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Raphael Miziara
SUMÁRIO
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ......................................................................................................................... 4
PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................................. 4
Primazia da realidade .................................................................................................................................................... 4
DIREITO INTERTEMPORAL .......................................................................................................................................................... 4
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ....................................................................................................................................................... 6
Interrupção do prazo prescricional ................................................................................................................................ 6
Responsabilidade civil .................................................................................................................................................... 6
EMPREGADOS E TRABALHADORES EM GERAL ................................................................................................................................. 8
Advogados ..................................................................................................................................................................... 8
Atletas profissionais....................................................................................................................................................... 8
Bancários ....................................................................................................................................................................... 9
Bombeiro Civil .............................................................................................................................................................. 10
Diretor de S/A .............................................................................................................................................................. 10
Empregado com encargos familiares .......................................................................................................................... 10
Empregados públicos ................................................................................................................................................... 12
Engenheiros ................................................................................................................................................................. 15
Motorista ..................................................................................................................................................................... 15
Mulher ......................................................................................................................................................................... 16
Petroleiro ..................................................................................................................................................................... 16
Portuários .................................................................................................................................................................... 18
Professor ...................................................................................................................................................................... 18
Trabalhadores em plataformas digitais ...................................................................................................................... 19
CONTRATO DE TRABALHO ....................................................................................................................................................... 19
Trabalho proibido e trabalho ilícito ............................................................................................................................. 19
Alteração do contrato de trabalho .............................................................................................................................. 20
Suspensão e Interrupção do contrato de trabalho ...................................................................................................... 22
Unicidade contratual ................................................................................................................................................... 22
DURAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................................................................................ 23
Sobreaviso e Prontidão ................................................................................................................................................ 23
Tempo à disposição ..................................................................................................................................................... 23
INTERVALOS E PAUSAS ............................................................................................................................................................ 23
Recuperação térmica ................................................................................................................................................... 23
Intervalo intersemanal ................................................................................................................................................ 24
FÉRIAS ................................................................................................................................................................................. 24
Pagamento em dobro .................................................................................................................................................. 24
Abono pecuniário de férias .......................................................................................................................................... 25
SALÁRIO E REMUNERAÇÃO ...................................................................................................................................................... 25
Gratificação de função ................................................................................................................................................ 25
Adicional de periculosidade ......................................................................................................................................... 25
Adicional de insalubridade .......................................................................................................................................... 27
Adicional de transferência ........................................................................................................................................... 28
Salário disfarçado ........................................................................................................................................................ 29
SUCESSÃO TRABALHISTA ......................................................................................................................................................... 29
TERCEIRIZAÇÃO ..................................................................................................................................................................... 30
RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................................................................................................................ 32
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Prof. Raphael Miziara
Prescrição..................................................................................................................................................................... 32
Aspectos ligados ao arbitramento............................................................................................................................... 33
Responsabilidade objetiva ........................................................................................................................................... 34
Inobservância das normas de segurança do trabalho ................................................................................................ 35
Jornada extenuante ..................................................................................................................................................... 35
Dispensa imotivada do professor ................................................................................................................................ 35
Dispensa de trabalhador com deficiência ................................................................................................................... 36
Danos indiretos ou em ricochete ................................................................................................................................. 36
Perda de uma chance .................................................................................................................................................. 41
Danos morais coletivos ................................................................................................................................................ 42
Cobrança do candidato por agenciamento de emprego ............................................................................................. 42
Acusação por ato ilícito ............................................................................................................................................... 43
Limbo jurídico-previdenciário ...................................................................................................................................... 45
Recusa de pagamento do prêmio pela seguradora..................................................................................................... 45
Penalização de empregados pela apresentação de atestados médicos ..................................................................... 46
FGTS .................................................................................................................................................................................. 46
Saques .......................................................................................................................................................................... 46
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ..................................................................................................................................... 46
Despedida discriminatória ........................................................................................................................................... 46
Despedida de professor ............................................................................................................................................... 47
Força maior .................................................................................................................................................................. 47
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO .......................................................................................................................... 47
UNICIDADE SINDICAL .............................................................................................................................................................. 47
ENQUADRAMENTO SINDICAL.................................................................................................................................................... 48
RECEITAS SINDICAIS ............................................................................................................................................................... 48
NORMAS COLETIVAS .............................................................................................................................................................. 49
COMISSÃO DE FÁBRICA ........................................................................................................................................................... 49
GREVE ................................................................................................................................................................................. 50
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...................................................................................................................... 51
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................... 51
Servidor submetido a regime jurídico-administrativo de Estado estrangeiro ............................................................. 51
Fraude contra credores................................................................................................................................................ 52
Demandas relativas a plano de saúde de autogestão empresarial ............................................................................ 52
Execução contra massa falida ou empresa em recuperação judicial .......................................................................... 53
Diretor estatutário de S/A. .......................................................................................................................................... 54
Advogado dativo.......................................................................................................................................................... 54
Habeas corpus ............................................................................................................................................................. 55
JUSTIÇA GRATUITA ................................................................................................................................................................. 55
HONORÁRIOS ....................................................................................................................................................................... 56
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ ............................................................................................................................................................. 60
Utilização de via processual inadequada .................................................................................................................... 60
LITISCONSÓRCIO .................................................................................................................................................................... 60
NULIDADES PROCESSUAIS ........................................................................................................................................................ 61
Ausência de juntada das razões de voto vencido no acórdão recorrido ..................................................................... 61
Remessa à sessão telepresencial ................................................................................................................................. 61
Exigência de apresentação de originais enviados por e-DOC ..................................................................................... 61
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE................................................................................................................................................... 62
Pronunciamento de ofício ............................................................................................................................................ 62
Processos iniciados antes da Reforma Trabalhista ..................................................................................................... 62
PETIÇÃO INICIAL .................................................................................................................................................................... 63
TUTELA PROVISÓRIA .............................................................................................................................................................. 64
AUDIÊNCIA ........................................................................................................................................................................... 66
Princípios
Primazia da realidade
Direito intertemporal
Não se aplica o disposto no art. 468, § 2º, da CLT, incluído pela reforma trabalhista
promovida pela Lei nº 13.467/2017, aos empregados que, em conformidade com a
diretriz do item I da Súmula n° 372 do TST, completaram 10 anos de exercício em
função gratificada anteriormente à vigência da referida novel legislação.
Reestabelecido o acórdão que condenara a reclamada à incorporação da função
gratificada à remuneração da reclamante desde a data da dispensa da função. TST-E-ED-
RR-43-82.2019.5.11.0019, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, 9/9/2021 – Informativo TST n.º
243.
Prescrição e decadência
Mesmo com o art. 11, § 3º, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017 (a interrupção da
prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista), remanesce
aplicável o protesto judicial ao processo do trabalho. TST-RR-10711-43.2019.5.15.0006,
3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 9/11/2021 –
Informativo TST n.º 247.
Responsabilidade civil
1 OJ-401. PRESCRIÇÃO. MARCO INICIAL. AÇÃO CONDENATÓRIA. TRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃO DECLARATÓRIA COM
MESMA CAUSA DE PEDIR REMOTA AJUIZADA ANTES DA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. O marco inicial da
contagem do prazo prescricional para o ajuizamento de ação condenatória, quando advém a dispensa do empregado no
curso de ação declaratória que possua a mesma causa de pedir remota, é o trânsito em julgado da decisão proferida na
ação declaratória e não a data da extinção do contrato de trabalho.
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Advogados
Atletas profissionais
Bancários
Bombeiro Civil
Nos termos do artigo 2º da Lei nº 11.901/2009, “considera-se Bombeiro Civil aquele que,
habilitado nos termos desta Lei, exerça, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva
de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado diretamente por empresas
privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em
prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio”. No entanto, na prática, as
atividades exercidas por tais profissionais não se limitam à prevenção e ao
combate de incêndios. Logo, o termo “exclusiva” utilizado na Lei não pode ser
interpretado literalmente, sob pena de prejudicar o profissional que além de
prevenir e combater o fogo, presta outros serviços à comunidade. Precedentes. TST-
RR-1002032-48.2017.5.02.0045, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado
em 22/9/2021 – Informativo TST n.º 244.
Diretor de S/A
A autora pretende a redução de sua jornada com a manutenção do salário, o que foi
indeferido pelo eg. TRT. Ela é mãe de uma menina portadora de síndrome de Down e
bexiga neurogênica, que necessita de cuidados especiais. [...] A ausência de norma
infraconstitucional específica não seria capaz de isentar o magistrado de, com base nos
Empregados públicos
regime legal anterior; vi) sendo ilícito o pagamento de vantagens acima do teto
remuneratório, por determinação constitucional, não há que se falar em violação do
direito adquirido, da irredutibilidade de vencimentos e do direito de propriedade, já que
as referidas garantias constitucionais possuem o condão de proteger somente o que foi
adquirido licitamente; vii) também em razão da ilicitude dos valores pagos acima do teto,
não há que se falar em enriquecimento ilícito por parte do empregador, em face da
ausência de contraprestação do serviço prestado. Isso porque, no caso, o
enriquecimento ilícito da Administração pressupõe vantagem obtida licitamente pelo
empregado público, sendo que, no caso, a inobservância ao limite previsto na
Constituição constitui a própria ilicitude; viii) qualquer servidor que trabalha a jornada
normal de trabalho e que tem sua remuneração glosada no abate-teto, não pode optar
por trabalhar uma carga de trabalho menor, com fundamento no enriquecimento ilícito
da Administração; ix) a distorção do caso concreto pode ser resolvida por meio de
prestações alternativas por parte da Administração, a exemplo da utilização de
sistema de compensação de jornada, não se podendo admitir seja o limite do teto
ultrapassado, infringindo, dessa forma, a letra da Constituição. TST-RR-1437-
89.2016.5.20.0016, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 10/3/2021 – Informativo
TST n.º 233.
