art. 1.736, entretanto, poderão ser dispensadas.”4
“Tal inciso I deveria ter sido extirpado do art. 1.736, porque agravou, ainda mais, a situação,
ao possibilitar a escusa à mulher casada, que está com seus direitos e deveres igualada,
completamente, ao homem casado, pelo § 5º do art. 226 da Constituição Federal de 1988. Desse
modo, embora o dispositivo em estudo seja de caráter especial, não se podendo falar em
inconstitucionalidade, ele acaba sendo discriminatório, pois o casamento traz os mesmos direitos e
obrigações aos cônjuges, podendo, também, o homem casado escusar-se de exercer a tutela, já que
os encargos matrimoniais podem torná-lo assoberbado a tal ponto de não poder ser tutor.”5
“A exceção é preconceituosa, pois não defere tal faculdade ao homem casado. Essa
possibilidade revela, de forma escancarada, resquício da família patriarcal, na qual o casamento
colocava a mulher em situação de tal submissão que a condição de casada, por si só, justificava a
escusa. Cabe questionar se a mantença de união estável autoriza a recusa.”6
“ O Código Civil de 1916 conferia às mulheres o direito de escusa, qualquer que fosse o seu
estado civil. Tal discriminação não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que em
mais de um dispositivo proclama a igualdade entre o homem e a mulher. Ao permitir tal escusa
somente se a mulher for casada (inciso I), o diploma de 2002 continuou dando ensejo às críticas
nesse sentido que eram endereçadas ao Código anterior, pois o inciso I do art. 1.736 ora comentado
malfere, da mesma forma, o princípio constitucional da igualdade entre o homem e a mulher,
dogmatizado no art. 5º, I, e entre os cônjuges, enfatizado no art. 226, § 6º, da Carta Magna. Não
bastasse, o inciso apontado não alude à mulher que vive em união estável. Por todas essas razões a
sua exclusão é proposta no Projeto n. 6.960/2002, em tramitação no Congresso Nacional.”7
b) Maiores de 60 anos;
Presume a lei que, a partir da referida idade, o exercício da tutela se torne cada vez mais
difícil. O critério adotado pelo CC/2002 foi reforçado pelo Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003),
“destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a sessenta
anos”, que gozam de proteção integral, com direito a todas as facilidades “para preservação de sua
saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de
liberdade e dignidade” (art.2º).
Precisam comprovar que a moléstia de que padecem é incompatível com o seu exercício do
encargo. Os cegos podem escusar-se por esse motivo.
g) Os militares em serviço.
Entende o legislador que os membros das Forças Armadas que estejam na ativa, em razão da
natureza do trabalho que executam, estão sujeitos a transferências constantes de um lugar para
outro, em prejuízo do pupilo.
Quem não for parente do menor poderá recusar a tutela, se houver, no lugar, parente idôneo,
consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la (Art. 1.737, CC).
O pedido de dispensa deverá ser feito no prazo decadencial de 10 dias após a designação
do nomeado, sob pena de caducidade, entendendo-se que renunciou ao direito de alegá-la.
Se o motivo escusatório ocorrer depois da aceitação da tutela, contar-se-á tal prazo a partir
do dia em que surgiu a causa da dispensa (Art. 1.738, CC).
O juiz decidirá o pedido de recusa, de plano. Se não a admitir, exercerá o nomeado a tutela,
enquanto não for dispensado por sentença transitada em julgado (Art. 1.193, CPC).
Art. 1.739, CC - Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto o
recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que o menor
venha a sofrer.
Garantia da tutela
Exercício da tutela
O exercício da tutela assemelha-se ao poder familiar, mas não se lhe equipara, pois sofre
algumas limitações, sendo ainda sujeito à inspeção judicial.
O tutor é obrigado a apresentar balanços anuais e a prestar contas em juízo, sob forma
contábil, de dois em dois anos, de sua administração. As contas são verificadas pelo promotor e
julgadas pelo juiz (Art. 1.755 a 1.762, CC).
Certos atos, o tutor não pode praticar nem mesmo com autorização judicial, sob pena de
nulidade (Art. 1.749, CC).
Responde o tutor pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao pupilo, mas tem direito a
ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela e a perceber uma remuneração
proporcional à importância dos bens administrados, salvo no caso dos menores abandonados (Art.
1.734, CC) (Art. 1.752, CC).
Protutor
O artigo 1.742, CC inovando, autoriza o juiz a nomear um protutor para fiscalização dos
atos do tutor. Incumbe-lhe auxiliar o juiz, fiscalizando a atuação do tutor e informando o magistrado
sobre a má administração dos bens por ele recebidos mediante termo especificado. Ao protutor será
arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização efetuada. E são solidariamente responsáveis
pelos prejuízos as pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que concorreram
para o dano (Art. 1.752, §§1º e 2º, CC).
