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CENTRO DE HUMANIDADES - CAMPUS III


DEPARTAMENTO DE DIREITO
CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
COMPONENTE CURRICULAR: DIREITO TRIBUTÁRIO
DOCENTE: RICARDO FERNANDES MARINHO
ACADÊMICO: ALEXANDRE SOUSA DA SILVA - MATRÍCULA: 111420296
TURMA: 2011.1 -

1.

poder familiar em face das pessoas em que os pais falecem ou que foram julgados
ausentes, e até mesmo quando suspensos ou destituídos daquele poder.
A tutela tem fundamento legal no artigo 1.728 do Código Civil:

Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:

I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;


II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Os tutores exercem o poder familiar sempre que os pais estiverem ausentes ou


incapacitados de fazê-lo. Se um dos pais falecer, o poder familiar continuará concentrado no
outro cônjuge. Porém, se ambos falecerem, o Estado transferirá o poder familiar a um
terceiro, que é o tutor.
A tutela, nas palavras de Venosa, é “instituição supletiva do poder familiar”. Quer
dizer que ela suplementa o poder parental quando da ausência dos pais ou da suspensão do
poder deles.
O artigo 1.729 dispõe da nomeação do tutor, que é restringido aos pais, em conjunto:

Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.

Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro


documento autêntico.

O legislador quis que os pais fossem aqueles que decidirão o melhor para seus filhos,
buscando indicar para o desempenho do múnus uma pessoa capaz de proteger, amar, cuidar
das crianças ou adolescentes como se pais fossem, dando continuidade ao carinho e à
proteção que aquele que nomeia, pai ou mãe, dedica aos seus amados.
Todavia, é imposto a ambos, pai e mãe, conjuntamente, a nomeação de tutor a seus
filhos, suprimindo a possibilidade, consagrada na lei anterior, de inicialmente caber ao pai e,
sucessivamente, à mãe a instituição de tutor de seu agrado. A decisão, assim, deverá ser
adotada por ambos, de comum acordo.
1.1 Espécies de Tutela

Há, segundo a posição doutrinária de Sílvio Rodrigues, bem como o Código Civil de
2002 adotou três espécies de tutela no direito de família, essas três modalidades de tutela
são oriundas do direito romano, e o legislador optou por adotar essas espécies de tutela a
saber: a testamentária fundada no artigo 1.729 parágrafo único, a legítima que está
baseada no artigo 1.731 incisos I e II do Código Civil, e por fim a tutela dativa, fundamentada
no artigo 1.732 incisos I, II e II do Código Civil. Porem ainda há doutrinadores em uma
corrente minoritária, como sustenta essa tese a ilustre doutrinadora Maria Helena Diniz que
definem uma quarta espécie de tutela, chamada de tutela irregular.

1.1.1 Tutela testamentária

É quando o tutor, escolhido pelos pais, é indicado no testamento ou documento


autêntico. Documento autêntico pode ser entendido como todo aquele que não deixa
dúvidas quanto à nomeação do tutor e a identidade do signatário.
Porém, existem dois requisitos para que esta espécie de tutela tenha eficácia, sendo
que o outro cônjuge não possa exercer o poder familiar, e que aquele que nomeia o tutor
esteja no exercício do poder familiar ao tempo de sua morte. (Conforme artigo 1.730 que
torna nula a nomeação de pai ou mãe que ao tempo de sua morte não tinha o poder
familiar.)
Não cabendo a declaração de última vontade feita por um dos genitores se sobrevive
o outro genitor. Nas mesmas condições é nula a nomeação de tutor para o descendente
menor, que tenha um dos genitores vivo será inadmissível, pela sua natureza, com o
exercício do poder familiar.

1.1.2 Tutela legítima

É a que se dá na falta da testamentária, ou seja, não havendo sido um tutor nomeado


pelos pais, o artigo 1.731 elenca os parentes consanguíneos aos quais pode ser incumbida a
tutela, na seguinte ordem:

Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes
consanguíneos do menor, por esta ordem:

I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;

II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais
remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos
casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do
menor.

1.1.3 Tutela dativa


É aquela derivada de sentença judicial, quando não há tutor testamentário ou
legítimo, ou então quando eles forem escusados ou excluídos da tutela, conforme artigo
1.732:

Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:

I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;


II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

No caso de irmãos órfãos, dispõe o artigo 1.733:

Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 1º No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem


indicação de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que
os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade,
escusa ou qualquer outro impedimento.
§ 2º Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe
curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o
poder familiar, ou tutela.

