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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Unidade Universitária de Paranaíba


Direito Civil – Direito de Família
Tutela
Profª Drª Léia Comar Riva

Livro IV – Título IV – Da tutela.


CC arts. 1.728-1.766
ECA arts. 36-38 (complementa as regras previstas no CC).
CPC arts. 759-763

→ Introdução:

Tutela e Curatela – são institutos autônomos, mas com finalidade comum, qual seja,
propiciar a representação legal e a administração de sujeitos incapazes de praticar atos
jurídicos.

Tutela se refere a menoridade legal

→ Conceito: Tutela é um complexo de direitos e obrigações, conferidos pela lei, a um


terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, não emancipado que não se ache sobre
o poder familiar, e administre seus bens. (reger a vida do menor e administrar seus bens)

A tutela implica necessariamente no dever de guarda.

A tutela é uma das formas de colocação do menor em família substituta de modo


definitivo.

A tutela é um instituto de caráter assistencial, que tem por escopo substituir o poder
familiar. O tutor, sob inspeção judicial deverá reger a pessoa do pupilo ou tutelado.

Objeto da tutela:

a) Administração do patrimônio do menor


b) Representação legal do menor (não tem poder de correção) – CC., arts. 1.740,
1.747 e 1.748)

A tutela como a guarda e a curatela tem “flagrante” conteúdo patrimonial.

Tutela: representação e assistência:

- Tutela: prevista para administrar interesses de menores (absoluta ou relativa/ incapazes);


- Representação: é o instituto que visa atender aos interesses dos menores de 16 anos em
casos específicos;

- Assistência: é tb o instituto que visa a atender o interesse de menores entre 16 e 18 anos,


em casos específicos.

- Os parentes mais próximos são em regra os mais indicados para cumprir o encargo da
tutela (art. 1.731, CC)

1. → Tutores (arts. 1.728-1.734, CC): Pessoa que exerce a guarda e tem por função:

→Protege o menor não emancipado e seus bens, se:

a) seus pais falecerem,


b) forem declarados ausentes, ou
d) decaírem do poder familiar (suspensos ou destituídos). (art. 1.728, CC)

- A tutela é similar ao poder familiar, mas não idêntica, pois efetiva-se sob inspeção
judicial e é temporária (2 anos – art. 1.765, CC).

- Tutela e poder familiar não existem juntos – onde existir um, não existe o outro (há
exceção tutela especial).

- O tutor ao assumir a tutela deverá prestar compromisso de bem e fiel/ desempenhar o


encargo (arts. 32 e 170, ECA). Alguns atos de administração ficarão na dependência de
autorização judicial.

- A tutela recai sobre menores – pode ser oriunda de procedimento voluntário – os poderes
do tutor são mais amplos do q. os do curador.

- O tutor exerce um munus(função) público, imposto pelo Estado, para atender a um


interesse público, possibilitando a efetivação do dever estatal de guardar e defender
órfãos.

→ Espécies/Origem Existem algumas espécies e os autores não são unânimes.

1) Tutela testamentária (disposições de última vontade: testamento, codicilo ou outro


documento autêntico, como escritura pública ou documento particular, com firma
reconhecida) - arts. 1.729, 1.730 e 1.733 CC.

✓ art. 1.730: nulidade absoluta, se os pais não tinham o poder familiar no momento
da morte

Em razão de morte (real ou presumida) ou incapacidade.


O direito de nomear tutor compete aos pais (não aos avôs), em conjunto – a nomeação
deve constar de testamento ou qquer outro documento autêntico.

Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor (para manter o vínculo). Princípio da unicidade
da tutela

Quem instituir menor herdeiro ou legatário poderá nomear curador especial, ainda que se
encontre sob poder familiar ou tutela.

2) Tutela legítima/legal – art. 1.731 CC. deferida por lei, na falta de tutela testamentária.

Quando recai sobre parentes consangüíneos do menor, segundo certa ordem de


preferência estipulada pela lei (art. 1.731 CC).

aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto (avô → bisavô).

aos colaterais até o 3º. grau, preferindo os + próximos aos + remotos,


irmãos/tios/sobrinhos e, no mesmo grau, os + velhos aos + jovens.