A súmula n.º 443 do TST (despedida discriminatória em casos de doenças que causem
estigma ou preconceito) também se aplica às empresas públicas, ainda que se trate de
cargo em comissão de livre nomeação e exoneração. Nestes casos, a despedida é nula e
é devida a reintegração. Aplicação da Convenção n.º 111 da OIT. TST-RRAg-324-
27.2017.5.10.0022, 6ª Turma, rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, julgado em 23/6/2021 –
Informativo TST n.º 240.
Engenheiros
No caso dos autos, o salário dos substituídos foi fixado no plano de cargos e salários
da ré em valor inferior ao do salário profissional estabelecido na Lei 4.950-A/66.
Disso resultou o estabelecimento, pela reclamada, de complementação salarial sob a
rubrica “Dif. Piso salarial-Eng”. Ocorre, todavia, que, adotada essa metodologia, o
referido complemento deixou de sofrer os devidos reajustes salariais concedidos
por meio das normas coletivas, bem como aqueles decorrentes das
movimentações funcionais. O valor do salário profissional, resultante da soma do
salário-fixo e da parcela “Dif. Piso salarial-Eng”, permaneceria estagnado enquanto
o primeiro fosse inferior ao piso previsto na Lei 4.950/66. Qualquer incremento
incidente sobre o salário-fixo implicaria em redução imediata e equivalente no valor do
complemento. Esse fato faz com que o piso salarial permaneça indexado ao valor do
salário mínimo, o que viola o art. 7.º, IV, da Constituição Federal, e a Súmula Vinculante
4 do STF, e acarreta a estagnação do valor, que permanece o mesmo após o reajuste
do salário-base, caracterizando ofensa ao princípio da irredutibilidade salarial e ao
princípio da isonomia, na medida em que os reajustes concedidos aos engenheiros se
tornam díspares em relação aos demais empregados da ré. Recurso de revista
conhecido e provido. [...]TST-RR-185-87.2014.5.12.0034, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Alves
Miranda Arantes, julgado em 2/6/2021 – Informativo TST n.º 239.
Motorista
Discute-se nos autos se o tempo que o motorista profissional fica aguardando carga ou
descarga do veículo nas dependências do embarcador ou do destinatário e o período
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Mulher
Incumbe aos shopping centers assegurar, diretamente ou por outros meios, “local
apropriado, onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus
filhos no período de amamentação”, atendendo ao escopo do art. 227 da CF. Salienta-se
que a norma a ser extraída do texto legal deve ser atual, manter sua perenidade, não
podendo ficar paralisada no ano de sua edição. Há de sofrer adaptações aos novos
tempos, com inclusão de figuras que vão surgindo na sociedade não antevistas pelo
legislador, como no caso dos shopping centers. Portanto, deve-se fazer uma interpretação
extensiva da ratio da Lei, em especial, dos §§ 1º e 2º do art. 389 da CLT. TST-E-RR-131651-
27.2015.5.13.0008, SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 2/9/2021 –
Informativo TST n.º 243.
Petroleiro
Portuários
Conferindo interpretação sistêmica aos arts. 1º e 13 da Lei nº 9.719/98 e 32, 33, 39, 41 e
43 da Lei nº 12.815/13, firmou-se o entendimento de que o Órgão Gestor de Mão de
Obra - OGMO detém competência exclusiva para gerir e intermediar o
fornecimento de mão de obra de trabalhador avulso. O art. 43 da Lei nº 12.815/13
prevê que serão objeto de negociação entre as entidades representativas dos
trabalhadores portuários avulsos e dos operadores portuários as questões atinentes à
“remuneração, a definição das funções, a composição dos ternos, a multifuncionalidade e as
demais condições do trabalho avulso”. Ademais, ressalta-se que, a partir do novo marco
legislativo das atividades portuárias (normas estatais posteriores à Constituição Federal),
incumbe aos entes sindicais portuários tão somente compor a estrutura tripartite do
OGMO, na defesa dos interesses e direitos individuais, plúrimos e coletivos dos
trabalhadores. Outrossim, destaca-se que, conforme o art. 39 da Lei nº 12.815/13, o
OGMO tem como finalidade específica a intermediação e gestão da mão de obra do
trabalhador avulso, com caráter de utilidade pública, sendo-lhe vedado ter fins
lucrativos, prestar serviços a terceiros ou exercer qualquer atividade não vinculada à
gestão de mão de obra. Portanto, esse limite legal, que define a finalidade do OGMO,
reforça o entendimento de que é atribuição exclusiva deste órgão a intermediação
de mão de obra do trabalhador avulso nas atividades portuárias. TST-SDC-1000360-
97.2017.5.00.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 18/10/2021 – Informativo TST n.º
246.
Professor
Não merece reforma o acórdão regional que não reconheceu o vínculo de emprego, sob
o fundamento de ausência de subordinação jurídica entre o motorista e a empresa
provedora do aplicativo Uber. TST-RR-10555-54.2019.5.03.0179, 4ª Turma, rel. Min. Ives
Gandra Martins Filho, julgado em 2/3/2021 – Informativo TST n.º 233.
Contrato de Trabalho
Deve ser mantida a decisão regional que impôs à empresa ré a obrigação de não
contratar policiais militares como vigias ou vigilantes nos Estados nos quais, por normas
regulamentares da carreira pública militar, seja prevista no estatuto legal da corporação
a dedicação integral ou exclusiva ao ofício militar. Nisso não há violação aos princípios
da livre iniciativa e da liberdade individual, sobretudo diante do direito coletivo à fruição
de condições adequadas de segurança, que pressupõe policiais militares devidamente
treinados e equipados, bem como dispostos e em pleno gozo de sua higidez física,
mental, psicológica e emocional, evidencia que o engajamento excessivo e a privação do
descanso nos períodos de folga repercutem em um decréscimo da qualidade do serviço
3O art. 13 da supracitada Lei estabelece que os docentes incumbir-se-ão de: “I - participar da elaboração da proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os
alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente
dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades
de articulação da escola com as famílias e a comunidade.”
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Prof. Raphael Miziara
O Tribunal Regional considerou que ‘a medida adotada pela recorrente, por iniciativa
própria, de oportunizar a indigitada folga mediante compensação das horas nos anos em
que a previsão da demanda de serviços era baixa ou, de não disponibilizar tal opção ao
empregado em razão do aumento desta demanda, está inserida no conjunto de prerrogativas
do poder diretivo do empregador’. Não se enquadram como alterações contratuais lesivas
aquelas abrangidas licitamente na esfera do poder diretivo, organizacional e direcional
do empregador. Isso porque o exercício do jus variandi pode gerar alterações nos modos,
circunstâncias ou critérios da prestação laboral, a fim de adequar a atuação do
empregado à dinâmica do empregador. O entendimento acerca da inalterabilidade
contratual, expresso no artigo 468 da CLT, trata dos pontos essenciais do contrato de
trabalho, tais como fixação de jornada e horário, local de prestação de serviços,
transferência, os aspectos de saúde e segurança laboral, função do empregado e,
principalmente, salário. Assim, a conclusão exarada pela Corte Regional não importa
em ofensa literal e direta aos dispositivos invocados, consoante exige a alínea “c” do
artigo 896 da CLT, uma vez que se trata de interpretação dos termos das “notas técnicas”,
legitimamente firmadas pelo empregador, sem que tenha havido ajuste em norma
coletiva. [...] TST-RR-1694-12.2016.5.21.0041, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, julgado em 16/6/2021 – Informativo TST n.º 239.
17.2020.5.10.0016, 1ª Turma, rel. Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, Julgado em 20/10/2021
– Informativo TST n.º 246.
Unicidade contratual
Duração do trabalho
Sobreaviso e Prontidão
O empregado exercente de cargo de confiança previsto no art. 62, II, da CLT não
tem direito a horas de sobreaviso, haja vista a necessidade de um controle dos
horários de trabalho para sua concessão e a incompatibilidade entre a sistemática
do controle de jornada e a atividade exercida pelo trabalhador inserido no referido
dispositivo. TST-E-RR-10070-04.2015.5.01.0065, SBDI-I, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,
5/8/2021 – Informativo TST n.º 241.
Tempo à disposição
Intervalos e pausas
Recuperação térmica
O trabalho realizado além dos níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao
adicional de insalubridade (OJ nº 173 da SDI-1 do TST), como também a intervalos
para recuperação térmica previstos pelo Ministério do Trabalho, em seus
regulamentos, conforme autoriza o art. 200, V, da CLT. A cumulação do adicional de
insalubridade com o pagamento das horas extras decorrentes da supressão das
pausas para recuperação térmica, não configura “bis in idem”, visto que a exposição
contínua ao agente insalubre não é elidida pelas pausas. São verbas de natureza diversa
Intervalo intersemanal
Férias
Pagamento em dobro
É indevida dobra nos casos de férias cujo pagamento foi efetuado no primeiro dia de
fruição. Inaplicabilidade da súmula nº 450 do TST, no sentido de se afastar sua aplicação
às hipóteses de atraso ínfimo no pagamento das férias. TST-E-RR-10128-
11.2016.5.15.0088, Tribunal Pleno, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 15/3/2021 –
Informativo TST n.º 233.
Se as férias foram concedidas na época própria e o seu pagamento foi realizado no prazo
legal, de forma que apenas uma parcela (“transitória remuneração”), pendente de decisão
judicial e que corresponde a uma pequena parte da remuneração do Autor, não foi
quitada de forma antecipada, não há que se falar em pagamento em dobro. A situação
não se amolda à súmula n.º 450 do TST, pois não houve o descumprimento do art. 145
da CLT, uma vez que o pagamento das férias foi feito de forma antecipada. Não ofende
o entendimento do TST o não pagamento antecipado de parcela reduzida da
remuneração (que não acarreta prejuízo ao trabalhador) e sobre a qual pendia
controvérsia judicial. TST-RR-1001258-28.2018.5.02.0386, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra
Martins Filho, julgado em 2/3/2021 – Informativo TST n.º 233.
