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Infortunística Acidentária:

Introdução:

A infortunística (de infortuna, desdito, desgraça) é o capítulo da Medicina-Legal


que cuida do acidente do trabalho e da doença profissional.

Acidente do trabalho:

É aquele que ocorre pelo exercício do labor a serviço da empresa, ou ainda


pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, permanente
ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Legal: Artigo 19 da lei 8213/91

“Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do
art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho”.

Essa lesão pode provocar a morte, perda ou redução da capacidade para o


trabalho. A lesão pode ser caracterizada apenas pela redução da função de
determinado órgão ou segmento do organismo, como os membros.

Portanto, se houver autolesão, ou seja, intenção do operário de causar dano a


si próprio, descaracterizado estará o acidente do trabalho

O artigo 132 do Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, considera acidente


de trabalho as seguintes entidades.
Doença profissional: Produzida ou desencadeada pelo exercício do labor
peculiar a determinada atividade (risco profissional específico);

Doença do trabalho: A adquirida ou desencadeada em função de condições


especiais em que o labor é executado e com ele se relaciona diretamente (risco
profissional específico agravado). E, por extensão, ainda as moléstias não
ocupacionais que permanecem assintomáticas, até que o trabalho exercido em
condições agressivas provoque o surgimento dos sintomas incapacitantes, ou
contribua para o seu desencadeamento; e a doença proveniente de
contaminação acidental de pessoal da área médica, no exercício de sua
atividade.

O acidente do trabalho é caracterizado pelos seguintes elementos: existência


de lesão corporal; incapacidade, temporária ou permanente, para o trabalho;
prova do nexo de causalidade entre o trabalho e a moléstia.

As causas dos altos índices dos acidentes do trabalho entre nós são o
sucateamento do maquinário utilizado nas empresas, o não-cumprimento das
Normas Regulamentadoras (NRs), a falta de uma fiscalização mais efetiva por
parte do Ministério do Trabalho e a ausência de uma política de
conscientização da classe trabalhadora.

As prestações relativas aos acidentes do trabalho são devidas:

I - ao empregado, exceto o doméstico

II - ao trabalhador avulso

(sindicalizado ou não, presta a diversas empresas sem vínculo empregatício,


serviço de natureza urbana ou rural, geralmente em portos. (estivador,
carregador, ensacador, empacotador, vigilante); mas também em salinas e
plantações de café e similares.

III - ao presidiário que exerce atividade remunerada

IV - ao segurado especial

(produtor, parceiro, meeiro e os arredantários rurais, pescadores artesanais e


assemelhados; filho menor de 16 anos e conjugue que trabalhem com eles).

V - ao médico-residente, de acordo com a lei n. 8.138, de 28 de Dezembro de


1990.

Obs* Não estão cobertos:

- os empregados domésticos

- os contribuintes individuais:

(segurados empresariais, trabalhadores autônomos, trabalhadores


equiparados (o eclesiástico, o brasileiro civil que trabalha no exterior; o
prestador de serviços a empresas sem relação de empregatícia).)

- contribuintes facultativos

Não são considerados acidentes do trabalho:

- a doença degenerativa;

- a inerente ao grupo etário;

- a que não produza incapacidade laborativa;

- a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se


desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato
direto determinado pela natureza do trabalho.

Conseqüências do Acidente do Trabalho:


Simples assistência médica – o segurado recebe atendimento médico e retorna
imediatamente às suas atividades profissionais;

Incapacidade temporária – o segurado fica afastado do trabalho por um


período, até que esteja apto para retornar sua atividade profissional.

Para a Previdência Social é importante dividir esse período em inferior a 15


dias e superior a 15 dias. Se superior a 15 dias é gerado um benefício
pecuniário, o auxílio doença acidentário;

Incapacidade permanente – o segurado fica incapacitado de exercer a


atividade profissional que exercia a época do acidente.

Essa incapacidade permanente pode ser total ou parcial.

Na total o segurado fica impossibilitado de trabalhar e tem direito de receber


alguns benefícios expressamente previstos em lei,como a aposentadoria por
invalidez.

Na parcial o segurado recebe uma indenização pela incapacidade sofrida, o


benefício auxílio acidente, mas é considerado apto para o desenvolvimento de
outra atividade profissional.

Óbito – o segurado falece em função do acidente do trabalho.

O trabalhador acidentado também é atingido por outros danos, como:

sofrimento físico e mental;


depressão;
dependência da família;
desemprego;
entre outros.

Por conseguinte, esses acidentes causam reflexos na própria sociedade, ao


passo que ocorre a diminuição da população economicamente ativa;socorro e
medicação de urgência; aumento de leitos nos hospitais; o que talvez possa
levar ao aumento dos impostos.

O acidente do trabalho é uma responsabilidade social, uma vez que apresenta


fatores negativos para a empresa, para o trabalhador e para a sociedade.

