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NEXO CAUSAL - É o segundo antecedente que não pode ser estava em melhores condições de

pressuposto da responsabilidade eliminado mentalmente sem que evitar o dano e/ou de quem foi o
civil. Antes de decidir se o agente venha a ausentar-se o efeito. - ato que decisivamente influiu para
agiu ou não com culpa teremos que Crítica: Possibilita a regressão o dano. - A causa temporalmente
apurar se ele deu causa ao infinita do nexo causal. Por ela, teria mais próxima do evento nem
resultado. Seu conceito não é que indenizar a vítima de um sempre será a mais determinante,
jurídico, decorrendo das leis atropelamento não só quem dirigia caso em que deverá ser
naturais. É o vínculo, a ligação ou o carro com imprudência, mas desconsiderada, na medida em que
relação de causa e efeito entre a também quem lhe vendeu o não passa de concausa. Ex:
conduta e o resultado. - Em outras veículo, quem o fabricou, quem Locatário obrigado a mudar-se por
palavras, é o liame que une a forneceu a matéria prima, etc. - não pagar os aluguéis. Se durante a
conduta do agente ao dano, Esta é a teoria adotada pelo Código mudança este vem a perder os
permitindo concluir se a ação ou Penal, ainda que de forma mitigada seus móveis em decorrência de
omissão foi ou não a causa do dano. (art. 13 do CP). b) Da causalidade acidente causado pela imprudência
É por meio do exame da relação adequada (Von Kries): - Causa é o do motorista do caminhão que
causal que concluímos quem foi o antecedente não só necessário mas, fazia o transporte, ocorrerá, in
causador do dano; - Em síntese: É o também, adequado à produção do casu, causa superveniente que,
elemento referencial entre a resultado. Logo, nem todas as rompendo o nexo causal anterior,
conduta e o resultado, condições serão causa, mas apenas torna-se em causa direta e imediata
imprescindível em qualquer espécie aquela que for a mais apropriada a do novo dano. Por esta mesma
de responsabilidade civil. Isso produzir o evento. - Problema: lógica, o condutor de um automóvel
porque pode haver Saber qual, entre várias condições, que feriu uma pessoa não é
responsabilidade sem culpa será a adequada. Considera-se responsável pela morte dela se esta
(hipótese de responsabilidade como tal aquela que, de acordo resulta da falta do médico que lhe
objetiva), mas não responsabilidade com a experiência comum, for a assiste A causa temporalmente
sem nexo causal. - Segundo Rui mais idônea para gerar o evento. - A mais próxima do evento nem
Stoco, “a determinação do nexo ideia fundamental é a de que só há sempre será a mais determinante
causal é uma situação de fato a ser uma relação de causalidade para a produção do resultado, caso
avaliada no caso concreto (...)”. - adequada entre fato e dano quando em que deverá ser desconsiderada,
Dificuldade: O problema torna-se o ato ilícito praticado pelo agente na medida em que não passa de
complexo quando houver seja de molde a provocar o dano concausa. Por esta mesma lógica, o
causalidade múltipla, ou seja, sofrido pela vítima, segundo o curso condutor de um automóvel que
quando há várias circunstâncias normal das coisas e a experiência feriu uma pessoa não é responsável
concorrendo para o evento danoso, comum da vida. OBS: Teoria pela morte dela se esta resulta da
necessitando se precisar qual acolhida pelo Código Civil (ver art. falta do médico que lhe assiste.
dentre elas é a causa real do 403 do CC) - segundo entendimento II) Concausas: a) Definição: É outra
resultado. I) Teorias: Deve ser doutrinário majoritário o CCB causa que, juntando-se à principal,
frisado que nenhuma teoria é capaz acabou por adotar a teoria da concorre para o resultado. Ela não
de oferecer soluções prontas e causalidade adequada. Logo, em inicia nem interrompe o processo
acabadas para todos os problemas sede de responsabilidade civil, nem causal, apenas reforçando-o. - São
envolvendo o nexo causal. Entre as todas as condições que concorrem circunstâncias que concorrem para
várias teorias que surgiram para para o resultado são equivalentes, o agravamento do dano, mas que
explicar o fenômeno, duas mas somente aquela que foi a mais não têm a virtude de excluir o nexo
merecem destaque: a) Da adequada a produzir causal desencadeado pela conduta
equivalência dos antecedentes, das concretamente o resultado. Art. principal, nem de por si só, produzir
condições ou da conditio sine qua 403. Ainda que a inexecução resulte o dano. De fato, o ressarcimento do
non (Von Buri): Não faz distinção de dolo do devedor, as perdas e dano não exige, necessariamente,
entre causa (aquilo de que uma danos só incluem os prejuízos que o ato do responsável seja causa
coisa depende quanto à existência) efetivos e os lucros cessantes por única e exclusiva do prejuízo. -
e condição (o que permite à causa efeito dela direto e imediato, sem Conclusão: o dano surge da
produzir efeitos positivos ou prejuízo do disposto na lei coincidência de várias
negativos). - Se várias condições processual. - Entre duas ou mais circunstâncias e decorre, portanto,
concorrem para o mesmo circunstâncias que concretamente de causas diversas. Basta que o
resultado, todas têm o mesmo concorreram para a produção do autor seja responsável por uma
valor, todas se equivalem. - Causa é resultado, causa adequada será delas, sempre que desta provenha o
a ação ou omissão sem a qual o aquela que teve interferência dano, para que se torne obrigado a
resultado não teria ocorrido, sem decisiva. A pergunta que se faz é a repará-lo. Ex: A lesão pode ser leve,
distinção da maior ou menor seguinte: a ação ou omissão do mas acarretar graves
relevância que cada uma teve. Para presumivelmente responsável era, consequências, tendo em vista
se saber se uma determinada por si mesma, capaz de características fisiológicas especiais
condição é causa, elimina-se normalmente causar o dano? O da vítima. b) Espécies: • Concausas
mentalmente essa condição, juízo de probabilidades ou preexistentes: Não eliminam a
através de um processo hipotético. previsibilidade das consequências é relação causal, considerando-se
Se o resultado desaparecer, a feito pelo Juiz, retrospectivamente, como tais aquelas que já existiam
condição é causa. Se persistir, não o em atenção ao padrão do homem quando da conduta do agente
será. Assim, condição é todo médio. Deve-se analisar quem (antecedentes ao próprio
desencadear do nexo causal). Nesse quando as condutas de duas ou imputáveis ao devedor ou agente.
