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DIREITOS HUMANOS

Polícia Civil MG –
Todos os cargos

DIREITOS HUMANOS E
CIDADANIA

Policial Rodoviário Federal – PRF


Agente/Escrivão - PCDF

Vívian Cristina
NOVEMBRO /2020

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DIREITOS HUMANOS
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VÍVIAN CRISTINA MARIA SANTOS

Graduada em Direito pela


Universidade Estadual de Montes
Claros. Advogada. Mestre em
Direito pela Universidade de
Coimbra, Portugal. Autora de
artigos publicados em revistas
jurídicas e periódicos. Coautora
da obra “Nova Lei de Adoção
Comentada”. Professora em
cursos de graduação e pós-graduação. Professora de Direito
Constitucional e Direitos Humanos em preparatório para
concursos.

Contato: vicristinasantos@gmail.com

Instagram: @humanizandodireitos

Telegram: https://t.me/humanizandodireitos

WhatsApp: http://bit.ly/contatohd

ATENÇÃO! NÃO COMPARTILHE MATERIAL.


VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS É CRIME. NÃO
COLOQUE SUA NOMEAÇÃO EM RISCO!

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 01 – NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS ................... 8

CAPÍTULO 02 – AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS ........... 28

CAPÍTULO 03 – A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS TRATADOS


INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...................... 64

CAPÍTULO 04 – O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS


HUMANOS (Precedentes históricos e sistema global de proteção – ONU:
Declaração Universal dos Direitos Humanos) ...................................................... 87

CAPÍTULO 05 – O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS


HUMANOS - Pactos Internacionais da ONU ...................................................... 124

CAPÍTULO 06 – O CRIME DE GENOCÍDIO E O TRIBUNAL PENAL


INTERNACIONAL .............................................................................................. 171

CAPÍTULO 07 – SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DE DIREITOS


HUMANOS (Europeu, americano e africano) ..................................................... 198

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Olá, pessoal! Tudo bem? Sou a professora Vívian


Cristina. Trabalho com as disciplinas de Direitos Humanos e Direito
Constitucional e há, 15 anos, venho ajudando os alunos a serem
aprovados na OAB e em concursos públicos.

O objetivo desse material é contribuir para a preparação de vocês


para a prova da Polícia Civil de Minas Gerais. A matéria de Direitos
Humanos não pode ser negligenciada. O seu estudo trará um enorme
diferencial na prova.

A matéria Direitos Humanos é cobrada da mesma forma (e mesmo


grau de exigência, inclusive) para todos os cargos da PCMG. Essa é
uma característica da banca. Assim, a apostila vale para quem está se
preparando para Delegado, Escrivão, Perito, Médico Legisla,
Investigador etc.

Elaborei o texto de forma clara e objetiva, mas também completa e


detalhada, de modo a trazer todos os tópicos previstos no edital.
Organizei os temas conforme uma ordem didática, para possibilitar
melhor compreensão da matéria. Por isso, a ordem do material pode
não coincidir com a do edital. Indiquei, junto ao título de cada
capítulo, qual tópico do edital está sendo trabalhado, para facilitar
no controle de estudos de vocês. Também inseri alguns “insights” sobre
a FUMARC, em destaque amarelo, ao longo do texto.
Ao final de cada capítulo, selecionei questões da banca, que
tenham perfil parecido ou que tenham cobrado o tema com maior grau
de dificuldade, para fins de treinamento, revisão e memorização da
matéria.

Além das questões da apostila, quem quiser fazer outras, aconselho


que façam (dentro dos temas do edital) para treinarem. Busquem
questões de provas anteriores e bancas com perfis parecidos.
Muito cuidado com materiais gerais (supostamente, valem para
qualquer prova) elaborados sem considerar a banca; comentários
equivocados em sites de questões; questões mal elaboradas em
simulados de cursinhos (inclusive famosos); informações
desatualizadas e, em especial, pseudoprofessores que não têm o

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conhecimento necessário da matéria e a repassam de forma incorreta.


Saiba utilizar seu tempo! Ele é tão ou mais valioso que o seu dinheiro.

Elaborei o material com muito cuidado e carinho. Sinceramente,


espero que goste e seja muito útil aos seus estudos. Qualquer dúvida
estou à disposição. Entre em contato, acompanhe as redes sociais, me
envie suas dúvidas e feedback. É de extrema importância para que eu
saiba se estou no caminho certo e como posso aperfeiçoar o material.
Criei um canal no Telegram, especialmente para esse concurso. Já
fizemos a leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos e
comecei a postar dicas sobre a matéria. Acho que o estudo por áudios
é um ótimo instrumento e traz praticidade, já que, podemos ouvir em
qualquer lugar, aproveitando o tempo no trânsito ou em afazeres
domésticos. Participem do canal. É só clicar no link abaixo:

Canal do Telegram: https://t.me/direitoshumanospcmg

Ótimos estudos! Confie no processo e em você. Conte comigo!


“Não espere incentivo dos outros. O primeiro a acreditar no seu
sonho, tem que ser você.”

Com carinho,

Professora Vívian Cristina

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CRONOGRAMA

Com as alterações trazidas pelo edital, precisarei fazer algumas


atualizações e escrever matéria nova. Por isso, a apostila será
disponibilizada em três etapas.
Primeira etapa: já disponível – Teoria Geral, Afirmação Histórica
dos Direitos Humanos, Incorporação de Tratados, Estrutura Normativa
(Sistema global e Tribunal Penal Internacional e Sistemas Regionais).

Segunda etapa: até 31 de Outubro - Direitos Humanos das


Minorias e Grupos Vulneráveis; Política Nacional de Direitos Humanos;
Educação e cultura em Direitos Humanos. Tópicos de Direito
Constitucional.
Terceira etapa: até 12 de Novembro - Agenda 2030 e os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS); Segurança Pública e Direitos
Humanos.

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SITES INTERESSANTES

Seguem alguns sites úteis se quiserem realizar alguma pesquisa.