Em qquer caso o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do
menor.

3) Tutela dativa – arts. 1.732, I, II e III e art. 1.734 CC. Oriunda de decisão judicial.

Pais vivos que decaírem do poder familiar – menores abandonados ou desamparados.

Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz. Quando recair em pessoa
estranha à família do menor nomeada pelo juiz (art. 1.732 CC) ou serão recolhidos em
estabelecimento público para esse fim. A pessoa estranha deve ser idônea, residir no
domicilio do menor – e, voluntária e gratuita/ se encarregar da criação do menor.

O tutor dativo não pode ser obrigado a aceitar a função se houver, no local, parente do
menor que possa exercê-la (art. 1.737, CC).

4) Tutela irregular/especial Segundo Maria Helena Diniz, não há uma nomeação na forma
legal, não há perda do poder familiar, equipara-se à guarda especial para atender a
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser
deferido o direito de representação para a prática de atos determinados. Não gera efeitos
jurídicos, é mera gestão de negócios.

2. → Incapazes de exercer a tutela (arts. 1.735)

Estão impedimentos para o exercício da tutela: O tutor não poderá exercer a tutela se
estiver impedido por:

- não ter a livre administração dos bens;


- ter obrigação para com o menor ou ter de fazer valer seu direito contra este, bem como
ter pais, filhos ou cônjuges que estão demandando contra o menor;

- ser inimigo do menor;

- ter sido excluído pelos pais, expressa/, da tutela do menor;

- ter sido condenado por crime de furto, roubo, estelionato ou falsidade, contra a família
ou os costumes, tenham ou não cumprido pena (CP. art. 92, II § único). O Enunciado 636,
VIII Jornada de Direito Civil (2018) admitiu a mitigação para atender o melhor interesse
da criança e do adolescente;

- ter mal procedimento ou ser falho em probidade (desonesto) ou ser culpado de abuso
em tutelas anteriores;

- exercer função pública incompatível com a boa administração da tutela.

3. → Escusa dos tutores (arts. 1.736-1.739, CC)

Pessoas que podem se recusar, não aceitar, pedir dispensa a exercer o munus: arts. 1.736-
1.739 CC

Ex:. • mulher casada; – • pessoas com mais de 3 filhos; – • pessoa com mais de 60
anos; – • pessoa q. esta no exercício da tutela ou curatela; – • pessoa q. não residir no
domicilio do menor; – • impossibilidade por enfermidade ou serviço militar.

- Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no
lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la (CC, art. 1.737).

- Prazo para renunciar a nomeação: a escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à
designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo
escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele
sobrevier (art. 1.738, CC, Prof. Villaça, por bom senso, deve ser 10 dias depois da
intimação.

→ CPC art. 760 – 5 dias – Lei posterior prevalece

→ ler artigos – determinam a partir de qdo serão contados

4. → Exercício da tutela (arts. 1.740-1.752, CC)

→ Objeto da Tutela –

- administração do patrimônio do menor


- representação legal do menor (arts. 1.740, 1.747, 1.748 CC). Não têm poder de correção.

→Incube ao tutor quanto à pessoa do tutelado: Em linhas gerais, o tutor exerce os direitos
e deve cumprir com as obrigações que normalmente incube aos pais (art. 1.740):

- dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e


condição;

- reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister
correção;

- adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do
menor, se este já contar doze anos de idade.

- sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo


seus deveres com zelo e boa-fé (CC. art. 1.741).

- o descumprimento desses deveres por parte do tutor pode acarretar sanções

Garantias do Tutor
Com garantia: Sem garantia
A tutela é um munus, um encargo, O tutor é dispensado de prestar garantia:
devendo o interessado oferecer garantias e - 1. se os bens do tutelado forem exíguos
prestar contas de sua gestão (arts. 1.745, § ou inexistentes,
único e 1.755 CC). - 2. se constarem do Registro de Imóveis,
ou,
- 3. em caso de outro motivo relevante

→ Protutor:

Poderá ser nomeado um protutor – para fiscalizar o tutor – (art. 1.742 CC).