caso o agente responde pelo mais pessoas concorrem São elas: a) Fato exclusivo da vítima:
resultado mais grave, efetivamente para o evento. - Pode Segundo Sílvio Rodrigues, “a culpa
independentemente de ter ou não ocorrer em relação à mesma causa exclusiva da vítima é causa de
conhecimento da concausa – JOÃO e PAULO agridem MÁRCIO exclusão do próprio nexo causal
antecedente que agravou o dano. fisicamente – ou quando o fato porque o agente, aparente
Assim, as condições pessoais de praticado por um agente é causa causador direto do dano, é mero
saúde da vítima e/ou suas adequada do fato praticado por instrumento do acidente”. Ex: Se a
predisposições patológicas, embora outro – depois de atropelado por vítima se atira sob as rodas do
agravantes do resultado, em nada FÁBIO a vítima é deixada em via veículo dirigido por um condutor,
diminuem a responsabilidade civil pública e é novamente atropelada, não se pode falar em liame de
do agente. Ex: É irrelevante que desta vez por MÁRIO, que dirigia causalidade entre a conduta e o
uma lesão leve resulte em morte imprudentemente, vindo a falecer. dano sofrido. O veículo
por ser a vítima hemofílica; que de - A matéria se encontra tratada no atropelador foi simples
um atropelamento resultem art. 942 do CC: - Cada um dos instrumento do acidente. O
complicações por ser a vítima agentes que concorrer comportamento da vítima foi a
diabética; que a agressão física ou adequadamente para o evento é causa única e adequada do evento,
moral acarrete a morte por ser a considerado pessoalmente afastando o próprio nexo causal e
vítima cardíaca; que de pequeno causador do dano e, não apenas a culpa. - Washington
golpe resulte fratura de crânio em consequentemente, obrigado a de Barros Monteiro ensina “que o
razão da fragilidade congênita do indenizar. Caberá aquele que nexo desaparece ou se interrompe
osso frontal; etc. indenizar agir contra os coobrigados quando o procedimento da vítima é
• Concausas supervenientes ou para ressarcir-se do que por eles a causa única do evento”. - O CDC
concomitantes: -Superveniente: pagou (regras da solidariedade em seus artigos 12, §3º, III e 14,
ocorre depois do desencadeamento passiva). §3º, II inclui o fato exclusivo do
do nexo causal, concorrendo para o - Sobre a matéria deve ser consumidor entre as causas
agravamento do resultado. A causa destacado, ainda, o disposto art. exonerativas da responsabilidade
superveniente só terá relevância 934 do CC, que veda o direito de do fornecedor. b) Fato de terceiro:
quando, rompendo o nexo causal regresso em determinados casos: Na definição de Aguiar Dias,
anterior, erigir-se em causa direta e IV) Causalidade da omissão: - Sob o “terceiro é qualquer pessoa além da
imediata do novo dano (dá origem a aspecto puramente físico ou vítima e do responsável, alguém
novo nexo causal). Ex: A vítima de naturalístico, a omissão é ausência que não tem nenhuma ligação com
um atropelamento não é socorrida de comportamento. Assim, como o causador aparente do dano e o
em tempo, perde muito sangue e do nada, nada surge, em si mesmo lesado” (afasta qualquer relação de
vem a falecer (esta causa, embora a omissão não teria relevância causalidade entre a conduta do
tenha concorrido para a morte da causal. - Entretanto, sob o aspecto autor aparente e a vítima). Ex:
vítima, será irrelevante em relação normativo, o Direito impõe, em Cônjuge de um ciclista moveu ação
ao agente, porque, por si só, não determinadas situações, o dever de de indenização contra empresa de
produziu o resultado, apenas agir. Nesses casos, havendo ônibus pelo atropelamento de seu
reforçando-o). - O mesmo omissão, além de se violar um marido. Alegou-se que o ônibus,
tratamento deve ser dado à causa dever jurídico se deixa de impedir a invadindo a contramão de direção,
concomitante, que por si só ocorrência de um resultado atingiu o ciclista em sua pista.
acarrete o resultado. Ex: Durante a (permitindo que a causa opere). - O Provou-se, no curso da ação, que o
realização de um parto normal, a omitente responde pelo resultado ciclista caiu em um buraco
parturiente teve a ruptura de um não porque o causou com a sua existente em sua pista justamente
aneurisma cerebral, vindo a omissão, mas sim porque não o no momento em que o ônibus
falecer. Aneurisma cerebral é um impediu, realizando a conduta a passava em sentido contrário,
edema ou hematoma no cérebro que estava obrigado. Quando não vindo a ser atingido na cabeça pela
que não guarda nenhuma relação houver o dever jurídico de agir, a roda traseira do coletivo. O buraco
com o parto, podendo ser de omissão não terá relevância causal na pista havia sido aberto por uma
origem congênita ou decorrente da e/ou jurídica. - O dever jurídico empresa prestadora de serviços
dilatação de uma artéria, pode advir da lei, do negócio públicos. Assim, o verdadeiro
completamente imprevisível e jurídico (garante) e da conduta causador da tragédia não foi a
indetectável nos exames do pré- anterior do próprio omitente (criou empresa de ônibus, mas sim a
natal (inexistência de relação de o risco da ocorrência do resultado, prestadora de serviços públicos
causalidade entre a morte da devendo agir para impedilo). V) (que deixou o buraco aberto). - O
paciente e o 2 parto). Se não for Exclusão do nexo causal: 3 - Como fato de terceiro também foi incluído
assim, não isenta a ninguém pode responder por um pelo Código de Defesa do
responsabilidade civil, haja vista resultado a que não tenha dado Consumidor entre as causas de
que apenas reforçou a produção do causa, ganham destaque no campo exclusão da responsabilidade do
resultado. da responsabilidade civil as causas fornecedor/prestador (artigos 12,
III) Coparticipação. Solidariedade: - de exclusão do nexo causal. - §3º, III e 14, §3º, II). c) Caso fortuito
Tal qual no Direito Penal, no Direito Causas de exclusão do nexo causal e força maior: - Previsão legal: art.
Civil pode ter lugar a figura do podem ser definidas como casos de 393 do CCB- Fala-se em caso
concurso de agentes ou impossibilidade superveniente do fortuito ou de força maior quando
coparticipação, que se verifica cumprimento da obrigação não se trata de acontecimento que
escapa a toda diligência, vítima (conjunto de relações - Evolução doutrinária: • Fase da
inteiramente estranho à vontade do jurídicas de uma pessoa apreciáveis irreparabilidade: Negava-se a
devedor da obrigação. economicamente). Pode atingir não ressarcibilidade sob o fundamento
- Distinção: Estaremos diante do somente o patrimônio presente da de ser ele inestimável, chegando-se
caso fortuito quando se tratar de vítima, como, também, o futuro, mesmo ao extremo de considerar
evento imprevisível e, por isso, isto é, pode não somente provocar imoral estabelecer um preço para a
inevitável. Se o evento for a sua diminuição, mas também dor (superado pelo disposto no art.
inevitável, ainda que previsível, por impedir o seu aumento.- 5º, incisos V e X, da CRFB); •
se tratar de fato superior às forças Subdivisões:• Dano emergente: Inacumulabilidade do dano moral e
do agente, como normalmente são Efetiva e imediata diminuição no material: Numa segunda fase,
os fatos da natureza (v.g. patrimônio da vítima em razão do passou-se a admitir o ressarcimento
tempestades, enchentes, ato ilícito (ver art. 402 do CC). A do dano moral, desde que
maremotos, terremotos, etc.), indenização, nesse caso, haverá de autonomamente, isto é, não
estaremos diante de força maior. É ser suficiente para a restitutio in cumulado com o dano material
o “act of God”, em relação ao qual o integrum. (atualmente a matéria foi pacificada
agente nada pode fazer para evitá- • Lucro cessante: Consiste na perda pela Súmula n.º 37 do STJ);
lo, ainda que previsível. do ganho esperável, na frustração • Reparabilidade do dano material,
- O CCB, no artigo 393, da expectativa de lucro, na moral e estético. - Configuração do
praticamente os considera diminuição potencial do patrimônio dano moral: Só deve ser reputado
sinônimos, submetendo-os ao da vítima. Decorre não somente da como dano moral a dor, vexame,
mesmo tratamento legal. De fato, paralisação da atividade lucrativa sofrimento ou humilhação que,
ambos excluem o nexo causal por ou produtiva da vítima, como, fugindo à normalidade, interfira
constituírem causa estranha à também, da frustração daquilo que intensamente no comportamento
conduta do agente, ensejadora era razoavelmente esperado (o art. psicológico do indivíduo, causando-
direta do evento. 402 do CC consagrou o princípio da lhe aflições, angústia e desequilíbrio
- OBS: A jurisprudência tem razoabilidade na sua estipulação). em seu bem estar. Mero dissabor,
entendido que o defeito mecânico Ex: A jurisprudência, ao aborrecimento, mágoa, irritação ou
em veículo, salvo em caso estabelecer a indenização devida sensibilidade exacerbada estão fora
excepcional de total pela morte da vítima, o faz com da órbita do dano moral. -
imprevisibilidade, não caracteriza o base nos seus ganhos durante sua Inexistência de dano moral por fato
caso fortuito, por ser possível sobrevida provável. praticado no exercício regular de
prevê-lo e evitá-lo através de OBS: A doutrina francesa fala ainda direito: De igual forma, aqui não
periódica e adequada manutenção. na perda de uma chance (teoria da temos fato gerador de dano moral.