A teor do que dispõe o art. 143, caput, e § 1º, da CLT, é faculdade do empregado
converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono
pecuniário, o qual deve ser requerido pelo trabalhador até 15 dias antes do
término do período aquisitivo. Nesse contexto, com base no princípio da melhor
aptidão para a prova, prevalece no TST o entendimento de que é ônus da parte
empregadora a comprovação de que o pagamento de abono pecuniário decorreu
de solicitação do empregado, sob pena de restar constatada a imposição do
empregador para a referida conversão. TST-RR-132-52.2011.5.09.0016, 7ª Turma, rel.
Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em 8/9/2021 – Informativo TST n.º 243.
Salário e Remuneração
Gratificação de função
Adicional de periculosidade
Adicional de insalubridade
Adicional de transferência
O fato de o empregado nunca ter prestado serviços no local em que fora contratado, e
desde o início ter tido conhecimento que o labor seria prestado em cidade distinta, não
lhe retira o direito de perceber o adicional de transferência. A empresa, ao optar por
selecionar seus empregados em cidade distinta daquela em que ocorrerá a prestação
de serviços deve arcar com os encargos legais trabalhistas daí decorrentes, in casu, o
adicional de transferência. TST-RRAg-10696-43.2015.5.01.0026, 3ª Turma, rel. Min.
Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 28/4/2021 – Informativo TST n.º 236.
Salário disfarçado
Sucessão Trabalhista
O Plenário do STF (ADI 3.934/DF), declarou a constitucionalidade dos arts. 60, parágrafo
único, e 141, II, da Lei 11.101/2005, os quais estabelecem que o objeto da alienação,
aprovado em plano de recuperação judicial, estará livre de qualquer ônus e não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária,
as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente de trabalho. Dessa
forma, a jurisprudência do TST entende pela inexistência de sucessão trabalhista e de
qualquer responsabilidade das empresas arrematantes da Unidade Produtiva Varig
(UPV). No caso, o Regional, apesar de afirmar que a solidariedade se deu apenas pelo
reconhecimento do grupo econômico, verifica-se que a conclusão da existência de grupo
econômico decorreu da análise da sucessão das recorrentes em face da arrematação
em leilão de recuperação judicial, o que não se coaduna com o entendimento do STF no
julgamento da ADIN 3.934-2 e viola o disposto no art. 60, parágrafo único, da Lei
11.101/2005, porquanto o objeto da alienação encontra-se livre de qualquer ônus. TST-
RR-12000-12.2008.5.01.0030, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em
20/10/2021 – Informativo TST n.º 246.
Terceirização
É lícito à ECT celebrar convênios com municípios para a realização material de tarefas
executivas. O STF já decidiu que é possível a terceirização de atividade-fim (RE nº
760.931). Além disso, há lei que claramente autoriza a realização de convênio com outras
entidades, possibilitando a prestação de serviços postais, por meio das agências de
correios comunitárias. TST-RR-781-38.2010.5.18.0004, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira
Valadão Lopes, julgado em 24/2/2021 – Informativo TST n.º 232.
927 e 942 do Código Civil, o que por conseguinte ampara também o art. 265 do
Código Civil. Isso porque a responsabilidade da empresa decorre, pois, da sua conduta
ilícita e fraudulenta à legislação trabalhista. Na Justiça do Trabalho, o art. 840, § 1º, da
CLT, exige que, na petição inicial, haja apenas uma breve exposição do fato de que
resulte o dissídio e o pedido. Portanto, é a exposição do fato que delimita a
manifestação judicial. Mas não pode o julgador considerar fatos e questões não
alegados pelas partes e fora da causa. Nesse contexto, o princípio da demanda refere-
se a todas as espécies de questões. Assim, a exemplo do previsto no art. 489, III, do CPC,
a vinculação do juiz, nos termos do art. 840, § 1º, da CLT, deve ser com as questões
alegadas, e não com os fundamentos de direito invocados pelas partes. Assim,
considerando o princípio da informalidade e da simplicidade que reveste o
processo trabalhista, ao redigir a petição inicial, basta ao autor expor rapidamente
os fatos a fim de proporcionar a sua compreensão e a respectiva consequência
jurídica, contida no pedido. No caso em tela, extrai-se da inicial que a reclamação foi
ajuizada contra a recorrente e primeira reclamada como principais devedoras e demais
empresas como secundárias. Assim, o reclamante, ao colocar no rol dos pedidos a
responsabilidade solidária das demais empresas, não afasta, por si só, a
responsabilidade principal da recorrente, outrora empresa empregadora e
prestadora de serviços. Logo, a condenação solidária imposta à ex-empregadora
não configura julgamento extra petita. TST-RR-11429-50.2015.5.01.0077, 6ª Turma, rel.
Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 22/9/2021 – Informativo TST n.º 244.
Responsabilidade Civil
Prescrição
Viola o artigo 950, caput, do Código Civil e o artigo 121 da Lei 8.213/91 decisão que
indefere o pagamento de pensão mensal por danos materiais decorrente de doença
ocupacional ao fundamento de que o trabalhador recebe benefício previdenciário e não
comprova prejuízo salarial. O fato de o empregado perceber benefício previdenciário
não pode eximir o empregador de pagar a pensão que decorre de doença
ocupacional, uma vez que constituem verbas de naturezas jurídicas distintas, uma
derivada da relação previdenciária e a outra da relação de trabalho. TST-ROT-24202-
86.2019.5.24.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 10/8/2021 – Informativo TST
n.º 241.
A Súmula nº 439 do TST estabelece que “Nas condenações por dano moral, a atualização
monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento ou de alteração do valor. Os
juros incidem desde o ajuizamento da ação, nos termos do art. 883 da CLT”. A jurisprudência
do TST vem estendendo a diretriz da Súmula nº 439 à fixação dos juros de mora
também quanto ao pedido de indenização por danos materiais, tratando-se,
portanto, de construção jurisprudencial. Contudo, o verbete, por não tratar do
termo inicial para a incidência dos juros de mora em relação às indenizações por
danos materiais, inviabiliza o conhecimento do recurso de embargos, por
impertinência temática. Nesse sentido, sinale-se que o TST já firmou entendimento
quanto à impossibilidade de conhecimento do recurso de embargos com Súmula
ou OJ por analogia. TST-AgR-E-ED-RR-19900-90.2007.5.17.0012, SBDI-I, rel. Min. Breno
Medeiros, 7/10/2021 – Informativo TST n.º 245.
Responsabilidade objetiva
Jornada extenuante
Gera danos morais in re ipsa a dispensa de trabalhador com deficiência, ainda que a
dispensa tenha ocorrido com quitação das verbas rescisórias em valor substancial e que
tal valor fosse suficiente para o sustento do autor durante o tempo de afastamento.
Prescinde-se de prova o dano moral, sendo o próprio ato abusivo ensejador da
reparação. O artigo 93, § 1°, da Lei n° 8.213/1991 estabelece uma regra de proteção ao
trabalhador portador com deficiência que limita o exercício do direito potestativo do
empregador de dispensar, sem encontrar previamente um substituto de condição
semelhante, os empregados que se encontram nessa condição. A inobservância da
referida norma cogente no ato de demissão enquadra o reclamado como praticante de
abuso de direito. Precedentes. TST-RR-1611-79.2014.5.03.0004, 2ª Turma, rel. Min. Maria
Helena Mallmann, julgado em 14/4/2021 – Informativo TST n.º 235.
familiar e para os parentes mais próximos. Porém, essa presunção hominis ou facti
dissipa-se à medida em que o vínculo de parentesco se afasta da família em sentido
estrito. Assim, os danos morais decorrentes do falecimento de um ente querido podem
ser considerados in re ipsa apenas para os parentes posicionados até o terceiro grau nas
linhas reta e colateral; a partir daí, o direito à reparação depende de que a parte
demonstre uma relação de intimidade, de proximidade, de apadrinhamento ou de
dependência econômica frustrada pelo perecimento. Depreende-se do acórdão
recorrido que o de cujus desfrutava de uma convivência familiar com os autores,
conclusão extraída pelo Tribunal Regional a partir do que ordinariamente acontece em
cidades de interior. É de todo pertinente buscar amparo no artigo 375 do CPC para
aplicar as regras da experiência comum no caso concreto, notadamente porque os
depoimentos transcritos no corpo da decisão demonstram que os demandantes
residem ou residiram na mesma localidade em que morava o trabalhador falecido [...].