Tutor e protutor têm direito a uma remuneração proporcional a importância dos bens que
administra. Se o tutelado não tiver bens eles não receberão nada. Protutor responde
solidariamente pelos danos causados.

Remuneração
Tutor: Protutor
Gratificação e remuneração Gratificação

→ Responsabilidade civil:

Responsabilidade do tutor e protutor


Tutor: Protutor
→ Responsabilidade Subjetiva: Tutor Responde solidariamente pelos danos
responde por dolo ou culpa pelos prejuízos causados
que causar ao tutelado (art. 1.752, CC).

→ Responsabilidade Objetiva:
Tutor responde pelo ato do tutelado (art.
932, CC).

CC, art. 1.744: – Responsabilidade do Juiz:


- em relação ao tutor nos dois casos existe apenas culpa do juiz e não dolo
- O art. 1.744 está em vigor em razão do caráter excepcional aplicado a tutela

I. direta e pessoal: II. subsidiária:

- qdo não tiver nomeado o tutor, ou não o - qdo não tiver exigido garantia legal do
houver feito oportunamente – repara o tutor, nem o removido, tanto que se tornou
dano sozinho. suspeito – repara o dano subsidiária/ - o
tutor terá responsabilidade direta pela
indenização (perdas e danos) se não puder
cobrir todo o desfalque o juiz será
subsidiária/ responsável.

5. → Bens do tutelado (arts. 1.753-1.754, CC)

→ Art. 1.753: Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, além
do necessário para as despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a
administração de seus bens.

→ Art. 1.753, § 1º: Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e
móveis serão avaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu
produto convertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta
da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao
estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for
determinado pelo juiz;

→ Art. 1.753, § 2º: O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o dinheiro
proveniente de qualquer outra procedência;

→ Art. 1.753, § 3º: Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima
referidos, pagando os juros legais desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que
não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação

→ Art. 1.754: Os valores que existirem em estabelecimento bancário oficial, na forma do


artigo antecedente, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente.

- para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a administração de seus


bens;
- para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou letras, nas condições previstas
no § 1o do artigo antecedente;

- para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado, ou


deixado;

- para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos
seus herdeiros.

6. → Prestação de contas (arts. 1.755 a 1.762)

A tutela não termina antes da prestação de contas (as despesas com a prestação correrão
por conta do tutelado).

Em caso de morte, ausência ou interdição as contas serão prestadas pelos herdeiros. O


tutor tem o direito de ser reembolsado das despesas que arcou em proveito do menor.

Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são obrigados a
prestar contas da sua administração (inclui-se, os saldos a favor do tutelado (o que sobrou)
e contra (o que está devendo) (art. 1.755).

→ Art. 1.756: No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o


balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.
(Balanço anual)

→ Art. 1.757: Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por
qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos
interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os
saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do
art. 1.753.

Assim: Tutores → prestação de contas de 2 em 2 anos


→ deixarem o exercício da tutela
→ juiz solicitar

→ Art. 1.758: Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não
produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a
responsabilidade do tutor

→ Art. 1.759: Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão
prestadas por seus herdeiros ou representantes.

→ Art. 1.760: Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e


reconhecidamente proveitosas ao menor

→ Art. 1.761: As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado
→ Art. 1.762: O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de
valor e vencem juros desde o julgamento definitivo das contas

7. → Cessação da Tutela

1) Em relação ao menor: (arts. 1.763- 2) Em relação ao tutor:


1.766, CC):

- falecer -Término do prazo da tutela,


- superveniência de escusa legítima,
- remoção (art. 1.764, CC).
- atingir a maioridade
- for emancipado Será destituído o tutor quando:
(art. 5, § único CC – tendo o menor 16 -negligente,
anos completos pode ser emancipado - faltar ao cumprimento do dever por
pelos pais, tutor ou sentença judicial) interesse ou má-fé
- prevaricador, ou,
- incurso em incapacidade (art. 1.766,
CC).