O mesmo entendimento perda de uma chance), nos casos Ex: Revista de passageiros nos
tem sido adotado no caso de em que o ato ilícito tira da vítima a aeroportos; exame das malas e
derrapagem em dia de chuva. Além oportunidade de se obter uma bagagens na alfândega; o protesto
de previsível, pode ser evitada pelo situação futura melhor. Ex: do título por falta de pagamento,
cuidadoso dirigir do motorista. Progredir na carreira artística, no etc.
trabalho, arrumar um novo - Prova do dano moral: O dano
emprego, deixar de ganhar uma moral está ínsito na própria ofensa,
DANO causa pela falha do advogado, etc. decorrendo da gravidade do ilícito
a) Ideia geral: Pode haver Nesse caso, é preciso que se trate em si. Se a ofensa é grave e de
responsabilidade sem culpa, mas de uma chance real e séria, que repercussão, está apta a justificar a
não pode haver responsabilidade proporcione ao lesado efetivas concessão de uma satisfação de
sem dano. Assim, sem dano não condições pessoais de concorrer à ordem pecuniária ao lesado (dano
haverá o que reparar, ainda que a situação futura esperada. moral in re ipsa, isto é, que deriva
conduta tenha sido culposa ou até b.2) Dano moral: do próprio fato ofensivo, de tal
dolosa. - Somente haverá - O direito subjetivo constitucional à modo que, provada a ofensa está
possibilidade de indenização se o dignidade (art. 1º, III, CRFB): é a demonstrado o dano moral, à guisa
ato ilícito ocasionar dano. O dano é base de todos os valores morais e de uma presunção natural). Ex:
não somente o fato constitutivo, essência de todos os direitos Provada a perda de um filho ou
mas, também, determinante do personalíssimos. mesmo de outro ente querido, não
dever de indenizar. - Conceito: há que se exigir a prova do
- Conceito: Subtração ou diminuição • Em sentido estrito: É a violação do sofrimento; provado que a vítima
de um bem jurídico, qualquer que direito à dignidade da pessoa teve o seu nome aviltado, ou sua
seja a sua natureza, quer se trate de humana. imagem vilipendiada, nada mais
um bem patrimonial, quer se trate • Em sentido amplo: Envolve os ser-lhe á exigido provar.
de um bem integrante da própria diversos graus de violação dos - Legitimação para pleitear o dano
personalidade da vítima (lesão a um direitos da personalidade, moral: - Cabe em regra a própria
bem jurídico, tanto patrimonial abrangendo às ofensas à pessoa, pessoa ofendida. - Entretanto,
como moral). considerada esta em suas poderá um parente pleitear, em
b) Espécies: dimensões individual e social, ainda nome próprio, indenização pelo
b.1) Dano patrimonial: que sua dignidade não seja dano (material e moral) decorrente
- Também chamado de dano arranhada (projeções físicas e da morte de um familiar (dano
material ou concreto, atinge os psíquicas da personalidade reflexo ou ricochete)? Haveria
bens integrantes do patrimônio da humana). alguma limitação, nesse caso? A
regra do art. 948, II, do CC, embora ainda não atingiu a idade de distintos (rosto, olhos, perfil, busto,
pertinente ao dano material, pode trabalho, não lhes acarretava etc.) que a individualizam no seio da
ser aplicada analogicamente para nenhum dano patrimonial. • coletividade. - Incidência: Sobre a
limitar a indenização por dano Posteriormente: Os Tribunais conformação física da pessoa,
material e moral àqueles que passaram a conceder indenização compreendendo esse direito um
estavam em estreita relação com a aos pais pela morte de filho menor conjunto de caracteres que a
vítima, como o cônjuge ainda quando não trabalhava ou de identificam no meio social. É o
companheiros, filhos e pais. tenra idade, mas a título de dano conjunto de traços e caracteres que
- A questão da transmissibilidade do patrimonial (fundamento: o menor distinguem e individualizam uma
dano moral. Aspectos relevantes: I) representava um valor econômico pessoa no meio social. - Principal
Quando alguém é ofendido potencial e os pais teriam sido característica: Embora revestida de
moralmente em vida e ajuíza a frustrados na expectativa de que o todas as características comuns aos
pretensão compensatória: tal qual filho lhes desse amparo econômico direitos da personalidade, a imagem
ocorre em relação ao dano e alimentar no futuro). • destaca-se das demais pelo aspecto
patrimonial, vindo o autor a falecer Modernamente: Passou-se a da disponibilidade. 5 - Uso indevido
no curso da demanda e sendo esta conceder indenização aos pais pela da imagem alheia: Ensejará dano
vitoriosa, o crédito daí decorrente morte de filho menor, mas só a patrimonial sempre que for ela
fará parte da herança do ofendido título de dano moral. b.3) Dano explorada comercialmente sem a
(art. 943 do CCB). II) Não tendo sido estético: - Nasceu ligado às autorização ou participação de seu
ajuizada a ação reparatória: o deformidades físicas que provocam titular no ganho através dela
conteúdo patrimonial da ofensa aleijão e repugnância. Aos poucos obtido, ou, ainda, quando a sua
moral à personalidade do falecido passou-se a admitir o dano estético indevida exploração lhe acarretar
transfere-se aos seus sucessores, também nos casos de marcas e algum prejuízo econômico. Ex:
como crédito do espólio (direito outros defeitos físicos que causem à Perda de um contrato de
eminentemente obrigacional – art. vítima desgosto ou complexo de publicidade. - Dará lugar ao dano
943 do CPC). Transfere-se o direito inferioridade, transformando a sua moral se a imagem for utilizada de
à indenização por dano moral e não aparência física. Atualmente já se forma humilhante, vexatória,
o próprio dano moral (carecerá de admite a sua incidência em lesões desrespeitosa, acarretando dor,
prova de sua ocorrência). Nesse 2 que causem diminuição ou vergonha e sofrimento ao seu
caso os sucessores ingressam com a alteração dos sentidos, sem titular, como, por exemplo, exibir
ação por ato ilícito cometido contra qualquer reflexo exterior aparente. na TV a imagem de uma mulher
o falecido, e não em nome próprio. Ex: Cicatriz no rosto, lesão que despida sem a sua autorização.