Cessação da tutela
Cessa a tutela:
1) Em relação ao pupilo:
• com a maioridade (18 anos), pois adquire plena capacidade civil;
• pela sua emancipação (a emancipação do tutelado dá-se por sentença judicial)
• caindo sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção
Sendo a tutela um sucedâneo do poder familiar, não mais se justifica a sua existência com o
surgimento do poder familiar em virtude do reconhecimento, pelo pai, do filho havido fora do
matrimônio ou da adoção, que transfere ao adotante o poder familiar.
• se falecer
• sobrevindo escusa legítima (Arts. 1.736 a 1.739, CC) (se advier causa que afete sua
pessoa, impedindo-o de exercer o ofício tutelar)
• sendo removido (Arts. 1.735 e 1.766, CC) (por se tornar incapaz de exercer a tutoria,
revelando-se negligente ou prevaricador. Exemplo: se concorrer por ação ou omissão, para que o
pupilo trabalhe em local perigoso, insalubre ou imoral ou se maltratar, poderá ser destituído da
tutela).
DA CURATELA
Conceito: “Curatela é o encargo deferido por lei a alguém capaz, para reger a pessoa e
administrar os bens de que, em regra maior, não pode fazê-lo por si mesmo.”9
“A curatela é instituto protetivo dos maiores de idades mas incapazes, isto é, sem
condições de zelar por seus próprios interesses, reger sua vida e administrar seu patrimônio.
Sujeitam-se também à curatela os nascituros, os ausentes, os enfermos e os deficientes físicos.”10
Assemelha-se à tutela por seu caráter assistencial, destinando-se, igualmente, à proteção de
incapazes.
Não é absoluta a regra de que a curatela destina-se somente aos incapazes maiores. O CC
prevê a curatela do nascituro, sendo também necessária a nomeação de curador ao relativamente
incapaz, maior de 16 anos e menor de 18, que sofra das faculdades mentais, porque não pode
praticar nenhum ato da vida civil. O tutor só poderia assistir o menor, que também teria de
participar do ato. Não podendo haver essa participação, em razão da enfermidade ou doença mental,
ser-lhe-á nomeado curador, que continuará a representá-lo mesmo depois de atingida a maioridade.
“Apesar das semelhanças, tutela e curatela não se confundem. Podem ser apontadas as
seguintes diferenças:
a) a tutela é destinada a menores de 18 anos de idade, enquanto a curatela é deferida,
em regra, a maiores;
b) a tutela pode ser testamentária, com nomeação do tutor pelos pais; a curatela é
sempre deferida pelo juiz;
c) a tutela abrange a pessoa e os bens do menor, enquanto a curatela pode
compreender somente a administração dos bens do incapaz, como no caso dos pródigos;
d) os poderes do curador são mais restritos do que os do tutor.”11
Características
A curatela apresenta cinco características relevantes:
a) os seus fins são assistenciais
O instituto da curatela completa o sistema assistencial dos que não podem, por si mesmos,
reger sua pessoa e administrar seus bens.
b) tem caráter publicista
9
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 607.
10
DIAS, Maria Berenice. Op. cit., p. 543.
11
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 608.
O caráter publicista advém do fato de ser dever do Estado zelar pelos interesses dos
incapazes. Tal dever é delegado a pessoas capazes e idôneas, que passam a exercer um múnus
público, ao serem nomeadas curadoras.
c) tem caráter supletivo da capacidade;
Já que o curador tem o encargo de representar ou assistir o seu curatelado, cabendo em todos
os casos de incapacidade que não é suprida pela tutela.
d) é temporária, perdurando somente enquanto a causa de incapacidade se mantiver
(cessando a causa, levanta-se a interdição);
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram.
e) a sua decretação requer certeza absoluta de incapacidade.
A certeza é obtida por meio de um processo de interdição, disciplinado no art. 1.177 e s. do
CPC.
II - Aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
(absolutamente incapaz)
Portadores de arteriosclerose ou paralisia avançada e irreversível, e excepcionalmente aos
surdos-mudos (a hipótese é, em regra, de incapacidade relativa) que não hajam recebido educação
adequada que os habilite a enunciar precisamente a sua vontade.
“Incluem-se aqui as doenças graves que tornam a pessoa completamente imobilizada, sem
controle dos movimentos e incapacitadas de qualquer comunicação, em estado afásico, ou seja,
impossibilitadas de compreender a fala ou a escrita, como sucede nos casos de acidente vascular
cerebral (isquemia e derrame cerebral), e nas doenças degenerativas do sistema nervoso, que
deixam a pessoa prostrada, sem lucidez, perturbada no seu juízo e na sua vontade, ou em estado de
coma. Excluem-se aqueles que, mesmo sendo portadores de lesões de nervos cerebrais, conservam a
capacidade de se comunicar com outras pessoas, por escrito ou sinais convencionados.”13
12
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Op. Cit., p. 430-439.