✓ Página da ONU com todos os seus tratados relativos aos direitos


humanos (em inglês ou francês, mas você pode traduzir o site, no
Google). É o local seguro para verificar as informações sobre um
tratado do ONU, como por exemplo, saber se o Brasil ratificou e
quando; quantos países e quais são os que ratificaram o tratado etc.
https://treaties.un.org/Pages/Treaties.aspx?id=4&subid=A&lang=en

✓ Site da ONU no Brasil (é interessante mas, bastante limitado, já que,


o português não é idioma oficial da ONU. Muitas informações não
estão disponíveis neste local)
https://brasil.un.org/pt-br
✓ Biblioteca de Direitos Humanos da USP
http://www.direitoshumanos.usp.br/

✓ Para verificar o texto de tratados já ratificados pelo Brasil, verifique o


decreto presidencial no site do planalto

https://www.gov.br/planalto/pt-br
✓ Site da Organização dos Estados Americanos (não encontramos o
conteúdo integral de todos os tratados e nem todas as decisões da
Corte em português)
http://www.oas.org/pt/

✓ Site da Comissão Interamericana de Direitos Humanos


http://www.oas.org/pt/cidh/
✓ Site da Corte Interamericana de Direitos Humanos (em espanhol ou
inglês. Apenas os casos e decisões que envolvem o Brasil são
encontrados em português)

https://www.corteidh.or.cr/

✓ Ferramenta de busca da jurisprudência da Corte Interamericana (em


espanhol ou inglês)

https://www.corteidh.or.cr/cf/themis/digesto/index.cfm

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CAPÍTULO 01 – NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS


HUMANOS

Tópicos do edital: Teoria Geral dos Direitos Humanos. Hermenêutica jurídica


dos Direitos Humanos (apenas do edital de Delegado)

1. O que são direitos humanos?

O primeiro passo para começarmos bem o nosso estudo, é compreender o seu


objeto. Portanto, importante termos em mente o conceito de direitos humanos.
Trarei o conceito de alguns autores, mas, é importante que você também elabore o
seu, certo?

Tecnicamente, a expressão direitos humanos significa que existem direitos


protegidos por normas internacionais (declarações ou tratados celebrados entre
Estados) com o objetivo específico de proteger os direitos das pessoas sob sua
jurisdição (ou seja, que estejam no território de determinado Estado).

Na estrutura normativa internacional, temos dois grandes sistemas de proteção:


sistema global (universal, onusiano) e sistemas regionais. Portanto, essas normas
internacionais podem ser provenientes tanto do sistema global (ONU) quanto dos
sistemas regionais de proteção (europeu, americano e africano).

Segundo André de Carvalho Ramos, os direitos humanos “consistem em um


conjunto de direitos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas
variam, e de acordo com o contexto histórico de uma época, novas demandas
sociais são traduzidas juridicamente e inseridas na lista dos direitos
humanos.”

Os direitos humanos, conforme Valério Mazzuoli, são os “direitos protegidos pela


ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, globais ou
regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às
pessoas sujeitos à sua jurisdição.”

E para você? O que são direitos humanos? O que você entende como direitos
humanos? Coloque aqui seu próprio conceito.

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Existe diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais?

Essa é uma outra questão importante. Muitos confundem direitos humanos e


fundamentais, tratando as expressões como sinônimas. Entretanto, não deve ser
assim.

Apesar de alguns autores entenderem que não há distinção entre as expressões


direitos humanos e direitos fundamentais, a doutrina majoritária faz a diferenciação
entre elas. Em provas objetivas, como a da PCMG, para a qual estão se
preparando, vocês devem marcar que existe sim diferença. Vejamos os
conceitos.

Muitas vezes, a expressão direitos humanos ser utilizada para se referir às


normas de proteção da ordem jurídica interna. Entretanto, tecnicamente, essa
referência não é correta. Os direitos protegidos no âmbito interno são os direitos
fundamentais. Devemos usar o termo direitos humanos para nos referirmos a
proteção internacional de tais direitos, que ampliou a proteção prevista na ordem
interna.

Ordem interna
Direitos fundamentais
(estatal)
Direitos das pessoas
Ordem internacional
(sociedade Direitos humanos
internacional)

Portanto, direitos humanos são direitos protegidos por normas de direito


internacional, enquanto direitos fundamentais são os direitos previstos na
Constituição e na legislação interna de cada país.

Como os direitos humanos são direitos indispensáveis a uma vida digna,


estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem
respeitar, sob pena de responsabilidade internacional. Assim, na expressão de
Mazzuoli: “os direitos humanos são direitos que garantem às pessoas sujeitas
à jurisdição de um dado Estado meios de vindicação de seus direitos, para
além do plano interno, nas instâncias internacionais de proteção.”

Importante ressaltar que, não importa a nacionalidade da vítima, basta que


ela tenha um direito violado pelo Estado sob cuja jurisdição se encontra para fazer
incidir essas normas de proteção internacional (por exemplo, um canadense pode
ter seus direitos violados pelo Brasil, estando em nosso território, e acionar o Brasil
em instâncias internacionais por essa violação). Percebam que o Brasil não é

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obrigado a garantir os direitos previstos em tratados apenas para brasileiros,


mas, a todos que estejam no território sob sua jurisdição.

Conforme dito anteriormente, pensando em estrutura normativa, nosso sistema


internacional de proteção de direitos humanos é dividido em sistema global,
universal ou onusiano, criado a partir da Organização das Nações Unidas (ONU)
e sistemas regionais de proteção: europeu, (inter) americano e africano).

O sistema global é competente para violações ocorridas em qualquer Estado


que dele participe.

Quanto aos sistemas regionais, para definirmos a competência, devemos


verificar o local (locus geográfico) da violação, independentemente da
nacionalidade da vítima. Por exemplo, se os direitos de um francês forem violados
no Brasil, a competência será do sistema regional americano. Por outro lado, se um
brasileiro tiver seus direitos violados na França, a competência será do sistema
regional europeu.

2. Terminologias, amplitude, fundamento e conteúdo

Além da expressão direitos humanos, outras podem aparecer em questões, por


isso, é importante saber o seu significado. Vejamos as mais comuns.

Segundo André de Carvalho Ramos e Valério Mazzuoli, temos as seguintes


expressões:

Direito natural: é uma expressão que denota o reconhecimento de direitos


inerentes à natureza humana. Conforme André de Carvalho Ramos, é um
conceito ultrapassado diante da constatação da historicidade dos direitos
humanos.

Direitos do homem: também é uma expressão de cunho jusnaturalista


referente aos direitos naturais (não escritos, não positivados) aptos à
proteção global do homem e válidos a qualquer tempo. É difícil encontrarmos
exemplos na atualidade, visto que, os direitos estão escritos em algum
documento. Para o STF, o direito à fuga e o direito à autodefesa são
exemplos de direitos naturais. Existe ainda uma crítica em relação a essa
expressão, ligada à determinação de gênero que faz em relação ao “homem”,
sugerindo uma eventual discriminação quanto aos direitos da “mulher”,
reforçando o seu desuso na atualidade.

Direitos individuais: é uma terminologia considerada excludente porque


apenas considera os direitos de primeira geração ou dimensão, deixando de
fora os demais direitos.

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Liberdades públicas: também é uma expressão criticada por tratar apenas


dos direitos civis e políticos (primeira geração), não abrangendo os direitos
sociais, econômicos e culturais e nem os direitos difusos. É uma terminologia
mais utilizada pela doutrina francesa.