- Na parte geral temos ainda o deixa a pessoa mancando, sinistro b.5) Uso da imagem de pessoa
disposto nos artigos 12 e 20 do CCB, que modifique sua voz, cause falecida: - É transmissível o direito a
que tratam de medidas interferência na acuidade visual ou imagem? Para responder à questão
acautelatórias e/ou reparatórias em perda da audição, etc. - Elementos: deve-se distinguir
face daqueles que venham a Transformação na aparência ou transmissibilidade da imagem da
ofender a memória do falecido (a modificação nos sentidos, transmissão dos seus efeitos
projeção da personalidade se irreparabilidade (permanência) e patrimoniais e morais. - A imagem,
espraia para além da vida, sofrimento moral. -Controvérsia: como os demais bens
merecendo proteção jurídica). - Seria o dano estético uma terceira personalíssimos, extingue-se com a
Arbitramento do dano moral: • espécie de dano, ao lado do dano morte, o que a torna física e
Uma das objeções que se fazia à material e moral, ou apenas um juridicamente intransmissível. -
reparabilidade do dano moral era a aspecto deste último? - A Entretanto, a imagem, dependendo
dificuldade para se apurar o valor jurisprudência do STJ inicialmente da notoriedade do seu titular, pode
desse dano. • A discricionariedade firmou-se no sentido da produzir e projetar efeitos jurídicos
do juiz, já ampla na inacumulabilidade entre o dano para além da morte, afetando os
responsabilidade extracontratual ou moral e o dano estético. sucessores do de cujus. Os efeitos
aquiliana, avoluma-se Posteriormente, prevaleceu o econômicos daí decorrentes
consideravelmente na hora da entendimento de que o dano incorporam-se ao patrimônio dos
fixação do dano moral. A estético é algo distinto do dano herdeiros do falecido e só por eles
condenação em dinheiro é mero moral, correspondendo o primeiro a podem ser comercialmente
lenitivo para a dor, sendo mais uma uma alteração morfológica de explorados. O mesmo pode ocorrer
satisfação do que uma reparação formação corporal que agride à quanto aos efeitos morais. Ex: Filme
propriamente dita. Ver art. 5º, X, visão, causando desagrado e da história do “Garrincha”. - Valor
CF; • Meio tradicionalmente repulsa (via de regra exterior); e o da indenização pelo uso indevido
utilizado pelo legislador para segundo ao sofrimento mental, isto da imagem. Regra: A indenização
quantificar o dano moral: é, do da alma, aflição e angústia a deve corresponder à quantia que a
Arbitramento (arts. 950, parágrafo que a vítima é submetida (interior). pessoa receberia se tivesse
único, e 953, parágrafo único, b.4) Dano à imagem: - Tutela legal: autorizado a publicação, mais um
ambos do CCB). - Indenização pela Vide art. 20 do CCB. - Conceito: percentual pela ausência de
morte de filho menor: • Atributo da pessoa física, autorização, apurado em liquidação
Inicialmente se entendia incabível desdobramento do direito da por arbitramento. - Ponderação de
qualquer indenização aos pais, salvo personalidade. Consiste no direito direitos. Eficácia horizontal dos
despesas com luto e funeral, que a pessoa tem sobre a sua forma direitos fundamentais: Liberdade de
porque a morte do filho menor, que plástica e respectivos componentes informação (arts. 5º, IX, e 220, §§ 1º
e 2º da CF) versus inviolabilidade da não será razoável o pensionamento
vida privada (art. 5º, X, CF): • Dois integral, sob pena de ocorrer o
são os componentes da liberdade enriquecimento sem causa. -
de informação jornalística: o direito Correção monetária (art. 395 do
de livre pesquisa e divulgação e o CCB): • Se a pensão é fixada em
direito da coletividade de receber salário mínimo, não haverá o que
notícias que correspondam a uma corrigir (a pensão estará
realidade fática; • Entretanto, por automaticamente corrigida sempre
estar o direito de livre pesquisa e que o salário for corrigido). • No
publicidade constitucionalmente tocante as demais parcelas
condicionado à inviolabilidade da pleiteadas em quantia fixa (danos
intimidade, da vida privada, da materiais), deverão ser corrigidas
honra e da imagem, sempre que o com base no entendimento
primeiro extrapolar os seus limites, consagrado na Súmula 43 do STJ:
quer por sensacionalismo, quer por “Incide correção monetária sobre
falta de cuidado, surgirá o dever de dívida por ato ilícito a partir da data CULPA LATO SENSU I) A culpa lato
indenizar. O que não se pode do efetivo prejuízo”. Em se tratando sensu. Dolo e culpa nas perspectivas
admitir é a censura prévia de dano moral, o termo inicial da do direito civil e do direito penal: -
particular. Liquidação do dano: • correção monetária é a data do Não basta a imputabilidade do
Regra geral: art. 944 do CCB. •Em arbitramento (Súmula 362 do STJ). agente para que o ato possa lhe ser
caso de morte da vítima: A • Em caso de responsabilidade imputado. Na responsabilidade
indenização consiste no pagamento contratual: A correção monetária subjetiva se exige, ainda, o
das despesas com tratamento, deve incidir da data do efetivo elemento culpa. - Tanto no dolo
funeral e luto da família (danos prejuízo, ou seja, em que deveria como na culpa há conduta
emergentes), bem como prestação ter sido cumprida a obrigação. • A voluntária do agente. Entretanto,
de pensão às pessoas a quem o de correção monetária é o reajuste do no dolo a conduta já nasce ilícita.
cujus devia alimentos (lucro valor nominal da moeda, razão pela Na culpa, a conduta nasce lícita,
cessante), nos termos do art. 948 qual é sempre devida, tornando-se ilícita na medida em
do CCB. independentemente de pedido, que se desvia dos padrões
• A pensão deverá ser fixada com para se evitar o enriquecimento socialmente adequados. - Deve ser
base nos ganhos da vítima, sem causa. 8 - Juros moratórios: • frisado que não há grande utilidade
devidamente comprovados, e Tratando-se de obrigação positiva e prática na distinção entre dolo e
durante a sua sobrevida provável líquida, contam-se os juros de mora culpa no direito civil, uma vez que o
(em torno de 76 anos em média a partir do vencimento ou termo, agente responde igualmente pelas
pelos últimos dados do IBGE, consoante dispõe o art. 397 do CCB consequências da sua conduta. Isso
variando em se tratando de pessoa (mora ex re); • Sendo ilíquida a porque a função da indenização é
do sexo masculino feminino). Se a obrigação, contam-se os juros reparar os danos sofridos pelo
vítima não tinha ganho fixo, ou não desde a interpelação prévia (judicial lesado, não de punição ou sanção
foi possível prová-lo, a pensão ou extrajudicial) ou da citação da conduta, como ocorre na
deverá ser fixada com base em um inicial, nos termos do parágrafo responsabilidade penal. - No crime
salário mínimo (vide ainda Súmula único do art. 397 e do art. 405 do a regra é a punição a título de dolo.
490 do STF). • No caso de sofrer a CCB (mora ex persona); • Tratando- Condutas culposas são sancionáveis
vítima ferimento ou ofensa à saúde se de obrigação proveniente de ato apenas excepcionalmente, nas
que lhe acarrete temporária ou ilícito temos a regra do art. 398, que hipóteses expressamente previstas
permanente redução da capacidade manda computar os juros desde o na lei penal e, via de regra, com
laborativa (arts. 949 e 950 do CCB): evento lesivo. • Art. 406 do CCB. A penas muito mais brandas
A indenização consistirá, além dos taxa de juros moratórios a que se (detenção, multa, etc.). - No cível a
danos emergentes (despesas de refere o art. 406 é a do art. 161, § indenização é proporcional ao
tratamento), em lucros cessantes 1º, do Código Tributário Nacional, prejuízo sofrido pela vítima,
até o fim da incapacidade, se ou seja, 1% ao mês. • Súmula 254 independendo a princípio se houve
temporária, ou, se permanente, do STF: “Incluem-se juros dolo ou culpa, eis que o objetivo da
durante toda a sua sobrevida. moratórios na liquidação, embora indenização é reparar o dano o mais
- Inabilitação da vítima para a omisso o pedido inicial ou a completamente possível. - Com
profissão que exercia, mas não para condenação”. - A prova do dano: O isso, é possível que o agente na
outra: • O art. 950 do CCB tratou dano deve ser provado por quem o esfera penal sofra pena muito
unicamente da impossibilidade do alega (esta é a regra geral, que só maior pela prática de um crime
exercício da profissão ou ofício que admite exceção nos casos previsto doloso, cujo resultado não foi grave,
exercia o ofendido antes do em lei, como a cláusula penal e o do que por um crime culposo de
acidente. Não levou em contra a CDC). resultado gravíssimo. Ex: Tentativa
possibilidade de exercer ele outra branca de homicídio qualificado,
profissão ou atividade compatível efetivada com vários disparos de
com o defeito que o inabilitou para arma de fogo. Nesse caso a pena
o serviço que fazia anteriormente. • será maior do que a atribuível
Se isso ocorrer, sem sacrifício aquele que atropelou culposamente
inexigível, constrangimento e alguém, matando-o ou deixando
humilhação para a vítima do dano, com sérias sequelas. - No cível a
situação será inversa. A indenização determinada atividade deve se porém, o resultado daí advindo.