Ultrapassada a controvérsia relativa à existência do dano, vale recordar que o artigo 7º,
XXVIII, da CF, que consagra a responsabilidade subjetiva do empregador pelos danos
decorrentes de acidentes do trabalho, é incapaz de, por si só, afastar a aplicação da
teoria do risco positivada no artigo 927, parágrafo único, do CCB. Destarte, sempre que
a atividade econômica implicar, por sua própria natureza, perigo de dano aos
trabalhadores em patamar superior a outras atividades normalmente desenvolvidas no
mercado, haverá a obrigação de reparação dos prejuízos decorrentes daquela espécie
de infortúnio, independentemente da existência de culpa do empresário. Essa é
exatamente a hipóteses dos autos, tendo em vista que as atividades de suporte à
mineração em barragens são de altíssimo risco. Os rompimentos em Mariana e em
Brumadinho são exemplos dolorosos e bem ilustrativos desta compreensão. Ademais,
pelo princípio do poluidor-pagador, as pessoas físicas ou jurídicas exploradoras de
atividades nocivas ao meio ambiente – onde se insere o meio ambiente de trabalho –
devem responder de forma objetiva e solidária pelos custos e prejuízos sociais diretos
ou indiretos provenientes da degradação. Essa é a exegese que se extrai dos artigos 3º,
IV, e 14, §1º, primeira parte, da Lei nº 6.938/1981, ao assentarem que o poluidor é aquele
“responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”,
sendo este “obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. Acrescente-se
que não se constata nos autos qualquer excludente de nexo de causalidade,
notadamente caso fortuito ou força maior, tendo o Tribunal Regional salientado
expressamente que o sinistro não decorreu de fato alheio ao controle das rés, mas de
sua culpa grave pela falha estrutural da barragem. O Colegiado observou uma sucessão
de eventos irregulares que comprometeram a segurança do ambiente de trabalho, bem
como a insuficiência de medidas adequadas para a mitigação dos seus efeitos danosos,
circunstâncias que atraem, também, a responsabilidade subjetiva prevista nos artigos
186 e 927, caput, do CCB. Desta feita, quer pela natureza da atividade econômica, quer
[...] São fatos incontroversos que as causas de pedir a indenização por danos morais
foram duas - a dispensa por Whatsapp e a acusação também por meio do aplicativo
de que a reclamante teria falsificado assinatura em documento de rescisão. Na
sentença a indenização por danos morais foi deferida pelos dois fundamentos –
dispensa por Whatsapp e acusação indevida de ato ilícito. No recurso ordinário, o
reclamado não questionou a veracidade dos fatos, centrando suas alegações na
pretendida licitude da utilização do aplicativo na relação de trabalho. Por essa razão, no
acórdão recorrido o TRT não se deteve na análise da prova dos fatos, eis que essa
questão não era controvertida no segundo grau de jurisdição. 4 – A Corte regional
manteve a indenização por danos morais examinando apenas o enfoque da dispensa
por Whatsapp, sem se manifestar sobre a acusação de ato ilícito sofrida pela reclamante
também por meio do aplicativo. Nesse contexto, o segundo fundamento para a
indenização por danos morais (acusação indevida de ato ilícito) transitou em julgado,
pois sobre ele não se manifestou o TRT nem o reclamado traz qualquer impugnação
para o TST (suas razões recursais se referem à dispensa por Whatsapp). Havendo dois
fundamentos autônomos, suficientes por si mesmos para manter a condenação, a não
desconstituição de um deles torna inútil seguir na discussão sobre o fundamento
impugnado. Assim, de plano, no caso dos autos não haveria utilidade em seguir no
debate sobre a dispensa por Whatsapp. 5 – Por outro lado, dada a relevância da matéria,
deve ser registrado que no caso concreto o que se extrai do acórdão recorrido, trecho
transcrito no recurso de revista, é que o TRT fundamentou o reconhecimento dos danos
morais no conteúdo da mensagem da dispensa, e não no meio utilizado para a dispensa
(Whatsapp). Disse a Corte regional: “Não se questiona na hipótese dos autos a privacidade
ou a segurança do meio de comunicação utilizado, o que, de todo modo, poderia potencializar
os danos causados. O que se avalia é o modo como o reclamado comunicou a cessação do
vínculo de emprego à trabalhadora, que, como se sabe, depende economicamente da
contraprestação pelo trabalho prestado. A mensagem, reproduzida às fls. 43, fala por si.
Vejamos: ‘Bom dia, Você está demitida. Devolva as chaves e o cartão da minha casa. Receberá
contato em breve para assinar documentos’.” Nesse particular, não se ignora que o
conteúdo da mensagem de dispensa foi telegráfico nem se ignora que as regras da
cortesia e da consideração devem ser observadas em quaisquer etapas da relação de
trabalho. No entanto, para que se pudesse concluir nesta Corte Superior se foi ofensivo
ou não o conteúdo da mensagem da dispensa precisaríamos saber do contexto da
mensagem, e não apenas do texto da mensagem. O contexto é que dá sentido ao texto.
Isso porque no âmbito das interações sociais os fatos não falam por si – os interlocutores
é que dão sentido aos fatos. Esse aspecto é mais acentuado ainda na linguagem escrita,
na qual a comunicação não é somente o que uma pessoa escreve, mas também o que a
outra pessoa lê. No caso dos autos, afinal, o que teria acontecido entre as partes para
que a dispensa tivesse desfecho com mensagem daquele conteúdo? Não consta no
acórdão recorrido o contexto em que as coisas ocorreram. Nem mesmo o reclamado,
nas suas razões recursais, traz contextualização sobre os diálogos com a reclamante,
pois sua tese é sobre a licitude da utilização de Whatsapp na relação de trabalho. 6 –
Acrescente-se que, embora o reclamado sustente que a reclamante não teria alegado
danos morais pelo conteúdo da mensagem da dispensa, mas pelo instrumento utilizado
para a dispensa – a reclamante teria se insurgido na realidade contra o conteúdo de
mensagem posterior que a acusou de ato ilícito ao assinar documento de rescisão -,
subsiste que não há tese no acórdão recorrido sobre o suposto julgamento fora dos
limites da lide e não há no recurso de revista, renovado no agravo de instrumento,
fundamentação jurídica (dispositivos de lei ou arestos) que trate especificamente dos
limites da lide. 7 – Enfim, por todos os ângulos que se examine a lide, conclui-se que não
há como afastar o direito à indenização por danos morais reconhecido no primeiro e no
segundo graus de jurisdição. 8 - Agravo de instrumento a que se nega provimento. TST-
Limbo jurídico-previdenciário
Configura ato ilícito (art. 187 do Código Civil), a conduta da empresa que impede o
retorno do empregado à atividade laboral e, consequentemente, inviabiliza o
percebimento da contraprestação pecuniária, mesmo após a alta previdenciária. TST-E-
ED-RR-51800-33.2012.5.17.0007, SBDI-I, rel. Min. Breno Medeiros, 2/9/2021 – Informativo TST
n.º 243.
O presente caso trata de situação em que, embora seja incontroverso que a Reclamada
cumpriu a sua obrigação na contratação do seguro previsto em norma coletiva, o TRT
manteve a condenação da Empregadora ao pagamento da indenização substitutiva
do prêmio de seguro, em razão da negativa de pagamento pela seguradora. A Corte
a quo entendeu que o Reclamante comprovou que fazia jus à cobertura do seguro de
vida instituído pela Reclamada, ante a sua incapacidade para o trabalho e em face da
negativa injusta, pela seguradora. O Colegiado de origem concluiu que a Empregadora
deve responder pelo pagamento da indenização substitutiva em razão de sua culpa in
eligendo, nos seguintes termos: “exsurge, assim, a culpa in eligendo da empregadora, por
ter contratado seguradora que negou injustamente a cobertura securitária ao obreiro,
devendo, por consequência, arcar com o pagamento correspondente”. Contudo, o contexto
fático delineado no acórdão recorrido permite que esta Corte proceda ao
enquadramento jurídico diverso da questão. Com efeito, a jurisprudência do TST vem se
firmando no sentido de reconhecer que, se a Empregadora cumpre o seu encargo
previsto na norma coletiva - de contratar seguro de vida -, fica isenta da
responsabilidade pelas obrigações da seguradora frente aos beneficiários do
seguro, salvo nos casos em que tenha dado causa à recusa da seguradora em pagar
o valor do prêmio. Dessa forma, considerando o atual entendimento desta Corte,
bem como o fato de que, no presente caso, não há indícios de que a recusa de
pagamento do prêmio pela seguradora tenha sido causada pela Empregadora, essa
não pode ser responsabilizada pelo pagamento de indenização substitutiva do
referido prêmio. Portanto, tendo em vista que a Reclamada cumpriu a sua obrigação,
nos termos previstos na norma coletiva - no que diz respeito à contratação do seguro de
vida -, não há falar em sua responsabilização em razão da negativa/inadimplemento da
seguradora. TST-RR-10784-88.2015.5.03.0038, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado,
julgado em 15/9/2021 – Informativo TST n.º 244.
Gera danos morais in re ipsa a conduta da empresa que penaliza empregados pela
apresentação de atestados médicos, com a supressão da folga aos sábados. De
acordo com a jurisprudência do TST, o dano moral, na hipótese em apreço, revela-se in
re ipsa, pois decorre da natureza da situação vivenciada, não havendo necessidade de
prova cabal para demonstrar o abalo sofrido pelo empregado. Assim, a conduta da
empresa, que utilizava os atestados médicos apresentados pelos empregados para
comprometer as suas avaliações e com isso puni-los com a supressão das folgas
aos sábados, vai além dos limites do diretivo, na medida em que impede seus
empregados de usufruírem seus direitos e expõe a saúde. [...]. Precedentes. TST-RR-
4648-48.2017.5.10.0802, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em
27/10/2021 – Informativo TST n.º 246.
FGTS
Saques
Despedida discriminatória
Restou incontroverso nos autos que o reclamante foi acometido por doença considerada
grave (câncer), razão pela qual cumpria ao reclamado comprovar que a dispensa
decorreu de outro motivo, sem qualquer vinculação com a doença do empregado. Na
hipótese, o Tribunal Regional concluiu, em face das provas e fatos delineados nos autos,
que não houve discriminação e arbitrariedade na dispensa do Autor por parte da
reclamada. Entendimento em sentido contrário, no caso, demandaria o revolvimento de
fatos e provas, o que é vedado nesta instância extraordinária. Súmula nº 126 do TST.
Despedida de professor
Força maior
Não se acolherá a arguição de força maior como justificativa para rescindir contratos de
trabalho se a empresa não foi extinta, ou seja, se não encerrou suas atividades. TST-
AIRR-10402-15.2020.5.03.0008, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte,
julgado em 10/11/2021 – Informativo TST n.º 247.
Unicidade sindical
Enquadramento sindical
A súmula n.º 443 do TST (despedida discriminatória em casos de doenças que causem
estigma ou preconceito) também se aplica às empresas públicas, ainda que se trate de
cargo em comissão de livre nomeação e exoneração. Nestes casos, a despedida é nula e
é devida a reintegração. Aplicação da Convenção n.º 111 da OIT. TST-RRAg-324-
27.2017.5.10.0022, 6ª Turma, rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, julgado em 23/6/2021 –
Informativo TST n.º 240.