Pela redação do artigo referido, presume-se que o legislador quis manter juntos os
irmãos que perderam seus pais.

1.1.4 Tutela irregular

Esta modalidade da tutela é admitida pela minoria da doutrina, apenas alguns


doutrinadores fazem menção a ela como uma das espécies de tutela, a qual consiste na
situação, sem qualquer formalidade legal, uma pessoa zela pelo menor e que não tem
nenhum tutor nomeado e a partir dessa situação passa a cuidar dos interesses e dos bens
desse menor, como se fosse tutor legal do menor.
Maria Helena Diniz é uma das doutrinadoras que fazem menção da tutela irregular
como espécie de tutela, e da uma definição clara dessa possível modalidade de tutela:

A tutela irregular é aquela na qual não há propriamente uma nomeada, na forma


legal, de modo que o suposto tutor zela pelo menor e por seus bens como se
estivesse legitimamente investido de oficio tutelar. Todavia, esta tutela não gera
efeitos jurídicos, não passando de mera gestão de negócios, e como tal deve ser
regida.
1.2 Incapazes de exercer a tutela

O artigo 1.735 enumera os incapazes de exercer o instituto da tutela, quais sejam


aqueles que não podem administrar seus próprios bens, ou pessoas desonestas a quem seria
temerário confiar a administração de valores de terceiros, e ainda pessoas que, devido a
uma determinada relação com o menor, apenas não podem ser tutores daquele incapaz,
mas podem o ser de outros:

Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:

I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;


II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos
em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e
aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes
expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a
família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de
abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração
da tutela.

A tutela não pode ser deferida a quem não tenha condições para exercê-la. Aqueles
que tiverem qualquer conflito de interesses com o que pretende acolher como tutelado
devem entrar no “rol” dos impedidos para o exercício da tutela. Tais impedimentos
inspiram-se em razões de ordem pessoal, de natureza econômica e por incompatibilidade
real ou presumida. O impedimento pode ser arguido pelo próprio nomeado, por provocação
dos legitimados e até de ofício, pelo juiz. Este, então, deve indeferir a tutoria ou destituir do
que já exerce.

1.3 Escusa dos tutores

Nos casos de escusas, cuja a dispensa da tutela, pode ou não ocorrer. Os


procedimento de escusa, por via de regra, ocorre perante a Vara de Infância e da Juventude,
porém, se não houver tal juízo especializado, será de competência da Vara de Família ou até
mesmo da Vara Cível, neste seguimento. Nesses casos, podem se escusar da tutela, as
mulheres casadas (embora haja proposta para revogação para o dispositivo); os maiores de
60 anos (há uma discussão se a norma é discriminatória); aqueles que tiverem sob sua
autoridade mais de três filhos; os impossibilitados por enfermidade; aqueles que habitarem
longe do lugar onde se haja de exercer a tutela; aqueles que já exerceram tutela ou curatela;
os militares em serviço.
O artigo 1.736 elenca aqueles que podem escusar-se do exercício da tutela, quais
sejam:

Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:

I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.

Em regra, o convocado não pode escusar-se, por ser a tutela um munus público. Os
que, por força da idade, sobrecarga ou doença, dificilmente poderiam dedicar-se
integralmente ao encargo, têm a exclusiva prerrogativa de se escusarem.

1.4 Requisitos da tutela

Um dos requisitos da tutela é que os pais do menor tenham sido destituídos ou


estejam suspensos do poder familiar. Também na hipótese de os pais se encontrarem em
local incerto e não sabido, caberá o instituto da tutela, até que o menor volte aos seus
progenitores. Quando o desaparecimento for voluntário, ocorrerá a destituição do poder
familiar, mas quando for fortuito, somente será deferida a tutela após declaração judicial de
ausência.

1.5 Exercício da tutela

O tutor não tem total liberdade para desempenhar o seu múnus. Não pode exercê-lo
com a amplitude e a discricionariedade de quem está no exercício do pátrio poder. Ele
depende da supervisão judicial para exercer quaisquer atos referentes à pessoa e aos bens
do pupilo. Essa dependência é característica mor, o marco fundamental que estabelece os
limites entre a tutela e o pátrio poder. Em última análise, o responsável pelo exercício da
tutela é o juiz.
O art. 1.741 do Código Civil diz que:

Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do


tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.

