Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
→ Introdução:
Tutela e Curatela – são institutos autônomos, mas com finalidade comum, qual seja,
propiciar a representação legal e a administração de sujeitos incapazes de praticar atos
jurídicos.
A tutela é um instituto de caráter assistencial, que tem por escopo substituir o poder
familiar. O tutor, sob inspeção judicial deverá reger a pessoa do pupilo ou tutelado.
Objeto da tutela:
- Os parentes mais próximos são em regra os mais indicados para cumprir o encargo da
tutela (art. 1.731, CC)
1. → Tutores (arts. 1.728-1.734, CC): Pessoa que exerce a guarda e tem por função:
- A tutela é similar ao poder familiar, mas não idêntica, pois efetiva-se sob inspeção
judicial e é temporária (2 anos – art. 1.765, CC).
- Tutela e poder familiar não existem juntos – onde existir um, não existe o outro (há
exceção tutela especial).
- A tutela recai sobre menores – pode ser oriunda de procedimento voluntário – os poderes
do tutor são mais amplos do q. os do curador.
✓ art. 1.730: nulidade absoluta, se os pais não tinham o poder familiar no momento
da morte
Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor (para manter o vínculo). Princípio da unicidade
da tutela
Quem instituir menor herdeiro ou legatário poderá nomear curador especial, ainda que se
encontre sob poder familiar ou tutela.
2) Tutela legítima/legal – art. 1.731 CC. deferida por lei, na falta de tutela testamentária.
aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto (avô → bisavô).
Em qquer caso o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do
menor.
3) Tutela dativa – arts. 1.732, I, II e III e art. 1.734 CC. Oriunda de decisão judicial.
Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz. Quando recair em pessoa
estranha à família do menor nomeada pelo juiz (art. 1.732 CC) ou serão recolhidos em
estabelecimento público para esse fim. A pessoa estranha deve ser idônea, residir no
domicilio do menor – e, voluntária e gratuita/ se encarregar da criação do menor.
O tutor dativo não pode ser obrigado a aceitar a função se houver, no local, parente do
menor que possa exercê-la (art. 1.737, CC).
4) Tutela irregular/especial Segundo Maria Helena Diniz, não há uma nomeação na forma
legal, não há perda do poder familiar, equipara-se à guarda especial para atender a
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser
deferido o direito de representação para a prática de atos determinados. Não gera efeitos
jurídicos, é mera gestão de negócios.
Estão impedimentos para o exercício da tutela: O tutor não poderá exercer a tutela se
estiver impedido por:
- ter sido condenado por crime de furto, roubo, estelionato ou falsidade, contra a família
ou os costumes, tenham ou não cumprido pena (CP. art. 92, II § único). O Enunciado 636,
VIII Jornada de Direito Civil (2018) admitiu a mitigação para atender o melhor interesse
da criança e do adolescente;
- ter mal procedimento ou ser falho em probidade (desonesto) ou ser culpado de abuso
em tutelas anteriores;
Pessoas que podem se recusar, não aceitar, pedir dispensa a exercer o munus: arts. 1.736-
1.739 CC
Ex:. • mulher casada; – • pessoas com mais de 3 filhos; – • pessoa com mais de 60
anos; – • pessoa q. esta no exercício da tutela ou curatela; – • pessoa q. não residir no
domicilio do menor; – • impossibilidade por enfermidade ou serviço militar.
- Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no
lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la (CC, art. 1.737).
- Prazo para renunciar a nomeação: a escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à
designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo
escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele
sobrevier (art. 1.738, CC, Prof. Villaça, por bom senso, deve ser 10 dias depois da
intimação.
→ Objeto da Tutela –
→Incube ao tutor quanto à pessoa do tutelado: Em linhas gerais, o tutor exerce os direitos
e deve cumprir com as obrigações que normalmente incube aos pais (art. 1.740):
- reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister
correção;
- adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do
menor, se este já contar doze anos de idade.
Garantias do Tutor
Com garantia: Sem garantia
A tutela é um munus, um encargo, O tutor é dispensado de prestar garantia:
devendo o interessado oferecer garantias e - 1. se os bens do tutelado forem exíguos
prestar contas de sua gestão (arts. 1.745, § ou inexistentes,
único e 1.755 CC). - 2. se constarem do Registro de Imóveis,
ou,
- 3. em caso de outro motivo relevante
→ Protutor:
Poderá ser nomeado um protutor – para fiscalizar o tutor – (art. 1.742 CC).
Tutor e protutor têm direito a uma remuneração proporcional a importância dos bens que
administra. Se o tutelado não tiver bens eles não receberão nada. Protutor responde
solidariamente pelos danos causados.
Remuneração
Tutor: Protutor
Gratificação e remuneração Gratificação
→ Responsabilidade civil:
→ Responsabilidade Objetiva:
Tutor responde pelo ato do tutelado (art.
932, CC).
- qdo não tiver nomeado o tutor, ou não o - qdo não tiver exigido garantia legal do
houver feito oportunamente – repara o tutor, nem o removido, tanto que se tornou
dano sozinho. suspeito – repara o dano subsidiária/ - o
tutor terá responsabilidade direta pela
indenização (perdas e danos) se não puder
cobrir todo o desfalque o juiz será
subsidiária/ responsável.
→ Art. 1.753: Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, além
do necessário para as despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a
administração de seus bens.