Direitos públicos subjetivos: é o conjunto de direitos que limita a ação


estatal em benefício do indivíduo. O termo foi utilizado pela Escola Alemã de
Direito Público do século XIX, sugerindo direitos contra o Estado (portanto,
também deixaria de fora as outras dimensões de direitos).

Direitos fundamentais: é um termo que se refere aos direitos garantidos nas


Constituições dos Estados, limitados no tempo e no espaço. Por exemplo,
nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988, que apenas são
válidos no território brasileiro, a partir desta Constituição.

Direitos humanos: como já vimos, são os direitos protegidos em normas


internacionais, especialmente em tratados internacionais. Nas palavras de
Mazzuoli: “Trata-se, em suma, daqueles direitos que já ultrapassaram as
fronteiras estatais de proteção e ascenderam ao plano da proteção
internacional.”

Obs.: Muitos autores criticam a distinção entre direitos humanos e fundamentais,


por vários motivos. Mas, em provas objetivas, devemos considerar como
expressões distintas, conforme os conceitos estudados, ok?

Em termos de amplitude, qual tem maior amplitude, maior abrangência?


Direitos humanos ou direitos fundamentais?

Se pensarmos em termos de amplitude territorial, podemos constatar que os


direitos humanos são mais amplos que os direitos fundamentais, já que,
podem ser reivindicados por qualquer pessoal em qualquer condição, desde que
esteja no território de um país que reconheça normas internacionais de proteção.

Já os direitos fundamentais são mais restritos, pois, só valem no território do


país onde estejam previstos (e nem todos valem para todas as pessoas). Ex.: os
estrangeiros não podem votar, no Brasil.

As expressões direitos humanos e direitos fundamentais são utilizadas de forma


tecnicamente correta na Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Basta observar, por exemplo, que o Título II da Constituição se refere aos
direitos fundamentais, enquanto o parágrafo 3.º do artigo 5.º se refere aos tratados
e convenções internacionais sobre direitos humanos. Ou seja, se quisermos
indicar o conjunto de direitos na ordem interna, usamos o termo direitos
fundamentais. Se pretendemos nos referir a esses direitos no âmbito
internacional, devemos usar a expressão direitos humanos.

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E qual é o grande fundamento dos direitos humanos?

Acerca do fundamento de tais direitos, esclarece André de Carvalho Ramos:


“Os direitos humanos representam valores essenciais, que são explicitamente ou
implicitamente retratados nas Constituições ou nos tratados internacionais. A
fundamentalidade dos direitos humanos pode ser formal, por meio da inscrição
desses direitos no rol de direitos protegidos nas Constituições e tratados, ou pode
ser material, sendo considerado parte integrante dos direitos humanos aquele que
– mesmo não expresso – é indispensável para a promoção da dignidade humana.”

Os direitos humanos retiram o seu fundamento da dignidade humana.


Podemos entender a dignidade como a qualidade intrínseca que se atribui a
cada pessoa pelo simples fato de existir. Conforme previsto no artigo 1.º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem
agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.”

Assim, a dignidade humana é o grande fundamento dos direitos humanos.

ATENÇÃO! Fundamento é um só. A questão fica incorreta se trouxer mais de


um fundamento, como por exemplo, igualdade, liberdade, justiça, ao lado da
dignidade.

Só para fixar, responda aqui, por favor: Qual o grande fundamento dos direitos
humanos?

_________________________________________________________________

Quanto ao conteúdo dos direitos humanos, o que merece ser destacado?

A característica marcante do conteúdo dos direitos humanos é a


indivisibilidade. Significa que os direitos civis e políticos não sobrevivem sem os
direitos sociais, econômicos e culturais e direitos difusos, e vice-versa.

Na lição de Mazzuoli: “Tomando-se como exemplo o clássico direito à vida


(direito de conteúdo liberal), pode-se facilmente constatar que esse direito não se
limita à vida física, abrangendo também todos os desdobramentos decorrentes das
condições que essa mesma vida deve ter para que seja realizada em sua plenitude,
condições tais que decorrem dos direitos econômicos, sociais e culturais (direitos
da igualdade).” Assim, os direitos humanos se complementam e não se dividem em
gerações ou dimensões, por serem indivisíveis.

ATENÇÃO! É importante ressaltar que os direitos humanos e fundamentais


devem ser respeitados não só nas relações entre Estado e particulares (eficácia
vertical), mas também nas relações entre particulares, entre indivíduos (eficácia
horizontal). Essa pergunta costuma ser feita em provas.

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3. Fundamentação filosófica

Obs.: Esse tópico é tratado por André de Carvalho Ramos, um dos autores
acrescentado pela banca para a prova da PCMG. Atenção! Sugiro que considere
que todos os autores mencionados para o cargo de Delegado também no estudo
para os outros cargos. Eles mantiveram matérias na ementa que só encontramos
nesses autores. Então, me pareceu um erro não mencionar todos eles para os
outros cargos, já que as matérias continuam lá na ementa.

André de Carvalho Ramos apresenta uma breve síntese das tentativas de


fundamentação dos direitos humanos.

A fundamentação pode ser entendida como as razões que legitimam o


reconhecimento dos direitos humanos. Podemos classificar as teorias acerca da
fundamentação filosófica em três principais correntes: negacionistas,
jusnaturalistas e positivistas. Vejamos.

Explica o autor que, para alguns, como Norberto Bobbio, a fundamentação


desses direitos é impossível ou perigosa. Isso porque, para Bobbio, se existe
divergência até na definição dos direitos humanos, como fundamentar o que não
podemos determinar? Ademais, como esses direitos formam uma classe variável,
cada contexto histórico tem sua própria fundamentação, sendo impossível
estabelecer um fundamento único.

Por fim, afirma Bobbio que, como os direitos humanos exigem, muitas vezes,
ponderação para resolver conflitos em casos concretos, buscar uma única
fundamentação poderia servir de pretexto para impedir a evolução do rol dos
direitos humanos.

Os que negam a existência de fundamentação racional dos direitos humanos,


alegando que tais direitos são consagrados a partir de juízos de valor, de opções
morais, que não podem ser comprovadas ou justificadas, mas aceitas por
convicção pessoal. Essa é a corrente negacionista, que defende a ideia de que
os direitos humanos são apreendidos pelos sentimentos morais.

Entretanto, como ressalta o autor, a fundamentação dos direitos humanos, ainda


hoje, é muito importante na relação direitos humanos – direito posto. Assim, se os
direitos humanos não são expressamente previstos pelo Estado, ou, se previstos,
não são efetivados, como protegê-los?