O artigo 1.747 fala da competência do tutor, que é, logicamente, bem menos ampla
que a dos pais:

Art. 1.747. Compete mais ao tutor:

I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo,
após essa idade, nos atos em que for parte;
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de
administração, conservação e melhoramentos de seus bens;
IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.

O artigo 1.748 dispõe sobre o que o tutor pode fazer, necessitando, contudo, de
autorização judicial para tal:

Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:

I - pagar as dívidas do menor;


II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos
casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as
diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.

Nesse rol não se encontra o arrendamento de imóveis do menor. Anteriormente o


tutor só podia promover o arrendamento de imóveis do menor em hasta pública e com
autorização judicial. O novo Código Civil retirou tal exigência, estabelecendo a possibilidade
de arrendamento mediante preço conveniente, respondendo, o tutor, pelos seus atos.

1.6 Cessação da tutela


A tutela, como instituto de proteção, destina-se à vigência temporária. Pode terminar
por uma causa natural ou jurisdicional. E sua cessação pode dar-se tanto em relação ao
pupilo, como ao próprio tutor. A lei faz diferença entre a cessação da condição de pupilo e a
cessação da condição de tutor. Segundo o art. 1.763 do Código Civil:

Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:

I - com a maioridade ou a emancipação do menor;


II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.

Nessas hipóteses são considerados os fatos que dizem respeito estritamente ao


tutelado. Atingida a maioridade, não será mais necessária a tutela, pois terá cumprido o
primeiro requisito para obter o exercício pleno da cidadania.
A lei ainda faz diferença nos artigos 1.763 e 1.764 do Código Civil, uma vez que
porque o término das funções do tutor nem sempre acarreta a cessação da condição de
pupilo. Dispõe o art. 1.764 que:

Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:

I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;


II - ao sobrevir escusa legítima;
III - ao ser removido.

Em qualquer desses casos, se o tutelado ainda for incapaz, continuará sendo pupilo
de outrem, cessando para seu antigo tutor o exercício do múnus.
A morte do tutelado também extingue a tutela.

2. DA CURATELA

Podemos definir a curatela como sendo um encargo deferido a um capaz, para reger
a pessoa maior e administrar seus bens, que por si não possam fazê-lo.
Igualmente a tutela, a curatela tem um caráter assistencial, que se destina, à
proteção dos incapazes. Por essa razão, a ela são aplicáveis as disposições legais relativas à
tutela, com apenas algumas modificações (CC, art. 1774).
Ambas se alinham no mesmo Título do Livro do Direito de Família devido às analogias
que apresentam. Vigoram para o curador as escusas voluntárias (art. 1.736) e proibitórias
(art. 1735); é obrigado a prestar caução bastante, quando exigida pelo Juiz, e a prestar
contas; cabem-lhe os direitos e deveres especificados no capítulo que trata da tutela;
somente pode alienar bens imóveis mediante prévia avaliação judicial e autorização do juiz,
entre outras.

2.1 Curatela X Tutela

Apesar dessa semelhança, os dois institutos não se confundem. Visto que a tutela é
destinada a menores de 18 anos de idade, enquanto a curatela é deferida, em regra, a
maiores, pode ser testamentária, com nomeação do tutor pelos pais, enquanto a curatela é
sempre deferida pelo juiz, a tutela abrange a pessoa e os bens do menor, enquanto a
curatela pode compreender somente a administração dos bens do incapaz, como no caso
dos pródigos, e os poderes do curador são mais restritos do que os do tutor.

2.2 Outros casos em que se nomeia um Curador

Como já dito, a regra de que a curatela destina-se somente aos incapazes maiores,
não é absoluta. O Código Civil prevê a curatela do nascituro, sendo também necessária a
nomeação de curador ao relativamente incapaz, maior de 16 e menor de 18 anos, que sofra
das faculdades mentais, porque não pode praticar nenhum ato da vida civil. O tutor só
poderia assistir o menor, que também teria de participar do ato. Não podendo haver essa
participação, em razão da enfermidade ou doença mental, ser-lhe-á nomeado curador, que
continuará a representá-lo mesmo depois de atingida a maioridade.
O artigo 1.767 elenca quem são as pessoas sujeitas à curatela, inclusive o nascituro:

Art. 1.767. Estão sujeitos à curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário


discernimento para os atos da vida civil;
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;
V - os pródigos.
A curatela do nascituro tem fulcro no artigo 1.779:

Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a


mulher, e não tendo o poder familiar.

Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. O


nascituro e seus bens também devem ser protegidos pelo ordenamento jurídico.

2.3 Características da curatela

A curatela tem uma totalidade de cinco características, que como vimos, seu fins são
assistenciais, tem caráter eminentemente publicista, e também caráter supletivo da
capacidade, é temporária, perdurando somente enquanto a causa da incapacidade se
mantiver, sua decretação requer certeza absoluta de incapacidade.
O instituto da curatela completa no Código Civil, o sistema assistencial dos que não
podem, por si mesmos, reger sua pessoa e administrar seus bens.
O primeiro é o poder familiar atribuído aos pais, sob cuja proteção ficam adstritos os
filhos menores que se tornaram órgãos ou cujos pais desapareceram ou decaíram do poder
parental.
Surge em terceiro lugar a curatela, como encargo atribuído a alguém, para reger a
pessoa e administrar os bens de maiores incapazes, que não possam fazê-lo por si mesmos,
com exceção do nascituro e dos maiores de 16 e menores de 18 anos.
O caráter publicista advém do fato de ser dever do Estado zelar pelos interesses dos
incapazes. Tal dever, no entanto, é delegado a pessoas capazes e idôneas, que passam a
exercer um múnus público, ao serem nomeadas curadoras.
O caráter supletivo da curatela, em terceiro lugar, exsurge do fato de o curador ter o
encargo de representar ou assistir o seu curatelado, cabendo em todos os casos de
incapacidade não suprida pela tutela.
Supre-se a incapacidade, que pode ser absoluta ou relativa conforme o grau de
imaturidade, deficiência física ou mental da pessoa, pelos institutos da representação e da
assistência.
O art. 3º do Código Civil menciona os absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os seus direitos e que devem ser representados, sob pena de nulidade do ato
(art. 166, I).
E o art. 4º enumera os relativamente incapazes, dotados de algum discernimento e
por isso autorizados a participar dos atos jurídicos de seu interesse, desde que devidamente
assistidos por seus representantes legais, sob pena de anulabilidade (art. 171, I), salvo
algumas hipóteses restritas em que se lhes permite atuar sozinhos.
O art. 120 do Código Civil preceitua que “os requisitos e os efeitos da representação
legal são os estabelecidos nas normas respectivas”. No que concerne aos menores sob
tutela, dispõe o art. 1.747, I, do Código Civil, que compete ao tutor “representar o menor,
até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for
parte”.
O aludido dispositivo aplica-se, também, mutatis mutandis, aos curadores e aos
curatelados, por força do art. 1.774 do mesmo diploma, que determina a aplicação, à
curatela, das disposições concernentes à tutela.
A quarta característica da curatela, como visto, é a temporariedade, pois subsistem a
incapacidade e a representação legal pelo curador enquanto perdurar a causa da interdição.
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram. Assim, no caso
da loucura e da surdo-mudez, por exemplo, desaparece a incapacidade, cessando a
enfermidade físico-psíquico que as determinou. Quando a causa é a menoridade,
desaparece pela maioridade e pela emancipação.
 A certeza da incapacidade, por fim, é obtida por meio de um processo de interdição,
disciplinado nos arts. 1.177 e s. do Código de Processo Civil, no capítulo que trata dos
procedimentos especiais de jurisdição voluntária.

2.4 Requisitos da curatela

Existem dois requisitos para que a curatela seja deferida – a incapacidade e decisão
judicial. Só será concedida a curatela mediante prévia decretação do juiz.

2.5 Espécies de curatela

O Código Civil declara, no art. 1.767, sujeitos à curatela:

I – aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário


discernimento para os atos da vida civil.
II – aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade.
III – os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.
IV – os excepcionais sem completo desenvolvimento mental.
V – os pródigos