pelo atropelamento terá valor abster da prática dos atos que Quer a causa, mas não o efeito); •
superior à devida pela tentativa de escapam ao círculo de suas aptidões b) Previsão ou previsibilidade
homicídio, se for indenizável (diante naturais, ou reforçar a diligência (embora involuntário, o resultado
das características do caso), porque para suprir suas deficiências. Ex: não poderá ser previsto pelo
o juiz levará em consideração a motorista que tem deficiência visual agente. Previsto é o resultado que
gravidade do dano sofrido pela ou auditiva, médico que não foi representado, mentalmente
vítima. - A culpa civil abrange não ostenta determinada especialidade, antevisto. Não sendo previsto, o
somente o dolo, mas também os etc. - Em síntese: a inobservância do resultado terá que, pelo menos, ser
atos ou condutas eivadas de dever de cuidado torna a conduta previsível. Poderia ter sido previsto
negligência, imprudência ou culposa. A culpa é, em essência, e, consequentemente, evitado. Não
imperícia (quase delito). De uma conduta deficiente, quer havendo previsão ou previsibilidade
qualquer forma, a indenização deve decorrente de uma deficiência da estaremos fora dos limites da culpa,
ser sempre balizada pelo efetivo vontade, quer de inaptidões ou no terreno do caso fortuito e da
prejuízo. - Dolo: Vontade deficiências próprias ou naturais. força maior); 3 OBS: Na culpa
conscientemente dirigida à Exprime um juízo de consciente – que se aproxima do
produção de um resultado ilícito. É reprovabilidade sobre a conduta do dolo, mas que com ele não se
a infração consciente do dever agente, por ter violado o dever de confunde – o agente até é capaz de
preexistente, ou o propósito de cuidado quando, em face das prever o resultado, mas acredita
causar dano a outrem (Caio Mário circunstâncias específicas do caso, sinceramente que ele não ocorrerá.
da Silva Pereira). Ou ainda, o dolo devia e podia ter agido de outro OBS2: Há 2 (dois) critérios de
se caracteriza pela ação ou omissão modo (Sérgio Cavalieri Filho). - Erro aferição da previsibilidade: o
do agente que, antevendo o dano de conduta: Deve ser destacado, objetivo e o subjetivo. O primeiro
que sua atividade vai causar, ainda, que não importa a intenção tem em vista o homem médio,
deliberadamente prossegue, com o do agente, que normalmente é diligente e cauteloso. Previsível é
propósito, mesmo, de alcançar o lícita, mas o modo e a forma um resultado quando a antecipação
resultado danoso (Sílvio Rodrigues). imprópria de atuar. Há na culpa de seu advento pode ser exigido do
- Elementos: • representação do uma conduta mal dirigida a um fim indivíduo de atenção e diligência
resultado (previsão mental do lícito (conduta inadequada aos ordinárias. Pelo critério subjetivo a
resultado); • consciência da sua padrões sociais), isto é, um erro de previsibilidade deve ser aferida
ilicitude (está consciente de que age conduta. - Quanto mais perigosa a tendo em vista as condições
de forma contrária ao dever atividade, maior será o cuidado que pessoais do sujeito, como idade,
jurídico, embora lhe seja possível se exigirá do agente. De qualquer sexo, grau de instrução, formação
agir de forma diferente). - A culpa forma, o fundamento da culpa é a profissional, etc. • c) Falta de
tem por essência o violação de uma norma de conduta cuidado, cautela, diligência ou
descumprimento de um dever de por falta de cuidado: geral, quando atenção: (Se o resultado era pelo
cuidado, que o agente podia contida na lei; particular, quando menos previsível, por que o agente
conhecer e observar (omissão de decorre do contrato. Mas sempre não o evitou? A resposta é simples.
diligência exigível). A dificuldade, por falta de cautela. - O art. 186 do Porque faltou com a cautela devida,
nesse caso, reside na caracterização CCB, inobstante, não fala em violando o dever de cuidado a que
precisa da infração desse dever ou “violação da lei”, mas sim em estava adstrito. Por isso a falta de
diligência, tarefa nem sempre fácil. “violação de direito”. Isso quer dizer cautela, atenção, diligência ou
2 - Segundo Aguiar Dias “culpa é a que inexistindo normas legais ou cuidado será sempre a essência da
falta de diligência na observância da regulamentares específicas, o culpa. Ausentes tais condições, não
norma de conduta, isto é, o conteúdo do dever objetivo de se pode imputar o fato ao agente a
desprezo, por parte do agente, do cuidado será determinado pelo que título de culpa, sob pena de se
esforço necessário para observá-la, ordinariamente acontece consagrar responsabilidade
com resultado não objetivado, mas (comparação do fato concreto com objetiva). - Imprudência, negligência
previsível, desde que o agente se o comportamento que teria e imperícia: A falta de cautela
detivesse na consideração das adotado, no lugar do agente, um exterioriza-se através da
consequências eventuais de sua homem comum, capaz e prudente. imprudência, da negligência e da
atitude”. - Dever de cuidado: Ao Aquilo que os romanos imperícia. Estes são seus elementos
praticar os atos da vida civil, mesmo denominavam de conduta do bonus ou formas de sua exteriorização. •
que lícitos, o agente deve observar pater famílias – comportamento do Imprudência: É a falta de cautela ou
a cautela necessária para que seu homem médio). - Culpa. Conceito: cuidado por conduta comissiva
atuar não resulte lesão a bens “Conduta voluntária contrária ao (ação). Ex: aquele que dirige com
jurídicos alheios. A essa cautela ou dever de cuidado imposto pelo excesso de velocidade, na
diligência se denomina “dever de Direito, com a produção de um contramão de direção, que avança
cuidado objetivo”. - O padrão que evento danoso involuntário, porém o sinal, etc. • Negligência: É a falta
se toma para apreciar a conduta do previsto ou previsível” (ver Sérgio de cuidado por conduta omissiva
agente não é só a do homem Cavalieri Filho). - Elementos: • a) (omissão). Ex: Quando o veículo não