A resposta estaria no referencial ético que justifica o fato de os direitos humanos


terem uma “posição superior no ordenamento jurídico, capaz inclusive de se
sobrepor a eventual ausência de reconhecimento explícito por parte do Estado.”
Daí a importância do estudo da sua fundamentação. Vejamos as demais correntes.

A corrente jusnaturalista sustenta que há normas anteriores e superiores ao


direito estatal posto. Um dos grandes representantes do direito natural de
inspiração divina é São Tomás de Aquino. Para esse teólogo, a lex humana deve
obedecer à lex naturalis, que era fruto da razão divina, mas perceptível ao homem.

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Hugo Grotius, um dos fundadores do Direito Internacional, inaugurou a teoria


do direito natural moderno e sustentava, no século XVI, a existência de um conjunto
de normas ideais, fruto da razão humana. Assim, as leis humanas só seriam válidas
quando compatíveis com os mandamentos daquela lei imutável e eterna.

Essa corrente tem um cunho teológico e metafísico, já que, se baseia na


existência de um direito preexistente ao direito produzido pelo homem, oriundo de
Deus (razão divina) ou da natureza imanente do ser humano (direito natural
moderno). “Os direitos humanos seriam, então, equivalentes contemporâneos
dos direitos naturais.”

Também os iluministas, principalmente Locke e Rousseau, retomam o


racionalismo e o individualismo, trazendo a razão como fonte de direitos inerentes
ao ser humano. Sob a perspectiva de direito natural, os direitos humanos são
atemporais, inerentes ao ser humano.

A crítica feita ao jusnaturalismo é a falta de comprovação de direitos inerentes


à natureza do homem. O conteúdo dos direitos humanos varia de acordo com
o contexto histórico, são direitos conquistados ao longo do tempo.

Com a estruturação do Estado constitucional, a partir do século XVIII, tivemos a


positivação dos direitos humanos, nas Constituições e nas leis. Surge assim o
positivismo.

A corrente positivista, que se desenvolveu ao longo dos séculos XIX e XX,


trouxe a ideia de um ordenamento jurídico produzido pelo homem, através do
conceito da pirâmide da hierarquia das leis. No topo da pirâmide, está a
Constituição, pressuposto de validade de todas as demais normas do ordenamento.
Os direitos humanos foram inseridos na Constituição, adquirindo status normativo
superior.

De acordo com a Escola positivista, o fundamento dos direitos humanos está


na existência de leis positivas, que retiram seu fundamento de validade da
Constituição. Os direitos humanos se justificam a partir da sua validade formal.

A corrente positivista sofre muitas críticas, pois, sabemos que as leis, muitas
vezes, não protegem nem reconhecem os direitos humanos. E é justamente neste
contexto que a proteção dos direitos humanos se faz mais necessária. Como
relembra André de Carvalho Ramos, “o exemplo nazista mostra a insuficiência
da fundamentação do direito posto dos direitos humanos”.

Nota-se o conflito entre jusnaturalistas e positivistas. Os jusnaturalistas


defendem a superioridade dos princípios de moral e justiça em face de leis
incompatíveis. Para os positivistas, esses princípios de justiça não pertencem ao
ordenamento jurídico, por isso, inexiste conflito entre a lei posta e a Moral. Os
positivistas reduzem o direito ao que está escrito, positivado.

Importante ainda mencionar a fundamentação moral. O conceito de direitos


morais, aprofundado por Ronald Dworkin, “consiste no conjunto de direitos
subjetivos originados diretamente de valores (contidos em princípios),
independentemente da existência de prévias regras postas.” Para esse autor,

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a moralidade integra o ordenamento jurídico através dos princípios, ainda que não
positivados. Os princípios são, para Dworkin, exigências de justiça, de equidade ou
de qualquer outra dimensão da moral.

No julgamento dos casos difíceis, ou hard cases, nos quais a aplicação das
regras é insuficiente, a solução pode ser encontrada através de princípios,
realizando-se uma ponderação de valores. Existe uma fundamentação ética dos
direitos humanos. Na conclusão de André de Carvalho Ramos, “a fundamentação
dos direitos humanos como direitos morais busca a conciliação entre os
direitos humanos entendidos como exigências éticas ou valores e os direitos
humanos entendidos como direitos positivados.”

4. Características dos direitos humanos (muito cobrado em provas!)

Conforme Valério Mazzuoli, considerando a sua titularidade, natureza e


princípios, é possível apresentar as seguintes características dos direitos humanos:

Historicidade: Os nossos direitos não surgiram todos de uma vez, de uma hora
para outra. São direitos construídos com o decorrer do tempo. Se desenvolveram
no plano internacional, especialmente, após a Segunda Guerra Mundial, com a
criação da ONU (não obstante a OIT (Organização Internacional do Trabalho) já
existir desde 1919).

Universalidade: Todas as pessoas são titulares de direitos humanos. Não é


necessário cumprir nenhum requisito. Basta ser pessoa, visto que, todos têm
dignidade, para reivindicar direitos no plano interno e internacional,
independentemente de sexo, raça, credo religioso, opinião política, status social,
econômico, cultural etc.

Essencialidade: Têm por conteúdo valores supremos do ser humano, sendo


essenciais por protegerem a dignidade humana (conteúdo material) e por ocuparem
posição especial no ordenamento (conteúdo formal).

Irrenunciabilidade: A autorização do titular não justifica ou convalida a violação


desses direitos.

Inalienabilidade: Não podem ser transferidos, cedidos, ainda que com o


consentimento do titular. São indisponíveis e inegociáveis.

Inexaurabilidade: Formam um rol não taxativo, aberto, que pode ser


expandido, ampliado. É o que está previsto no artigo 5.º, parágrafo 2.º da CRFB/88,
segundo o qual, os direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais dos quais a República Federativo do Brasil seja parte.
Essa característica permite que direitos já existentes sejam complementados e
novos direitos sejam acrescentados aos já previstos na Constituição.

Imprescritibilidade: Não se esgotam com o passar do tempo, não perdem a


validade em função do tempo.

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Vedação do retrocesso: Devem ser mantidos ou melhorados. Os Estados estão


proibidos de proteger menos do que já protegiam. Como ensina Mazzuoli: “Assim,
se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior mais benéfica, essa
norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do
retrocesso (igualmente conhecido como princípio da “proibição do retrocesso”, do
“não retorno” ou “efeito cliquet”). Os tratados internacionais de direitos humanos,
da mesma forma que as leis internas, também não podem impor restrições que
diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto no plano
interno quanto na própria órbita internacional.”