- cair (superveniência) do poder familiar


(reconhecimento ou adoção)
- se alistar, ou,
- for sorteado para o serviço militar

* Obs:

ECA art. 249: descumpri/ dos deveres inerentes ao poder familiar ou decorrentes da tutela
ou da guarda.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL


Unidade Universitária de Paranaíba
Direito Civil – Direito de Família
Curatela
Profª Drª Léia Comar Riva

CC. arts. 1.767 e seguintes


CPC. arts. 747-758.

Introdução

Após a vigência a Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência:


- CURATELA 1) embora o Estatuto não traz a ideia de interdição, 2) o CPC está todo
baseado na de interdição e 3) o CC art. 1767, elenca pessoas sujeitas a interdição -
(Tartuce)

→Diante desse quadro 2 correntes se formam:

1 – condena as modificações, pois a dignidade de tais pessoas deve ser resguardada por
meio de sua proteção como vulneráveis (dignidade-vulnerabilidade) (Simão)

2 – aplaude as modificações, pois objetiva a inclusão e tutela (dignidade-liberdade)


(Paulo Lôbo, Rodrigo da Cunha Pereira, Pablo Stolze e Tartuce)

- o tempo dirá – poderá ser tarde.

→ CURATELA

→ Conceito: Enquanto instituto de natureza assistencial, Diniz (2018, p. 748) leciona


que a curatela é o “encargo público, cometido, excepcionalmente, por lei, a alguém para
resguardar, se necessário, interesses de natureza negocial e patrimonial (Lei n.
13.146/2015, art. 85, § 1°) e para administrar os bens de maiores que, por si sós, não estão
em condições de fazê-lo”.

- Visa a proteger a pessoa maior, padecente de alguma incapacidade ou de certa


circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação da vontade.

• ANTES DO EPD - Gonçalves (2015, p. 820) – Curatela é o encargo deferido por lei a
alguém capaz, para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não
pode fazê-lo por sí mesmo. Não é absoluta a regra de que se destina ela somente a maiores
capazes. O CC prevê a curatela do nascituro, sendo tb necessária a nomeação de tutor ao
relativamente incapaz, maior de 16 e menor de 18 anos, que sofra das faculdades mentais
pq não pode praticar nenhum ato da vida civil.

Curatela – sempre deferida pelo magistrado – os poderes do curador se instituem de


acordo com as necessidades de proteção devida ao curatelado podendo consistir em mera
administração dos bens do curatelado.

→ Pressupostos: - fático: incapacidade – restrição legal aos atos da vida civil (art. 1.767
CC) - Regra maiores incapazes

- jurídico: decisão judicial prolatada em processo de interdição.


✓ Espécies

1) Curatela dos adultos (art. 1.767 CC)


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade
(incapacidade relativa - art. 4º, III, CC);
II [revogado]
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV [revogado]
V - os pródigos (pessoa que gasta de maneira exagerada seu patrimônio).

➢ Essas pessoas são interditadas - Embora o Estatuto não traga a ideia de


interdição, o CPC está todo baseado na de interdição (Tartuce)

Antes da Lei n. 13.146/2015 Após a Lei n. 13.146/2015

São postos sob curatela – art. 1.767 CC São postos sob curatela – art. 1.767 CC

I – aqueles que, por enfermidade ou I - aqueles que, por causa transitória ou


deficiência mental, não tiverem o permanente, não puderem exprimir sua
necessário discernimento para os atos da vontade [incapacidade relativa - art. 4º,
vida civil [incapacidade absoluta, art. 3º, III, CC]
II]
II – aqueles que por causa duradoura, não II [revogado]
puderem exprimir sua vontade.
III – os deficientes mentais, os hébrios III - os ébrios habituais e os viciados em
habituais e os viciados em tóxicos tóxicos [incapacidade relativa - art. 4º, II,
[incapacidade relativa, art. 4º, II] CC]
IV – os excepcionais, sem completo IV – [revogado]
desenvolvimento mental [incapacidade
relativa, art. 4º, III]
V – os pródigos [incapacidade relativa, art. V - os pródigos [incapacidade relativa -
4º, IV] art. 4º, IV, CC]
O que muda
I – incapacidade relativa
II – revogado
III – permanece igual
IV – revogado
V – permanece igual