diligente, cuidadoso e zeloso, mas Conduta voluntária com resultado está em condições de trafegar por
também do homem medianamente involuntário (na culpa não há falta de manutenção no sistema de
sensato, avisado, razoável e capaz. intenção, mas há vontade; não há freios, pneus, etc. O médico que
Quem não tem capacidade física, conduta intencional, mas tencional. não toma os devidos cuidados ao
intelectual ou técnica para exercer O agente quer a conduta, não, fazer uma cirurgia, ensejando a
infecção do paciente, ou que responsabilidade do agente. grau de culpabilidade dos
esquece dentro de seu abdômen Também se aplicava aos pais, que coautores. Vide, sobre o tema, o
uma pinça ou outro instrumento eram responsáveis por atos de art. 945 do CC, verbis:
cirúrgico. • Imperícia: É a falta de filhos menores, que estivessem sob
habilidade no exercício de atividade seu poder e companhia. • Culpa in
técnica, caso em que se exige maior custodiando: Caracterizava-se pela
cuidado ou cautela do agente. Ex: falta de atenção em relação a
motorista que não tem CNH ou que animal ou coisa que estavam sob os
não dispõe de CNH para conduzir cuidados do agente. 5 - Sua
determinada espécie de veículo, alocação no novo Código Civil: Estas
como caminhão, ônibus, moto; erro modalidades de culpa estão em
médico grosseiro, etc. - A extinção eis que o CC de 2002, em
indenização e o novo Código Civil: “ seu art. 933, estabeleceu
Art. 944 - A indenização mede-se responsabilidade objetiva para tais
pela extensão do dano. Parágrafo casos, e não mais responsabilidade
único: Se houver excessiva com culpa presumida, como era no
desproporção entre a gravidade da Código anterior. • Culpa presumida
culpa e o dano, poderá o juiz e culpa contra a legalidade: A culpa
reduzir, equitativamente, a presumida foi um dos estágios na
indenização” OBS: O dispositivo longa evolução do sistema da
somente fala na culpa. Logo, responsabilidade subjetiva ao da
quando a responsabilidade fundar- responsabilidade objetiva. No caso
se no dolo, o montante da da culpa presumida há inversão do
indenização terá que corresponder ônus probatório, cabendo ao
sempre ao valor do dano. - Espécies demandado (a quem se imputa o
de culpa: A doutrina tradicional cometimento do dano) comprovar
triparte a culpa em três graus: a) que não agiu com culpa. As
GRAVE – Se manifesta quando o situações de culpa presumida foram
agente atua com grosseira falta de quase todas substituídas por casos
cautela (descuido injustificável ao de responsabilidade objetiva no CC
homem normal). É a culpa com 02. Há culpa contra a legalidade
previsão do resultado, também quando o dever violado resulta de
chamada culpa consciente, que se texto expresso de lei ou de
avizinha do dolo eventual no Direito regulamento. Ex: dever de
Penal; b) LEVE – Ocorre quando a obediência aos regulamentos de
falta poderia ser evitada com trânsito, dever de obediência a
atenção ordinária (cuidado próprio certas regras técnicas no
do homem comum – bonus pater desempenho de profissões ou
familias); 4 c) LEVÍSSIMA – atividades regulamentadas. É o
caracteriza-se pela falta de atenção que ocorre em colisão de veículos,
extraordinária, pela ausência de no caso do condutor não observar
habilidade especial ou a precedência de passagem de
conhecimento singular. - quem trafega pela via preferencial.
Diferentemente do direito penal, o Aqui agirá este com culpa contra a RESPONSABILIDADE PELO FATO DE
Código Civil equipara a culpa ao legalidade. OBS: Na hipótese de OUTREM
dolo para fins de reparação do culpa contra a legalidade a mera IV) Responsabilidade dos
dano, não fazendo distinção entre infração da norma regulamentar é estabelecimentos de ensino, hotéis
os graus de culpa. Ainda que fator determinante da e similares (Art. 932, inciso IV do
levíssima, a culpa obriga a responsabilidade civil. Cria-se, em CCB): Este dispositivo contempla 2
indenizar, medindo-se a desfavor do agente, uma presunção (duas) situações distintas: a
indenização não pela gravidade da de ter agido culpavelmente. • Culpa responsabilidade dos
culpa, mas pela extensão do dano. - concorrente: Ocorre quando, estabelecimentos que menciona
Outras modalidades de culpa paralelamente à conduta do agente pelos danos causados por seus
também devem ser lembradas: • causador do dano, há também uma empregados aos hóspedes e
Culpa contratual e extracontratual: conduta culposa da vítima, de modo educandos e a responsabilidade
Distinguem-se levando em que o evento danoso decorre do desses mesmos estabelecimentos
consideração o dever jurídico comportamento de ambos pelos atos ilícitos praticados por
violado (lei ou preceito geral de (concorrência de causas ou de seus hóspedes ou educandos a
direito e negócio jurídico) • Culpa in responsabilidades). A doutrina e a terceiros. • No primeiro caso a
eligendo: Derivada da má escolha jurisprudência recomendam dividir responsabilidade indireta dos donos
do representante ou do preposto a indenização não necessariamente de hotéis, hospedarias e colégios
(Súmula 341 do STF). • Culpa in pela metade, mas ficou esvaziada, aplicando-se hoje o
vigilando: Decorria da falta de proporcionalmente ao grau de artigo 14 do CDC (os
atenção ou cuidado com o culpabilidade de cada um dos estabelecimentos são todos
procedimento de outrem que envolvidos. Em partes iguais apenas fornecedores de serviços,
estava sob a guarda ou quando não for possível provar o respondendo objetivamente pelo
fato do serviço). Só lhes é possível com a mulher do ladrão poderão roubo de veículos.
afastar o dever de indenizar nas ser recuperadas. Não poderá ser Responsabilidade do proprietário:
hipóteses constantes do §3º do art. acionada a mulher e/ou os filhos Nessas hipóteses o proprietário do
14 (inexistência do defeito, fato dele pelo fato de terem sido veículo subtraído responde pelo
exclusivo da vítima e fato de sustentados com o proveito do acidente causado pelo ladrão?