Modernamente, é possível elencar outras características dos direitos humanos


decorrentes de declarações e resoluções internacionais, adotados em conferências
com um grande número de Estados participantes. São conhecidas como
características contemporâneas dos direitos humanos e significam que tais
direitos fazem parte de um todo indivisível, interdependente e
interrelacionado:

Indivisibilidade
Interdependência
Interrelacionariedade

Na visão de André de Carvalho Ramos, são marcas distintivas dos direitos


humanos:

Universalidade – são direitos de todos


Essencialidade – são valores indispensáveis que devem ser protegidos por
todos
Superioridade normativa ou preferenciabilidade – são superiores em
relação às demais normas
Reciprocidade – são direitos de todos e não sujeitam apenas o Estado e os
agentes públicos, mas toda a coletividade

5. Gramática dos direitos humanos e interpretação conforme os direitos


humanos (Hermenêutica Jurídica dos direitos humanos)

Como ensina Mazzuoli, “Gramática é a ciência que estuda os elementos de uma


determinada língua e orienta o uso de seu padrão culto. Conota, assim, a arte de
falar e escrever uma língua de maneira escorreita. Graças a ela a língua mantém
sua unidade e estrutura dentro de regras formais.”

A gramática dos direitos humanos estuda os elementos que compõem o núcleo


normativo dos direitos humanos e suas combinações recíprocas, orientando a sua
correta aplicação. É o estudo das normas internacionais de proteção dos
direitos humanos com o objetivo de guiar o aplicador do direito à solução
adequada, em especial no plano interno.

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Compreende o estudo do sistema global (da ONU) e dos sistemas regionais


(europeu, americano e africano) de proteção dos direitos humanos, bem como os
mecanismos específicos de proteção, previstos ou não tem tratados internacionais.

A compreensão dessa gramática possibilita às vítimas de violação a


reivindicação dos seus direitos, tantos nos tribunais internos quanto nas instâncias
internacionais, consagrando uma “cultura de direitos humanos”.

Considerando a importância dos de direitos humanos, torna-se necessária uma


adequada interpretação das normas relativas à sua proteção. Por isso, todas as
normas em vigor em um Estado, sejam internas ou internacionais, devem ser
interpretadas em conformidade com os direitos humanos, sem qualquer
exceção.

Deve ser sempre aplicada a norma mais benéfica, mais favorável ao ser
humano. É o princípio pro homine ou pro persona, por meio do qual o intérprete,
no caso concreto, deve buscar a norma mais protetiva à pessoa.

A interpretação conforme os direitos humanos deve seguir o entendimento


da jurisprudência dos tribunais internacionais, sempre que mais benéfica (no nosso
caso, a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que é o
tribunal ao qual estamos sujeitos). As decisões da Corte Interamericana valem para
as partes como res judicata (são obrigatórias, como ocorre quando o Brasil é
condenado em algum caso, por exemplo) e valem para terceiros como res
interpretata (a título de interpretação, no caso de condenação de outro país ou na
emissão de uma opinião consultiva pela Corte).

Essa interpretação mais favorável deve ser observada em todos os tipos de


normas: tanto por normas que não sejam de direitos humanos (normas relativas ao
comércio, por exemplo) quanto pelos próprios tratados internacionais de direitos
humanos.

6. Classificação dos direitos humanos

6.1 Gerações de direitos humanos

A classificação mais famosa dos direitos humanos, é, sem dúvida, a classificação


em gerações, dimensões ou famílias. De acordo com Norberto Bobbio, em sua
obra, “A Era dos Direitos”, os direitos humanos são resultado de um processo
histórico, de luta, não surgiram de uma hora para outra, e todos de uma só vez.
Assim, falamos em gerações ou dimensões de direitos. O termo dimensão tem
sido mais utilizado na atualidade, sendo considerado mais adequado, por não
reforçar a falsa ideia de que uma geração substituiria a outra.

O primeiro a falar em gerações foi Karel Vasak, jurista de origem tcheca,


naturalizado francês, em 1979, que em uma conferência proferida no Instituto
Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo (França), comparou as
gerações à bandeira francesa e ao lema da revolução. O azul seria a liberdade, o
branco a igualdade e o vermelho, a fraternidade, ou solidariedade. No Brasil, o

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constitucionalista Paulo Bonavides é uma das grandes referências no estudo das


gerações dos direitos fundamentais.

Assim, a primeira geração ou dimensão, são os direitos de liberdade, os


direitos individuais, civis e políticos, que têm como marco as revoluções liberais
do século XVIII na Europa e Estados Unidos. Surgem no contexto do chamado
Estado Liberal (ou Estado de Direito).Também conhecidos como direitos de
defesa. Temos como exemplos: vida, liberdade, igualdade em sentido formal,
segurança pessoal e dos bens, propriedade.

Em regra, são as prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a


esfera de autonomia do indivíduo. No entanto, como ressalta André de Carvalho
Ramos (ACR): “O papel do Estado na defesa dos direitos de primeira geração é
tanto o tradicional papel passivo (abstenção em violar os direitos humanos, ou seja,
as prestações negativas) quanto ativo, pois há de se exigir ações do Estado para
garantia da segurança pública, administração da justiça, entre outras.”

A segunda geração ou dimensão, os direitos de igualdade (em sentido


material), são os direitos sociais, econômicos e culturais. Na visão de ACR,
“representa a modificação do papel do Estado, exigindo-lhe um vigoroso papel
ativo, além do mero fiscal das regras jurídicas. Esse papel ativo, embora
indispensável para proteger os direitos de primeira geração, era visto anteriormente
com desconfiança, por ser considerado uma ameaça aos direitos dos indivíduos.”

Contudo, sob a influência das doutrinas socialistas, percebeu-se que a efetiva


concretização dos direitos exige um papel ativo do Estado, que assegure uma
condição material mínima de sobrevivência. Têm caráter coletivo e se
concretizam, em sua maioria, a partir da atuação positiva do Estado.

São frutos das lutas sociais na Europa e Américas, no contexto do Estado


Social, de Bem-Estar Social ou “Welfare State”, possuindo como marcos a
Constituição mexicana de 1917 (que trouxe o direito ao trabalho e à previdência
social), a Constituição de Weimar de 1919 (que estabeleceu os deveres do
Estado na proteção dos direitos sociais), e no Direito Internacional, o Tratado de
Versalhes, de 1919, que criou a Organização Internacional do Trabalho,
reconhecendo direitos dos trabalhadores.

Podemos mencionar como direitos sociais: saúde, educação, trabalho, cultura,


lazer etc. (Obs.: no Brasil, a Constituição de 1934 é o grande marco da proteção
desses direitos).