Receitas Sindicais
Normas coletivas
Comissão de Fábrica
Greve
A jurisprudência majoritária da SDC do TST entende que a greve motivada por mora
salarial, mesmo que não observe as exigências legais para sua deflagração, não
pode ser considerada abusiva, nem autoriza o desconto dos dias parados. Conforme
a jurisprudência majoritária da SDC, não se exige o cumprimento dos requisitos
previstos na Lei nº 7.783/1989 quando a greve é motivada pela conduta ilícita do
empregador de atrasar o pagamento dos salários, bem como a participação em
greve deflagrada nessa situação não autoriza a realização do desconto dos
salários, sendo devido seu pagamento. TST-RO-451-67.2018.5.11.0000, SDC, rel. Min. Ives
Gandra da Silva Martins Filho, 14/6/2021 – Informativo TST n.º 239.
Discute-se nos autos a legalidade (ou não) dos descontos dos dias de paralisação
noticiado nos autos, para a participação dos ora substituídos em manifestações
contrárias às reformas trabalhista e previdenciária. A Corte Regional consignou que a
greve aventada no v. acórdão recorrido ostentou caráter político, não tendo,
portanto, objetivado efetivar direitos trabalhistas, razão pela qual a reputou ilegal
e reconheceu a validade dos descontos salariais. Nessa linha, o v. acórdão recorrido
guarda fina sintonia com a jurisprudência firmada no âmbito desta Corte Superior que
entende que a paralisação constitui suspensão do contrato de trabalho, não sendo
devido o pagamento do dia de paralisação, não estando presente, no caso sub judice,
nenhuma das excepcionalidades prevista na lei. [...] No caso da greve, a lei é taxativa ao
determinar a suspensão do contrato durante o movimento paredista. E assim o faz para
evitar que a greve termine sendo financiada pelo empregador, o que aconteceria se
precisasse pagar os dias parados, fazendo com que, em última análise, arcasse
duplamente com o ônus das reinvindicações do empregado: primeiro, com o prejuízo na
produção imanente à falta do empregado ao trabalho e, segundo, com o próprio
pagamento do dia de paralisação. Daí porque a jurisprudência somente excepciona
do alcance da lei os casos em que há paralisação motivada em face do
descumprimento de instrumento normativo coletivo vigente, não pagamento dos
próprios salários e más condições de trabalho, que decorrem de inexecução do
contrato provocadas pelo próprio empregador. Logo, não se enquadrando o caso
sub judice em nenhuma dessas hipóteses excepcionais, os dias de paralisação,
independentemente da legalidade ou ilegalidade da greve, devem ser objeto de
negociação, a qual restou demonstrada, in casu. TST-Ag-AIRR-821-67.2017.5.09.0863, 3ª
Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 23/6/2021 – Informativo TST
n.º 240.
Jurisdição e Competência
processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito. [...]. V)
No caso em exame, o pedido formulado pelo Sindicato autor, objetivando a manutenção
na apólice do seguro saúde dos empregados substituídos (dispensados imotivadamente
ou aposentados), com fundamento na Lei nº 9.656/98, vai de encontro à tese firmada
no IAC 5 do STF, que concluiu que a pretensão de ex-empregado de manutenção no
plano de assistência à saúde, fornecido pela ex-empregadora, não se adequa ao
ramo do Direito do Trabalho, em virtude da autonomia jurídica da saúde
complementar após o surgimento da Lei nº 9.656/1998 (reguladora dos planos de
saúde), da Lei nº 9.961/2000 (criadora da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar)
e da Lei nº 10.243/2001 (que deu nova redação ao § 2º do art. 458 da CLT). Além do mais,
o caso em debate não cuida de plano de saúde de autogestão empresarial
(modalidade em que a operação do plano de saúde é realizada pelo departamento de
recursos humanos da própria empresa que contratou o trabalhador), pois trata-se de
seguro saúde operado por seguradora especializada em saúde, qual seja, BRADESCO
SAÚDE S.A. [...] Recurso de Revista provido para declarar a incompetência material da
Justiça do Trabalho para apreciar a causa, razão pela qual os autos devem ser
remetidos à distribuição dos feitos da Justiça Comum, com lastro do art. 64, § 3º, do CPC.
TST-RR-608-11.2017.5.05.0463, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em
29/6/2021 – Informativo TST n.º 240.
Advogado dativo
Habeas corpus
A SBDI-II concluiu que o cabimento do habeas corpus não se restringe aos atos
praticados por autoridade ou agentes públicos, podendo também ser impetrado
contra ato de particular. Na hipótese, o habeas corpus fora impetrado sob a alegação
de constrangimento ao direito de locomoção em decorrência de atos supostamente
praticados por sindicato durante o exercício do direito de greve. Consignou-se que o
inciso LXVIII do artigo 5º da CR/88, que trata do habeas corpus, diferentemente dos
incisos LXIX e LXXII, que dispõem, respectivamente, sobre o mandado de segurança e o
habeas data, é silente quanto ao sujeito do ato coator e que a importância do direito à
liberdade de ir e vir justifica não apenas a utilização da ação constitucional contra ato de
particular, como também a sua legitimação ativa plena e a dispensa da capacidade
postulatória. Salientou-se, ainda, que eventual constrangimento ao direito de
locomoção, decorrente de ato praticado pelo sindicato, é passível de elisão por meio do
habeas corpus, em razão do poder que lhe é legalmente outorgado para deflagrar a
paralisação coletiva. Em seguida, a SBDI-II, com fundamento no artigo 114, incisos II e IV,
da CR/88, afastou a alegação de incompetência desta Justiça Especializada
suscitada pelo sindicato, deixando consignado que é da Justiça do Trabalho a
competência para processar e julgar os habeas corpus contra atos vinculados ao
exercício do direito de greve. Por fim, definiu-se que a competência funcional para
apreciar e julgar habeas corpus impetrado contra ato praticado por particular é da
Vara do Trabalho, e não do TRT. [...] TST-RO-1023-93.2015.5.05.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz
José Dezena da Silva, 28/9/2021 – Informativo TST n.º 245.
Justiça gratuita
Honorários
[...] os honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela Parte Autora incidem sobre
o crédito trabalhista constituído na ação que seja suficiente ao pagamento dos
honorários, nos termos expressos do art. 791-A, § 4º, da CLT, que goza de presunção de
constitucionalidade e não excepcionou tal crédito à alteração da condição financeira do
beneficiário da justiça gratuita, de modo que a decisão regional atenta contra a norma
legal, tornando-a inócua, merecendo, assim, reforma. TST-RR-11123-24.2019.5.03.0065, 4ª
Turma, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, julgado em 17/8/2021 – Informativo TST
n.º 242.
previstos no art. 791-A, caput, da CLT em tais hipóteses. Precedentes da 4ª Turma do TST.
TST-RR-923-63.2019.5.12.0046, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 7/4/2021 –
Informativo TST n.º 235.
[...] A ação anulatória de auto de infração caracteriza-se como lide não derivada da
relação de emprego, razão por que se aplicam a ela, quanto aos honorários de
advogado, as disposições dos artigos 85 e seguintes do CPC de 2015. Observa-se que
a violação a que alude o art. 896, “c”, da CLT consuma-se também quando se deixa de
aplicar a lei reguladora do caso concreto. IV. O provimento do recurso de revista da parte
autora (OGMO) tem por corolário lógico o arbitramento de honorários advocatícios
sucumbenciais e de honorários de sucumbência recursal, nos termos dos arts. 85, caput,
§ 2º e § 11 e 86 do CPC de 2015, observando-se os parâmetros e percentuais específicos
de honorários devidos pela fazenda pública (parte ré), previstos no art. 85, §§ 3º a 6º, do
CPC de 2015. Oportuno diferenciar sucumbência recíproca de sucumbência parcial,
de forma a apreciar os encargos devidos sob o prisma do princípio da causalidade.
A sucumbência recíproca, consagrada no art. 86 do CPC de 2015, ocorre quando - pela
pluralidade de demandas, ações conexas reunidas, ação e reconvenção e cumulação de
pedidos - autor e réu, em uma mesma relação processual, tenham pretensões
individualmente consideradas vencidas em sua integralidade. A sucumbência parcial,
por sua vez, dá-se quando uma pretensão não é reconhecida em sua integralidade,
concedendo o juízo medida mais reduzida em relação ao pedido. Na sucumbência
parcial, o vencido, que deu causa ao processo (princípio da causalidade), não é
parcialmente sucumbente, mas vencido no todo, pois o acolhimento da pretensão do
vencedor, ainda que em medida menor, não altera o fato de que o vencido deu causa ao
processo, devendo arcar com as despesas. Nesse sentido, Piero Pajardi, em sublime lição,
esclarece que, “na sucumbência parcial ocorre a situação de uma vitória do autor, porém
em medida mais reduzida em relação ao petitum inicial. Neste caso, não há um julgamento
consequente de uma investida da parte do réu; há, isto sim, o acolhimento da demanda do
autor. Todavia, um acolhimento não completo, em razão da defesa do réu, que, por sua vez,
não obteve o resultado que pretendia obter [...] o vencido não é parcialmente sucumbente,
mas vencido no todo, porque ainda assim vem a ser condenado a qualquer coisa que não
desejava prestar, e vê rejeitado o resultado final previsto na sua defesa. Portanto, se o vencido
se opõe sic et simpliciter à demanda do autor, ou se opõe parcialmente, mas em termos mais
reduzidos, com vistas à decisão do juiz, é óbvio que a redução do pedido do autor não
comporta influência sobre o princípio fundamental da responsabilidade pelas despesas, que
se carreiam ao vencido, como a única parte que deu causa ao processo”. (La responsabilità
per le spese e i danni del processo. Milão: Giuffrè, 1959). V. No caso vertente, o Tribunal
Regional manteve a improcedência do pedido de anulação do auto de infração -
sagrando-se vencedora a União, no aspecto – e acolheu o pedido cumulado subsidiário
de redução do valor da multa, em extensão menor que a pleiteada – ressaindo, daí, a
vitória da parte autora (OGMO) nessa pretensão, reiterando-se que “a redução do pedido
do autor não comporta influência sobre o princípio fundamental da responsabilidade pelas
despesas, que se carreiam ao vencido, como a única parte que deu causa ao processo”
(Pajardi, Piero. La responsabilità per le spese e i danni del processo. Milão: Giuffrè, 1959).