terceiro). Idêntica ilação se extrai da crime (situação de inexigibilidade Considerando que furto e roubo se
aplicabilidade da regra do parágrafo de conduta diversa). consumam com a interversão da
único do art. 927 do CCB RESPONSABILIDADE PELO FATO posse, se conclui que o ladrão não é
(responsabilidade direta pelo fato DAS COISAS • Caracterização do mero detentor, mas sim possuidor
do serviço e não mais pelo fato do problema: A vida moderna colocou (ainda que sua posse seja viciada
preposto). A atuação do empregado à nossa disposição um grande pela precariedade, pela
ou preposto passa a integrar a número de coisas que nos trazem clandestinidade ou pela violência, e
atividade da própria empresa. • Os comodidade, conforto e bem-estar que seja de má-fé). Portanto, o
avisos afixados na recepção e em mas que, por serem perigosas, são proprietário perdeu o poder de
outros locais ostensivos no sentido capazes de acarretar danos aos direção ou de comando sobre a
de que não se responsabilizam por outros. 2 • Assim, se a lesão a coisa – perda da guarda. • OBS: A
eventuais danos pessoais sofridos direito de outrem ocorre através de jurisprudência tem admitido a
por seus hóspedes, nem em relação uma coisa de que se tem a guarda responsabilidade do proprietário
aos seus valores e bagagens não ou controle, haverá o surgimento (hipótese de furto) somente
produzem quaisquer efeitos (tidos do dever de reparar o dano. quando a perda da condição de
como cláusula de não indenizar Entretanto, só se deve falar em guarda resulta de ato imprudente
uma vez que estabelecidas responsabilidade pelo fato da coisa ou negligente de sua parte. Ex:
unilateralmente – art. 51, I do CDC quando ela dá causa ao evento sem deixar o automóvel em via pública
– portanto nulos de pleno direito). • a conduta direta do dono ou de seu com as portas abertas e as chaves
No segundo caso (responsabilidade preposto (caso de responsabilidade na ignição. Também quando
dos estabelecimentos pelos danos por fato próprio). Ex: explosão de entregue a quem não tenha CNH e
causados por hóspedes e um transformador de energia a quem esteja sob o efeito de
educandos a terceiros), o preceito é elétrica; o mau funcionamento de álcool ou substância psicotrópica,
restrito ao período em que um elevador; a escada rolante que casos em que o dono deverá
estiverem sob a vigilância do prende a mão ou pé de uma responder pela falta de vigilância. •
hospedeiro, compreendendo pessoa; o automóvel abandonado Automóvel emprestado: Muito
apenas o que ocorre no interior do na via pública sem sinalização ou embora o comodatário não seja
estabelecimento ou em seus sem estar devidamente travado. • preposto do comodante, porque
domínios, mediante prova da Noção de guarda: Será responsável dele não recebe ordens, nem lhe
ocorrência de culpa (dos hóspedes pelo fato da coisa aquele que tem deve obediência, só devendo
e educandos). Ex. extraído da relação com a mesma, ou seja, que responder quando ficasse
jurisprudência: alunos de um tem certo poder sobre ela comprovado que foi negligente ou
colégio que danificaram o elevador (guardião). • Quem será imprudente ao confiar o veículo a
do edifício onde funcionava o considerado juridicamente guardião quem não tinha condições de
estabelecimento de ensino. A da coisa: Guardião é aquele que dirigir, o STJ firmou o entendimento
responsabilidade é do colégio, pois tem a direção intelectual da coisa, “de que há responsabilidade
faltou com o dever de vigilância, que se define como o poder de dar solidária entre o proprietário do
sendo discutível apenas o ordens, poder de comando, esteja veículo emprestado e aquele que o
cabimento ou não de ação de ou não em contato material com ela dirigia no momento do acidente”. •
regresso contra os pais. V) (na lição de Caio Mário da Silva Responsabilidade objetiva ou com
Participação gratuita no produto de Pereira). Guardar a coisa implica, na culpa presumida: O CC 02 embora
crime (Art. 932, inciso V do CCB): O visão de Sérgio Cavalieri, “na cogite dos danos derivados de
dispositivo não se refere aos obrigação de impedir que ela animais e da ruína de edifícios não
coautores uma vez que estes estão escape ao controle humano”. • Para contém preceito específico
incluídos no artigo 942 do CCB. A se estabelecer a responsabilidade responsabilizando alguém pelo
rigor os que houverem participado pelo fato da coisa cumpre verificar dano causado a outrem por coisas
gratuitamente no produto do crime quem tinha o efetivo poder de que estão sob sua guarda. Assim,
não terão que indenizar, mas comando ou direção sobre ela no temos que nos valer da mesma
estarão obrigados a devolver a momento em que provocou o dano, regra adotada nos arts. 936, 937 e
quantia ou o valor correspondente não importando quem a detinha 938 do CCB. • Se a coisa se faz
ao recebido. • Não se pode fisicamente (v.g preposto). • Regra instrumento de um dano é porque
confundir “produto” com o geral: Cabe normalmente ao seu guardião faltou com seu dever
“proveito” do crime: Produto é o proprietário o poder de direção de segurança, o que o torna
resultado direito e imediato do sobre a coisa (guarda presumida). obrigado a indenizar
crime (a própria coisa subtraída). Trata-se, outrossim, de presunção independentemente de culpa
Proveito é o resultado indireto ou relativa, que pode ser afastada (responsabilidade objetiva). Só será
mediato do crime, o valor ou o mediante prova de ter transferido afastada a obrigação de reparação
dinheiro em que se transformou a juridicamente tal condição a se ocorrer uma das causas de
coisa objeto do crime. A lei fala em terceiro ou de tê-lo perdido por exclusão do próprio nexo causal
produto e não proveito. Ex: Se as motivo justificável. Vejamos os (força maior, fato exclusivo da
joias furtadas ainda se encontram casos abaixo listados. • Furto e vítima ou fato de terceiro). • De
forma geral, como já referido, cabe do CDC, respondendo e praias. • Regra geral: O CCB, no
ao proprietário a reparação do dano objetivamente o fornecedor do artigo 936, indica expressamente
causado pela coisa (presunção de produto ou serviço defeituoso que que o dono ou detentor (guardiões)
guarda). Para se eximir da der causa ao acidente. - respondem pelos danos causados
responsabilidade poderá produzir a Responsabilidade das empresas de pelo animal, já que tem sobre este
prova de que, sem deixar de ser leasing em face do acidente o poder de direção, de controle e
dono, a guarda incumbe a outra causado pela coisa arrendada de uso. • O dispositivo não atribuiu
pessoa, o que pode ocorrer, (veículos, máquinas, etc.): Há a responsabilidade exclusivamente
exemplificativamente, quando o julgados responsabilizando o ao dono porque pode ele ter
terceiro tem o consentimento ou a arrendador com base na Súmula n.º transferido juridicamente a guarda
autorização do dono (ver Caio 492 do E. STF. Entretanto, a do animal a outrem (locação,
Mário da Silva Pereira). Exs: jurisprudência majoritária vem se comodato, etc.) ou tê-la perdido em
detentor autorizado, locatário, solidificando no sentido de que a razão de furto ou roubo. Por isso
comodatário, transportador, arrendadora não é responsável atribuiu-se responsabilidade
garagista, empregado da oficina, pelos danos causados 4 pelo também ao detentor do animal
usufrutuário, operador de máquina, arrendatário. A uma, porque não (exs: cavalo de corrida confiado a
etc. Caberá ao juiz analisar, no caso tem a posse direta da coisa um treinador, o touro de raça
concreto, se subsiste a presunção arrendada. A duas, porque não emprestado para cobrir o rebanho
de guarda imposta ao proprietário detém a guarda intelectual. A três, de determinado fazendeiro, etc.). •
ou se a mesma está afastada, como porque embora o proprietário seja Há responsabilidade civil por parte
no caso de transferência da coisa o guardião presumido da coisa, esta do dono e do detentor do animal,
com direito a sua utilização, com presunção fica elidida pela prova de concomitantemente? Se o
suficiente independência. • Análise ter sido juridicamente transferido a proprietário do animal despe-se por
da jurisprudência pátria (situações outrem o poder de direção sobre inteiro da guarda, passando a detê-
retratadas por Sérgio Cavalieri ela. - Veículo alienado, mas não la unicamente o detentor, somente
Filho): - Acidente em escada transferido pelo DETRAN: A compra este responde pelo dano que for
rolante. Criança que teve e venda de bem móvel concretiza- causado a terceiro (exemplos acima
esmagados dedos da mão em um se com a tradição. O CTB (art. 134) citados). A doutrina, entretanto,
supermercado. Responsabilidade impõe ao antigo proprietário do diverge sobre a extensão e os
civil do estabelecimento veículo a obrigação de comunicar a efeitos da referida “detenção”. •
confirmada. Quem causou o dano transferência ao órgão executivo de Caio Mário defende que se a posse
foi a escada rolante e não a criança trânsito, no prazo de 30 dias, direta é atribuída a um terceiro
(vítima). Quem tinha a guarda da apenas para não ter que responder (locação, comodato, depósito,
coisa e, por via de consequência, a solidariamente por eventuais penhor, etc.) ocorreria a
obrigação de vigilância, era a multas e suas reincidências até a transferência não apenas da
empresa proprietária do data da comunicação. E se o novo detenção material, mas ainda da
supermercado. - Acidente em proprietário se envolver em guarda, com a atribuição do
elevador. Porta que abriu quando a acidente de trânsito? De quem será respectivo dever de vigilância ou de
cabine se encontrava em outro a obrigação de reparar o dano? A comando efetivo. Aqui responderia
pavimento: Condenação do despeito de entendimentos em apenas o “guardião”. Em caso de
condomínio e da empresa contrário, consumada a venda e furto, deve-se avaliar se o
encarregada da conservação dos entregue o veículo ao adquirente o proprietário faltou ao dever de
elevadores, em ambos os casos por vendedor deixa de ser seu dono, guarda, contribuindo para a
falta de vigilância. - Acidente independentemente da ocorrência do ilícito patrimonial. Se
imobiliário. Casal que foi visitar transferência a ser feita ao DETRAN porém o furto se deu, não obstante
determinado apartamento e do registro do contrato no as cautelas da custódia, o dono se
acompanhado da filha, de 3 anos de Registro de Títulos e Documentos exonera (equipara-se à força
idade. Ausência de um vidro no (têm apenas o efeito de publicidade maior). • Já Antunes Varela entende
parapeito da varanda. Criança se e controle administrativo). Conclui- que no caso de empréstimo e
projetou pelo vão do vidro e veio a se, assim, que o vendedor não pode aluguel de animal ambos deverão
falecer. Ação movida contra o ser juridicamente responsabilizado, responder (proprietário e
proprietário do apartamento, porque proprietário não é mais. comodatário/locatário). • Por sua
contra a corretora e contra a Nem tampouco guardião, porque vez, Aguiar Dias mantém idêntico
construtora. Prova de que a com a tradição perde o controle entendimento no caso do
construtora já havia concluído as efetivo do veículo (vide Súmula n.º depositário (respondem
obras quando o acidente ocorreu. 132 do E. STJ – “A ausência de conjuntamente ele e o dono do
Corretora demonstrou que não registro da transferência não animal). • Responsabilidade
tinha controle sobre o imóvel e não implica a responsabilidade do objetiva ou com culpa presumida?