→ Incapacidade absoluta – proibição total do exercício do direito do incapaz –


acarretando em caso de violação – nulidade do ato (art. 166, I). Tem direito, mas não pode
exercer direta e pessoalmente, devendo ser representado.
→ Incapacidade relativa – podem praticar atos da vida civil, desde que assistidos por
quem o direito encarrega desse oficio, em razão de parentesco, de relação de ordem civil
ou de designação judicial, sob pena de anulabilidade daquele ato (art. 171, I), dependendo
da inciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal ato poderá ser confirmado ou
ratificado. Há atos que o relativamente incapaz pode praticar, livremente sem autorização
ex:. testar.

➢ O processo de interdição é o mecanismo necessário a verificação da


incapacidade (de fato) relativa

2) Curatela dos nascituros: - teoria concepcionista – o ser humano já concebido, mas


ainda não nascido (CC art. 2º - nascituro):

Duas são as condições para materializar a curatela de seus bens:

➢ falecimento do pai ou perda do poder familiar e, se estiver gravida a


mulher e não tiver o poder familiar.

→ A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado,


observado o art. 5º (CC, art. 1.778). Ao nascituro será dado curador, se o pai falecer
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar; se a mulher estiver interdita, seu
curador será o do nascituro (CC, art. 1.779, § único).

3) Curatela do ausente: (arts. 22 e 23 CC) – salvaguardar os bens da pessoa que faleceu.

Ausente: alguém que desaparece de seu domicílio, sem dar notícias de seu paradeiro e
sem deixar representante ou procurador, ou deixar procurador que não quer ou não pode
exercer o mandato, é declarado, então, como ausente pelo juiz, instituindo-se a curatela,
por ser declarado absolutamente incapaz.

• Outros casos de curatela:

→ CC. art. 1.733, § 2º: quem instituir como herdeiro ou legatário menor poderá nomear-
lhe curador especial.

→ CC. art. 1.819 – herança jacente = é aquela que aparente/ não existe herdeiro salvo o
Estado. A herança jacente é entregue a um curador para administrá-la

→ CC. art. 1.692 – quando no exercício do poder familiar o interesse dos pais e dos filhos
colidirem a pedido do filho ou do MP será nomeado um curador especial para o filho.

→ Muito usual – o juiz dará curador especial: - I – ao incapaz, se não tiver representante
legal, ou se os interesses desses colidirem com os daqueles. - II – ao réu preso, bem como
ao revel citado por edital ou com hora certa.

→ A lei impõe ao MP a curadoria da família, do menor, do órfão [...].


→ INTERDIÇÃO1 → Privação de direitos

- Do processo de Interdição decorre a Curatela

- O procedimento de interdição, hoje melhor se denomina de procedimento de curatela

- Em algumas hipóteses faz-se necessário o processo de interdição.

Autointerdição ou autocuratela

O artigo 1.768 CC foi alterado pela Lei 13.146/2015 (EPD) que possibilitou no inciso
IV a interdição pela própria pessoa com deficiência (autointerdição ou autocuratela)

CPC/ 2015 adotou caminho diferente e revogou o inciso IV, artigo 1.768 CC.

A possibilidade de promover a interdição pela própria pessoa (autointerdição ou


autocuratela) esteve em vigência de janeiro/2016 a março/2016

- Apesar de CPC/2015 ter revogado ela pode ser requerida com base na Convenção de
New York

- Procedimento

➢ Código de Processo Civil


➢ Pessoas que podem promover a interdição

Art. 747. A interdição pode ser promovida:


I - pelo cônjuge ou companheiro;
II - pelos parentes ou tutores;
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
IV - pelo Ministério Público.
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que
acompanhe a petição inicial.

Art. 748. O Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental


grave:
I - se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 não existirem ou não
promoverem a interdição;
II - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos incisos I e II do art. 747.