VI. Recurso de revista de que se conhece, no particular, por contrariedade à Súmula nº
219, IV, do TST e afronta ao art. 85, § 2º, do CPC de 2015, e a que se dá provimento, para
fixar honorários advocatícios sucumbenciais em sucumbência recíproca e
honorários de sucumbência recursal. TST-RR-1000300-33.2016.5.02.0444, 7ª Turma, rel.
Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em 26/5/2021 – Informativo TST n.º 238.
legal expressa, relativas aos trabalhadores avulsos e portuários, ex vi dos artigos 643, caput,
e 652, alínea "a", inciso V, da CLT, são inaplicáveis o item 5 da Instrução Normativa nº 27/2005
do Tribunal Superior do Trabalho e o item III da Súmula nº 219 desta Corte, porquanto a
Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XXXIV, equipara o avulso ao trabalhador com
vínculo empregatício, sendo-lhe aplicável, portanto, o entendimento previsto no item I da
Súmula nº 219 desta Corte; 4) Às lides decorrentes da relação de emprego, objeto de ações
propostas antes do início da vigência da Lei nº 13.467/2017, não se aplica a Súmula nº 234
do STF, segundo a qual ‘são devidos honorários de advogado em ação de acidente de trabalho
julgada procedente’; 5) Não houve derrogação tácita do artigo 14 da Lei nº 5.584/1970 em
virtude do advento da Lei nº 10.288/2001, que adicionou o § 10 ao artigo 789 da CLT,
reportando-se à assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos, e a superveniente
revogação expressa desse dispositivo da CLT pela Lei nº 10.537/2002 sem que esta
disciplinasse novamente a matéria, pelo que a assistência judiciária prestada pela entidade
sindical no âmbito da Justiça do Trabalho ainda permanece regulamentada pela referida lei
especial; 6) São inaplicáveis os artigos 389, 395 e 404 do Código Civil ao Processo do Trabalho
para fins de condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nas lides decorrentes da
relação de emprego, objeto de ações ajuizadas antes do início da vigência da Lei nº
13.467/2017, visto que, no âmbito da Justiça do Trabalho, essa condenação não se resolve
pela ótica da responsabilidade civil, mas sim da sua legislação específica, notadamente a Lei
nº 5.584/70; 7) A condenação em honorários advocatícios sucumbenciais prevista no artigo
791-A, caput e parágrafos, da CLT será aplicável apenas às ações propostas na Justiça do
Trabalho a partir de 11 de novembro de 2017, data do início da vigência da Lei nº
13.467/2017, promulgada em 13 de julho de 2017, conforme já decidiu este Pleno, de forma
unânime, por ocasião da aprovação do artigo 6º da Instrução Normativa nº 41/2018; 8) A
deliberação neste incidente a respeito da Lei nº 13.467/2017 limita-se estritamente aos efeitos
de direito intertemporal decorrentes das alterações introduzidas pela citada lei, que
generalizou a aplicação do princípio da sucumbência em tema de honorários advocatícios no
âmbito da Justiça do Trabalho, não havendo emissão de tese jurídica sobre o conteúdo em si
e as demais peculiaridades da nova disposição legislativa, tampouco acerca da
inconstitucionalidade do artigo 791-A, caput e § 4º, da CLT”. Entendeu, ainda, não caber a
modulação dos efeitos da decisão. Os Exmos. Ministros Augusto César Leite de
Carvalho e Cláudio Mascarenhas Brandão ressalvaram seu entendimento pessoal
quanto à tese de número 6. TST-IRR-341-06.2013.5.04.0011, Tribunal Pleno, rel. Min. José
Roberto Freire Pimenta, 23/8/2021 – Informativo TST n.º 242.
Litigância de má-fé
Litisconsórcio
Em ACP ajuizada pelo MPT em face de empresas responsáveis por ministrar o curso de
capacitação de “Supervisores de Espaço Confinado”, em decorrência de fraude na
emissão dos certificados de conclusão de curso em data anterior à finalização do curso,
não há necessidade de inclusão no pólo passivo dos empregadores, fiscalizados pelo
MTE e que já apresentaram os certificados fraudulentos. Não há disposição de lei
determinando a formação de litisconsórcio necessário entre os empregadores e os
responsáveis pelo curso de capacitação, sendo, ainda, certo, que a eficácia da sentença
não depende da citação dos referidos atores. Mesmo que figurasse no pólo passivo, as
empresas não poderiam ser condenadas a cumprir as obrigações que cabem
exclusivamente às Reclamadas: absterem-se de fornecer certificados de conclusão de
cursos antes do preenchimento de todos os requisitos exigidos pela norma específica,
bem como regularizar, mediante a emissão, sem custos, de novo certificado que atenda
todos os requisitos legais. TST-RR-380-98.2014.5.04.0841, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, julgado em 24/2/2021 – Informativo TST n.º 232.
Nulidades processuais
A ausência de juntada das razões de voto vencido no acórdão recorrido, como determina
no art. 941, §3º, do CPC, gera nulidade. TST-RRAg-1428-75.2015.5.09.0661, 2ª Turma, rel.
Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 10/3/2021 – Informativo TST n.º 233.
que ‘o envio da petição por intermédio do e-DOC dispensa a apresentação posterior dos
originais ou de fotocópias autenticadas, inclusive aqueles destinados à comprovação de
pressupostos de admissibilidade do recurso’. No caso dos autos, restou configurada a
nulidade por cerceamento do direito de defesa, em prejuízo da executada, que não teve
sua contestação apreciada em momento oportuno, porque aplicado o Ato 52/2016 do
TRT da 1ª Região, que exigia a apresentação física da petição protocolada pelo sistema
e-DOC. Assim, as garantias do devido processo legal e do contraditório e da ampla defesa
não foram respeitadas, violando o art. 5º, LIV e LV, da CR/88. Precedentes. TST-RR-6200-
20.1992.5.01.0044, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em
2/6/2021 – Informativo TST n.º 239.
Prescrição intercorrente
Pronunciamento de ofício
Petição inicial
O artigo 840, § 1º, da CLT em momento algum também determina que a parte está
obrigada a trazer memória de cálculo ou indicar de forma detalhada os cálculos de
liquidação que a levaram a atingir o valor indicado em seu pedido. TST-RR-1001473-
09.2018.5.02.0061, 2ª Turma, Relator Min. José Roberto Freire Pimenta, Julgado em 24/2/2021
– Informativo TST n.º 232.
Tutela Provisória
4 Nos autos do IRR-872-26.2012.5.04.0012, em que será decidida a "Validade da dispensa do empregado em face de
conteúdo de norma interna da empresa WMS, que previu no programa denominado 'Política de Orientação para Melhoria'
procedimentos específicos que deveriam ser seguidos antes da dispensa de seus trabalhadores", foi determinada apenas
a suspensão dos agravos de instrumento, recursos de revistas e de embargos em tramitação nesta Corte que versem
sobre a matéria, o que não inclui os recursos ordinários em tutela provisória, caso dos autos.
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Prof. Raphael Miziara
Determinada empresa buscou, por meio da tutela provisória de urgência, conferir efeito
suspensivo ao agravo de instrumento em recurso de revista interposto em Ação Civil
Pública, para o fim de suspender a eficácia da tutela antecipada deferida pelo TRT da 17ª
Região, que determinou o cumprimento de obrigação de fazer pela requerente,
consistente na “(...) contratação de aprendizes no percentual de 5% a 15% do total de
empregados contido em cada estabelecimento, incluindo na base de cálculo todas as funções
que demandem formação profissional, observada a CBO, inclusive os profissionais agentes
de segurança e vigilância, [...] sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais),
por aprendiz não contratado [...]”. Reconhece-se o fumus boni iuris, em face da perduração
crítica dos efeitos da pandemia, que, além de fortemente agravada nos dias atuais, nem
de longe conta com uma data provável para o seu término. Por essa razão, no cenário
atual, afigura-se desarrazoado impor à Empresa-ré o cumprimento imediato de
uma obrigação de fazer, consistente na contratação de aprendizes, ainda mais
quando a condenação imputa à ré a cominação de multa por cada aprendiz não
contratado. Ora, além da dificuldade que salta à vista em exigir da Empresa que proceda
a tais contratações diante de um quadro de pandemia, não se pode olvidar que, hoje, os
jovens e menores aprendizes encontram-se numa situação de alta vulnerabilidade,
sujeitos a formas até mais graves recentemente descobertas de contaminação em
relação ao novo Coronavírus, e sem uma previsão de imunização a curto prazo. De mais
a mais, não se pode deixar de reconhecer que a questão em torno da possibilidade de
inclusão dos vigilantes na base de cálculo dos aprendizes, na forma do artigo 429 da CLT,
ainda pode vir a sofrer mudança de entendimento jurisprudencial no âmbito desta
egrégia Corte, tal como se verificou em relação aos motoristas e cobradores, por
ocasião do julgamento do Processo AIRR-916-04.2014.5.12.0028, nesta egrégia
Quarta Turma (Rel. Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 26/03/2021).