Cuida-se, nas hipóteses elencadas, da curatela dos adultos incapazes, que é a forma
mais comum.
Mais adiante, entretanto, o aludido diploma trata também da curatela dos nascituros
(art. 1.779). E, como inovação, prevê a possibilidade de ser decretada a interdição do
“enfermo ou portador de deficiência física”, a seu requerimento, ou, na impossibilidade de
fazê-lo, de qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, “para cuidar de todos ou alguns
de seus negócios ou bens” (art. 1.780).
Na Parte Geral, nos arts. 22 a 25, para onde a matéria foi deslocada, o Código civil de
2002 disciplina a curadoria dos bens dos ausentes. São espécies de curatela que se destacam
da disciplina legal do instituto por apresentarem peculiaridades próprias.
A curatela dos toxicômanos, que era regulamentada pelo Decreto Lei n. 891/38, é
agora disciplinada pelo Código Civil de 2002 (art. 1.767, III, in fine).
Essas modalidades de curatela não se confundem com a curadoria instituída para a
prática de determinados atos, como os mencionados nos arts. 1.692, 1.733, § 2º, e 1.819 do
Código Civil.
As curadorias especiais, como esclarece Orlando Gomes, “distinguem-se pela
finalidade específica, que, uma vez exaurida, esgota a função do curador, automaticamente.
Têm cunho meramente funcional. Não se destinam à regência de pessoas, mas sim à
administração de bens ou à defesa de interesses. Para fins especiais, as leis de organização
judiciária cometem a membros do Ministério Público as funções de curadoria. Esses
curadores oficiais assistem judicialmente nos negócios em que são interessados menores
órfãos, interditos, ausentes, falidos. Daí a existência de curadores de resíduos, de massas
falidas, de órfãos e ausentes, de menores”.
Dentre as curadorias especiais, podem ser mencionadas aquela instituída pelo
testador para os bens deixados a herdeiro ou legatário menor (CC, art. 1.733, § 2º), a que se
dá à herança jacente (CC, art. 1.819), a que se dá ao filho, sempre que no exercício do poder
familiar colidirem os interesses do pai com os daquele (CC, art. 1.692; Lei n. 8.069/90, art.
142, parágrafo único, e 148, parágrafo único, a dada ao incapaz que não tiver representante
legal ou, se o tiver, seus interesses conflitarem com os daqueles, a conferida ao réu preso, a
que se dá ao revel citado por edital ou com hora certa, que se fizer revel (curadoria in litem,
CPC, art. 9º, I e II).
Quando a nomeação é feita para a prática de atos processuais, temos as curadorias
ad litem, como nos processos de interdição ajuizados pelo Ministério Público (CC, art. 1.770),
na curadoria à lide para os réus presos e citados por edital ou com hora certa (CPC, art. 9º,
II).
A redação do retrotranscrito art. 1.767 do Código Civil harmoniza-se com o texto dos
arts. 3º e 4º do mesmo diploma que tratam da capacidade civil. Assim, o inciso I corresponde
ao inciso II do art. 3º; o inciso III remete ao inciso II do art. 4º; o inciso IV reproduz ipsis
litteris a redação do inciso III do art. 4º; e o inciso V menciona o pródigo, também incluído no
rol do mencionado art. 4º.
O inciso II do aludido art. 1.767 (“aqueles que, por outra causa duradoura, não
puderem exprimir a sua vontade”) aplica-se, dentre outros, aos portadores de
arteriosclerose ou paralisia avançada e irreversíveis, e excepcionalmente aos surdos-mudos
(a hipótese é, em regra, de incapacidade relativa) que não hajam recebido educação
adequada que os habilite a enunciar precisamente a sua vontade.
Verifica-se, assim, que os incisos I e II indicam a incapacidade absoluta, e os incisos III,
IV e V, a relativa. A situação dos pródigos é disciplinada destacadamente no art. 1.782 do
mesmo diploma.
Assinala Washington de Barros Monteiro que “não há outras pessoas sujeitas à
curatela; analfabetismo, idade provecta, por si sós, não constituem motivo bastante para
interdição. A velhice acarreta, sem dúvida, diversos males, verdadeiro cortejo de
transtornos, mas só quando assume caráter psicopático, com estado de involução senil em
desenvolvimento e tendência a se agravar, pode sujeitar o paciente à curatela, enquanto
não importe em deficiência, não reclama intervenção legal”.
Não se nomeia, assim, curador para os cegos, nem a pessoas rústicas, sem cultura ou
desprovidas dos conhecimentos básicos, de reduzidíssima inteligência ou incapazes de
entender de negócios, suscetíveis de se deixarem envolver com facilidade pelas palavras de
terceiros com as quais contratam.

REFERÊNCIAS
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: Direito de família. 28ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Vol. 6

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 6ª. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

Diniz, Maria Helena. CURSO DE DIREITO CIVIL BRASILEIRO - VOL. 5 DIREITO DE FAMILIA. 26ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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