➢ Código Civil
- Sentença - há divergências se a sentença é declaratória e constitutiva.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as
modificações dos artigos seguintes.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de
direito, curador do outro, quando interdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na
falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do
curador.

Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá
estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa.

Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário
para ter preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu
recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio.

→ Exercício da curatela

Aplica-se a curatela as disposições concernentes à tutela com algumas modificações:

Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a


restrição do art. 1.772 e as desta Seção.

Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que
não sejam de mera administração.
→ Portanto, o pródigo pode: casar, reconhecer filho, testar

Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de
comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação
judicial.

→ O MP participará sempre do processo de interdição:


1 – promovendo a medida o juiz nomeará defensor;
2 – defensor do interdito.

→ Tomada de Decisão Apoiada

Novo modelo jurídico brasileiro de proteção

O Estatuto da Pessoa com Deficiência (art. 115), prevê que o Título IV do Livro IV da
Parte Especial do atual Código Civil vigente seja modificado e passe a contar com a
seguinte redação: “Da tutela, da Curatela e da Tomada e Decisão Apoiada” e no art. 116,
acrescenta o Capítulo III, ao citado Título para determinar no art. 1.783-A, acerca do
processo da “Tomada de Decisão Apoiada”.
O caput do art. 1.783-A, e os 11 parágrafos que determinam sobre o procedimento do
novo modelo protetivo estabelece que a tomada de decisão apoiada “é o processo pelo
qual”, por iniciativa da pessoa com deficiência, são nomeadas pelo menos duas pessoas
idôneas "com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe
apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade”.
Paulo Lôbo: diferença entre essas duas novas modalidades:
Curatela compartilhada: “a pessoa com deficiência poderá contar com mais de um
curador, para incumbências específicas”, depende de decisão judicial.
Tomada de decisão apoiada: “a pessoa com deficiência poderá escolher pelo
menos duas pessoas para apoiá-lo no exercício de sua capacidade”, tem por objetivo,
principalmente, o apoio para celebração de determinados negócios jurídicos; se houver
divergência entre os apoiadores e a pessoa apoiada, caberá ao juiz decidir.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL


Unidade Universitária de Paranaíba
Direito Civil: Direito de Família
Questões: Tutela, Curatela e Lei n. 13.146/2015
Profª. Drª. Léia Comar Riva

Comente as questões abaixo de acordo com a doutrina e cite os artigos correspondentes.

1. Quais são os pontos comuns entre tutela e curatela?


2. Conceitue a tutela.
3. Conceitue a curatela.
4. Quem são os sujeitos da tutela?
5. Quem são os sujeitos da curatela?
6. Quais são os três tipos de tutela previstos pela legislação civil brasileira? Explique cada
um deles.
7. Por que o legislador, no art. 1.735 considerada aquelas pessoas incapazes de exercer a
tutela?
8. Em que hipóteses específicas o legislador admite a escusa do encargo da tutela?
9. O rol do art. 1.736 é taxativo ou exemplificativo?
10. O tutor tem direito à remuneração pelos serviços prestados?
11. O que é tutor sub-rogado (art. 1.743)?
12. O que é protutor?
13. O tutor pode alienar bens imóveis do tutelado? Como? Em que condições?
14. O tutor e o juiz respondem pelos danos que causar ao patrimônio do menor? Como?
15. Que princípios regem a curatela.
16. Conceitue curatela e interdição.
17. Estabeleça a diferença entre curatela e interdição.
18. Cite quatro situações previstas no Código Civil que é instituído curador?
19. Comente sobre o novo modelo jurídico de proteção: Tomada de Decisão Apoiada.
20. Estabeleça a diferença entre a curatela compartilhada e a tomada de decisão apoiada.
21. O que é curatela do nascituro e qual teoria o legislador utilizou?
22. Como ocorre a curatela do pródigo?
25. Após a vigência da Lei n. 13.146/2015:
a) Quais são as pessoas consideradas absolutamente incapazes?
b) Nos termos do art. 6º, da citada Lei, a deficiência não afeta a plena capacidade civil da
pessoa para:
26. Quem pode promover a interdição? Há divergências? Em caso positivo, mencione?

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