[...] a condenação imposta pelo TRT quanto ao cumprimento de uma obrigação de fazer,
com a aplicação de multa diária por cada aprendiz não contratado, poderia acarretar à
ré dano irreparável, diante do atual quadro de pandemia deflagrado em todo o mundo
diante do novo Coronavírus. Isso porque a egrégia Corte Regional, na oportunidade,
também deferiu a antecipação dos efeitos da tutela postulada pelo MPT, compelindo,
assim, a ré ao imediato cumprimento da obrigação de fazer imposta, de todo
impossibilitado ante a pandemia que ainda hoje persiste em todo o mundo. Ademais,
mesmo que permitida a realização de trabalho remoto ou de teletrabalho pelos
aprendizes, nos moldes da Nota Técnica nº 9/2020, ou, ainda, flexibilizado o “isolamento”
mediante a adequação dos ambientes de trabalho aos protocolos sanitários de
segurança, na forma da Nota Técnica Conjunta nº 12/2020, ambas expedidas pela
COORDINFÂNCIA – MPT, a ré relatou, em seu pedido de tutela, que muitas empresas
Audiência
O art. 844, § 2º, da CLT, ao mesmo tempo em que o legislador determina que o
reclamante que não comparece à audiência seja condenado ao pagamento das custas
processuais, mesmo que beneficiário da justiça gratuita, o isenta deste pagamento caso
haja a comprovação, no prazo de quinze dias, que o não comparecimento à audiência
decorreu de motivo legalmente justificável. Não há qualquer contraposição entre a
norma prevista no artigo 844, § 2º, da CLT, e as garantias constitucionais do acesso à
justiça e da assistência judiciária gratuita prestada pelo Estado. Precedentes da 4ª e 8ª
Turmas do TST. TST-RR-1000119-02.2018.5.02.0205, 7ª Turma, rel. Min. Renato de Lacerda
Paiva, julgado em 7/4/2021 – Informativo TST n.º 235.
Provas
Prova documental
Prova testemunhal
Sentença
Quanto à modulação dos efeitos da decisão acima, assim ficou decidido: “(i) são
reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso ou em nova
demanda, incluindo ação rescisória) todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E
ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial,
inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser
mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram,
na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês;
(ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento
(independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter
aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao
posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC).” TST-RR-1836-
79.2015.5.09.0010, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 3/3/2021
– Informativo TST n.º 233.
Recursos
Princípio da unirrecorribilidade
Efeito devolutivo
Nos termos do artigo 1.013, §§ 1º e 2º, do CPC, são devolvidos à cognição judicial, com a
interposição de recurso, todos os fundamentos de fato e de direito suscitados na defesa.
Na mesma linha, a diretriz consagrada no item I da Súmula nº 393 do TST, estabelece: O
efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do
CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos
fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não
renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. Não remanescem
dúvidas, portanto, de que o efeito devolutivo em profundidade impõe à instância
recursal ordinária o exame de todas as questões atinentes à matéria impugnada, no
Preparo
Foi ofertada apólice de seguro garantia com validade de três anos, mas o Tribunal
Regional entendeu pela deserção do recurso ordinário. O não conhecimento do recurso
ordinário por deserção devido a existência de cláusula de validade, ou outras cláusulas
que eventualmente poderiam inviabilizar a garantia do Juízo, em época anterior ao Ato
Conjunto nº 1/TST.CSJT.CGJT, de 1/10/2019, sem que ao menos fosse concedido prazo
para a apresentação de nova apólice de seguro, realmente viola o art. 899, § 11, da CLT.
TST-RR-1000606-05.2017.5.02.0464, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em
27/4/2021 – Informativo TST n.º 236.
Trata-se de recurso de revista, cujo preparo foi efetuado mediante seguro garantia, com
apólice acostada simultaneamente à interposição e renovada após a expiração. Ao lado
da contradição entre os valores garantidos pela primeira apólice e seu endosso
(R$24.734,22 e R$12.367,11, respectivamente), é certo que durante o lapso temporal
compreendido entre 13/12/2020 e 08/01/2021, o juízo ficou sem garantia, o que, por
si só, caracteriza a deserção do apelo. É incumbência da parte que opta por esse tipo
O e. TRT concluiu que é inaplicável ao caso o artigo 899, § 9, da CLT, acrescido pela Lei
13.467/2017, ao fundamento de que, na situação, o sindicato atuou como empregador
do reclamante, razão pela qual entendeu a Corte local não se tratar de entidade sem fins
lucrativos prevista no aludido dispositivo. Contudo, considerando que os sindicatos,
por lei, são considerados entidades sem fins lucrativos, e inexistindo registro nos
autos de que o recorrente auferisse e distribuísse lucros, diferentemente do que
concluiu o e. TRT, faz jus o sindicato reclamado ao direito de recolher pela metade
o depósito recursal, nos termos do novel art. 899, § 9º, da CLT, ainda que atue como
empregador, dado que o referido preceito tem como destinatárias as empresas ou
entidades que, na condição de reclamadas, detenham tais características, dele não se
extraindo a distinção feita pelo Tribunal Regional, razão pela qual deve ser afastada a
deserção aplicada ao recurso ordinário. TST-RR-11368-91.2015.5.15.0113, 5ª Turma, rel.
Min. Breno Medeiros, julgado em 18/8/2021 – Informativo TST n.º 242.
34.2018.5.24.0022, 6ª Turma, red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa, julgado em 5/10/2021
– Informativo TST n.º 245.
Embargos de declaração
Recurso Ordinário
Recurso de Revista
Embargos de divergência
Sustentação oral
Na hipótese, o Tribunal a quo não conheceu do recurso ordinário patronal por deserção,
tendo o reclamante requerido preferência para sustentação oral (certidão de
julgamento). Contudo, não realizou a sustentação oral, já que o Recurso da outra parte
(Reclamada) não foi conhecido por deserção. Posteriormente, o Colegiado a quo deu
provimento aos embargos de declaração apresentados pela Reclamada, com efeito
modificativo, para afastar a deserção. Ato contínuo, julgou o Recurso Ordinário da
Reclamada, sem franquear oportunidade para sustentação oral. O reclamante, no
recurso de revista, afirmou que não exerceu o direito à sustentação, “em face de o Relator
NÃO TER CONHECIDO O APELO, haja vista a configuração de deserção”, concluindo que “a
sustentação requerida perdeu seu objeto e não foi exercida”. A Corte regional deu
provimento aos embargos de declaração interpostos pela reclamada com efeito
modificativo, para afastar a deserção do seu recurso ordinário e, ato contínuo, julgou o
apelo parcialmente procedente para afastar o deferimento do pleito relativo à
estabilidade sindical. Discute-se, assim, a necessidade de reinclusão do feito em
pauta para proporcionar às partes o direito à sustentação oral em sessão de
julgamento do recurso ordinário conhecido. Na forma do artigo 554 do CPC de 1973,
vigente à época da decisão atacada, “na sessão de julgamento, depois de feita a exposição
da causa pelo relator, o presidente, (...), dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente e ao
recorrido, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de
sustentarem as razões do recurso” (grifou-se). Dessa forma, a concessão de prazo
improrrogável para sustentação oral implica que esse direito processual somente
pode ser exercido uma única vez, de forma concentrada, quando cada um dos
advogados deverá sustentar, se quiser e a seu critério, sobre todas as questões
pertinentes, sejam elas preliminares, prejudiciais ou de mérito, que sejam de seu
interesse e estejam sob a apreciação do colegiado julgador. Vale dizer, não há,
nunca, direito a duas sustentações orais pela mesma parte, ainda que em primeira
sessão a parte não tenha exercido o seu direito, deixando-o precluir. É precisamente
essa a hipótese que ocorre nos autos. Conforme se observa na certidão de julgamento
do recurso ordinário interposto pela reclamada, em que a Corte regional não conheceu
do apelo da ré, por considerá-lo deserto, é possível constatar que naquela sessão de
julgamento se fizeram presentes os procuradores tanto do reclamante como da
reclamada, os quais apenas registraram suas presenças sem exercer o direito à
sustentação oral. Salienta-se, conforme já observado acima, que, na forma do artigo
554 do CPC de 1973, cabia aos patronos das partes, naquele momento,
independentemente do teor do voto proferido pelo Relator, sustentar oralmente
todos os pontos de interesse na demanda, seja sobre a deserção acolhida ou
quaisquer outros temas objetos do recurso, preliminares, prejudiciais ou
meritórios, sob pena de preclusão. Dessa forma, ao julgar os embargos de declaração
Coisa julgada
Extrai-se do acórdão regional que as Partes firmaram acordo, em que ficou estabelecido
o pagamento da multa de 50% sobre o saldo devedor, em caso de inadimplemento da
cláusula relativa às bases fixadas para o acordo. [...] Pontuou o TRT que a Executada
atrasou o pagamento da primeira parcela em dois dias – premissa fática inconteste à luz
da Súmula 126/TST -, o que gerou a incidência da multa de 50% cominada sobre o valor
restante, no importe de R$11.500,00 (R$23.000,00 x 0,50%). Contudo, o TRT reformou a
sentença para excluir totalmente a multa aplicada à Executada, por assentar que “o
atraso se deu por apenas dois dias, tempo exíguo para se imputar um gravame tão alto à
executada, mormente porque demonstrou que estava agindo de boa fé ao depositar
espontaneamente nos autos o valor de R$1.000,00 para compensação pelo atraso e ainda
antecipou o pagamento do acordo, quitando-o em abril/2020, quando pelos vencimentos das
parcelas acordadas seria apenas em outubro/2020”. É sabido que os acordos celebrados
pelas Partes e homologados em Juízo adquirem força de coisa julgada, devendo,
portanto, ser executados nos seus estritos termos (arts. 831, parágrafo único, da CLT,
487, III, CPC e Súmula 259 do TST). Com efeito, em que pese a jurisprudência mais
recente desta Corte tenha se posicionado no sentido de permitir a adequação do
valor da cláusula penal, quando reputada excessiva diante do conjunto probatório
dos autos, a teor do que dispõe o art. 413 do CCB, não autoriza a exclusão total da
referida penalidade quando se verificar o descumprimento parcial do acordo, por
implicar na alteração do teor das cláusulas constantes do acordo imantado pela
coisa julgada, em afronta ao artigo 5º, XXXVI, da CF. Julgados desta Corte. Assim, a
decisão recorrida, ao excluir a multa cominada à Executada, a despeito de
consignar o atraso no cumprimento da primeira parcela do acordo, foi proferida
dissonância com o atual e pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte
Superior, motivo que possibilita o processamento do recurso, para considerar
devido o pagamento da multa, adequando-a, contudo, nos termos do art. 413 do
CCB, para percentual mais condizente com os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade. TST-RR-357-64.2019.5.08.0131, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho
Delgado, julgado em 22/9/2021 – Informativo TST n.º 244.