A terceira geração ou dimensão são os direitos de fraternidade, ou


solidariedade, de titularidade coletiva, chamados direitos difusos, coletivos em
sentido amplo, transindividuais ou metaindividuais. São típicos do pós Segunda
Guerra Mundial, no âmbito do paradigma do Estado Democrático de Direito.

São direitos de toda a humanidade, oriundos da constatação da vinculação do


homem ao planeta Terra, com seus recursos finitos, divisão desigual de riquezas e
ameaças à sobrevivência humana. Citem-se como exemplos: meio-ambiente,
patrimônio histórico, direitos da criança e do adolescente, direito dos idosos, direito
à paz (para Karel Vasak).

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No mesmo sentido, o entendimento do STF:

“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que


compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio
da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais
e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas
– acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas
as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um
momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores
fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.” (MS
22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-1995, Plenário, DJ de 17-
11-1995.)

Alguns autores já falam em uma quarta geração (para alguns autores até quinta,
sexta), que seriam os novos direitos, como informática, biotecnologia, medicina
genética, desenvolvimento, democracia etc., mas, tal assunto não está bem
definido na doutrina. (Em provas objetivas, é mais comum cobrarem até a
terceira geração, já que, daí em diante não existe consenso entre os autores
na classificação).

Para Paulo Bonavides (autor citado por Valério Mazzuoli), os direitos de


quarta geração derivam da globalização dos direitos humanos, correspondendo
aos direitos de participação democrática (democracia direta), direito ao
pluralismo, bioética e limites à manipulação genética, fundados na defesa da
dignidade humana contra intervenções abusivas do Estado ou de particulares.
Bonavides defende uma quinta geração (direito da esperança), composta pelo
direito à paz em toda a humanidade (Notem que o direito à paz foi classificado
por Karel Vasak como um direito de terceira geração).

Obs.: Como a banca menciona dois autores que tratam do tema, não temos como
saber qual classificação seria adotada. Vocês devem analisar como virá na
questão, ok?

A grande novidade seria uma sexta geração, relativa ao direito à água. Para os
defensores da nova geração, “o direito fundamental à água potável, como direito
de sexta dimensão, significa um acréscimo ao acervo de direitos fundamentais,
nascidos, a cada passo, no longo caminhar da Humanidade. Esse direito
fundamental, necessário à existência humana e a outras formas de vida, necessita
de tratamento prioritário das instituições sociais e estatais, bem como por parte
de cada pessoa humana.” Outra parcela da doutrina afirma que essa geração é
composta pelo direito à busca pela felicidade.

Fala-se ainda em uma sétima geração de direitos. Para os defensores dessa


corrente, “a probidade administrativa constitui-se em direito fundamental da
pessoa humana e da sociedade, que integra o direito fundamental à boa
administração pública e decorre dos direitos implícitos, do regime democrático e
dos princípios adotados pela Constituição Federal, revestindo-se da mesma força
jurídica dos direitos fundamentais do catálogo expresso da Constituição, possuindo

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um caráter vinculante à administração e de plena e imediata aplicação.” Assim,


teríamos o direito à probidade e à boa administração pública.

A teoria geracional é atualmente criticada. André de Carvalho Ramos aponta


quatro defeitos da teoria:

1) Transmite, de forma errônea, a ideia de substituição de uma geração pela outra.


As gerações não se substituem, e sim, se adicionam e interagem, em constante e
dinâmica relação. Um direito não sobrevive sem o outro.

2) A enumeração de gerações pode dar a ideia de antiguidade ou posterioridade


de um rol de direitos em relação a outros, e essa não é a realidade. No Direito
Internacional, por exemplo, os direitos sociais foram consagrados em tratados
internacionais (em 1919) antes mesmo da consagração dos direitos de primeira
geração (que são de textos do pós-Segunda Guerra, como a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, de 1948).

3) A teoria geracional apresenta os direitos de forma fragmentada, o que ofende


a característica da indivisibilidade dos direitos humanos. Embora a teoria seja
razoável para fins didáticos, serve como justificativa para reforçar a diferenciação
da forma de implementação de uma geração em face da outra (por exemplo,
considerar os direitos civis e políticos de aplicação imediata, e os direitos sociais,
econômicos e sociais de aplicação progressiva).

4) O uso dessas divisões também é criticado se levarmos em conta as novas


interpretações sobre o conteúdo dos direitos. Por exemplo: o direito à vida seria
pertencente a qual geração? Se considerarmos a doutrina tradicional, seria de
primeira geração. Entretanto, temos vários precedentes nacionais e internacionais
que exigem que o Estado realize prestações positivas para garantir o direito à vida,
como saúde, moradia, educação etc., que são direitos de segunda geração. A
jurisprudência da Corte Interamericana exige um claro conteúdo social na
promoção do direito à vida, deixando clara essa nova interpretação.

Apesar das críticas, a teoria das gerações de direitos humanos ressalta uma
importante característica desses direitos: a sua inexaurabilidade, para atender
novas e recentes demandas sociais.

6.2 Teoria do status (tópico tratado por André de Carvalho Ramos)

Essa teoria costuma ser desenvolvida e estudada em Direito Constitucional. No


entanto, vamos, de forma resumida, mencioná-la também aqui no nosso estudo
dos Direitos Humanos.

Foi desenvolvida, no final do século XIX, por Georg Jellinek (1851-1911), no


contexto de repúdio ao jusnaturalismo e defesa da ideia de que os direitos
humanos devem ser previstos em normas jurídicas estatais para que possam ser
garantidos e concretizados. A teoria se relaciona à posição do direito do
indivíduo em face do Estado, com previsão de mecanismos de garantia a serem
invocados no ordenamento estatal.

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Assim, a classificação é pautada no caráter positivo dos direitos e na relação


vertical (desigual) entre indivíduos e Estado. Não abarca as relações entre
particulares (horizontais) e nem os direitos difusos. Para Jellinek, o indivíduo pode
ser encontrado em quatro situações diante do Estado:
a) estado de submissão (status subjectionis ou status passivo): o indivíduo se
encontra em posição de subordinação perante o Estado, que detém atribuições e
prerrogativas aptas a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou impor
limitações a suas ações. Para o autor, esses deveres do indivíduo são importantes
para contribuir com o atingimento do bem comum.

b) status negativo (status libertatis): é o conjunto de limitações à ação do Estado,


voltados ao respeito dos direitos individuais.
Na explicação de ACR: “O indivíduo exige respeito e contenção do Estado, a fim
de assegurar o pleno exercício de seus direitos na vida privada. Nasce um espaço
de liberdade individual ao qual o Estado deve respeito, abstendo-se de qualquer
interferência. Jellinek, com isso, retrata a chamada dimensão subjetiva, liberal ou
clássica dos direitos humanos, na qual os direitos têm o condão de proteger o seu
titular (o indivíduo) contra a intervenção do Estado. É a resistência do indivíduo
contra o Estado. Ao Estado cabe a chamada prestação ou obrigação negativa: deve
se abster de determinada conduta, como, por exemplo, não confiscar, não prender
sem o devido processo legal.”