→ Art. 1.753, § 1º: Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e
móveis serão avaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu
produto convertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta
da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao
estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for
determinado pelo juiz;
→ Art. 1.753, § 2º: O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o dinheiro
proveniente de qualquer outra procedência;
→ Art. 1.753, § 3º: Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima
referidos, pagando os juros legais desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que
não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação
- para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos
seus herdeiros.
A tutela não termina antes da prestação de contas (as despesas com a prestação correrão
por conta do tutelado).
Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são obrigados a
prestar contas da sua administração (inclui-se, os saldos a favor do tutelado (o que sobrou)
e contra (o que está devendo) (art. 1.755).
→ Art. 1.757: Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por
qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos
interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os
saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do
art. 1.753.
→ Art. 1.758: Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não
produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a
responsabilidade do tutor
→ Art. 1.759: Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão
prestadas por seus herdeiros ou representantes.
→ Art. 1.761: As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado
→ Art. 1.762: O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de
valor e vencem juros desde o julgamento definitivo das contas
7. → Cessação da Tutela
* Obs:
ECA art. 249: descumpri/ dos deveres inerentes ao poder familiar ou decorrentes da tutela
ou da guarda.
Introdução
1 – condena as modificações, pois a dignidade de tais pessoas deve ser resguardada por
meio de sua proteção como vulneráveis (dignidade-vulnerabilidade) (Simão)
→ CURATELA
• ANTES DO EPD - Gonçalves (2015, p. 820) – Curatela é o encargo deferido por lei a
alguém capaz, para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não
pode fazê-lo por sí mesmo. Não é absoluta a regra de que se destina ela somente a maiores
capazes. O CC prevê a curatela do nascituro, sendo tb necessária a nomeação de tutor ao
relativamente incapaz, maior de 16 e menor de 18 anos, que sofra das faculdades mentais
pq não pode praticar nenhum ato da vida civil.
→ Pressupostos: - fático: incapacidade – restrição legal aos atos da vida civil (art. 1.767
CC) - Regra maiores incapazes
São postos sob curatela – art. 1.767 CC São postos sob curatela – art. 1.767 CC
Ausente: alguém que desaparece de seu domicílio, sem dar notícias de seu paradeiro e
sem deixar representante ou procurador, ou deixar procurador que não quer ou não pode
exercer o mandato, é declarado, então, como ausente pelo juiz, instituindo-se a curatela,
por ser declarado absolutamente incapaz.
→ CC. art. 1.733, § 2º: quem instituir como herdeiro ou legatário menor poderá nomear-
lhe curador especial.
→ CC. art. 1.819 – herança jacente = é aquela que aparente/ não existe herdeiro salvo o
Estado. A herança jacente é entregue a um curador para administrá-la
→ CC. art. 1.692 – quando no exercício do poder familiar o interesse dos pais e dos filhos
colidirem a pedido do filho ou do MP será nomeado um curador especial para o filho.
→ Muito usual – o juiz dará curador especial: - I – ao incapaz, se não tiver representante
legal, ou se os interesses desses colidirem com os daqueles. - II – ao réu preso, bem como
ao revel citado por edital ou com hora certa.
Autointerdição ou autocuratela
O artigo 1.768 CC foi alterado pela Lei 13.146/2015 (EPD) que possibilitou no inciso
IV a interdição pela própria pessoa com deficiência (autointerdição ou autocuratela)
CPC/ 2015 adotou caminho diferente e revogou o inciso IV, artigo 1.768 CC.
- Apesar de CPC/2015 ter revogado ela pode ser requerida com base na Convenção de
New York
- Procedimento
➢ Código Civil
- Sentença - há divergências se a sentença é declaratória e constitutiva.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as
modificações dos artigos seguintes.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de
direito, curador do outro, quando interdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na
falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do
curador.
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá
estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa.
Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário
para ter preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu
recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio.
→ Exercício da curatela
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que
não sejam de mera administração.
→ Portanto, o pródigo pode: casar, reconhecer filho, testar
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de
comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação
judicial.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (art. 115), prevê que o Título IV do Livro IV da
Parte Especial do atual Código Civil vigente seja modificado e passe a contar com a
seguinte redação: “Da tutela, da Curatela e da Tomada e Decisão Apoiada” e no art. 116,
acrescenta o Capítulo III, ao citado Título para determinar no art. 1.783-A, acerca do
processo da “Tomada de Decisão Apoiada”.
O caput do art. 1.783-A, e os 11 parágrafos que determinam sobre o procedimento do
novo modelo protetivo estabelece que a tomada de decisão apoiada “é o processo pelo
qual”, por iniciativa da pessoa com deficiência, são nomeadas pelo menos duas pessoas
idôneas "com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe
apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade”.
Paulo Lôbo: diferença entre essas duas novas modalidades:
Curatela compartilhada: “a pessoa com deficiência poderá contar com mais de um
curador, para incumbências específicas”, depende de decisão judicial.
Tomada de decisão apoiada: “a pessoa com deficiência poderá escolher pelo
menos duas pessoas para apoiá-lo no exercício de sua capacidade”, tem por objetivo,
principalmente, o apoio para celebração de determinados negócios jurídicos; se houver
divergência entre os apoiadores e a pessoa apoiada, caberá ao juiz decidir.