Execução
Medidas atípicas
O artigo 139, IV, do CPC de 2015 tem aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho (IN
nº 39/2016 do TST). Sua aplicação exige cautela, porque implica em restrição ao direito
fundamental de ir e vir do executado. A medida deve ser proporcional e ter afinidade
com a obrigação do pagamento de créditos trabalhistas. É preciso garantia de que a
restrição dos direitos viabilizará de forma eficiente a probabilidade de adimplemento do
débito trabalhista, ou seja, deve estar presente relação de causa e efeito entre a
aplicação da medida coercitiva e o pagamento da dívida. TST-RO-1412-96.2017.5.09.0000,
SBDI-II, rel. Min. Delaíde Alves Miranda Arantes, 23/2/2021 – Informativo TST n.º 232.
Remição
Não é cabível mandado de segurança para impugnar decisão que rejeita o pedido
de remição de dívida apresentado pela executada após a assinatura do auto de
arrematação do bem imóvel. O direito subjetivo à remição apenas se convalida se
exercido antes da alienação dos bens penhorados (art. 926 do CPC), revelando-se
preclusos os requerimentos formulados após a assinatura do auto de arrematação,
salvo se vinculados à existência de vício processual para o próprio exercício do direito à
remição (art. 903, caput e § 1º, I, do CPC). De outro lado, a alegação de excesso de
execução deve ser deduzida nos momentos processuais adequados, seja no prazo
previsto para o contraditório contábil prévio (art. 879, § 2º, da CLT), seja naquele indicado
para ataque à sentença de liquidação (art. 884, § 3º, da CLT). Portanto, se há no
ordenamento jurídico medidas processuais idôneas para corrigir a suposta ilegalidade
apontada pela autoridade coatora, revela-se incabível a impetração de MS. TST-ROT-40-
17.2019.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 23/2/202 – Informativo TST
n.º 232.
Multas
concedeu em parte a segurança para reduzir a multa aplicada por ato atentatório ao
exercício da jurisdição para 20% do valor da causa, revertida à União. TST-RO-663-
18.2018.5.10.0000, SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Maria Helena Mallmann, 23/3/2021 –
Informativo TST n.º 234.
Exceção de pré-executividade
Penhora
81.2018.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 21/9/2021 – Informativo TST n.º
244.
A limitação da penhora em 50% (cinquenta por cento) incide sobre a totalidade dos
rendimentos auferidos pela parte executada, não se limitando a um rendimento
individualizado. TST-ROT-100051-06.2019.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre de Souza
Agra Belmonte, 9/11/2021 – Informativo TST n.º 247.
Seguro garantia
Processo Coletivo
Litispendência
O TST firmou entendimento de que, com base no art. 104 do CDC, o ajuizamento de ação
coletiva pelo sindicado de classe, na qualidade de substituto processual, não impede o
ajuizamento de ação individual idêntica pelo titular do direito material, por não haver a
identidade de partes, em seu aspecto formal, a que alude o art. 337, § 2º, do CPC, ainda
porque há expressa ressalva quanto a ausência de configuração de litispendência ou
coisa julgada, em relação a interesses individuais, na expressa dicção do artigo citado.
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Prof. Raphael Miziara
Logo, nessas hipóteses, não há litispendência ou coisa julgada. Precedentes. Ainda que
haja homologação de acordo nos autos da ação coletiva ajuizada pelo sindicato
substituto, não há configuração de litispendência ou coisa julgada, relativamente à ação
individual que vier a se proposta por empregado substituído, e, pela mesma razão,
identidade entre as partes das ações coletiva e individual. TST-RR-10159-
60.2013.5.03.0091, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em 14/4/2021
– Informativo TST n.º 235.
Dissídios coletivos
Mandado de Segurança
Não é cabível mandado de segurança para impugnar decisão que rejeita o pedido
de remição de dívida apresentado pela executada após a assinatura do auto de
arrematação do bem imóvel. O direito subjetivo à remição apenas se convalida se
exercido antes da alienação dos bens penhorados (art. 926 do CPC), revelando-se
preclusos os requerimentos formulados após a assinatura do auto de arrematação,
salvo se vinculados à existência de vício processual para o próprio exercício do direito à
remição (art. 903, caput e § 1º, I, do CPC). De outro lado, a alegação de excesso de
execução deve ser deduzida nos momentos processuais adequados, seja no prazo
previsto para o contraditório contábil prévio (art. 879, § 2º, da CLT), seja naquele indicado
para ataque à sentença de liquidação (art. 884, § 3º, da CLT). Portanto, se há no
ordenamento jurídico medidas processuais idôneas para corrigir a suposta ilegalidade
apontada pela autoridade coatora, revela-se incabível a impetração de MS. TST-ROT-40-
17.2019.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 23/2/202 – Informativo TST
n.º 232.
Ação rescisória
Não se pode, antes da citação do réu, indeferir liminarmente a petição inicial com
fundamento na inexistência de violação literal de disposição de lei na decisão
rescindenda, ante a necessidade de triangularização da relação processual. Deve ser
afastada a extinção do processo sem resolução do mérito, determinando o retorno dos
autos ao TRT, a fim de que proceda ao processamento e julgamento da ação rescisória,
conforme entender de direito. TST-RO-1544-98.2011.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde
Alves Miranda Arantes, 16/3/2021 – Informativo TST n.º 234.
O MPT possui legitimidade ativa para propor ação rescisória, com fundamento no
art. 966, III e V, do CPC, ainda que não tenha sido parte no processo originário, em
face de decisão que julgou improcedente reclamação trabalhista com fundamento em
laudo oficial fraudulento produzido por perito judicial investigado pelo Ministério Público
Federal na “Operação Hipócritas”, exceto nas hipóteses em que a reclamação
trabalhista for extinta por acordo, caso em que falece legitimidade ao MPT. Nos
termos da Súmula nº 407 do TST, a legitimidade ad causam do Ministério Público para
propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à
decisão rescindenda, não está limitada às alíneas “a” e “b” do inciso III do art. 967 do CPC
e que, na hipótese em que inúmeros trabalhadores foram criminosamente prejudicados
com a produção e utilização de laudos periciais viciados, não se pode falar em lesão a
direitos puramente individuais e disponíveis, mas, sim, de interesses transindividuais,
visto que ligados por circunstância comum que os privou de uma sentença proferida
com base no devido processo legal, cuja proteção é conferida expressamente ao MPT, a
teor dos artigos 127 da Constituição Federal e 5º, inciso I, 6º, incisos XII e XIV, alínea “a”,
e 83, inciso III, da Lei Complementar nº 75/1993. Além disso, a legitimidade do MPT
decorre também do fato de a fraude perpetrada na produção de laudos periciais oficiais
ter atingido a dignidade da Justiça do Trabalho. TST-RO-6784-24.2018.5.15.0000, rel. Min.
Maria Helena Mallmann, e TST-RO-6789-46.2018.5.15.0000, rel. Min. Alexandre de Souza Agra
Belmonte, SBDI-II, 20/4/2021. TST-RO-6784-24.2018.5.15.0000, rel. Min. Maria Helena
Mallmann, e TST-RO-6789-46.2018.5.15.0000, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte,
SBDI-II, 20/4/2021 – Informativo TST n.º 236.
ação. TST-RO-202-55.2016.5.05.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 11/5/2021 –
Informativo TST n.º 237.
Ação anulatória
Cabimento
Ação anulatória não é a via adequada para provimento de natureza condenatória, nem
pode servir para regular os efeitos financeiros de eventual nulidade de cláusula
declarada. TST-RO-1000037-04.2018.5.02.00009, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins
Filho, red. p/ o acórdão Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 22/2/2021 – Informativo TST n.º
232.
Auto de infração
Trata-se de ação anulatória ajuizada pela empresa em que postula a anulação dos autos
de infração e das multas que lhe foram impostas, por erro na capitulação da infração,
em razão dos descontos indevidos de contribuições assistenciais/confederativas de
empregados não sindicalizados. Segundo normativo interno do extinto Ministério do
Trabalho e Emprego, art. 14, V, da Portaria 854/2015, o auto de infração conterá a
capitulação do fato mediante citação expressa do dispositivo legal infringido. Do
que se depreende do acórdão regional, “o Auditor Fiscal do Trabalho durante o período da
fiscalização (início abril/2015-autuação 01/09/2015), constatou que os salários não eram
quitados integralmente até o quinto dia útil do mês subsequente ao trabalhado (a partir da
competência de abriu/2011), ante a realização indevida de descontos efetuados a título de
contribuição assistencial e confederativa de empregados não sindicalizados”. Logo, a
infração cometida pela empresa, conforme constatado pelo agente público, estava
ligada ao desconto indevido efetuado a título de contribuição assistencial e
confederativa de empregados não sindicalizados sem respectiva autorização. Tal como
reconhecido pelo TRT, “ficou evidente a inobservância, por parte da empresa autora, do
artigo 545, caput, da CLT, além do Precedente Normativo n. 119 do TST, os artigos. 5º, XX e 8º,
V, da Constituição Federal de 1988 e a Súmula Vinculante n 40 do STF”. A infração cometida
pela empresa, portanto, não tem relação com a falta de pagamento de salários no
seu devido tempo (art. 459, §1°, da CLT), mas na efetivação de descontos das
contribuições sindicais sem autorização (artigos 545, caput e 462 da CLT).
Realmente, a capitulação do auto de infração se mostra incorreta. Como as ações
da administração pública devem estar estritamente em conformidade com a lei,
sob pena de nulidade, então não se pode conferir validade ao auto de infração que
não se reporta corretamente à infração cometida. Recurso de revista conhecido por
ofensa aos arts. 5º, II e 37, caput, da CF/88 e provido. TST-RR-12774-75.2015.5.15.0137, 3ª
Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 8/9/2021 – Informativo TST
n.º 243.
Legitimidade