c) status positivo (status civitatis): conjunto de pretensões do indivíduo para


invocar a atuação do Estado em prol dos seus direitos. Conforme ACR: “O indivíduo
tem o poder de provocar o Estado para que interfira e atenda seus pleitos. A
liberdade do indivíduo adquire agora uma faceta positiva, apta a exigir mais do que
a simples abstenção do Estado (que era característica do status negativo), levando
à proibição da omissão estatal.” Exige-se uma ação prestacional do Estado para
assegurar direitos referentes à igualdade material, como saúde, educação,
trabalho, moradia etc.

d) status ativo (status activus): é o conjunto de prerrogativas e faculdades que o


indivíduo possui para participar da formação da vontade do Estado, refletindo no
exercício de direitos políticos e no direito de aceder a cargos em órgãos públicos.

6. 3 Classificação conforme o Direito Internacional dos Direitos Humanos


(DIDH)

No Direito Internacional dos Direitos Humanos, principalmente em decorrência


do conflito ideológico no contexto da Guerra Fria entre os blocos capitalista e
socialista, não foi possível a elaboração de um tratado (texto com natureza
vinculante) que protegesse todas as espécies de direitos humanos. Por isso, os
direitos humanos foram classificados – e separados – em dois blocos: de um lado,
os direitos civis e políticos, e de outro, os direitos econômicos, sociais e
culturais. Essa classificação será facilmente percebida quando estudarmos os
tratados internacionais de proteção dos direitos humanos.

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Revisão

Trago aqui perguntas importantes, que você deve saber responder, para te guiar
na revisão do conteúdo. O ideal é que você consiga responder sem consultar o
texto, ainda que de forma resumida e objetiva, ok?

1. O que são direitos humanos?


2. Qual a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais?
3. Qual o fundamento dos direitos humanos?
4. Qual a característica marcante do conteúdo dos direitos humanos? O que ela
significa?
5. Explique as principais características dos direitos humanos.
6. Em que consiste a gramática dos direitos humanos?
7. Como devem ser interpretadas as normas de proteção dos direitos humanos?
8. Explique as gerações ou dimensões dos direitos humanos.
9. Explique a teoria do status, de Georg Jellinek.
10. Como são classificados os direitos humanos na classificação conforme o Direito
Internacional dos Direitos Humanos.

Revisões

1.ª 4.ª
2.ª 5.ª
3.ª 6.ª

Questões para treinar

1. (2019/IADES/PC-DF/Perito Criminal) São características dos Direitos humanos


a) universalidade, indivisibilidade, renunciabilidade, historicidade, aplicabilidade
imediata e caráter declaratório.
b) universalidade, proibição de retrocesso, disponibilidade individual, historicidade,
caráter meramente declaratório e imprescritibilidade.
c) universalidade, irrenunciabilidade, imprescritibilidade, indivisibilidade, proibição
de retrocesso, aplicabilidade imediata e caráter declaratório.
d) universalidade, interdependência, não complementariedade, alienabilidade,
renunciabilidade, imprescritibilidade e proibição de retrocesso.
e) universalidade, irrenunciabilidade, prescritibilidade, indivisibilidade, proibição de
retrocesso, aplicabilidade imediata e caráter declaratório.

2. (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Assinale a alternativa correta a


respeito das características dos direitos humanos.

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a) O Princípio da ilimitabilidade garante que o Estado e a sociedade não podem


limitar a fruição dos direitos humanos já conquistados, com o objetivo de disciplinar
situações excepcionais que venham a reduzir o alcance desses direitos.
b) O Princípio da divisibilidade propõe que os direitos humanos devem obedecer a
uma classificação retórica, que divide e categoriza os vários grupos de direitos
inerentes ao homem e à sociedade, para que sejam melhor usufruídos pelos seus
destinatários.
c) O Princípio da essencialidade reza que os direitos humanos devem ser vistos
como aquela categoria de direitos inerentes à sociedade em determinada época
histórica, podendo ser divididos em essenciais, que devem gozar de livre fruição, e
os não essenciais, que ainda demandam reivindicações a serem conquistadas ao
longo do tempo.
d) O Princípio da inalterabilidade estabelece que os direitos humanos não sofrem
alterações com o decurso do tempo, pois têm caráter eterno, não se ganham nem
se perdem com o tempo, são anteriores, concomitantes e posteriores aos
indivíduos.
e) O Princípio da interrelacionariedade dispõe que os direitos humanos e os
sistemas de proteção se inter-relacionam, permitindo às pessoas escolher entre os
mecanismos de proteção global ou regional, pois não há hierarquia entre eles.

3. (2018/VUNESP/PC-SP/Investigador de Polícia) Considerando a evolução


histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa que indica corretamente as
três gerações de direitos, na ordem histórica em que elas são classificadas pela
doutrina.
a) Direitos da coletividade; direitos de solidariedade ou de fraternidade; e direitos e
garantias individuais.
b) Direitos de liberdade positiva; direitos de liberdade negativa; e direitos de
solidariedade ou de fraternidade.
c) Direitos civis e sociais; direitos de liberdades e garantias individuais; e direitos
coletivos e transindividuais.
d) Direitos de liberdade negativa, civis e políticos; direitos econômicos, sociais e
culturais; e direitos de fraternidade ou de solidariedade.
e) Direitos trabalhistas; direitos sociais; e direitos da democracia.

4. (2017/IADES/PC-DF/Perito Criminal) Em relação aos Direitos Humanos, é


correto afirmar que
a) os aspectos históricos e culturais não influenciam na sua aplicação e
conceituação, uma vez que toda e qualquer ofensa aos Direitos Humanos é
recebida com igual repúdio e entendimento em qualquer povo, cultura e época.
b) os Direitos Humanos são simples leis, sempre internas a uma nação, que visam
a assegurar a soberania desse mesmo país e a manutenção de seu povo.
c) práticas que ofenderiam a dignidade da pessoa humana, em determinada época
e lugar, se aplicadas noutra localidade e em momento distinto, podem ser
consideradas completamente normais.
d) não possuem qualquer relação com a dignidade da pessoa humana; são
institutos paralelos que possuem objetivos distintos.
e) são princípios internacionais que determinam, de forma absoluta e taxativa, quais
práticas passam a ser consideradas agressões à dignidade da pessoa humana.