sabia da falta do vidro na varanda: antigo proprietário por dano O artigo 936 do CC estabelece
Responsabilidade exclusiva do dono resultante do acidente que envolva modalidade de responsabilidade
do imóvel, posto que só a ele cabia veículo alienado”). objetiva, que somente poderá ser
a guarda da coisa (poder de direção RESPONSABILIDADE POR FATO DE afastada se o dono ou detentor do
do imóvel). OBS: Se o acidente se ANIMAIS • Caracterização do animal provar fato exclusivo da
inserir em uma relação de consumo problema: São frequentes os danos vítima ou força maior (não excluem
não mais será aplicável a teoria do causados por animais na vida do o nexo causal o caso fortuito e o
fato da coisa, mas sim a disciplina campo, nas cidades, estradas, ruas fato de terceiro). • A que animais se
refere o dispositivo legal: responsabilidade civil pelo que suas casa. • Condomínio edilício.
domésticos ou também selvagens? obras venham a produzir ou a Impossibilidade de se identificar o
Se o animal causador do dano for agravar, podendo tais fatos ser apartamento de onde a coisa caiu
silvestre o proprietário das terras utilizados, quando muito, para ou foi lançada: Sustenta Aguiar
onde ele habitar não tem mitigar o valor da indenização. Dias, sufragado pela jurisprudência
responsabilidade porque não é RESPONSABILIDADE DO DONO DO pátria, que deve haver
dono nem detentor, ou sequer tem EDIFÍCIO • Regra geral: Art. 938 do responsabilidade solidária de todos
a guarda dele. Assim abrange CCB. Art. 938. Aquele que habitar os moradores (condomínio). O
apenas os animais domésticos e os prédio, ou parte dele, responde máximo que se pode admitir é a
selvagens que tenham sido pelo dano proveniente das coisas exclusão dos moradores da ala
apropriados pelo homem e estejam que dele caírem ou forem lançadas oposta àquela em que o fato
sob sua guarda. Ex: de jardins em lugar indevido. • A ocorreu, como vem admitindo a
zoológicos, circos e outro que jurisprudência entende a expressão jurisprudência.
estejam vivendo em cativeiro. “prédio” em sentido amplo, de
RESPONSABILIDADE PELA RUÍNA modo a abranger toda espécie de
DE EDIFÍCIOS • Regra geral: Art. 937 edificação, não só a destinada à
do CCB. Art. 937. O dono de edifício habitação, como também ao
ou construção responde pelos exercício de qualquer atividade
danos que resultarem de sua ruína, profissional, comercial ou industrial.
se esta provier de falta de reparos, • Aqui se trata de coisas que caem
cuja necessidade fosse manifesta. • do prédio ou dele são lançadas em
Fundamento da responsabilidade: lugar indevido. Coisas que não são
Dever de segurança (o dono é o parte do prédio, que não integram a
guardião do prédio). Hipótese de construção, como vasos de plantas
responsabilidade objetiva. Somente e outros objetos. Exemplo colhido
ficará exonerado da na jurisprudência: Enquanto o casal
responsabilidade se provar caso de foi ao cinema o cachorro deles saiu
força maior, como por exemplo um pela porta do terraço, subiu no
terremoto ou uma inundação. • parapeito e caiu do 4° andar sobre
Considerações gerais: A ruína de um uma senhora que passava pela rua,
prédio pode causar dano para o deixando-a gravemente ferida (não
proprietário do edifício, para seu se trata de ataque de animal, mas
ocupante (locatário, comodatário, sim de coisa caída de prédio).
posseiro, etc.) e ainda para Letreiro luminoso instalado na
terceiros (vizinhos e transeuntes). • fachada de um banco que caiu
Alcance da expressão ruína: sobre uma pessoa que passava na
Abrange revestimentos que se calçada, ferindo-a gravemente (o
desprendem das paredes dos letreiro não integra a construção,
edifícios, telhas que caem do teto, razão porque não se aplica o
vidros que soltam das janelas, etc. A disposto no artigo 937 do CCB). •
ruína pode ser total ou parcial Responsabilidade do habitante: O
(marquise ou coisas que dele se CCB aponta o morador do prédio,
soltam, como enfeites e placas de aquele que o habita, como o
mármore, lustres, entre outros) • responsável pelo dano decorrente
No caso do proprietário a ação terá de coisa dele caída ou lançada em
que ser proposta contra o lugar indevido, e não o dono ou
construtor do prédio, com detentor. Se aplica in casu a teoria
fundamento no art. 618 do CCB, da guarda, sendo certo que aquele
tenha a obra sido construída por que habita o prédio é o guardião
empreitada ou não (entendimento das coisas que o guarnecem (tem o
sedimentado na jurisprudência). dever de segurança por essas
Configurada a relação de consumo, coisas). Não importa a que título a
a indenização será pleiteada com habitação é exercida, isto é, se
base nos artigos 12 e 14 do CDC. • como proprietário, locatária,
Tratando-se de vizinhos a reparação comodatário ou mero possuidor, a
poderá ter por fundamento os responsabilidade é do morador. •
artigos 1277 e 1299 do CCB (direito Eventualmente o morador terá que
de vizinhança). Se decorrentes da responder pelo fato de outrem se
construção em si, há solidariedade pessoas estranhas a sua família
passiva entre construtor e lançarem ou deixarem a coisa cair
proprietário pela reparação quando estiverem na casa, como
(responsabilidade independente de visitas, amigos e outros. • Natureza
culpa). • A idade das edificações da responsabilidade do habitante: A
vizinhas e a sua maior ou menor doutrina majoritária entende se
solidez não eximem, de per si, o tratar de responsabilidade objetiva
proprietário e o construtor da a que recai sobre o habitante da

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