13
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 615.
Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV, o juiz assinará,
segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão
circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782, CC (Art. 1.772, CC).
O juiz fixará limites para a curatela que pode restringir-se ao impedimento de, sem curador,
praticar atos que possam comprometer o seu patrimônio e não sejam de mera administração.
Art. 1,767, I, III e IV, CC: as pessoas relacionadas nesses incisos serão recolhidas em
estabelecimentos adequados quando não se adaptarem ao convívio doméstico (art. 1.777, CC).
Pessoa interditada que em algum momento apresenta lucidez. O ato praticado nesse
momento pode ser considerado válido?
14
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 617.
15
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 618.
16
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 618-619.
Ao decretar a interdição, o juiz nomeará um curador. Sob esse aspecto a curatela pode ser
legítima ou dativa.
A lei indica as pessoas que devem ser nomeadas.
• O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é de direito,
curador do outro, quando interdito.
• Na falta do cônjuge ou companheiro, pode ser nomeado qualquer dos pais;
• Na falta destes, o descendente que se mostrar mais apto. Entre os descendentes,
os mais próximos precedem aos mais remotos.
A ordem é preferencial, mas a preferência não é absoluta.
Havendo motivos graves, a bem do interdito, o juiz pode alterá-la.
Na falta das pessoas indicadas, compete ao juiz a escolha do curador, que deverá ser pessoa
idônea, podendo ser estranha à família do interdito, configurando-se então, a curatela dativa.
Art. 1.783, CC dispensa o cônjuge curador, salvo determinação judicial, de prestar contas de
sua administração, quando o regime de bens do casamento for de comunhão universal.
17
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Op. Cit., p. 448.
Exercício da curatela
À curatela são aplicáveis as disposições legais relativas à tutela, com apenas algumas
modificações – Art. 1.774, CC. Vigoram para o curador as escusas voluntárias (Art. 1.736, CC) e
proibitórias (Art. 1.735, CC). É obrigado a prestar caução bastante, quando exigida pelo juiz, e
prestar contas; cabem-lhe os direitos e deveres especificados no capítulo que trata da tutela.
Somente pode alienar bens imóveis mediante prévia avaliação judicial e autorização do juiz, etc.
“Nascituro é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A lei não lhe
concede personalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida. Mas, como provavelmente
nascerá com vida, o ordenamento jurídico desde logo preserva seus interesses futuros, tomando
medidas para salvaguardar os direitos que, com muita probabilidade, em breve serão seus.”18
A lei prevê a possibilidade excepcional de se dar curador ao nascituro, ante duas
circunstâncias:
• Se o pai falecer estando a mulher grávida;
• Não tendo a mãe o exercício do poder familiar.
Essa última hipótese só pode ocorrer se ela tiver sido destituída do poder familiar em relação
a filhos havidos anteriormente, pois tal sanção abrange toda a prole, inclusive o nascituro.
Poderá ocorrer também se estiver interditada, caso em que seu curador será o do nascituro.
Art. 1.778, CC – o curador nomeado para o interdito é, assim, de direito tutor dos filhos
menores não emancipados do incapaz. Trata-se de uma curadoria prorrogada.
Só há interesse na nomeação de curador ao nascituro se tiver de receber herança, legado ou
doação.
A regulamentação da posse em nome do nascituro encontra-se no CPC, arts. 877 e 878.
18
RODRIGUES, Sílvio. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, vol. 1, 2002, p.36.
19
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 622-624.
99% das vezes não há impugnação. Porém, pode haver impugnação. Por exemplo: um
cidadão de 70 anos, que administra sua empresa, mas de repente, arruma uma namorada de 20 anos,
passa a gastar seu dinheiro com presentes, jóias, viagens etc. A família fica preocupada, pensa que
ele ficou louco e quer interditá-lo, antes que ele acabe com o patrimônio. Ele pode impugnar
dizendo que não está com nenhum tipo de anomalia que justifique a interdição. O juiz pode recusar
o pedido de interdição se não tiver demonstração de incapacidade.
Os pródigos também costumam contestar, são raras situações pedindo interdição de
pródigos, mas os poucos que surgem, tem que produzir provas, colher parecer médico.
Decorrido esse prazo, o juiz nomeará perito médico para proceder ao exame do interditando
e apresentar o respectivo laudo (Art. 1.771, CC).
A interdição tem a finalidade de retirar da pessoa a capacidade civil e a livre disposição de
seus bens.
20
DIAS, Maria Berenice. Op. cit., p. 548.
21
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 635-637.