A garantia de estabilidade para o empregado segurado que sofreu acidente de


trabalho pelo prazo de 12 (doze) meses após a cessação do auxílio-doença
acidentário, consubstanciada no art. 118 da Lei 8.213/91;

Tipos de Culpa:
culpa contratual:

in abstrato ou objetiva: se a falta era evitável com o emprego de diligência


ou cuidados comuns.

in concreto ou subjetiva: é a mesma da pessoa sobre quem recai


responsabilidade por falta de atenção, ou por omissão involuntária na diligência
que o agente habitualmente emprega nos seus negócios.

culpa in eligendo: quando provém da falta de cautela ou previdência na


escolha de preposto ou pessoa a quem é confiada a execução de um ato ou
serviço.

culpa in vigilando: quando é ocasionada pela falta de diligência, atenção,


vigilância, fiscalização ou quaisquer outros atos de segurança do agente, no
cumprimento do dever, para evitar prejuízo a alguém.

culpa concorrente: quando empregado, empregador e prepostos agem cada


qual com a parcela de culpa.

Risco profissional: É o perigo inerente a todo o trabalho, industrial ou rural,


capaz de produzir lesão corporal, perturbação funcional, doença ou morte do
obreiro. Considera-se o acidente, nessa conceituação, como inevitável.

Risco genérico: é aquele que incide sobre todas as pessoas, indistintamente,


qualquer que seja a natureza de suas comuns atividades corporais.

Risco específico: é aquele a que está sujeito determinado obreiro por força do
mister que exerce.

Risco específico agravado: é aquele a que está sujeito o operário


determinado pelas peculiaridades do trabalho ou das condições em que este é
executado.

Lei e Indenização acidentária:

A lei acidentária é de cunho social, de caráter alimentar e de fundo protetivo,


objetivando, sempre, ressarcir o ofendido de qualquer déficit laborativo sofrido,
direta ou indiretamente, em razão do trabalho, enquanto persistir a causa
incapacitante.

A indenização acidentária, sempre mensurada e tarifada pela própria lei da


infortunística, é transacional; nela o acidentado ganha porque nada perceberia
na ausência de culpa do empregador, e, ao mesmo tempo, perde porque o
valor econômico que lhe é pago com base no déficit laborativo e no
balizamento da temporariedade ou definitividade de sua incapacitação não
guarda correspondência com o dano total sofrido.
A indenização acidentária no foro civil é mais ampla, pois obriga ao
ressarcimento por perdas e danos, lucros cessantes, se houver, danos
estéticos e moral, manutenção, troca ou substituição de próteses, despesas
médico-hospitalares e odontológicas, além dos danos materiais.
O prazo de prescrição para ajuizamento da ação de acidente do trabalho é de
cinco. anos, contados da data do evento lesivo ou do aparecimento da doença
profissional.

Para as ações de reparação de dano causado por ilícito civil o prazo é de 20


anos. Não ocorre prescrição extensiva contra os absolutamente incapazes,
menores, loucos de todo gênero, os surdos-mudos que não puderem exprimir a
sua vontade.

É obrigatório o exame necroscópico quando a morte resulta de acidente do


trabalho.

Benefícios dos segurados: Artigo 25 do decreto lei 3.048/99

1-Auxílio Doença: 92% do salário de contribuição do segurado, quando a


incapacitação for maior do que 15 dias;

2- Auxílio Acidente: é uma prestação mensal, no valor de 50% do salário do


benefício, paga a quem sofre acidente de qualquer natureza, a título de
indenização, desde que fique com sequelas (anexo III) após a consolidação
das lesões, ou cura da doença relacionada com o trabalho (arts. 39 e 104 do
Decreto).

3- Aposentadoria por invalidez

4- Salário Maternidade

5-Salário Família

6- Pensão por morte e Auxílio Reclusão aos dependentes.

Obs.

Tanto o segurado como seus dependentes podem receber serviços de


reabilitação profissional.

O auxílio doença é interrompido quando o acidentado tiver alta, ou quando for


aposentado.

O auxílio acidente é interrompido pela aposentadoria ou morte. Os empregados


domésticos não fazem jus a esse benefício.

Pecúlio:

Pagamento. Único de 75% do limite máximo do salário de contribuição, no caso


de invalidez, e de 150% no caso de morte;
Abono especial (13º salário): todo acidentado que permanecer afastado por
período superior a 6 meses, receberá 1/12 do total recebido;

Assistência médica;

Reabilitação profissional;

Próteses e órteses.

Perícia:

Três são os aspectos relevantes e concludentes exigidos no exame do


acidentado:

a)esclarecer a causa e a natureza do acidente ou da doença profissional,


concluindo pelo nexo de causa e efeito;

b)afastar as possibilidades de simulação, metassimulação e dissimulação;

c)avaliar o grau de incapacidade.

Obs*:

Empregado Reabilitado: garantia de estabilidade para o empregado


reabilitado ou deficiente habilitado até que seja contratado um substituto de
condição semelhante, consubstanciada no art. 93, § 1º da Lei 8.213/91;

Gestante: garantia de estabilidade à empregada gestante desde a confirmação


da gravidez até cinco meses após o parto, consubstanciada no art. 10, inciso II,
alínea "b" do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT da
Constituição Federal;

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