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5. (2017/IADES/PC-DF/Perito Criminal) A violação dos Direitos Humanos, por parte


de forças policiais, tem como consequência nefasta o (a)
a) aumento da obediência da população.
b) diminuição da confiança da população nessas forças.
c) aproximação entre polícia e comunidade.
d) liberação de inocentes e a punição de culpados.
e) atendimento qualitativo à vítima, cuja demanda é respondida com mais
eficiência.

6. (2017/FEPESE/PC-SC/Escrivão de Polícia Civil) É correto afirmar sobre direitos


humanos:
a) São direitos limitados a determinadas pessoas e grupos sociais.
b) Tratam-se de direitos divisíveis a parcela a sociedade, como forma de
autoproteção social.
c) A sua natureza indivisível, inalienável e irrenunciável permite, a qualquer tempo,
que o seu beneficiário o renuncie quando violado.
d) De alcance geral, devem ser aplicados de forma igual e sem discriminação.
e) Somente poderão ser invocados para tutelar direitos quando houver ameaça a
minorias étnicas.

7. (2016/FUNCAB/PC-PA/Delegado de Polícia Civil) Sobre o aspecto internacional


dos direitos humanos e seus tratados, está correto afirmar que:
a) as sanções aplicadas pela Organização das Nações Unidas podem violar os
direitos humanos em caso de rompimento da paz.
b) é um direito de proteção que visa proteger os estados.
c) não contém aspecto ideológico e político acentuado.
d) os direitos humanos pertencem a jurisdição doméstica e ao domínio reservado
dos estados.
e) o direito internacional dos direitos humanos não está sujeito ao princípio da
reciprocidade que domina o direito internacional público.

8. (2013/UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil) Com base na relação entre Direitos


Humanos e Estado, aplica-se o Princípio da Efetividade, segundo o qual:
a) o poder público deve atuar de modo a garantir a efetivação dos direitos e
garantias fundamentais, usando inclusive mecanismos coercitivos quando
necessário.
b) os entes políticos devem efetivar a possibilidade de transferência dos direitos
fundamentais de uma para outra pessoa, seja gratuitamente ou mediante
pagamento.
c) a União deve efetivar normativas para facultar às diversas unidades da federação
a livre adesão aos direitos fundamentais da pessoa humana.
d) o Estado deve buscar a efetivação das garantias individuais porque esses
direitos se satisfazem com o simples reconhecimento abstrato.

9. (2013/UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil) Os direitos fundamentais aplicam-


se a todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça,
credo ou convicção político-filosófica. Tal afirmação versa sobre a relação entre
Direitos Humanos e Estado, consolidando o Princípio da
a) Imprescritibilidade

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b) Proporcionalidade
c) Universalidade
d) Razoabilidade

10. (2013/UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil) Direitos Humanos são


considerados fundamentais porque asseguram
a) a existência da pessoa humana e sua capacidade de desenvolvimento.
b) o direito do cidadão ao usucapião, à escravidão e à servidão.
c) a participação obrigatória do indivíduo em associações.
d) a livre faculdade do contribuinte de cumprir a lei.

11. (2013/VUNESP/PC-SP/Escrivão de Polícia Civil) Considerando o que a doutrina


majoritária dispõe sobre o desenvolvimento e conquista dos direitos humanos,
pode-se afirmar que esse desenvolvimento histórico, classificado por gerações de
direitos, pode ser, cronologicamente, assim representado:
a) direitos individuais; direitos coletivos e direitos sociais.
b) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades negativas.
c) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos sociais.
d) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da fraternidade.
e) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difusos.

12. (2013/VUNESP/PC-SP/Investigador de Polícia Civil) Na evolução dos direitos


humanos, costumam-se classificar, geralmente, as gerações dos direitos em três
fases (Eras dos Direitos), conforme seu processo evolutivo histórico.
Assinale a alternativa que representa, correta e cronologicamente, essa
classificação.
a) Direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais.
b) Igualdade; liberdade; fraternidade.
c) Direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e civis.
d) Direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; direitos difusos.
e) Liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos povos.

13. (2008/CEFET/BA/PC/BA/Delegado de Polícia) “Cidadania, portanto, engloba


mais que direitos humanos, porque, além de incluir os direitos que a todos são
atribuídos (em virtude da sua condição humana), abrange, ainda, os direitos
políticos. Correto, por seguinte, falar-se numa dimensão política, numa dimensão
civil e numa dimensão social da cidadania”. (Prof. J. J. Calmon de Passos)
Ao alargar a compreensão da cidadania para as três dimensões suprarreferidas, o
prof. Calmon de Passos
a) inova, ao focar somente o caráter educacional da cidadania plena na Grécia.
b) contribui, doutrinariamente, para que a noção da cidadania ultrapasse a clássica
concepção que a restringia tão-somente ao exercício dos direitos políticos.
c) restringe o entendimento da cidadania ao exercício dos direitos de primeira
geração – especialmente quanto à igualdade.
d) promove reflexão crítica em torno dos interditos proibitivos à construção de uma
sociedade respeitosa para com as nuanças de sexo, gênero, raça e idade.
e) contradiz a noção fundamental de extensão da cidadania a todos sem distinção
– mulheres especialmente.

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14. (2008/PC-MG/Delegado de Polícia) Encontramos na doutrina dos Direitos


Humanos a afirmação de que, para compreender a evolução dos direitos individuais
no contexto da evolução constitucional, é preciso retomar alguns aspectos da
evolução dos tipos de Estado.
Analise as seguintes afirmativas e assinale a que NÃO corrobora o enunciado
acima.
a) A primeira fase do Estado Liberal caracteriza-se pela vitória da proposta
econômica liberal, aparecendo teoricamente os direitos individuais como grupo de
direitos que se fundamentam na propriedade privada, principalmente na
propriedade privada dos meios de produção.
b) As mudanças sociais ocorridas no início do século XX visavam armar os
indivíduos de meios de resistência contra o Estado. Desse modo, a proteção dos
direitos e liberdades fundamentais torna-se o núcleo essencial do sistema político
da democracia constitucional.
c) As constituições socialistas consagraram uma economia socialista, garantindo a
propriedade coletiva e estatal e abolindo a propriedade privada dos meios de
produção, dando uma clara ênfase aos direitos econômicos e sociais e uma
proposital limitação aos direitos individuais.
d) A implementação efetiva dos direitos sociais e econômicos em boa parte da
Europa Ocidental no pós-guerra, como saúde e educação públicas, trouxe consigo
o germe da nova fase democrática do Estado Social e da superação da visão liberal
dos grupos de direitos fundamentais.

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GABARITO

1. C 8. A
2. E 9. C
3. D 10. A
4. C 11. E
5. B 12. D
6. D 13. B
7. E 14. B

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